OBJETIVOS DO BLOGUE

Olá, bem-vindo ao blog "Chaves para a Sabedoria". A página objetiva compartilhar mensagens que venham a auxiliar o ser humano na sua caminhada espiritual. Os escritos contém informações que visam fornecer elementos para expandir o conhecimento individual, mostrando a visão de mestres e sábios, cada um com a sua verdade e experiência. Salientando que a busca pela verdade é feita mediante experiências próprias, servindo as publicações para reflexões e como norte e inspiração na busca da Bem-aventurança. O blog será atualizado com postagens de textos extraídos de obras sobre o tema proposto. Não defendemos nenhuma religião em especial, mas, sim, a religiosidade e a evolução do homem pela espiritualidade. A página é de todos, naveguem a vontade. Paz, luz, amor e sabedoria.

Osmar Lima de Amorim


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terça-feira, 21 de fevereiro de 2017

KARMA INDIVIDUAL E KARMA COLETIVO (PARTE FINAL)

"(...) 6. Karma Universal. Esse refere-se a toda a Raça Humana, aos Deuses dos Poderes Celestiais, e a toda a classe de seres desenvolvidos num Sistema Solar. Cada planeta está destinado a desenvolver-se ao longo de cer­tas linhas, mas ao fim todos se encontrarão. Devemos, porém, estender a influência do Karma Universal para além da sepultura, porque a unidade espiritual de todos os seres não pode ser alterada, de forma alguma, pelo simples desprendimento do corpo. Os que sofrem nos Nârakas, ou Infernos, ou Purgatórios — seja como for que gostemos de chamá-los, precisam ao máximo da nos­sa ajuda. Naquelas profundas e escuras regiões do Mun­do Astral, onde as paixões violentas estão sendo trabalhadas para se extinguirem — profundas, sujas, miseráveis e sem raios, onde os mais degradados, e aparentemente de uma irreparável maldade, afundam, de forma inevitá­vel, rastejantes, em densa obscuridade e escuridão, cum­pre-nos encontrar outro campo de trabalho. Muitas pes­soas fazem um bom trabalho entre os seus habitantes, e cada bom pensamento ajuda um pouco, cada sentimen­to de amor por eles é um bálsamo. Melhor ainda, cada poderosa 'oração-desejo' pela sua libertação é potente. Devemos compreender que nossos bons pensamentos, e as forças superiores dos que estão acima de nós, são as únicas migalhas de luz e conforto que eles chegam a ter. Luz e mais luz! Alívio das dores cruéis! Dores de apeti­tes que não podem ser satisfeitos! Gritos de socorro vin­dos da escuridão! Eles, com certeza, despertam nossa compaixão, porque anseiam pela visão de um rosto sobre o qual um raio de amor deslize e abençoe, pelo toque de uma mão que possa curar e erguer. O Cristo desceu aos Infernos: o Buda também fez a mesma coisa, porque Seu amor incluía os mais baixos planos do Cosmos. O amor humano pode ajudar a apagar o fogo por ele mesmo ace­so, e os Mestres mostram a forma, como a história e a lenda dizem. De Orfeu — o Grande Mestre da antiga Gré­cia, cuja verdadeira vida está envolvida em Mitos divinos — aprendemos que ele desceu aos Infernos. A maioria das religiões tem ensinado essa doutrina. Os judeus, ou pelo menos alguns grupos deles, acreditavam nisso, por­que lemos no Segundo livro dos Macabeus, xii, 46: 'É um pensamento santo e saudável orar pelos mortos, a fim de que eles possam libertar-se de seus pecados.' En­tre os hindus, dois dos 'Cinco Atos de Culto' (cinco Yajnas) são o Pitri-Yajna e o Bhuta-Yajna, ou reverência e lembrança pelos ancestrais e por toda a classe de espíritos. Oferecem libações e presentes pelo bem-estar deles. (...)

A cerimônia budista do Pitri é feita em benefício dos espíritos e almas dos que partiram. Os antigos perua­nos e os egípcios foram muito devotos nesse particular. Entre os cristãos, a vasta maioria acredita nas preces pelos mortos, a saber, as Igrejas Romana e Grega, bem como algumas das divisões Protestantes. Os moradores do Naraka são, portanto, ajudados pelas nossas 'preces-desejos', tanto quanto seus Karmas o permitirem, e não po­demos saber quanto isso será. Embora não possamos ti­rar deles as suas cargas, ainda assim podemos, às vezes, encurtar sua estada ali, ou melhorá-la até certo ponto. O Karma Universal opera nos Três Mundos do Tribhuvana e, tal como podemos auxiliar os que partiram, os que estão no Devachan podem auxiliar-nos."

(Irmão Atisha - A Doutrina do Karma - Ed. Pensamento, São Paulo - p. 33/34

domingo, 19 de fevereiro de 2017

KARMA INDIVIDUAL E KARMA COLETIVO (4ª PARTE)

"(...) 2. Karma de Família. No Capítulo IV, tratando da hereditariedade, vimos como os membros de uma famí­lia se afetam mutuamente. O bom ou o mau Karma de um membro pode, às vezes, afetar toda a família, mas até que ponto afetamos uns aos outros não é possível a um mortal comum saber, pois esse relacionamento é de­masiado complicado. O Marajá de Bobhili diz 'que, a não ser que a pessoa tente destruir seu pecado paterno pelos seus bons atos, aquele pecado jamais deixará a fa­mília sem ser esgotado'. Tudo isso nos leva a pensar, pois mostra o quanto somos responsáveis para com a Huma­nidade em geral, e como devemos procurar a erradicação do mau Karma da Família, por amor da posteridade, e para a diminuição das suas cargas, pois, com toda a cer­teza, os 'pecados do pai serão censurados nos filhos'. Temos o poder de chamar a nós, voluntariamente, a car­ga da família e, por suportá-la, destruímos o mau Karma da Família. No Upanishad Kaushítaki, lemos: 'O filho liberta o pai do erro que cometeu', e diz que ele deve tomar para si o Karma do pai, quando da morte deste. Porque aquela porção de Karma que pertence à família e é suportada pelo pai deve, quando da sua morte, pas­sar para os membros remanescentes, porque não há Kar­ma da Família além da sepultura. Ele fica retido na vida astral e física. Suzuki diz: 'Uma pessoa pode dominar o mau Karma da sua família, e assim o mau Karma pode ser um meio para elevá-la. Suas virtudes podem obscurecer os males do passado e virar uma nova página para ele. Esse fenômeno espiritual é devido à virtude do upâya (meios favoráveis) do Dharmakâya (Deus).' O conhecimento de todos esses fatos é de alto valor virtual. Contém alimento para a reflexão, e podemos trabalhar para nós próprios pelas linhas de ação sugeridas através do que acima ficou exposto. Há espaço para que muita coisa seja dita e feita a propósito das muitas ramificações desse tipo de Karma. Não se deve pensar que o Karma da Família é injusto, porque, sem dúvida, o sofrimento que é engendrado pela família deve ter efeito de impedimento sobre o próprio mau Karma pessoal de um membro, de forma que não devemos resmungar, mas compreender que, esse sofrimen­to tem um bom propósito. Se assim não fosse, não nos teríamos encarnado na família em que estamos. Quando as lições que aprendemos vêm de uma família, a alma procura outra para o próximo renascimento. Isso se re­pete continuamente.

Há uma crença curiosa, mantida em certas regiões da índia. Os ancestrais mortos, que eles chamam de 'smasas', ou 'devoradores', são tidos como destruidores do bom Karma da pessoa que não for corretamente sepul­tada. Como surgiu essa curiosa crença? Não estará rela­cionada com o Karma, ou destino do corpo sutil ou Du­plo Etérico? Seria interessante retraçar essa crença até a sua origem. Há uma estranha passagem, ainda mais es­tranha por ser encontrada no Upanishad Kaushítaki. Diz-se que, entrando no Mundo Celestial, a pessoa despren­de-se de seu Karma, e os parentes que forem amados por ela recebem suas boas ações, enquanto os que não forem amados por ela recebem suas más ações. Bem se vê que este não é um mau sistema de nos livrarmos do próprio Karma! Mas o que há por trás disso? Há o seguinte: esse Karma de Família, tendo sido gerado pelas associações e interesses, etc., pertence à Família como um todo, e não aos seus membros em particular. Esse Karma permanece na Família sobre a terra. Assim, quando a pessoa morre, parte do Karma gerado pela Família permanece com os membros sobreviventes, e os que nos são mais queridos, por haver um vínculo harmonioso ou magnético estabe­lecido, receberão, naturalmente, o Bem, e os que não são queridos, ou não têm afinidade que os una, receberão o Mal. Mas isso, é natural, não deve ser tomado literalmen­te, porque ninguém pode dizer como o Karma da Famí­lia é realmente distribuído, e assim essas crenças são da­das pelo que valem. Ademais, o Karma pessoal de alguém pertence a esse alguém somente, e não pode ir para lugar algum. (...)"


(Irmão Atisha - A Doutrina do Karma - Ed. Pensamento, São Paulo - p. 31/32

sexta-feira, 14 de outubro de 2016

PORQUE E COMO JESUS SOFREU (1ª PARTE)

"Muitas pessoas piedosas tentam camuflar os seus sentimentos com a sugestão: Jesus sofreu mais...

E, assim julgando, aliviam os seus males tornando-os toleráveis.

Se grande é a boa vontade dessas pessoas, pequena é a sua sabedoria.

Acima de tudo, esta afirmação insinua uma inverdade. Em segundo lugar, é falso o motivo dos sofrimentos de Jesus.

Dizer que Jesus foi o rei dos mártires, o maior sofredor da humanidade, não corresponde à verdade. Nem adianta apelar para as palavras do profeta Isaías, que descreve os sofrimentos do 'servo de Deus' (ebed Yahveh), porque Isaías se refere diretamente aos sofrimentos dos israelistas no exílio da Babilônia causados pelos pecados de Israel.

Durante os 33 anos da sua vivência terrestre, sofreu Jesus fisicamente durante umas 15 horas, desde as 20 horas da quinta-feira até às 15 horas da sexta-feira. Haverá na terra um homem que, durante a vida, tenha sofrido apenas 15 horas?

Mas e os sofrimentos morais e psíquicos de Jesus? Os ludíbrios, as incompreensões, as ingratidões, etc...?

Quando um avatar desce das alturas às profundezas, sabe ele de antemão que essa jornada vai ser um tormento para ele, e não espera outra coisa.

A maior das inverdades, porém, é a constante afirmação dos teólogos de que Jesus sofreu por ordem de Deus, a fim de pagar-lhe a enorme dívida dos pecados humanos. Se isto fosse verdade, escreve o historiador britânico Arnold Toynbee, seria Deus o maior monstro do Universo.

Jesus nunca afirmou ter vindo ao mundo para pagar pelos pecados humanos, sofrendo e morrendo na cruz.

A verdade está nas palavras que Jesus disse aos dois discípulos sofredores, a caminho de Emaús: O Cristo devia sofrer tudo isto para assim entrar em sua glória. (...)"

(Huberto Rohden - Porque Sofremos - Ed. Martin Claret, São Paulo, 2004 - p. 45/46


domingo, 14 de fevereiro de 2016

SOFRIMENTO - CRÉDITO (2ª PARTE)

"(...) Jesus nunca afirma haver sofrido para pagar pelos pecados da humanidade, como dizem os teólogos humanos.

Na Epístola aos Filipenses, Paulo de Tarso atribui esta evolução ao próprio Cristo cósmico, quando escreve: 'Ele (o Cristo), que estava na glória de Deus, não julgou dever aferrar-se a essa divina igualdade; mas esvaziou-se dos esplendores da Divindade e se revestiu de forma humana, tornando-se servo, vítima, crucificado; e por isto Deus o super-exaltou e lhe deu um nome superior a todos os nomes, de maneira que, em nome do Cristo, se dobrem todos os joelhos das creaturas celestes, terrestres e infraterrestres; e todos proclamam que ele é o Senhor'. 

Paulo parece pois admitir um sofrimento-crédito no próprio Cristo, de maneira que o Cristo se elevou a um super-Cristo.

Aliás, toda e qualquer creatura é ulteriormente evolvível, e Paulo escreve que o Cristo é o 'primogênito de todas as creaturas, não terrestres, mas cósmicas'.

Todo o sofrimento-crédito é compatível com sofrimento débito. 

Pode alguém sofrer por débitos próprios, quando os tem, ou por débitos alheios, quando não tem débito próprio, e ao mesmo tempo aumentar o seu crédito próprio. (...)" 

(Huberto Rohden - Porque Sofremos - Ed. Martin Claret, São Paulo, 2004 - p. 30)

quinta-feira, 17 de dezembro de 2015

CUMPRINDO OS DEVERES PARA COM DEUS E COM O HOMEM

"Até uma pessoa materialista que ocupa o tempo de modo construtivo é melhor do que uma pessoa 'espiritual' ociosa. Ser preguiçoso e não prestar nenhum serviço na Terra é ser abandonado por Deus e pelos homens. Entretanto, os que cumprem os deveres para com o ser humano mas não com Deus são como a mula que carrega um saco de ouro no lombo tendo consciência apenas do peso, e não do valor do ouro. Ações sem o pensamento em Deus são pesadas e restritivas; ações feitas com a consciência em Deus são libertadoras. Está certo renunciar a deveres materiais para servir apenas a Ele, porque em primeiro lugar é a Deus que devemos lealdade. Nada poderia ser feito sem o poder que Ele nos empresta. Aos que deixam tudo por Ele,¹ o Senhor perdoa qualquer provável pecado derivado de não cumprir deveres menores. Renunciar significa colocar Deus em primeiro lugar, seja seguindo os caminhos do mundo ou o caminho monástico. 

Meu irmão me dizia: 'O dinheiro em primeiro lugar; Deus vem depois'. Ele morreu antes de ter a oportunidade de encontrar Deus ou de usar seu dinheiro. Lembre-se das palavras de Cristo: 'Buscai primeiro o reino de Deus e sua justiça, e todas essas coisas vos serão acrescentadas'.² Quando encontrar Deus, tudo virá a você. Quando Ele o sustenta, você jamais poderá cair. Seus erros serão consertados e transformados em sabedoria. É o que descobri."

¹ 'Abandonando todos os outros dharmas (deveres), lembra-te só de Mim; Eu te libertarei de todos os pecados (decorrentes de não serem cumpridos esses deveres menores). Não te aflijas!' Bhagavad Gita XVIII:66.
² Mateus 6:33.

(Paramahansa Yogananda - Jornada para a autorrealização - Self-Realization Fellowship - p. 259)


domingo, 13 de dezembro de 2015

SOFRIMENTO SUBSTITUTIVO (PARTE FINAL)

"(...) Enquanto a humanidade for pecadora, haverá sofredores, ainda que inocentes.

O Apocalipse fala da abolição de todo o sofrimento - mas isto só acontecerá quando houver 'um novo céu e uma nova terra', e quando 'o reino dos céus for proclamado sobre a face da terra', isto é, quando não houver mais uma humanidade pecadora, então deixará de haver sofrimento individual.

Há quem julgue que uma grande espiritualidade possa diminuir ou mesmo abolir o sofrimento. Mas é experiência universal que são precisamente os homens espirituais, os santos, os iniciados, os que mais sofrem. Por quê? Porque, quando o homem já não tem débito próprio, se torna ele um sofredor ideal por débito alheio. É esta a razão por que os santos e os iniciados costumam sofrer serenamente, por que se sentem como pecadores de débitos alheios.

Sofrer por débito próprio é vergonhoso - sofrer por débito alheio é honroso.

Enquanto a nossa humanidade for adâmica, vigorará este lei de solidariedade. Somente uma humanidade cósmica, como a de Jesus, não teria sofrimento compulsório; nesta nova humanidade, o homem poderia dizer: 'Ninguém me tira a vida; eu é que deponho a minha vida quando eu quero, e retomo a minha vida quando eu quero'. Assim fala o 'Filho do Homem', mas nós somos 'filhos de mulher'.

A alergia ao sofrimento é da humanidade adâmica - a imunidade é da humanidade cósmica. Na humanidade cósmica, do Cristo e dos grandes avatares, não há o sofrimento e morte compulsórios, embora possa haver sofrimento e morte voluntários. Neste humanidade impera absoluta libertação e liberdade.

Enquanto vivermos na humanidade adâmica, haverá sofrimento, tanto de culpados como de inocentes. E, durante este vivência, a sabedoria do sofredor consiste em sofrer serenamente. Quem puder dizer como Paulo de Tarso: 'Eu exulto de júbilo no meio de todas as minhas tribulações', esse atingiu elevado grau de evolução humana."

(Huberto Rohden - Porque Sofremos - Ed. Martin Claret, São Paulo, 2004 - p. 27/28)


sábado, 12 de dezembro de 2015

SOFRIMENTO SUBSTITUTIVO (2ª PARTE)

"(...) A fim de ilustrar a possibilidade de um sofrimento substitutivo, um sofrimento por  culpa alheia, sirvamo-nos da comparação seguinte:

O paladar do homem ingere veneno, por ser de sabor agradável; a consequência desta aberração (pecado) não é somente a morte do paladar, mas sim a morte do corpo todo, embora as pernas, os braços, o coração e os pulmões não sejam culpados; a organicidade do corpo implica nessa solidariedade do sofrimento.

O indivíduo humano não é um átomo isolado e separado do organismo da humanidade; é uma parte integrante dela; por isto, sofre a parte por outra parte ou pelo todo.

Nenhum homem é mau só para si - o seu ser-mau faz mal a todos.

Nenhum homem é bom isoladamente - o seu ser-bom faz bem a todos.

A maldade de muitos faz mal a todos - a bondade de muitos faz bem a todos.

'Quando um único homem - escreve Mahatma Gandhi - chega à plenitude do amor, neutraliza o ódio de milhões' e quando ele viu que o chefe de polícia o acompanhava com uma arma de fogo para o defender, em caso de atentado, Gandhi murmurou: 'Enquanto alguém deve defender alguém com violência, eu não cumpri ainda a minha missão'.

Inversamente, poderíamos dizer: quando um homem chega ao abismo do ódio, reforça o ódio de milhões. 

Ninguém pode herdar o pecado de outrem, mas pode sofrer porque outro pecou.

Se uma criança nasce defeituosa, não prova isto necessariamente que ela pecou uma existência anterior; isto lhe pode acontecer porque todo o indivíduo vive num ambiente envenenado pelas maldades da humanidade, conforme as palavras do Mestre: 'O príncipe deste mundo, que é o poder das trevas, tem poder sobre vós'. (...)"

(Huberto Rohden - Porque Sofremos - Ed. Marin Claret, São Paulo, 2004 - p. 26/27)


sexta-feira, 11 de dezembro de 2015

SOFRIMENTO SUBSTITUTIVO (1ª PARTE)


"Além do sofrimento evolutivo, que abrange toda a natureza dos seres vivos, há um sofrimento substitutivo, que é próprio da humanidade.

Onde há livre-arbítrio, pode haver, e, onde há culpa, deve haver reação em forma de pena ou sofrimento. É esta a expressão das leis cósmicas, que exigem reequilibramento de qualquer desequilíbrio.

Por isto, sofre o justo pelo pecador. O justo não desequilibrou o equilíbrio das leis cósmicas, mas, como o pecador as desequilibrou, e não as reequilibrou, deve o justo ajudar a fazer o que o injusto não fez.

É esta a justiça do Universo - a sua justeza, o seu ajustamento.

A humanidade é um todo orgânico e solidário; deve a parte justa da humanidade sofrer pelo que a parte injusta pecou.

Não há nisto injustiça. Injustiça seria, se o justo, sofrendo pelo pecador, se tornasse também pecador, o que é impossível. A sofrência do inocente não diminui em nada o valor dele, podendo mesmo aumentá-lo. Pode o justo aumentar o seu próprio crédito, enquanto ajuda a pagar débito alheio. 

A finalidade da existência do homem aqui na terra não é sofrer nem gozar, mas é realizar-se - e isto é possível tanto no gozo como no sofrimento. Gozo e sofrimento são fenômenos facultativos da vida, o necessário é somente a realização do homem, como dizia o Mestre: 'Uma só coisa é necessária' (...)"

(Huberto Rohden - Porque Sofremos - Ed. Marin Claret, São Paulo, 2004 - p. 26)

sexta-feira, 9 de outubro de 2015

HIPOCRISIA

"O indivíduo, contando com o falso poder da mentira, descaradamente ou rouba no peso ou assalta por qualquer outra forma, desde a mão armada até à corrupção administrativa ou política.

Todo criminoso tem este raciocínio: 'Desde que ninguém venha a saber, porque vou ocultar e me ocultar como autor, posso fazer o que desejar, para melhorar minha conta de banco, minha família, para subir na vida...'

Vê você como a mentira corrompe alguns e explora outros?

Eis por que Jesus, que perdoou todas as formas de pecado, só não perdoou a um - a hipocrisia, isto é, a farsa, o embuste, a mentira.

Hipocrisia - eis o grande pecado." 

(Hermógenes - Deus investe em você - Ed, Nova Era, Rio de Janeiro, 1995 - p. 51)


quinta-feira, 17 de setembro de 2015

DESFRUTE O QUE LHE É DESIGNADO

"Os virtuosos que comem os restos do sacrifício estão livres de todos os pecados, mas os ímpios que preparam o alimento para seu próprio benefício - verdadeiramente comem pecado. 

Comer os restos do sacrifício, isso é que de fato está indicado na expressão tena tyaktena bhunjitha, desfrutar aquilo que nos cabe, aquilo que foi separado para nós. Por que cobiçamos a riqueza de outro? É porque não descobrimos nossos próprios tesouros. Essa descoberta é possível somente quando vemos o Repouso Infinito no Movimento Infinito. Quando o Movimento é separado do Repouso, torna-se um mal monstruoso, resultando na frustração do vir-a-ser.

Aceitar o que é dado não é um evangelho de passividade. É realmente a base da verdadeira felicidade e ponto de partida para a correta ação. Na Aceitação descobrimos o repouso Infinito. Quando o Movimento Infinito, que é o processo do vir-a-ser, está enraizado no Repouso Infinito, então todo o movimento está pleno de significado e felicidade. No Repouso Infinito descobrimos a Qualidade de nosso próprio Ser, a Qualidade de Atman que é idêntica à Qualidade de Brahman.

A aceitação daquilo que nos é designado também não é um evangelho da procrastinação. Muitas vezes uma pessoa adota uma atitude em que diz que deve aceitar o seu destino na esperança de que o futuro lhe traga felizes novidades. Isso não é aceitação de modo algum, é submissão, e, também, com ressentimento interior. Aceitar o que é dado, aquilo que está separado para nós, é comprometer-se com a correta Percepção. Muitas vezes o homem recusa receber aquilo que lhe é dado porque não vê o que é. Quando percebemos acertadamente, então vemos na coisa dada a qualidade da Verdade, Beleza e Felicidade, a qualidade do Próprio Brahman. Aceitar o que é dado é transformar a coisa em uma janela da qual olhamos para a beleza da própria vida. A experiência da felicidade vem com a própria percepção. E, portanto, a ação que emana dessa percepção está enraizada na felicidade. Esse é o motivo pelo qual o verso de abertura do Upanixade Ishavasya diz: 'Desfrute o que lhe é designado' - ele não diz - 'Suporte o que lhe é dado.' Aceitar o que é dado é perceber a Qualidade de nosso próprio Ser. O processo de vir-a-ser que emerge dessa percepção é naturalmente livre dos elementos da tristeza e frustração."

(Rohit Mehta - O Chamado dos Upanixades – Ed. Teosófica, Brasília, 2003 - p. 20
www.editorateosofica.com.br


sexta-feira, 17 de julho de 2015

O KARMA NÃO É PUNIÇÃO (PARTE FINAL)

"(...) 'Diz a Bíblia: 'Todo aquele que derramar o sangue humano terá o seu próprio sangue derramado.* Isso não foi um mandamento: foi uma explanação da lei divina. 

'Jesus disse a um homem a quem curara: 'Não peques mais, para que não te suceda algo pior.'** A implicação era clara: a doença do homem se devia ao fato de ele ter pecado em primeiro lugar.

'Quanto ao aspecto positivo, pense nas pessoas que tiveram êxito sem fazer esforço em alguma coisa que se propuseram fazer. (Pelo menos, o sucesso dessas pessoas pode parecer fácil.) De onde veio esse êxito? É muito simples: ele foi consequência de um karma bom.'

Disse o fiel: 'No entanto, muitos criminosos morreram tranquilamente na sua cama. E muitas pessoas de sucesso não parecem, assim como o senhor acaba de dizer, ter feito alguma coisa para merecer o sucesso.'

Respondeu o Mestre: 'De fato. A lei do karma, pois, não se separa da sua companheira, a lei da reencarnação. Cada qual seria incompleta sem a outra.

'A vida humana não é o suficiente para completar o círculo dos atos sem conta que são iniciados durante a estada de uma pessoa na Terra.'

* Gênesis 9:6.
** João 5:14. 

(Paramhansa Yogananda - A Sabedoria de Yogananda, A Essência da Autorrealização - Ed. Pensamento, São Paulo, 2012 - p. 79/80)


sexta-feira, 12 de junho de 2015

AUTOCONHECIMENTO

"Desconfie dos que vivem apontando os defeitos, falhas, pecados e inferioridades dos outros. 

Nisto eles ou elas conseguem momentos de distração em relação a seus próprios defeitos, falhas, pecados e inferioridades.

A pessoa que cultiva a paz, a felicidade, a saúde, o que há de melhor em si, usa seu tempo na procura de saber sobre os aspectos negativos que ainda tem em si, não para lamentar, mas para reduzi-los. E deixa os outros para lá.

Conhecer os defeitos dos outros não ajuda.

Atrapalha somente.

Conhecer os nossos nos melhora.

Preciso tirar a venda de meus olhos e assim poder ver o que em mim deve mudar, para poder Te ver, Senhor."

(Hermógenes - Deus investe em você - Ed. Nova Era, Rio de Janeiro, 1995 - p. 94)


terça-feira, 14 de abril de 2015

LÓGICA DA REENCARNAÇÃO (PARTE FINAL)

"(...) Não atribuamos a Deus mistérios onde há apenas absurdos teológicos e onde pode haver explicação lógica dentro do bom senso, da observação e, às vezes da experiência.

Atribuamos a Deus a imperscrutabilidade, mas não lhe confiramos desígnios caprichosos ou cruéis, sob pretexto de que 'Deus escolheu as coisas loucas deste mundo para confundir os sábios.' (S. Paulo, I Coríntios, 27).

Não é a Deus que lançamos a réplica e sim aos teólogos...

Gozo eterno para uma criança que morre logo após ao nascer?! Castigo eterno por maiores que tenham sido os pecados de um homem? Recompensa e castigo estarão em proporção com os méritos ou as faltas?! Não é mais natural, mais lógico, admitir que o homem grosseiro deve evoluir paulatinamente, até apresentar a delicadeza e a elevação do homem adiantado, ou melhor, biblicamente: 'Até ser perfeito como o Pai é perfeito', ou 'Até atingir à estatura completa do Cristo'? A quantos será possível isto numa só vida? As vidas sucessivas não o explicam perfeitamente?

Aceitar, hoje em dia, a teoria da vida única em lugar da teoria reencarnacionista, é o mesmo que preferir a explicação do raio como proveniente da cólera de Júpiter, à de sua origem elétrica...

A vida sem a reencarnação é um drama estranho e selvagem, como a qualificava Tennyson, e a evolução, um processo cruel e brutal. 

Annie Besant cita o caso do selvagem de Darwin, que foi censurado por ter matado e comido a própria mulher, impelido pela fome. Julgando que o europeu o reprendia por estar simplesmente comendo carne indigesta, não se incomodou, bateu no ventre com ar satisfeito e, num gesto tranquilizador, exclamou: 'Ela estava excelente.' Termina Annie Besant: 'Medi em vosso espírito a distância moral que separa este homem de um São Francisco de Assis e vereis que, fatalmente, deve haver uma evolução, sem o que no mundo da alma tudo seria apenas um milagre permanente e uma criação sem nexo.'

Passamos por cima de outras fatos que têm explicação racional pela teoria reencarnacionista, porque admitem outras explicações lógicas; são eles as reminiscências, as afeições súbitas e, à primeira vista, as lembranças de coisas nunca vistas, o nascimento de meninos pródigos etc." 

(Alberto Lyra – O ensino dos mahatmas – IBRASA, São Paulo, 1977 – p. 188/189)


terça-feira, 25 de novembro de 2014

SEXO E VIDA (1ª PARTE)

"Duas atitudes extremas em relação a este relevante problema da vida devem ser evitadas pelos candidatos a uma vida feliz e saudável: 

- castração psíquica;
- a desregrada e degradante gratificação.

A primeira é o caso dos que, por ignorância e erro, fazem do sexo um tabu, e por isso o evitam, condenam e até o temem. Quem vê no sexo uma imundície, uma ofensa à moral religiosa, portanto algo a ser temido; quem vê no ato sexual o 'pecado original', que nos condenou ao inferno; quem vê no sexo um antideus, uma queda, uma condenação à 'vida sem Deus' ou uma vergonha a ser ocultada; quem vê no sexo uma fraqueza ou artimanha engendrada por belzebu, para tomar nossa alma; quem vê o sexo assim tão deformado, precisa mudar de ideia e começar a descobrir que, além de não ser pecado, nem ser proibido por Deus, é, ao contrário, uma expressão do próprio Deus Onipresente. 

Essa castração nascida da mente é que mereceria ser chamada de belzebu. E tem sido tormento e desequilíbrio para muitos seres humanos. 

É impossível, em poucas frases, demonstrar que, dentro dos limites da normalidade, o sexo é, não apenas benéfico, mas mesmo uma necessidade biológica, psíquica, moral e espiritual. 

O próprio yoga, mal interpretado tem criado dificuldades àqueles que fanática e irracionalmente se decidem a cumprir um preceito chamado brahmacharya, que, ao pé da letra, quer dizer, caminho (charya) do Absoluto (Brahman). Esta palavra tem sido traduzida por quase todos os autores como 'castidade' ou 'celibato', sendo, portanto, interpretada como um veto ao sexo, uma repressão, que pode ser desastrosa aos homens vulgares. (...)"

(Hermógenes - Yoga para Nervosos - Ed. Nova Era, Rio de Janeiro, 2004 - p. 234/235)


sexta-feira, 19 de setembro de 2014

DESENVOLVER O DISCERNIMENTO PARA JULGAR (PARTE FINAL)

"(...) Preste atenção as suas motivações em tudo o que fizer. Tanto o glutão quanto o iogue comem. Mas você diria que comer é pecado por ser frequentemente associado à gula? Não. O pecado está no pensamento, na motivação. O homem mundano come para satisfazer a gula e o iogue come para manter seu corpo em forma. Há uma enorme diferença. Analogamente, um homem comete um homicídio e é enforcado por isso; um outro mata muitos seres humanos no campo de batalha, defendendo a pátria, e é condecorado. Aqui, novamente, é a motivação que faz a diferença. Os moralistas fixam regras absolutas, mas estou dando-lhe exemplos para mostrar como você pode viver neste mundo de relatividades, com o autocontrole dos sentimentos, mas sem se tornar um autômato.

A maneira científica de viver é interiorizar-se e se perguntar se está agindo certo ou errado, e ser absolutamente sincero consigo próprio. Se for sincero com você mesmo, é pouco provável que aja errado e, ainda que o faça, será capaz de se corrigir rapidamente.

Todas as manhãs e todas as noites mergulhe no silêncio, ou seja, na meditação profunda, pois a meditação é o único caminho para se distinguir a verdade do erro. Aprenda a ser guiado por sua consciência, o divino poder do discernimento dentro de você.

Deus é o sussurro no templo de sua consciência e a luz da intuição. Você sabe quando está agindo errado. Todo o seu ser lhe diz, e essa sensação é a voz de Deus. Se você não O escuta, Ele fica calado. Mas quando você despertar da ilusão e quiser agir corretamente, Ele o guiará.

Seguindo todo o tempo a voz interna da consciência, que é a voz de Deus, você se tornará uma pessoa verdadeiramente moral, um ser altamente espiritualizado, um homem de paz."

(Paramahansa Yogananda - Onde Existe Luz - Self-Realization Fellowship - p. 56/57)

sábado, 19 de julho de 2014

O HOMEM PECA POR IGNORÂNCIA

"O homem peca porque é ignorante. Ele ignora a Realidade de Deus. Ignora que ele e o Pai são um só. Ignora que ele e o próximo (e até mesmo seu inimigo) também são um só. Ignora a lei do karma e que ele, consequentemente, é o artífice de seu próprio destino. Por outro lado, vive sob a convicção de ser um degradado, um cão sem dono, uma presa de satã ou das enfermidades, mas achando ter o direito de vir a ser feliz, de qualquer modo, até mesmo à custa do sofrimento dos 'outros'. Por ignorância, crê num Deus antropomórfico a quem recorre somente nas horas de necessidade. Por ignorância já não acredita num Deus que não tem atendido a suas orações egoístas. Sendo ignorante, tem a ilusão de impunemente poder fazer  todas as formas de maldades, desde que 'ninguém sabe que fui eu o autor'. Por ignorância, tem cometido, vem comentendo e cometerá toda sorte de violência contra a infalível lei do karma e, portanto, contra si mesmo, embora enganosamente queira ferir os outros. Por ignorância, cria para si mesmo as algemas de seus distúrbios neuróticos e os desesperos de sua alienação.

A filosofia do yoguin desenvolve no jiva a inteligência (viveka), que o faz 'rei da criação', que lhe faculta optar por ser bom ou ser mau, pelo viver enfermo ou sadio, pelo efêmero ou pelo eterno, dedicar-se às coisas finitas ou ao infinito... Dá-lhe sabedoria (vidya), com a qual, pode, algum dia, vir a deslumbrar-se na contemplação do Absoluto e então compreender, em toda plenitude, a promessa: 'Conhecereis a Verdade e a Verdade vos libertará.' A isso é que poderíamos chamar vidyaterapia ou a cura pela sabedoria. No Ocidente, logoterapia."

(Hermógenes - Yoga para Nervosos - Ed. Nova Era, Rio de Janeiro, 2004 - p.114)

quinta-feira, 26 de junho de 2014

O PECADO

"Perguntaram-me o verdadeiro significado do pecado. No sentido em que essa palavra em geral é usada, pelo menos por sacerdotes cristãos, penso que o pecado não passa de invenção da imaginação teológica. Popularmente, o pecado indica um desafio à lei divina – a realização de alguma ação cujo autor sabe ser errada. É extremamente duvidoso que esse fenômeno, de fato, exista. Em praticamente todos os casos imagináveis, o homem quebra a lei por ignorância ou negligência e não pela intenção deliberada. Quando um homem, em realidade, conhece e vê a intenção divina, inevitavelmente se harmoniza com ela por duas razões: primeiro porque percebe a total futilidade de uma ação contrária e, mais tarde, porque, ao ver a glória e beleza do plano, nada mais deseja fazer a não ser dedicar-se com todos os poderes de seu coração e de sua alma à sua realização.

De todas as concepções erradas que herdamos das idades negras, uma das mais sérias é a ideia de ‘pecado’ como uma perversidade a ser punida e brutalmente perseguida. Na verdade, o pecado é resultado de ignorância, que só se supera pela educação e esclarecimento. Alguém poderá discordar dizendo que, na vida diária, as pessoas fazem a todo momento e conscientemente coisas erradas, todavia esse é um argumento falso. Elas estão fazendo que lhes disseram que é errada, o que é bem diferente. Quando alguém sabe, de verdade, que uma ação é errada e que, inevitavelmente, será seguida por más consequências, evita-a com cuidado. Todos sabem que o fogo queima,  por isso ninguém põe a mão nele. Quem age errado justifica o erro para si mesmo no momento da ação, não importa o que venha a pensar depois com mais calma. Por conseguinte, afirmo que o pecado, como normalmente o entendemos, é invenção da imaginação teológica; o que existe, na verdade, é uma condição infeliz que leva frequentemente à infração da Lei divina. Temos o dever de lutar para dissipar essa ignorância com a luz da teosofia."

(C. W. Leadbeater - A Vida Interna - Ed. Teosófica, Brasília, 1996 - p. 94)


domingo, 18 de maio de 2014

A VOZ DA CONSCIÊNCIA CRÍSTICA

"A luz onipresente de Deus, impregnada da Inteligência Crística universal, emana silenciosamente amor divino e sabedoria para guiar todas as criaturas de volta à Consciência Infinita. A alma, sendo um microcosmo do espírito, é uma luz sempre presente no homem para orientá-lo por meio da inteligência discernidora e da voz intuitiva da consciência; mas a racionalização de ávidos caprichos e hábitos frequentemente se recusa a segui-la. Tentado pelo Satã da ilusão cósmica, o homem prefere ações que obstruem a luz da judiciosa orientação interna.

A origem do pecado - e do resultante sofrimento físico, mental e espiritual - jaz, portanto, no fato de que a divina inteligência e o discernimento da alma são subjugados pelo mau uso que o homem faz de seu livre-arbítrio concedido por Deus.  Embora pessoas sem compreensão atribuam a Deus suas próprias tendências vingativas, a 'condenação' de que fala Jesus não é uma punição imposta por um Criador tirânico, mas uma consequência que o próprio homem se impõe por meio de suas ações, de acordo com a lei de causa e efeito (karma) e a lei do hábito.

Sucumbindo a desejos que matêm sua consciência concentrada e confinada no mundo material - as 'trevas' ou porção grosseira da criação cósmica, na qual a Presença Divina iluminadora é intensamente obscurecida pelas sombras da ilusão de maya -, as almas envolvidas pela escuridão da ignorância, humanamente identificadas com egos mortais, entregam-se repetidas vezes a suas formas errôneas de vida, que se tornam então firmemente entricheiradas no cerébro como maus hábitos de comportamento mortal.

Quando disse que os homens preferem as trevas à luz, Jesus se referia ao fato de que os hábitos materiais mantêm milhões de pessoas distantes de Deus. Ele não quis dizer que todos os homens amam as trevas - somente aqueles que não fazem qualquer esforço para resistir às tentações de Satã, tomando em vez disso o caminho fácil que os leva encosta abaixo na montanha dos maus hábitos, tornando-se assim acostumados às trevas da consciência mundana. Ao fecharem as portas à voz da Consciência Crística que sussura em sua consciência individual, eles se afastam da experiência de alegria, infinitamente mais tentadora, que se alcança por meio de bons hábitos estimulados pela luz orientadora da sabedoria em suas almas."

( Paramahansa Yogananda - A Yoga de Jesus - Self - Realization Fellowship - p.77/78)
http://www.omnisciencia.com.br/livros-yogananda/yoga-de-jesus.html


terça-feira, 13 de maio de 2014

A MOTIVAÇÃO É O CRITÉRIO PARA AGIR DE MODO CERTO OU ERRADO

"Observe suas motivações em tudo o que fizer. Tanto o guloso quanto o iogue precisam comer. Mas você diria que comer é pecado só porque muitas vezes está associado à gula! Não. O pecado está no pensamento, na motivação. O homem mundano come para satisfazer a gula, e o iogue para manter a saúde do corpo; aqui há uma diferença enorme. Da mesma forma, um homem pode cometer um assassinato e ser enforcado por isso; outro pode matar muitos seres humanos no campo de batalha, defendendo seu país, e ser condecorado. Novamente, é a motivação que faz a diferença. Os moralistas criam regras absolutas, mas eu dou ilustrações para mostrar que se pode viver neste mundo de relatividade com autocontrole dos sentimentos, mas sem se tornar um robô.

O Mestre costumava dar o seguinte exemplo: 'Suponha que alguém me peça emprestado o bom binóculo que possuo garantindo que o devolverá em quinze dias mas, passado o prazo, não o devolva. Quando pergunto onde está o binóculo, ele me responde: 'O senhor é um mestre, mas está apegado a um binóculo!' Eu não o emprestaria de novo a esta pessoa. Outra pessoa também pede o binóculo emprestado dizendo que vai devolvê-lo em perfeito estado. É gentil e cuidadoso, demonstra consideração e devolve o binóculo como prometeu. É claro que eu o emprestaria novamente a ela. Não é que me preocupe tanto assim com o binóculo, mas se algo me pertence, é meu dever cuidar dele para que continue a ser útil. A segunda pessoa entendeu que eu cuidava do binóculo para que pudesse servir a outras pessoas além dela. A primeira pessoa não entendeu meus motivos, assim privando, a mim e a todos os outros que pudessem precisar do binóculo, do seu uso. Eu não queria o binóculo só para mim, pensava nele para todos.

O desprendimento traz grande felicidade e liberdade interior. Já dei todas as coisas de que mais gostava, pois assim desfrutei delas por intermédio da alegria alheia. A alegria que tenho em tudo o que faço é impessoal, não egocêntrica. Ancora-se na alegria divina e no fato de fazer os outros felizes.

(...) É este tipo de liberdade que Patânjali quer que você tenha, para que seja sempre um deus: soberano absoluto do reino da consciência, sem permitir que as forças das trevas entrem em seu paraíso portátil. 'Pelas barras de ferro da minha mente nenhum mal ousa aventurar-se.'"

(Paramahansa Yogananda - O Romance com Deus - Self-Realization Fellowship - p. 228/229)
http://www.omnisciencia.com.br/romance-com-deus.html


terça-feira, 4 de março de 2014

CULPA

"Frequentemente, ouço as pessoas dizerem que 'um pouco de culpa faz bem à alma', mas não concordo. Não estou falando sobre o remorso genuíno em relação a um erro que podemos remediar; refiro-me ao tipo de culpa autopunitiva que é acompanhada por sentimentos de baixa autoestima e inadequação.

Muitas vezes nos sentimos culpados devido a algum tipo de expectativa autoimposta sobre como deveríamos ser. Então mentimos, porque temos medo de ser punidos se dissermos a verdade. Mais tarde, nos arrependemos e sentimos culpa por termos mentido ou cometido tais erros. No íntimo, achamos que pecamos e que devemos ser punidos.

Qualquer forma de autocondenação é prejudicial à alma. A culpa não só cria desarmonia nos corpos espiritual e emocional como também está relacionada a muitos dos problemas de saúde de que sofremos."

(James Van Praagh - Em busca da Espiritualidade - Ed. Sextante, Rio de Janeiro, 2008 - p. 55)