OBJETIVOS DO BLOGUE

Olá, bem-vindo ao blog "Chaves para a Sabedoria". A página objetiva compartilhar mensagens que venham a auxiliar o ser humano na sua caminhada espiritual. Os escritos contém informações que visam fornecer elementos para expandir o conhecimento individual, mostrando a visão de mestres e sábios, cada um com a sua verdade e experiência. Salientando que a busca pela verdade é feita mediante experiências próprias, servindo as publicações para reflexões e como norte e inspiração na busca da Bem-aventurança. O blog será atualizado com postagens de textos extraídos de obras sobre o tema proposto. Não defendemos nenhuma religião em especial, mas, sim, a religiosidade e a evolução do homem pela espiritualidade. A página é de todos, naveguem a vontade. Paz, luz, amor e sabedoria.

Osmar Lima de Amorim


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terça-feira, 2 de janeiro de 2024

MINHAS PALAVRAS PASSARÃO

"24. Então aproximando-se dele, seus discípulos lhe disseram: 'Sabes que, ouvindo o que acabaste de dizer, os fariseus se escandalizaram?' - Ele respondeu: 'Toda planta que meu Pai celestial não plantou será arrancada. - Deixai-os; são cegos a conduzir cegos; se um cego guia outro cego, cairão ambos na valeta.' (MATEUS, 15: 12 a 14)

25. Passará o Céu e a Terra, mas as minhas palavras não passarão. (MATEUS, 15: 12 a 14)

26. As palavras de Jesus não passarão porque em todos os tempos serão verdadeiras. O seu código moral será eterno porque consagra as condições do bem que conduz o homem ao seu destino eterno. Mas terão as suas palavras chegado até nós inteiramente puras e isentas de falsas interpretações? Todas as seitas cristãs lhe captaram o espírito? Nenhuma terá deturpado o seu verdadeiro sentido, em consequência dos preconceitos e da ignorância das lei da natureza? Nenhuma a transformou em instrumento de dominação, para servir às suas ambições e aos seus interesses materiais, em trampolim, não para se elevar ao céu, para para elevar-se na Terra? Acaso terão adotado como regra de conduta a prática das virtudes de que Jesus fez condição expressa de salvação? Todas estarão livres das censuras que Ele dirigiu aos fariseus do seu tempo? Todas, finalmente, tanto na teoria como na prática, serão a expressão pura da sua doutrina?

Por ser única, a verdade não pode achar-se contida em afirmações contrárias e não há razão para que Jesus imprimisse duplo sentido às suas palavras. Se, pois, as diferentes seitas se contradizem; se umas consideram verdadeiro o que outras condenam como heresias, é impossível que todas estejam com a verdade. Se todas houvessem apreendido o sentido verdadeiro do ensino evangélico, todas se teriam encontrado no mesmo terreno e não existiriam seitas. 

O que não passará é o verdadeiro sentido das palavras de Jesus; o que passará é o que os homens construíram sobre o sentido falso que deram a essas mesmas palavras. 

Tendo por missão transmitir aos homens o pensamento de Deus, somente a sua doutrina, em toda a pureza, pode exprimir esse pensamento. Foi por isso que Ele disse? Toda planta que meu Pai celestial não plantou será arrancada."

Texto extraído do livro "A Gênese", de Allan Kardec, traduzido por Evandro Noleto Bezerra, FEB, Brasília, p. 323/324).
Imagem: Pinterest. 




terça-feira, 7 de setembro de 2021

A MORTE E A SOLIDÃO DO SER

"Costumamos considerar 'materialista' quem não acredita em Deus. Contudo, quando procuramos ir fundo na questão 'quem é Deus?', considerando-o como fonte de um universo cujos limites a ciência não consegue nem suspeitar, vemos que qualquer 'crença' a respeito sempre há de ser extremamente enganosa, ao se apoiar no intelecto.

Essas limitações são bem visíveis quando a religião, no Velho Testamento, tenta colocar Deus ao alcance do homem, dando-lhe os defeitos do próprio ser humano. 

A ciência, por sua vez, buscando simplificar as coisas com ideias como a 'acidentalidade' da Criação, tenta negar o que é incompreensível para o intelecto: a existência de um poder por trás da extraordinária inteligência e perfeição de cada coisa criada, seja uma minúscula semente com sua capacidade de gerar determinada espécie vegetal, entre as milhares existentes, seja uma estrela como o nosso Sol, cuja luz e calor fazem aquela semente brotar na Terra a 150 milhões de quilômetros de distância. 

Na perspectiva esotérica, diz-se que Deus é o 'um sem segundo', e toda a manifestação universal é um desdobramento Dele em infinitas faces. Diz-se também que o ser humano é uma pequenina semente de Deus. Assim como a semente de uma árvore a contém potencialmente - produzindo-a um dia - o destino de uma pessoa, ao longo das eras, é se tornar um ser idêntico à sua origem. Por isso, Krishnamurti afirmou: 'Tu és Deus', na pequena joia denominada Aos Pés do Mestre (Ed. Teosófica). Diz-se 'és' - e não 'serás' - porque ser no presente é só um questão de consciência. 

Sentindo-nos pequeninos, como de fato somos, neste corpo dominado por ilusões e apegos, pode parecer muito distante o ensinamento teosófico. Bem mais confortável é imaginar um Criador que vai gerando almas e corpos indefinidamente, que vivem em média setenta anos, e premiando os 'eleitos' com o paraíso eterno (ou inferno eterno, se compararmos a 'agitação' do nosso prazer com o 'não fazer nada' do céu cristão). 

Entre a ideia da Criação com uma promessa de uma eternidade sem sentido e a visão da ocidentalidade materialista, onde a morte é o fim de tudo, qual a melhor? Qual a pior?

Considerando a sabedoria infinita da Criação, algo nos diz que ela não poderia ser desperdiçada nos becos sem saída da ciência sem religião, ou na 'fé cega' da religião sem ciência. Aos que vão além, cedendo aos suaves impulsos de sua consciência intuitiva, os caminhos se abrem e indicam um propósito para tudo, como nos ensina a própria natureza, sempre buscando meios de sobrevivência. 

O anseio por eternidade é algo inerente ao ser humano. Claramente esse anseio não se origina no intelecto, pois a ideia de infinito não cabe nele. O infinito não pode ser medido, e a especialidade do intelecto é pesar e medir, integrando a mente comparativa dos seres humanos. 

O infinito de que suspeitamos mora no espírito, e o espírito é uma centelha de Deus, o 'um sem segundo'. Por essa razão, uma das lições mais árduas para nós é derivada do apego, essa necessidade de autorrealização pela posse das coisas externas, o que nos é repetidamente negado, com a perda de todas essas aquisições na experiência da morte física. 

Assim é que, ao sair deste mundo, vamos sós, sem qualquer lastro material ou afetivo, assim como entramos nele. Voltamos, porém, muitas vezes, para enfim aprender com a morte o que os mestres nos ensinaram em vida: a conquista do eterno só se realiza pela aniquilação do transitório, da dependência de qualquer coisa externa como fonte de felicidade. 

Morta a ideia da posse, morre também seu vínculo, restando apenas a solidão do ser. Não como sentimento de ilusória separatividade, mas de autossuficiência inerente ao eterno, como consciência da vida una, da totalidade do próprio ser."

(Walter Barbosa - A morte e a solidão do ser - Revista Sophia, Ano 19, nº 90 - p. 19)


quinta-feira, 12 de agosto de 2021

DEUS MANIFESTANDO-SE COMO VONTADE

"Somos sempre inclinados a chegar aos extremos. É muito mais fácil ir aos extremos do que mantermo-nos firmemente no centro do caminho, e eu penso que é por isso que encontramos tão amplamente, de um lado, grandes arrebatamentos de devoção, e, de outro lado, as terríveis trevas do sentimento de abandono. Isso é marcado, em sua realidade, como uma das grandes experiências pelas quais todo Místico deve passar - e que é chamada a Crucificação do Cristo, quando as trevas vieram durante três horas, e através da escuridão vibrou o grito angustiado do Cristo na Cruz: 'Meu Deus! Meu Deus! Por que me abandonaste?' Isso não durou muito. Não podia durar. Mas, às vezes, pensamos que a sombra daquela aparente e terrível deserção deixou algo sombrio sobre o Cristianismo, de forma que mesmo as palavras finais, mostrando que não havia abandono: 'Pai! Em tuas mãos entrego o meu Espírito!' aparentemente não foram válidas para fazer lembrar ao santo que, embora o Filho do Homem se esteja tornando o Filho de Deus, ele pode perder, por um momento, o contato consciente com o Deus interior, e com isso, naturalmente, o contato com o Deus exterior. Essa é uma experiência nos mais elevados pontos do Caminho, quando tudo desaparece, mesmo a crença de que há um Eu Superior. E o discípulo, nas trevas, simplesmente detém-se, recusando-se a mover-se para não tombar no vazio, sabendo, em sua mais profunda natureza, que aquilo é apenas uma tentativa de Mãyã para iludi-lo, para arrebatar aquilo sem o que ele não pode viver, no corpo ou fora dele, para não falar no Eterno. Essa é uma experiência que parece ser necessária, a fim de que um homem possa aprender a ficar absolutamente a sós. (...)

Tentem, então, levar através de seus estudos esta Luz da Teosofia, a Sabedoria Divina, que encontraremos talvez, mais completa, no estudo cuidadoso dos Upanisads. Quando chegarem às vidas dos grandes Místicos, vidas que estudarão, tentem ver nelas o que podemos chamar seus sucessos e seus fracassos. Observem as diferenças, e, ainda assim, a identidade. Irão encontrar um grande Discípulo, por exemplo em Sir Thomas More, cuja Utopia não é o devaneio de um sonhador, mas a visão de alguém que se estava aproximando da Liberação. Poderão ver isso na República de Platão, desembaraçando-a das circunstâncias da época, e vendo a grande meta que ele tem em mira, a Sociedade Perfeita. Poderão ver isso, com dificuldade maior, em Jacob Boehme, o sapateiro remendão - e compará-lo com o do grande Ministro de Henrique VIII - repleto de iluminação, velando sua sabedoria com as fórmulas e simbologias mais abstrusas, usando a alquimia e a astrologia como formas com as quais poderia velar seu significado, por causa da perseguição a que estava exposto e dos desprezo dos Governantes de sua própria cidade, que não mereciam sequer tocar-lhe os pés. Mas o sapateiro remendão vive, enquanto os Governantes estão todos esquecidos, e é um marco na grande Senda Mística. Então, irão conhecer os Místicos de Cambridge, com seus primorosos lampejos de visão, de vez em quando, e os Místicos da Igreja de Roma, como São João da Cruz, como Santa Tereza, como Molinos, o Místico espanhol, para chegar, talvez, na Escola Quietista da França, com Madame Guyon, tateando em busca do verdadeiro Misticismo.

Devem estudá-los, a todos, e aprender com todos eles, pois há muito a aprender dos diferentes ângulos de observação, a partir dos quais, eles olham para Deus e para o mundo. Cultivem o espírito do aluno, que enquanto estuda não desafia as exposições entre as quais está pesquisando a verdade que elas contêm. Para encontrar a verdade em qualquer escritor, devem tentar o contato com a sua vida, mais do que com as suas palavras, e isso pede mais simpatia do que análise. Tentem desenvolver essa simpatia com o pensamento que os levará ao contato com o escritor, e fará com que compreendam o que ele se está esforçando para expressar, por muito que lhe faleçam as formas de expressão. E, se dessa maneira podem acompanhar o pensamento profundo, o conhecimento superior, se algo em seu interior os convida ao esforço, embora possa haver demora na obtenção do que esperam conseguir, então nada desdenhem por parecer pequeno, porque, ali, pode haver algo que os auxilie. E lembrem-se de que ajudam mais a si mesmos quando estão ajudando aos outros. Ofereçam livremente algum conhecimento que tenham obtido, de forma que qualquer alma sedenta de água do conhecimento possa, por seu intermédio, receber uma ou duas gotas dessa água. Porque a gota que derem a outro torna-se o seu manancial de Vida, a que está por trás do véu.

Não temam as trevas. Muitos passaram por elas antes de vocês. Não temam que elas escondam seja o que for que possa atingi-los, pois vocês são eternos, embora encarnados num corpo. O que estão procurando não é o conhecimento exterior, mas a compreensão do interior, a compreensão do seu próprio Eu superior, que é um com a Vida Universal. Esse é o apogeu da Ioga. Nos momentos mais sombrios, lembrem-se da Luz. Nos momentos em que o irreal os estiver cegando, lembrem-se do Real. E, se através do irreal puderem agarrar-se ao Real, se através da escuridão jamais perderem a fé de que a Luz está ali, irão encontrar o Mestre que os guiará da morte para a imortalidade, e saberão, com uma convicção que nada poderá abalar, que Deus os fez à imagem de Sua própria Eternidade."

(Annie Besant - Brahmavidyã, Sabedoria Divina - Ed. Pensamento Ltda, São Paulo - p. 22/25)


terça-feira, 30 de janeiro de 2018

O CAMINHO DO AMOR (PARTE FINAL)

"(...) Saí deste vale profundo onde só a muito custo débeis raios de sol vêm cair, mas tomai vosso rumo, que agora vedes descortinado ante vós, pois ele vos levará ao topo da montanha eternamente iluminada pelo sol espiritual. 

Não achareis dificultosa demais tal caminhada, pois o mesmo poder que vos permite ver a estrada vos tornará aptos para percorrer suas asperezas. Se puderdes verdadeiramente ver, podereis verdadeiramente andar nela. Não vos retardeis lamentando os companheiros que deixais para trás; encontrareis novos amantes e novos amigos que jamais vos deixarão. Não temais a solidão da empreitada espiritual, pois tendo posto vosso pé na estrada, daí em diante jamais estareis sozinhos. Guias humanos e angélicos andarão a passo convosco, vos avisarão dos perigos e vos conduzirão ao objetivo. 

Vinde, pois, à grande aventura, provai a vós mesmos que os gloriosos tempos dos cavaleiros andantes não se apagaram, que Galahad e Percival ainda vivem, que o Santo Graal não foi perdido, e que o Rei ainda preside àquela Távola Redonda que existe desde que o mundo começou. Não choreis pelo amor que deixais atrás; amor é o prêmio que vos aguarda ao fim de vossa trajetória. Não vos apegueis às lágrimas dos que vos choram a partida; o que eles agora perdem por um breve momento reencontrarão na eternidade. Laços terrenos e amizades, por sua própria natureza, se desfazem; vossos laços com aqueles com que doravante vos unireis nunca deverão se partir, pois são dum amor que é eterno. Vossos amigos e amantes verdadeiros vos aguardam no caminho, com eles devereis conhecer a perfeição de uma companhia que só é encontrada nos reinos espirituais. 

Eia, pois, direto ao topo! Aqueles que hoje abandonais um dia salvareis, quando entrardes na posse de vosso destino e vos tornardes o Amor Divino encarnado sobre a terra."

(Geoffrey Hodson - Sede Perfeitos - Canadian Theosophical Association)



sábado, 30 de dezembro de 2017

SOBRE O NATAL E O ANO NOVO - COMO SE CRIA UMA ATMOSFERA CORRETA PARA O FUTURO (PARTE FINAL)

"(...) Um exame atento do passado nos dá lições e ideias valiosas sobre os padrões futuros de vibração em um nível muito mais amplo de tempo, e talvez um vislumbre da própria eternidade.

As origens pagãs das comemorações do Natal estão claramente documentadas, e isso não é razão para rejeitá-las. Ao contrário. As comemorações atuais também estão externamente revestidas de uma grossa camada de materialismo e superficialidade. Mas o Natal possui um lado interno e verdadeiramente espiritual, na sua mistura de diferentes tradições religiosas. É uma celebração da fraternidade, uma comemoração do sol, uma homenagem à luz espiritual dentro e fora dos nossos corações.

Pensando no Ano Novo, Helena Blavatsky cita um pensador norte-americano:

'Thoreau assinalou que há artistas da vida, pessoas que podem mudar a cor de um dia e torná-lo bonito para aqueles com quem entram em contato. Nós afirmamos que há adeptos, mestres da vida que tornam o dia divino, assim como ocorre em todas as outras formas de arte.  E a maior de todas as artes não será esta que diz respeito à própria atmosfera em que vivemos? Percebemos em seguida que isso é da maior importância, quando lembramos que cada pessoa ao respirar o ar da vida afeta a atmosfera mental e moral do mundo, e ajuda a colorir o mundo daqueles que a rodeiam.'⁵

No mesmo texto, H.P. Blavatsky afirma que o estoico Epicteto tornou-se sublime porque 'reconheceu sua própria absoluta responsabilidade e não tentou fugir dela.' E acrescenta: 'O ocultista reconhece completamente a sua responsabilidade e reivindica para si este título porque tentou e adquiriu conhecimento das suas próprias possibilidades.' Para Blavatsky, a vida do ser humano está em suas próprias mãos. O seu destino é decidido por ele próprio, e não há motivo para um novo ciclo de doze meses não trazer um desenvolvimento espiritual 'maior que o de qualquer ano que já tenhamos vivido'. Depende apenas de nós de fazer com que isso ocorra:

'Este é um fato concreto, e não um sentimento religioso. Num jardim de girassóis, cada flor se volta para a luz. Por que não poderíamos fazer o mesmo?'

Possuímos um centro de paz e amor eternos em nossos corações. Como estudantes de filosofia esotérica, algumas responsabilidades são inevitáveis. É sempre correto mandar nossos bons votos a todos os seres (...)"

⁴ Veja por exemplo o texto 'O Natal de Ontem e o Natal de Hoje', de Helena Blavatsky. O artigo está disponível em nossos websites associados. 
⁵ H.P. Blavatsky, no artigo '1888'. Ver 'Collected Writings', volume IX, p. 3.
 'Collected Writings', H.P. Blavatsky, volume IX, pp. 4-5. 

(Carlos Cardoso Aveline - Sobre o Natal e o Ano Novo, Como Se Cria Uma Atmosfera Correta para o Futuro)

quarta-feira, 15 de novembro de 2017

O EFEITO DA PROVAÇÃO

"Há leis morais fixas, assim como há leis físicas uniformes. Estas leis morais podem ser violadas pelo homem, dotado como é de sua individualidade e da liberdade que isso envolve. Cada violação se torna uma força moral na direção oposta àquela em que a evolução está seguindo, e é inerente ao plano moral. E pela lei de reação cada qual tem a tendência de evocar a operação da lei correta. Mas quando estas forças opositoras se acumulam e adquirem uma dimensão gigantesca, a força reacional necessariamente se torna violenta e resulta em revoluções morais e espirituais, em guerras santas, em cruzadas religiosas, e coisas assim. Expanda esta teoria, e você entenderá a necessidade do aparecimento de Avataras (encarnações divinas - NT) sobre a Terra. Quão fáceis se tornam as coisas quando os olhos da pessoa se abrem; mas quão incompreensíveis elas parecem quando a visão espiritual está fechada, ou é apenas vaga e primitiva. A Natureza, em sua infinita generosidade, providenciou para o homem, nos planos externos, símiles exatos de suas funções internas, e verdadeiramente aqueles que têm olhos para ver podem ver, e aqueles que têm ouvidos para ouvir podem ouvir. 

Quão intenso é o anelo de levar ajuda para a Alma sofredora, em suas horas de extrema provação e de treva acabrunhante. Mas a experiência mostra aqueles que passaram por ordálios semelhantes, e que é bom que eles não tenham, naqueles momentos, percebido a ajuda que não obstante é dada sempre, e que é bom que eles tenham sido oprimidos com um triste senso de solidão e de serem totalmente abandonados. Se fosse de outra forma, metade do efeito da prova seria perdido, e a força e conhecimento que seguem cada ordálio destes teriam de ser adquiridos através de anos de tentativas e tropeços. A Lei de Ação e Reação age em toda parte... Alguém que seja completamente devoto, isto é, alguém que em atos e pensamentos consagra todas as suas energias e todas as suas posses à Suprema Deidade, e percebe sua própria insignificância bem como a falsidade da ideia da separatividade - só para esta pessoa não se permite que os poderes das trevas se aproximem, e é protegida de todo perigo para sua Alma. A passagem no Gita em que você deve estar pensando deve ser interpretada como que ninguém que tenha o sentimento de devoção uma vez desperto em si pode falhar para sempre. Mas não há garantias para ele contra desvios temporários. Pois de certo modo todo ser vivo, desde o Anjo mais exaltado até o menor protozoário, está sob a proteção do Logos de seu sistema, e é levado através dos vários estágios e modos de existência de volta ao Seu seio, para lá desfrutar da beatitude de Moksha (libertação, extinção; equivale a Nirvana - NT) durante uma eternidade. (...)

(Annie Besant - A Doutrina do Coração - Ed. Teosófica, Brasília - p. 14/15)
Fontehttp://www.lojadharma.org.br/


quarta-feira, 4 de outubro de 2017

ALMA E ESPÍRITO

"Platão define a alma (Buddhi) como 'o movimento capaz de mover a si próprio'. 'A alma, acrescenta (Leis, X), é a mais antiga das coisas e o princípio do movimento', chamando assim a Atma (Buddhi) de 'alma' e a Manas de 'Espírito', o que também é feito por nós. 

'A alma foi criada antes que o corpo e este é posterior e secundário, sendo, de acordo com natureza, governado pela alma. A alma que rege todas as coisas que se movem em todas as direções, rege igualmente os céus. A alma, consequentemente, governa as coisas no céu e na terra, bem como no mar, por seus movimentos cujos nomes são: querer, considerar, vigiar, consultar, opinar justa ou erroneamente, ter alegria, confiança, medo, ódio, amor, juntamente com todos os movimentos primitivos unidos a estes. Sendo uma deusa, tem sempre a Noûs, um deus, como aliado e ordena as coisas de forma correta e feliz; porém, quando se une a Annóia (negação de Noûs) trabalha sempre em sentido oposto nas coisas.' 

Nesta linguagem, bem como nos textos budistas considera-se o negativo como existência essencial. O aniquilamento é explicado de uma forma semelhante. O estado positivo é o ser essencial, porém não a manifestação como tal. Em linguagem budista quando o espírito entra no Nirvana perde a existência objetiva, porém conserva o ser subjetivo. 

Em sua dedução filosófica 'acerca dos sonhos', Aristóteles expõe com a maior clareza esta doutrina da alma dupla, ou seja, alma e espírito. 'É preciso que averiguemos em que porção da alma aparecem os sonhos', diz ele. Todos os antigos gregos acreditavam que no homem existia não uma alma dupla, mas sim tripla. E encontramos também a Homero designando por thumos à alma astral ou alma animal chamada 'espírito" por Draper e à divina: noûs, nome pelo qual também é denominado, por Platão, o espírito mais elevado. 

Os jainistas acreditam que a alma, à qual dão o nome de Jiva, tenha sido unida desde a eternidade a dois corpos etéreos e sublimados, um dos quais é invariável e formado dos poderes divinos da alma mais elevada; o outro variável e composto das mais grosseiras paixões do homem, de suas afecções sensuais e atributos terrestres. Quando a alma foi purificada depois da morte une-se a seu Vaycarica ou espírito divino e converte-se num deus. Os partidários dos Vedas, os sábios Brâmanes expõem a mesma doutrina nos Vedanta. A alma, segundo seus ensinamentos, como uma parte do divino espírito universal ou inteligência é capaz de se unir com a essência de sua Entidade mais elevada. 

Este ensinamento é explícito, os Vedanta afirmam que todo aquele que lograr conhecimento completo de seu deus se converte em deus, ainda que permaneça em seu corpo mortal, e adquire poder sobre todas coisas. Citando da teologia védica o verso que diz: 'Verdadeiramente existe apenas uma Divindade, o Espírito Supremo, ele é da mesma natureza que a alma do homem', Draper mostra como as doutrinas budistas chegaram à Europa Oriental através de Aristóteles. Consideramos esta afirmativa pouco digna de crédito, posto que Pitágoras e depois dele, Platão, ensinaram-nas muito anteriormente a Aristóteles. Se posteriormente os últimos platônicos admitiram em sua dialética os argumentos aristotélicos acerca da emanação foi unicamente porque suas opiniões coincidiam em alguns pontos com aquelas dos filósofos orientais."

(H. P. Blavatsky - A Doutrina Teosófica - Ed. Hemus, São Paulo - p. 49/51)


domingo, 3 de setembro de 2017

O CAMINHO PARA A HARMONIA

"Quando nos sentamos e contemplamos o mar, o céu, a lua ou as estrelas, temos uma sensação de espaço e eternidade. Isso muda, pelo menos por algum tempo, não apenas a nossa psique, mas também o corpo.

Quando a consciência é inocente, há menos impureza a obstruir a luz, e sente-se a beleza mais profundamente. Pensamentos ruins, preconceitos e ideias preconcebidas fazem a vida parecer enfadonha e árida. A inocência de uma criança é um complemento à beleza; nessa inocência, há também virtude. A verdadeira virtude é a beleza da luz divina se irradiando do nosso interior.

As palavras de uma canção ou o tema de um quadro não tornam a arte religiosa. Para ser verdadeiramente religioso, devemos abandonar o desejo de estar numa forma individual e fluir para a beleza do universal. Sem sensibilidade para o universal, podemos estar engajados não apenas em um ritualismo vazio, mas também em formas de arte vazias. As formas podem ser tecnicamente excelentes, mas não contêm a essência da arte, e portanto não possuem a qualidade religiosa.

O princípio da verdade não pode ser captado enquanto a mente estiver poluída com desejos e atividades autocentradas. Só quando estamos livres do desejo a virtude pode penetrar em nosso coração. Então temos uma visão da totalidade, que é a verdadeira religião.

Para que a virtude possa surgir, tudo o que é supérfluo deve ser removido. Assim como o escultor desbasta o mármore para revelar uma forma, devemos desbastar o que foi acrescentado à nossa natureza, até que emoções e pensamentos sejam puros e inocentes. Krishnamurti chamava isso de austeridade; ele dizia que austeridade é 'a simplicidade da mente purgada de todo conflito, que não está presa ao fogo do desejo, mesmo o desejo mais elevado. Sem essa austeridade não pode haver amor'.

A religião da beleza é o caminho para a pureza e a harmonia com tudo. Isso significa virtude e amor. Com uma mente silenciosa e o coração aberto ao grande oceano da vida, com todas as suas belezas, nenhuma outra religião é necessária."

(Radha Burnier - A religião da beleza - Revista Sophia, Ano 2, nº 7 - p. 6)

domingo, 11 de junho de 2017

A MORTE E O DESPERTAR (PARTE FINAL)

"(...) À luz do cenário maior de muitas vidas, cada vida é verdadeiramente apenas um ponto na eternidade, uma 'pequena vida' cercada ou temporariamente completada por um repouso e um interlúdio que são bem-vindos. Dependendo da qualidade de nosso pensamento e de nossa vida, esse sono mais longo, em seu derradeiro pós-morte, é cheio de sonhos maravilhosos que jamais foram realizados durante a vida aqui na Terra - uma realização de nossas aspirações mais elevadas.

Embora a alma humana esteja desfrutando seus sonhos de bem-aventurança, a parte mais elevada de nós, a divindade imortal, está livre para voar até seu lar estelar. Reconhecer esse elo entre sono e morte, e saber que nada completamente estranho ou assustador acontece quando morremos, é em si mesmo um alívio e um consolo tanto para aquele que está enfrentando a morte quanto para aqueles que são deixados para trás. Simplesmente compreendemos tudo que fomos e que esperávamos ser enquanto encarnados; compreendemos a essência do que somos.

É vital aprender o padrão subjacente à continuidade do espírito por trás do fluxo e refluxo da vida manifestada. Podemos nos ver como parte de um esquema divino de infinito desabrochar evolutivo, com horizontes cada vez mais amplos diante de nós. Um panorama assim oferece perspectiva à vida atual. Sabendo que nosso destino é feito por nós mesmos, vemos a justiça das circunstâncias nas quais nos encontramos, que foram criadas por nós no passado.

Nessa estrutura, podemos compreender que para cada um de nós existe o momento certo para nascer e o momento certo para morrer, e que isso está em consonância com as leis cíclicas da existência que transcendem o tempo e o espaço. Obviamente, se interferimos nessas leis, há problemas. Como é triste ver aumentar o número de suicídios entre os jovens de hoje, pois esse é um exemplo característico de que tirar a vida é um distúrbio da harmonia da natureza e do tempo interior. É uma agonia não apenas para aqueles que ficam, mas para aqueles que escolheram dar esse passo; em vez de trazer paz e repouso imediatos, a condição duvidosa e desesperada que levou a esse ato intensifica-se num sonho depois que o corpo se foi. Se eles ao menos pudessem saber a tempo como a vida é preciosa, e como as profundezas do desespero podem extrair de nós novas dimensões, novos insights, novas forças..."

(Ingrid van Mater - A morte e o despertar - Revista Sophia, Ano 10, nº 39 - p. 23/24)

domingo, 12 de março de 2017

A REENCARNAÇÃO NO PASSADO

"Talvez não haja no mundo doutrina filosófica que tenha tão esplêndida ancestralidade como a da Reencarnação – o desenvolvimento do Espírito humano através de repetidas vidas na Terra –, experiências que são reunidas durante a existência terrena e trabalhadas para se transformarem em capacidade intelectual e consciência durante a vida celeste. Assim, uma criança nasce com suas experiências pretéritas transformadas em tendências e possibilidades mentais e morais. Como acertadamente observou Max Muller, as maiores inteligências que a humanidade produziu aceitaram a Reencarnação. A Reencarnação é ensinada e ilustrada nos grandes épicos hindus, como fato indubitável, no qual a moralidade se baseia. E a esplêndida literatura hindu, que encanta os eruditos europeus, está impregnada dessa certeza. Buda ensinou a Reencarnação e falava constantemente em seus nascimentos anteriores. Pitágoras fazia o mesmo, e Platão incluiu-a em seus escritos filosóficos. Josephus declara que essa ideia era aceita pelos judeus, e conta a história de um capitão que encorajava seus soldados a lutar até a morte, fazendo-lhes lembrar seu retorno à Terra. Na Sabedoria de Salomão está dito que nascer num corpo impoluto era a recompensa 'por ser bom'. Cristo aceitou-a, dizendo a seus discípulos que João Batista era Elias. Virgílio e Ovídio consideravam-na como coisa estabelecida. O ritual composto pelos sábios do Egito ensinava-a. As escolas neoplatônicas aceitavam-na, e Orígenes, o mais culto dos padres cristãos, declarou que 'todo o homem recebia um corpo segundo seus méritos e suas ações passadas'. Embora condenada por um Concílio da Igreja Romana, as seitas heréticas mantiveram essa velha tradição. E veio até nós, da Idade Média, a palavra de um culto filho do Islã: 'Morri como pedra e tornei-me uma planta; morri como planta, e tornei-me um animal; morri como animal, e tornei-me um homem. Por que temeria eu a morte? Quando foi que me tornei menos do que era, por morrer? Morrerei como homem, e me tornarei um anjo.' Posteriormente, encontramos a Reencarnação ensinada por Goethe, Fichte, Schelling e Lessing, para citar apenas alguns entre os filósofos alemães. Goethe, em sua velhice, antecipava alegremente a ideia do retorno. Hume declarou que aquela era a única doutrina da imortalidade que um filósofo poderia considerar, opinião, de certa forma, semelhante à do nosso professor Mc Taggart, o inglês que, analisando a imortalidade em suas várias teorias, chegou à conclusão de que a da Reencarnação era a mais racional. Não preciso lembrar a ninguém que tenha cultura literária o fato de que Wordworth, Browing, Rossetti e outros poetas acreditavam nela. O reaparecimento da crença na Reencarnação não é, portanto, a emergência de uma crença supersticiosa entre nações civilizadas, mas um sinal de recuperação no que se refere a uma temporária aberração mental do Cristianismo, de uma desracionalização da religião, que produziu tanto mal e deu lugar a tanto ceticismo e materialismo. Afirmar que há a criação especial de uma alma para cada novo corpo implica que a vinda da alma à existência depende da formação de um corpo, e leva, inevitavelmente, à conclusão de que, com a morte, a alma passará a não mais existir. Que uma alma sem passado possa ter um futuro pela eternidade é tão incrível como dizer que uma bengala poderia existir com uma única ponta. Só a alma que não nasceu pode esperar não ser levada pela morte. A perda do ensinamento da Reencarnação – com seu purgatório temporário resultante de sentimentos nocivos, e seu céu temporário para a transformação da experiência em capacidade – deu origem à ideia de um céu infinito, do qual ninguém é bastante digno, e de um inferno infinito, para o qual ninguém é bastante perverso, confinando a evolução humana a um insignificante fragmento da existência, prendendo um futuro eterno ao conteúdo de uns poucos anos, e tornando a vida um ininteligível emaranhado de injustiças e parcialidades, de genialidade não conquistada e de criminalidade não merecida. Um problema intolerável para os que raciocinam, e tolerável apenas para a fé cega e sem fundamento."

(Annie Besant - O Enigma da Vida - Ed. Pensamento)
fonte: http://universalismoesoterico.blogspot.com.br/


quinta-feira, 9 de março de 2017

OS CORPOS IMORTAIS DO HOMEM (PARTE FINAL)

"(...) O corpo superespiritual (átmico) é apenas um átomo desse mundo elevado, a mais fina película de matéria, encarnação do Espírito, 'Deus feito carne', num sentido muito real, divindade mergulhando no oceano da matéria, não menos divina por estar encarnada. Aos poucos, para esse corpo superespiritual passará o resultado puro de todas as experiências armazenadas durante a eternidade, e os dois corpos imortais inferiores irão aos poucos imergindo nele, misturando-se com ele, nas gloriosas vestes de um homem conscientemente divino, que se tornou perfeito.

O corpo espiritual (búdico) pertence ao segundo mundo manifestado, o mundo da pura sabedoria espiritual, do conhecimento e do amor reunidos, às vezes chamado o 'corpo de Cristo', pois ele nasce para a atividade na primeira grande Iniciação e se desenvolve até 'a plenitude da medida da estatura do Cristo' no Caminho da Santidade. Ele é alimentado com todas as aspirações elevadas e amorosas, pela pura compaixão e pela ternura e piedade que tudo envolvem.

O corpo intelectual (causal) é a mente superior, pela qual o homem lida com abstrações, com o que é 'da natureza do conhecimento', no qual ele conhece a verdade por intuição, não pelo raciocínio, pedindo por empréstimo à sua mente inferior métodos de raciocínio, apenas para estabelecer no mundo inferior verdades que ele conhece diretamente. Nesse corpo, o homem é chamado de Ego, e começa a compreender sua própria divindade. Ele se alimenta e se desenvolve com o pensamento abstrato, pela meditação tenaz, pela serenidade, pela submissão do intelecto ao serviço. Por natureza, ele é independente, pois é um instrumento de individualização, e deve crescer forte e se bastar a si mesmo, a fim de dar a necessária estabilidade ao sutil corpo espiritual com que está mesclado.

Esses são os corpos imortais do homem, não sujeitos ao nascimento nem à morte; eles é que proporcionam a memória contínua, que é a essência da individualidade; eles são a casa do tesouro de tudo quanto merece a imortalidade. Neles não pode entrar 'nada do que macule'. Eles são o eterno lugar de morada do Espírito. Neles está realizada a promessa: 'Eu morarei neles e caminharei neles.' Eles fazem da prece do Cristo uma realidade: 'Que eles também possam ser um em Nós.' Eles confirmam o grito triunfante do hindu: 'Eu sou Tu.'"

(Annie Besant - O Enigma da Vida - Ed. Pensamento
fonte: http://universalismoesoterico.blogspot.com.br/


quinta-feira, 19 de maio de 2016

O CAMINHO DA AUTORREALIZAÇÃO

"Você tem de mostrar, pelo falar e pelo exemplo, que o caminho da autorrealização é o que conduz à alegria perfeita. Consequentemente, sobre você repousa uma grande responsabilidade - a de demonstrar, por sua calma serenidade, humildade, que o sadhana por você praticado o tornou uma pessoa melhor, mais feliz e mais útil. Pratique. Demonstre. Não afirme em palavras enquanto em atos nega.

Para começar, você deve ter uma compreensão clara da natureza da meta - Deus ou a Divindade ou o Absoluto universal, tenha Ele o Nome que tiver. Tem de entender Sua grandeza, Sua beneficência, Sua magnificência. Então, essa compreensão apropriada induzirá você e o pressionará para atingir tal meta. O Universal, do qual você é uma unidade, é puro, destituído de ego, ilimitado e perpétuo. Contemple-O e, cada dia, mais e mais, o inegoísmo, a verdade, a pureza e a eternidade, que em você são inatos, se manifestarão. 

Por meio do sadhana (disciplina), esta realização pode ser alcançada. Acredite que você é o Atma imperecível e puro. Depois, disso, nenhum lucro e nenhuma perda poderão afetar você; nenhuma sensação de desapego ou humilhação poderão atormentá-lo. Somente os homens de fundamentos débeis podem recear tais coisas. O homem forte afasta perda, lucro, desespero, humilhação, sem que padeça suas penas. Quando os sentidos são imperiosos, a equanimidade torna-se apenas um sonho. Exerça domínio sobre eles. Você pode ser você mesmo, isto é, imperturbável e liberto."

(Sathya Sai Baba - Sadhana, O Caminho Interior - Ed. Nova Era, Rio de Janeiro, 1993 - p. 146/147


quarta-feira, 16 de março de 2016

O PROPÓSITO DA EXISTÊNCIA HUMANA (PARTE FINAL)

"(...) A sabedoria Eterna afirma que a realização dessa culminação do desenvolvimento humano é absolutamente certa para todo homem. A ordem: 'Portanto, sede perfeitos, como é perfeito o vosso Pai celeste' (Mt 5:48), será literalmente obedecida pelo eu espiritual de todos os seres humanos. Uma Alma Espiritual perdida é uma impossibilidade na natureza, pois o verdadeiro Eu do homem é imortal, eterno e indestrutível. Na verdade, nada há a ser salvo, nem pode ser perdido, pois Deus, como a vida que envolve e habita o universo, é onipresente. O homem necessita apenas estar em guarda contra os defeitos de seu próprio caráter e as transgressões a que eles conduzem, pois todos os seus sofrimentos surgem (carmicamente)¹ - educativamente, ademais - de tais transgressões.

O processo evolucionário é perpétuo, não tendo começo concebível ou fim imaginável. Além da perfeição humana há uma realização ainda superior, alcançada durante a passagem pelos reinos da natureza super-humana, seguida por uma ascensão geral rumo à estatura espiritual do Logos de um universo. Além disso o progresso continua outra vez na direção do maior grau possível de desenvolvimento alcançável até o fim do período cósmico de manifestação maior. Mesmo depois, no ressurgimento do cosmo que sucede ao caos, da atividade a partir da quietude, o desenvolvimento continuará do ponto alcançado previamente e prosseguirá a alturas ainda maiores. A perfeição não é assim provavelmente a melhor palavra, pois que sugere finalidade. De fato, ela é atingível apenas num sentido relativo, pois deve dar lugar a mais perfeição, segundo um padrão superior de excelência no período seguinte de atividade - da mesma forma como uma flor perfeita deve deixar de ser uma flor perfeita e morrer, a fim de transformar-se num fruto perfeito, se for permitida tal forma de expressão.² O homem é um ser espiritual em evolução e, um dia, tornar-se-á como Deus é agora. O homem é um Deus em formação, um deus peregrino."

¹ Carma (sansc.) - a lei de causa e efeito.
² 'A Doutrina Secreta', Ed. Adyar, Vol. 1, p. 115.

(Geoffrey Hodson - A Sabedoria Oculta na Bíblia Sagrada, Ed. Teosófica, Brasília, 2007 - p. 56)


sexta-feira, 16 de outubro de 2015

O AMOR CONQUISTA TODAS AS COISAS

"No mundo em geral, existem muitas dificuldades a serem vencidas, criadas pelas forças das trevas ou resistência e as forças de luz ou progresso, entre as quais os destinos da humanidade sempre oscilam para trás e para diante. 

Pelo fato de ser lei, somente o amor é que consegue conquistar as forças das trevas.

Podemos perceber a lei por nós mesmos, pois o homem é uma partícula na qual a onda de vida universal está centrada ou expressa.

Em nós, também, existem luz e trevas: as forças que contribuem para a unidade, para a criatividade na beleza, e para a oniabarcante felicidade, surgindo por si mesmas e irrestringíveis; também os seus opostos. 

Mas, em longo prazo, a unidade prevalece, a separatividade é destruída. Toda força enviada de nós retorna à sua origem com um ricochete infalível. Assim, aquilo que pode ser destruído pela força é destruído; mas o assassino é sempre a própria pessoa.

O amor é a única força conhecida do homem impossível de ser derrotada por qualquer ameaça, por mais terrível, ou por qualquer provação a que possa ser submetida. Em sua pureza, ele inspira ao sacrifício voluntário, convertendo-o em alegria.

Onde ele reina em perfeição, existe a bem-aventurança de uma consumação, uma integralidade, além da qual não há necessidade nem ímpeto de buscar experiência agregada. No amor existe a experiência na eternidade.

O que é verdadeiro com relação ao amor é verdadeiro com relação àquela forma temperada de amor, que é devoção, quando se rende à verdade, seja sua infinitude ou como se manifesta em um caso de encantamento humano.

Pela força do amor, o microcosmo pode ser vencido. Por esse mesmo poder, à medida que se expande, o macrocosmo é conquistado, pois é divino. Aquele que se torna mestre de si mesmo pode tornar-se mestre de um universo, (o que é um modo de falar) pois então ele não mais é ele, como se conhece, mas alguém com o poder que é o mestre do universo.

Autodomínio implica autoconhecimento e autossuficiência; e nada do mundo é autossuficiente, exceto aquele eu ou natureza que tem raízes numa condição de amor e daí floresce."

(N. Sri Ram - O Interesse Humano - Ed. Teosófica, Brasília, 2015 - p. 78/79)


quinta-feira, 9 de julho de 2015

REFLEXÕES SOBRE O AMOR (2ª PARTE)

"(...) Não limite seu amor apenas a um ser, por mais adorável que seja, excluindo os demais. Em vez disso, com o amor que sente pela pessoa que mais ama, ame a todos os seres e todas as coisas, inclusive o ser amado. Quando você tenta aprisionar o Amor Onipresente sob a forma de uma alma apenas, Ele foge e brinca de esconde-esconde com você, até que O encontre em todas as almas. Aumente a intensidade e a qualidade espiritual do amor que sente por uma ou por algumas almas, e dê esse amor a todos. Então, saberá em que consiste o amor crístico.

O amor é maravilhosamente cego, pois não se detém nos defeitos da pessoa amada - ama incondicionalmente ao longo da eternidade. Quando entes queridos são separados pela morte, a memória, que é mortal, pode se esquecer das juras de amor que foram feitas; mas o verdadeiro amor nunca esquece e tampouco morre. Em sucessivas encarnações, ele escapa do coração de um corpo e entra no de outro, em busca do ser amado, cumprindo todas as suas promessas até que aquelas almas se emancipem no Amor Eterno.

Não chore pelo amor perdido, seja por causa da morte ou da volubilidade na natureza humana. O amor em si jamais se perde, apenas brinca de esconde-esconde em muitos corações para que, perseguindo-o, você encontre manifestações suas cada vez maiores. Ele continuará a ocultar-se e a decepcionar, até que a procura tenha sido longa o suficiente para você encontrar sua morada no Ser que reside nos mais profundos recessos de sua própria alma e no coração de todas as coisas. Então, você poderá dizer:

'Ò Senhor, quando eu residia na casa da consciência mortal, pensei que amasse parentes e amigos; imaginei que amasse aves, animais e posses. Mas agora que me instalei na mansão da Onipresença, sei que amo só a Ti, manifestado em parentes e amigos, em todas as criaturas e em todas as coisas. Amando apenas a Ti, meu coração expandiu-se para amar aos muitos. Sendo leal em meu amor por Ti, sou leal a todos os que amo. E amo a todos os seres para sempre.' (...)" 

(Paramahansa Yogananda - O Romance com Deus - Self-Realization Fellowship - p. 303/304)


domingo, 21 de junho de 2015

A VERDADE E A EVOLUÇÃO

"Nós não podemos pensar em qualquer vício como uma parte do Ego em sua própria e verdadeira morada no plano mental superior. Um vício em uma personalidade aqui abaixo é ausência da virtude, que não tem contudo sido construída no Ego. (...) Não obstante, em princípio, todas as virtudes existem em cada Ego, mas elas existem adormecidas e não como realidades. Lendo as várias séries de 'Vidas', parece, certamente, que uma virtude é muito lentamente construída no Ego. Talvez no caso de Egos que cresceram muito em intuição, bastarão duas ou três experiências, mas com aqueles que não são assim dotados parece que são necessárias dúzias da mesma experiência para ensinar uma lição.

Um Mestre Adepto disse uma vez que a evolução é um processo lento, cuja velocidade pode ser comparada com uma progressão aritmética, por exemplo: 2 - 4 - 6 - 8 - 10 e assim por diante. Mas quando um homem conhece a verdade, e a vive, então, o seu progresso é como uma progressão geométrica: 2 - 4 - 8 - 16 - 32 e assim por diante. Aqui existe o valor para aquele que conhece o 'Plano de Deus, que é a Evolução' como se revela em Teosofia. Embora ele não possa mudar o seu caráter em perfeição por um milagre, tem mais poder de vontade para fazê-lo somente porque ele compreende. No momento em que alcança a compreensão, pode saber, se tentar, se a sua vontade é paralela ou não com a Grande Vontade. Assim vem a confiança para seguir 'o relâmpago interno' de sua intuição, uma força para resistir aos impactos do karma, e uma garantia de que ele não só viu a Meta, mas está trilhando a Senda que a ela conduz. Ele sabe, então, que de todas as coisas, é este conhecimento que unicamente vale, porque descobre, dentro de si mesmo, um reservatório inesgotável de poder com o qual abrir o seu caminho para o futuro na Eternidade."

(C.W. Leadbeater - As Vidas de Órion - Oriom Editora, São Paulo, 2002 - p. 18/19)


sábado, 7 de fevereiro de 2015

A VISÃO DE UM FILÓSOFO DE DEUS

"Agostinho é considerado um grande filósofo. Foi um filósofo de Deus. Certa vez disse uma frase intrigante e complexa: 'Deus se tornou um homem para que o homem se tornasse Deus'. 

Agostinho, nesse pensamento, quis dizer que o objetivo de Deus era que o homem recebesse, através de Jesus Cristo, a sua vida e conquistasse o dom da eternidade. Recebendo a vida de Deus teria acesso a todas as dádivas do Seu Ser e a condição de se tornar filho de Deus seria a maior delas.

O próprio apóstolo Pedro, na sua velhice, escreveu em uma de suas cartas que através de Cristo 'nós somos coparticipantes da natureza de Deus'.¹ Incompreensível ou não, era essa a ideia que norteava o projeto de Jesus e que envolvia os seus apóstolos e seus mais íntimos seguidores. Como pode o homem, mortal, cheio de falhas, limitado e que frequentemente desonra sua inteligência se tornar filho do Autor da vida e ser eterno como Ele?

Marx, Hegel, Freud, Sartre e tantos outros pensadores da filosofia e da psicologia objetivavam no máximo que seus discípulos seguissem suas ideias, mas Jesus Cristo objetivava que seus discípulos fossem além da compreensão de suas ideias, que participassem de uma vida que transcende a morte. Através da cruz, ele queria abrir uma janela para a eternidade. O mestre da vida tinha inquestionavelmente o projeto mais alto que nossa mente pode conceber."

¹. 2 Pedro 1:4.

(Augusto Cury - O Mestre do Amor - Ed. Academia de Inteligência, São Paulo, 2002 - p. 183/184)


sexta-feira, 19 de setembro de 2014

DEUS É NOSSO ETERNO COMPANHEIRO

"O devoto deve sentir que o Senhor é seu companheiro pessoal - que tudo que faz, está fazendo com Deus. É preciso que cada um de nós saiba que não estamos sozinhos, que nunca estivemos e nunca estaremos sozinhos. Desde o início dos tempos, Deus esteve conosco, e por toda eternidade Ele estará conosco. Desenvolva um relacionamento mais pessoal com Deus vendo a si mesmo como Seu filho, Seu amigo ou Seu devoto. Deveríamos aproveitar a vida conscientes de que estamos compartilhando nossas experiências com esse Alguém que é supremamente bondoso, compreensivo e amoroso. Só o Ser Divino conhece nossos pensamentos antes mesmo de pensarmos, e Ele nunca Se afasta de nós, mesmo quando estamos errados, bastando apenas que O procuremos. Esse tipo de amor, esse tipo de compreensão toda alma humana está procurando. Mas temos que fazer a nossa parte. Nosso amado gurudeva, Paramahansa Yogananda, disse:

'Deus somente é encontrado por meio de incessante devoção. Quando Ele lhe tiver dado todos os presentes materiais e você no entanto se recusar a ficar satisfeito sem Ele; quando você quiser insistentemente apenas o Doador, e não Seus presentes, então Ele se revelará a você. (...) Caminhamos pelos apinhados becos da vida e ocasionalmente vemos alguns rostos conhecidos; contudo um a um eles vão embora. Assim é a vida. Você e eu estamos vendo um ao outro agora, mas algum dia nos perderemos de vista. Este é um mundo trágico, onde todas as almas são testadas, às vezes consumidas, nas chamas da ilusão. Entretanto, aqueles que vencem e dizem: 'Só quero conhecer a Ti, meu Senhor', esses encontram Deus e a liberdade.'"

(Sri Daya Mata - Só o Amor - Self-Realization Fellowship - p. 236/237)

sexta-feira, 5 de setembro de 2014

VIDA E MORTE


"A vida e a morte são como dois lados de uma moeda. São fenômenos semelhantes ao nascer e o pôr do sol. O sol pode pôr-se em Madras, Índia, e ao mesmo tempo nascer em Chicago, Estados Unidos. Uma pessoa morre para este mundo, mas simultaneamente aparece em outra parte. Tanto o nascer quanta o morrer são fenômenos ilusórios, causados pela revolução da Terra ao redor do seu eixo e a inclinação do plano do nosso horizonte em relação aos raios solares, enquanto o sol permanece fixo como o centro do seu sistema. Se o sol representa Espírito ou vida em sua fonte, o Espírito, nas palavras do Gita, não nasce e não morre; embora, conforme expresso em uma das cartas dos Mahatmas, “Espírito na matéria é vida". A vida pode existir em várias formas e gradações. A retirada da vida do envolvimento na matéria, que é uma morte, reintegra-a a sua condição original, que é a ressurreição no Espírito ou liberdade. Esta retirada e um processo de eliminar o passado como é refletido no presente, e ao mesmo tempo, a recuperação da liberdade pela entidade que se permitiu, durante o período de não percepção, ser aprisionada dentro de memórias e obsessões acumuladas naquele passado. A dissolução deste acúmulo, camada por camada, é o "banho em esquecimento" que reintegra a vida individual a sua condição original de novidade e inocência. O que é eliminado naquele banho não é a sua própria natureza, a qual quando se projeta evidencia seu brilho próprio como o ouro puro do qual foi removida a escória, ou como as flores na primavera. Quando tudo que foi acumulado no processo do tempo tiver desaparecido, manifesta-se aquilo que eternamente é."


(N. Sri Ram - Em Busca da Sabedoria - Ed. Teosófica, Brasília, 1991 - p. 170)


terça-feira, 2 de setembro de 2014

CONTRABANDO

"Meu amigo, por que viajas com tanta bagagem, rumo à fronteira do Além?

Terrenos e casas, dinheiro em papel e moeda, apólices e títulos – para que tanta bagagem?

Não sabes que tudo isso vai ser apreendido como contrabando, lá na fronteira do outro mundo?

Aprende a possui o necessário – sem seres possuído pelo supérfluo.

Riquezas, honras e prazeres – tudo será confiscado, nem um só átomo passará para além...

O que é material fica para o mundo do espírito.

Pobre de ti milionário da matéria – e mendigo do espírito!

Veres-te subitamente de mãos vazias – tu, que andavas sempre de mãos repletas!

Não poderes salvar dos teus capitais um centavo sequer!

Por que não queres compreender, pobre analfabeto do espírito, a filosofia da eternidade?

Por que não procuras valores que possas levar para além da fronteira deste mundo?

Valores que não se desvalorizem naquele mundo espiritual?

Valores que circulem como moeda corrente no país em vais imigrar?

Se tivesses de emigrar daqui e imigrar para o Japão ou a China, não te interessarias pelos valores que nesses países circulam?

E porque não pensas em cambiar em valor espiritual os teus títulos materiais?

Se a isto não te levar a religião e a fé – levem-te a isto a filosofia e o bom senso.

Que aproveita ao homem possuir mil valores materiais – se lhe faltar o único valor espiritual? (...)

Aprende a possuir o que merece ser possuído – e despossuir-te do que não merece a tua posse.

Liberta-te da cobiça material com espontânea liberdade – antes que da matéria te despoje compulsoriamente morte cruel!

Ser despojado é sorte de escravo – libertar-se é virtude de herói...

Abre o Evangelho de Jesus Cristo e aprende a filosofia da vida – porque é a filosofia da vida eterna...

A sabedoria da eterna felicidade..."

(Huberto Rohden - De Alma para Alma - Fundação Alvorada, 8ª edição - p. 185/186)