OBJETIVOS DO BLOGUE

Olá, bem-vindo ao blog "Chaves para a Sabedoria". A página objetiva compartilhar mensagens que venham a auxiliar o ser humano na sua caminhada espiritual. Os escritos contém informações que visam fornecer elementos para expandir o conhecimento individual, mostrando a visão de mestres e sábios, cada um com a sua verdade e experiência. Salientando que a busca pela verdade é feita mediante experiências próprias, servindo as publicações para reflexões e como norte e inspiração na busca da Bem-aventurança. O blog será atualizado com postagens de textos extraídos de obras sobre o tema proposto. Não defendemos nenhuma religião em especial, mas, sim, a religiosidade e a evolução do homem pela espiritualidade. A página é de todos, naveguem a vontade. Paz, luz, amor e sabedoria.

Osmar Lima de Amorim


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terça-feira, 16 de julho de 2024

A MELANCOLIA

"25. Sabeis por que, às vezes, uma vaga tristeza se apodera dos vossos corações e vos faz achar a vida tão amarga? É que vosso Espírito, aspirando à felicidade e à liberdade, mas, ligado ao corpo que lhe serve de prisão, esgota-se em vãos esforços para dele sair. Porém, reconhecendo que são inúteis esses esforços, cai no desânimo e, como o corpo lhe sofre a influência, sois tomados pela lassidão, pelo abatimento e por uma espécie de apatia; por isso vos julgais infelizes. 

Crede-me, resisti com energia a essas impressões que vos enfraquecem a vontade. Essas aspirações a um mundo melhor são inata no espírito de todos os homens, mas não as busqueis neste mundo e, agora, quando Deus vos envia os Espíritos que lhe pertencem, para vos instruírem acerca da felicidade que Ele vos reserva, aguardai pacientemente o anjo da libertação para vos ajudar a desatar os laços que vos mantêm cativo o Espírito. Lembrai-vos de que, durante a vossa prova na Terra, tendes uma missão de que não suspeitais, quer vos dedicando à vossa família, quer cumprindo as diversas obrigações que Deus vos confiou. E se, no curso dessa provação, ao cumprirdes a vossa tarefa, virdes caírem sobre vós os cuidados, as inquietações e tribulações, sede fortes e corajosos para os suportar. Afrontai-vos resolutos; duram pouco e vos conduzirão para junto dos amigos por quem chorais, que se alegrarão com a vossa chegada entre eles e vos estenderão os braços, a fim de guiar-vos a uma região inacessível às aflições da Terra. - Francois de Genève. (Bordeaux.)"

Allan Kardec, O Evangelho segundo o Espiritismo, Editora FEB, 2018, p. 92.
Imagem: Pinterest.



terça-feira, 5 de março de 2024

A VIDA É MAIS DO QUE APENAS EXISTIR

"Deus não criou a Terra como um lugar só para comer, dormir e morrer, mas para descobrir o propósito Dele. Algumas pessoas sábias captaram o plano divino, mas muitas outras estão cegas e não enxergam. A Terra é uma câmara de torturas para os que vivem na ignorância do plano divino. Mas quando você usa as experiências da vida como seu instrutor e com elas aprende a verdadeira natureza do mundo e o seu papel nele, as experiências passam a ser guias valiosos para uma eternidade de felicidade e plenitude. 

O Senhor fez a ilusão muito forte! Vivemos num manicômio. Você acha que o dinheiro traz felicidade, mas quando o obtém descobre que ainda não é feliz. Você pode ter dinheiro e perder a saúde ou ter boa saúde e perder o dinheiro; ou pode ter saúde e dinheiro mas inúmeros problemas com as pessoas. Você faz o bem aos outros e eles retribuem com ódio. Sem Deus, nada o satisfará neste mundo. E é interessante que Deus tente nos afastar Dele com atrações materiais - Ele quer saber se queremos o Doador, e não só Suas dádivas. 

Se Deus nos quisesse só na consciência mundana, estaríamos sempre plenamente satisfeitos com os caminhos e objetos do mundo. Você já observou um rebanho de ovelhas? Uma ovelha pula à cerca e todas as outras vão atrás. A maioria das pessoas é assim. Alguém começa uma moda ou estabelece um padrão de ação e todos os outros vão atrás. Tem sido assim século após século. Cada país tem seus costumes e não se pode dizer que sejam perfeitos. Mas quem tem autoridade para ridicularizar determinado tipo de vida ou costume? Um modo de avaliar é lembrar que no início todos os costumes tinham uma razão de ser. Se vemos que a razão ainda se aplica, significa que o costume serve a um propósito útil; mas é tolice seguir alguma coisa cegamente, apenas por seguir. Temos que descobrir onde está a verdade e em que consiste a verdadeira felicidade, e seguir isso." 

Paramahansa Yogananda, Jornada para a Autorrealização, Self-Realization Fellowship, p. 272/273.
Imagem: Pinterest.
  

terça-feira, 1 de novembro de 2022

SIMPLICIDADE

"Simplicidade não é miséria: não se opõe diametralmente à riqueza. Viver com simplicidade é seguir o caminho tranquilo da moderação. Numa vida de equilíbrio entre extremos jaz o segredo da felicidade interior. 

Os amantes verdadeiros, em paz consigo mesmos e com o mundo, aceitam alegremente seu destino e lamentam, com razão, o fardo dos reis.

A felicidade é a condição natural e autêntica dos seres humanos. Poucos a encontram porque vivem em sua periferia; distanciam-se o mais possível do seu próprio centro interior. Quanto mais ricos e poderosos se tornam, mais vazios se sentem por dentro.

Nos reis, o anseio de felicidade é quase sempre frustrado: seu desejo natural de ter amigos é diariamente engolido pela maré dos que tentam explorá-los. Sua esperança de encontrar compreensão nos homens é submergida e esmigalhada pela onda dos que lhes disputam os favores. Quanto mais numerosos são os cortesãos, mais o rei se sente interiormente solitário.

Por toda parte as pessoas, em sua busca de felicidade fora de si mesmas, descobrem ao fim que foram buscá-la numa cornucópia vazia e que estiveram sugando febrilmente as bordas de uma taça de cristal na qual nunca se despejou o vinho do regozijo.

(Paramhansa Yogananda - Como Ser Feliz o Tempo Todo - Ed. Pensamento, São Paulo, 2008 - p. 61)
Imagem: Pinterest.


quinta-feira, 22 de setembro de 2022

SINTONIZA A TUA ALMA COM O INFINITO (PARTE FINAL)

"De que modo pode e deve o homem aperfeiçoar a sua antena espiritual?

Pelo exercício intenso e assíduo. 

Em que consiste esse exercício?

Em abismar-se frequentemente nesse mundo espiritual, que está dentro de cada homem, mas que a maior parte dos homens ignora, por falta de introspecção, que também se chama meditação, Cristo-conscientização ou oração.

É indispensável, leitor, que te habitues a dedicar pelo menos 30 minutos - melhor ainda uma hora - diariamente a esse exercício sério de afinação e sintonização do teu receptor espiritual, até que essa sintonia se torne espontânea e permanente, mesmo no bulício das ruas e na lufa-lufa da vida profissional. O exercício continuado produz a facilidade, e essa facilidade de mergulhar no mundo espiritual cria na alma um ambiente de profunda tranquilidade, firmeza, segurança, paz e felicidade.

A história da humanidade de todos os tempos e países não nos apresenta um só homem realmente grande que não tenha praticado, assídua e intensamente, essa sintonização espiritual. A verdadeira grandeza do homem, idêntica à sua felicidade, consiste na facilidade com que ele se identifica com o mundo da Divindade.

Moisés, Elias, João Batista, Paulo de Tarso, Francisco de Assis, Sundar Singh, Buda, Lao-Tse, Gandhi, Tagore, Schweitzer e, sobretudo, Jesus de Nazaré todos eles, e milhares de outros, praticavam regularmente esse ingresso em si mesmos e esse periódico regresso à fonte de luz e força, que é Deus dentro de cada homem, o 'Deus desconhecido' que deve tornar-se o 'Deus conhecido' e o 'Deus vivido, ao ponto de cada homem poder dizer com o apóstolo Paulo: 'Já não sou eu que vivo - o Cristo é que vive em mim'; e por isto mesmo podia ele exclamar: 'Transbordo de júbilo no meio de todas as minhas tribulações.' 

É este o 'renascimento pelo espírito', a morte do 'homem velho' e a ressurreição do 'homem novo.

Mahatma Gandhi dedicava invariavelmente a primeira hora do dia à meditação espiritual; além disto, cada segunda-feira era completamente reservada a essa comunhão com Deus. Por isto conseguiu ele mais pela força do espírito do que outros conseguem pelo espírito da força..

Quando, anos atrás, Rabindranath Tagore, o exímio filósofo e poeta espiritual da Índia, passou pelo Rio de Janeiro, os repórteres dos jornais invadiram o navio para o entrevistar. Tagore, porém, não os recebeu, respondendo-lhes apenas: 'I am in meditation' (estou em meditação), porque a passagem pelo porto do Rio de Janeiro coincidia casualmente com o dia da semana em que esse homem costumava ter a sua silenciosa comunhão com Deus; e nenhum prurido de glória ou celebridade pela imprensa de um grande país foi capaz de o demover da sua concentração espiritual.

Jesus, segundo referem repetidas vezes os Evangelhos, depois de terminar os seus labores diurnos, retirava-se frequentemente às alturas dum monte ou à solidão dum ermo a fim de passar horas e horas, por vezes a noite inteira. 'em oração com Deus'.

Dessa frequente imersão no mundo divino provinha a luz e força, a paz e imperturbável serenidade que caracterizam a vida de Jesus, de maneira que até em vésperas de sua morte cruel podia ele dizer a seus discípulos: 'Dou-vos a paz, deixo vos a minha paz... para que seja perfeita a vossa alegria.'"

(Huberto Rohden - O Caminho da Felicidade - Alvorada Editora e Livraria Ltda., São Paulo, p. 77/79)
Imagem: Pinterest. 


terça-feira, 20 de setembro de 2022

SINTONIZA A TUA ALMA COM O INFINITO (1ª PARTE)

"No momento em que o leitor lê este capítulo da filosofia da felicidade, o ar está repleto de vibrações sonoras; alguma estação emissora está irradiando a 'Nona Sinfonia de Beethoven', ou talvez a 'Ave-maria' de Schubert ou de Gounod. O leitor está percebendo essa música? Não? Por que não, se ela está no ar, aí mesmo onde o leitor está neste momento? Que é que falta? Certamente, não falta a presença real dessas ondas eletrônicas... O que falta é um aparelho receptor capaz de captar essas vibrações silenciosas e transformá-las em ondas sonoras. No momento, porém, em que o leitor sintonizar o seu rádio pela frequência em que essa música foi irradiada eis que as vibrações silenciosas, já pré-existentes no espaço, se transformam em ondas sonoras...

No caso, porém, que a música seja irradiada em ondas curtas, e o leitor sintonizar o seu aparelho por ondas longas, não captará as ondas sonoras presentes, e é como se elas estivessem ausentes - objetivamente presentes, subjetivamente ausentes... 

A tua alma, leitor, é um delicado aparelho receptor dotado duma antena mais ou menos sensível. Da sensibilidade da antena e da qualidade do receptor, depende se o leitor vai perceber uma irradiação espiritual, ou não.

Deus é a grande estação emissora de todas as ondas do universo. Nele tudo está, dele tudo vem, para ele tudo vai.

Os seres infra-humanos são dotados, por assim dizer, de receptores para ondas longas - digamos, para vibrações meramente materiais, como os minerais, os vegetais, os animais. Mas o homem possui, além disto, um aparelho receptor para captar ondas curtas, ondas espirituais.

Quanto mais perfeito for esse receptor, mais facilmente captará o homem as mensagens da Divindade, e tanto mais maravilhosa será a 'música' da sua vida, que se chama felicidade.

Está, pois, no interesse vital do homem criar dentro de si um receptor de alta potência e absoluta nitidez, porque disto depende essencialmente o grau e a intensidade da felicidade da sua vida.

Esse receptor existe em cada homem, porque faz parte da própria natureza humana - mas a sua capacidade receptiva está sujeita a mil variações. A antena é a alma, mas nem toda alma possui suficiente receptividade para captar com segurança e nitidez as mensagens do Além, que sem cessar percorrem o espaço.

Afinar a sua antena, tornar o seu aparelho espiritual cada vez mais sensível - eis a tarefa máxima da vida de cada homem, aqui na terra; porque todas as outras coisas, sendo derivadas destas, virão por si mesmas. O grande Mestre de Nazaré exprimiu esta verdade básica nas conhecidas palavras: 'Procurai primeiro o reino de Deus e sua Justiça e todas as outras coisas vos serão dadas de acréscimo.'

Com uma antena altamente sensível, nenhum homem pode ser realmente infeliz, aconteça o que acontecer. Nenhuma 'interferência' de circunstâncias externas poderá destruir a música divina da sua vida. Ainda que tudo falhasse ao redor dele, esse homem sabe que dentro dele nada falhou, se ele mantiver a sua alma sintonizada com o Infinito. E, como a coisa principal está salva, o resto propriamente não está perdido, embora pareça, por que onde persiste a causa fundamental ali também perduram, embora invisíveis, os efeitos dela derivados." ... continua.

(Huberto Rohden - O Caminho da Felicidade - Alvorada Editora e Livraria Ltda., São Paulo, p. 75/77)
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quinta-feira, 18 de agosto de 2022

ESTABELECE E MANTÉM PERMANENTE SERENIDADE (PARTE I)

"Um dos traços característicos de Jesus é a sua imperturbável serenidade de espírito. Quando gravemente injuriado, ele não se exalta. Quando atraiçoado por Judas, Jesus lhe diz: 'Amigo, a que vieste?' Quando esbofeteado perante o tribunal, faz a seu ofensor uma pergunta que revela absoluta calma e serenidade de alma.

Entretanto, só uma pessoa que conhece o seu verdadeiro Eu e sabe que nenhum fator externo a pode fazer feliz nem infeliz, é que tem forças suficientes para guardar esse sereno equilíbrio do espírito.

Além dos meios propriamente espirituais, de que tratamos em outra parte, deve o candidato à felicidade habituar-se a certas práticas e técnicas, como sejam, entre outras, as seguintes:

Nunca te recolhas ao descanso noturno com pensamentos ou sentimentos negativos, amargos, reminiscência de ofensas, rancores, ressentimentos, desânimo, porque essa disposição interna atua, durante o sono, através do subconsciente, como elemento deletério, nocivo, envenenando as profundezas do teu ser; os teus últimos pensamentos e sentimentos devem ser invariavelmente luminosos, leves, positivos, bons, benévolos e tranquilos.

A fim de saturar o consciente e subconsciente com fatores positivos, convém que a pessoa, antes de adormecer, repita, lenta e calmamente, muitas vezes, um ou dois dos pensamentos que figuram no fim deste capítulo sob o título 'Sabedoria dos Séculos'.

Se acordares durante a noite, repete em silêncio algum desses pensamentos salutares, porque, sobretudo nesse estado, eles produzem um efeito purificador.

De manhã, ao acordares, quando tua alma está ainda como carta branca e intensamente receptiva, evita pensar em coisas desagradáveis; mas mantém o teu ambiente interno leve, luminoso e puro, mediante pensamentos positivos e benévolos.

Durante o dia, vive na presença de Deus como que na luz solar que te circunda, sem que nela penses explicitamente.

Uma vez que vives num clima de benevolência permanente, procura realizar concretamente essa disposição, pelo menos uma vez por dia, auxiliando alguma pessoa que tenha necessidade de ti.

Nos teus trabalhos diários, habitua-te a não visar, em primeiro lugar, resultados externos e palpáveis, mas sim à perfeição do próprio trabalho realizado com alegria e entusiasmo; porquanto nenhum trabalho vale pelo resultado que produz, mas pela disposição de espontânea alegria e amor com que é feito.

Quando prestares algum serviço a alguém ou deres esmola a um pobre, faze tudo com verdadeira alegria, e não com sacrifício e amargura, porque, como dizem as Escrituras Sagradas: 'Deus ama a quem dá com alegria.'

Quando estiveres triste não fales a todo mundo dos motivos da tua tristeza; mas desabafa-te com alguém que seja senhor da tristeza: porque, do contrário, aumentarás a tua tristeza pela tristeza do outro.

Habitua-te a ler, cada dia, algumas páginas de um livro bom que te fale à alma, sobretudo do livro divino do Evangelho de Jesus Cristo; não analises intelectualmente o texto, mas repete muitas vezes as passagens mais significativas. saboreando-lhes o conteúdo espiritual." ... CONTINUA

(Huberto Rohden - O Caminho da Felicidade - Alvorada Editora e Livraria Ltda., São Paulo, 7ª edição - p. 117/118)
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quinta-feira, 11 de agosto de 2022

DÍVIDAS DE GRATIDÃO

Gratidão deve ser um cálido sentimento de que existe alguém que gosta de nós e foi capaz de nos ajudar.

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"Um dos segredos da felicidade consiste na capacidade de sentir gratidão. Gratidão não deve ser um sentimento pesado, mas uma alegria, algo que nos torna mais leves e melhores. É muito comum ouvir pessoas falando de 'dívidas de gratidão' como se tivessem que sair correndo para retribuir, pagar antes que os juros se acumulem. Nada disso: gratidão deve ser um cálido sentimento de que existe alguém que gostou de nós e foi capaz de nos ajudar. Sentir-se assim não nos endivida, nem nos aprisiona, mas nos torna mais ricos de amores, de sentimentos.

Na relação dos filhos com os pais este tema sempre surge. Os filhos devem aos pais sua própria vida, ou seja: tudo. Esta divida é impagável. Portanto, não pode nem adianta ser considerada. Há filhos que fogem da questão afirmando que não pediram para nascer. Tenho visto muitas pessoas que se impedem de serem felizes por sentirem que sua felicidade estabeleceria uma divida de gratidão para com seus pais.

Quando afirmamos para nós mesmos que somos gratos a nossos pais por nos terem dado a vida (e com ela toda felicidade que formos capaz de conquistar, mesmo que eles não nos tenham dado muito mais além disso), criamos uma forma de retribuir o que deles recebemos: tendo filhos, dando vida a novos seres humanos e cuidando deles. Se possível, melhor do que fomos cuidados. Essa é a mais ampla retribuição para nossos pais: criar os netos deles. É também o que devemos pedir a nossos filhos em troca do cuidado que tivermos com eles: que eles nos deem netos e cuidem bem destas crianças. É assim que a humanidade evolui, assim estamos cumprindo os mandamentos da natureza e assim possivelmente nos sentiremos felizes."

(Luiz Alberto Py - Olhar Acima do Horizonte - Ed. Rocco, Rio de Janeiro, 2002 - p. 81/82)
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terça-feira, 14 de setembro de 2021

LEVE DEUS A SÉRIO, NÃO A VIDA

"A vida está repleta de tragédias e comédias, um caleidoscópio de variedade infinita. Não há duas coisas iguais. A vida de cada um é singular. Cada pessoa tem um diferente tipo de rosto, de mente e de desejos. Seria monótono passar exatamente pelas mesmas experiências todos os dias; logo nos cansaríamos da vida. Se o próprio céu fosse o mesmo todos os dias, ninguém o quereria. Gostamos de variedade. A ideia estereotipada que se faz do céu está totalmente errada. Se fosse monótono, todos os santos rezariam para voltar à terra, em busca de uma pequena mudança! O céu é algo infinitamente variado, sempre agradavelmente novo, enquanto a terra costuma ser desagradavelmente nova!

Contudo, apesar das dificuldades da vida, a maioria das pessoas acostuma-se e supõe que não há outro modo de viver. Não podendo compará-la com a vida espiritual, não avaliam a dor e o tédio que existem na vida terrena.

Efetivamente, a vida não é real; é apenas um entretenimento. Assim como velhos filmes são reprisados várias vezes, basicamente os mesmos velhos incidentes ocorrem e voltam a ocorrer na vida. Embora a vida vá prosseguir eternamente, os mesmos temas retratados em filmes antigos serão representados de novo, vezes sem conta. É verdade que a história se repete. Somos todos peças de museu!

Em sua vida, aconteça o que acontecer, aceite tudo alegremente, impessoalmente, como se assistisse a um filme. A vida é divertida quando não a levamos a sério. Uma boa risada é um excelente remédio para os males humanos. Uma das melhores características do povo americano é sua capacidade de rir. Ser capaz de rir da vida é maravilhoso. Isso o meu mestre [Swami Sri Yukteswar] ensinou. No início do treinamento em seu eremitério, eu andava sempre com uma expressão solene; não sorria nunca. Um dia, o Mestre observou criticamente: 'O que é isso? Você está numa cerimônia fúnebre? Não sabe que encontrar Deus é o funeral de todas as tristezas? Então, por que está tão sombrio? Não leve esta vida muito a sério.' Ele me ensinou que é preciso estar mentalmente acima de todas as crucificações da experiência terrena, para encontrar a completa felicidade em Deus. 

Krishna ensinou: 'Sereno na ventura e na desventura, no ganho e na perda, no triunfo e no fracasso - assim deves enfrentar a batalha da vida! Desse modo, não adquirirás pecado.'³ Permanecer equânime, aconteça o que acontecer, é um dos melhores meios de vencer desejos ilusórios. Isso aprendi pelo exemplo do meu grande mestre - imutável até o fim. Cristo também demonstrou esse espírito. E o amor de Deus não lhe foi tirado; apesar de torturado. Jesus não perdeu a consciência divina. A proteção de Deus à nossa paz e alegria é a maior fortaleza possível. Durante todas as privações e sofrimentos, lembre-se das coisas boas que Deus lhe deu. Sua alma é o tempo celestial de Deus. As trevas da ignorância e das limitações mortais precisam ser expulsas desse templo. É maravilhoso estar na consciência da alma- fortalecido, robusto!

Nada tema. Não odiar, oferecer amor a todos, sentir o amor de Deus, ver a presença Dele em todos e ter apenas um desejo - o desejo de Sua constante presença no templo da consciência -, este é o modo de viver neste mundo. Os que tiverem outros desejos não conhecerão a verdadeira satisfação."

³ Bhagavad Gita II.38.

(Paramahansa Yogananda - A Eterna Busca do Homem - Self-Realization Fellowship - p. 126/128)


terça-feira, 31 de agosto de 2021

O CONSELHO GERAL - 2

"'Procure pensar sempre que você não pertence a ninguém, e que ninguém pertence a você. Você está neste mundo por pouco tempo, e o real motivo de você estar aqui é muito diferente do que você imaginou. 

'Sua família afirma que você pertence a ela, porém, se você morrer e renascer na casa do seu vizinho, será que a sua família o reconhecerá? 

'Seus conhecidos afirmam que você é amigo deles; porém, se você deixar de agradar-lhes de alguma forma, ainda que seja devido a algum equívoco corriqueiro, quantos deles continuarão leais a você? 

'As pessoas dizem que amam os demais, mas de fato amam a si mesmas. Pois amam os outros na medida em que os outros lhe agradam. 

'O verdadeiro amor é aquele que encontra a felicidade, ainda que ao preço de um grande sacrifício pessoal, na felicidade da pessoa amada. Quantas pessoas são capazes de amar dessa forma? Muito poucas! E, dentre essas poucas, quantos encontram reciprocidade no seu amor? O número dessas pessoas é menor ainda. 

'Apenas o nosso amor por Deus é sempre retribuído inteiramente - na verdade, muito mais do que retribuído. Pois Deus nos compreende quando todos nos interpretam mal. Deus nos ama quando os outros voltam as costas para nós. Deus se lembra de nós quando todos nos esquecem. Nós pertencemos a Deus, e só a Ele, por toda a eternidade.'"


(Paramhansa Yogananda - A Essência da Autorrealização - Ed. Pensamento-Cultrix, 2010, p. 179)
www.editorapensamento.com.br 


terça-feira, 24 de agosto de 2021

MUDANÇA REAL

"Uma mudança só é possível do conhecido para o desconhecido, não o contrário. Por favor, pense nisso junto comigo. Na mudança do conhecido para o conhecido há autoridade, uma perspectiva de vida hierárquica - 'você sabe, mas eu não sei'. Por isso, eu crio um sistema, vou atrás de um guru, sigo alguém porque ele me dá  o que eu preciso saber, uma certeza de conduta que produzirá resultado, sucesso. O sucesso é o conhecido. Eu sei o que é ser bem-sucedido. É isso o que eu quero. Então prosseguimos do conhecido para o conhecido, em que a autoridade precisa existir - a autoridade da sanção, do líder, do guru, a hierarquia, aquele que sabe e o outro que não sabe -, e aquele que sabe deve me garantir o sucesso, o sucesso em meu esforço, na mudança, para que eu seja feliz, eu tenha o que quero. Isso não é motivo para a mudança da maioria de nós? Por favor, observe seu próprio pensamento e verá os caminhos da sua própria vida e da sua própria conduta. Quando você olha para elas, isso é mudança? A mudança, a revolução, é algo do conhecido para o desconhecido, em que não há autoridade, em que pode haver um total fracasso. Mas se você está assegurado de que vai progredir, de que vai ser bem-sucedido, de que ficará feliz, terá uma vida eterna, então não há problema. Você busca o curso de ação conhecido, ou seja, você se coloca sempre no centro das coisas."

(Krishnamurti - O Livro da Vida - Ed. Planeta do Brasil Ltda., São Paulo, 2016 - p. 339)


terça-feira, 6 de julho de 2021

A LIÇÃO DO SOFRIMENTO

"O Sofrimento nada mais é do que o outro lado do prazer.

Segundo Buda, a primeira das quatro grandes verdades é: 'a vida é sofrimento.' Esta afirmação nos ajuda a entender que a dor não é exclusividade nossa, mas parte da vida de todos. Por vezes aprendemos sobre ela da maneira mais dolorosa. Importante, porém, é não ficarmos passivos frente ao sofrimento e buscar a lição e o aprendizado que ele nos pode oferecer.

A morte é presença permanente na vida de todos nós. Quando acompanhamos o enterro de alguém de quem gostamos, levando tristeza no coração, convém nos lembrarmos de que quanto maior for o número de pessoas que amamos, mais ocasiões como essas iremos viver durante nossa vida. Se conquistarmos a felicidade de ter muitos amigos, muitas vezes iremos comparecer a um cemitério para deles nos despedirmos. Mas, por outro lado, muitas vezes participaremos de festas e comemorações e nascimentos e aniversários; e alegrias e tristezas, junto com as pessoas que amamos, são as maiores riquezas que podemos usufruir. O sofrimento nada mais é do que o outro lado do prazer.

Não ficar passivo frente ao sofrimento significa superar dores e aflições e ajudar os outros a também fazê-lo. Certamente o futuro ainda nos reservará festas e comemorações. Mas alguns acontecimentos estão acima de nosso entendimento. Devemos aceitar com serenidade o que não pode ser mudado e usar nossa energia para melhorar o que estiver ao nosso alcance. O tempo alivia o sofrimento."

(Luiz Alberto Py - Olhar Acima do Horizonte - Ed. Rocco Ltda., Rio de Janeiro, 2002 - p. 83/84)


terça-feira, 22 de junho de 2021

TRABALHE PELO SEU PROGRESSO COM DEUS A SEU LADO

"Se você não está realizando nada na vida, comece agora: verifique sua saúde e mude a alimentação, se for necessário: acabe com os maus hábitos alimentares. Mude seu modo de pensar - abandone os pensamentos negativos e sombrios e seja mais positivo, de modo a poder adquirir algo material quando desejar. Acima de tudo, trabalhe pelo seu progresso com Deus a seu lado. Isso é a aplicação mais importante de todo o pensamento criativo. Se apesar da sua determinação espiritual a vontade falhar, faça alguma coisa. Assim que você desejar a Deus, tudo virá tentá-lo. Você é levado a acreditar que encontrará felicidade nas diversões mundanas, mas elas o afastam da busca espiritual, destruindo a força de vontade. Quando comecei neste caminho eu nunca ia ao cinema, nem procurava outras distrações. Tinha intenções sérias com Deus - e agora, depois que O encontrei, tudo o que faço parece uma brincadeira. Ele me deu tudo, mas para mim nada é mais interessante do que a comunhão constante, em meu interior, com o Amado de meu universo.

Entrega total a Deus é o único objetivo que consigo conceber na vida. Somente através de Deus, e em Deus, é que posso ver a perfeição que buscava, e portanto é só a Ele que posso dar fidelidade total, pois tudo o mais nos decepciona. Quando você observa as pessoas com os olhos da sabedoria, todas  deixam a desejar. Só Deus satisfaz. Ele me deu muito mais do que esperei na vida. Eu me recusei a pensar, a agir e a ser como os outros. Sabia que havia algo mais na vida. Não há problema em ter coisas materiais, mas elas têm seu lugar. Pessoalmente, não preciso nem desejo essas coisas, Para mim só existe Um, o Senhor. A alegria de Sua presença está sempre comigo.

Quero que saiba que, quando falo de experiências pessoais, não o faço para vangloriar-me, mas para contar da alegria da realização; é para incentivá-lo, para que você também tente. Você só será um fracassado enquanto pensar que foi derrotado. Mas não importa quantas vezes você seja atingido pelas flechadas das circunstâncias: levante a cabeça mais uma vez! Diga para si mesmo: 'O corpo pode estar abatido, mas o espírito não será vencido!'  Esse é o caminho para o sucesso. É preciso o poder da mente, o poder de criar. Então você conhecerá a alegria da realização."

(Paramahansa Yogananda - O Romance com Deus - Self-Realization Fellowship - p. 101/102)


quinta-feira, 10 de junho de 2021

O SIGNIFICADO DE EQUALIZAR EU E OUTROS

"O que significa dizer que eu e outros somos iguais? Uma analogia nos ajudará a entender esse ponto. [91] O corpo tem várias partes - braços, pernas etc. -, mas todas elas são igualmente apreciadas e protegidas. Do mesmo modo, existem muitos diferentes tipos de seres neste universo - humanos, deuses, animais etc. -, mas seu desejo de ser feliz é exatamente igual ao nosso. Todos são objetos a serem apreciados e protegidos da mesma maneira que protegemos a nós mesmos. Nesse particular, eles não são diferentes de nós. A felicidade e o sofrimento dos outros não diferem de modo algum da nosso própria felicidade e sofrimento. Se meditarmos profundamente sobre isso e gerarmos a mente que busca a felicidade dos outros e deseja eliminar seu sofrimento com o mesmo empenho que hoje dedicamos para obter nossa própria felicidade e para evitar nosso próprio sofrimento, teremos entendido o verdadeiro sentido de meditar sobre equalizar eu e outros.

Essa mente benéfica e esse coração bondoso são um tesouro incomparável, que poucos possuem. No momento, dispomos de todas as circunstâncias e condições para gerar essa mente preciosa, que, se for cultivada, é maravilhosa e rara. Reis e rainhas não possuem essa mente, embora sejam reverenciados e ocupem uma eminente posição social. Nem mesmo Indra e Brama, os seres celestiais mais elevados, possuem esse tesouro. Se nem eles possuem essa mente, como esperar que os seres comuns deste mundo a possuam?

(Geshe Kelsang Gyatso - Contemplações Significativas - Ed. Tharpa Brasil, 2009 - p. 345)


terça-feira, 16 de fevereiro de 2021

UMA EXPERIÊNCIA PRÁTICA EM RELIGIÃO

"Pratique religião todos os dias de sua vida. Aos domingos, você aprende a lei divina do perdão: se for golpeado na face esquerda, deve oferecer também a face direita. Mas você pratica isso na vida diária? Ou acha que é bobagem? Experimente. Quando você revida dando um tapa na outra pessoa, sente-se muito mal; é uma ação tão má quanto a do agressor. Raiva e amargura afetam não só a mente, como também o corpo físico. Você sente intenso calor no cérebro, o que desiquilibra o sistema nervoso. Por que se deixar contagiar pelo ódio de quem o golpeou? Por que perturbar sua paz mental? É melhor poder dizer: 'Estou feliz comigo mesmo porque, apesar de seu gesto violento, não lhe fiz nenhum mal e lhe desejo o bem'. Embora seja mais fácil pagar a bofetada com outra, lembre que os efeitos colaterais dessa reação - perda da paz de espírito e distúrbios fisiológicos - não valem a momentânea satisfação de vingança. Quando você evita a retaliação, descobre que também consegue acalmar o inimigo, ao passo que, se devolver o golpe, só exaltará mais os ânimos.

Portanto, estar no comando das emoções é importante para a felicidade. Deste modo, ninguém poderá deixá-lo zangado nem tirá-lo do sério. Nesse estado de consciência, ninguém consegue desafiá-lo. Você está seguro. Já fez experiências com seus pensamentos e conhece o tesouro de paz que existe em seu interior." 

(Paramahansa Yogananda - O Romance com Deus - Self-Realization Fellowship, 2013 - p. 40/41
www.omnisciencia.com.br/livros-yogananda/romance-com-deus.html


quinta-feira, 3 de dezembro de 2020

AS DISTRAÇÕES DA SOCIEDADE MODERNA QUE NOS AFASTAM DA VERDADEIRA FELICIDADE

"O termo tibetano para designar corpo é , que significa 'algo que você deixa para trás', como bagagem. Cada vez que dizemos 'lü', isto nos lembra que somos apenas viajantes, temporariamente abrigados nesta vida e neste corpo. Assim, no Tibete as pessoas não se distraíam muito gastando o tempo que tinham em tentar tornar mais confortáveis suas circunstâncias externas. Elas estavam satisfeitas se tivessem o bastante para comer, roupas sobre o corpo e um teto sobre suas cabeças. Continuar pensando obsessivamente em melhorar as próprias condições, como fazemos no Ocidente, pode tornar-se um fim em si mesmo e uma distração sem sentido. (...)

Às vezes penso que a maior aquisição da cultura moderna é sua brilhante promoção do samsara e suas estéreis distrações. A sociedade moderna me parece uma celebração de todas as coisas que nos afastam da verdade, fazendo difícil viver para ela e desencorajando as pessoas até mesmo de acreditar que ela existe. E pensar que tudo isso brota de uma civilização que alega adorar a vida, mas de fato a priva de qualquer significado real; que fala sem parar sobre fazer as pessoas 'felizes', mas de fato impede seu caminho para a fonte da verdadeira felicidade.

Esse samsara moderno alimenta-se de ansiedade e depressão que ele próprio fomenta, e para as quais nos treina e cuidadosamente nutre com um mecanismo de consumo que precisa manter-nos ávidos para continuar funcionando. O samsara é altamente organizado, versátil e sofisticado. Investe sobre nós de todos os lados com sua propaganda, criando à nossa volta uma cultura de dependência quase inexpugnável. Quanto mais tentamos escapar, mais nos sentimos enredar nas armadilhas que ele tão engenhosamente nos prepara. Como dizia no século XVIII o mestre tibetano Jikmé Lingpa: 'Hipnotizados pela mera variedades de percepções, os seres vagam infinitamente perdidos no círculo vicioso do samsara'.

Obcecados, então, por falsas esperanças, sonhos e ambições que nos prometem a felicidade mas conduzem somente à miséria, somos como forasteiros rastejando num deserto sem fim, morrendo de sede. E tudo que essa samsara nos oferece para beber é um copo d'água salgada, com o propósito de deixar-nos ainda mais sedentos."

(Sogyal Rinpoche - O Livro Tibetano do Viver e do Morrer - Ed. Palas Athena, São Paulo, 2000 - p. 40/41)


terça-feira, 22 de setembro de 2020

DEUS É ASSIM

É preciso deixar-se, misericordiar, por Deus – Comunidade Anuncia-Me"As enchentes devastam cidades e plantações.

As lavas do vulcão espalham morte e terror.

Mas tanto as enchentes quanto as lavas enriquecem o solo, trazendo boas colheitas.

Deus é assim.

Constrói enquanto destrói, enriquece enquanto despoja, afaga enquanto castiga...

E é assim que a felicidade pode ser-nos dada através de muito pranto.

Deus é assim.

Só aos que se dispõem a morrer Ele concede a Vida que não cessa.

Só aos que não se desesperam ou se rebelam, Ele dá a Paz, a Paz que Ele mesmo É."

(Hermógenes - Mergulho na paz - Ed. Nova Era, Rio de Janeiro, 2005 - p. 83) 


quinta-feira, 10 de setembro de 2020

DESCANSO PARA A MENTE (PARTE FINAL)

Férias… sua mente precisa descansar | São Marcos Online"(...) Como podemos dar às nossas mentes a oportunidade de descansar e relaxar? Inúmeras atitudes podem ajudar. Você pode nutrir e relaxar seu corpo com uma dieta saudável e exercícios, especialmente yoga. Pode criar intervalos na sua rotina diária, caminhar, ouvir música e se desconectar por um tempo do mundo tecnológico. Mas o que mais pode ajudar é a prática da meditação; apenas observar seus pensamentos e repousar sua mente prestando atenção ao ir e vir da respiração. Esse tipo de meditação é simples, pode ser praticado em qualquer lugar e tem um forte impacto sobre nosso bem-estar. Logo que ficamos confortáveis com essa técnica básica, podemos observar com mais atenção os nossos pensamentos. 

A primeira coisa que você notará é a grande quantidade de pensamentos, como eles estão sempre mudando e como a mente corre atrás deles. A prática é simplesmente perceber quando a mente se desgarra e trazê-la de volta ao presente, repetidamente. Como fazer isso? Simplesmente deixando ir o pensamento que você estava seguindo. Assim que notar que ele está aí, não se prenda. Dessa forma você corta o fluxo de pensamentos, em vez de encorajá-los. 

Há uma grande sensação de alívio quando você não está mais sendo arrastado pelos pensamentos. Não importa se eles são positivos ou negativos. Se um pensamento bom aparece, você não precisa melhorá-lo ou se alegrar com ele; apenas deixe-o como está. Se um mau pensamento surge, você não precisa se preocupar com ele, nem tentar bloqueá-lo ou mudá-lo. Você pode simplesmente deixá-lo como está.

O segredo para verdadeiramente descansar a mente na meditação é abrir mão de todos os pensamentos a respeito dos pensamentos. Podemos simplesmente relaxar à medida que eles vêm e vão. Quanto mais relaxados estivermos, mais poderemos ver a qualidade desperta da mente, que não enxergávamos antes. Quando vemos isso, estamos vendo o que Buda chamou de nosso 'potencial iluminado'.

Podemos encontrar nossa felicidade e nossa paz mental exatamente como estamos neste exato momento, porque elas estão dentro de nós. Não temos que mudar nossos pensamentos, nem nos transformar em outro alguém. Não precisamos pensar que este 'eu' não é suficientemente bom ou sortudo para ser feliz. Não precisamos ser Madre Tereza, Bill Gates nem a pessoa nos anúncios da revista. Sejamos apenas felizes."

(Dzogchen Ponlop Rinpoche - Descanso para a mente - Revista Sophia, Ano 16, nº 71 - p. 29)


terça-feira, 8 de setembro de 2020

DESCANSO PARA A MENTE (1ª PARTE)

O descanso da mente | Tem que ser agora?"Às vezes ficamos zangados e esquecemos o porquê. Podemos não ter certeza da verdadeira razão da nossa raiva, mas nosso instinto diz que ela se justifica; portanto, continuamos zangados. Começamos a pensar em justificativas, como, por exemplo, o fato de que nosso amigo se esqueceu de ligar, ou que alguém insultou o cachorro da família, que outro amigo chegou atrasado ao cinema, ou que as pessoas reclamam constantemente. De uma hora para a outra, temos muitas razões para estar zangados. A lista é interminável; nossas mentes se ocupam e ficam satisfeitas. 

Quer seja raiva ou paixão, ou apenas nossa lista de afazeres, a mente sempre parece estar ativamente envolvida com alguma coisa. Num momento, ela corre para fora em direção a algo que vê e quer, no momento seguinte ela se retrai para o interior em direção a algum pensamento atraente. Depois é direcionada a alguma pessoa do nosso círculo familiar. Nossas mentes estão sempre ocupadas rastreando isto e aquilo em nossos mundos interno e externo. É como ter um emprego e uma família - mal há um intervalo entre os dois. Um pensamento leva a outro, e aquele pensamento leva a um terceiro. Em algum momento, perdemos a pista e não conseguimos nos lembrar de como chegamos aonde estamos. A mente jamais tem a oportunidade de se imobilizar e permanecer calma e clara. Isso pode até mesmo causar problemas para dormir, porque a mente não repousa.

Se você tem consciência de que sua mente está ocupada e cheia de pensamentos, a situação não é tão ruim. Mas muitas vezes não é esse o caso. Às vezes estamos lidando com cinco ou seis pensamentos em sequência e, ao mesmo tempo, com as emoções ligadas a eles. Com tanta coisa em andamento, a mente começa a ficar agitada e confusa. Não conseguimos ver com clareza o quão perturbadas nossas mentes se tornaram. Também não conseguimos ver que não há lógica na nossa confusão. Contudo, permanecemos diligentes e pacientes quando nos prendemos a nossos pensamentos. Tentamos acompanhar o seu firme fluxo. Se o fluxo começa a diminuir, nós imediatamente tentamos revivê-lo. Temos até mesmo aparelhos que fazem isso - computadores de bolso, notebooks, celulares - para que possamos registrar tudo. Está tudo lá: seus e-mails, textos, agendas e listas de compras. Isso não é necessariamente ruim; porém, com tanta coisa em andamento, é fácil ver como nossas mentes jamais conseguem algum repouso.

Nosso problema é que a mente ocupada pode perder a conexão com a sua real natureza. Quando reservamos tempo para olhar o que há por trás de toda essa atividade, descobrimos um sentido de imensidão e percepção, paz e felicidade. Esse panorama não muda de momento a momento; ele está sempre aí para nós. Buda ensinou que esta é a verdadeira realidade de nossas mentes. Para nos religarmos a essa realidade, precisamos desacelerar e relaxar - desapegar completamente, descansar nossas mentes. Então criamos a possibilidade da mente se desanuviar, se acalmar e se sintonizar com o estado básico de paz e felicidade. (...)"

(Dzogchen Ponlop Rinpoche - Descanso para a mente - Revista Sophia, Ano 16, nº 71 - p. 26/29)
www.revistasophia.com.br


quinta-feira, 7 de maio de 2020

O HOMEM REVESTIDO

Nós e o Mundo Espiritual"Já estamos com o homem completamente revestido de seus flamejantes corpos e disposto a colher novas experiências no mundo físico.

De per si, é o verdadeiro homem uma Inteligência imortal e espiritual a que se dá o nome de Mônada ou Trino Espírito, porque é o trino e um com o Logos ou Ishvara de quem seminalmente procede. É uma Consciência com três aspectos ou qualidades distintas, porém, inseparáveis. No Logos ou Ishvara estas três qualidades ou aspectos são: Existência, Sabedoria e Felicidade, simbolizados exotericamente em Brahmâ, Vishnu e Shiva da Trindade hinduísta. Na Mônada, inerentemente ternária, as três qualidades são: Existência, Conhecimento e Felicidade.

A eterna Mônada ou Espírito ternário, para desenvolver a sua interna semente da vida, se apropria de um átomo de matéria átmica no qual se manifesta como Poder ou Vontade; outro átomo de matéria búdica, no qual se manifesta como Sabedoria; e outro átomo de matéria mental, no qual se manifesta como Intelecto. Assim o Espírito ternário se converte na Mônada investida, ou seja em Atma-Buddhi-Manas, equivalente por suas qualidades à Vontade-Sabedoria-Inteligência. É o 'imortal Governador interno', a imortal Inteligência espiritual manifestada em sua verdadeira natureza e disposta a evolucionar a favor de experiências adquiridas nos três mundos inferiores, por meio de outros três corpos mais densos e mortais, de sorte que as ditas experiências lhe sirvam de alimento nutritivo a suas roupagens superiores. Assim diz simbolicamente Upanishad que os devas se alimentam dos homens. O átomo átimico se espraia ou se restringe à vontade da Mônada e forma uma roupagem simples e inteira. O átomo búdico atrai outros de sua mesma natureza que, interfundidos intimamente, formam uma roupagem radiante de indescritível fulgor. O átomo mental também atrai outros de sua índole e forma uma roupagem mais compacta, parecida a um tecido, que é a do Intelecto. Assim a Mônada, o homem verdadeiro, passa de uma vida para outra sem nascimentos nem mortes nos superiores mundos causal, búdico e átmico. É aquele que 'despojado de todos os sentidos brilha com as qualidade de todos eles, se move e se prende sem pés nem mãos, vê sem olhos e ouve sem ouvidos'. É o glorioso Governador.¹⁴ Também 'o consumidor de alimentos',¹⁵ do alimento da experiência.

A fim de colher experiências, imerge sua vida no mundo mental inferior e se apropria de uma molécula de cada uma das densidades de matéria mental inferior, análogas à das densidades búdica, causal, mental e física, com as quais, segundo expusemos no primeiro capítulo, se constrói, auxiliado pelo deva, um novo corpo mental apropriado para expressar as experiências de índole mental adquiridas durante a sua permanência no mundo celeste. É um corpo repleto de gérmens ou embriões de faculdades que ele tem de aduzir em sua próxima vida terrena entre as influências, já estimulantes, já deprimentes, com que tropeça nas pessoas e coisas circundantes. Por meio deste corpo, o Intelecto se esforçará em seu corpo causal em utilizar o antigo conhecimento e a adquirir outro novo. Por meio do corpo búdico o homem atua para formar o corpo astral, cujas mais puras moléculas estão em analogia com suas correspondentes no corpo mental, porque a união do amor e do conhecimento desenvolve a sabedoria em seu devido tempo. Também no corpo astral estão embrionárias as qualidades emotivas e passionais, e igualmente ver-se-ão estimuladas ou deprimidas pelas experiências que o homem encontre em seu ambiente.

Quanto ao corpo físico, já dissemos que o homem tem de aceitá-lo segundo o deva o modela, a fim de que, como órgão de atividades físicas, sirva para extinguir a porção de karma regulado e designado para a imediata vida terrena. O corpo físico pode ser um estorvo embaraçoso ou um instrumento harmonioso. As ações do homem em vidas passadas determinam seu ambiente na atual, assim como seus pensamentos determinam seu caráter, suas emoções e paixões e seu temperamento. Desta forma empreende a alma peregrina, o morador do corpo, seu caminho para percorrer a etapa terrena de sua viagem, ao retornar a este mundo pela porta do nascimento."

¹⁴. Svetashvataropanishat, III, 17-20.
¹⁵. Brhadaranyakopanishat, IV, 24. 

(Annie Besant - A Vida do Homem em Três Mundos - Ed. Pensamento, São Paulo - p. 41/43)

quinta-feira, 6 de fevereiro de 2020

A SAÚDE DO AMOR

Resultado de imagem para AMOR"Amar loucamente soa contraditório, pois o amor deve ser sadio e tranquilo, portanto não deveria ter nada de loucura. Além disto, o amor requer independência, o que quer dizer poder viver sem o outro. É muito bom quando duas pessoas que podem viver sozinhas descobrem o desejo de viverem juntas, não porque precisam ou por dependência, mas por escolha, por preferência.

A atração sexual não é sinal de amor pois ela, em princípio, sempre existe entre pessoas sadias. E um bom entendimento na relação sexual é natural, quando as pessoas se gostam. Sexo é bom e gostoso, nada mais lógico que as pessoas se dêem bem sexualmente. Isso não é nenhuma grande conquista, nem algo difícil de ser alcançado. Realmente difícil entre um homem e uma mulher é desenvolver uma relação afetiva de mútuo entendimento e respeito, com admiração, consideração e carinho.

Não se deve perder as esperanças, mas precisamos sempre nos preparar para as alternativas. Não devemos colocar nosso destino nas mãos de outro. É fundamental estarmos sempre preparados para sobreviver bem sem a pessoa que amamos. É importante ficarmos abertos para alternativas e verificar de vez em quando como anda nosso poder de sedução.

É preciso tomar cuidado e não acreditar que para nos sentirmos bem e sermos felizes precisamos de uma pessoa que nos ame. Na verdade, nossa grande necessidade é do nosso próprio amor. Se nos amamos, podemos cuidar bem de nós mesmos; se não, por mais amores que sejamos capazes de despertar, nos sentiremos sempre insatisfeitos. Nossa independência está relacionada com nossa capacidade de zelarmos sozinhos por nossa felicidade. Só assim podemos ser felizes com outra pessoa."

(Luiz Alberto Py - Olhar Acima do Horizonte - Ed. Rocco Ltda., Rio de Janeiro, 2002 - p. 18/19)