OBJETIVOS DO BLOGUE

Olá, bem-vindo ao blog "Chaves para a Sabedoria". A página objetiva compartilhar mensagens que venham a auxiliar o ser humano na sua caminhada espiritual. Os escritos contém informações que visam fornecer elementos para expandir o conhecimento individual, mostrando a visão de mestres e sábios, cada um com a sua verdade e experiência. Salientando que a busca pela verdade é feita mediante experiências próprias, servindo as publicações para reflexões e como norte e inspiração na busca da Bem-aventurança. O blog será atualizado com postagens de textos extraídos de obras sobre o tema proposto. Não defendemos nenhuma religião em especial, mas, sim, a religiosidade e a evolução do homem pela espiritualidade. A página é de todos, naveguem a vontade. Paz, luz, amor e sabedoria.

Osmar Lima de Amorim


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terça-feira, 8 de outubro de 2024

O CÉU ESTÁ À ESPERA

"Morte não é aniquilação. É um estado de relaxamento passivo, involuntário, provocado por acidente, doença ou tristeza. A interrupção forçosa e permanente do fluxo vital do corpo costuma ser chamada de 'morte' ou fim definitivo da vida. Na verdade, trata-se apenas de uma fase passageira - não é de modo algum o fim, apenas a passagem da esfera das coisas feias e mutáveis para o reino da felicidade infinita, das luzes multicoloridas.

Por que não aprender o método pelo qual poderá desligar a corrente vital do corpo inteiro, recorrendo à força de vontade e à meditação para libertar a alma da servidão da morte? Assim como a eletricidade não morre quando a lâmpada se queima, assim nosso eu verdadeiro não é destruído pela morte: apenas mergulha no Eu Onipresente, infinito.

Nossa percepção do mundo ocorre por intermédio dos cinco sentidos: paladar, tato, olfato, audição e visão. O paraíso é experimentado através da intuição. Por isso é necessário meditar profunda e frequentemente, uma vez que, graças a esse ato, desenvolvemos o sexto sentido, a intuição. Não somos carne; somos Espírito.

Há um céu à nossa espera e a única maneira de chegar lá é pelo aprimoramento da intuição, meditando e orando intensamente."

Paramhansa Yogananda, Karma e Reencarnação, Ed. Pensamento-Cultrix Ltda, 2009, p. 72/73.
Imagem: Pinterest.

 

terça-feira, 6 de fevereiro de 2024

CARREGAR SUA CRUZ. QUEM QUISER SALVAR A VIDA, PERDÊ-LA-Á.

"17. Bem-aventurados sereis, quando os homens vos odiarem e separarem, quando vos tratarem injuriosamente e repelirem como mau o vosso nome, por causa do Filho do Homem. Alegrai-vos nesse dia, e exultai, porque grande recompensa vos está reservada no Céu, visto que era assim que seus pais tratavam os profetas. (LUCAS, 6:22 e 23.)
18. Chamando o povo e os discípulos para perto de si, disse-lhes: 'Se alguém quiser vir após mim, renuncie a si mesmo, carregue a sua cruz e siga-me; pois aquele que quiser salvar a sua vida, perdê-la-á; e aquele que se perder por amor de mim e do Evangelho se salvará'. - Com efeito, de que serviria a um homem ganhar o mundo todo e perder-se a si mesmo? (MARCOS, 8:34 a 36; LUCAS, 9:23 a 25; MATEUS, 10:38 e 39; JOÃO, 12:25 e 26.)

19. 'Alegrai-vos', diz Jesus, 'quando os homens vos odiarem e perseguirem por minha causa, visto que sereis recompensados no Céu'. Essas palavras podem ser traduzidas assim: Felizes sereis quando os homens, pela má vontade com que tiverem agido convosco, vos propiciem ocasião de provar a sinceridade da vossa fé, porque o mal que vos façam redundará em proveito vosso. Lamentai-lhes a cegueira, e não os amaldiçoeis. 
Depois, acrescenta: 'Aquele que quiser seguir-me, carregue sua cruz', isto é, suporte corajosamente as tribulações que a sua fé acarretar, pois aquele que quiser salvar a vida e seus bens, renunciando a mim, perderá as vantagens do Reino dos céus, ao passo que aqueles que tiverem perdido tudo neste mundo, até mesmo a vida, para que a verdade triunfe, receberão, na vida futura, o prêmio da coragem, da perseverança e da abnegação. Mas, aos que sacrificam os bens celestes nos gozos terrestres, Deus dirá: 'Já recebestes a vossa recompensa'."

Extraído do livro "O Evangelho segundo o Espiritismo, de Allan Kardec, FEB 2018m Brasília, p. 298/299.
Imagem: Pinterest.
 

terça-feira, 2 de janeiro de 2024

MINHAS PALAVRAS PASSARÃO

"24. Então aproximando-se dele, seus discípulos lhe disseram: 'Sabes que, ouvindo o que acabaste de dizer, os fariseus se escandalizaram?' - Ele respondeu: 'Toda planta que meu Pai celestial não plantou será arrancada. - Deixai-os; são cegos a conduzir cegos; se um cego guia outro cego, cairão ambos na valeta.' (MATEUS, 15: 12 a 14)

25. Passará o Céu e a Terra, mas as minhas palavras não passarão. (MATEUS, 15: 12 a 14)

26. As palavras de Jesus não passarão porque em todos os tempos serão verdadeiras. O seu código moral será eterno porque consagra as condições do bem que conduz o homem ao seu destino eterno. Mas terão as suas palavras chegado até nós inteiramente puras e isentas de falsas interpretações? Todas as seitas cristãs lhe captaram o espírito? Nenhuma terá deturpado o seu verdadeiro sentido, em consequência dos preconceitos e da ignorância das lei da natureza? Nenhuma a transformou em instrumento de dominação, para servir às suas ambições e aos seus interesses materiais, em trampolim, não para se elevar ao céu, para para elevar-se na Terra? Acaso terão adotado como regra de conduta a prática das virtudes de que Jesus fez condição expressa de salvação? Todas estarão livres das censuras que Ele dirigiu aos fariseus do seu tempo? Todas, finalmente, tanto na teoria como na prática, serão a expressão pura da sua doutrina?

Por ser única, a verdade não pode achar-se contida em afirmações contrárias e não há razão para que Jesus imprimisse duplo sentido às suas palavras. Se, pois, as diferentes seitas se contradizem; se umas consideram verdadeiro o que outras condenam como heresias, é impossível que todas estejam com a verdade. Se todas houvessem apreendido o sentido verdadeiro do ensino evangélico, todas se teriam encontrado no mesmo terreno e não existiriam seitas. 

O que não passará é o verdadeiro sentido das palavras de Jesus; o que passará é o que os homens construíram sobre o sentido falso que deram a essas mesmas palavras. 

Tendo por missão transmitir aos homens o pensamento de Deus, somente a sua doutrina, em toda a pureza, pode exprimir esse pensamento. Foi por isso que Ele disse? Toda planta que meu Pai celestial não plantou será arrancada."

Texto extraído do livro "A Gênese", de Allan Kardec, traduzido por Evandro Noleto Bezerra, FEB, Brasília, p. 323/324).
Imagem: Pinterest. 




quinta-feira, 28 de dezembro de 2023

OS ANJOS SÃO FEITOS NA TERRA, NÃO NO CÉU

"Não conte com a morte para livrar-se das imperfeições. Após a morte, você permanece exatamente igual ao que era antes. Nada muda, você só abandona o corpo. Se for ladrão, mentiroso ou trapaceiro antes de morrer, não vai se tornar um anjo pelo simples fato de ter morrido. Se isso fosse possível, então vamos todos sair daqui, nos atirar no mar agora e virar anjos imediatamente! Aquilo que você foi até agora é o que será no além. E, quando reencarnar, virá com as mesmas características. Para mudar, terá de fazer um esforço, e este mundo é o lugar adequado para isso. O homem vem para cá com o único propósito de aprender a cortar as cordas que amarram sua alma. Doença, fracasso, negação, cobiça, ciúme - acabe com isso agora. Você está num casulo de seus próprios maus hábitos, e dele deve sair por intermédio do auto esforço. A borboleta da alma precisa se libertar para poder abrir suas asas de belas qualidades divinas. Se o bicho-da-seda ainda estiver no casulo quando o sericultor vier, ficará preso na própria armadilha e ali morrerá. Assim, você tece os fios de seda dos maus hábitos ao seu redor, e morre emaranhado neles.

Até o último dia de vida, seja positivo e tente ser alegre. Mesmo quando estiver no fim, não pense: 'Estou acabado'. Em vez de ter pena de si mesmo, pense: 'Ó vós que ainda jazeis abandonados nestas praias desoladas a lamentar e chorar; sou eu que se compadece de vós'. A morte não lhe causará problemas se você tiver a consciência limpa e partir com este pensamento: 'Senhor, estou em Tuas mãos'."

Texto de Paramahansa Yogananda, extraído do livro "Romance com Deus, da Self-Realization Fellowship, p.56/57.
Imagem: Pinterest.

terça-feira, 14 de setembro de 2021

LEVE DEUS A SÉRIO, NÃO A VIDA

"A vida está repleta de tragédias e comédias, um caleidoscópio de variedade infinita. Não há duas coisas iguais. A vida de cada um é singular. Cada pessoa tem um diferente tipo de rosto, de mente e de desejos. Seria monótono passar exatamente pelas mesmas experiências todos os dias; logo nos cansaríamos da vida. Se o próprio céu fosse o mesmo todos os dias, ninguém o quereria. Gostamos de variedade. A ideia estereotipada que se faz do céu está totalmente errada. Se fosse monótono, todos os santos rezariam para voltar à terra, em busca de uma pequena mudança! O céu é algo infinitamente variado, sempre agradavelmente novo, enquanto a terra costuma ser desagradavelmente nova!

Contudo, apesar das dificuldades da vida, a maioria das pessoas acostuma-se e supõe que não há outro modo de viver. Não podendo compará-la com a vida espiritual, não avaliam a dor e o tédio que existem na vida terrena.

Efetivamente, a vida não é real; é apenas um entretenimento. Assim como velhos filmes são reprisados várias vezes, basicamente os mesmos velhos incidentes ocorrem e voltam a ocorrer na vida. Embora a vida vá prosseguir eternamente, os mesmos temas retratados em filmes antigos serão representados de novo, vezes sem conta. É verdade que a história se repete. Somos todos peças de museu!

Em sua vida, aconteça o que acontecer, aceite tudo alegremente, impessoalmente, como se assistisse a um filme. A vida é divertida quando não a levamos a sério. Uma boa risada é um excelente remédio para os males humanos. Uma das melhores características do povo americano é sua capacidade de rir. Ser capaz de rir da vida é maravilhoso. Isso o meu mestre [Swami Sri Yukteswar] ensinou. No início do treinamento em seu eremitério, eu andava sempre com uma expressão solene; não sorria nunca. Um dia, o Mestre observou criticamente: 'O que é isso? Você está numa cerimônia fúnebre? Não sabe que encontrar Deus é o funeral de todas as tristezas? Então, por que está tão sombrio? Não leve esta vida muito a sério.' Ele me ensinou que é preciso estar mentalmente acima de todas as crucificações da experiência terrena, para encontrar a completa felicidade em Deus. 

Krishna ensinou: 'Sereno na ventura e na desventura, no ganho e na perda, no triunfo e no fracasso - assim deves enfrentar a batalha da vida! Desse modo, não adquirirás pecado.'³ Permanecer equânime, aconteça o que acontecer, é um dos melhores meios de vencer desejos ilusórios. Isso aprendi pelo exemplo do meu grande mestre - imutável até o fim. Cristo também demonstrou esse espírito. E o amor de Deus não lhe foi tirado; apesar de torturado. Jesus não perdeu a consciência divina. A proteção de Deus à nossa paz e alegria é a maior fortaleza possível. Durante todas as privações e sofrimentos, lembre-se das coisas boas que Deus lhe deu. Sua alma é o tempo celestial de Deus. As trevas da ignorância e das limitações mortais precisam ser expulsas desse templo. É maravilhoso estar na consciência da alma- fortalecido, robusto!

Nada tema. Não odiar, oferecer amor a todos, sentir o amor de Deus, ver a presença Dele em todos e ter apenas um desejo - o desejo de Sua constante presença no templo da consciência -, este é o modo de viver neste mundo. Os que tiverem outros desejos não conhecerão a verdadeira satisfação."

³ Bhagavad Gita II.38.

(Paramahansa Yogananda - A Eterna Busca do Homem - Self-Realization Fellowship - p. 126/128)


quinta-feira, 27 de agosto de 2020

O MUNDO CELESTE

Plano Mental :: *"É uma porção do mundo mental, cujos moradores estão especialmente preservados de tudo quanto pode manchar ou entorpecer sua perfeita felicidade ou a incessante transmutação de suas úteis experiências e faculdades.

O céu que escrevem os clarividentes ou os extáticos, não é mais que o céu materializado do mundo astral, composto das formas mentais de quem nele habita e reproduz o céu segundo o pintam as diversas religiões em suas Escrituras sagradas. Não tem nada de comum com o verdadeiro céu do mundo mental, donde todas as emoções antiegoístas, as nobres aspirações, os pensamentos generosos, os elevados anelos da passada vida terrena se transmudam em potências e faculdades para empregá-las na vida seguinte. Quanto mais copiosas hajam sido as experiências colhidas, mais potentes serão as faculdades adquiridas. No mundo celeste todo amor altruísta encontra seu prazer em uma plenitude e vizinhança de comunhão que jamais poderá conhecer na terra.

A permanência do homem no mundo celeste é curta ou longa segundo tiver sido a índole de sua vida terrena. É curta quando foi escasso seu caudal de pensamentos nobres e emoções altruístas; longa, quando abundante. Seja curta ou longa, elabora completamente tudo quanto levou consigo, embora em germe, e afinal armazena em seu permanente corpo causal todas as recordações de suas vidas passadas e todas as sementes das qualidades mentais e emotivas que presidirão seu futuro progresso.

Facilmente acabamos de ver que a evolução é mais rápida à medida que melhoram de qualidade os pensamentos e as emoções, e que cada vida nos mundos astral e mental depois da morte, transfere mais abundante colheita à próxima vida terrena.

O homem comum civilizado é capaz de considerável melhoria durante sua vida celeste, pois semeia ali as sementes de uma copiosa colheita. Em sua mão tem o aceleramento de sua evolução, ao considerar que sua vida mental e emocional na terra lhe proporciona os materiais para uma vida mesquinha ou abundante no terceiro mundo, estabelecendo assim maiores ou menores possibilidades para sua próxima vida terrestre.

Convém recordar que se bem o homem assuma no mundo astral os resultados de suas sinistras paixões e emoções, sofrendo em proporção à sua intensidade, há de ressarcir também, em outra vida terrena, o dano que houver ocasionado ao próximo na passada vida, se não a ressarciu no mundo astral. O ressarcimento deste dano o há de cumprir, ou sofrendo em mãos daqueles a quem prejudicou, ou prestando-lhes algum serviço. No primeiro caso, queda a semente do ódio provocado pelo dano, pois a menos que medeie o perdão e o esquecimento, serão invertidos os termos da dívida. No segundo caso se extingue de todo, porque 'o ódio jamais cessa pelo ódio, e sim pelo amor'."

Annie Besant - A Vida do Homem em Três Mundos - Ed. Pensamento, São Paulo - p. 107/109)

terça-feira, 9 de janeiro de 2018

REVENDO VALORES PARA TRANSFORMAR A TERRA (2ª PARTE)

"(...) Nem sempre o que é real é visível aos nossos olhos. Tome-se o exemplo de uma garrafa contendo apenas ar atmosférico. À primeira vista, se perguntarmos a alguém o que ela contém, receberemos em resposta que não tem nada, que está vazia. Contudo, sabemos que o ar é matéria e podemos alterar seu estado físico, tornando-o líquido ou sólido. Além disso, sabemos que ele reage com outras substâncias. O que aparentemente era o nada se solidificou ou se liquefez. Da mesma forma, nem tudo o que vemos é real.

Dessa maneira, geralmente priorizamos e valorizamos as coisas materiais, os bens terrenos, esquecendo-nos da realidade primeira que é Deus.

É lamentável constatar igualmente, que o interesse pessoal se sobrepõe ao coletivo, quer no sentido político, social ou humano. A todo momento, nos deparamos com o SER sendo relegado pelo TER, e para que isso aconteca, constantemente vemos ficar esquecida a Verdade, a Honra, a Justiça e o Amor. 

Eis a razão de tanto sofrimento e de tanta dor permeando a sociedade humana. Ser resgatados esses princípios, certamente não veríamos inúmeros atos de desamor e injustiça sendo praticados, provocando tanta angústia e tanta dor. 

O que se precisa, na realidade, é resgatar a prática do bem em nome do verdadeiro amor, sem visar compensação. Somente assim se alcançará a plenitude da paz espiritual, que é o próprio Céu. É necessário que saibamos que o Céu não é um lugar que se conquista com a prática do bem, a título de recompensa. O Céu é um estado de ser, é um estado de Paz, de Harmonia, de Tranquilidade e de extrema Felicidade, onde reina, como já dissemos, A Verdade, a Justiça e o Amor. (...)" 

(Valdir Peixoto - Conheça-te a ti Mesmo - Ed. Teosófica, Brasília, 2009 - p. 72/74)


quarta-feira, 8 de março de 2017

OS CORPOS IMORTAIS DO HOMEM (1ª PARTE)

"'Temos uma casa de Deus, uma casa que não é feita com as mãos, e que é eterna nos céus' – disse o grande Iniciado cristão São Paulo, 'porque neste (corpo) gememos, desejando ardentemente sermos providos com a nossa morada que está no céu.' Essa casa celeste é a que se constrói com os corpos imortais do Homem, a habitação do Espírito através de eras infinitas, a morada do próprio homem, através de nascimentos e mortes, através do incomensurável período de sua vida imortal em manifestação.

O Espírito, que é 'o fruto de Deus', reside sempre no seio do Pai, como verdadeiro filho de Deus, e compartilha a Sua vida eterna. Deus fez o homem para ser 'a imagem da Sua própria eternidade'. A esse Espírito chamamos Mônada, porque é uma unidade, a verdadeira essência da Personalidade. A Mônada, quando desce para a matéria, a fim de conquistá-la e espiritualizá-la, apreende para si própria um átomo de cada um dos três mundos superiores, para deles fazer os núcleos dos seus três corpos superiores – o superespiritual, o espiritual e o intelectual. A esses corpos, com um fio de matéria espiritual (búdica), liga-se também uma partícula de cada um dos três mundos inferiores, núcleos dos seus três corpos inferiores.

Por longas, longas eras, ele paira sobre esses núcleos, enquanto seus futuros corpos mortais, apenas tocados com a sua vida, escalam vagarosamente a subida através dos reinos mineral, vegetal e animal, enquanto pequenas agregações da matéria dos três mundos superiores (a 'morada de Deus... nos céus') formam um canal para a sua vida, começando a manifestar-se naqueles mundos; e quando a forma animal atinge o ponto em que a vida que sobe faz um forte apelo ao superior, ele envia através dela, em resposta, uma pulsação de sua vida, e o corpo intelectual subitamente é completado, tal como a luz lança raios entre os carvões de um arco elétrico. O homem então está individualizado para a vida nos mundos inferiores. (...)"

(Annie Besant - O Enigma da Vida - Ed. Pensamento

sábado, 12 de março de 2016

SABEDORIA NO CORAÇÃO (1ª PARTE)

"A verdade, que está no âmago de todo ensinamento religioso é a mesma. É a fonte da qual todos os grandes instrutores espirituais trouxeram sabedoria vivificante, uma fonte aberta igualmente a todos os homens e mulheres. Quando o homem recebe essa sabedoria em seu coração, todas as coisas tornam-se novas para ele. Então, ele vê, com os olhos de um recém-nascido espiritual. 'O Cristo em vós' de São Paulo traz uma nova visão, que gradualmente inclui toda a terra e o céu. O farol de seu poder revelará em ambos muitas coisas jamais sonhadas atualmente. 

Ele verá então, entre outras coisas, que a terra é um céu em formação. Deve vir uma época quando não haverá nem tristeza, nem choro, nem dor. Pois estas coisas devem-se à ignorância que, por mais que possa durar, deve eventualmente desaparecer. Ignorância é essencialmente ignorância de nossa verdadeira natureza, que é divina. Essa natureza está profundamente oculta dentro de nós e só aparece ocasionalmente num momento de abnegação, de iluminação inesperada, num ato de completa autoentrega, ou numa onda de grande felicidade.

'Observa, eu chego rapidamente'. O lampejo de percepção de buddhi, sabedoria intuicional, surge subitamente, quando não é esperado. Pois quando esperamos, esperamos algo concebido em nossa ignorância antes da chegada do lampejo. Essa expectativa bloqueia a luz. Mas quando a mente está aberta à verdade sem expectativa predeterminada, então será iluminada. (...)"

(N. Sri Ram - O Interesse Humano - Ed. Teosófica, Brasília, 2015 - p. 83)


domingo, 13 de dezembro de 2015

SOFRIMENTO SUBSTITUTIVO (PARTE FINAL)

"(...) Enquanto a humanidade for pecadora, haverá sofredores, ainda que inocentes.

O Apocalipse fala da abolição de todo o sofrimento - mas isto só acontecerá quando houver 'um novo céu e uma nova terra', e quando 'o reino dos céus for proclamado sobre a face da terra', isto é, quando não houver mais uma humanidade pecadora, então deixará de haver sofrimento individual.

Há quem julgue que uma grande espiritualidade possa diminuir ou mesmo abolir o sofrimento. Mas é experiência universal que são precisamente os homens espirituais, os santos, os iniciados, os que mais sofrem. Por quê? Porque, quando o homem já não tem débito próprio, se torna ele um sofredor ideal por débito alheio. É esta a razão por que os santos e os iniciados costumam sofrer serenamente, por que se sentem como pecadores de débitos alheios.

Sofrer por débito próprio é vergonhoso - sofrer por débito alheio é honroso.

Enquanto a nossa humanidade for adâmica, vigorará este lei de solidariedade. Somente uma humanidade cósmica, como a de Jesus, não teria sofrimento compulsório; nesta nova humanidade, o homem poderia dizer: 'Ninguém me tira a vida; eu é que deponho a minha vida quando eu quero, e retomo a minha vida quando eu quero'. Assim fala o 'Filho do Homem', mas nós somos 'filhos de mulher'.

A alergia ao sofrimento é da humanidade adâmica - a imunidade é da humanidade cósmica. Na humanidade cósmica, do Cristo e dos grandes avatares, não há o sofrimento e morte compulsórios, embora possa haver sofrimento e morte voluntários. Neste humanidade impera absoluta libertação e liberdade.

Enquanto vivermos na humanidade adâmica, haverá sofrimento, tanto de culpados como de inocentes. E, durante este vivência, a sabedoria do sofredor consiste em sofrer serenamente. Quem puder dizer como Paulo de Tarso: 'Eu exulto de júbilo no meio de todas as minhas tribulações', esse atingiu elevado grau de evolução humana."

(Huberto Rohden - Porque Sofremos - Ed. Martin Claret, São Paulo, 2004 - p. 27/28)


domingo, 1 de fevereiro de 2015

A PERFEIÇÃO SUPREMA (3ª PARTE)

"(...) A autopreservação é o instinto de vida mais poderoso. Não pode estar, e não está, fundada numa ilusão, do contrário como poderia a própria ilusão brotar de uma ausência total de consciência? Essa ideia desafia inteiramente a lógica.

E quanto ao Islã? Como poderá um muçulmano piedoso acreditar que sua alma ganhará o paraíso pelo simples fato de ele matar um 'infiel'? E que 'paraíso' é esse? Terá alguma vez sido descrito em termos que lembrem a libertação absoluta na onipresença, ou moksha?

Se só o hinduísmo ensina essa verdade espiritual, seguramente tal se dá porque só o hinduísmo não ficou confinado à 'camisa-de-força' da organização religiosa! Cresceu naturalmente, bem ao contrário, e não foi sufocado pela atmosfera densa dos decretos oficiais que prescreviam qual é e qual não é a verdade suprema.

Yogananda mostrava-se cáustico em relação aos rituais religiosos encenados para proveito dos sacerdotes. O Gita, sustentava ele, adverte contra o anseio até mesmo de um paraíso astral como recompensa de uma vida santa na Terra. Quem deseja um 'paraíso' qualquer que não a unidade com Deus - a única e excelsa Fonte de Bem-Aventurança Absoluta - mergulha na ilusão. O Bhagavad Gita ensina as verdades superiores; mas quantos hindus - até eles - captam a mensagem? Muitos querem também alcançar algum plano limitado como Swarga ou Vaikuntha - imagens de um 'paraíso' agradável ao ego. (...)"

(A Essência do Bhagavad Gita - Explicado por Paramhansa Yogananda - Evocado por seu discípulo Swami Kriyananda - Ed. Pensamento, São Paulo, 2006 - p. 103/104)


terça-feira, 23 de dezembro de 2014

A REAÇÃO DO HOMEM PROFANO, DO ESPIRITUAL E DO CRÍSTICO DIANTE DO SOFRIMENTO

"69. Disse Jesus: felizes no seu coração são os perseguidos, os que na verdade conhecem o Pai. Felizes são os famintos, porque o corpo dos que sabem querer será saciado.

Comentário: Esta continuação do capítulo precedente vem explicitamente mencionada no Sermão da Montanha, segundo Mateus. 

Três atitudes humanas são possíveis em face do sofrimento e das adversidades da vida: revolta, resignação, regeneração.

O homem totalmente profano se revolta contra os sofrimentos, porque os considera somente como inimigos.

O homem espiritual tolera historicamente os sofrimentos, sem se revoltar nem os aceitar; mantém-se numa atitude de passiva neutralidade, uma vez que não pode evitar as adversidades; não se torna melhor nem pior em face do sofrimento.

O homem crístico, porém, pergunta com o Mestre 'não devia eu sofrer tudo isso para assim entrar em minha glória?' Esse homem clarividente vê no sofrimento um amigo, um anjo, vestido de luto, sim, mas com o sorriso da redenção nos lábios e a esperança da imortalidade nos olhos.

Não é verdade que o sofrimento como tal redima o homem, como alguns pensam. Há sofredores que se tornam piores pelo sofrimento; alguns acabam no suicídio; outros cream dentro de si um inferno de revolta e amargura. Não é o sofrimento em si que redime o homem; é a atitude que o homem assume em face do sofrimento que o modifica para melhor ou para pior.

Felizes são os famintos de uma vida superior, já enfastiados da vida profana. O próprio corpo desses famintos do espírito participará da plenificação espiritual. É necessário saber querer o céu para possuir também a terra."

(O Quinto Evangelho, A Mensagem do Cristo, Apóstolo Tomé - Tradução e comentários: Huberto Rohden - Ed. Martin Claret, São Paulo - p. 98/99)

segunda-feira, 28 de julho de 2014

O CÉU NA TERRA

"Às vezes você talvez se pergunte: ‘O que posso fazer para trazer paz e harmonia ao mundo?’ E a resposta é clara – traga o céu à terra.

Criar o céu na terra significa fazer brilhar a luz no seu mundo, transformando as coisas mundanas em sagradas. O caminho espiritual lhe proporciona uma série de princípios pelos quais deve pautar sua vida cotidiana. Já está na hora, porém, de se tornar um exemplo vivo desses princípios, de modo que cada aspecto de sua vida seja uma expressão do amor Divino.

Em épocas passadas, os que desejavam trabalhar no seu desenvolvimento espiritual afastavam-se do mundo, entrando para mosteiros ou vivendo em clausura. Mas hoje em dia estamos sendo chamados a mergulhar totalmente no mundo a fim de transformar e purificar o nosso planeta. Estamos sendo chamados a estar no mundo, não a ser do mundo.

Quando você canaliza os dons do espírito para a sua vida cotidiana, atrai para si outras pessoas que estão fazendo o mesmo. E pouco a pouco irá perceber que esse processo está formando uma reação em cadeia, de tal modo que, de alma em alma, o globo inteiro passa por um renascimento espiritual.

Alegre-se, pois o momento de despertar se aproxima."

(Douglas Bloch - Palavras que Curam - Ed. Cultrix, São Paulo, 1993 - p. 58)


sexta-feira, 25 de julho de 2014

A ILUSÃO DO NASCIMENTO E MORTE

"D: Como podem o nascimento e a morte ser ilusórios?

 M: Ouça com atenção o que digo.

Quando a alma individual (jiva) é vencida pelo sono, o contexto do estado de vigília dá lugar a um novo contexto no sonho, de modo a reproduzir experiências passadas, ou então há a perda total de todas as coisas externas e atividades mentais. Da mesma forma, quando ela é subjugada pelo estado de coma antes da morte, o contexto presente é perdido, e a mente fica dormente. Isso é morte. Quando a mente retoma a reprodução de experiências passadas em novos ambientes, o fenômeno é denominado nascimento. O processo de nascimento inicia com o homem imaginando: 'Aqui está minha mãe; estou no seu útero; meu corpo possui estes membros'. Então ele se imagina nascido no mundo e, mais tarde, diz: 'Este é meu pai; sou seu filho, tenho tantos e tantos anos de idade; estes são meus amigos e parentes; esta bela casa é minha' e assim por diante. Esta série de novas ilusões começa com a perda das ilusões anteriores no estado de como antes da morte, e depende dos resultados de ações passadas.

A alma sobrepujada pelo irreal estado de coma anterior à morte, tem diferentes ilusões, de acordo com suas diferentes ações passadas. Após a morte, ela acredita: 'Aqui é o céu; é adorável, estou nele; sou agora um maravilhoso ser celestial; há tantas donzelas celestes encantadoras a meu serviço; tenho néctar para beber'; ou 'Eis a região da Morte; aqui está o Deus da Morte; estes são os mensageiros da Morte; oh, são tão cruéis - arremessam-me ao inferno!'; ou 'Eis a região dos Pitrs; ou de Brahma, ou de Vishnu ou de Shiva' - e assim por diante. Portanto, segundo a sua natureza, as tendências do karma passado apresentam-se como ilusões de nascimento, morte, passagem para o céu, para o inferno ou para outras regiões perante o Eu Real, que é sempre o imutável Espaço da Consciência. São apenas ilusões da mente - irreais.

No Ser do Espaço da Consciência existe o fenômeno do universo, como uma cidade celestial vista em pleno ar. É reputada como algo real, mas realmente não o é. É composta de nomes e formas, e não é nada além disso." 

(Advaita Bodha Deepika - A Luz da Sabedoria Não Dualista - Ed. Teosófica, Brasília, 2012 - p. 39/41)


sábado, 28 de junho de 2014

FUI RAPTADO AO TERCEIRO CÉU

"Que disseste, Paulo? Foste raptado ao terceiro céu? E eu, que nem conheço o primeiro e o segundo céu...

Ah! já sei, já sei...

Foste raptado para além do primeiro céu dos sentidos e para além do segundo céu da mente.

Foste raptado ao terceiro céu do espírito.

Eu conheço bem o primeiro céu, conheço também o segundo céu - nada sei do terceiro céu.

Creio no céu do espírito, que espero para depois da morte.

Mas tu entraste no terceiro céu, em plena vida.

E lá no terceiro céu tu ouviste 'ditos indizíveis' - que transformaram a tua vida terrestre.

'Nem olhos viram, nem ouvidos ouviram, nem jamais penetrou em coração humano o que Deus preparou àqueles que o amam.'

Para além dos sentidos e da mente do meu ego humano - eu me deixarei raptar para o terceiro céu do meu Eu divino.

Enquanto eu me identificar com o ego, que não sou, não sou raptável.

Enquanto eu viver satisfeito no primeiro céu dos sentidos e no segundo céu da mente, ninguém me pode raptar para o terceiro céu do espírito, que sou.

'Transmentalizai-vos, porque o Reino dos Céus está ao vosso alcance'.

Se eu não me transmentalizar, não ultrapassar o meu ego do aquém, não serei raptado para as regiões do Além.

Deus respeita o meu livre-arbítrio.

Enquanto eu não abrir a porta para que alguém possa entrar no recinto do meu ser...

Raptar-me não está em meu poder - em meu poder está somente abrir as portas para ser raptado.

E os 'ditos indizíveis' do meu terceiro céu ecoarão através do meu primeiro e segundo céu."

(Huberto Rohden - De Alma para Alma - Ed. Martin Claret, São Paulo, 2005 - p. 157/158)


quarta-feira, 14 de maio de 2014

KAMALOKA

"Este termo, que literalmente significa o lugar a morada do desejo, é como já foi indicado, uma parte do plano astral, não uma região separada do resto do plano, como se fosse uma localidade distinta, mas caracterizada pelas condições de consciência das entidades que ali se encontram¹. São aqueles seres humanos privados de seus corpos físicos pela morte, e destinados a passar por certas transformações purificadoras antes que possam entrar na vida pacífica e feliz que pertence ao homem propriamente dito, isto é, à alma humana.²

Esta região representa e engloba as condições atribuídas aos diferentes estados intermediários, infernos e purgatórios, que todas as grandes religiões consideram como a residência temporária do homem após o abandono de seu corpo físico e antes de atingir o ‘céu’. Não inclui nenhum lugar de tortura eterna, porque o inferno eterno, no qual acreditam alguns fanáticos, é apenas um pesadelo de ignorância, ódio e medo. Mas esta região compreende, na verdade, condições de sofrimento, temporárias e purificadoras em sua natureza, experimentadas pelo homem quando elabora as causas postas em ação durante a sua vida física; essas condições são tão naturais e inevitáveis como quaisquer efeitos causados neste mundo pela nossa ação errada, porque vivemos em um universo de lei e cada semente deve frutificar conforme a sua natureza. A morte em nada altera a natureza mental e moral do homem, e a mudança de estado que se dá na passagem de um mundo para outro apenas elimina o corpo físico, sem tocar no resto de sua natureza. (...)

Quando o corpo físico é abatido pela morte, o duplo etérico, arrastando consigo prana e acompanhado de todos os outros princípios, isto é, o homem completo, com exceção do corpo denso, retira-se do ‘tabernáculo da carne’, termo que designa admiravelmente o invólucro exterior do ser. Todas as energias vitais que irradiavam para o exterior são reconduzidas para o interior e ‘recolhidas’ por prana, e esse recolhimento se manifesta pelo entorpecimento que invade os órgãos físicos dos sentidos. Os órgãos estão lá, como sempre, prontos para entrar em atividade, mas o ‘Regente Interno’ está indo, ele que, por meio deles, via, ouvia, tocava, sentia; entregues a si mesmos são simples agregados de matéria, matéria viva, é verdade, mas sem nenhum poder de ação perceptiva. Lentamente o senhor do corpo se retira, envolto no duplo etérico violeta cinza, e absorto na contemplação do panorama de sua vida passada, que se desenrola diante dele, na hora da morte, completo até nos menores detalhes. Neste quadro estão todos os acontecimentos de sua vida, grandes e pequenos. Vê suas ambições realizadas ou falidas, seus esforços, triunfos, derrotas, amores e ódios. A tendência predominante do conjunto surge claramente, o pensamento diretor da vida se afirma e se imprime profundamente na alma, assinalando a região onde passará a maior parte de sua existência póstuma. Solene é o momento em que o homem, frente a frente de sua vida, ouve sair dos lábios do seu passado o vaticínio de seu porvir. Durante um breve período de tempo, ele se vê tal qual é, reconhece a finalidade de sua vida e adquire convicção de que a Lei é poderosa, justa e boa. Em seguida, o laço magnético entre o corpo denso e o duplo etérico se rompe; assim se separam os dois associados de uma vida inteira, e salvo casos excepcionais, o homem cai numa plácida inconsciência."


¹. Os hindus chamam esse estado de Pretaloka, a morada dos Petras. Um preta é o ser humano que perdeu seu corpo físico, mas ainda não se desembaraçou da vestimenta de sua natureza animal. Não pode ir longe com esse veículo, e fico preso nele até sua desagregação.
². A alma é o intelecto humano, o laço entre o Espírito Divino no homem e sua personalidade inferior. É o Ego, o indivíduo, o ‘eu’, que se desenvolve pela evolução. (...)

(Annie Besant -  A Sabedoria Antiga - p. 53/55)



terça-feira, 6 de maio de 2014

VICHARA (1ª PARTE)

"'Conhecer-te a ti mesmo' era o dístico, que tendo achado no pórtico do templo de Delfos, Sócrates ensinava a seus díscipulos. Autoanalisa-te, díriamos hoje. Pratica vichara (autopesquisa), ensina o yoga. Em outras palavras, eu sugeriria: desilude-te em relação a ti mesmo. 

Tal sugestão soa como um conselho pessimista. Não é?

Desiludir-se não é negativismo. É libertar-se. É melhorar. É progredir para Deus. É salvar-se. Os iludidos ou estão no ou vão para o inferno. Só os desiludidos chegam ao céu. Que Deus abençoe minhas desilusões!

Quando um ser humano consegue desiludir-se do falso diagnóstico que de si mesmo fazia, as portas do céu lhe são abertas. Ninguém é tão bom como orgulhosamente se acredita, nem tão inferior quanto pessimistamente pensa ser. Tanto a primeira como a segunda ilusão devem ceder à judiciosa e redentora autognose, isto é, o conhecimento (gnose) real de si mesmo. Vichara é a busca, o inquérito no estilo 'quem sou eu'.

Cada um de nós é - quando livre da ilusão - a própria Realidade. O homem foi feito à imagem e semelhança de Deus. Não é o que se sabe?! - Pois bem, vamos procurar Deus através de conhecer aquilo que somos, descartando-nos, para isso, dos falsos juízos que de nós fazemos. Simples, não é?

Pois lhe digo que é obra ciclópica, que quase ninguém consegue realizar. No entanto, o pouco que conseguirmos na procura de nosso Verdadeiro Eu já pode nos melhorar a úlcera; dar-nos alegria se estivermos tristes, e vida, se desanimados. (...)"

(Hermógenes - Yoga para Nervosos - Ed. Nova Era, Rio de Janeiro, 2004 - p. 148/149)


domingo, 30 de março de 2014

A PIOR DAS POLUIÇÕES NÃO VEM DE FORA, MAS DE DENTRO DE CADA UM DE NÓS

"As religiões prometem o céu aos homens de consciência, e não da ciência; ser erudito é fácil, ser bom é difícil.

Por isto, o progresso da ciência será sempre mais rápido do que a formação da consciência. O Ter será sempre mais fácil do que o Ser - mas, em compensação, o homem perde todo o seu Ter na hora da morte, mas leva consigo para outros mundos o seu Ser. O Ter nos dá gozo, mas somente o Ser nos torna felizes.

Hoje em dia, é fácil gozar, mas é cada vez mais difícil ser feliz. Outros nos fazem gozar ou sofrer, mas somente nós mesmos nos tornamos felizes.

Evitar a poluição mental  e moral é o primeiro imperativo categórico para ser feliz.

Fácil é abusar.

Difícil é recusar.

Dificílimo é usar, sem abusar.

Quando o homem faz o que deve, embora não o queira, ele é austeramente feliz - mas, quando o homem faz o que deve e quer o que deve, então é ele jubilosamente feliz. Para poder querer o que se deve, é necessário integrar o seu pequeno ego periférico no seu grande Eu central. Quando o Eu cósmico do homem consegue integrar em si o ego pessoal, então é o homem realmente feliz.

Que foge da poluição mental das massas insipientes e segue a elite dos sapientes, não deixará de verificar o que o exímio iniciado da China, Lao-Tse, verificou séculos antes da Era Cristã.
"Quem é iluminado por dentro,
Parece escuro aos olhos do mundo.
Quem progride interiormente,
Parece ser um retógrado.
Quem é autorrealizado,
Parece um homem imprestável.
Quem segue a luz interna,
Parece uma negação para o mundo.
Quem se conserva puro,
Parece um bobo e simplório.
Quem é paciente e tolerante,
Parece um sujeito sem caráter.
Quem vive de acordo com seu Eu espiritual,
Passa por um homem enigmático.'"

(Huberto Rohden - O Caminho da Felicidade - Alvorada Editora e Livraria Ltda., São Paulo, 7ª edição - p. 149/150)
www.martinclaret.com.br


terça-feira, 4 de fevereiro de 2014

PROCURE PRIMEIRO O REINO DE DEUS

"Tanto o céu quanto a Terra estão dentro de nós. Quando as pessoas dizem ‘isto é divino’, elas querem dizer que aquilo que experienciam é agradável, que sentem um bem-estar fora do comum. Esta experiência é um estado de consciência, para todas as experiências subjetivas. Quer sejam de felicidade e paz ou de medo e dor, elas estão na consciência. Um campo de flores maravilhoso poderia ser bem descrito como ‘algo divino’, embora esteja mesmo é na Terra. A divinização é a experiência da consciência. E deste modo ‘céu’ é um estado interno de ser, e não um local em outro plano ou região.

‘Busque primeiramente o reino de Deus” significa ‘busque primeiro o reino dos céus’. Algumas pessoas podem não estar familiarizadas com a história de Jesus, que conta que as terras de um certo indivíduo rico lhe trouxeram abundância, e tanta que ele pensou em construir estábulos maiores para guardar a produção. Ele disse para si mesmo: ‘Agora posso levar uma vida folgada. Poderei comer, beber e ser feliz para o resto da minha vida.’ Mas Deus disse: ‘tolo, a sua alma lhe deixará esta noite’.

Para que serve então a riqueza? O conselho de Jesus para o homem rico foi: ‘busque aquilo que serve para comer e beber, nem tenha uma mente duvidosa.’ Uma outra versão é: ‘Busque primeiramente o reino de Deus e a Sua justiça.’ Esta bela parábola ocorre em outro contexto (Lucas 12:15): ‘Cuide-se e acautele-se da cobiça, pois a vida do homem consiste não na abundância das coisas que ele possui.’"

(Radha Burnier - Procure primeiro o reino de Deus - Revista Sophia, Ano 1, nº 1 – Pub. da Ed. Teosófica, Brasília - p. 12)


sábado, 2 de novembro de 2013

UNIDADE ESSENCIAL DA EXISTÊNCIA

"O universo é elaborado e dirigido de dentro para fora. Tal como é em cima, é embaixo, assim nos céus como na terra; e o homem, microcosmo e cópia em miniatura do macrocosmo, é o testemunho vivo dessa Lei Universal e de seu modo de funcionamento. Vemos que cada movimento, ação ou gesto externo – seja voluntário ou mecânico, orgânico ou mental – é produzido e precedido por um sentimento ou emoção, pela vontade ou volição e pelo pensamento ou mente internos. Pois nenhum movimento ou mudança exterior, quando é normal, pode ter lugar no corpo externo do homem se não for provocado por um impulso interno, comunicado por uma das três funções citadas, e o mesmo ocorre com o Universo externo ou manifestado. Todo o Kosmos é dirigido, controlado e animado por séries quase intermináveis de Hierarquia de Seres sencientes, tendo cada um deles uma missão a cumprir, os quais – chame-os por um nome ou outro, Dhyᾱn Chohans ou anjos – são ‘mensageiros’ no sentido único de serem agentes das Leis Kármicas e Cósmicas. Variam infinitamente em seus respectivos graus de consciência e inteligência; e chamá-los todos de Espíritos puros, sem qualquer influência terrena, ‘que o tempo, de costume, transforma em presa’ é somente uma licença poética. Pois cada um destes Seres, ou foi, ou se prepara para converter-se em um homem, se não no presente ciclo (Manvantara), em um dos passados ou futuros. São homens aperfeiçoados, quando não incipientes; e em suas esferas superiores, menos materiais, diferem moralmente dos seres humanos terrestres apenas por se acharem livres do sentimento de personalidade e de natureza emocional humana – duas características puramente terrenas."

(H. P. Blavatsky - fundamentos da Filosofia Esotérica - Ed. Teosófica, Brasília, 1991 - p. 40/41)