OBJETIVOS DO BLOGUE

Olá, bem-vindo ao blog "Chaves para a Sabedoria". A página objetiva compartilhar mensagens que venham a auxiliar o ser humano na sua caminhada espiritual. Os escritos contém informações que visam fornecer elementos para expandir o conhecimento individual, mostrando a visão de mestres e sábios, cada um com a sua verdade e experiência. Salientando que a busca pela verdade é feita mediante experiências próprias, servindo as publicações para reflexões e como norte e inspiração na busca da Bem-aventurança. O blog será atualizado com postagens de textos extraídos de obras sobre o tema proposto. Não defendemos nenhuma religião em especial, mas, sim, a religiosidade e a evolução do homem pela espiritualidade. A página é de todos, naveguem a vontade. Paz, luz, amor e sabedoria.

Osmar Lima de Amorim


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quinta-feira, 21 de janeiro de 2021

O QUE É RETA AÇÃO?


"Os budistas, de um ponto de vista puramente técnico, não podem pertencer a nenhum exército. O exército é liderado por pessoas com seus próprios motivos para criar uma guerra ou para produzir tensão. Os oficiais, soldados e quem quer que esteja preso nisso faz o que lhe é ordenado, sem questionar os objetivos. Por isso, uma pessoa que quer viver a vida espiritual, ou um correto tipo de vida, não entraria para o exército.

Muitas pessoas dirão que não é assim. O Bhagavad-Gita, por exemplo, diz: 'Continue a lutar, Arjuna.' Mas essas palavras se referem a lutar no nível físico, ou será que todo o Gita tem um significado diferente?

Milhões de pessoas estão engajadas em negócios ligados à guerra. A fabricação de armas é apenas um deles. Há mais cientistas trabalhando nesse comércio do que em propósitos pacíficos. Isso deve ser levado em consideração por todo aquele que queira trilhar o caminho espiritual: será que você quer se engajar em atividades que prejudicam os outros?

É bastante comum encontrar pessoas bebendo álcool. Isso quer dizer que muitas outras pessoas estão engajadas neste negócio, preparando a bebida e vendendo-a. Muitas coisas são produzidas sem levar em consideração o fato de que afetam a vida dos outros. Quando compramos algo de uma loja, o produto pode parecer bom, mas a história por trás de alguns produtos pode não ser boa. Animais são usados para experimentos cientifícos e para testar produtos de beleza. Será que nós somos cuidadosos a respeito daquilo que compramos? Ou compramos coisas que afetam as vidas inocentes de outras criaturas?

Os Estados Unidos cuidam para que nenhum dano seja causado aos seres humanos, mas, para garantir isso, atos horríveis são praticados contra outras criaturas vivas. Felizmente, na Inglaterra e em outros países europeus muitos experimentos com animais foram abandonados e substituídos por métodos mais humanitários. É possível descobrir se uma droga ou outro produto é útil ou não por meios que não causem danos aos animais, sem maltratar milhares de criaturas em nome do que chamamos de 'progresso'.

Se formos verdadeiros e éticos, usando nosso desenvolvimento interior, podemos compreender o que é útil e o que não é. Obviamente matar ou maltratar não são corretos meios de ganhar a vida. Mentir também não. A reta conduta não é fácil, mas um dos primeiros passos nesse caminho é jamais se envolver em más ações. Conforme Buda ensinou, quanto menos dano é causado, melhor.

A conduta está ligada à ideia do que é certo e errado. Muitas pessoas que praticam crueldades não são más, mas foram colocadas em situações em que sentem que precisam sacrificar os escrúpulos. Se o ser humano é superior às outras criaturas é uma questão importante sobre a qual cada um de nós deve ter clareza. Todas as coisas estão crescendo, e mais cedo ou mais tarde alcançarão o estágio humano.

Nossas vidas verdadeiramente afetam a vida dos outros seres. Eles também são ajudados pelo modo como nós nos comportamos. Ser mais atencioso, gentil e compassivo e menos egoísta pode produzir uma mudança em direção a uma sociedade menos brutal."

(Radha Burnier - O que é reta ação? - Revista Sophia, Ano 16, mº 73 - p. 43)


domingo, 15 de outubro de 2017

VOCÊ ACREDITA NUMA VIDA DEPOIS DESTA?

"Sempre me intrigou que alguns mestres budistas que eu conhecia fizessem uma simples pergunta às pessoas que se aproximavam deles buscando ensinamento: 'Você acredita numa vida depois desta?' Não se trata de saber se a pessoa acredita nisso como uma proposição filosófica, mas se sente isso no fundo do seu coração. O mestre sabe que, se alguém acredita numa vida futura, sua visão de mundo será diferente e terá um outro sentido de responsabilidade e moralidade pessoal. O que os mestres suspeitam é que aqueles que não têm uma crença firme numa vida após a morte, vão criar uma sociedade fixada em resultados a curto prazo, sem qualquer preocupação com as consequências dos seus atos. Seria essa a principal razão pela qual criamos um mundo brutal como este em que vivemos, um mundo em que a verdadeira compaixão está quase ausente?

Às vezes penso que os países mais poderosos e influentes do mundo desenvolvido são como o reino dos deuses descrito nos ensinamentos budistas. Diz-se que esses deuses vivem suas vidas em meio a um luxo fabuloso, mergulhados em todos os prazeres imagináveis, sem um único pensamento sobre a dimensão espiritual da vida. Todos parecem muito felizes até que a morte se aproxima, e aí alguns sinais inesperados de desintegração aparecem. Então, as esposas e amantes desses deuses não mais se atrevem a se aproximar deles, atirando-lhes flores à distância, com preces ocasionais para que eles renasçam novamente como deuses. Nenhuma de suas lembranças de felicidade ou conforto pode agora protegê-los do sofrimento que eles enfrentam; isso só faz com que fiquem mais desesperados, de tal modo que esses deuses são deixados para morrerem sozinhos e miseravelmente.

O destino dos deuses me faz pensar na maneira como os velhos, os doentes e os que estão morrendo são tratados hoje. Nossa sociedade é obcecada por juventude, sexo e poder, e nós nos esquivamos da velhice e da decadência. Não é terrível que desprezemos as pessoas idosas quando sua vida de trabalho se encerrou e elas já não mais pareçam úteis? Não é perturbador que nós as joguemos em asilos, onde morrem solitárias e abandonadas? (...)"

(Sogyal Rinpoche - O Livro Tibetano do Viver e do Morrer - Ed. Talento/Ed. Palas Athena, 1999 - p. 26/27

sexta-feira, 11 de agosto de 2017

RESISTÊNCIA À MUDANÇA (2ª PARTE)

"(...) O conceito de impermanência desempenha um papel crucial no pensamento budista, e a contemplação da impermanência é uma prática essencial. A contemplação da impermanência atende a duas funções de vital importância dentro do caminho budista. Num nível convencional, ou num sentido corriqueiro, quem pratica o budismo contempla sua própria impermanência - o fato de que a vida é frágil e de que nunca sabemos quando iremos morrer. Quando se associa essa reflexão a uma crença na raridade da existência humana e na possibilidade de se alcançar um estado de Liberação espiritual, de se estar livre do sofrimento e dos intermináveis ciclos de reencarnação, essa contemplação serve para aumentar a determinação do praticante para usar seu tempo com maior proveito, dedicando-se às práticas espirituais que propiciarão essa Liberação. Num nível mais profundo, o da contemplação dos aspectos mais sutis da impermanência, da natureza impermanente de todos os fenômenos, tem início a busca do praticante pela compreensão, pela dissipação da ignorância, que é a origem primordial do nosso sofrimento.

Portanto, embora a contemplação da impermanência tenha um enorme significado dentro de um contexto budista, surge a pergunta: será que a contemplação e compreensão da impermanência têm alguma aplicação prática no dia a dia também dos não budistas? Se encararmos o conceito de 'impermanência' a partir do ponto de vista da 'mudança', a resposta é um absoluto 'sim'. Afinal de contas, quer encaremos a vida de uma perspectiva budista, quer de uma perspectiva ocidental, permanece o fato de que a vida é transformação. E na medida em que nos recusemos a aceitar esse fato e ofereçamos resistência às naturais mudanças da vida, continuaremos a perpetuar nosso próprio sofrimento.

A aceitação da mudança pode ser importante fator na redução de uma boa proporção do sofrimento que criamos para nós mesmos. É muito frequente, por exemplo, que causemos nosso próprio sofrimento, recusando-nos a nos desapegar do passado. Se definirmos nossa própria imagem em termos da aparência que tínhamos no passado ou em termos do que costumávamos conseguir fazer e não conseguimos agora, é bastante seguro supor que não vamos ficar mais felizes quando envelhecermos. Às vezes, quanto mais tentamos nos agarrar ao passado, mais grotesca e deformada torna-se nossa vida. 

Embora a aceitação da inevitabilidade da mudança, como princípio geral, possa nos ajudar a lidar com muitos problemas, assumir um papel ativo, por meio do aprendizado específico sobre as mudanças normais na vida, pode prevenir uma proporção ainda maior da ansiedade rotineira que é a causa de muitos dos nossos problemas. (...)"

(Sua Santidade, O Dalai Lama e Howard C. Cutler - A Arte da Felicidade - Livraria Martins Fontes Editora Ltda., São Paulo, 2000 - p. 185/186)


sábado, 13 de setembro de 2014

TOLERÂNCIA E SABEDORIA (1ª PARTE)

"Na prática do Budismo são enfatizados o conhecimento e a sabedoria. Durante o reinado de Asoka surgiram instituições educacionais em cada templo. A partir daí todos os templos budistas tornaram-se verdadeiros centros de aprendizado. A partir do século II d.C., em Nalanda, Taxila e Vikramasgila, alguns templos converteram-se em universidades mundialmente famosas.

Nos anais da história, as civilizações budistas da Índia, da Birmânia e do Sri Lanka estavam entre as primeiras a ter educação universitária. A admissão era baseada na competência e não na riqueza, na raça ou no credo. Os estudantes do Afeganistão e da China residiam nesses centros de aprendizado. As universidades floresceram até por volta do Século XIII d.C. Elas foram totalmente destruídas pelos exércitos invasores mongóis do norte a partir do século XIV.

No século III a.C., a Índia e o Sri Lanka possuíam hospitais tato para homens quanto para animais. Esses fatos estão mencionados no livro The Outline of World History, de H. G. Wells. O Imperador Asoka foi o primeiro a construir hospitais na Índia e a encorajar, no século III a.C., o cultivo de ervas medicinais. Não foi à toa que Wells chamou Asoka de ‘o mais nobre rei da história da humanidade’.

Conta-se que certa vez, um velho Bikku mal-humorado foi acometido de uma doença repugnante, cuja visão e odor eram tão nauseabundos que ninguém se aproximava dele. Buda foi até onde esse infeliz jazia; pediu água quente e cuidou dele. Cuidou do Bikku dia após dia, enquanto esteve naquela localidade, e declarou: ‘Quem quer que cuide de um doente estará cuidando de mim. (...)’”

(Buddhadasa P. Kirthisinghe - Buda e os direitos humanos - Revista Sophia, Ano 4, nº 16 - p. 38)


quarta-feira, 22 de janeiro de 2014

CULTIVANDO UMA MENTE PACÍFICA

"A paz no ambiente onde se vive surge não pela submissão do mundo exterior, mas pela submissão da própria mente. A contribuição maior que um indivíduo pode fazer à causa da paz e da harmonia começa em casa. Se eu me tornar mais pacífico e amoroso, essas qualidades imediatamente se espalharão ao meu redor. O resultado é uma reação em cadeia que se expande sempre. 

Se, ao contrário, eu não cultivar uma natureza amorosa e compassiva, não poderei realmente contribuir para a paz na sociedade. Não importa o que eu diga em público ou quais sejam as minhas ações; nada do que eu faça em nome da paz terá qualquer significado enquanto o meu interior permanecer violento ou intolerante. 

Técnicas para desenvolver uma mente pacífica e amorosa foram preservadas e desenvolvidas em várias tradições budistas. Um escritor importante sobre o tema, na Índia clássica, foi Shantideva, cuja obra do século XVI, A Guide to the Bodhisattvas Way, ou Bodhisattva charya-avatara, é tão popular entre os instrutores budistas atuais quanto na época em que foi escrita há doze séculos. 

Shantideva afirma: ‘É impossível colocar o mundo em harmonia destruindo todos os seres maléficos que existem; mas, cobrindo a própria mente com a gentileza da paciência amorosa, o mundo inteiro torna-se harmonioso.’ (...) 

A importância da mente e da atitude mental é constantemente enfatizada na tradição budista. Shantideva indagou: ‘O que é a generosidade? Não é a ação de doar nem de afastar a pobreza. A perfeição da generosidade está na mente generosa, que deseja partilhar com os outros e vê-los livres de necessidades." 

(Glenn H. Mullin - A paz na visão budista - Revista Sophia, nº 26 – Pub. da Ed. Teosófica, Brasília - p. 39

segunda-feira, 20 de janeiro de 2014

A PAZ NA VISÃO BUDISTA

"Durante a vida de Buda viveu também um assassino chamado Angulimala, ou ‘colar de polegares’. Ele era conhecido por esse nome porque de cada uma de suas vítimas arrancava um polegar, que usava num cordão em volta do pescoço.

Buda ouviu falar de Angulimala e decidiu trazê-lo para o caminho da paz. Nessa época dizia-se que Angulimala roubara e matara quase mil pessoas, e que seu colar continha 999 polegares humanos.

Para encontrar Angulimala face a face, Buda seguiu sozinho e a pé através da floresta onde se acreditava que o perigoso criminoso se escondia. Angulimala o viu aproximar-se. Ele saltou por detrás de Buda com um porrete na mão e tentou atingi-lo. O sábio, no entanto, tinha antecipado o movimento e destramente evitou o golpe. O ataque continuou durante longo tempo, mas Buda permaneceu destemido, com os olhos fixos no atacante, mantendo-se o tempo todo fora do seu alcance.

Finalmente Angulimala ficou tão exausto que caiu ao chão. Buda sentou-se ao seu lado, colocou a mão amorosamente no seu ombro e lhe falou de maneira consoladora. O aturdido criminoso começou a chorar violentamente, pois jamais alguém mostrara amor por ele antes. Eles permaneceram sentados durante horas, o corpo de Angulimala tremendo com soluços incontroláveis.

Essa experiência de compaixão transformou o criminoso completamente. Ele pediu a Buda que lhe ordenasse monge e que lhe permitisse viver com a comunidade Sangha. O Buda aceitou. Angulimala adotou as práticas de meditação e autopurificação."

(Glenn H. Mullin - A paz na visão budista - Revista Sophia, nº 26 – Pub. da Ed. Teosófica, Brasília - p. 39)


segunda-feira, 13 de janeiro de 2014

O BUDISMO E A MEDICINA (PARTE FINAL)

"(...) Para o Budismo, o que obscurece e impede a perfeição da mente humana são os kleshas, os ‘obscurecimentos’ mentais produzidos por emoções aflitivas, corrupções, distorções mentais, emoções negativas e conceitos perturbadores. Pode-se definir os kleshas como fatores que produzem confusão psíquica e descontrole. Esses fatores estão associados a hábitos reativos e emotivos complexos e são considerados a raiz psíquica das enfermidades.

Segundo a tradição existem milhares de kleshas, mas todos eles podem ser condensados nos chamados ‘três venenos’: confusão, apego e aversão, que são fruto da ignorância e do não percebimento da realidade. Esses três venenos nascem da falsa noção do dualismo sujeito-objeto e do conceito de um eu permanentemente separado do todo. Essa falsa noção é vista como a ignorância fundamental, origem de todas as demais.

Quando Buda ensinou as quatro Nobres Verdades, ele mostrou que a causa das moléstias é a ignorância, que produz o desejo e o ódio. Todas as 84.000 corrupções específicas descritas por Buda podem ser resumidas nos ‘três venenos’. O remédio para esses venenos é o triplo adestramento que leva ao caminho do dharma. A moral cura o desejo, a cobiça e a luxúria, e utiliza como meio de tratamento a meditação sobre a fealdade e a repulsa do objeto de atração. A concentração cura a raiva, o ódio e a aversão, utilizando a meditação regular sobre a compaixão. A sabedoria cura a ignorância por meio da meditação sobre a interdependência de todas as coisas e de todos os seres.

De todas essas, o mais importante é desenvolver a sabedoria (prajna), capaz de atacar o veneno radical da ignorância, do qual derivam todos os outros venenos. Por isso se afirma que a sabedoria é o remédio final que cura todas as doenças e todas as dores. (...)"

(Marcio Bontempo - O Budismo e a Medicina - Revista Sophia, Ano 7, nº 27, p. 11/12)


domingo, 12 de janeiro de 2014

O BUDISMO E A MEDICINA (1ª PARTE)

"O budismo que o Ocidente conhece é apenas o Budismo chamado ‘clássico’, que surgiu a partir de Sakyamuni; porém, antes dele houve muitos budas e, até a redenção final da humanidade, haverá muitos outros. Os budas formam uma linhagem e o seu surgimento obedece a certos ciclos, ligados a um complexo metabolismo cósmico.

O budismo clássico divide-se em Hinayana, ou ‘veículo comum’ e Mahayana, ou ‘veículo maior’. O Vajrayana, ou ‘veículo do diamante’, é um desdobramento posterior do Mahayana e surgiu conjuntamente com o desenvolvimento do Tantra. O Budismo do Tibete é uma combinação dos três veículos.

O Vajrayana ensina que a verdadeira natureza do ser é idêntica à do Buda primordial, mas, em virtude de obscurecimentos, o homem se esquece disso e assim vaga em samsara (a roda de nascimentos e mortes), produzindo doenças e sofrimentos. Com o propósito de transmitir a verdade aos incapazes de percebê-la por si mesmo, o Buda primordial, por compaixão, aparece por meio de inumeráveis manifestações, em todos os reinos e em todos os níveis.

Segundo o Budismo, a iluminação é possível por meio da compreensão absoluta e direta do vazio (sunyata) e da pureza primordial da natureza do Buda. (...)

Mas o Budismo influenciou profundamente tanto a medicina tibetana quanto medicina indiana, estabelecendo um extraordinário conceito de cura. (...)"

(Marcio Bontempo - O Budismo e a Medicina - Revista Sophia, Ano 7, nº 27 - p. 10)