OBJETIVOS DO BLOGUE

Olá, bem-vindo ao blog "Chaves para a Sabedoria". A página objetiva compartilhar mensagens que venham a auxiliar o ser humano na sua caminhada espiritual. Os escritos contém informações que visam fornecer elementos para expandir o conhecimento individual, mostrando a visão de mestres e sábios, cada um com a sua verdade e experiência. Salientando que a busca pela verdade é feita mediante experiências próprias, servindo as publicações para reflexões e como norte e inspiração na busca da Bem-aventurança. O blog será atualizado com postagens de textos extraídos de obras sobre o tema proposto. Não defendemos nenhuma religião em especial, mas, sim, a religiosidade e a evolução do homem pela espiritualidade. A página é de todos, naveguem a vontade. Paz, luz, amor e sabedoria.

Osmar Lima de Amorim


sábado, 30 de novembro de 2013

ESCUTAR (SRÃVANA)

"(...) vimos que o yoga é adequado para o grau menos avançado de buscadores e a inquirição para os mais avançados. (...) consideremos o caminho da inquirição, que sem esforço conduz ao Conhecimento de Brahman.

D: O que é o caminho da inquirição?

M: Dos shãstras sabe-se bem que consiste de srãvana, manama, nidhidhyasana e samãdhi, isto é, escutar a Verdade, refletir, meditar e Paz Bem-aventurada. Os próprios Vedas declaram isso: ‘Meu caro, deve-se escutar o mestre falar a respeito do Ser; refletir e meditar sobre Ele.’ Em outro lugar, diz-se que o Eu Real tem de ser percebido na Paz Beatífica. Sri Shankaracharya repete a mesma ideia no Vakyavrtti, a saber: enquanto o significado do texto sagrado ‘eu sou Brahman’ não for percebido em toda a sua verdadeira importância, deve-se praticar srãvana, etc.

No Chitra Deepika, Sri Vidyaranyaswami diz que a inquirição é o meio para a sabedoria e que consiste em escutar a Verdade, refletir meditar; que somente o estado de bem-aventurada Paz da Pura Consciência, no qual apenas Brahman existe e nada mais, é a verdadeira ‘natureza’ da Sabedoria; que seu ‘efeito’ é a não renovação do nó do ego que desfila como ‘eu’, tendo sido este perdido de uma vez por todas; que seu ‘fim’ é manter-se sempre fixo no ‘Eu sou o Ser Supremo’ de modo tão forte, inequívoco e seguro quanto era a ignorante identificação anterior, ‘eu sou o corpo’; e que seu ‘fruto’ é a libertação. Disso segue-se que só o escutar, etc., é a inquirição no Ser.

Escutar a Verdade Suprema, refletir sobre ela, meditar nela e permanecer em Samãdhi formam, juntos, a inquirição no Ser. Isso tem como causa as quatro sadhãnas, a saber: discernimento, ausência de desejos, tranquilidade e desejo pela libertação. (...)"

(Advaita Bodha Deepika – A Luz da Sabedoria Não Dualista – Ed. Teosófica, Brasília, 2006 – p. 95/96)


O CONCEITO DO ABSOLUTO

"A natureza do Absoluto é o mais enigmático e também o mais fascinante problema da filosofia e da religião; embora destinado a permanecer para sempre sem solução na filosofia, ele continuará a atrair a atenção dos filósofos de todos os tempos. Por ser a Realidade suprema, denominada ‘Absoluto” ou Parabrahman, o próprio núcleo do nosso ser, bem como a causa e a base do universo do qual fazemos parte, não podemos escapar-lhe, do mesmo modo que nosso sistema solar não pode escapar do sol, em torno do qual gira e de quem tudo recebe, que o conserva vivo e em movimento.

Ainda que o Absoluto seja às vezes mencionado como Vazio, Trevas perpétuas, etc., e esteja além da nossa compreensão intelectual, ainda assim é o conceito mais profundo em todo o reino da filosofia, do ponto de vista do intelecto. O fato de ser chamado de ‘Incognoscível’ não significa que esteja além do alcance do pensamento filosófico ou religioso e seja algo sobre o qual não se deva ou seja indesejável pensar. O próprio fato de o Absoluto ser o coração e a base do universo deve torná-lo um dos mais empolgantes assuntos de investigação no domínio do intelecto.

Embora os Vedas e os Upanishads enfatizem repetidamente que este Princípio, o mais elevado e sutil em existência, está além da linguagem e do pensamento, ainda assim sua principal finalidade parece ser a de dar aos que leem os livros revelados a certeza de que tal Realidade Suprema existe no coração do universo manifestado e que torná-la progressivamente realidade é o mais elevado objetivo do esforço humano."

(I.K. Taimni - O Homem Deus e o Universo - Ed. Pensamento, São Paulo, 1989 - p. 23)


sexta-feira, 29 de novembro de 2013

ILUSÃO

"Quando o Sol desponta acima da linha do horizonte, Ravi desce do caminho estreito que leva ao riacho para se banhar e dar início às meditações do dia. Enquanto se lava ele canta os mantras que aprendeu com seu guru. O som da água da folhagem e dos pássaros se fundem com seu canto e ele está em paz.

Ao sair do riacho sua paz é subitamente quebrada. No primeiro passo fora d’água ele pisa sobre um corpo frio e roliço. Seu coração dispara e ele espera da cobra uma picada fatal. Ele retira rapidamente o pé, olha para o chão e percebe que pisara em um pedaço de corda velha e molhada. A tranquilidade volta aos poucos e ele se sente envergonhado, pois fora enganado por maya, a ilusão.

Assim como Ravi, estamos todos submetidos à ilusão. Ela está presente em toda a parte, nos envolve em níveis diversos e nos induz a variados erros. A ilusão pode ser simples, tal quando nos queimamos numa panela quente por não perceber seu estado de calor, ou sutil, como ocorre nos devaneios psicológicos mais profundos (...)."

(Guilherme Santos Silva - Relatividade e Ilusão - Revista Sophia, Ano 2, nº 5 - Pub. da Ed. Teosófica, Brasília - p. 32)


NÃO PERCAM TEMPO

"Muitos anos de nossas vidas já ficaram para trás. Apenas alguns anos, semanas, dias e horas nos restam. Não percam tempo. Em seus corações, digam a Ele noite e dia: ‘Senhor, eu Te quero.” Jamais sejam insinceros quanto a isso. Nunca raciocinem: ‘Amanhã buscarei Deus. Hoje quero gozar a vida.’ Digam sempre: ‘Hoje meu Senhor, hoje eu Te quero.’

Agora mesmo estou vendo a grande luz de Deus espalhada por toda parte – que alegria, que luz! ‘Senhor, eu Te reverencio nesta bela ocasião em que nasces em nós com nova glória. Que eu seja sempre abençoado com a consciência da Tua presença, e que cada um aqui receba a mesma bênção, para que todos nós possamos saber que estás procurando renascer em nossa consciência.’

Amem a Deus, falem com Ele todo o tempo, na atividade e no silêncio, em oração profunda, com o desejo incessante de seus corações, e verão a cortina da ilusão desvanecer-se. Ele, que brinca de esconder na beleza das flores, nas almas, nas nobres paixões, nos sonhos, apresentar-Se-á e dirá: ‘Tu e Eu estivemos separados por longo tempo, porque Eu queria que Me desses teu amor voluntariamente. És feito à Minha imagem, e Eu quis ver se usarias a liberdade para dar-Me o teu amor.’ 

Oro para que Deus lhes conceda o dom imperecível de Seu amor. Sem esforço, porém, vocês não O encontrarão. Se fizerem os 25% de esforço, o resto virá pela graça de Deus e do guru. (...) Que Suas bênçãos estejam sempre com vocês; que Sua consciência nunca os abandone. Que vocês percebam dentro e fora, a plenitude da presença Dele." 

(Paramahansa Yogananda – A Eterna Busca do Homem – Self-Realization Fellowship – p. 180/181


quinta-feira, 28 de novembro de 2013

APRENDER A CONHECER-SE

"Se considerais importante conhecerdes a vós mesmo só porque eu ou outro disse que é importante, receio então que esteja terminada toda comunicação entre nós. Mas, se concordamos ser de vital importância compreendermos a nós mesmos, totalmente, torna-se então diferente a relação entre vós e mim e poderemos explorar juntos, fazer com agrado uma investigação cuidadosa e inteligente.

Eu não vos exijo fé; não me estou arvorando em autoridade. Nada tenho para ensinar-vos - nenhuma filosofia nova, nenhum sistema novo, nenhum caminho novo para a realidade; não há caminho para a realidade, como não o há para a verdade. Toda autoridade, de qualquer espécie que seja, sobretudo no campo do pensamento e da compreensão, é a coisa mais destrutiva e danosa que existe. Os guias destroem os seguidores, e os seguidores destroem os guias. Tendes de ser vosso próprio instrutor e vosso próprio discípulo. Tendes de questionar tudo o que o homem aceitou como valioso e necessário.

Se não seguis alguém, vos sentis muito solitário. Ficai solitário, pois. Porque tendes medo de ficar só? Porque vos defrontais com vós mesmos, tal como sois, e descobris que sois vazio, embotado, estúpido, repulsivo, pecador, ansioso - uma entidade insignificante, sem originalidade. Enfrentai o fato; olhai-o e não fujais dele. Tão logo começais a fugir, começa a existir o medo. Ao investigar-nos não nos estamos isolando do resto do mundo. Não se trata de um processo mórbido. O homem, em todo o mundo, se vê enredado nos mesmos problemas diários, tal como nós, e, assim, investigando a nós mesmos, não estamos de modo nenhum procedendo como neuróticos, porque não há diferença entre o individual e o coletivo. Este é um fato real. Criei o mundo tal como sou. Portanto, não nos desorientemos nesta batalha entre a parte e o todo."

(J. Krishinamurti - Liberte-se do Passado  www.jiddu-krishinamurti.net)


BHAGAVAD GITA (PARTE FINAL)

"(...) A palavra ioga é usada extensivamente no Bhagavad Gita. Seu significado literal é união com Deus, ou união do Ser individual com o Ser Universal. Quando a mente que está bem controlada permanece fixa apenas em Deus e está livre de desejos, o ser realizou a ioga.

A meta da vida humana é a realização de Deus. Na senda do conhecimento, temos que primeiro adquirir conhecimento, para alcançar a sabedoria. Aprender sobre algo é conhecimento; praticá-lo é sabedoria.

O Bhagavad Gita considera que atitudes morais ou princípios éticos (como humildade, modéstia, pureza, integridade, autocontrole, desapego, ausência de ego, estados de devoção) devem ser conhecidos e praticados para se adquirir conhecimento, sabedoria e despertar espiritual.

De um modo geral, a mente segue os sentidos, que não permitem a concentração total num assunto ou objeto. Por isso, a meditação também é necessária para a assimilação intelectual, convertendo o conhecimento em compreensão.

Para o sucesso da meditação é preciso ter pureza na mente, obtida com a eliminação do egoísmo, ódio, ciúme, inveja, presunção, desejo, ira, ganância. Isso se faz, primeiramente, identificando essas impurezas, através de um processo de autoanálise; a partir daí, dando os passos necessários para removê-las."

(R. K. Langar - Bhagavad Gita - Revista Sophia, Ano 2, nº 5 - Pub. da Ed. Teosófica, Brasília - p. 44)

quarta-feira, 27 de novembro de 2013

A SUA PALAVRA É A SUA ORAÇÃO PODEROSA

"A sua palavra é a sua oração. Todo poderosa. 

A palavra é o próprio Deus se manifestando em você.

Talvez, como diz o início do evangelho de João, possamos afirmar que a palavra é o próprio Deus, por ser a manifestação de Deus.

Escreveu o evangelista João, no início do seu evangelho: 'No princípio, era a Palavra e a Palavra era Deus. E tudo o que foi feito foi feito pela Palavra."

A sua palavra também tem o poder de Deus.

Use, então, só palavras positivas. 

Só fale positivamente.

Nas suas conversas, só fale o bem, só diga o bem, só pense o bem, só veja o bem, e a sua palavra produzirá esta realidade.

Se você fala o mal, colherá o mal.

Se você fala o bem, colherá o bem.

O próprio Jesus ensinou que todo o bem que se fala, que se pensa e que se deseja a alguém, retorna multiplicado.

Esta é a lei infalível do retorno. Note bem: infalível. Infalível.

Se você deseja recolher as vantagens e os benefícios desta lei, só fale o bem, só pense o bem, só deseje o bem e só faça o bem.

O bem, criado em sua mente, acontece em você."

(In: O Poder Infinito da Oração, Lauro Trevisan, Editora da Mente, 1990 - A Essência da Felicidade - Ed. Martin Claret, São Paulo, 2002 - p. 58/59)


BHAGAVAD GITA (2ª PARTE)

"(...) O Bhagavad Gita ensina que devemos ‘nivelar’ a mente; devemos encarar do mesmo modo tanto as circunstâncias favoráveis quanto as desfavoráveis. Prazer e dor, ganho e perda, honra e desonra devem ser vistos de modo semelhante. Isso pode ser alcançado com o controle dos desejos, da ira e da ganância, que são os três portais para o inferno.

Devemos tratar a todos da mesma maneira, como gostaríamos de ser tratados. Devemos julgar a felicidade e a dor dos outros com os mesmos padrões que usamos para nós mesmos. Se alguém se aproxima com um problema, você deve tentar oferecer o mesmo tipo de apoio que esperaria, se tivesse um problema semelhante.

O Bhagavad Gita enfatiza que devemos considerar o prazer e a dor de todas as criaturas como se fossem o nosso prazer e a nossa dor. Devemos nos compadecer dos outros nos momentos de dificuldade e realmente compartilhar de seus momentos de felicidade, como se fossem nossos. (...)"

(R. K. Langar - Bhagavad Gita - Revista Sophia, Ano 2, nº 5 - Pub. da Ed. Teosófica, Brasília - p. 44)

terça-feira, 26 de novembro de 2013

A EVOLUÇÃO DAS ESPÉCIES

"À medida que estudamos mais o Universo, descobrimos que suas variedades diferem em idade. (...) Este mundo não veio à luz em sua condição atual através de uma única palavra criadora. Brâhma criou o mundo lenta e gradualmente em prolongada meditação. As formas de vida vieram umas após outras. As sementes de vida foram semeadas umas após outras. Se olharmos para qualquer Universo em qualquer tempo dado, descobrimos que a variedade daquele Universo tem o Tempo como fator principal. A idade da semente em desenvolvimento assinala o estágio em que esta semente apareceu. Em um Universo, em um único e mesmo tempo, há sementes de várias idades e vários estágios de desenvolvimento. Há sementes mais jovens que os minerais, perfazendo o que chamamos de reinos elementais. As sementes em evolução chamadas de reino mineral são mais velhas que aquelas. As sementes que evoluem como reino vegetal são mais velhas que as dos minerais, isto é, elas têm um passado evolutivo mais longo atrás de si; os animais são sementes com um passado ainda mais longo, e as sementes que chamamos de humanidade têm o passado mais longo de todos estes.

Cada grande classe tem sua diversidade em relação ao seu surgimento no tempo. Assim igualmente a vida individual separada em uma pessoa - não a vida essencial, mas a vida individual e separada - é diferente da de outra, e diferimos na idade de nossas existências individuais assim como diferimos na idade de nossos corpos. A vida é uma só - uma só absolutamente; mas ela se desdobra em diferentes estágios de tempo, tomando em consideração o ponto de partida da semente que está crescendo. Devemos compreender esta ideia claramente. Quando um universo se aproxima de seu fim, haverá nele entidades em todos os estágios de crescimento. Já disse que os mundos estão interligados, e os Universos se interligam mutuamente. No início algumas entidades estarão em fases iniciais de evolução; algumas muito cedo estarão prontas para se expandir na consciência de Deus. Neste Universo, quando seu tempo de vida encerra, haverá todos os diferentes níveis de crescimento, que dependem de diferenças de tempo. Há uma só vida em todas as formas, mas o estágio de desenvolvimento de uma vida particular depende do tempo em que ela passou se desenvolvendo separadamente. Aqui compreendemos a verdadeira raiz de nosso problema - uma só vida, imortal, eterna, infinita no que tange à sua fonte e sua meta; mas esta vida se manifesta em diferentes graus de evolução e em diferentes etapas de desenvolvimento, diferentes parcelas de seu poder inerente se expressando de acordo com a idade de cada vida separada. (...)"

(Annie Besant - Dharma - Três palestras proferidas na 8ª Convenção Anual da Seção Indiana da Sociedade Teosófica, ocorrida em Varanasi (Benares), em 26, 27 e 28 de outubro de 1898, The Theosophical Publishing Society, 161 New Bond Street, W. London - p.  6/7) 


BHAGAVAD GITA (1ª PARTE)

"O Bhagavad Gita é amplamente aceito como uma das grandes escrituras da humanidade. Ele contém um apelo universal. Trata da reorganização construtiva da vida, e explica como um homem deve cumprir seus afazeres e ao mesmo tempo compreender seu destino espiritual.

A mensagem principal do Bhagavad Gita é simples: uma pessoa deve cumprir suas obrigações. Se não, incorre em erro. A ação é a lei da vida; sem ação é impossível viver.

Krishna diz que, no caminho espiritual, não é preciso renunciar à ação; as ações executadas com dedicação e atitude adequada ajudam a conduzir a mente ao conhecimento.

Quando o trabalho é feito sem motivação egoísta, torna-se uma forma de adoração. O Bhagavad Gita enfatiza que o mesmo esforço deve ser feito no trabalho para si próprio ou para os outros, e que o esforço deve ser o mesmo, independente do trabalho.

O trabalho deve ser feito com amor. Todos os deveres são igualmente importantes; quando são cumpridos sem motivações egoístas, a ação torna-se uma expressão de amor. O trabalho dedicado remove todas as impurezas da mente. (...)"

(R. K. Langar - Bhagavad Gita - Revista Sophia, Ano 2, nº 5 - Pub. da Ed. Teosófica, Brasília - p. 43)


segunda-feira, 25 de novembro de 2013

ONDE O SENHOR PENSA QUE ESTÁ?

"Um homem morreu e viu que se encontrava em um bonito lugar, cercado de todo o conforto que se podia imaginar. Então um sujeito todo vestido de branco se aproximou dele e lhe disse: 'Você pode ter tudo o que quiser, qualquer alimento, qualquer tipo de prazer, qualquer espécie de entretenimento.'

O homem ficou encantado e, durante dias seguidos, provou de todas as iguarias e teve todas as experiências com que havia sonhado na sua vida na Terra.

Um belo dia, porém, ficou enfastiado de tudo aquilo e, chamando o atendente disse:

'Estou cansado disso tudo aqui. Preciso fazer alguma coisa. Que tipo de trabalho você pode me oferecer?'

O atendente balançou tristemente a cabeça e respondeu:

'Sinto muito, senhor. Mas isso é a única coisa que não podemos lhe oferecer. Aqui não existe nenhum trabalho para o senhor.' Ao que o homem replicou: 'Ah, isso é ótimo! Eu estaria bem melhor no inferno!'

E o atendente disse tranquilamente: 'E onde o senhor pensa que estamos?'"

(Autor anônimo - A Essência do Otimismo - Ed. Martin Claret, São Paulo, 2002 - p. 115)
www.martinclaret.com.br


TREINANDO O DESAPEGO

"Uma maneira de cultivar o desapego é adotar a atitude de ‘nada é meu’, mas tudo me foi ‘emprestado’. Isso se aplica às nossas posses, crenças, atitudes, emoções e aos nossos relacionamentos. Todos estes são condições temporárias originárias de circunstâncias transitórias. Não são nós mesmos. A nossa verdadeira identidade está naquele centro interno de tranquilidade, de observador silencioso, de alma, que é imutável em meio a todas as mudanças da vida. Se pudermos treinar a mente e as emoções para não se apegarem a coisas externas e nem mesmo a estados internos, estaremos libertando a personalidade de todas as identificações com coisas menores e preparando o caminho para que ela se abra às influências da alma. É como vivermos em uma fluida fonte pura de água fresca ao invés de permanecermos atrapalhados com os estagnantes torvelinhos de nossos padrões de hábitos."

(Shirley Nicholson - A Vivência da Espiritualidade - Ed. Teosófica, Brasília, 1996 - p. 81/82)


domingo, 24 de novembro de 2013

O LONGO CAMINHO PARA A INDIVIDUALIZAÇÃO



"2 – Dentre as criaturas sensíveis é difícil alcançar o nascimento como ser humano; dentre os seres humanos, nascer homem; quando homem, ser um Brãhmana; sendo um Brãhmana, desejar seguir a senda do dharma védico e entre esses aprender verdadeiramente. Mas o conhecimento espiritual que discerne entre o Espírito e o não espírito, a realização prática da fusão com Brahmãtman e a emancipação final dos grilhões da matéria são inatingíveis, exceto por um karma de centenas de milhões de encarnações. 

COMENTÁRIO - Reflitamos sobre a imensa quantidade de seres visíveis e invisíveis que existem nos inumeráveis mundos que constituem o Universo. Como é difícil ser humano! Mas o fato de sermos seres humanos não significa que alcançamos a plenitude desse estado, que, no dizer do psicólogo Carl Gustav Jung, chegamos à ‘individualização’. Pouquíssimos são os que conseguem esse objetivo, pois a imensa maioria constitui o ‘rebanho’ que é tocado pelos acontecimentos, vive e age em função de reflexões condicionadas. Simples marionetes manipuladas pelas circunstâncias. Ainda é mais difícil ser um Brahmana, alguém que alcançou a mais elevada estatura espiritual. As quatro castas tradicionais da Índia estão vinculadas não às circunstâncias do nascimento, mas à essência do ser de cada um. Mesmo para os que sejam realmente Brahmanas há a dificuldade de desejar efetivamente seguir o dharma como expresso nos Vedas. O dharma é Lei, Ordem, Justiça. É a linha de menor resistência que, uma vez seguida, nos permite alcançar a libertação dos laços do karma. Mas o texto nos adverte da dificuldade do verdadeiro aprendizado. A fusão com a centelha suprema que está dentro de nós, o Brahmãtman, é algo de suprema dificuldade, pois depende fundamentalmente do karma de cada um. E para que isso ocorra são necessárias centenas de milhões de encarnações."

(Viveka-Chudamani - A Joia Suprema da Sabedoria - Comentário de Murillo N. de Azevedo - Ed. Teosófica, Brasília, 2011 - p. 15/16)





COMUNICAÇÃO COM DEUS

"O conhecimento sobre meditação está ligado à tradição oriental, mas a cultura ocidental e o Cristianismo também têm ensinamentos sobre o assunto. A própria oração pode ser uma prática meditativa; basta que seja realizada com esse propósito. Santo Inácio de Loyola, padre jesuíta que viveu no século XVI, escreveu um extenso manual sobre esse tema, que hoje se tornou uma referência para os cristãos que praticam a meditação.

O padre Manoel Iglesias, diretor do Centro Inaciano de Espiritualidade, subordinado à Companhia de Jesus, resume o conteúdo da obra Exercícios Espirituais, de Loyola: ‘É um livro para guiar as pessoas na busca espiritual’. Para Inácio de Loyola, a meditação é um momento privilegiado, ‘no qual a gente presta atenção ao Deus em que acreditamos. No meio da correria do cotidiano, é a pacificação para estabelecer uma comunicação com esse Deus que nos acompanha sempre."

(Jamila Gontijo - Meditação, o caminho do autoconhecimento - Revista Sophia, Ano 1, nº 3 - Pub. da Ed. Teosófica, Brasília - p. 07)


sábado, 23 de novembro de 2013

O MODO CORRETO DE ENCARAR A MORTE

"Pratique estas coisas e veja se o que digo não é verdade. Você pode aumentar a dor pela sensibilidade e diminuí-la pelo desapego mental. Quando perder um ente querido, em vez de desesperar-se irracionalmente, compreenda que ele foi para um plano mais elevado, segundo a vontade divina, e que Deus sabe o que é melhor. Alegre-se por ele estar livre. Reze para que seu amor e boa vontade sejam mensageiros do estímulo que você envia para ele, em seu caminho para diante. Essa atitude ajudará muito mais. Naturalmente, não seríamos humanos se não sentíssemos falta dos entes queridos mas, ao sentirmos a solidão provocada por sua ausência, não devemos permitir que apegos egoístas prendam os outros à terra. A tristeza excessiva impede que a alma que partiu continue progredindo em direção à paz e liberdade maiores.

A maioria das pessoas que hoje vive na Terra não estava aqui há cem anos. Outras estavam aqui antes de nós. E nós, que agora caminhamos pelas ruas do mundo, não estaremos aqui dentro de cem anos. Tudo terá terminado para nós e a nova geração nem se preocupará conosco. Ela sentirá, como nós agora, que o mundo lhe pertence; mas, um por um, todos também serão levados daqui. A morte deve ser boa, ou Deus não teria ordenado que acontecesse a todos. Por que viver com medo dela?

Os que temem a morte não podem conhecer a verdadeira natureza de sua alma. ‘Os covardes morrem muitas vezes antes da morte; o valente prova seu gosto só uma vez.’ O covarde vive em sua mente, repetidas vezes, um filme de dor e morte. O valente experimenta apenas a morte final, rápida e indolor. Se alguém morre de causas naturais ou é espiritualmente avançado, o corpo das sensações simplesmente adormece e, quando a consciência volta a despertar em outro plano, tem todas as sensações do corpo sem a forma física. Toda a consciência está na mente, exatamente como nos sonhos. Não é difícil imaginar isso. Quem morre apenas se desfaz do corpo físico denso, que é apenas uma forma inferior da mente e a causa de todos os problemas para a alma."

(Paramahansa Yognanda – A Eterna Busca do Homem – Self-Realization Fellowship – p. 338/339)


UMA ABORDAGEM UNIVERSAL DA ESPIRITUALIDADE

"A melhor abordagem da espiritualidade independe de denominações, e, portanto, é universal, como a ciência. Assim como não existe uma ciência indiana ou americana, existe apenas uma mente religiosa: a que alcançou o amor, a compaixão, a paz, a harmonia. Não é uma mente hindu, cristã nem budista.

A mente verdadeiramente religiosa está em busca da verdade, que ela encara como desconhecida. A ciência também encara a verdade como o desconhecido, e continuamente purifica seus modelos na tentativa de se aproximar dela. É a nossa ilusão que nos divide em diferentes comunidades religiosas. As diferentes religiões institucionalizadas são subprodutos históricos da busca espiritual do homem e precisam ser distinguidas da busca em si.

Da mesma forma, precisamos distinguir a ciência do seu subproduto, que é a tecnologia. A ciência é a busca da verdade, enquanto a tecnologia resulta do desejo humano de poder e conforto. O uso indiscriminado desse poder criou todos os problemas ecológicos que o mundo enfrenta hoje. Eles são resultado da ganância e do egoísmo do homem; não se devem à busca científica em si. A humanidade precisa continuar com as investigações científicas e espirituais, sem se envolver demais com os seus subprodutos."

(Padmanabhan Krishna - Ciência e espiritualidade - Revista Sophia, Ano 2, nº 5 - Pub. da Ed. Teosófica, Brasília - p. 19)


sexta-feira, 22 de novembro de 2013

A IMPORTÂNCIA DA VONTADE

"A vontade é o fator de suprema importância em todo trabalho oculto de crescimento espiritual. O poder criador mágico de ‘Kriyashakti’ é a força de ‘concentração do pensamento e da vontade’. Força de vontade não somente significa a habilidade de escolher, mas também a de permanecer no caminho escolhido, de perseverar.

Este poder é frequentemente um dos pontos mais fracos na constituição do homem moderno. Toda a tendência de nossa vida moderna suave e confortável é o solapamento da vontade e da capacidade de resistência. A inteligência para ver o melhor caminho e a vontade firme de continuar trilhando-o são necessidades absolutas para o sucesso em qualquer empreendimento, material ou espiritual.

A posse do poder da vontade não é um dom do alto. Se alguém o possui é por tê-lo desenvolvido por si mesmo, em vidas passadas. A grande maioria dos homens é mais ou menos deficiente neste particular. Mas ele pode ser desenvolvido.

Só há um modo de fazer isto - pela aquisição da faculdade, da aptidão, de dizer ‘não’ a nós mesmos, de enfrentar o desapontamento, a perda, o fracasso sem que isto abale nossas intenções finais. Se você que lê estas palavras é jovem, comece cedo. Vontade é uma forma superior de desejo. É um desejo elevado, um desejo impessoal, considerado correto, necessário, altruístico, oposto à autossatisfação, ao prazer momentâneo, à autoindulgência inferior. O homem autoindulgente nunca pode vir ao ser o santo, o iluminado, aquele que irradia Deus."

(Clara M. Codd - A Técnica da Vida Espiritual - Biblioteca Upasika - p. 10)


AQUIETANDO-SE NATURALMENTE (PARTE FINAL)

"(...) Outro aspecto do problema torna-se aparente quando observamos a nós mesmos, sem querer ser ou fazer isso ou aquilo, abrindo mão de trivialidades e superficialidades. Com relação à profissão ou à ocupação, é necessário ter atenção e cuidadoso discernimento. Mas existem inúmeras atividades superficiais da mente que não têm propósito; seguem em frente mecanicamente. A mente está enredada em desejo, e a mente-desejo sente-se viva quando está em estado de preocupação, medo ou agitação. Ela não consegue se manter ocupada com coisas profundas; portanto, mantém-se numa atmosfera de trivialidades.

A mente aquieta-se quando o foco de sua atenção passa do pessoal para o impessoal, do trivial e superficial para o real e significativo. O estado de quietude torna-se natural quando pensamos em termos da natureza universal da experiência – dor, alegria, luta e assim por diante -, porque o foco muda. Helena Blavatsky aconselhou aos estudantes de espiritualidade a se demorarem nas verdades universais. À medida que o foco muda, o interesse também muda.

Então, embora leve tempo para a mente morrer, nós não desistimos. O desafio é interessante. O estudante universitário acha seu trabalho cansativo quando só tenta conseguir boas notas e um bom emprego, mas se seu interesse estiver desperto, ele trabalha com alegria; assim, a estrada espiritual é o tempo todo ascendente, mas quando há interesse, escalar é uma alegria."

(Radha Burnier – Revista Sophia, nº 33 – Pub. da Ed. Teosófica, Brasília – p. 41)


quinta-feira, 21 de novembro de 2013

PRESTAÇÃO DE SERVIÇO

"Existem muitas motivações para participar do serviço e do trabalho humanitário. A motivação mais desprendida é o desejo de ajudar os outros a ajudar a melhorar algumas das situações dolorosas, difíceis e injustas no mundo. Outra motivação é o desejo de cumprir uma necessidade interna para fundamentar nossos impulsos espirituais, solidificando nosso crescimento interior e dando expressão aos nossos talentos e à nossa compaixão. Existem também benefícios secundários, como a autoestima que surge a partir de uma contribuição real, a recompensa de ver que os nossos esforços tiveram algum efeito em outra pessoa que, por exemplo, adquiriu habilidades úteis como datilografar ou usar o computador através da ajuda de um trabalhador voluntário, ou até mesmo o elogio e satisfação de sermos apreciados porque estamos realizando um bom trabalho. A motivação mais elevada é a de dedicar as nossas ações a Deus ou à Vida Una, cumprindo o karma yoga, segundo o Bhagavad Gita, e nos aproximarmos cada vez mais da unificação de nossa vida exterior com os nossos impulsos e insights espirituais mais profundos. Contudo, poucos de nós realizam o serviço sem algum reflexo de ganho pessoal. Será inútil esperar que nossa motivação seja completamente pura antes de decidirmos prestar serviço. O melhor a fazer é simplesmente se lançar em algum trabalho que você considere importante e que lhe agrade, não se preocupando excessivamente com a sua motivação. Basta envolver-nos com uma boa causa para deixarmos de lado nosso mundo pessoal estreito."

(Shirley Nicholson - A Vivência da Espiritualidade - Ed. Teosófica, Brasília, 1996 - p. 93/94)


AQUIETANDO-SE NATURALMENTE (2ª PARTE)

"(...) Certamente é bom ser crítico no sentido correto; é um sinal de que viveka, ou a faculdade de discernir, está devidamente ativa. Mas esse tipo de observação deve estar livre do elemento pessoal. O verdadeiro viveka não produz reações nem memórias que distorçam o relacionamento. Por outro lado, a atitude não pessoal dá origem a sentimentos de gentileza e de compreensão das lutas que as outras pessoas travam. Ser verdadeiramente impessoal ou estar simplesmente dizendo ‘eu não sou pessoal’ depende de se estar calmamente perceptivo do que acontece, não tendo resíduos ou imagens na mente.

Como outro exemplo, podemos olhar nossa reação a um problema de saúde. Essa experiência, abordada corretamente, pode ensinar o impessoalidade. O corpo é útil e deve ser cuidado, mas não deve receber importância como posse pessoal. Será que podemos olhar para ele com desapego, como se fosse o corpo de outra pessoa que nos é entregue sob custódia? Ele não é ‘nosso’, exceto durante algum tempo. Como assinalou Lewis Thomas, ‘os microorganismos que fazem colônias no corpo podem muito bem dizer ‘ele é nosso’. Mas por enquanto ele é uma boa ferramenta no plano físico.

A perspectiva pessoal e a reação pessoal são como uma ferida na mente, uma fonte de irritação. Se aprendemos a ser pessoais ou um tanto não pessoais (a palavra impessoal sugere falta de sentimento, mas os bons sentimentos caracterizam a mente não pessoal), poderemos descobrir que existe muito menos atividade e agitação mental. (...)"

(Radha Burnier – Revista Sophia, nº 33 – Pub. da Ed. Teosófica, Brasília – p. 41)


quarta-feira, 20 de novembro de 2013

A TERRA SEM CAMINHOS

"Krishnamurti disse que a verdade é uma terra sem caminhos. Parece também dizer que o caminho para a terra da verdade é um caminho sem trilhas. Não há paradoxos nessas duas concepções, porque o único caminho para a verdade é a prática da própria verdade, assim como o único caminho para a liberdade é a liberdade, e o único caminho para o amor é o amor. Para a verdade, o amor ou a liberdade, nada pode substituir o caminho.

Fazendo uma imagem disso, podemos pensar numa enorme montanha; no topo dessa montanha brilha o sol da verdade. Se eu tiver que escalar essa montanha, devo dar passos. Cada passo que eu der deve ser um passo de verdade. Nenhum outro tipo de passo irá levar-me para cima. Portanto, a verdade é não apenas a meta, mas também o caminho para a meta. (...)

Portanto, se não há diferença entre a meta e o caminho para a meta, ambos podem ser chamados de terra sem caminhos.

Cada homem sob a lei do carma recebe o tipo de experiência que lhe oferece a melhor oportunidade para o exercício da vontade, do pensamento e do amor. (...)

Colocando a ideia em termos teosóficos, todas as nossas experiências são como se fossem enviadas direta e especificamente das mãos de Deus. Se reconhecermos e alegremente aceitarmos o fato de que em todas as coisas, o tempo inteiro, estamos lidando diretamente com Deus, deixaremos de insultá-Lo com orações que são apenas súplicas. Começaremos a ter a força e a paz que surgem ao descobrirmos que o mais elevado e o mais próximo são a mesma coisa."

(Ernest Wood - A Terra sem Caminhos - Revista Sophia, Ano 6, Nº 24 - Pub. da Ed. Teosófica - p. 26/27)


AQUIETANDO-SE NATURALMENTE (1ª PARTE)

"Como posso controlar minha mente? Os interessados na vida espiritual em algum momento fazem essa pergunta. A constante atividade mental é cansativa, obstrui a reflexão e não dá espaço para que, nos momentos de calma, surjam percepções profundas. Somente uma mente pacífica parece refletir a essência da vida, assim como as águas de um lago devem estar calmas e claras para refletir o céu.

Muitos buscadores tentam, durante muito tempo, meditar de maneira eficaz. Eles se esforçam ardentemente para retirar a mente de suas andanças, mas ela é rebelde e é repetidamente bem-sucedida em fugir. Isso é desanimador, e então surge o sentimento de que a única opção é desistir. Embora vários instrutores tenham aconselhado que a pessoa deve continuar o esforço para subordinar a mente recalcitrante, há um ponto além do qual a pessoa sente que não consegue continuar com a batalha.

Portanto, vale a pena uma séria consideração para verificar se, com uma abordagem diferente, a mente se tornará menos excitável e mais tranquila. Krishnamurti disse: ‘Permita que a mente tenha liberdade para morrer.’ Mas a experiência mostra que, quando se dá liberdade à mente, ela não morre; continua com sua energia frenética. Será porque estamos incessantemente alimentando-a para mantê-la viva? Nesse caso, devemos descobrir qual é o combustível que a inflama e a mantém em atividade.

Uma das características de uma pessoa espiritualmente evoluída é que ela não é pessoal. Pelo contrário, a mente-desejo é muito pessoal, como rapidamente descobrimos quando observamos com cuidado nossas reações do dia a dia com relação às pessoas e aos incidentes. À medida que a mente se torna mais perspicaz e mais afiada, ela se torna crítica em relação ao modo como os outros pensam e agem. Aliás, ela tem considerável satisfação em notar algo que possa criticar ou condenar. No nível subconsciente, isso fortalece o centro egoico e seu senso de superioridade – o que talvez possa explicar por que falar e pensar criticamente dos outros é tão comum. (...)"

(Radha Burnier – Revista Sophia, nº 33 – Pub. da Ed. Teosófica, Brasília – p. 41)


terça-feira, 19 de novembro de 2013

KAIVALYAM

"Kaivalyam¹ é o estado no qual o Divino é experienciado como o Oniabarcante, como Vontade, como Atividade, como Ananda (Bem-aventurança), como Inteligência, como Existência. Você deve suprimir sua lerdeza (thamas), sublimar suas paixões (rajas) e cultivar pureza (sathva) tanto que se estabilize em kaivalyam. Você tem vindo através de thamas e rajas e agora está na região de sathwa, conforme simbolizado pelos dois portões, atravessando os quais você veio. Agora, você deve tomar a lição do símbolo da bandeira de Prasanthi para seu coração. Ela o instrui para ir além dos reinos da luxúria, do rancor e do ódio, para chegar a verdejante região do Amor. Fique sentado agora em prece meditativa e abra as pétalas do seu coração mediante Yoga, tanto que a Suprema Iluminação possa ser atingida."

¹ Kaivalyam - condição de isolamento. Acontece quando pairamos mentalmente longe e desidentificados com Prakritti  ou mundo material.

(Sathya Sai Baba - O Caminho Interior - Ed. Nova Era, Rio de Janeiro, 1989 - p. 205)


ESCUTA A CANÇÃO DA VIDA

"Procura-a e escuta-a primeiro em teu próprio coração. A princípio talvez digas: 'Não consigo encontrá-la; ao procurar, encontro apenas discórdia'. Procura mais fundo. Se ficares de novo desapontado, detém-te e busca mais fundo ainda. Existe uma melodia natural, uma fonte oculta em todo coração humano. Pode estar oculta e completamente escondida e silenciada - mas lá está. Na própria base da tua natureza encontrarás fé, esperança e amor. Aquele que escolhe o mal se recusa a olhar para dentro de si, fecha os ouvidos à melodia do seu coração, assim como tapa os olhos para a luz da sua alma. Ele procede assim porque acha mais fácil viver nos desejos. Porém, sob toda vida existe uma forte corrente que não pode ser detida; as grandes águas na realidade ali estão. Encontra-as e perceberás que ninguém, nem a mais maldosa das criaturas, deixa de ser parte dela, por maior que seja sua cegueira em relação a esse fato, e mesmo que tenha construído para si uma horripilante máscara externa. É neste sentido que eu te digo: todos os seres entre os quais tu lutas são fragmentos do Divino. Tão enganadora é a ilusão em que vives, que é difícil que prevejas onde pela primeira vez detectarás a doce voz no coração dos outros. Sabe, porém, que ela está certamente dentro de ti. Procura-a em ti e, uma vez que a tenhas ouvido, mais prontamente a reconhecerás ao redor de ti."

(Mabel Collins - Luz no Caminho - Ed. Teosófica, Brasília, 2011 - p. 78/81)


segunda-feira, 18 de novembro de 2013

A BUSCA DO HOMEM

"Somos, cada um de nós, responsáveis por todas as guerras, geradas pela agressividade de nossas vidas, pelo nosso nacionalismo, egoísmo, nossos deuses, preconceitos, ideais — pois tudo isso está a dividir-nos. E só quando percebemos, não intelectualmente, porém realmente, tão realmente como reconhecemos que estamos com fome ou que sentimos dor, bem como quando vós e eu percebemos que somos os responsáveis por todo este caos, por todas as aflições existentes no mundo inteiro, porque para isso contribuímos em nossa vida diária e porque fazemos parte desta monstruosa sociedade, com suas guerras, divisões, sua fealdade, brutalidade e avidez — só então poderemos agir. 

Mas, que pode fazer um ente humano, que podeis vós e que posso eu fazer para criar uma sociedade completamente diferente? Estamos fazendo a nós mesmos uma pergunta muito séria. É necessário fazer alguma coisa? Que podemos fazer? (...) Disseram-nos que todos os caminhos levam à verdade; vós tendes o vosso caminho, como hinduísta, outros o tem como cristão, e outros, ainda, o têm como muçulmano; mas, todos esses caminhos vão encontrar-se diante da mesma porta. Isso, quando o consideramos bem, é um evidente absurdo. A verdade não tem caminho, e essa é sua beleza; ela é viva. Uma coisa morta tem um caminho a ela conducente, porque é estática, mas, quando perceberdes que a verdade é algo que vive, que se move, que não tem pouso, que não tem templo, mesquita ou igreja, e que a ela nenhuma religião, nenhum instrutor, nenhum filósofo pode levar-vos — vereis, então, também, que essa coisa viva é o que realmente sois — vossa irrascibilidade, vossa brutalidade, vossa violência, vosso desespero, a agonia e o sofrimento em que viveis. Na compreensão de tudo isso se encontra a verdade. E só o compreendereis se souberdes como olhar tais coisas de vossa vida. Mas não se pode olhá-las através de uma ideologia, de uma cortina de palavras, através de esperanças e temores." 

(J. Krishnamurti - Liberte-se do Passado - Ed. Cultrix, 1969 - pg. 07/08)


O SEGREDO DA FELICIDADE (PARTE FINAL)

"(...) Uma amiga confessou-me recentemente que não tinha sorte ao meditar. Os pensamentos estavam sempre surgindo em sua cabeça, e ela não conseguia parar de se inquietar. Acreditava que a coisa estava além de suas forças. 'Mas eu faço pequenas orações de ação de graças ao longo do dia', disse ela; 'a cada dia eu vejo as muitas coisas boas e as alegrias da vida, que ultrapassam em muito as coisas ruins, e faço uma pequena oração de agradecimento'.

Essa amiga, porém, pode ter certeza de que sua 'pequena oração de ação de graças' é uma das mais poderosas meditações que se pode fazer. Com esse tipo de atitude, a abertura para a alegria é uma superação natural. O reconhecimento frequente de que a vida, e tudo que dela procede, é uma graça traz a nós o tesouro de uma vida mais rica - através da graça.

Se alguém teve sucesso com o humor, o silêncio e a gratidão, então as condições serão perfeitas para a graça fluir em todo o seu esplendor. As pétalas desabrocharão naturalmente numa atitude de serviço voltada para o exterior. Esse serviço não envolve necessariamente atividade intensa, como se poderia esperar (embora o possa). Pode ocorrer em dias muito sossegados, dependendo das circunstâncias da pessoa. Contudo, universalmente, incorpora um gentil partilhar de si mesmo na calma afirmação de que tudo estará bem: 'Quando a vida se torna um poema de serviço, no sentido verdadeiro, puro, intenso, então toda a vida se torna plenamente bela; desabrocha como uma flor', escreveu N. Sri Ram, em Pensamentos para Aspirantes.

Que a graça da felicidade transbordante possa sempre desabrochar em seu coração!"

(Betty Bland - Revista Sophia nº 46 - Pub. da Ed. Teosófica, Brasília - p. 06)
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