OBJETIVOS DO BLOGUE

Olá, bem-vindo ao blog "Chaves para a Sabedoria". A página objetiva compartilhar mensagens que venham a auxiliar o ser humano na sua caminhada espiritual. Os escritos contém informações que visam fornecer elementos para expandir o conhecimento individual, mostrando a visão de mestres e sábios, cada um com a sua verdade e experiência. Salientando que a busca pela verdade é feita mediante experiências próprias, servindo as publicações para reflexões e como norte e inspiração na busca da Bem-aventurança. O blog será atualizado com postagens de textos extraídos de obras sobre o tema proposto. Não defendemos nenhuma religião em especial, mas, sim, a religiosidade e a evolução do homem pela espiritualidade. A página é de todos, naveguem a vontade. Paz, luz, amor e sabedoria.

Osmar Lima de Amorim


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quinta-feira, 27 de novembro de 2025

MELANCOLIA

"Entrevistado: Sinto uma tristeza profunda! Sou muito fraca e indefesa; estou aqui para você solucionar meu conflito! Sentimentos depressivos envolvem-me repentinamente, tornando-me incapaz de vencer esse estado de alma. Evito a companhia de outras pessoas, pois estou dominada por um desespero insuportável. Por mais que use argumentos racionais e lógicos, permaneço sem condições de reverter esse quadro sombrio. Tenho tudo para ser feliz, mas, infortunadamente, a ideia de suicídio não me sai da mente. Será que viver assim vale a pena?

Sugestões para o entrevistador:

Tudo que nos acontece é uma mensagem da Vida Mais Alta tentando equilibrar nosso mundo interior. Se desejamos sair do circuito do desespero e ir gradativamente resolvendo dificuldades e conflitos, comecemos por compreender que a nossa existência é controlada por uma Fonte Divina - perfeita e harmônica - cuja única intenção é somente a evolução das criaturas. Reconheço que as dores íntimas são como prelúdios de um violino ferindo o peito profundamente. Mas lembre-se: ninguém pode procurar nos outros um recado que está dentro de si. Aprendamos a ler essas mensagens impronunciáveis, elas são a chave da solução dos sofrimentos. As leis divinas estão em nossa consciência.

Hoje você busca livrar-se da melancolia, apegando-se às pessoas para que cuidem de você; mas haverá um dia em que perceberá que a busca é ineficiente, pois essa pessoa terá que ser você mesma.

Não se faça de fraca e impotente; retire de seus olhos a angústia e a aflição. Você pode transformar esse processo doloroso em fator saudável de crescimento e progresso.

Você gostaria de ser poupada dessa dor aflitiva imediatamente, mas não pode se esquecer de que ela é o resultado de atitudes negativas do passado que você mesmo criou. Somente através de crescente conscientização de suas concepções errôneas, ou de falsas soluções, é que poderá atingir o entendimento exato de seu sistema de causa e efeito.

Não basta mudar um mau comportamento irrefletidamente; é preciso mudar a causa que provoca esse comportamento. Apenas assim poderá efetuar uma autêntica mudança.

De início, não espere satisfação e felicidade imediatas, porque os efeitos negativos vão continuar cruzando o seu caminho - resultado de anos vividos entre padrões inadequados. No entanto, quando descobrir esses padrões e começar a modificá-los de maneira gradativa, automaticamente terá início a redução das sensações desagradáveis e aflitivas que você experimenta.

A alma, na agonia moral, é semelhante a um pássaro de asa partida: quer voar, mas não consegue. Só com o tempo ele se equilibra; aí, então, pode alçar voo perfeitamente.

A imensa decepção dos suicidas é perceber no Além que não podem fugir de si mesmos. Problemas são considerados desafios da vida promovendo o desenvolvimento interior. A autodestruição além de inútil, intensifica a dor já existente, por interferir no processo natural da existência terrena.

A alma humana pode ser comparada a um candelabro: acesas as chamas da verdade, dissipam-se as sombras da ilusão.

Todos temos uma tendência de culpar o mundo por nossas ações, comportamentos, emoções e sentimentos inadequados. Justificamos nosso desalento acusando indiscriminadamente, mas é preciso assumirmos plena responsabilidade por tudo o que está acontecendo em nossa vida. Devemos reconhecer honestamente que está em nós a fonte que determina e controla nossas ações e reações. Somos responsáveis tanto pela nossa felicidade quanto pela nossa infelicidade.

Perceba que você nutre uma falsa crença de que está totalmente indefesa e espera que alguém, ou o destino, lhe traga uma milagrosa alegria. Acima de tudo, acredite: nenhuma destinação cruel está vitimando sua existência. Depende essencialmente de você o seu bem-estar, de seus esforços, de sua vontade de mudar, de sua autoconfiança e de um novo senso de força em sua vida interior.

Além disso, a compreensão espírita, acrescida da criação de uma nova visão interior, poderá gerar toda a satisfação que sua alma anseia, anulando os velhos pensamentos destrutivos que você nutria inadvertidamente.

Melhore seu íntimo; essa é a maneira mais eficiente de ser feliz. Podemos destruir o corpo, mas não temos o poder de acabar com a vida.

Quem faz a sua parte e deposita nas mãos de Deus todas as suas dificuldades alcança a tão almejada tranquilidade." (Lourdes Catherine).

Extraído do livro 'Conviver e Melhorar", de Francisco do Espírito Santo Neto, pelos espíritos Batuíra e Lourdes Catherine, Boa Nova editora e distribuidora de livros espíritas, Catanduva/SP, 1999, p. 135/137.
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terça-feira, 25 de novembro de 2025

MOLÉSTIA DA ALMA

"Entrevistado: Tenho distúrbios de comportamento, mental e emocional. Há muitos meses, venho tomando ansiolíticos e antidepressivos, mas nada melhora meu estado íntimo. Vivo sentimentos contraditórios: excesso de alegria ou de tristeza, agitação ou apatia, ideias fixas ou dispersivas. Disseram-me que estou obsediado. Sofro constantes crises de medo e de desconfiança sem motivo algum. Considero-me um ser humano bom; nunca fiz mal a ninguém. Por que sofro esse assédio impiedoso? Que fazer para livrar-me da agressão dessas entidades infelizes?

Sugestões para o entrevistador:

Sei que a fogueira da aflição queima junto a seu peito e você sente estranha aura ao redor de sua mente.

Enquanto você não assumir a responsabilidade por tudo o que lhe está acontecendo, não encontrará a verdadeira cura para sua alma. Não se deve criar um mundo de explicações falsas, culpando os espíritos pela infelicidade e desarmonia vivenciadas. Isso é distorcer o real sentido dos acontecimentos. Você não pode culpar os outros por suas emoções e sensações, sob pena de nada aprender sobre si mesmo. Aceitar a total responsabilidade por sua vida é a forma mais fácil de resolver dificuldades íntimas, mas certamente é uma tarefa que não se realiza da noite para o dia. A autorresponsabilidade e o significado verdadeiro das coisas submetem-se mutuamente; são itens existenciais inseparáveis.

Obsessão é moléstia da alma. Quando você compreender a simultaneidade que existe entre as influências espirituais negativas e seus atos e pensamentos íntimos, mais rapidamente dissolverá o elo existente entre eles. A lei da compensação se perpetua até que o homem tenha resolvido suas ações equivocadas e se engajado no legítimo fluxo das leis universais. Para cada conduta ou atitude errada a natureza solicita uma contra-ação que a equilibre.

Na vida estamos tecendo uma malha existencial. A cada nova situação se interligam os fios que começamos a utilizar nas experiências anteriores. Não podemos simplesmente anular o passado, mas podemos reformulá-lo e redirecioná-lo para a luz.

O percurso de um novo dia é, inevitavelmente, influenciado pelas experiências e ações dos dias precedentes.

A aflição para você tem sabor de eternidade, mas, em breve, ela poderá desaparecer. Basta procurar nos princípios espíritas os apontamentos lógicos e a exata orientação de que necessita para se libertar do desequilíbrio mental/emocional - causa principal de sua obsessão.

As reuniões mediúnicas auxiliarão em muito a higienizar e restaurar a atmosfera fluídica de sua aura, contaminada por energias deletérias ali armazenadas. Provavelmente, serão afastadas as entidades que atuam em seu dia-a-dia; mas se você não modificar seu modo de pensar e agir, abandonando suas limitações, elas ou outras companhias desagradáveis poderão retornar.

Sua mente guarda, zelosamente, fatos, informações, ideias e conceitos. Sua memória é o registro fiel de tudo quanto ocorreu com você através dos tempos, tanto no corpo físico como fora dele. Você cria a própria realidade com sua mente.

Na verdade, você 'veste' as emoções e os pensamentos dos espíritos e coopera na assimilação das sensações aflitivas lançadas sobre seu corpo astral. Você é um canal de expressão, e em sua intimidade, estão todas as matrizes de seus desarranjos. Suas emoções são semelhantes às fases da lua: ora 'crescente', ora 'minguante'.

Não se esqueça também de que você é o único responsável pelas forças negativas que sugam suas energias e tentam dominar sua casa mental. Não existe fatalidade em sua vida, apenas atração e repulsão, conforme sua afinidade.

Na esfera física como na espiritual só se percebe e age em um espaço delimitado, quer dizer, cada pessoa atua segundo seu grau de consciência ou em consonância à sua faixa vibratória.

Na esquina da vida, você é um pedinte que suplica a esmola da paz. Mas, lembre-se de que é igualmente uma usina de forças, recebendo, doando e assimilando o magnetismo de outros seres, encarnados ou não. Os espíritos desequilibrados que estão a seu redor apenas exploram suas fraquezas. Buscam pontos vulneráveis, envolvendo-o negativamente em seu baixo padrão vibracional. Portanto, ninguém tem o poder de transtornar sua mente, a não ser que você ceda diante da perturbação.

Quando você diz que é um ser humano bom, que nunca fez mal a ninguém, acredita estar vivendo um ato de injustiça. Porventura, já se perguntou: faço mal a mim mesmo? Será que respeito meus direitos pessoais? Considero minhas necessidades tão importantes quanto as dos outros?

Para você se livrar das agressões dessas entidades, procure encontrar a área de sua vida que está mais insegura e fragilizada. Reforce-a e inicie um trabalho interior.

Desfaça a necessidade de querer dos outros o que deve providenciar por si mesmo. Isso o aproximará da libertação. Pouco a pouco, aflição que lhe atormenta os sentidos se esvairá, e experimentará uma força nova que brotará do seu interior, equilibrando seus sentimentos descompensados."  Lourdes Catherine.

Extraído do livro 'Conviver e Melhorar", de Francisco do Espírito Santo Neto, pelos espíritos Batuíra e Lourdes Catherine, Boa Nova editora e distribuidora de livros espíritas, Catanduva/SP, 1999, p. 163/166.
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terça-feira, 4 de novembro de 2025

RIGIDEZ

"Os erros são quase que inevitáveis para quem quer avançar e crescer. São acidentes de percurso, contingências do processo evolutivo que todos estamos destinados a vivenciar.

Quando agimos erroneamente é porque não sabemos como fazer melhor. Ninguém, de forma deliberada, tem o desejo de ser infeliz; portanto, ninguém escolhe o pior. Os feitos e as atitudes peculiares de cada criatura estão intimamente ligados a seu desenvolvimento físico, mental, social e moral. Nossa maturidade espiritual é adquirida através das experiências evolutivas no decorrer de todos os tempos, seja na atualidade, seja no pretérito distante.

Tudo o que fazemos está relacionado com nossa idade astral. Inquestionavelmente, fazemos agora o que de melhor poderíamos fazer, porque estamos agindo e pensando conforme nossas convicções interiores; aliás, ela (a idade astral) é gradativa pois está vinculada às nossas percepções evolutivas.

As criaturas que agem com austeridade em determinada circunstância acreditam que aquela é a melhor opção a tomar. Porém, quando o amadurecimento conduzi-las a ter uma melhor noção a respeito dos relacionamentos humanos, elas assimilarão novas maneiras de se comportar e passarão a agir de forma coerente com seu novo entendimento. A concepção de bem se amplia de acordo com nosso desenvolvimento espiritual.

A proposta cristã 'pagar o mal com o bem' sugere: castigar por castigar não transforma a criatura para o bem, mas somente o amor é capaz de sublimar e educar as almas.

A pena de morte é uma rigidez dos costumes humanos. Propõe matar o corpo físico como punição pelas faltas cometidas, com o esquecimento, porém, de que somente transfere a problemática para outras faixas da vida e cria revolta e desarmonia no ser em correção.

A dor apenas terá função dentro dos imperativos da vida, enquanto os homens não aceitarem que somente o amor muda e renova as criaturas.

O projeto da Vida Maior é conscientizar-nos, não sentenciar.

Nosso planeta está repleto de criaturas intelectualizadas e influentes, mas nem por isso sábias e habilitadas para todas as coisas. Por mais inteligente que seja o ser humano, sempre haverá um universo de coisas que ele desconhece.

Muitas pessoas matam, roubam e mentem sem vacilação alguma, mas será que sabem perfeitamente que isso não é certo?

Estar no intelecto não é a mesma coisa que estar na profundeza da alma. Ter informações e receber orientações não é a mesma coisa que integralizar o ensinamento, ou mesmo, saber por inteiro.

"... O homem julga necessária uma coisa, sempre que não descobre outra melhor. À proporção que se instrui, vai compreendendo melhormente o que é justo e o que é injusto e repudia os excessos cometidos, nos tempos de ignorância, em nome da justiça." 

Os erros são quase que inevitáveis para quem quer avançar e crescer. São acidentes de percurso, contingências do processo evolutivo que todos estamos destinados a vivenciar.

Em vez de repelirmos nossos erros, deveríamos analisá-los atentamente como se fossem verdadeiros objetos de arte, evitando, assim, futuros comprometimentos.

Deus permite que o erro integre o nosso caminho. Aliás, ele faz parte das nossas condições evolutivas, para que possamos aprender e assimilar as experiências da vida. Os erros são ocorrências consideradas admissíveis pela legislação do Criador.

Deus não condena ou castiga ninguém, mas o oposto: instituiu leis harmoniosas e justas que nos conduzirão fatalmente à felicidade plena, apesar de nossas faltas e desacertos.

Por que então usar de rigidez perante os acontecimentos da vida?"

Extraído do livro "As dores da alma", de Francisco do Espírito Santo Neto, pelo espírito Hammed, Boa Nova editora e distribuidora de livros espíritas, Catanduvas, SP, p. 141/143.
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quinta-feira, 23 de outubro de 2025

NAS LIDES DA DIREÇÃO

"' ... servindo-os, não quando vigiados, para agradar a homens, mas como servos de Cristo, que põem a alma em atender à vontade de Deus.' (Efésios, 6:6)

'Quem dirige nunca agrada a todos'. Na tarefa da direção de qualquer empreendimento, seja na área filantrópica, seja na religiosa, seja na financeira, quem segue à frente quase sempre leva os louros dos elogios justificados ou as críticas maldosas e sem nenhum fundamento.

No entanto, quando temos um propósito inabalável e uma consciência tranquila, podemos nos proporcionar o direito de ignorar aplausos e acusações indébitas.

O dirigente deverá prosseguir, estabelecendo sempre o ritmo de seus empreendimentos e realizações segundo seus próprios passos; e fundir, no exercício desse mister, amor e ponderação, entendimento e determinação, para que a equipe da qual participa e orienta não hesite diante das decisões e metas assumidas em grupo. Muitas vezes, por falta de confiança em si mesmo, o líder deixa-se envolver por opiniões alheias, perdendo assim a visualização do objetivo maior.

A obra pertence ao Cristo e não a nós. Quem comanda, porém, deve dar conta da importância do trabalho que está em suas mãos.

O condutor não poderá olvidar que não ficará melhor nem pior com as condecorações da aprovação ou com os gestos da censura e reprovação dos outros. Continuará sendo ele mesmo, com seu modo de atuar e com suas possibilidades naturais de sustentar a obra.

Os que lideram não devem olhar para trás o tempo todo, pois fica quase impossível caminhar com segurança e trabalhar para o engrandecimento da organização com os olhos voltados para antigos desentendimentos e dissabores provocados pela opinião das pessoas.

É muito difícil ser produtivo quando estamos constantemente preocupados com o que os outros estão falando ou julgando de nossa atuação e capacidade. Grandes realizadores ficam acima das maledicências e não permitem que elas prejudiquem suas atividades cristãs.

Se o Mestre Querido não conseguiu agradar a todos, quem somos nós para querer atingir tamanho objetivo? Não será pretensão de nossa parte?

Contudo, não nos esqueçamos de que, quando operamos em equipe e obtemos sucesso, devemos considerar-nos dignos de comemorar a vitória. Essas comemorações não devem ser suprimidas e proibidas, mesmo quando criaturas inescrupulosas as denominem de atitudes orgulhosas ou de elogios egoísticos. Expressar sentimentos de alegria e união compartilhados por toda a equipe é prática salutar que nunca deve ser abafada.

De acordo com a feliz expressão do apóstolo, não somos convocados 'para agradar a homens', mas sim para atender 'à vontade de Deus'. Dessa forma, se adotarmos efetivamente o aprendizado com o Mestre Jesus, penetrando o santuário da alma dentro de nós mesmos, aí encontraremos as noções de ponderação e senso de justiça aplicáveis nas lides de direção que o Senhor nos destinou. Em razão, pois, desse trabalho de liderança, não devemos dar ouvidos às conversações descabidas, que proporcionam desentendimento e balbúrdia.

Evitemos mágoas e ressentimentos para manter o equilíbrio do grupo na força comum. Reduzindo a atmosfera de instabilidade, com nossas preces e obrigações do dia-a-dia, imediatamente começaremos a aliviar as tensões negativas nas áreas de ação no bem, às quais estamos vinculados no labor de nossa redenção." (Batuíra).

Extraído do livro "Conviver e Melhorar", de Francisco E. S. Neto, pelos espíritos Batuíra e Lourdes Catherine, Boa Nova, ed. e dist. de livros espíritas, 1999, p. 27/29.
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quinta-feira, 25 de setembro de 2025

FAÇA DE DEUS A ESTRELA POLAR DE SUA VIDA

"Faça de Deus o Pastor de sua alma. Faça Dele o seu Farol quando atravessar os caminhos sombrios da vida. Ele é a sua Lua na noite da ignorância, o Sol nas horas de vigília. É a sua Estrela Polar nos mares escuros da existência mortal. Busque a orientação Dele. O mundo continuará assim, cheio de altos e baixos. Onde encontrar um senso de direção? Não nos preconceitos criados em nós pelos hábitos e pelas influências ambientais da família, do país ou do mundo, mas na voz orientadora da Verdade interior.

Penso apenas em Deus, em todos os momentos. Coloquei meu coração no abrigo do Senhor; pus meu espírito a Seu encargo. Depositei meu amor e devoção a Seus pés de Eternidade. Confie primeiro em Deus e depois, por meio da divina orientação interna, confie nos que manifestam a luz Dele. É essa Luz que me guia. Essa Luz é meu amor, minha sabedoria. E Ele me conta como Sua virtude está vencendo e sempre vencerá."

Paramahansa Yogananda, O Romance com Deus, Self-Realization Fellowship, p. 244/245.
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terça-feira, 23 de setembro de 2025

CORAGEM

"A autorreflexão ou a atitude de mantermos um constante intercâmbio com a 'voz da alma', nos daria suficiente liberdade, segurança e coragem para nos guiar por nós mesmos. É bom lembrar que nos podem forçar a 'ser escravos', mas não nos podem obrigar a 'ser livres'.

Coragem é uma importante capacidade da alma, porque dá consistência às demais, enaltecendo-as. Ela faz surgir a autoconfiança e concretiza efetivamente nossas aspirações e anseios. Muitos dons e talentos, no entanto, são comprometidos por falta de coragem.

A Espiritualidade Superior não nos quer submissos à vontade de outrem, nem inabilitados para tomar decisões, mas quer que nos apropriemos de nossos valores inatos, demonstrando determinação e firmeza diante da vida, porque isso teria como resultado natural o conforto físico, psíquico e espiritual.

O Mundo Maior nos incentiva a utilizar as próprias potencialidades a fim de que possamos descobrir a força e a coragem que existem em nossa intimidade. Ele nos convoca, principalmente, para trazer à tona a luz existente dentro de nós, e não para nos entregarmos a refúgios externos.

Nenhum fato ou acontecimento está além de nossa aptidão ou capacidade de lidar com eles. A vida nunca nos apresenta um problema sem que tenhamos a possibilidade de resolvê-lo.

A autoconfiança deve ser ensinada no berço, e a necessidade de aprovação não deveria ser confundida com a busca de afeto ou amor. Para estimular a autoconfiança e a coragem de tomar decisões num adulto, seria necessário que, desde cedo, as crianças não fossem educadas com grande dose de controle ou aprovação, Contudo, se uma criança cresce sentindo que não pode, em nenhuma circunstância, decidir e que, em nome dos 'bons modos' ela precisa a todo momento pedir autorização dos pais para agir. são plantadas nela as 'sementes neuróticas' de insegurança, medo e falta de confiança.

A busca de aprovação aqui mencionada não tem nada a ver com a atitude saudável dos pais de orientar e educar os filhos, e sim a postura destrutiva de impor aos menores a necessidade de submeterem tudo à opinião e consentimento dos adultos.

Precisar da permissão de uma pessoa já causa frustração e infortúnio, mas o problema se agrava quando a necessidade do consentimento se torna genérica. Quem se comporta dessa maneira está condenado a encontrar uma grande dose de abatimento e desânimo diante da vida. Além disso, o indivíduo incorpora uma autoimagem dissimulada ou irreal, erradicando de sua existência a possibilidade de realização pessoal.

A necessidade de autorização tem como gênese a seguinte estratégia psicológica: 'de imediato nunca confie em si próprio, antes de qualquer coisa, confira suas ideias e pensamentos com os outros'.

O conjunto de conhecimentos e valores da nossa cultura tradicional é do tipo que reforça nos indivíduos uma postura interna de busca de aprovação como um padrão de comportamento normal. A autonomia e a independência não são estimuladas; ao contrário, é consolidado o convencional.

A autorreflexão ou a atitude de mantermos um constante intercâmbio com a 'voz da alma', nos daria suficiente liberdade, segurança e coragem para nos guiar por nós mesmos. É bom lembrar que nos podem forçar a 'ser escravos', mas não nos podem obrigar a 'ser livres'.

A mensagem do Poder Universal é sempre aquela que impulsiona o desenvolvimento de nossas potencialidades ou dons naturais. Despertar é saber que o único modo pelo qual podemos conhecer genuinamente qualquer coisa é examinando-a ou percebendo-a pessoalmente, isto é, usando as leis divinas que estão em nossa intimidade. 'Não se poderá dizer: Ei-lo aqui! Ei-lo ali!, pois eis que o Reino de Deus está no meio de vós'

Por isso, os Benfeitores Espirituais afirmam que: 'A sociedade poderia ser regida somente pelas leis naturais, sem o concurso das leis humanas (...) se os homens as compreendessem bem, e seriam suficientes se houvesse vontade de as praticar (...)'.

As instituições que estruturam a nossa sociedade estabelecem na maioria dos indivíduos um modo de pensar em que impera como norma a concordância ou uniformidade de opiniões, sentimentos, ideias, crenças e pensamentos, sendo que essa postura psicológica age de forma implícita e silenciosa e, quase inconsciente, no cerne das coletividades.

Quanto mais elogio, aplauso e bajulação nos são necessários, mais estaremos nas mãos alheias. Se porventura, um dia, dermos qualquer passo na direção da independência, da autoaprovação ou da coragem de decidir, esse caminhar não será bem visto por aqueles que nos controlam. Essas novas e saudáveis atitudes serão tachadas de egoístas, frias, desprezíveis, ingratas, num esforço para manter-nos na dependência de todos aqueles que, durante anos, nos conservavam sob o seu domínio e poder.

Quando deixamos os outros conduzirem nosso jeito de sentir. pensar e agir, damos-lhes o consentimento de nos usar ou manipular como e quando quiserem.

Nosso valor reside neles, e se eles se recusarem a nos dar sua apreciação positiva, nos sentiremos um 'nada', ou seja, emocional ou moralmente sem valor.

Estas palavras de Paulo constituem a síntese perfeita de um indivíduo que agia corajosamente perante a sociedade de sua época: '(...) falamos não para agradar aos homens, mas, sim, a Deus, que perscruta o nosso coração'"

Extraído do livro "Os prazeres da alma", de Francisco do Espírito Santo Neto, pelo espírito Hammed, Boa Nova, ed. e dist. de livros espíritas, Catanduva, SP, 2003, p. 123/126.
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terça-feira, 26 de agosto de 2025

PERDA

"São compreensíveis as lamentações e os pesares, o pranto e os suspiros, pois o ser humano passa por processos psicológicos de adaptação e de reajuste às perdas da vida.

'Preciso é que tudo se destrua para renascer e se regenerar. Porque, o que chamais destruição não passa de uma transformação, que tem por fim a renovação e melhoria dos seres vivos.'

Nascer e morrer fazem parte de um fenômeno comum e necessário. Tudo nasce, tudo se desenvolve, mas tudo se definha. Sempre há um tempo de partir.

A morte na Terra é o término de uma existência física, é a passagem do ser infinito para uma nova forma existencial. Ela é um interlúdio, ou seja, um intervalo entre as diversas transformações da vida, a fim de que a renovação e a aprendizagem se estabeleçam nas almas, ao longo da eternidade.

Morrer não é uma perda fatal, não é um mal, é um essencial processo de harmonização da Natureza. Durante quanto tempo lamentaremos o passamento de um ser amado? Dependerá de como estamos preparados para isso, de que modo ocorreu a morte, de como era a nossa história pessoal com ele. No entanto, a perda de um ente querido é universalmente causa de tristezas e de lágrimas, em qualquer rincão do Planeta, mas a forma como demonstramos esses nossos sentimentos e emoções está intimamente moldada ao nosso grau evolutivo. O conjunto de conhecimentos adquiridos, ou seja, o acervo cultural, espiritual e intelectual que possuímos, é de fundamental importância em nossa maneira de expressar essa perda.

Por isso, devemos entender e respeitar as múltiplas reações emocionais manifestadas no luto, pois acontecem de conformidade com as estruturas psicossociais que caracterizam cada indivíduo, levando sempre em conta suas diferentes nacionalidades, crenças e costumes peculiares.

A dor da perda, contudo, está radicada na incompreensão a seu respeito ou na apreensão que a precede e a acompanha. Eliminando-se esses fatores, os indivíduos verão a morte como um momento de renovação inerente à Natureza. Inquestionavelmente, é um período que antecede o reencontro dos atuais e dos antigos amores.

São compreensíveis as lamentações e os pesares, o pranto e os suspiros, pois o ser humano passa por processos psicológicos de adaptação e de reajuste às perdas da vida. Os pesares e os murmúrios fazem parte da sequência de fatos interiores, que são provimentos mentais gradativos e difíceis, através dos quais as criaturas passam a aceitar lentamente a ausência - mesmo convictas de sua temporalidade - das pessoas que partiram.

Uma das mais importantes funções da tristeza é a de propiciar um ajustamento íntimo, para que a criatura replaneje ou recomece uma nova etapa vivencial. É importante identificarmos nossa tristeza e sua função de momento; jamais devemos, no entanto, identificar-nos.com ela em si.

'Não, não é verdade! Não pode estar acontecendo!', 'Isso deve ser um horrível pesadelo que vai acabar!' são expressões comumente usadas como negação. São reações costumeiras diante de perdas desesperadoras. A recusa em admitir os fatos e as circunstâncias que os determinaram é uma forma de defesa habitual nas situações devastadoras com nossos entes queridos. É necessária a bênção do tempo para que a alma elabore novamente um ajustamento mental e reúna forças para compreender a privação e a real extensão promovida pela dor.

Alguns choram em voz alta; outros, porém, ficam sentados em silêncio. O isolamento transitório pode ser considerado também como uma outra forma psicológica de defesa para suportar esses transes dolorosos. A atenção destes se fixa unicamente no falecimento da pessoa querida, não se permitindo fazer contato com outras pessoas, a fim de que o sentimento de tristeza não aperte ainda mais seu coração, ou para evitar sejam evocadas com maior intensidade as lembranças queridas. Dessa forma, a criatura abranda o impacto da perda, fazendo um retraimento introspectivo.

'O Senhor deu, o Senhor tirou; bendito seja o nome do Senhor.' Com toda a certeza, essa mensagem do Antigo Testamento incita-nos a uma aceitação incondicional dos desígnios da Assistência Divina.

O Criador da Vida fez com que a Natureza se mantivesse num eterno reciclar de experiências e energias, numa constante mudança de formas e ritmos, em nossa viagem maravilhosa de conhecimentos através da imortalidade.

Quando nossa visão se liga em nossa pura essência, vamos além de todas as coisas diminutas e insignificantes, fazendo com que nosso discernimento se amplie numa imensa lucidez diante de nossa jornada evolutiva.

Não existe perda, não existe morte, assim garantiram os Espíritos Amigos a Kardec: '...o que chamais destruição não passa de uma transformação...'"

Extraído do livro "As dores da alma", de Francisco do Espírito Santo Neto, pelo espírito Hammed, Boa Nova, editora e distribuidora de livros espíritas, 1998, p. 163/165.                                                              Imagem: Pinterest



terça-feira, 19 de agosto de 2025

ERROS RELIGIOSOS

"A Ordem da Natureza. - Examinemos alguns erros acerca da morte, que com razão devemos atribuir especialmente, não ao verdadeiro cristianismo, porém à sua moderna e absurda materialização; já nos referimos à doutrina primária do rápido trânsito da alma a um céu ou inferno eternos, segundo sustentam as mais retrógradas seitas. Estes ensinamentos têm ocasionado graves males em diversos sentidos, e por seu evidente absurdo produziu numerosos incrédulos. Era tão impossível admitir semelhante ideia, que as pessoas dispostas a aceitá-la se encontravam na alternativa de supor a Divindade menos misericordiosa do que o dogma dizia, ou de admitir a repentina mudança das qualidades morais do morto, que rapidamente se converte de pecador em santo e merecedor do céu, ou transforma-se em demônio com súbita perda das qualidades nele latentes.

Parece inútil demonstrar quão insensata e errônea é tal doutrina. A natureza humana nunca procede aos saltos, mas em tudo opera gradualmente; pouco a pouco elimina os elementos nocivos e fortalece os fracos, de maneira natural e sem milagrosas intervenções. A morte não altera de maneira alguma as condições do homem; e o que ele era na véspera de sua morte continua a sê-lo nem mais nem menos no dia seguinte. Se era dotado de mente espiritual, de profunda devoção ou de poderoso talento quando em vida, não perde estas características depois da morte; porém, pelo contrário, se era vil e mesquinho, cheio de pensamentos baixos e desejos sensuais na terra, conserva estas más qualidades ao atravessar o portal do sepulcro.

Certo é que a morte não afeta em nada o homem real, nem a separação do corpo físico tem maior influência em sua natureza do que a troca de uma roupa. Quando o homem se apercebe desta verdade, considera a morte como um dos muitos processos da natureza, e vê que é tempo perdido esperar milagrosamente metamorfoses, pois chega lenta e continuamente a ser o que quis ser, de acordo com a eterna e imutável lei, a qual se de um lado nada concede sem merecimento, nunca deixa de recompensar com exatidão matemática os esforços do homem. O mundo invisível passa então para ele, dos imaginários domínios da fantasia para o positivo reino da lei universal, e desta forma ele sabe com certeza no que há de confiar."

C. W. Leadbeater, O Que Há Além da Morte, Editora Pensamento, São Paulo, SP, p. 29/30.
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quinta-feira, 14 de agosto de 2025

FRAGMENTOS DA ALMA

"Quando ficamos excessivamente presos em um problema, rodando em círculos, remoendo alguma reclamação, podemos estar perdendo uma oportunidade que está se apresentando logo ali.

Aceitar o que a vida está nos propondo não é fácil, requer energia, libertação de dogmas e preconceitos.

Se vivemos tempos de mudanças profundas, certamente nossas estruturas caducas serão desafiadas e sacudidas. Precisamos estar alertas e preparados, dispostos a aceitar novos desafios.

Às vezes parece que vivemos com o freio-de-mão puxado. Pisamos no acelerador, mas a vida não vai pra frente; ou, se vai, exige de nós um esforço adicional que poderia ser melhor empregado.

O peso maior que carregamos parece estar em nossas cabeças, cheias de pensamentos inúteis e que só dificultam nosso progresso natural.

Há momentos em que não conseguimos enxergar a luz, mesmo com o sol brilhando lá fora.

Toda manhã, liguemos o interruptor interno, acendamos a luz que insiste em brilhar em nós, e compartilhemos com alegria o melhor que pudermos levar para o novo dia.

Há muita gente sentindo falta do pouco ou muito que temos para dar.

Confiar é o primeiro passo. Que os raios do Sol Central dissipem as nuvens que ainda encobrem nosso verdadeiro potencial.

Com alegria, para um novo dia!

Vamos!"

Fernando Mansur, A Alma em Fragmentos, Teosofia em gotas, p.54.
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terça-feira, 29 de julho de 2025

A ALEGRIA

"A alegria é uma flor delicada demais para desabrochar na atmosfera poluída da mente mundana, que persegue a felicidade no dinheiro e nas posses. A alegria fenece também quando as pessoas a regam de maneira inadequada, impondo condições à felicidade e dizendo a si mesmas: 'Não serei realmente feliz enquanto não comprar este carro (ou roupa, ou casa, ou pacote de férias na praia)!' Os materialistas, por mais desesperadamente que persigam a borboleta da felicidade, nunca a apanham. Ainda que tivessem tudo não estariam satisfeitos, e a felicidade continuaria fugindo deles.

Por outro lado, a felicidade brota de maneira espontânea no coração daqueles que são interiormente livres. Flui com naturalidade, à semelhança da fonte da montanha após as chuvas de abril, nas mentes acostumadas a um modo de vida simples e que, por vontade própria, renunciaram ao tumulto das chamadas 'necessidades' vãs o castelo dos sonhos de um espírito conturbado.

Quando desistimos da ambição mundana para procurar a paz dentro de nós mesmos, às vezes sentimos no começo uma certa nostalgia dos antigos hábitos. Acostumados aos negócios materiais, a simplicidade pode de quando em quando perturbar-nos, como coisa seca e sem atrativos.

Aos poucos, porém, se perseverarmos, criaremos o hábito do mundo interior e descobriremos uma felicidade bem maior na suficiência espiritual. Começaremos a apreciar mais e mais profundamente o significado da verdadeira bem-aventurança.

Do mesmo modo, podemos ter uma sensação passageira de perda após falhar em nossos negócios. Então a vida, a princípio, parecerá destituída da relva da esperança. Se, no entanto, após vaguear durante algum tempo por esse deserto, começarmos a encarar nossas circunstâncias corajosamente, concluiremos que a vida não mudou em sua essência e que os acontecimentos só foram definidos como fracasso por nossa imaginação. Evocaremos momentos felizes: por exemplo, os deleites singelos da infância. Súbito, compreenderemos que o contentamento íntimo é a única e exclusiva definição válida de sucesso e, de maneira igualmente maravilhosa, que o contentamento é a única coisa na vida que não podemos perder!

Em qualquer caso, a secura da perda, do fracasso e do desapontamento aparentes pode ser levada a reverdecer como o deserto após uma chuva copiosa. Novas searas verdejantes de paz brotam de súbito nas mentes que buscam o repouso. Então a alma conhece uma felicidade mais preciosa que o maior sucesso assegurado pelos empreendimentos materiais.

Se você, caro leitor, tiver de escorregar ou despencar na ladeira do sucesso, para se ver abandonado pela riqueza e o prestígio, e coagido a viver em humildes circunstâncias - não se lamente. Antes, acolha bem a nova aventura que a vida coloca em seu caminho.

Se os seus sonhos forem mentirosos e o arruinarem, adapte-se corajosamente à nova situação. Na simplicidade você encontrará - embora talvez nunca a tenha procurado ali! - a doce bem-aventurança por que seu coração sempre suspirou.

A vida lhe dará mais do que você porventura haja sonhado se apenas procurar definir a prosperidade a uma nova luz: não como ganho material, mas como contentamento íntimo, divino."

Paramhansa Yogananda, Como Ser Feliz o Tempo Todo, Ed. Pensamento-Cultrix, São Paulo, SP, 2008, p. 65/67. 
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quinta-feira, 17 de julho de 2025

A INTUIÇÃO DESENVOLVE A VERDADEIRA PERSONALIDADE

"A intuição da alma é uma faculdade de Deus. Ele não tem boca, mas sabe o gosto de tudo. Não tem mãos nem pés, no entanto sente o universo inteiro. Como? Por intuição, por Sua onipresença.

Normalmente, o homem se utiliza dos sentidos para obter informação sobre si mesmo e sobre o mundo em que vive. A mente nada sabe, exceto o que os cinco sentidos lhe dizem. Mas o super homem confia na intuição, seu 'sexto sentido', para adquirir conhecimento. A intuição não depende dos sentidos ou do poder da inferência para obter dados. Por exemplo, você tem certeza de que certa coisa vai acontecer e acontece, exatamente como previu. Todos provavelmente já tiveram uma experiência assim. Como sabiam, sem qualquer dado inferencial ou sensório? Esse conhecimento direto é o poder intuitivo da alma.

O antigo sábio indiano Patanjali diz que a autoridade das escrituras não é, por si só, prova da verdade. Como, então, se pode saber se a Bíblia e o Gita são verdadeiros? Os dados transmitidos pelos sentidos e pelo poder de inferência não fornecem a prova definitiva. A verdade, em última instância, só é compreendida ou 'provada' pela intuição, pela percepção da alma.

A verdadeira personalidade começa a desenvolver-se quando você consegue sentir, pela intuição profunda, que não é o corpo só lido e, sim, a corrente divina e eterna da Vida e da Consciência dentro do corpo. Foi assim que Jesus pôde caminhar sobre as águas. Ele sabia que tudo se compõe da consciência de Deus.

A personalidade humana pode ser transformada em personalidade divina. Expulse a consciência de que você é um amontoado de carne e ossos. Todas as noites, Deus o faz esquecer essa ilusão. Porém, assim que você acorda, volta às aparentes limitações do corpo."

Paramahansa Yogananda, A Eterna Busca do Homem, Self-Realization Fellowship, p.150.
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terça-feira, 15 de julho de 2025

IRRESPONSABILIDADE

"O indivíduo que não aceita a responsabilidade por seus atos e, constantemente, cria álibis e recorre a dissimulações, culpando os outros, é denominado imaturo.

Nosso modo de pensar atrai nossas experiências, pois pensar é um contínuo ato de escolher. Evitar não pensar é também uma escolha; portanto, somos nós que fabricamos as fibras que confeccionarão a textura da nossa existência.

Quando selecionamos um determinado comportamento, cujo resultado é possível prever, estamos também escolhendo esse mesmo resultado e, obviamente, devemos aceitar a responsabilidade de tal fato.

Somos responsáveis pela maneira como nos relacionamos com as pessoas, isto é, cônjuges, filhos, parentes, amigos e conhecidos, porque, certamente, ninguém nos obriga a agir desta ou daquela forma, mas, se assim acontecer, é porque nós mesmos cedemos diante da exigência dos outros.

Considerando que nossas atitudes são como grãos de areia, repetindo-as, com certa regularidade, criaremos pequenos montes. Tudo se inicia com diminutos grãos de areia. Inicialmente, formam uma colina, logo depois, um morro e, com a constante repetição dessas mesmas atitudes, erguem-se enormes montanhas e, finalmente, uma cordilheira.

Somos responsáveis por tudo o que experimentamos em nós mesmos; enfim, criamos nossa própria realidade.

'Pode o homem, pela sua vontade e por seus atos, fazer que não se deem acontecimentos que deveriam verificar-se e reciprocamente? Pode-o, se essa aparente mudança na ordem dos fatos tiver cabimento na sequência da vida que ele escolheu..."

Assim sendo, os Espíritos Sábios afirmam que a mudança de nosso destino somente ocorre quando, realmente, assumimos a responsabilidade por nossa vida, usando de determinação e vontade. Essa transformação, entretanto, não é realizada de um momento para o outro, ou mesmo, não se trata de um simples querer caprichoso; em verdade, é o produto de uma sequência de escolhas ao longo de inumeráveis experiências e acontecimentos.

O indivíduo que não aceita a responsabilidade por seus atos e, constantemente, cria álibis e recorre a dissimulações, culpando os outros, é denominado imaturo.

O homem adulto se caracteriza pelo fato de que ele próprio delimita seu código de conduta moral, já alcançou um certo grau de independência interior e faz seus julgamentos baseado em sua autonomia.

Os amadurecidos atingiram um bom nível de relacionamento consigo mesmos e, consequentemente, com os outros; por isso, resolvem facilmente tanto os conflitos internos como os externos. Dessa maneira, assumem as responsabilidades que lhes competem e estão despertos para a realidade.

A fase primordial da vida se inicia na total inconsciência e, a partir de então, o princípio inteligente progride de maneira gradativa e constante rumo a uma cada vez maior consciência de si, isto é, à crescente iluminação de suas faculdades e atividades íntimas. As criaturas começam a notar primeiramente os princípios que lhes parecem vir de fora e, depois, no decorrer de seu progresso espiritual, percebem que tudo se encontra em sua intimidade. Não é o mundo que se transforma; o que acontece é que elas mudam de níveis de consciência, alterando o mundo em si mesmas.

Em virtude disso, o emérito pensador e escritor espírita Léon Denis resumiu e estruturou, de modo coerente e homogêneo, que o psiquismo dorme no mineral, sonha no vegetal, sente no animal, pensa no hominal e, por fim, atinge vasta habilidade intuitiva na fase angelical, dando prosseguimento a seu processo evolutivo pelo universo infinito.

A proposta do 'despertar' das almas é antiquíssima e é encontrada em diversas passagens do Novo Testamento. O apóstolo Paulo, o incomparável divulgador da Boa Nova, escrevendo aos Efésios, no capítulo V, versículo 14, assim se reporta: 'Desperta, tu que dormes, e levanta-te dentre os mortos...'

Despertar, entretanto, é condição inadiável para que atinjamos as verdades transcendentes, reavivando em nós a consciência para os objetivos essenciais da eternidade.

Todos os esforços da criatura servem a um único objetivo: torná-la mais consciente, isto é, ampliar o seu próprio modo de ver as coisas. Não nos esqueçamos, pois, de que a evolução de nossas almas nada cria de novo; o que ela faz é melhorar, progressivamente, nossa visão sobre aquilo que sempre existiu.

Sobre essa questão, os Espíritos Superiores asseveram, com muita sabedoria, que a alteração no rumo dos acontecimentos, provocada pelo homem, pode dar-se "... se essa aparente mudança na ordem dos fatos tiver cabimento na sequência da vida que ele escolheu...". Portanto, não poderá haver maturidade vivencial sem que o indivíduo se conscientize plenamente de seu livre-arbítrio e de que tudo o que sofre, goza, percebe e experimenta nada mais é do que o reflexo de si mesmo."

Extraído do livro "As dores da alma", de Francisco do Espírito Santo Neto, pelo espírito Hammed, Boa Nova, editora e distribuidora de livros espíritas, 1998, p. 41/43.                                                                  Imagem: Pinterest


quinta-feira, 5 de junho de 2025

EM DEUS ACABAM AS ILUSÕES

"Acabe com o mundo agora mediante a comunhão com Deus. Não profane o templo da alma com desejos instáveis e com turbulentos prazeres mundanos. Permaneça imaculado à luz da consciência e à luz do amor por Deus. Alcance esse estado agora. Então, talvez durante uma guerra nesta era elétrica, quiçá na era mental ou na era da verdade, você volte como um Cristo para dar paz à Terra e dizer à humanidade: 'Aprendi as lições que Deus queria que eu aprendesse. Dificuldades, doenças e morte não significam nada para mim. Estou unido à Luz Eterna. O mundo terminou para mim. Venham, irmãos que ainda sofrem do pesadelo deste mundo de vida e morte e de infinitas rodadas de encarnações - venham comigo! Eu mostrarei que o fim do mundo significa o fim das ilusões da Terra. Aprendam esta lição, para que sua alma possa brilhar para sempre uma estrela eterna no regaço do excelso Senhor.'

Lembre-se: você está aqui na Terra por um curto período de tempo, mas é filho de Deus pela eternidade. Não se alie às forças da ignorância, busque primeiro conhecer a Deus. O que Ele lhe disser para fazer estará certo, seja lutando pelo seu país, seja como homem de negócios, artista ou instrutor espiritual. Quando você realmente O conhecer, será corretamente orientado na vida. É por isso que as Escrituras dizem: 'Buscai primeiro o reino de Deus...'

Se você conseguir viver pelo menos algumas das verdades que transmiti, será uma pessoa diferente. Conhecerá a Deus se seguir os ensinamentos da Self-Realization. Quando estou com você, não quero lhe dar apenas uma satisfação intelectual sobre a verdade; quero que perceba Deus por si próprio. Eu lhe expliquei como acabar com suas imperfeições para que você possa ir além - até Ele."

Paramahansa Yogananda, O Romance com Deus, Self-Realization Fellowship, p. 72/73.
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quinta-feira, 15 de maio de 2025

A BENEFICÊNCIA

"11. A beneficência, meus amigos, vos dará nesse mundo os mais puros e suaves prazeres, as alegrias do coração, que não são perturbados pelo remorso nem pela indiferença. Oh! se pudésseis compreender tudo o que encerra de grande e de agradável a generosidade das almas belas, esse sentimento que faz a criatura olhar as outras como olha a sí mesma. despindo-se, jubilosa, para cobrir o seu irmão! Pudésseis, meus amigos, ter por única ocupação tornar felizes os outros! Quais as festas mundanas que podereis comparar a essas festas alegres quando, como representantes da Divindade, levais a alegria a essas pobres famílias que, da vida, apenas conheceram as vicissitudes e as amarguras, quando vedes nelas os semblantes macerados irradiarem subitamente de esperança, porque, não tendo pão, esses infelizes ouviam seus filhinhos, ignorando que viver é sofrer, gritando, repetidamente, a chorar, estas palavras, a se enterrarem nos corações maternos como agudo punhal: Estou com fome!... Oh! compreendei como são deliciosas as impressões daquele que vê renascer a alegria onde, um momento antes, só havia desespero! Compreendei as obrigações que tendes para com os vossos irmãos! Ide, ide ao encontro do infortúnio; ide em socorro, sobretudo, das misérias ocultas, por serem as mais dolorosas! Ide, meus bem-amados, e recordai-vos destas palavras do Salvador: 'Quando vestirdes a um destes pequeninos, lembrai-vos de que é a mim que o fazeis!'

Caridade! Sublime palavra que resume todas as virtudes, és tu que hás de conduzir os povos à felicidade. Ao te praticarem, eles criarão para si infinitos gozos no futuro e, quando se acharem exilados na Terra, tu serás a sua consolação, o gozo antecipado das alegrias que fruirão mais tarde, quando se encontrarem reunidos no seio do Deus de amor. Foste tu, virtude divinal, que me proporcionaste os únicos momentos de felicidade de que desfrutei na Terra. Possam os meus irmãos encarnados crer na palavra do amigo que lhes fala: É na caridade que deveis buscar a paz do coração, o contentamento da alma, o remédio contra as aflições da vida. Oh! quando estiverdes a ponto de acusar a Deus, lançai um olhar para baixo de vós; vede quantas misérias a aliviar, quantas pobres crianças sem família, quantos velhos sem qualquer mão amiga que os ampare e lhes feche os olhos quando a morte os reclame! Quanto bem a fazer! Oh! não vos queixeis; ao contrário, agradecei a Deus e prodigalizai em profusão a vossa simpatia, o vosso amor, o vosso dinheiro por todos os que, deserdados dos bens desse mundo, definham na dor e no isolamento. Colhereis na Terra bem doces alegrias e, mais tarde... só Deus o sabe!... - Adolfo, bispo de Argel. (Bordeaux, 1861.)"

Texto extraído do livro "O Evangelho Segundo o Espiritismo", de Allan Kardec, FEB, 2018, p. 179/180.
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quinta-feira, 1 de maio de 2025

EXPLICAÇÕES DO MESTRE

"Em plena conversação edificante, Sara, a esposa de Benjamim, o criador de cabras, ouvindo comentários do Mestre, nos doces entendimentos do lar de Cafarnaum, perguntou, de olhos fascinados pelas revelações novas:

- A ideia do reino de Deus, em nossas vidas, é realmente sublime; todavia, como iniciar-me nela? Temos ouvido as pregações à beira do lago e sabemos que a Boa Nova aconselha, acima de tudo, o amor e o perdão... Eu desejaria ser fiel a semelhantes princípios, mas sinto-me presa a velhas normas. Não consigo desculpar os que me ofendem, não entendo uma vida em que troquemos nossas vantagens pelos interesses dos outros, sou apegada aos meus bens e ciumenta de tudo o que aceito como sendo propriedade minha.

A dama confessava-se com simplicidade, não obstante o sorriso desapontado de quem encontra obstáculos quase invencíveis.

- Para isso comentou Pedro, é indispensável a boa vontade.

- Com a fé em nosso Pai celestial - aventurou a esposa de Simão, atravessaremos os tropeços mais duros.

Em todos os presentes, transparecia ansiosa expectativa quanto ao pronunciamento do Senhor, que falou, em seguida a longo silêncio:

- Sara, qual é o serviço fundamental de tua casa?

- É a criação de cabras - redarguiu a interpelada, curiosa.

- Como procedes para conservar o leite inalterado e puro no benefício doméstico?

- Senhor, antes de qualquer providência, é imprescindível lavar, cautelosamente, o vaso em que ele será depositado. Se qualquer detrito ficar na ânfora, em breve todo o leite se toca de franco azedume e já não servirá para os serviços mais delicados.

Jesus sorriu e explanou:

- Assim é a revelação celeste no coração humano. Se não purificamos o vaso da alma, o conhecimento, não obstante superior, confunde-se com as sujidades de nosso íntimo, como que se degenerando, reduzindo a proporção dos bens que poderíamos recolher. Em verdade, Moisés e os profetas foram valorosos portadores de mensagens divinas, mas os descendentes do povo escolhido não purificaram suficientemente o receptáculo vivo do Espírito para recebê-las. É por isso que os nossos contemporâneos são justos e injustos, crentes e incrédulos, bons e maus ao mesmo tempo. O leite puro dos esclarecimentos elevados penetra o coração como alimento novo, mas aí se mistura com a ferrugem do egoísmo velho. Do serviço renovador da alma restará, então, o vinagre da incompreensão, adiando o trabalho efetivo do reino de Deus.

A pequena assembleia, na sala de Pedro, recebia a lição sublime e singela, comovidamente, sem qualquer interferência verbal. 

O Mestre, porém, levantando-se com discrição e humildade, afagou os cabelos da senhora que o interpelara e concluiu, generoso:

- O orvalho num lírio alvo é diamante celeste, mas, na poeira da estrada, é gota lamacenta. Não te esqueças dessa verdade simples e clara da natureza."

Extraído do livro "Jesus no Lar", de Chico Xavier, pelo Espírito Neio Lúcio, FEB, 2013, p. 15/17.
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terça-feira, 15 de abril de 2025

O CULTO CRISTÃO NO LAR

"Povoara-se o firmamento de estrelas, dentro da noite prateada de luar, quando o Senhor, instalado provisoriamente em casa de Simão Pedro, tomou os Sagrados Escritos e, como se quisesse imprimir novo rumo à conversação que se fizera improdutiva e menos edificante, falou com bondade:

- Simão, que faz o pescador quando se dirige para o mercado com os frutos de cada dia?

O Apóstolo pensou alguns momentos e respondeu, hesitante:

- Mestre, naturalmente, escolhemos os peixes melhores.

Ninguém compra os resíduos da pesca.

Jesus sorriu e perguntou, de novo:

- E o oleiro? que faz para atender à tarefa a que se propõe?

- Certamente, Senhor - redarguiu o pescador, intrigado -, modela o barro, imprimindo-lhe a forma que deseja.

O Amigo celeste, de olhar compassivo e fulgurante, insistiu:

- E como procede o carpinteiro para alcançar o trabalho que pretende?

O interlocutor, muito simples, informou sem vacilar:

- Lavrará a madeira, usará o enxó e o serrote, o martelo e o formão. De outro modo, não aperfeiçoará a peça bruta.

Calou-se Jesus, por alguns instantes, e aduziu:

- Assim, também, é o lar diante do mundo. O berço doméstico é a primeira escola e o primeiro templo da alma. A casa do homem é a legítima exportadora de caracteres para a vida comum. Se o negociante seleciona a mercadoria, se o marceneiro não consegue fazer um barco sem afeiçoar a madeira aos seus propósitos, como esperar uma comunidade segura e tranquila sem que o lar se aperfeiçoe? A paz do mundo começa sob as telhas a que nos acolhemos. Se não aprendemos a viver em paz, entre quatro paredes, como aguardar a harmonia das nações? Se nos não habituamos a amar o irmão mais próximo, associado à nossa luta de cada dia, como respeitar o eterno Pai que nos parece distante?

Jesus relanceou o olhar pela sala modesta, fez pequeno intervalo e continuou:

- Pedro, acendamos aqui, em torno de quantos nos procuram a assistência fraterna, uma claridade nova. A mesa de tua casa é o lar de teu pão. Nela, recebes do Senhor o alimento para cada dia. Por que não instalar, ao redor dela, a sementeira da felicidade e da paz na conversação e no pensamento? O Pai, que nos dá o trigo para o celeiro, através do solo, envia-nos a luz através do céu. Se a claridade é a expansão dos raios que a constituem, a fartura começa no grão. Em razão disso, o Evangelho não foi iniciado sobre a multidão, mas sim no singelo domicílio dos pastores e dos animais.

Simão Pedro fitou no Mestre os olhos humildes e lúcidos e, como não encontrasse palavras adequadas para explicar-se, murmurou, tímido:

- Mestre, seja feito como desejas.

Então Jesus, convidando os familiares do Apóstolo à palestra edificante e à meditação elevada, desenrolou os escritos da sabedoria e abriu, na Terra, o primeiro culto cristão do lar."

Texto extraído do livro "Jesus no Lar", de Chico Xavier, pelo Espírito Neio Lúcio, FEB, 2013, p. 9/10.
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quinta-feira, 3 de abril de 2025

A ESCOLA DAS ALMAS

"Congregados, em torno do Cristo, os domésticos de Simão ouviram a voz suave e persuasiva do Mestre, comentando os sagrados textos.

Quando a palavra divina terminou a formosa preleção, a sogra de Pedro indagou, inquieta:

- Senhor, afinal de contas, que vem a ser a nossa vida no lar?

Contemplou-a Ele, significativamente, demonstrando a expectativa de mais amplos esclarecimentos, e a matrona acrescentou:

- Iniciamos a tarefa entre flores para encontrarmos depois pesada colheita de espinhos. No começo, é a promessa de paz e compreensão; entretanto, logo após, surgem pedras e dissabores...

Reparando que a senhora galileia se sensibilizara até às lágrimas, deu-se pressa Jesus em responder:

- O lar é a escola das almas, o templo onde a sabedoria divina nos habilita, pouco a pouco, ao grande entendimento da humanidade.

E, sorrindo, perguntou:

- Que fazes inicialmente às lentilhas, antes de servi-las à refeição?

A interpelada respondeu, titubeante:

- Naturalmente, Senhor, cabe-me levá-las ao fogo para que se façam suficientemente cozidas. Depois, devo temperá-las, tornando-as agradáveis ao sabor.

- Pretenderias, também, porventura, servir pão cru à mesa?

- De modo algum - tornou a velha humilde -, antes de entregá-lo ao consumo caseiro, compete-me guardá-lo ao calor do forno. Sem essa medida...

O divino Amigo então considerou:

- Há também um banquete festivo, na vida celestial, onde nossos sentimentos devem servir à glória do Pai. O lar, na maioria das vezes, é o cadinho santo ou o forno preparador. O que nos parece aflição ou sofrimento dentro dele é recurso espiritual. O coração acordado para a vontade do Senhor retira as mais luminosas bênçãos de suas lutas renovadoras, porque, somente aí, de encontro uns com os outros, examinando aspirações e tendências que não são nossas, observando defeitos alheios e suportando-os, aprendemos a desfazer as próprias imperfeições. Nunca notou a rapidez da existência de um homem? A vida carnal é idêntica à flor da erva. Pela manhã emite perfume; à noite, desaparece... O lar é um curso ligeiro para a fraternidade que desfrutaremos na vida eterna. Sofrimentos e conflitos naturais, em seu círculo, são lições.

A sogra de Simão escutou, atenciosa, e ponderou:

- Senhor, há criaturas, porém, que lutam e sofrem; no entanto, jamais aprendem.

O Cristo pousou na interlocutora os olhos muito lúcidos e tornou a indagar:

- Que fazes das lentilhas endurecidas que não cedem à ação do fogo?

- Ah! sem dúvida, atiro-as ao monturo, porque feririam a boca do comensal descuidado e confiante.

- Ocorre o mesmo - terminou o Mestre - com a alma rebelde às sugestões edificantes do lar. A luta comum mantém a fervura benéfica; todavia, quando chega a morte, a grande selecionadora do alimento espiritual para os celeiros de nosso Pai, os corações que não cederam ao calor santificante, mantendo-se na mesma dureza, dentro da qual foram conduzidos ao forno bendito da carne, serão lançados fora, a fim de permanecerem, por tempo indeterminado, na condição de adubo, entre os detritos da natureza."

Extraído do livro "Jesus no Lar", de Chico Xavier, pelo Espírito Neio Lúcio, FEB, 2013, p. 11/13.
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sexta-feira, 21 de março de 2025

CORAGEM

"Não poderemos ser autênticos se não formos corajosos. Não poderemos ser originais se não lançarmos mão do destemor. Não poderemos amar se não corrermos riscos. Não poderemos pesquisar ou perceber a realidade se não fizermos uso da ousadia.

A palavra coragem vem da raiz latina cor, cordis, que significa coração (sede ou centro da alma, da inteligência e da sensibilidade). Portanto, ser corajoso significa agir utilizando um potencial que vem de dentro - a voz do coração.

Coragem não é arrogância ardilosa, determinação astuta ou agressividade. Ela é, na realidade, a certeza íntima que se demonstra na moderação dos atos e atitudes, na firmeza de caráter e no desempenho perseverante de uma atividade.

É necessário coragem para assumir as consequências de nossas ações e desacertos; para suportar a vontade de retrucar de acordo com as ofensas recebidas; para sentir e fazer as coisas que acreditamos serem certas para nós, ainda que o medo da rejeição e da discriminação nos ameace; para aprender a dizer 'não', impedindo que passemos a vida inteira sendo usados ou explorados; para ver as coisas pelo lado bom, esperando sempre uma solução favorável; para não aceitar responsabilidades que não são nossas, mas de amigos ou parentes imprudentes que se omitem em executá-las.

A criatura realmente corajosa sabe que viver é correr riscos, é enfrentar o desconhecido. Ela solta o passado e deixa o futuro vir a ser. O futuro é uma semente de possibilidades, o passado ficou para trás; devemos deixá-lo passar. O presente nada mais é do que um deslocamento em direção ao futuro. A todo instante o presente está se tornando futuro e o passado indo embora.

Todos nós estamos constantemente enfrentando coisas ignoradas, desconhecidas. Correr riscos indica a probabilidade de insucesso em função de ocorrências que, muitas vezes, escapam de nossas mãos, pois não dependem exclusivamente de nosso empenho ou vontade.

'O uso dos bens da terra é um direito para todos os homens (...) Esse direito é a consequência da necessidade de viver (...)".

Ao utilizarmos os 'bens da terra' nos sentiremos temerosos e vacilantes diante dos riscos da vida, mas esses perigos são muito valiosos para que possamos amadurecer. Lembremo-nos que errar faz parte do crescimento, pois é uma 'consequência da necessidade de viver'. Sempre que tomamos consciência de nossos erros, chegamos mais perto da verdade. Trata-se de uma busca ou descoberta pessoal; ninguém pode fazê-la por nós.

Os 'bens da terra', aqui citados pelos Espíritos Amigos, também são os 'bens éticos' - conjunto de princípios ou valores universais de uma sociedade referentes à vida, à dignidade das pessoas e ao aprimoramento de uma coletividade.

Ao lançarmos mão dos 'bens éticos' podemos, de início, não saber usá-los convenientemente, mas necessitamos de coragem. autonomia e firmeza de espírito para vivenciá-los e, não buscar de modo desesperado o consenso ou aprovação das pessoas. É impossível passar pela vida sem incorrer em grandes doses de desaprovação. É o ônus que pagamos pelo fato de vivermos numa sociedade, onde a diversidade de opiniões é uma das características mais marcantes das criaturas.

Os grandes missionários da história nos ensinam que não se pode agradar a todos, e que precisamos ser livres das opiniões alheias. 

Usar a própria alma como guia e não precisar do consentimento exterior é utilização correta da verdadeira coragem postura psicológica que nos plenifica, em qualquer nível, nas pretendidas realizações pessoais.

Não poderemos ser autênticos se não formos corajosos. Não poderemos ser originais se não lançarmos mão do destemor. Não poderemos amar se não corrermos riscos. Não poderemos pesquisar ou perceber a realidade se não fizermos uso da ousadia. A coragem é uma qualidade interior que vem em primeiro lugar, tudo o mais acontece sucessivamente.

Um olhar cuidadoso na vida de Jesus irá revelar a criatura extremamente corajosa, o indivíduo que pregou a tenacidade diante de situações emocionais ou moralmente difíceis e que não teve medo de enfrentar a desaprovação. No entanto, muitos dos seus seguidores distorceram seus ensinos, transformando-os no catecismo da culpa, temor e submissão.

O Mestre de Nazaré sempre se conduziu com base em sua consciência pessoal, em sua integração com a Divindade e nas leis naturais, em vez de fazê-lo porque alguém ditou a maneira que ele deveria pensar ou se comportar.

O Cristo de Deus era dirigido por razões interiores que, literalmente, nada tinham a ver com o fato de que alguém possa ter gostado ou não do que Ele tivesse dito ou feito. Sempre considerou os mandamentos de Moisés, porém sabia que tudo que é escrito e traduzido ao pé da letra, bem como tudo que é relatado de forma oral, ou seja, passado de geração a geração, se reveste através dos séculos de uma atmosfera simbólica ou mítica.

'Não penseis que vim revogar a Lei e os Profetas. Não vim revogá-los, mas dar-lhes pleno cumprimento (...)'. A atitude de 'dar cumprimento', aqui proclamada, estava revestida de nobreza corajosa para a execução, realização e desenvolvimento de algo propício para a atualização do aperfeiçoamento moral da humanidade.

Jesus não receava correr riscos, porque seus valores não eram locais; em outras palavras, não eram analisados sob a luz de um enfoque particular e geográfico. O Mestre via a si mesmo como pertencente à vida universal; transcendia as fronteiras tradicionalistas - família, raça, cidade, estado ou país. Aliás, a coragem dos renovadores é geralmente rotulada, pela mediocridade ou incompreensão da humanidade, de rebeldia, desobediência e perturbação dos valores preestabelecidos ou convencionais."

Extraído do livro "Os prazeres da alma", de Francisco do Espírito Santo Neto, pelo espírito Hammed, Boa Nova, ed. e dist. de livros espíritas, Catanduva, SP, 2003, p. 119/122.
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