OBJETIVOS DO BLOGUE

Olá, bem-vindo ao blog "Chaves para a Sabedoria". A página objetiva compartilhar mensagens que venham a auxiliar o ser humano na sua caminhada espiritual. Os escritos contém informações que visam fornecer elementos para expandir o conhecimento individual, mostrando a visão de mestres e sábios, cada um com a sua verdade e experiência. Salientando que a busca pela verdade é feita mediante experiências próprias, servindo as publicações para reflexões e como norte e inspiração na busca da Bem-aventurança. O blog será atualizado com postagens de textos extraídos de obras sobre o tema proposto. Não defendemos nenhuma religião em especial, mas, sim, a religiosidade e a evolução do homem pela espiritualidade. A página é de todos, naveguem a vontade. Paz, luz, amor e sabedoria.

Osmar Lima de Amorim


sexta-feira, 31 de maio de 2013

A NATUREZA QUE NOS ENVOLVE E ESTÁ EM NÓS É A VESTE DE DEUS

"O atributo pelo qual o akaasa pode ser conhecido é Sabda (som), ou o Verbo! No princípio era o Verbo. O Verbo se fez objeto, encarnou-se, se tornou concreto. Esta é a razão por que damos a todo objeto a denominação de pada-artha. Pada significa palavra; artha quer dizer propósito ou significação. O "objeto" é o propósito para o qual a palavra (verbo) foi pronunciada, para o significado, que a torna válida. A palavra Deus é indício também de que existe o pada-artha (objeto), Deus; é a indicação de que há Deus. Se não houvesse Deus, a palavra Deus não se teria originado e alcançado tão grande circulação. Você pode ver ou pode não ver Deus, mas a palavra é prova de que há Deus.

Este Deus tem de ser visualizado por meio de disciplina espiritual constante. Não se deixe envolver em dúvidas e hesitações. Se cumprir a disciplina e purificar sua consciência, chegará a poder ver Deus instalado em seu coração. No copo existe água e também açúcar, mas a água está insípida porque você ainda não a mexeu bastante. Sadhana é um processo de "mexer". Sature com Deus cada momento da vida, e ela será adoçada.

Se você diz que Deus está em parte alguma, está fazendo noite em seu coração e predispondo-o para negros projetos e delinquência. Para ver Deus como uma entidade concreta, você terá de seguir esforçada e estritamente em processo prescrito. Então, ao fim de tudo, poderá experienciar Sua Graça e Sua Glória. 

A Natureza, que nos envolve e está em nós, é a veste de Deus. Em torno de nós, na atmosfera, temos músicas que emanam de todas as estações de rádio do mundo. Não as escutamos, no entanto. Você não capta qualquer delas. Mas, se dispuser de um receptor, e se o sintonizar em uma dada frequência, poderá escutar a música de uma particular estação. Assim também, o Divino está sobre, sob, em torno, aos lados, tanto perto quanto longe. Para chegar a conhecê-Lo, não recorra a um yantra (máquina), mas a um mantra (fórmula verbal, potente com subtom psicológico). A concentração ou dhyana equivale à fixação exata do local da estação no dial. O Amor é a sintonia correta com a "frequência" da Realidade, e a Bem-aventurança que ela propicia é o delicioso e claro escutar."

Akaasa - é o "elemento" mais sutil. Os cinco "elementos" que constituem o universo material são: akaasa (éter); vayu (ar); agni (fogo); apa (água); prithivi (terra).

(Sathya Sai Baba - Sadhana O Caminho Interior - Ed. Nova Era, Rio de Janeiro - 85/86)


TANTRA YOGA - A ÉTICA DO TANTRA/KUNDALINI YOGA (6ª PARTE)

" (...) A indicação da orgia erótica como um caminho tântrico é um tremendo equívoco. Embora muito ao gosto dos libertinos, é coisa típica e exclusivamente dos adhikaris,* os da "mão esquerda" ou "magos negros". Os da "mão direita" ou "magos brancos", devem, ao contrário, cumprir prescrições éticas que são ainda mais rigorosas que as da própria Raja Yoga. Enquanto esta tem cinco yamas e cinco niyamas, a tantra prescreve o dobro de yamas e niyamas. O Gandarva Tantra informe que os yamas são não violência, veracidade, não roubar, continência sexual, paciência, retidão, bondade, simplicidade, moderação alimentar e pureza. Os niyamas são austeridade (jejum etc.), satisfação, fé nos vedas, caridade, culto ao Senhor, escutar o ensino da Verdade, modéstia, mente dirigida para o conhecimento e a prática preceituadas pelas escriturar, repetição do mantra e ritual védico. Que imenso o contraste entre os dois caminhos!

Kundalini Yoga - O ritual externo, conforme proposto pelos textos tântricos da "mão direita", são os mesmos da Bhakti Yoga - belos e de incalculável poder mágico. 

O ritual interno tem algo da Hatha Yoga e da Laya Yoga. As práticas interiores visam a um bem objetivo, que é interromper o sono da Deusa (Kundalini Shakti), promovendo sua ascensão gloriosa pelo canal central da medula (sushumna naddi) até o alto da cabeça, ativando, ao longo desta viagem, os diferentes centros de força e psiquismo (chakras), até alcançar sua união esplendorosa com o Supremo Senhor (Shiva), entronizado no alto da cabeça, no "chakra de mil pétalas" (sahasrara) 

(...) O que neste contexto é denominado Tantra Yoga é também conhecido como Kundalini Yoga e constitui um dos diferentes sadhanas ou métodos da Laya Yoga. (...)"

* A palavra adhikaris, quando se trata de aspirantes da "mão esquerda", não pode ser traduzida por "discípulo", pois discípulo é aquele que obedece a uma disciplina. E os permissivos detestam qualquer disciplina. Discípulo sem disciplina é uma flagrante contradição.

(José Hermógenes - Iniciação ao Yoga - Ed. Nova Era, Rio de Janeiro - p. 129/130)


quinta-feira, 30 de maio de 2013

BEM-AVENTURADOS OS POBRES EM ESPÍRITO, PORQUE DELES É O REINO DOS CÉUS

"Nesta primeira bem-aventurança, Cristo fala da principal característica que o discípulo precisa possuir, antes que esteja pronto para receber o que o mestre iluminado tem para lhe dar. Ele precisa ser pobre em espírito: noutras palavras, precisa ser humilde. Se uma pessoa orgulha-se do que sabe, da riqueza, da beleza ou da linhagem; se tem ideias preconcebidas do que seja a vida espiritual e de como deveria ser ensinada - então sua mente não está receptiva aos ensinamentos mais elevados. Lemos no Bhagavad Guita, o evangelho dos hindus:

"As almas iluminadas que perceberam a verdade hão de instruir-te no conhecimento de Brahma (o aspecto transcendental de Deus), se tu te prostrares diante delas, as interrogares e as servires como um discípulo." 

Segundo um conto indiano, certo homem procurou um mestre e pediu-lhe para ser seu discípulo. Com intuição espiritual, percebeu o mestre que o homem não estava ainda preparado para ser instruído. Por isso lhe perguntou:
- Você sabe o que precisa fazer para ser meu discípulo?
O homem respondeu que não e pediu ao mestre que lho dissesse.
- Bem, disse o mestre, você precisa ir buscar água, apanhar lenha, cozinhar e trabalhar muitas horas em serviços pesados. Precisa também estudar. Está disposto a fazer tudo isto?
O homem respondeu:
- Sei agora o que o discípulo precisa fazer. Diga-me, por favor: e o mestre, o que ele faz?
- Ah, o mestre fica sentado, e em sua maneira recolhida dá as instruções espirituais.
- Entendi, disse o homem. - Nesse caso, não quero ser discípulo. Por que você não faz de mim um mestre?
Todos nós desejamos ser mestres. É preciso, porém, que antes de nos tornarmos mestres, aprendamos a ser discípulos. Precisamos aprender a humildade."

(Swami Prabhavananda - O Sermão da Montanha Segundo o Vedanta - Ed. Pensamento, São Paulo - p. 21/22)


TANTRA YOGA - MÃO DIREITA E MÃO ESQUERDA (5ª PARTE - III)

" (...) Todos os Avatares e Grandes Mestres mostram que satisfazer aos desejos com o objetivo de vencer a pressão com que eles "imperiosamente" se impõem é tão inteligente quanto tentar apagar fogueira lançando combustível sobre as labaredas. Na Bhagavad Gita, o Senhor Krishna descreve, com precisão e dramaticidade, como um homem que se entrega à gratificação dos desejos sensuais, conforme proposto acima, ao contrário do prometido, a sublimação, desce num tobogã para a própria ruína. Declarou o Avatar:
Quando um homem se demora a pensar nos objetos (sensórios) cria apego por eles; do apego, o desejo nasce; do desejo surge o ódio; o ódio produz o embuste; a partir da ilusão perde-se a memória; desta perda sobrevém a destruição da capacidade de discernir; perdido o discernimento, a ruína acontece. (II:62,63)
O "assuma" e "libere-se", tão receitado por certa classe de "terapeutas" modernosos, como se vê, não é uma novidade. Vetustos textos e gurus tântricos (da "mão esquerda") já preceituavam tal sadhana (?!!!). Mas somente a seus discípulos pasubhava (tipo animalesco). Um velho guru tântrico - esclareça-se - tinha bastante sabedoria para orientar o discípulo a fim de evitar promiscuidades, abusos, aberrações e distorções, e ainda mais, tendo progredido para a condição de viryabhava (tipo heróico), percebia quando o sadhana do discípulo deveria ser modificado. Recomendava então rituais apropriados a seu novo status espiritual, os da "mão direita", isto é, Bhakti, Kriya, Karma, Hatha e Jnana Yoga.

O mesmo Haridas Chaudhuri, que tão convincentemente defende o "vale tudo" para atender aos desejos, sob o pretexto de o Tantra ser uma "abordagem afirmativa da natureza", em páginas seguintes da mesma obra propõe valiosas advertências:
...tem-se frequentemente a tendência de levar muito longe o espírito de afirmação (...) Quando uma pessoa se torna muito afirmativa no seguir o caminho da natureza, é preciso que se lhe fale sobre a glória transcendente do espírito. Doutra forma, ela pode perder-se no labirinto do desejo e vir a transviar-se no autoembuste em nome da religião. (...) Algumas vezes a promiscuidade sexual é sancionada como um modo de religião. (...) A magia negra então se mascara de religião."  
 (José Hermógenes - Iniciação ao Yoga - Ed. Nova Era, Rio de Janeiro - p. 128/129)


quarta-feira, 29 de maio de 2013

AS ESCRITURAS E OS LIVROS DE SABEDORIA PROPICIAM OS MEIOS PARA ASSEGURAR O SEGREDO DA ALEGRIA PERMANENTE

"Os Vedas (Livros de sabedoria) e os Sastras (escrituras) propiciam iluminação para guiar os passos do homem, mas para o cego é sempre treva, não importa o fulgor da luz. Para os que perderam a fé, vacilar, tropeçar e cair é a única opção. Os Sastras e o Vedas propiciam os meios para assegurar o segredo da alegria intérmina, mas o homem é tentado a aurir alegrias sombrias, prazeres efêmeros, sabores poluídos pelo mal e pela perdição. O homem está tentando tirar água do poço com um pote cheio de furos. Os sentidos deixam escoar a alegria que eles tinham conquistado. São servidores ignorantes que se impõem a seu senhor - a mente. Você é que deve conduzi-la, e será assim que os servidores cairão a seus pés. A mente é o Monarca; os sentidos (indriyas), os soldados. Por hora, os soldados estão subjugando o Rei, porque este empresta seus ouvidos a eles, e não à inteligência (buddhi), que é o Primeiro-Ministro. Que este assuma sua função, e, num instante, os sentidos serão forçados a recuar para o acampamento, e a mente poderá ser salva. O Atma (o Divino em nós) é o Sol no firmamento do coração. A luz do Sol, por enquanto, se acha obstruída pelas espessas nuvens do desejo dirigido aos objetos sensuais e aos prazeres objetivos (vishaya-vasana). Que o forte vento da conversão e do arrependimento disperse as nuvens, tanto que o Atma possa brilhar com muito esplendor."

(Sathya Sai Baba - Sadhana O Caminho Interior - Ed. Nova Era, Rio de Janeiro - p. 168)


TANTRA YOGA - MÃO DIREITA E MÃO ESQUERDA (5ª PARTE - II)

" (...) Há milênios o Kata Uppanishad menciona dois caminhos: o "Caminho Bom" e o "Caminho do Bem", naturalmente para convidar para o último. O Cristo veio depois a confirmar:
Entrai pela porta estreita; porque larga é a porta e espaçosa a estrada que conduz à perdição, e são muitos os que por ela entram, mas estreita é a porta e apertada a estrada que conduz à vida, e poucos são os que a encontram. (Mt 7:13-14)
Os que fazem o marketing do "caminho largo" jogam com argumentos inegavelmente brilhantes e convincentes. Eis um texto de Haridas Chaudhuri que sintetiza uma argumentação hoje monotonamente repetida por uns poucos reverenciados como "gurus" (?!), e por alguns "modernos terapeutas", pretendendo com ela incentivar, respectivamente, devotos e pacientes a "liberar o animal" que se agita dentro de si. Demonstram que assim evitarão as indesejáveis consequências da "repressão" psicológica. Tais "gurus", argumentando cavilosamente, têm encontrado facilidade em convencer crédulos discípulos (previamente convencidos) da "sacralidade" (?!) de uma gratificante "liturgia erótica".
A Yoga tântrica é audaciosamente afirmativa em suas abordagens metodológicas. Outros sistemas de Yoga dão muito destaque à renúncia e à ausência de desejo como ajuda à libertação. Mas a Tantra Yoga afirma a necessidade de uma satisfação inteligente dos desejos naturais. Nesta visão, não há antagonismo básico entre a natureza e o espírito. A natureza é o poder criativo do espírito na esfera objetiva. Ninguém, portanto, pode entrar no reino do espírito sem primeiro obter um passaporte emitido pela natureza. A prática de austeridade, ascetismo e automortificação é um insulto à natureza. Cria mais dificuldades que as soluciona. Por enfraquecer o corpo e por gerar conflitos internos e tensões, enquanto solapa e desenvolvimento sadio e equilibrado. (in Integral Yoga. Londres: George Allen and Unwin Ltd.) 
A defesa da tese do "caminho largo" prossegue, convincente, a arrastar muitos ao gostoso "é proibido proibir", à licenciosidade irresponsável. Toda esta argumentação (a essa altura já consideravelmente gasta) configura um velho e eficiente sofisma, sintetizado pela fórmula: quem está no chão só consegue levantar-se apoiando-se no mesmo chão. Ouso perguntar: Mas, se a criatura se encontra no lodo, num atoleiro, em areia movediça, como se apoiar se a busca de apoio faz afundar mais ainda?!

Haridas Chaudhuri prossegue, com promessas àqueles já predispostos à sedutora licenciosidade:
Se uma pessoa inteligentemente atender às tendências de sua própria natureza, seus desejos se tornarão cada vez mais refinados e elevados. Os desejos básicos gradualmente cederão lugar a desejos nobres. Os impulsos inferiores serão substituídos por impulsos mais elevados... 
A experiência prova, no entanto, exatamente o oposto. Um famoso filme japonês - O Império dos Sentidos - há alguns anos mostrou um caso real onde os amantes sofregamente se renderam sem reserva ao "império dos sentidos", em busca de uma impossível saciedade erótica total, e ao final, como não podia deixar de ser, suas vidas se acabaram de maneira trágica. (...)"

(José Hermógenes - Iniciação ao Yoga - Ed. Nova Era, Rio de Janeiro - p. 126/128)


terça-feira, 28 de maio de 2013

PROVAÇÃO - PREOCUPAÇÕES

"Análogas perturbações se produzem frequentemente no corpo mental, e seus efeitos são igualmente desastrosos. Quem se preocupa demasiado com um problema e o remói repetidamente sem conseguir resolvê-lo, provoca uma espécie de tormenta em seu corpo mental. Mas a palavra "tormenta" só dá uma ideia muito vaga da realidade do fato, porque são extremamente sutis as vibrações no plano mental; o mais apropriado símile seria compará-las a uma chaga ocasionada pelo fricção. Às vezes deparamos com polemistas que discutem acerca de tudo, e que aparentemente se apaixona tanto, que raramente se atêm ao aspecto do problema que lhes interessa. Uma pessoa desse tipo mantém seu corpo mental numa condição de perpétua inflamação, e toda inflamação está sujeita, à mais leve provocação, a converter-se numa chaga aberta. Em casos desses, não há nenhuma esperança de progresso oculto enquanto o indivíduo não sanar com o equilíbrio mental e o senso comum a mórbida condição. 

Felizmente, para nós, as boas emoções são muito mais duradouras do que as más, pois operam na parte mais sutil do corpo astral; o efeito de um sentimento de forte amor ou devoção permanece no corpo astral até muito depois de esquecida a ocasião que a produziu. É possível, embora não seja usual, ser o corpo astral comovido ao mesmo tempo por dois tipos de vibrações, como, por exemplo, o amor e o ódio. No momento de experimentar um intenso sentimento de cólera, o iracundo não será capaz de sentir nenhum afeto amoroso, a não ser que a ira proceda de uma nobre indignação; em tal caso, os efeitos serão paralelos, mas um em nível superior ao do outro, e portanto persistindo muito mais tempo."

(C. W. Leadbeater - Os Mestres e a Senda - Ed. Pensamento, São Paulo - p. 92)


TANTRA YOGA - MÃO DIREITA E MÃO ESQUERDA (5ª PARTE - I)

"Há dois caminhos gerais oferecidos pelo tantrismo: (a) o nivritti marga ou "caminho da renúncia, da abnegação, do desapego, da submissão a Deus, da humildade, disciplina, castidade, oração, canto devocional, amor sublimado (prema)..." próprio dos tipos virabhaya e divabhaya; (b) o pravritti marga ou "caminho da autoafirmação, da permissividade, do egoísmo selvagem, da magia sexual..." apropriado ao tipo animalesco, pasubhava. Os que transitam pelo primeiro caminho podem ser chamados também de dakshinacharis, e os do segundo caminho, vamacharis. Em seu Glossário Teosófico, H. P. Blavatsky define dois termos:
(a) Tantra - Literalmente, "regra ou ritual". Certos trabalhos místicos e mágicos, cuja peculiaridade principal é a adoração ao potencial feminino, personificado na Saktidevi ou Durga (Kali, esposa de Shiva) que é a energia especial ligada aos ritos sexuais e poderes mágicos - a pior forma de magia negra ou feitiçaria.

(b) Tântricas - Cerimônias ligadas à adoração acima citada. Sakti tendo uma dupla natureza, branca e negra, boa e má, os saktas (adoradores) são divididos (também) em duas classes: os dakshinacharis e os vamacharis, respectivamente; os saktas da mão direita e os da mão esquerda, isto é, magos "brancos" e os "negros". A adoração feita pelos últimos é a mais licenciosa e imoral.
Declarações tão graves, feitas por uma venerável autoridade em assuntos espirituais, a fundadora da Sociedade Teosófica, reclamam esclarecimentos maiores. O assunto é polêmico e exige que autoridades no assunto falem também:
Sem dúvida o Tantra é um tema delicado por conta de suas intensas e extensas ramificações eróticas. Deve ser visto de dois níveis: (a) o literal (mukya); e (b) o da interpretação metafórica de sua doutrina (gauna). A primeira visão é vamachara ou da "mão esquerda", a segunda, dakshinachara ou da "mão direita". (Stutley, Mararet and James, in a Dictionary of Hinduisna. Bombay: Allied Publishers Private Limited)
O tantrismo vamashina é aquele que inspirou a denúncia de Blavatsky. Prescreve rituais eróticos exacerbados e outras formas de licenciosidade como é o caso do preceito dos "cinco Ms", que parececonsagrar a permissividade, tão ao gosto dos indivíduos mais materialistas e sensuais, aqueles que o Tantra classifica como pasubhava (tipo animal).

A "doutrina dos Ms" determina como forma de cultuar a Shakti não as preces, meditações, purificações, renúncias, disciplinas, mas exatamente o oposto, isto é, a gratificação com: madya (vinho); mamsa (carne); matsya (peixe); mudra (cereais ressecados); maithuna (fornicação). Observe que as palavras têm o m por inicial. São os cinco Ms.

Ora, isto pode ser visto como a antítese do que as religiões em geral propõem com ascese. Soa como um convite para "chegar a Deus pelo caminho que o diabo gosta". Como explicar tão flagrante contradição? Procuremos juntos a resposta. (...)"

(José Hermógenes - Iniciação ao Yoga - Ed. Nova Era, Rio de Janeiro - p. 125/126)


segunda-feira, 27 de maio de 2013

REMOVENDO OBSTÁCULOS PARA A FELICIDADE E PARA A ALEGRIA (PARTE FINAL)

" (...) Dean Ornish, o brilhante cardiologista, pioneiro em estudos sobre os efeitos do estresse nas doenças cardíacas e no câncer da próstata, e autor do livro Amor & sobrevivência: as bases científicas do poder de cura da intimidade, diz: "Abrir o coração é fundamental não só para a qualidade de vida como também para a quantidade de vida - o tempo que viveremos... Solidão e isolamento aumentam o risco de doenças e de morte prematura, numa relação de 200 a 500 por cento em relação a outras causas... Quando estamos sozinhos, tendemos a comer demais, a trabalhar e a beber demais, a abusar das drogas ou a adotar outras práticas autodestrutivas..."

De acordo com Ornish, "Amor e intimidade estão na raiz do que nos faz doentes ou saudáveis, do que nos causa tristeza e do que nos traz felicidade, do que nos faz sofrer e do que conduz à cura... Não conheço nenhum outro fator considerado pela medicina - dieta alimentar, fumo, prática de exercícios, ou estresse, causas genéticas, drogas e procedimentos cirúrgicos - que tenha um impacto maior em nossa qualidade de vida, na incidência de doenças ou na ocorrência de morte prematura."

Numa observação pessoal, Ornish disse que conquistar sua própria saúde emocional "nada teve a ver com encontrar a pessoa certa, mas como ser a pessoa certa". 

Afastar pensamentos e emoções negativas e descobrir a paz interior, alegria e felicidade: esses são os objetivos. Você vai apreciar muito mais a vida. Avançará com mais consciência em seu caminho espiritual. E a sua alma vai se manifestar dentro de um corpo muito mais saudável e infinitamente mais resistente a doenças. Que esplêndida combinação! Mesmo que você ainda tenha resistência em relação às questões ligadas à espiritualidade, não há dúvida quanto aos benefícios físicos que pode obter das práticas e atitudes descritas aqui. Esses benefícios para a sua saúde representam fortes razões para você aceitar as sugestões contidas neste livro. Com o tempo, de alguma maneira, os efeitos físicos aparecerão. Você nada tem a perder e tem tudo a ganhar."

(Brian Weiss - A Divina Sabedoria dos Mestres - Ed. Sextante, Rio de Janeiro - p. 80/81)


TANTRA YOGA - SHIVA E SHAKTI (4ª PARTE)

No tantrismo, cabem tanto a convicção dualista como a monista. Uma não exclui a outra. É questão de nível de consciência. Seu propósito é libertar o jiva (alma individual) mediante um método que o eleve à verdade monista (ou não dualista) por intermédio da verdade dualista.* O praticante mergulhará na felicidade suprema quando conseguir transformar a dualidade em unidade. Arthur Avalon cita o própria Senhor Shiva:
No mundo, uns desejam a sabedoria monista, enquanto outros, o conhecimento. Aqueles, porém, que conheceram Minha Verdade, ultrapassaram tanto o dualismo como o não dualismo. (Citado por Pandit, M.P., in Studies in Tantras & Veda. Madras: Ganesh & Company)
A Realidade Última é Brahman (traduz-se por imensidão), a potencialidade infinita. Quando, por si mesmo, Brahman se move no propósito de manifestar algo de sua plenipotência, promove uma comoção que toma a forma de uma polaridade: Shiva (o equilíbrio estático, o eterno masculino) e Shakti (o equilíbrio dinâmico, o eterno feminino). Ele, a Consciência Suprema. Ela, a Energia dEle, aquela energia que gera universos. Cada universo nasce da fecunda união do Divino Casal. A fecundação cósmica é um ato de gozo transcendente, um folguedo (lila partilhado pelos celestiais esposos. O prazer sexual desfrutado por um par amoroso humano é parte ínfima do orgasmo cósmico gerador de universos, bem como do êxtase experienciado por um místico em seu mergulho unitivo no oceano da beatitude do Ser Supremo. 
O mesmo divino jogo (lila) dá existência a cada forma individual. Assim, cada coisa, cada homem é uma encarnação de Shiva e Shakti e é campo para o delicioso jogo do Senhor e sua Esposa. (Pandit, M. P., idem)
O Tantrismo é predominantemente, mas não exclusivamente, inspirado no culto ao Divino Casal Shiva-Shakti. Há tantristas que adoram outro Divino Par - Vishnu-Lakshimi. Existe também tantristas que veneram e cultuam predominantemente a Shakti, isto é, a Mãe Parvati, a Energia universal. Portanto, o Tantra tem três ramos: Shaivismo (dos adoradores de Shiva); Vaishinavismo (dos adoradores de Vishnu); e Shaktismo (dos adoradores de Shakti). (...)"

* Os dualistas (dwaitas) afirmam uma distinção e uma distância irredutíveis entre a alma e Deus, entre a matéria e Espírito. Os não dualistas ou monistas (adwaitas) veem somente um Uno sem segundo, portanto, não existem distâncias nem distinções a separar-nos do Ser, de Brahman. 

(José Hermógenes - Iniciação ao Yoga - Ed. Nova Era, Rio de Janeiro - p. 124/125)


domingo, 26 de maio de 2013

REMOVENDO OBSTÁCULOS PARA A FELICIDADE E PARA A ALEGRIA (1ª PARTE)

"Somos todos criados à imagem de Deus, e Deus está dentro de cada um de nós. Nossa natureza é predominantemente amorosa, pacífica, equilibrada e harmoniosa. Somos inerentemente solidários e capazes de compaixão. Somos almas.

Durante nossas vidas, uma camada de medo, ódio, tristeza, começam a desenvolver-se sobre nossa natureza original, acabando por cobri-la. Essa capa externa é intensificada e reforçada pelo que aprendemos em nossa infância e pelas experiências no correr da vida. Parecemos nos tornar o que não somos - pessoas irritadas e amedrontadas, cheias de insegurança, culpa e sentimentos de autodesvalorização. Esquecemos quem realmente somos.

Não precisamos aprender nada sobre o amor e o equilíbrio, sobre paz e compaixão, sobre perdão e fé. Sempre soubemos tudo isso. Pelo contrário, nossa tarefa é desaprender todas as emoções e posturas negativas que atormentam nossas vidas e que trazem a nós, à nossa comunidade e ao mundo tanta tristeza. Quando afastamos esses traços negativos, revelamos nossa verdadeira natureza, nosso próprio ser positivo e amoroso que elá estava, encoberto, ocultado, esquecido. Surge então nosso verdadeiro eu. Somos almas imortais e divinas, a caminho de casa. Debaixo das camadas de poeira, sempre fomos diamante.

Desapegar-se do medo, da raiva e de outras emoções negativas é importante para a saúde física e o bem-estar espiritual. Hoje em dia, sabe-se que o estresse mental (que inclui emoções negativas como o medo, raiva, ansiedade crônica e depressão) é uma das causas de doença e da morte. Nossos corpos são intimamente ligados a nossas mentes, e assim nossos estados de espírito facilmente se traduzem em sintomas físicos. O amor pode curar, o estresse pode matar. 

O New England Journal of Medicine, considerado o melhor periódico médico dos Estados Unidos, publicou, em janeiro de 98, um artigo detalhando o dano múltiplo que o estresse crônico pode causar ao sistema orgânico humano. 

Esse artigo relata que o estresse mental provoca a liberação de um complexo sistema de hormônios e outras substâncias no corpo. Quando esses hormônios não são rapidamente desativados, quando o estresse persiste e o corpo continua a produzir essas substâncias químicas, muitos órgãos são expostos a consequências nocivas. O estresse provoca uma modificação do ritmo cardíaco, da pressão sanguínea, dos níveis de açúcar no sangue, e aumenta a secreção de cortisona, um poderoso hormônio esteroide. 

O estresse também altera a secreção do ácido gástrico, de adrenalina e de outras substâncias químicas muito fortes, cuja produção só deveria ser acelerada em períodos limitados e específicos. O por de tudo, talvez, é que foi comprovado que o estresse deprime o funcionamento do nosso sistema imunológico, prejudicando nossa capacidade de lutar contra infecções e doenças crônicas, tais como o câncer e a AIDS.(...)"

(Brian Weiss - A Divina Sabedoria dos Mestres - Ed. Sextante, Rio de Janeiro - p. 78/80)


TANTRA YOGA - CARACTERÍSTICAS DO TANTRA (3ª PARTE)

"As diversas escrituras tântricas apresentam uma série de características comuns:

(1) Aceitam os vedas e não contestam os seis dharsanas ou ângulos de visão na interpretação dos Vedas (as seis "escolas filosóficas").
(2) Têm por objetivo salvar o homem da kali yuga.
(3) São democratizantes, pretendendo ajudar a todos. Ninguém é excluído por motivo de casta, cor, sexo, temperamento, tempo, lugar etc. Esta catolicidade ampla do tantra, em seu aspecto chamado dakshina, isto é, o "Tantra da mão direita", torna-o aceitável e assimilável pelas mais diferentes religiões. Até mesmo sem o saber, religiões ocidentais utilizam procedimentos litúrgicos e princípios tipicamente tântricos. 
(4) Enfatizam a prática, o exercício. Asseveram que os textos que são simples especulações intelectuais sobre a natureza última das coisas não chegam a saciar a sede espiritual, da mesma forma que só a leitura da bula não cura o doente. Tem de haver a experiência. Não somente theoria, mas também e muito mais a praxis
(5) Firmam que o ser humano precisa crescer, transformar-se e aprimorar-se para poder se libertar da mediocridade e das aflições deste mundo. 
(6) Recomendam a aceitação do mundo que nos envolve, exaltando cada coisa, nada descartando, mas colocando cada uma em seu justo lugar. O tantrismo, no entanto, fornece prescrições apropriadas para uma ordenação da vida segundo e seguindo as Leis da Natureza. Para o tantrista, este mundo material é tão real quanto os mundos sutis. Tudo é manifestação da mesma Shakti ou Divina Energia.
(7) As escrituras prescrevem uma particular forma de viver, apropriada ao temperamento e à natureza de cada indivíduo, seja ele quem for. Considerando o guna* dominante, há três espécies de temperamento: (a) pasubhava (tipo animal), para o qual o sadhana pode ser uma tremenda permissividade;(b) virabhava (tipo heróico) que tem por sadhana a devoção evoluindo da simples superstição até o bhakti mais sublimado pelo amor (prema) e pela ação benfazeja; e (c) divabhava (tipo áureo) ao qual é recomendada dhyana (meditação). O progresso de um tipo a outro é seguro àqueles que forem firmes na disciplina e sinceros em seus propósitos e suas aspirações de progresso. 
(8) A certeza científica é cultuada. Ter fé é dispensável, pois a eficiência do tantra é cientificamente demonstrável. Diz um Mestre:
Pratique o que dizemos e, por si mesmo, constate o resultado. Deixe a fé para depois."
Gunas  são as qualidades ou atributos de todos os seres do mundo material (prakritti). Os gunas são: sativa (harmonia, inteligência, bondade); rajas (agitação, paixão, tensão); e tamas (ignorância, torpor, maldade).

(José Hermógenes - Iniciação ao Yoga - Ed. Nova Era, Rio de Janeiro - p. 122/123)


sábado, 25 de maio de 2013

SOMOS FEITOS À IMAGEM DE DEUS

"As escrituras do mundo dizem que somos feitos à imagem de Deus. Se é verdade, por que não sabemos que somos imaculados e imortais, como Ele é? Por que não temos consciência de que somos personificação de Seu espírito? (...)

O que é mesmo que as escrituras dizem? "Aquietai-vos, e sabei que Eu sou Deus". "Orai sem cessar." (...)

Praticando regularmente a meditação iogue com séria atenção, chegará a hora em que subitamente você se dirá: "Ah! Não sou este corpo, apesar de usá-lo para me comunicar com o mundo. Não sou a mente, com suas emoções de ira, ciúme, ódio, ganância, inquietude. Sou este maravilhoso estado de consciência interior. Sou feito à divina imagem da bem-aventurança e do amor de Deus."

(Sri Daya Mata - No Silêncio do Coração - Self-Realization Fellowship - p. 37/38)


TANTRA YOGA - A DEMOCRATIZAÇÃO DO YOGA (2ª PARTE)

" (...) A palavra tantra deriva da raiz tan (espalhar, divulgar) e mais o sufixo tra (salvar). Significa, portanto, "divulgar para salvar". Talvez, seja mais apropriado entender o tantra como uma democratização do Yoga. Em meu trabalho ao longo das décadas, fui descobrindo que há um "Yoga para quem pode" e - graças a Deus! - um "Yoga para quem precisa". Até agora tenho me ocupado somente deste Yoga. O outro é elitista. Usamos o termo elitista no melhor sentido. Há realmente um número muito reduzido de pessoas formando uma abençoada e luminosa "elite espiritual" que tem virtudes e potencial suficiente para o altíssimo ônus de avançar por caminho estreitíssimo.

O tantra sastra ou escrituras tântricas consta de diálogos entre Shiva e sua esposa Parvati, ao longo dos quais importantes informações são divulgadas e verdades profundas são "des-veladas" com o misericordioso propósito de ajudar aqueles que, vivendo na "era das trevas", sinceramente anelem pela salvação. O Cristo declarou que viera, não para os bons, mas para os maus (os da kali yuga?).

Trata-se de diálogos entre o Senhor (a Consciência Suprema) e sua divina esposa também denominada Shakti (a energia cósmica criadora). Quando é Ela que pergunta e Ele responde, o texto é conhecido como agama, no caso contrário, nigama

Cada texto inclui os tópicos seguintes: (a) criação do universo; (b) sua destruição; (c) a adoração; (d) os exercícios espiritualizantes (Yoga); (e) os rituais e cerimônias; (f) as seis ações (kriyas) de purificação; e (g) meditação (dhyana). (...)"

(José Hermógenes - Iniciação ao Yoga - Ed. Nova Era, Rio de Janeiro - p. 121/122)


sexta-feira, 24 de maio de 2013

PROVAÇÃO - EGOÍSMO

"Há muitas outras formas de egoísmo, que podem retardar seriamente o progresso do discípulo. Uma delas é a negligência. Vi uma pessoa tão deleitada na leitura de um livro, que não apreciava interrompê-la para ser pontual; outra talvez escreva de qualquer jeito uma carta, sem reparar no incômodo que produzirá na vista ou ânimo de quem tenha de decifrar sua caligrafia. As pequenas negligências contribuem para reduzir a receptividade às influências superiores, desorganizar e atormentar a vida para outros e destruir o autodomínio e autoeficiência. A pontualidade e eficiência são condições essenciais para o cumprimento satisfatório da obra a realizar-se. Muitas pessoas são ineficientes. Quando se lhes confia um trabalho, não o concluem acabadamente e de mil modos se desculpam; ou se se lhes pede alguma informação, não sabem onde encontrá-la. As pessoas diferem muito neste particular. A alguém lhe podemos perguntar uma coisa e responderá: "Não o sei." Outro dirá: "Não o sei, mas o averiguarei", e volta com a informação solicitada. De análoga maneira, há quem diz que não pode fazer uma coisa e outro que persevera até fazê-la.

Contudo, em toda boa obra que o discípulo empreenda, tem de pensar no bem que aos demais acarrete e na oportunidade de servir com isso ao Mestre (pois ainda que seja minúcias materiais, têm muito valor espiritual), e não no seu bom karma daí resultante, o que seria outra forma muito sutil de egoísmo pessoal. Recordemo-nos das palavras de Cristo: "Tudo que fizestes ao menor de meus irmãos, a mim o fizestes."

Outros sutis efeitos da mesma espécie se vêem na depressão, na inveja e na agressiva afirmação de seus próprios direitos. Disse um adepto: "Pensai menos em vossos direitos e mais em vossos deveres." Há certas ocasiões, ao tratar de assuntos do mundo profano, que o discípulo possa achar necessário expressar gentilmente o que ele necessita, mas entre os seus condiscípulos não há lugar para tais direitos, e sim apenas oportunidades. Se um homem está contrariado, projeta sentimentos agressivos; e ainda que não chegue ao extremo de sentir ódio, anuvia densamente o seu corpo astral com riscos de anuviar também o corpo mental."

(C. W. Leadbeater - Os Mestres e a Senda - Ed. Pensamento, São Paulo - p. 91/92)


TANTRA YOGA - AS ERAS E AS ESCRITURAS (1ª PARTE)

"A tradição hindu fala de quatro eras ou yugas. Elas diferem quanto ao grau de obediência dos homens ao Sanathana Dharma, isto é, à "Lei Eterna", a lei que determina justiça, retidão, moralidade e inspira e fundamenta todas as religiões, pois é a essência eterna e única de todas elas. Cada yuga tem uma dada escritura (sastra) apropriada ao nível ético de sua humanidade. 

Na sathya ou krita yuga, também denominada "Era de Ouro", quando viveram santas criaturas, o Sanathana Dharma era plenamente cumprido, sendo os vedas ou shruti* sua escritura adequada. Na treta yuga, a retidão já perdera 1/4, e sua escritura foi smriti, isto é, a sabedoria que fora guardada na memória (smriti).** A yuga seguinte chamou-se dvapara. Nela, do dharma (retidão, dever, justiça) sobrara apenas a metade. A escritura que os seres humanos deveriam então estudar, compreender e aplicar é chamada purana. A presente yuga é chamada kali (treva, escuridão). Em nossos dias, apenas 1/4 da ética ainda resta. Dizem os teóricos que a escritura que hoje nos resta seguir é o tantra. 

Os vedas, os smritis e os puranas*** agora perderam então sua validade ou são contraindicados para nós, contemporâneos da "Idade das Trevas"? A resposta é um veemente "não". Estas preciosas escrituras são eternamente válidas por serem apropriadas a homens e mulheres, que, embora vivendo durante a kali yuga, graças a esforços evolutivos que realizaram nesta e em encarnações anteriores, pertencem efetivamente a yugas mais primorosas. Numa mesma família podem conviver pessoas de diversos graus de consciência, cada uma afinada a uma yuga diferente. 

Neste caldeirão de violência, vícios e corrupção de nossos dias, a predominância é da personalidade que eu tenho diagnosticado como "normótica". Nossa "normalidade", aceitemos ou não, é mórbida, pois estamos na "era de kali". Se optarmos por um status ético, psíquico e espiritual  acima da "normose" dominante, não podemos evitar desajustar-nos da coletividade. Devemos dispor-nos a pagar o preço de sermos diferentes da mediocridade; temos de aceitar o status de "patinho feio", aquele da história. Mas é compensador assumir corajosamente uma abençoada e sadia "anormalidade", com cuidado de não tornar nossa diferença agressiva aos outros. É uma feliz opção, mas acarreta sacrifício. (...)"

* Shruti literalmente significa escutar. Os vedas é a sabedoria que foi escutada.
** Smriti - da raiz smar, lembrar. É o conhecimento que foi conservado de memória daquele que foi escutado (shruti).
*** Os purunas ensinam as verdades védicas sobre a criação, destruição e renovação do universo, sobre a genealogia dos deuses e patriarcas e o reino dos legisladores divinos (manus), entremeadas com observações éticas, filosóficas e científicas, mas tudo em caráter lendário. 

(José Hermógenes - Iniciação ao Yoga - Ed. Nova Era, Rio de Janeiro - p. 120/121)


quinta-feira, 23 de maio de 2013

FAÇA AFLORAR A IMORTALIDADE OCULTA DE SUA ALMA

"Tudo que o Senhor criou foi feito para testar-nos, para manifestar a imortalidade da alma, que está encerrada dentro de nós. Essa é a aventura da vida, o seu único propósito. E a aventura de cada pessoa é diferente, única. Você deve estar preparado para lidar com todos os problemas de saúde, da mente e da alma mediante o uso dos métodos do bom senso e da fé em Deus, sabendo que, na vida ou na morte, sua alma permanecerá invencível. Você jamais pode morrer. “As armas não podem ferir a alma; o fogo não pode queimá-la; a água não pode molhá-la; nem pode o vento ressecá-la. (...) A Alma é imutável, tudo permeia, está perenemente tranquila e inamovível.” Você é, eternamente, a imagem do Espírito.

Não é libertador para a mente saber que a morte não pode matar? Quando a doença chega e o corpo para de funcionar, a alma pensa: “Morri!” Mas o Senhor sacode a alma e diz: “O que é isso! Você não morreu. Não continua pensando?” (...) “Não é tão terrível assim. Foi somente a minha consciência temporária da vida terrena, de ser um corpo físico, que me induziu a crer que perdê-lo seria o meu fim. Eu tinha esquecido que sou alma eterna.”"

(Paramahansa Yogananda – Viva sem Medo – Self-Realization Fellowship - p. 08/09)


PROVAÇÃO - EFEITOS DA IRRITABILIDADE

"A irritabilidade é um obstaculo muito frequente. Como já disse, é muto fácil irritar-se no meio do mundo civilizado, onde o homem vive sempre em alta tensão. Vivemos numa civilização de torturante bulício que irrita e desequilibra os nervos. É muito frequente as pessoas sensitivas, depois de experimentar os efeitos do ambiente da cidade, voltarem a suas casas completamente exaustas e alquebradas. Muitos outros fatores contribuem, mas a fadiga, o cansaço, provêm principalmente do incessante estrépito e da opressora influência de multidão de corpos astrais que vibram a padrões mui diversos, e todos eles excitados e conturbados por bagatelas. Nestas circunstâncias é deverás difícil evitar a irritabilidade, e especialmente o discípulo cujos veículos são mais sensitivos e estão mais tensos que os do homem comum. 

Por certo está irritação é algo superficial, sem profunda penetração; porém é muito melhor evitar mesmo a irritação superficial, pois seus efeitos perduram mais do que costumamos imaginar. Nas tormentas marinhas, o vento começa levantando as ondas, mas estas continuam inchadas até muito depois de acalmado o vento. Tal é o efeito produzido pela água, que é relativamente pesada. Mas a matéria do corpo astral é muito mais leve que a da água e as vibrações que se produzem em sua massa penetram mais profundamente e geram, portanto, efeitos mais duradouros. Um leve pensamento sinistro que só permaneça na mente por dez minutos pode produzir no corpo astral um efeito que persista durante quarenta e oito horas. As vibrações não se acalmarão se não depois de passado muito tempo.

Quando alguém constata uma falha destas em si, pode mais facilmente eliminá-la não lhe focalizando a atenção, mas esforçando-se por desenvolver a virtude oposta. Uma maneira de fazê-lo consiste em assestar firmemente o pensamento contra ela, mas não resta dúvida que está prática suscita oposição no elemental mental e astral, de sorte que um melhor método é procurar desenvolver a consideração por outros, baseada por certo, fundamentalmente, em seu amor por eles. Um homem cheio de amor e consideração não se permitirá falar ou mesmo pensar irascivelmente de outros. Quem esteja saturado dessa ideia, colherá o mesmo resultado sem excitar a oposição dos elementais."

(C. W. Leadbeater - Os Mestres e a Senda - Ed. Pensamento, São Paulo - P. 90/91)


quarta-feira, 22 de maio de 2013

A MANIFESTAÇÃO DE DEUS NAS ENCARNAÇÕES DIVINAS

"Em um universo inescrutável, confrontar-se com uma vida de mistérios não solucionados e insolúveis seria, na verdade, um desafio avassalador para meros mortais, não fosse pelos emissários divinos que vêm à Terra falar com a voz e a autoridade de Deus, para orientação do homem. Há milênios, nas remotas idades superiores da Índia, os rishis proclamaram a manifestação da Beneficência Divina, do "Deus conosco", como encarnações divinas, avatares: Deus encarnado sobre a terra em seres iluminados.(...)

Muitas são as vozes que serviram de intermediários entre Deus e o homem: os avatares khanda, ou encarnações parciais em almas que conhecem Deus. Menos comuns são os avatares purna, seres libertos que se unificaram totalmente com Deus; seu retorno à Terra visa cumprir uma missão designada por Deus. Na sabrada Bíblia hindu, o Bhagavad Gita, o Senhor declara:
"Sempre que a virtude declina e o vício predomina, Eu Me encarno como Avatar. Apareço em forma visível, era após era, para proteger os virtuosos e destruir a prática do mal, a fim de restabelecer a justiça."
A mesma - e única - gloriosa consciência infinita de Deus, a Consciência Crística Universal, Kutastha Chaitanya, assume roupagens familiares na individualidade de uma alma iluminada, com os adornos de uma personalidade peculiar e de uma natureza divina adequadas à época e ao propósito dessa encarnação. Sem tal intercessão do amor de Deus - que vem à Terra no exemplo, na mensagem e na mão orientadora de Seus avatares - seria praticamente impossível para a humanidade, em sua busca tateante, encontrar o caminho para o reino de Deus, em meio ao sombrio miasma da ilusão mundana, que é o substrato cósmico da morada do homem. A fim de que Seus filhos, envoltos em trevas, não se percam para sempre nos labirintos enganosos da criação, o Senhor vem, muitas vezes, na forma de profetas divinamente iluminados, para aclarar o caminho. (...)

Jesus foi precedido por Gautama Buda, o "Iluminado", cuja encarnação relembrou a uma geração negligente o Dharma Chakra ou a roda do karma em constante rotação - ações iniciadas pela própria pessoa e os efeitos dessas ações, que fazem com que cada homem, e não um Ditador Cósmico, seja responsável por suas condições atuais. (...)

A intercessão divina para mitigar a lei cósmica de causa e efeito (karma), pela qual o home sofre por causa de seus erros, estava no âmago da missão de amor que Jesus veio cumprir. (...) Jesus veio para demonstrar o perdão e a compaixão de Deus, cujo amor nos protege até mesmo da rigorosa lei.

O Bom Pastor de almas abriu seus braços a todos, a ninguém rejeitando, e com amor universal incitou o mundo a segui-lo no caminho da libertação, por meio do exemplo de seu espírito de sacrifício, renúncia, perdão, amor tanto pelos amigos quanto pelos inimigos e, acima de tudo, supremo amor por Deus. Como um pequeno bebê na manjedoura de Belém e como o salvador que curava os doentes, ressuscitava os mortos e aplicava o bálsamo do amor sobre as chagas dos erros, o Cristo em Jesus viveu entre os homens como um deles, para que também eles pudessem aprender a viver como deuses."

(Paramahansa Yogananda - A Yoga de Jesus - Self-Realization Fellowship - p. 03/04)  


O DESCORTINO QUE LEVANTA O VÉU DA NATUREZA


"Podemos tornar a vida sempre renovadamente interessante, completamente fascinante, de modo a ficarmos deslumbrados com tudo na criação do Senhor. Como? Abstenha-se de olhar só para o exterior; veja a Mão de Deus por trás de tudo. Contemple as flores; como é fascinante sua beleza, como é maravilhoso que, de minúsculas sementes, com tantas delas parecendo iguais, emergirão tantos padrões multiformes de beleza. A maravilha disso é embriagadora.

A maioria da humanidade vive uma vida superficial, nunca pensa profundamente em nada, busca sempre novas emoções sensuais. O resultado é que a vida torna-se enfastiada e vazia. O mal-estar espiritual está hoje muito difundido no mundo.

Paramahansa Yogananda ensinava-nos a apreciar até um grão de areia – nem dois grãos são iguais – e a observar as flores, as árvores, e a admirar as belezas nelas. Com ele aprendemos a ter na mais alta consideração  todas as criações de Deus, vendo o seu Criador por trás das formas materiais. Quando a pessoa aprende a viver nesse espírito, vê as belezas da natureza até aqui ocultas – enxerga a caligrafia de Deus através do vasto céu azul. Esse descortino, que levanta os véus da natureza para revelar Deus, decorre da contínua prática da presença de Deus. Tudo na vida, as multidões, os muitos, podem ser em última instância reduzidos a Um. Deus é o grande Denominador Comum de toda a criação, de toda a humanidade. Conserve-O sempre em seus pensamentos, não importa o que esteja fazendo. Esse é o significado da karma yoga, assim como da bhakti yoga."

(Sri Daya Mata – Só o Amor – Self-Realization Fellowship - p. 117/118)


terça-feira, 21 de maio de 2013

VOCÊ VENCE A VIOLÊNCIA QUANDO DOMINA O MEDO E O SUBSTITUI PELO AMOR

"Violência é muito mais do que infligir danos físicos a outras pessoas. Algumas formas de violência podem ser mais devastadoras do que as do tipo físico.

A violência pode ser muito sutil. Discriminar as pessoas, estabelecendo um separação entre nós e eles é um ato de violência. Priorizar as diferenças entre as pessoas, em vez de valorizar o que elas têm em comum, inevitavelmente, cedo ou tarde, leva a violência.

Tememos o outro. Projetamos nele aquilo que odiamos em nós mesmos, nossas falhas e fracassos. Nós o culpamos pelos nossos problemas, em vez de olhar para nós mesmos. Tentamos resolver nossos problemas dando um jeito neles e, frequentemente, com o uso da violência. 

Os locais cujo acesso é vedado a determinados grupos humanos são lugares violentos. Podem ter a aparência de uma esplêndida praia, um luxuoso elevador social, um clube sofisticado. Mas violência está presente. Ali existe o nós e o eles. Os outros não são como nós. São inferiores. Não podemos confiar neles. São perigosos e devem ser temidos. Quando distribui seu carinho e generosidade para aqueles que parecem diferentes, você domina o medo e o substitui pelo amor. É assim que vencemos a violência. E que realizamos nosso destino. 

Ouvi dizer que quando a poeta Maya Angelou escuta algum comentário preconceituoso contra qualquer grupo, ela, imediatamente e com firmeza, pede: "Pare com isso!" E escuta-se sua voz majestosa ressoar numa festa superlotada, sempre que alguém conta uma história ou uma piada preconceituosa. É uma técnica maravilhosa. Se todos fizéssemos a mesma coisa. a intolerância e o preconceito diminuiriam e poderiam, quem sabe, desaparecer. Mas dizer: "Pare com isso!" exige muita coragem. Teríamos que pedir a nossas famílias, amigos, colegas, patrões e mesmo a estranhos que abandonassem seu comportamento raivoso. Teríamos que estar especialmente atentos a nós mesmos.

Estamos nadando contra a corrente do amor quando discriminamos os outros, por serem diferentes. Porque o amor nos diz que todos estamos ligados, que somos iguais, que somos todos a mesma coisa."

(Brian Weiss - A Divina Sabedoria dos Mestres - Ed. Sextante, Rio de Janeiro - p. 131/132)


TODO DIA É BOM QUANDO VOCÊ O UTILIZA PARA DEUS

"Utilize esses dias como pontos de partida para reverenciar a Forma Divina que você tenha escolhido para cultuar, a Forma que apele para seus mais íntimos anseios. Não atribua o mal a um dia qualquer ou a qualquer astro. Todo dia é bom quando você o utiliza para Deus. Todo astro é bom, contanto que forneça sua luz para guiar seus pés para Deus. (...)

Os homens estão ansiosos por conquistar a felicidade, e quando há perspectiva de alcançar felicidade duradoura, saltam sobre a ideia, mas, cedo se dão por cansados para o esforço. Buscam atalhos, sobrecarregam os outros, com o transporte da carga que lhes pertence, e desejam frutos abundantes em retorno a seu pequeno cultivo. Rigorosa disciplina e fé inabalável, no entanto, são absolutamente necessárias para a vitória na batalha espiritual. O simples escutar discursos, ou mesmo fazê-los, será de nenhuma utilidade. Para manter tal disciplina, é preciso controlar os sentidos, os quais arrastam a mente para agradáveis atrações do mundo externo. Manter firme fé exige que se controle a mente caprichosa, a qual pinta quadros atraentes com falsas cores que seduzem você a vagar de um nascimento a outro."

(Sathya Sai Baba - Sadhana O Caminho Interior - Ed. Nova Era, Rio de Janeiro - p. 166)


segunda-feira, 20 de maio de 2013

ALMAS REDIMIDAS VIGIAM E SOFREM

"Ter anseio pela Realização Espiritual é divino. Ter ansiedade por qualquer coisa, mesmo as espirituais, não é prudente.
Almas redimidas, reinantes no além dos aléns, vigiam e sofrem.
Sofrem pelo que somos, pelo que fazemos, desejamos, sentimos, dizemos e pensamos.
Sofrem pelo que sofremos.
Choram pelo que ainda não conseguimos ser, pelo que ainda não deixamos de fazer, pelo que esquecemos de querer, pelo pranto que ainda choramos, pelos desvios que inventamos e frequentamos, pelas destruições que multiplicamos, pelos conflitos que nutrimos, pelas pseudonecessidades que produzimos, pelos vícios que instruímos, por todos os desatinos, por nossos tontos destinos, pelas guerras, violências, domínios e predomínios, exclusivismos, perversões, diversões, pelo incêndio que estupidamente acendemos em nós, nos outros e no mundo. 
As almas libertas têm ainda um "pecado" - o angustiante anseio de salvar-nos. 
Ai de nós de elas renunciarem a tal anseio! Ai de nós se nós as convencermos da inutilidade de suas lágrimas espalhadas e visíveis todas as noites em cristalinas estrelas. 
Se elas nos deixarem, para elas será o Nirvana.
Para nós... Nem quero pensar."

(Hermógenes - Mergulho na Paz - Ed. Nova Era, Rio de Janeiro - p. 70/71)


HUMANIDADE D'AQUÉM E D'ALÉM

"Não fales, meu amigo, em nome da humanidade!
A humanidade não é esta que nosso planeta habita...
Esta é apenas diminuta parcela da humanidade total...
Esta é parte mesquinha da humanidade sublime...
Vivem neste mundo mais de quatro bilhões de homens, diz a ciência.
Centenas de bilhões já passaram por este planeta - e se foram...
Para onde se foram eles...
Não se sumiram no vácuo e no nada...
Sabemos que o espírito imortal, uma vez que existe, para sempre pode existir.
Vive aqui a pequena humanidade - vive acolá a grande humanidade...
Nem somos a centésima parte do que eles são...
Nós somos os sonâmbulos - eles os acordados...
Acordados na luz eterna - se forem filhos da luz...
Agora, profanos - então, iniciados...
Agora, semivivos - então, plenivivos...
Agora crentes ou descrentes - então videntes ou voluntariamente cegos...
Nós aqui ignoramos se valeu a pena termos nascido - deles se sabe se a colheita valeu a sementeira...
Nós, ainda no invólucro desta vida mortal - eles sem máscara nem véu ao sol da verdade...
Nós, os principiantes, tateamos ao longo da estrada - eles, os avançados, se aproximaram da meta.
Hoje, no mundo material - amanhã, num ambiente imaterial...
Feliz do homem que no aquém tem fé no que verá no além...
Feliz de quem, olhando para a aurora, aguarda o sol meridiano!...
Feliz de quem segue o "fio de Ariadne" - que do labirinto das trevas o conduzirá ao mundo da luz!...
Feliz de quem sofre o "espelho do enigma" das coisas presentes - para ver face a face as coisas futuras!...
Mais de 510 milhões deixam anualmente o mundo dos visíveis - e entram no mundo dos invisíveis...
Tombam milhões de gotinhas humanas das nuvens do aquém - no oceano imenso do além...
E amanhã - cairá esta gotinha também...
Cairá a tua, meu amigo...
Cairá a minha...
Voltando para donde veio...
Ao seio de outros mundos...
Rumo à meta final."

(Huberto Rohden - De Alma para Alma - Ed. Martin Claret, São Paulo - p. 201/202)


domingo, 19 de maio de 2013

SEGURE-SE FIRME EM DEUS - ELE PODE AJUDÁ-LO

"Devemos ter fé em que, sejam quais forem as experiências que nos sobrevenham, elas trazem a vontade e a bênção de Deus. Não têm o propósito de nos punir, mas de nos fortalecer e de testar nosso amor. Aquele que está sempre guiando nossas vidas é Deus. Na medida em que você segurar firme a mão de Deus, Ele poderá ajudá-lo. Retire a mão, por ressentimento ou porque sua fé se enfraqueceu com o sentimento de que você não está recebendo o que o mundo chamaria de tratamento justo, e saiba, com certeza, que está se afastando da própria Fonte de tudo o que você está buscando. Essa grande verdade é um fato da vida, reiteradamente demonstrada.

Lembre-se de que recebemos neste mundo exatamente o que damos. Não é Deus que nos pune; nós criamos as causas de nossas experiências dolorosas, com nossas ações errôneas, desta e de vidas passadas. A causa é igual ao efeito, e o efeito é igual à causa. Não duvide disso por um momento sequer, Empenhe-se sempre em criar a causa que manifestará o efeito desejado. A causa máxima que podemos colocar em movimento é o amor ativo, consciente e sempre crescente por Deus. Só Ele pode produzir em cada devoto a total satisfação de todos os seus desejos. Nunca devemos perder de vista essa verdade."

(Sri Daya Mata – Só o Amor – Self-Realization Fellowship - p. 111/112)


A LUZ DE DEUS DESTRÓI A ESCURIDÃO

"Todos os hábitos e humores que afastam a mente de Deus podem ser vencidos com sua substituição por pensamentos positivos de contentamento, boa vontade, alegria, altruísmo, amor, bondade, compaixão. Quando você desperta essas qualidades internamente, os outros hábitos de cobiça, egoísmo, raiva, ódio, ciúme, má vontade, paixão vão dissipar-se gradualmente. Você não pode afastar a escuridão de um quarto queixando-se de que não consegue ver, ou fustigando-a com uma vara. Existe apenas um meio para remover a escuridão: introduzir a luz. Da mesma forma, o meio para remover a ignorância não é alongar-se em autocomiseração ou culpar outra pessoa por nossa escuridão interna, mas introduzir a luz de Deus. Ascenda a luz da sabedoria dentro de você, e toda a escuridão de séculos se desvanecerá.

Os devotos que vivem na consciência de Deus descobrem que estão sempre centrados Nele, que a mente está constantemente girando em torno de algum aspecto do Divino: meu Deus, meu Pai, minha Mãe, meu Filho, meu Amigo, meu Bem, meu Amado, meu Amor. Quanto mais se esforçar para manter-se firme nessa consciência, tanto mais rapidamente a pessoa perceberá dentro de si a mesma Imagem Divina que reside em cada um de nós."

(Sri Daya Mata - Só o Amor - Self-Realization Fellowship - p. 90)


sábado, 18 de maio de 2013

O CAMINHO DA TOLERÂNCIA (PARTE FINAL)

" (...) Os homens que gostariam que houvesse apenas uma religião, uma filosofia e uma visão de vida são como cegos que exigissem que não houvesse cores no mundo. O sol da verdade brilha sobre as mentes diferentemente constituídas dos homens, dando a cada uma delas o que precisa para sua nutrição, e as porções não usadas estão sempre fluindo de volta, como cores aos olhos dos outros. A não ser que você queira um universo sem cores na matéria e no pensamento, por que não se alegra com as diferenças de constituições que pintam o mundo mental e material com matizes inumeráveis? Assim, olhando para todas as diferentes visões à nossa volta, vemos o valor de sua variedade na riqueza e na beleza de nossas visões da verdade. 

Estudar sem empatia é ver os defeitos; estudar com empatia é ver a graça. Você nunca entenderá a beleza de uma crença e seu poder sobre as mentes de seus seguidores até que a tenha estudado com os olhos do amor e da empatia, e sentindo em si as vibrações que ela desperta. Se quiser ser um verdadeiro amante da sabedoria divina, eleve-se acima da intolerância que pretende indicar o caminho e alcance a liberdade de espírito onde a verdade é encontrada. Estude aquilo com o que você não concorda mais do que aquilo com o que você concorda. Dia após dia, familiarize-se com os pontos de vista dos outros, em vez de manter os olhos fixos sobre um objeto a partir do mesmo ponto de vista. 

Aprenda com aqueles de quem você discorda mais do que com aqueles com quem concorda; dessa maneira você será múltiplo como os múltiplos aspectos da verdade. Finalmente, quando você se elevar à magnificência do conhecimento perfeito, descobrirá que cada fragmento tem seu lugar no todo, e que cada religião é uma nota no poderoso acorde que fala de Deus ao homem. 

Pratique isso em sua vida e admire a tolerância em teoria, para tentar corrigir a intolerância natural da humanidade; busque em cada pessoa e em cada opinião o bem, não o mal. Deixe que sua primeira impressão de um livro seja a favorável, não a hostil; deixe que a primeira impressão de um homem sejam suas virtudes, não seus vícios. Pois, quanto melhor ele lhe parecer, mais você estará vendo o eu que tenta se manifestar através de sua mente e corpo. Os erros são apenas nuvens que tapam o sol; quanto mais alto o sol se eleva, mais claro se torna, e à medida que brilha, as nuvens desaparecem e o verdadeiro eu pode ser visto."

(Annie Besant - Revista Sophia nº 43 - Ed. Teosófica, Brasília - p. 06/07)


TODO PENSAMENTO DEVE ESTAR DIRIGIDO PARA A PURIFICAÇÃO DA MENTE

"A mente deve estar livre de ansiedade e preocupação, de rancor e medo, de ambição e orgulho. Deve estar saturada com amor por todos os seres. Tem de buscar menos os prazeres objetivos. Nenhum pensamento baixo deve nela penetrar. Todo pensamento deve ser dirigido para a ascese (thapas) mental.

Tratemos do thapas físico: use o corpo, com sua força e suas capacidades, para o serviço aos outros, para adoração ao Senhor, para cantar Sua Glória, para visitar lugares santificados por Seu Nome, para manter os sentidos longe dos caminhos deletérios, e para trilhar a senda para Deus. O auxílio ao doente e ao sofredor, a observância dos códigos morais e tais atos beneficentes devem tornar o corpo sacrossanto.

O thapas verbal igualmente deve ser observado. Evite falar muito, desista de afirmações veementemente categóricas; não se delicie em sarcasmos e murmurações escandalosas; não fale agressivamente; fale docemente, com suavidade; fale lembrando-se de Deus, sempre no background da mente.

Destas três disciplinas ou aceses (thapas) - física, mental e verbal -, desde que uma só esteja ausente, a efulgência átmica (crística) ou atmjyothi (Luz Divina) não pode irradiar seu esplendor. A lamparina, o pavio e o óleo são indispensáveis na produção da luz. O corpo é a lamparina. A mente é o óleo. A língua, o pavio. Todos três devem estar em condições aptas."

(Sathya Sai Baba - Sadhana O Caminho Interior - Ed. Nova Era, Rio de Janeiro - p. 164)


sexta-feira, 17 de maio de 2013

O CAMINHO DA TOLERÂNCIA (1ª PARTE)

"A tolerância não pode ser confundida com uma desdenhosa permissão para que aqueles que consideramos equivocados sigam seu caminho rumo ao erro. Também não é a orgulhosa presunção que diz "sim, eu lhe tolero, permito que expresse seus pontos de vista." Tolerância implica o reconhecimento definitivo de que cada indivíduo deve ser livre para escolher seu próprio caminho, sem que o outro interfira na estrada que ele escolheu. 

Ser tolerante significa não julgar nem criticar os outros, com vistas a limitar suas opiniões ou conceder-lhes permissão para tê-las. A pessoa tolerante compreende e se curva à verdade do grande ditado sufi: "Os caminhos para Deus são tantos quantos os alentos dos filhos dos homens". Ou ao profundo significado das palavras de Krishna: "Qualquer que seja a estrada pela qual o homem se aproxime de mim, nessa estrada eu lhe dou as boas-vindas, pois todas as estradas são minhas." 

A pessoa realmente tolerante renuncia completamente a qualquer tentativa de apontar uma estrada que todos devam trilhar. Ela vê que, quando o espírito humano busca Deus, quando a inteligência humana tenta se elevar até o divino, quando o coração humano está sedento pelo contato com sua fonte, a estrada para Deus está sendo trilhada, e o trilhar inevitavelmente levará à meta. 

Os caminhos são diferentes porque as mentes dos homens são diferentes, porque seus corações são diferentes, porque cresceram ao longo de diferentes linhas de pensamento que foram acostumados desde tempos imemoriais a uma variedade de crenças religiosas, de pontos de vista e de concepções. Elas são úteis, e não prejudiciais, pois a verdade é tão multifacetada que pode ser vista a partir de pontos de vista diferentes, e cada nova visão é um acréscimo, não um impedimento. Estudar as visões diferentes das nossas, tentar aprender pacientemente a partir do ponto de vista do outro, ver o que ele vê - é assim que se desenvolve a visão que por fim verá toda a verdade, e não apenas um fragmento dela. Quanto mais estudamos, quanto mais compreendemos a unidade enquanto estudamos a diversidade, melhor conhecemos sua grandeza. (...)"

(Anne Bessant - Revista Sophia nº 43 - Ed. Teosófica, Brasília - p. 05/06)


PLANTE BONS HÁBITOS E COLHA RESULTADOS COMPENSADORES


"Se semear gentileza, você colherá gentileza. Se, porém, você for amável com alguém durante anos e ele nada lhe deu exceto dissabores, lembre-se de que em prévias existências você plantou sementes de descortesia que agora estão trazendo seus justos frutos. Você precisa ter paciência; espere que as sementes que lançou agora produzam frutos na estação certa. Você não pode plantar uma semente hoje e obter uma árvore cheia de frutas amanhã. No devido tempo, a semente produzirá uma árvore. Plante bons hábito hoje, espalhe bondade hoje, neste mundo: em seu próprio tempo, produzirão resultados compensadores. Se o fruto que você está colhendo hoje é azedo, não se lamente por isso, nem sinta pena de si próprio. Você mesmo plantou as sementes que estão produzindo essa fruta amarga. Aceite a situação como homem, por assim dizer. Levante-se e aceite o dissabor com coragem e paciência. Aceite-o com fé em Deus."

(Sri Daya Mata – Só o Amor – Self-Realization Fellowship - p. 35)


quinta-feira, 16 de maio de 2013

LAYA YOGA - CURTINDO O SOM NADA (PARTE FINAL)

"Se você for teimoso e insiste em aprofundar-se nesta forma de laya, deve estudar o clássico The Serpent Power, de Arthur Avalon (Ganseh & Co. Madras). É o mais sério e informativo tratado de Kundalini Yoga (nome específico desta espécie de Laya Yoga). Acima de tudo, para sua segurança, evite confiar a qualquer um que se proponha a ajudá-lo. As consequências dramáticas costumam ser irreversíveis. Evite também "gurus" e cursos pagos que se proponham a desenvolver poderes paranormais, os chamados siddhis inferiores. Meu dever é alertar. Sua felicidade está em jogo. (...)

Uma forma menos difícil e menos perigosa de Laya Yoga consiste em escutar os sons internos, denominados nada. São de explicação difícil, mas os instrutores dizem que eles são as vozes dos diferentes chakras.

Sentado numa das posturas (asanas) de meditação (padmasana ou siddhasana), e servindo-se de mudras especiais (gestos eficazes), desligado em relação às impressões sensórias do mundo de fora (pratyahara), concentre-se na sua música interior e se encante com as vozes dos chakras. E a mente inflexivelmente concentrada sobre um dos variados sons, deve segui-lo até que ela se dissolva e sobrevenha o samadhi ou laya. Pode parecer fácil, mas longe está de ser. Se não conseguir não se aborreça, e se entregue à busca do essencial, que é encontrar a Verdade, seu verdadeiro Ser."

(José Hermógenes - Iniciação ao Yoga - Ed. Nova Era, Rio de Janeiro - p. 118/119)