OBJETIVOS DO BLOGUE

Olá, bem-vindo ao blog "Chaves para a Sabedoria". A página objetiva compartilhar mensagens que venham a auxiliar o ser humano na sua caminhada espiritual. Os escritos contém informações que visam fornecer elementos para expandir o conhecimento individual, mostrando a visão de mestres e sábios, cada um com a sua verdade e experiência. Salientando que a busca pela verdade é feita mediante experiências próprias, servindo as publicações para reflexões e como norte e inspiração na busca da Bem-aventurança. O blog será atualizado com postagens de textos extraídos de obras sobre o tema proposto. Não defendemos nenhuma religião em especial, mas, sim, a religiosidade e a evolução do homem pela espiritualidade. A página é de todos, naveguem a vontade. Paz, luz, amor e sabedoria.

Osmar Lima de Amorim


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terça-feira, 5 de novembro de 2024

FORÇA

"Observo a situação de muitas pessoas e constato como somos fortes. Só que desperdiçamos muita energia para a cura de nossas feridas. Que feridas são essas? As feridas da alma. Instituições e pessoas no mundo inteiro trabalham para ajudar a humanidade a se curar.

Os ferimentos atingem nosso corpo físico, mas não somos o corpo físico. Somos um espírito imortal morando em corpos mortais: físico, emocional e mental. Possuímos também corpos mais sutis, por onde flui a Força Divina, manifestada como Vontade, Amor e Sabedoria.

Nascemos todos iguais. O que nos diferencia é o quanto desses princípios superiores nós conseguimos manifestar nos corpos inferiores.

Corpos são cascas, envoltórios, roupagens. Dentro deles mora um Anjo de Luz, ajudando-nos a limpar as paredes de nossa pele terrena, para que o Real se manifeste.

Jesus disse: "Meu Reino não é deste mundo... Não vos esqueçais: vós sois deuses!... e o Reino de Deus está dentro de vós."

Se nos lembrarmos disso, vai sobrar força e tempo para ajudarmos na construção de um mundo melhor. E o mundo começa em nossa casa, ou seja, dentro de nós."

Fernando Mansur, Escrita Divina, A comunicação da alegria, Edição do Autor, 2017, p. 97.
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terça-feira, 8 de outubro de 2024

O CÉU ESTÁ À ESPERA

"Morte não é aniquilação. É um estado de relaxamento passivo, involuntário, provocado por acidente, doença ou tristeza. A interrupção forçosa e permanente do fluxo vital do corpo costuma ser chamada de 'morte' ou fim definitivo da vida. Na verdade, trata-se apenas de uma fase passageira - não é de modo algum o fim, apenas a passagem da esfera das coisas feias e mutáveis para o reino da felicidade infinita, das luzes multicoloridas.

Por que não aprender o método pelo qual poderá desligar a corrente vital do corpo inteiro, recorrendo à força de vontade e à meditação para libertar a alma da servidão da morte? Assim como a eletricidade não morre quando a lâmpada se queima, assim nosso eu verdadeiro não é destruído pela morte: apenas mergulha no Eu Onipresente, infinito.

Nossa percepção do mundo ocorre por intermédio dos cinco sentidos: paladar, tato, olfato, audição e visão. O paraíso é experimentado através da intuição. Por isso é necessário meditar profunda e frequentemente, uma vez que, graças a esse ato, desenvolvemos o sexto sentido, a intuição. Não somos carne; somos Espírito.

Há um céu à nossa espera e a única maneira de chegar lá é pelo aprimoramento da intuição, meditando e orando intensamente."

Paramhansa Yogananda, Karma e Reencarnação, Ed. Pensamento-Cultrix Ltda, 2009, p. 72/73.
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terça-feira, 10 de setembro de 2024

VASO VAZIO

"Nosso corpo é como se fosse um vaso vazio, ou um saco que só fica em pé porque existe uma energia que o preenche e anima: a energia divina.

Essa energia anima todas as coisas viventes. A própria palavra anima significa alma, em latim.

De fato, somos um espírito, e o corpo é nossa morada provisória. Assim como o mergulhador precisa de uma roupa especial para chegar às grandes profundezas do oceano, o espírito também precisa dessa vestimenta material para descer à Terra e viver sua jornada no mundo físico. 

O propósito da vida é a evolução. Tudo evolui: os minerais, as plantas, os animais, os seres humanos... Cada um no seu nível de consciência e forma.

Um dia chegaremos a perceber melhor tudo isso e decifraremos o enigma, quando nossos olhos espirituais estiverem mais abertos para as realidades internas. 

Enquanto isso, nosso aprendizado se dá pelas experiências que a vida nos proporciona, com nossas escolhas, erros e acertos. Assim, vamos colhendo os frutos do que plantamos e aprendendo com as lições, até entendermos que somos todos um só, nessa majestosa aventura comum de fazer desabrochar o deus oculto que habita em cada um de nós e que somos nós.

Isso é familiar para você? Você já se perguntou sobre o objetivo de sua existência? Acredita na continuidade da vida? Respeita a opinião dos outros? Conversa sobre isso? Tem disposição para ouvir, falar e aprender?

Dizem que: 'A busca da verdade não admite sectarismos'. 'A verdade é uma terra sem caminhos'. 'O caminho se faz ao caminhar'. 'A verdade mora no nosso coração.'

Boa viagem para todos!"

Fernando Mansur, Escrita Divina, Edição do Autor, 2017, p. 71.
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quinta-feira, 29 de agosto de 2024

SINTONIA COM DEUS: A MELHOR CURA PARA O NERVOSISMO

"Lembre-se de que a cura máxima do nervosismo ocorre quando sintonizamos nossa vida com Deus. Os mandamentos supremos dados ao ser humano são: amar a Deus de todo o coração, de toda a alma, de toda a mente e de todas as forças; em segundo lugar, amar ao próximo como a si mesmo.¹³  Se você cumprir esses mandamentos, tudo será como deve ser. Não é suficiente se tornar um moralista rígido - as pedras e as cabras não infringem as lei morais, apesar disso, elas não conhecem Deus. Mas quando você ama a Deus profundamente, mesmo que seja o maior dos pecadores, será transformado e redimido. Disse a grande santa Mirabai:¹⁴ 'Para encontrar o Ser Divino é indispensável somente o amor'. Essa verdade me tocou profundamente.

Todos os profetas observam esses dois mandamentos principais. Amar a Deus de todo o coração significa amá-Lo com o amor que você sente pela pessoa que lhe é mais querida - com o amor da mãe ou do pai pelo filho, ou do amante pela amada. Ofereça a Deus esse tipo de amor incondicional. Amar a Deus de toda a alma significa que você pode realmente amá-Lo quando, por meio da meditação profunda, você se conhece como alma, como filho de Deus, feito à Sua imagem. Amar a Deus de toda a mente significa que, quando você está orando, toda a sua atenção se volta para Ele, sem se distrair com pensamentos inquietos. Na meditação pense somente em Deus; não permita que a mente divague em outras coisas além Dele,. Por isso a yoga é importante, pois o capacita a se concentrar. Quando pela yoga você retira a inquieta força vital dos nervos sensórios e se interioriza para pensar em Deus, então você amando-O com todas as forças - o seu ser inteiro está concentrado Nele." 

¹³ Marcos 12:28-31
¹⁴ Princesa medieval de Rajput que renunciou à realeza e se tornou uma renomada devota de Deus. Ela compôs muitas canções devocionais que são consideradas um tesouro espiritual da Índia.

Paramahansa Yogananda, Jornada para a Autorrealização, Self-Realization Fellowship, p. 96.
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quinta-feira, 15 de agosto de 2024

VIVA COMO UM DEUS E ATRAIRÁ AMIGOS DIVINOS

"(...) aprenda a amar ao seu próximo como a si mesmo. Lembre-se que está na Terra, nesta vida, por pouco tempo. Você já esteve aqui em várias encarnações, interagindo com muitas almas. Qual e sua verdadeira família? Para a pessoa sábia, todos são parentes; todos são 'o próximo'. Logicamente, o sábio tem discernimento e sabe que, embora o sol brilhe igualmente para o diamante e para o pedaço de carvão, é o diamante que reflete lindamente a luz do sol. Devemos buscar a companhia das mentalidades diamantinas mais elevadas. Dedique tempo a encontrar amigos verdadeiros. Almas boas atraem boas almas. Viva como um deus e atrairá amigos divinos. Viva como um animal no plano sensual e atrairá amigos bestializados. Não ande com pessoas que rebaixam os ideais que você tem e criam em você um nervosismo materialista; mas ao mesmo tempo não exclua ninguém do seu amor. 

Além de ser um doador de amor, seja também um pacificador. Aonde quer que vá, leve harmonia, tranquilidade e elevação. Ninguém gosta de estar perto de um gambá; ele é evitado por todos. A pessoa nervosa - sempre inquieta, irritadiça e excessivamente emotiva - também repele os outros. Não sejamos gambás humanos. Devemos ser como a rosa, que mesmo esmagada exala uma doce fragrância. Seja uma rosa humana e espalhe a essência da paz onde quer que esteja."

Paramahansa Yogananda. Jornada para a Autorrealização, Self-Realization Fellowship, p. 97.
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terça-feira, 13 de agosto de 2024

NUNCA ESTAMOS SÓS

"Para cada um de nós, existe alguma pessoa especial. Muitas vezes existem duas, três ou mesmo quatro. Todas vêm de gerações diferentes. Atravessam oceanos de tempo e profundidades celestiais para estarem conosco novamente. Vêm do outro lado, do céu. Podem parecer diferentes, mas o nosso coração as reconhece. Nosso coração as abrigou em braços como os nossos nos desertos do Egito, sob o luar, e nas planícies antigas da Mongólia. Marchamos juntos nos exércitos de generais guerreiros que a História esqueceu, e vivemos com elas nas cavernas cobertas de areia dos Homens Antigos. Há entre elas e nós um laço eterno, que nunca nos deixa sós. 

A nossa amente pode interferir. 'Eu não te conheço'. Mas o coração sabe.

Ele toma a nossa mão pela primeira vez, e a lembrança daquele toque transcende o tempo e faz disparar um corrente que percorre todos os átomos do nosso ser. Ela olha em nossos olhos e vemos um espírito que nos vem acompanhando há séculos. Há uma estranha sensação em nosso estômago. Nossa pele se arrepia. Tudo o que existe fora desse momento perde a importância. 

Ele pode não nos reconhecer, muito embora tenhamos finalmente nos reencontrado, embora o conheçamos. Sentimos a ligação. Vemos o potencial, o futuro. Mas ele não o vê. Temores, racionalizações, problemas cobrem-lhe os olhos com um véu. Ela não permite que afastemos o véu. Choramos e sofremos, mas ele se vai. O destino tem seus caprichos.

Quando os dois se reconhecem, nenhum vulcão é capaz de explodir com força igual. A energia liberada é tremenda. 

O reconhecimento da alma pode ser imediato. Uma súbita sensação de familiaridade, de conhecer aquela pessoa em níveis mais profundos do que a mente consciente poderia alcançar. Em níveis geralmente reservados aos mais íntimos membros da família. Ou ainda mais profundos. Sabemos intuitivamente o que dizer, como ele vai reagir. Um sentimento de segurança e uma confiança muito maior do que se poderia atingir em apenas um dia, uma semana ou um mês.

O reconhecimento da alma pode ser sutil e lento. Um despertar da consciência à medida em que o véu vai sendo aos poucos levantados. Nem todos estão prontos para ver imediatamente. Há um ritmo nisso tudo, e a paciência pode ser necessária àquele que percebe primeiro.

Um olhar, um sonho, uma lembrança, uma sensação podem fazer com que despertemos para a presença do espírito companheiro. O toque de suas mãos ou o beijo de seus lábios pode nos despertar e projetar-nos subitamente de volta à vida. 

O toque que nos desperta pode ser de um filho, de um pai, de uma mãe, de um irmão ou de um amigo leal. Ou pode ser da pessoa a quem amamos, que atravessa os séculos para nos beijar mais uma vez e lembrar-nos de que estamos  juntos sempre, até os fins dos tempos."

Brian Weiss, Só o Amor é Real, Ed. Sextante, Rio de Janeiro, 24ª edição, p. 15/17.
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quinta-feira, 1 de agosto de 2024

"PAI, NAS TUAS MÃOS ENTREGO O MEU ESPÍRITO..."

"Ao dizer que tudo estava consumado, ele proclama altissonante: 'Pai, nas tuas mãos entrego o meu espírito'.⁸⁰ Por favor, preste atenção nas avenidas dessa frase e nas possibilidades a que ela nos conduz.

Jesus aqui não clama a 'Deus', mas ao 'Pai'. Após ter passado pelo mais severo julgamento, Deus assume novamente a posição de Pai e ele assume a posição de filho. É a seu Pai que ele entrega o seu espírito e não a Deus.

Que impressionante jogo de palavras! Nesse jogo, o mesmo revela o seu projeto eterno e alguns fenômenos que estavam nos bastidores da cruz! É impossível não ficarmos admirados com a coerência das suas palavras e com o encaixe perfeito dos seus segredos.

No começo da sua crucificação, o Pai e seu filho entoaram a mais profunda melodia de aflição. Sofreram um pelo outro. Na segunda metade, o Pai, sob o pedido consciente do filho, se torna seu Deus e o julga em favor da humanidade. Deus o desampara. O homem Jesus suporta a maior cadeia de sofrimentos.

Após cumprir seu plano, o filho está apto a realizar duas grandes tarefas. Primeira, ser o grande advogado da humanidade, que é tão bela, mas coroada de falhas, por isso precisará dele como um grande e atuante advogado.⁸¹ Segunda, retornar ao relacionamento íntimo com seu Pai. O único desamparo que houve entre eles em toda a história do tempo foi resolvido. Eles se amaram mais ainda. Construíram juntos o maior edifício do amor e da inteligência.

Ao entregar o seu espírito ao Pai, ele abriu a mais importante janela do universo, mais importante que os buracos negros: a janela para a eternidade. Revelou que o espírito não é o mesmo que o cérebro, que possuímos algo além dos limites do mundo físico, do metabolismo cerebral, que chamamos de espírito e alma."

⁸⁰ Lucas 23:46
⁸¹ 1 João 2:1

Augusto Cury, O Mestre do Amor, Academia de Inteligência, São Paulo, 2002, p.204/205.
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terça-feira, 30 de julho de 2024

ACEITA A CORREÇÃO

“E, na verdade, toda correção, no presente, não parece ser de gozo, senão de tristeza, mas, depois, produz um fruto pacífico de justiça nos exercitados por ela.” Paulo. (Hebreus, 12:11.)

"A terra, sob a pressão do arado, rasga-se e dilacera-se; no entanto, a breve tempo, de suas leiras retificadas brotam flores e frutos deliciosos.

A árvore, em regime de poda, perde vastas reservas de seiva, desnutrindo-se e afeando-se; todavia, em semanas rápidas, cobre-se de nova robustez, habilitando-se à beleza e à fartura.

A água humilde abandona o aconchego da fonte, sofre os impositivos do movimento, alcança o grande rio e, depois, partilha a grandeza do mar.

Qual ocorre na esfera simples da Natureza, acontece no reino complexo da alma.

A corrigenda é sempre rude, desagradável, amargurosa; mas, naqueles que lhe aceitam a luz, resulta sempre em frutos abençoados de experiência, conhecimento, compreensão e justiça.

A terra, a árvore e a água suportam-na, através de constrangimento, mas o Homem, campeão da inteligência no Planeta, é livre para recebê-la e ambientá-la no próprio coração.

O problema da felicidade pessoal, por isso mesmo, nunca será resolvido pela fuga ao processo reparador.

Exterioriza-se a correção celeste em todos os ângulos da Terra.

Raros, contudo, lhe aceitam a bênção, porque semelhante dádiva, na maior parte das vezes, não chega envolvida em arminho e, quando levada aos lábios, não se assemelha a saboroso confeito. Surge, revestida de acúleos ou misturada de fel, à guisa de remédio curativo e salutar. 

Não percas, portanto, a tua preciosa oportunidade de aperfeiçoamento.

A dor e o obstáculo, o trabalho e a luta são recursos de sublimação que nos compete aproveitar."

Francisco Cândido Xavier/Ditado pelo Espírito Emmanuel, Fonte Viva, p. 18/19.
www.autoresespiritasclassicos.com
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terça-feira, 23 de julho de 2024

O EXEMPLO DO CRISTO

 
"Sem nos referirmos, porém, aos problemas da política transitória do mundo, lembremos, ainda, que a lição do Cristo ficou para sempre na Terra, como o tesouro de todos os infortunados e de todos os desvalidos. Sua palavra construiu a fé nas almas humanas, fazendo-lhes entrever os seus gloriosos destinos. Haja necessidade e tornaremos a ver a crença e a esperança reunindo-se em novas catacumbas romanas, para reerguerem o sentido cristão da civilização da Humanidade.

É, muitas vezes, nos corações humildes e aflitos que vamos encontrar a divina palavra cantando o hino maravilhoso dos bem-aventurados.

E, para fechar este capítulo, lembrando a influência do Divino Mestre em todos os corações sofredores da Terra, recordemos o episódio do monge de Manilha, que, acusado de tramar a liberdade de sua pátria contra o jugo dos espanhóis, é condenado à morte e conduzido ao cadafalso.

No instante do suplício, soluça desesperadamente o mísero condenado - 'Como, pois, será possível que eu morra assim inocente? Onde está a justiça? Que fiz eu para merecer tão horrendo suplício?'

Mas um companheiro corre ao seu encontro e murmura-lhe aos ouvidos: - 'Jesus também era inocente!...'

Passa, então, pelos olhos da vítima, um clarão de misteriosa beleza. Secam-se as lágrimas e a serenidade lhe volta ao semblante macerado, e, quando o carrasco lhe pede perdão, antes de apertar o parafuso sinistro, ei-lo que responde resignado: - 'Meu filho, não só te perdoo como ainda te peço cumpras o teu dever.'" 

Francisco Cândido Xavier/Emmanuel, A Caminho da Luz, FEB, p. 110/111.
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quinta-feira, 20 de junho de 2024

LIBERTAÇÃO

"O fim da longa estrada para a libertação é o coração do próprio homem. Se ele ao menos soubesse que ele e a senda são um! Quando do animal ele se torna uma alma, o mistério da consumação final está entretecido em tudo o que ele pensa, sente e faz, mesmo em seu primitivo estágio como selvagem. Pois ser uma alma significa que cada dia ele se aproxima mais da Libertação, como resultado do seu esforço.

O esforço para a Libertação é mostrado no instinto da criação que está em todos os homens. Mesmo o selvagem deseja simbolizar algo estranho ou assustador, algo novo. O homem civilizado é sempre um criador com seus sentimentos, pensamentos e ações. Pois, à medida que a alma evolui estágio a estágio, ela se torna um cadinho mais das energias da vida; torna-se o solo para nutrir as sementes da maravilha divina. Cada faculdade que ele aperfeiçoa é o ventre onde está crescendo uma criança cujos lábios transmitirão uma mensagem de salvação. Até que o ventre expila aquilo que nutriu, a alma fica inquieta e ansiosa. A dor termina quando a criança nasce, e a imaginação pode colocar-se à parte de sua criação. Onde o maior número está empenhado na criação, aí está a melhor civilização.

Quando a alma se liberta da servidão do desejo, a libertação está próxima. Essa libertação começa quando ela dedica seus dons à criação. Algo novo deve ser acrescentado dos recessos da alma à vida comum dos homens. Uma alma criará um hino, um discurso, um poema; outros criarão com pintura e escultura, com arquitetura e música, com dança e canção. A alma anseia e suspira por criar algo grande e nobre; coração e mente são levados a ações de oferecimento. O tamanho não importa; uma pequena ação amorosa, mesmo que seja um sorriso amistoso, contém a mesma grandeza que o dom da própria vida. A piedade que o amor envia conduz então à criação, e a alma não consegue repousar até que grandes planos de regeneração social sejam realizados, e consequentemente as misérias do homem sejam diminuídas. A alegria que a vida envia conduz à criação, e a alma deve simbolizar algo belo para inspirar os homens. A paz que a sabedoria envia leva à criação, e a alma deve abrir novas sendas para homens com novas filosofias e ciências. Ninguém consegue trilhar a senda para a Libertação até que saiba como criar. Pois Libertação significa que os muitos tornam-se o Um, e somente treinando cada faculdade do espírito, para criar em cada plano de vida, consegue o homem, a unidade, entender sua misteriosa identificação com o Todo. 

Como a alma irá criar? - Você pergunta. Mas o propósito da vida, quando a alma está liberta do desejo, é ensinar a arte da criação. Cada grito de dor, quando sob a escravidão do desejo, tem em si, em algum lugar, um elemento de sabedoria ou beleza para outrem. Quando a alma é livre, ela vê a mensagem para os outros em sua própria dor. Embora o homem jamais consiga salvar a si próprio, contudo ele sempre pode salvar outros. A mensagem oculta de cada dor é que o destino do homem é ser um salvador do mundo."

C. Jinarajadasa, Libertação, Editora Teosófica, Brasília, 2022, p. 55/58.
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quinta-feira, 22 de fevereiro de 2024

A JUVENTUDE É UM ESTADO DA MENTE E DA ALMA, ASSIM COMO DO CORPO

"Todos querem ser jovens. De um jeito ou de outro, todos buscam a lendária 'Fonte da Juventude'. Mas o que é a juventude? Nem todas as pessoas de pouca idade são necessariamente jovens, algumas estão envelhecidas e esgotadas muito além de sua idade. Em contraste, há pessoas mais velhas que se conservam jovens apesar da idade avançada. Essas pessoas mantêm a mente jovem; seu sorriso nasce da alma e se espalha pelo rosto e pelo corpo; sua vida pulsa com a alegria de existir. E há pessoas sem graça, insípidas, que vivem como se estivessem mortas - e nem se dão conta disto. São os 'mortos-vivos'. Você deve conhecer muitas pessoas assim: negativas, críticas, mal-humoradas, sem vida. Não há desculpa, para manter um estado de espírito errado. Seja sempre positivo, sorridente, vibrante, alegre. Pratique, como puder, a juventude mental que provém do âmago de seu ser.

Portanto, a idade física não tem relação direta com a juventude. É o estado mental e a expressão da alma que tornam uma pessoa jovem. A definição de juventude é aquele estado físico, mental e espiritual em que a pessoa se sente no ápice, no zênite da alegria e da sua força. Se quiser, você pode manter esse estado indefinidamente; por outro lado, pode perdê-lo facilmente se não tomar cuidado. 

Primeiro, consideremos o aspecto mental do assunto. A mente é a controladora; quer dizer, é quem está no comando do corpo. O próprio corpo é desenhado pela mente. Somos a soma total da consciência que nós mesmos criamos durante várias encarnações. A mente, ou consciência, é a força suprema que governa todas as atividades voluntárias e involuntárias de nossa fábrica corporal com variados produtos."

Extraído do livro Jornada para a Autorrealização, de Paramahansa Yogananda, Self-Realization Fellowship, p. 5.
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quinta-feira, 4 de janeiro de 2024

DOIS CAMINHOS

"Na vida há um caminho de Ida e outro de Volta.

No trajeto de ida, a alma é ainda jovem e acha que pode tudo, que tudo é dela, sonha com riquezas e posses e quer conquistá-las a todo Custo. Faz parte de nossa etapa evolutiva adquirir bens materiais que nos deem prazer, como brinquedos para uma criança.

O tempo passa e chega a hora de trilharmos o Caminho de Volta.

A alma sofrida e amadurecida começa a entender que nada lhe pertence. Surge a compreensão interior de que somos apenas administradores dos bens e dons recebidos. A vida é uma e una e tudo é de todos e de ninguém.

É quando a luz se acende, a ficha cai e o esplendor se faz presente.

Depois de muito peregrinar o ser se ilumina e finalmente entende essa máxima divina: 'Quem não quer nada pode dar tudo.'

Lenta e persistentemente a senda é seguida, o caminho vai se abrindo e o ser sente que nada mais lhe falta, pois ele não está mais preso a nada. Só tem compromisso com sua missão, seu dharma, sua obrigação: Servir. 

A maioria de nós ainda se encontra no meio do caminho (buscando o caminho do meio), saindo da adolescência espiritual e nos preparando para nova etapa de nossa trajetória. 

Periodicamente a Vida se apresenta mais intensamente, nos impulsionando a ser quem verdadeiramente somos. Luzes.

Vamos!"

Extraído do livro "Escrita Divina", de Fernando Mansur, Rio de Janeiro, Edição do autor, 2017, p. 139.
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quinta-feira, 29 de setembro de 2022

LIBERDADE E MORAL

"Proíba-se e liberte sua alma - assim disseram as religiões. Mas como ser livre andando nos trilhos do permitido e proibido? É como sentir dor e ter que sorrir ao mesmo tempo. Tomar o remédio amargo em vida em troca do néctar após a morte. Mas e se tudo acabar com a morte? 'Largue isso', disseram alguns filósofos; 'religião é opressão'. E muita gente acreditou.

Depois dessa suposta libertação, perguntemos a nós mesmos, mas sejamos honestos: realmente estamos livres? Pense comigo: o que é ser livre? É fazer o que se quer? Por exemplo, se eu precisar de atendimento médico e for a um hospital, e todos lá fizerem só o que quiserem, talvez ninguém queira me atender. Então volto a perguntar: é possível sentir-se livre em uma sociedade assim?

Você pode me dizer: posso fazer só o que quero e livremente serei solidário e farei o bem. Mas quem garante que o outro fará? E o bem que cada um faz, ou pensa que faz, é bom na opinião de quem? Então precisamos de leis, baseadas em um consenso, e, como as leis não podem regular tudo, precisamos de ética, prescrições morais. Assim, voltamos às religiões.

Podemos andar em círculos, da moral, da religião, para a quebra dos padrões de conduta, e depois voltar, sucessivamente. Ou podemos procurar outra via. Se você tem um filho, por exemplo, o qual você ama, diga-me: você o trata bem para cumprir a legislação ou um código de ética, ou porque o bem-estar dele repercute no seu próprio bem-estar? A maioria das pessoas vai responder que é sensível às condições dos filhos e parentes, mas talvez nem todas elas tenham a mesma sensibilidade com a situação dos 'outros'. Na verdade, todos nós queremos viver onde os outros estão bem, mas não nos damos conta disso. Quando estamos distraídos com o nosso próprio sofrimento, não vemos nada, mas quando estamos felizes, percebemos que a nossa alegria não consegue se expandir quando os próximos estão tristes. Se somos ricos, nos sentimos ameaçados com a falta de segurança, e então desejamos morar em um país onde todos são prósperos. No entanto, não refletimos. sobre isso. Somos capazes de sentir fome, portanto sabemos que precisamos comer, mesmo não havendo normas que tornem a alimentação obrigatória. Mas como não percebemos o quanto as condições dos outros nos afetam, não sentimos que precisamos do bem dos outros; assim, precisamos de códigos de conduta para o convívio em sociedade. Pois o nosso sentimento de unidade com o resto da vida ainda não está desenvolvido como a fome. Porque temos consciência do corpo, mas não temos consciência do verdadeiro Eu.

Para refletirmos sobre a liberdade, Rohit Mehta, em seus comentários aos Yoga Sutras de Patanjali (Yoga. a Arte da Integração, Ed. Teosófica), faz uma distinção entre o esforço humano e a expressão espontânea da experiência espiritual. Ele diz: 'Neste ponto o Yoga difere completamente da vida considerada no sentido do empenho moral ou religioso. Em uma vida religiosa, construída sob princípios morais, o esforço humano é o começo e a finalidade.' Por outro lado, ele afirma: 'O homem espiritual possui uma moralidade de natureza elevada e profunda. É natural e espontânea. Não é uma moralidade onde o pensamento busca ser traduzido em ação. Ao invés disso, é uma moralidade que se encontra na natureza de uma expressão da experiência profundamente sentida.'

A reflexão de Mehta mostra que a moral social, mesmo sendo necessária, é provisória e pode tornar-se mecânica e opressiva quando não é oxigenada como um caminho que leva a uma experiência real do ser espiritual, o verdadeiro Eu. Nesse caminho, as regras servem como o mapa da viagem e nos indicam a direção, mas não nos prendem em sua forma, e o seu conteúdo se atualiza e se aprofunda conforme crescemos em consciência ao nos aproximarmos do Ser. Segundo a visão do Yoga, as pessoas são mais ou menos morais conforme mais espessa ou mais fina for a camada egóica que as separam de seu Eu espiritual. O propósito do Yoga é eliminar essa camada egóica, e a ética funciona como uma ferramenta para isso. Depois da realização do ser, no entanto, a moral espiritual é a expressão livre, natural e autêntica daquele que não fará mal ao outro porque sente que o outro é ele mesmo.

Enfim, a outra via do problema da moral é: conhece-te a ti mesmo. Pois o verdadeiro Eu é o Ser que habita todas as coisas; aquele que, por não querer ferir o seu eu, não será capaz de ferir ninguém, independentemente de regras externas. Da mesma forma isso se dá com o fazer o bem, e ilustra as palavras de Jesus, que se sentia uno com toda a criação: 'Todas as vezes que deixastes de fazer a um destes pequeninos, foi a mim que o deixastes de fazer.'"

(Cristina Szynwelski - Liberdade e Moral - Revista Sophia, Ano 18, nº 86 - p. 22)
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quinta-feira, 22 de setembro de 2022

SINTONIZA A TUA ALMA COM O INFINITO (PARTE FINAL)

"De que modo pode e deve o homem aperfeiçoar a sua antena espiritual?

Pelo exercício intenso e assíduo. 

Em que consiste esse exercício?

Em abismar-se frequentemente nesse mundo espiritual, que está dentro de cada homem, mas que a maior parte dos homens ignora, por falta de introspecção, que também se chama meditação, Cristo-conscientização ou oração.

É indispensável, leitor, que te habitues a dedicar pelo menos 30 minutos - melhor ainda uma hora - diariamente a esse exercício sério de afinação e sintonização do teu receptor espiritual, até que essa sintonia se torne espontânea e permanente, mesmo no bulício das ruas e na lufa-lufa da vida profissional. O exercício continuado produz a facilidade, e essa facilidade de mergulhar no mundo espiritual cria na alma um ambiente de profunda tranquilidade, firmeza, segurança, paz e felicidade.

A história da humanidade de todos os tempos e países não nos apresenta um só homem realmente grande que não tenha praticado, assídua e intensamente, essa sintonização espiritual. A verdadeira grandeza do homem, idêntica à sua felicidade, consiste na facilidade com que ele se identifica com o mundo da Divindade.

Moisés, Elias, João Batista, Paulo de Tarso, Francisco de Assis, Sundar Singh, Buda, Lao-Tse, Gandhi, Tagore, Schweitzer e, sobretudo, Jesus de Nazaré todos eles, e milhares de outros, praticavam regularmente esse ingresso em si mesmos e esse periódico regresso à fonte de luz e força, que é Deus dentro de cada homem, o 'Deus desconhecido' que deve tornar-se o 'Deus conhecido' e o 'Deus vivido, ao ponto de cada homem poder dizer com o apóstolo Paulo: 'Já não sou eu que vivo - o Cristo é que vive em mim'; e por isto mesmo podia ele exclamar: 'Transbordo de júbilo no meio de todas as minhas tribulações.' 

É este o 'renascimento pelo espírito', a morte do 'homem velho' e a ressurreição do 'homem novo.

Mahatma Gandhi dedicava invariavelmente a primeira hora do dia à meditação espiritual; além disto, cada segunda-feira era completamente reservada a essa comunhão com Deus. Por isto conseguiu ele mais pela força do espírito do que outros conseguem pelo espírito da força..

Quando, anos atrás, Rabindranath Tagore, o exímio filósofo e poeta espiritual da Índia, passou pelo Rio de Janeiro, os repórteres dos jornais invadiram o navio para o entrevistar. Tagore, porém, não os recebeu, respondendo-lhes apenas: 'I am in meditation' (estou em meditação), porque a passagem pelo porto do Rio de Janeiro coincidia casualmente com o dia da semana em que esse homem costumava ter a sua silenciosa comunhão com Deus; e nenhum prurido de glória ou celebridade pela imprensa de um grande país foi capaz de o demover da sua concentração espiritual.

Jesus, segundo referem repetidas vezes os Evangelhos, depois de terminar os seus labores diurnos, retirava-se frequentemente às alturas dum monte ou à solidão dum ermo a fim de passar horas e horas, por vezes a noite inteira. 'em oração com Deus'.

Dessa frequente imersão no mundo divino provinha a luz e força, a paz e imperturbável serenidade que caracterizam a vida de Jesus, de maneira que até em vésperas de sua morte cruel podia ele dizer a seus discípulos: 'Dou-vos a paz, deixo vos a minha paz... para que seja perfeita a vossa alegria.'"

(Huberto Rohden - O Caminho da Felicidade - Alvorada Editora e Livraria Ltda., São Paulo, p. 77/79)
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terça-feira, 20 de setembro de 2022

SINTONIZA A TUA ALMA COM O INFINITO (1ª PARTE)

"No momento em que o leitor lê este capítulo da filosofia da felicidade, o ar está repleto de vibrações sonoras; alguma estação emissora está irradiando a 'Nona Sinfonia de Beethoven', ou talvez a 'Ave-maria' de Schubert ou de Gounod. O leitor está percebendo essa música? Não? Por que não, se ela está no ar, aí mesmo onde o leitor está neste momento? Que é que falta? Certamente, não falta a presença real dessas ondas eletrônicas... O que falta é um aparelho receptor capaz de captar essas vibrações silenciosas e transformá-las em ondas sonoras. No momento, porém, em que o leitor sintonizar o seu rádio pela frequência em que essa música foi irradiada eis que as vibrações silenciosas, já pré-existentes no espaço, se transformam em ondas sonoras...

No caso, porém, que a música seja irradiada em ondas curtas, e o leitor sintonizar o seu aparelho por ondas longas, não captará as ondas sonoras presentes, e é como se elas estivessem ausentes - objetivamente presentes, subjetivamente ausentes... 

A tua alma, leitor, é um delicado aparelho receptor dotado duma antena mais ou menos sensível. Da sensibilidade da antena e da qualidade do receptor, depende se o leitor vai perceber uma irradiação espiritual, ou não.

Deus é a grande estação emissora de todas as ondas do universo. Nele tudo está, dele tudo vem, para ele tudo vai.

Os seres infra-humanos são dotados, por assim dizer, de receptores para ondas longas - digamos, para vibrações meramente materiais, como os minerais, os vegetais, os animais. Mas o homem possui, além disto, um aparelho receptor para captar ondas curtas, ondas espirituais.

Quanto mais perfeito for esse receptor, mais facilmente captará o homem as mensagens da Divindade, e tanto mais maravilhosa será a 'música' da sua vida, que se chama felicidade.

Está, pois, no interesse vital do homem criar dentro de si um receptor de alta potência e absoluta nitidez, porque disto depende essencialmente o grau e a intensidade da felicidade da sua vida.

Esse receptor existe em cada homem, porque faz parte da própria natureza humana - mas a sua capacidade receptiva está sujeita a mil variações. A antena é a alma, mas nem toda alma possui suficiente receptividade para captar com segurança e nitidez as mensagens do Além, que sem cessar percorrem o espaço.

Afinar a sua antena, tornar o seu aparelho espiritual cada vez mais sensível - eis a tarefa máxima da vida de cada homem, aqui na terra; porque todas as outras coisas, sendo derivadas destas, virão por si mesmas. O grande Mestre de Nazaré exprimiu esta verdade básica nas conhecidas palavras: 'Procurai primeiro o reino de Deus e sua Justiça e todas as outras coisas vos serão dadas de acréscimo.'

Com uma antena altamente sensível, nenhum homem pode ser realmente infeliz, aconteça o que acontecer. Nenhuma 'interferência' de circunstâncias externas poderá destruir a música divina da sua vida. Ainda que tudo falhasse ao redor dele, esse homem sabe que dentro dele nada falhou, se ele mantiver a sua alma sintonizada com o Infinito. E, como a coisa principal está salva, o resto propriamente não está perdido, embora pareça, por que onde persiste a causa fundamental ali também perduram, embora invisíveis, os efeitos dela derivados." ... continua.

(Huberto Rohden - O Caminho da Felicidade - Alvorada Editora e Livraria Ltda., São Paulo, p. 75/77)
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terça-feira, 13 de setembro de 2022

CURATIVOS DA ALMA

"Algumas dores podem ajudar a curar feridas da alma Os véus físicos não impedem que o invisível, de alguma forma, se manifeste. 

Sábios sugerem: cure sua mente e seu corpo ficará curado. Sua alma se sentirá mais livre para atuar e servir através do veículo físico. 

Tudo no universo é regido por leis eternas e imutáveis. Mesmo que não as conheçamos, elas atuam. Conhecer é o primeiro passo para a libertação. 

Dizem-nos para ter paciência e que 'o tempo de lá (no mundo 'espiritual) é diferente do tempo daqui.' Estamos imersos no Eterno e a mão divina nos acolhe sem restrições. 

O medo é inimigo do real. 

Pode surgir a pergunta: Depois de tanto tempo convivendo com você mesmo, o que de mais importante você aprendeu a seu respeito? Podemos tentar responder, sem crítica, sem controle, sem julgamento.

Por que existem tantas cercas à nossa volta? Qual o motivo e o sentido de tanta separatividade? As vezes é preciso aparecer um palhaço ou uma criança para revelar que o rei está nu. 

Vejam essa surpreendente e reveladora história que me contaram: uma criança chega ao Rio e, depois de caminhar por algumas ruas, pergunta: 

- Vovó, por que existem tantas prisões? 

- Como assim!? Reagiu a avó.

- Eh, vovó! Por que todas essas grades na frente das casas e dos edifícios.

A avó tomou um susto, respirou fundo, apertou a mãozinha do neto e o convidou a tomar um sorvete ali perto, protegidos pelo olhar vigilante do segurança da rua.

Existem as grades internas e as externas. Como retirar o cadeado das portas de nossa alma? Parte da cura pode depender desse nosso gesto.

Podemos.

Vamos!"

(Fernando Mansur - O Catador de Histórias - Ed. Teosófica, Brasília, 2018 - p. 91)
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terça-feira, 23 de agosto de 2022

ESTABELECE E MANTÉM PERMANENTE SERENIDADE - SABEDORIA DOS SÉCULOS (PARTE FINAL)


                       "SABEDORIA DOS  SÉCULOS

1- Em Deus tudo está, de Deus tudo vem, para 
Deus tudo vai.

2- Onde quer que eu esteja, lá Deus está - e que mal me poderia acontecer lá onde Deus está?

3- No meu intimo SER eu sou o que Deus é – por isto, no meu externo AGIR, quero também agir assim como Deus age.

4- Envolve-me, penetra-me todo a luz branca do Cristo - nenhum mal me pode tocar, todo o bem me deve caber.

5- Todas as coisas, mesmo as mais pequeninas, são grandes, quando feitas com grandeza de alma.

6- Livra-me, Senhor, da soberba mesquinhez de querer ser servido ensina-me a humilde grandeza de querer servir!

7- Nenhum mal que outros me fazem me faz mal, porque não me faz mau - somente o mal que eu faço aos outros me faz mal, por que me faz mau.

8- Nunca farei depender a minha felicidade de algo que não dependa de mim.

9- Sou cidadão do universo: aqui na terra sou apenas imigrante temporário - por isto, quero cumprir com a máxima perfeição e alegria o meu estágio telúrico,

10- Deus, tu que és Luz, Vida e Amor - manda me através de todos os teus mundos como um raio da tua Luz, como um sopro da tua Vida, como um brado do teu Amor!

11- Não sou melhor porque me louvam, nem sou pior porque me censuram - sou, na verdade, o que sou a teus olhos, Senhor, e à luz da minha consciência.

12- Ensina-me, Senhor, a sintonizar diariamente a antena de minha alma por tuas ondas, a fim de apanhar no meu receptáculo finito as vibrações da tua vida infinita!

13- Guia-me. Luz divina, por teus caminhos, para que nenhuma ingratidão me faça ingrato nenhuma amargura me faça amargo, nenhuma maldade me faça mau - que eu queira antes sofrer todas as injustiças do que cometer uma só.

14- Atende, Senhor, a minha prece - para que o meu pequeno querer humano seja inteiramente sintonizado com o teu grande querer divino!

15- Não maldirei as trevas do ódio que me cercam - acenderei no meu interior a luz do amor.

16- Eu afirmo a soberania da minha substância divina sobre todas as tiranias das circunstâncias humanas."

(Huberto Rohden - O Caminho da Felicidade - Alvorada Editora e Livraria Ltda., São Paulo, 7ª edição - p. 119/121)
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quinta-feira, 21 de julho de 2022

A RAZÃO DÁ AO HOMEM O PODER DE BUSCAR DEUS

"Deus existe. Ao ser humano, Ele conferiu independência, poder e razão. Por ser dotado de razão, o homem pode encontrar o Senhor. Passar todo o tempo apenas brincando com a vida, sem encontrar Deus, é desperdiçar o poder interior, divinamente concedido. 

Use a chave da razão. Ela não se encontra nas pedras e nos animais. Deus concedeu o raciocínio ao homem para que ele pudesse libertar-se da ilusão da mortalidade. Se permitir à sua razão ser esmagada pelo ego e pelos maus hábitos, de que lhe valerá isso? Se as pessoas se curvarem diante da sua vontade, de que lhe valerá isso? A felicidade ainda se esquivará de você. Por isso, Jesus escolheu Deus, e não Satã, quando o demônio procurava tentá-lo. Jesus compreendeu que, embora o poder mundano tenha muitos atrativos, não dura muito. Jesus encontrara algo maior do que todas as riquezas deste universo. As coisas desejadas pela maioria dos homens são perecíveis. Mas Deus nunca abandonará Jesus. Ele está, até hoje, deleitando-se com o reino divino onipresente. Todos nós deveríamos escolher a vida que conduz a Deus. 

Você está castigando a alma ao mantê-la sepultada, adormecida na matéria, vida após vida, apavorada com os pesadelos de sofrimento e morte. Perceba que você é a alma! Lembre-se de que o Senhor Infinito é o Sentimento por trás do seu sentimento, a Vontade por trás da sua vontade, o Poder por trás do seu poder, a Sabedoria por trás da sua sabedoria. Una, em perfeito equilíbrio, o sentimento do coração e a razão da mente. No castelo da calma, repetidamente se desprenda da identificação com os títulos terrenos, e mergulhe na meditação profunda, até atingir sua nobreza divina. 

Olhe para dentro de você mesmo. Lembre-se: o Infinito está em toda parte. Mergulhando nas profundezas da superconsciência,⁸ você pode acelerar sua mente pela eternidade afora; pelo poder mental, você pode ir longe, além da mais longínqua estrela. A lanterna da mente está plenamente equipada para lançar seus raios superconscientes no mais recôndito coração da Verdade. Use-a para isso.

Lembre-se: é você quem deve viajar para o reino dos céus; ele não virá por remessa especial. Cada homem tem de trilhar sozinho o seu próprio caminho. A partir de hoje, do fundo de seu coração, tome a decisão de buscar Deus. Quando muitos devotos tomarem o ruma para Ele, surgirão então os 'Estados Unidos do Mundo', ⁹ com Deus e o Seu amor como Diretor e Guia dos homens.

Quero dar mais do que a inspiração temporária das palavras; quero atirar granadas de sabedoria diretamente em sua escuridão espiritual, de modo que a explosão de luz permita a você mesmo verificar a verdade do que afirmei."

⁸ Consciência da alma, que é intuitiva e conhece tudo. A mente superconsciente é, assim, a faculdade onisciente da alma.
⁹ Como os estados da nação norte-americana mantêm, cada um, a sua independência e, todavia, estão unidos por ideais e objetivos comuns, assim também, se o reino de Deus deve descer à Terra, os diversos países do mundo devem unir-se em um vínculo de fraternidade e compreensão harmoniosa. 

(Paramahansa Yogananda - A Eterna Busca do Homem - Self-Realization Fellowship - p. 10/11)
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quinta-feira, 24 de março de 2022

A TENTAÇÃO DA AMBIÇÃO

"Vale a pena examinar o que alguns livros de genuína instrução espiritual têm a dizer sobre o tema crucial do autoconhecimento. O primeiro é Luz no Caminho: 'A ambição é o primeiro defeito: a grande tentadora do homem que se eleva acima de seus semelhantes. É a forma mais simples de procurar a recompensa. É ela que continuamente desvia o homem de suas possibilidades superiores. Entretanto, é um instrutor necessário. Os seus resultados convertem-se em pó e cinzas na boca. Como a morte e o retraimento, demonstra finalmente ao homem que trabalhar para si é trabalhar para uma decepção inevitável.' 

A verdade dessa afirmação é autoevidente. O cenário mundial provê exemplos diários de como indivíduos e grupos guiados pela ambição causam destruição, instabilidade e medo. Uma mente dominada pela ambição está sempre procurando recompensa, reconhecimento. Mas por causa da maravilhosa sabedoria e inteligência no coração da existência, a ambição é também uma grande instrutora, mostrando que, mais cedo ou mais tarde, o interesse próprio é contraproducente. Num universo governado por interdependência e interrelacionamentos, toda forma de autointeresse está propensa a ceder, no decorrer do tempo, a um senso mais amplo de compaixão e compreensão universais, muito embora a angústia do crescimento possa ser às vezes dura de suportar. 

Um dos grandes textos da tradição mística cristã é Theologia Germânica, que contém um conselho valioso sobre esse assunto: 'Enquanto o homem estiver buscando seu próprio bem, ele não busca o que é melhor para si, e jamais irá encontrá-lo.'

Tudo que o eu pessoa busca - poder, posição, influência, dinheiro ou gratificação de algum tipo -, embora possa parecer bom no nível sensorial, não é necessariamente o que nossa natureza mais profunda aspira. É por isso que certas tradições afirmam que, antes de a pessoa poder alcançar aquilo que é verdadeiramente bom, num sentido universal, deve sofrer uma transformação, uma mudança fundamental. Pelo fato de os 'olhos' do eu pessoal conseguirem ver apenas seus próprios interesses, eles jamais conseguem ver aquilo que é muito mais vasto, a doçura na 'alma das coisas'. Isso requer uma percepção diferente, que H. P. Blavatsky chamou de uma 'percepção espiritual desvelada'. Este talvez seja um modo de ver a vida como ela é, em suas manifestações multiesplendorosas, sem a mediação de uma mente opiniática,  presunçosa e arrogante.

E é em A Voz do Silêncio, o último presente de H. P. Blavatsky ao mundo, que encontramos ulterior conselho abalizado sobre o tema do autoconhecimento: 'Pois a mente é como um espelho; acumula poeira enquanto reflete. Ela precisa da brisa genuína da sabedoria da alma para varrer a poeira de nossas ilusões. Busca, Ó iniciante, fundir tua mente e tua Alma.'

Por causa do forte elemento do autointeresse espreitando no interior da mente, cada uma de suas percepções logo envelhece, isto é, torna-se insípida, mecânica, condicionada, gerando relacionamentos 'eu-ele', como o chamou Martin Bubber, Então a aterradora realidade da natureza, com suas riquezas eternas, beleza e significado inesgotáveis, torna-se, para a mente egoísta, um mero objeto de exploração. Portanto, é essencial criar um espaço em nossas vidas para uma renovação interior que naturalmente ocorre quando nos abrimos àquela sabedoria inata que resida nas profundezas da alma. A reflexão profunda, o estudo, a meditação e a observação gradualmente nos ajudam a integrar mente e coração, um pré-requisito importante para a genuína percepção espiritual."

(Pedro Oliveira - O ser nada quer - Revista Sophia, Ano 15, nº 65 - p. 16/18)
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quinta-feira, 6 de janeiro de 2022

A MORTE DO MEDO

"Do que sentimos medo? É mesmo medo o que sentem os animais quando ameaçados? Ou é uma reação pós-ansiedade, receio do desconhecido ou reação a algum trauma? Existem muitas formas de manifestar o medo; poderíamos citar uma dezenas delas. A ignorância gera medo, assim como as histórias que acabaram em infortúnio. Mas uma coisa é certa: em todos os casos de medo, enquanto eles existem, decerto nada ainda ocorreu. 

A morte é um dos grandes motivos por trás do medo, como também o nosso futuro instável. Há o medo do sofrimento, da dor física, do descaso - e o medo de ser esquecido, que é uma consequência da morte. Não queremos ser esquecidos, pois quem é esquecido morre para a existência. Algumas etnias indígenas, como a dos índios xavante, evitam falar sobre quem morreu, queimam todos os bens de quem se vai, raspam a cabeça em luto e prosseguem com a vida. O legado não fica no nome, mas na continuidade pelos herdeiros, a tradição, a alma, ou o verdadeiro eu, que se transforma em um antepassado, um espírito conselheiro que se manifesta pelas forças da natureza e pelos sonhos.

Na maioria das culturas existe algum tipo de pós-vida, uma morada espiritual, paraíso, totalidade, umbral, inferno, xeol, tártaro, trevas ou castigo. Existe algum tipo de julgamento da alma ou uma consequência dos atos em vida. Mesmo entre os ateus há a crença na dissolução completa da consciência, ou seja, alguma coisa se extingue. Chamemos ou não de alma, o ser corpóreo é veículo de uma inexplicável existência consciente. As religiões, em grande parte, realizam cultos para os mortos, os antepassados, cultos sobre a transição da consciência e reverências à memória, que é uma forma de identificar a personalidade de quem partiu.

O apego a quem amamos gera sofrimento, pela dor da partida ou pelo nosso próprio ego, que não quer sofrer com a ausência. Temos medo do que virá, e, por isso, permanecemos em um sofrer alimentado pela memória e pelo inconformismo, e nos esforçamos para continuar com a verdade inevitável. Não somos educados para morrer ou conhecer a finitude, nem para lidar com o nosso próprio fim. Por isso também os sábios, os santos e as religiões nos falam da importância da alma, ou de quem realmente somos. Não somos um corpo tendo uma vida espiritual; somos um espírito tendo uma vida material - essa máxima pode mudar todo o entendimento, as possibilidades e a perspectiva da vida. 

É imprescindível buscar o significado da vida em face da consciência, das possibilidade de compreender a morte não mais como o fim, mas como uma mudança de paradigma. Os estudos sobre a consciência argumentam que a morte é apenas uma mudança de realidade eletromagnética. Pessoas que tiveram experiências de morte clínica e retornaram relatam fatos semelhantes: encontro com consciências luminosas, personalidades divinas que os questionam sobre o significado de suas vidas. Como consequência, essas pessoas mudaram completamente sua vida, procurando dar um significado mais elevado a suas relações, transformando suas perspectivas e dando fim ao medo.

De certa forma, muitos de nós já vivem no esquecimento, perdendo-se na autocomiseração, ignorando o verdadeiro eu, que não é nosso ego ou a imagem com a qual nos identificamos. Poderia-se até dizer que existe uma forma de morte em vida. Tememos coisas que são transitórias: o que temos, o que poderíamos ter ou o que podemos vir a perder. Em todas as situações, o universo de possibilidade que criamos está em nossa mente, e é em nossa mente que tudo acontece (e talvez parte do que ocorre após a existência material). (...)

A morte do medo em face da vida acontece quando o altruísmo, a benevolência e a preocupação com o próximo se evidenciam como prática contínua de nosso despertar. É claro que outros tipos de medo, como aquele que nos protege quando estamos em perigo, ou o que nos previne contra acidentes, são mais uma forma de bom senso, um tipo de firewall em nosso programa humano. Um despertar da ignorância sobre a jornada da vida, por meio da aceitação pacífica e não passiva de nossas experiências, pode realmente ser uma experiência transcendental e luminosa. Não deixaríamos todos os medos de lado ainda que fôssemos iluminados, mas o produto de nossas ações já não seria a finitude do ser, e sim o despertar do eu. 

Como mostra o Budismo, a morte é uma consequência natural que faz parte das possibilidades de libertação da consciência, o fim dos ciclos de encarnação, que requer de nós, em vida, o despertar, o entendimento, a prática das virtudes que nos liberam do apego e do sofrimento. A bondade é o manto que encobre a mente com a insensatez dos que entram no fogo para salvar a vida de um simples animal e que saem sem sequer uma queimadura, pois não é a razão que está no comando, mas a alma, governando a vontade; 'e, quando isto que é corruptível se revestir da incorruptibilidade, e isto que é mortal se revestir da imortalidade, então cumprir-se-á a palavra que está escrita: tragada foi a morte na vitória. Onde está, ó morte, o teu aguilhão? Onde está, ó inferno, a tua vitória?' (1 Coríntios 15:54,55.)

O destemor requer de nós a vontade e a atitude de enxergar o lado de dentro antes do lado de fora, de atravessar o rio ou a rua, de falar sem receio de não ser aceito. Esse receio gera desconforto emocional, o que acontece entre os jovens dos dias de hoje, que se abrigam entre os que se sentem da mesma forma, com movimentos que neutralizam a alma com rótulos, ao invés de libertá-la. Em grande parte das vezes, vencer o medo não tem muito a ver com o entusiasmo ou coragem, mas com vencer a si mesmo. 

'E disse ao homem: eis que o temor do Senhor é a sabedoria, e apartar-se do mal é a inteligência.' (Jó 28:28.) É preciso entendimento e sabedoria; nem todo medo ou temor representa pânico, mas uma forma de respeito ou reverência, como neste trecho de poema: 'Eu respeito aquilo que temo; a grande montanha, o mar e a morte, a vida, o silêncio de Deus e minha verdadeira face longe do espelho e do jogo da sorte.'"

(Maurício de Andrade - A morte do medo - Revista Sophia, Ano 14, nº 63 - p. 8/11)