OBJETIVOS DO BLOGUE

Olá, bem-vindo ao blog "Chaves para a Sabedoria". A página objetiva compartilhar mensagens que venham a auxiliar o ser humano na sua caminhada espiritual. Os escritos contém informações que visam fornecer elementos para expandir o conhecimento individual, mostrando a visão de mestres e sábios, cada um com a sua verdade e experiência. Salientando que a busca pela verdade é feita mediante experiências próprias, servindo as publicações para reflexões e como norte e inspiração na busca da Bem-aventurança. O blog será atualizado com postagens de textos extraídos de obras sobre o tema proposto. Não defendemos nenhuma religião em especial, mas, sim, a religiosidade e a evolução do homem pela espiritualidade. A página é de todos, naveguem a vontade. Paz, luz, amor e sabedoria.

Osmar Lima de Amorim


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terça-feira, 7 de dezembro de 2021

SUPERE O NERVOSISMO ESCOLHENDO BOAS COMPANHIAS

"Há duas espécies de nervosismo: psicológico (ou superficial) e mecânico (ou orgânico). O psicológico, a variedade mais comum, nasce da agitação mental. Esta, se for contínua e acompanhada do convívio com pessoas destituídas de qualidades inspirativas, dieta errada e maus hábitos de saúde, causa as manifestações crônicas ou orgânicas das doenças nervosas.  

A alimentação deve ser simples, equilibrada e não deve ser ingerida em excessiva quantidade. O exercício deve ser regular. Dormir demais entorpece os nervos, e dormir de menos prejudica-os. Importantíssima é a escolha das companhias. 'Diz-me com quem andas, e te direi quem és.' Bajuladores não nos ajudam. Devemos buscar a companhia de homens superiores - os que nos dizem a verdade e nos ajudam a progredir. O melhor amigo é quem, humildemente, sugere mudanças valiosas para melhorar nossa vida. 

A crítica veemente, expressa de forma insensível ou má, é como bater com um martelo na cabeça de alguém. O poder do amor é infinitamente mais eficaz. Sugestões bondosas, oferecidas com amor e compreensão, podem fazer milagres; simplesmente apontar defeitos nada produz. Uma pessoa estará em condições de julgar os outros somente quando aperfeiçoar seu próprio caráter. Até lá, julgar-se a si mesmo é a única análise proveitosa. 

O convívio com pessoas calmas e sábias é um dos meios mais rápidos de eliminar o nervosismo e atingir a percepção de nossa divindade inata. Pessoas nervosas deveriam conservar-se longe dos que têm problemas semelhantes."

(Paramahansa Yogananda - A Eterna Busca do Homem - Self-Realization Fellowship - p. 100/101)


terça-feira, 3 de agosto de 2021

NÃO JULGUEIS - E NÃO SEREIS 'JULGADOS!' - NÃO CONDENEIS - E NÃO SEREIS CONDENADOS!

"Com estas duas frases lapidares enuncia o divino Mestre a lei universal e infalível de causa e efeito, ou, como diz a filosofia oriental, a lei do 'karma'. Se os homens compreendessem praticamente essa lei, não haveria malfeitores sobre a face da terra, porque o homem compreenderia que fazer mal a seus semelhantes é fazer mal a si mesmo, e, como ninguém quer ser objeto de um mal, ninguém seria autor do mal; cada um compreenderia que ser mau é fazer mal a si mesmo.

O universo é um 'kosmos', isto é, um sistema de ordem e harmonia, regido por uma lei que não admite exceção, ou no dizer de Einstein, o universo é a própria Lei Universal. Dentro desse sistema cósmico, a toda ação corresponde uma reação equivalente. Pode essa reação tardar, mas ela vem com absoluta infalibilidade.

Objetivamente, ninguém pode perturbar o equilíbrio do universo, embora, subjetivamente, os seres conscientes e livres possam provocar perturbação. A ação do perturbador provoca infalivelmente a reação do perturbado, e esses dois fatores, ação e reação, atuando como causa e efeito, mantêm o equilíbrio do Todo. A ação do perturbador chama-se culpa ou pecado, a reação do perturbado chama-se pena ou sofrimento. Ser autor de uma culpa é ser mau, ser objeto de uma pena é sofrer um mal. Por isso, é matematicamente impossível que alguém seja mau sem fazer mal a si mesmo. Se tal coisa fosse possível, o malfeitor teria prevalecido contra o universo e ab-rogado a Constituição Cósmica; teria, por assim dizer, derrubado o Himalaia com a cabeça.  

Compreender praticamente essa lei inexorável é ser sábio, e ser sábio é deixar de ser mau ou pecador. Se todos os homens fossem sábios ou sapientes, não haveria mau sobre a face da terra. Mas os homens são maus porque são insipientes, ignorantes. 'Disse o insipiente no seu coração: Não há Deus!' Todas as vezes que os livros sacros se referem ao pecador, usam o termo 'insipiente', isto é, 'não sapiente', ou ignorante.

O grande ignorante é o pecador. O grande sábio é o santo.

Quem conhece experiencialmente a ordem cósmica não comete a loucura de querer destruí-la com seus atos maus, porque sabe que isto é tão impossível como querer derrubar o Himalaia com a cabeça ou apagar o sol com um sopro.

O verdadeiro homem santo é um sapiente. E sua sapiente santidade consiste em manter perfeita harmonia com a lei do universo. A própria palavra 'santo' quer dizer 'universal' ou 'total'. O homem santo é o homem univérsico, integral, cósmico, aquele que não procura uma vantagem parcial contrária à ordem total."

(Rohden - O Sermão da Montanha - Ed. Martin Claret Ltda., São Paulo, 1997 - p. 151/153)


terça-feira, 2 de julho de 2019

COMO ENFRENTAR OS DESAFIOS KÁRMICOS

"As pessoas raramente investigam as causas ocultas daquilo que acontece em suas vidas. Não conseguem entender por que sofrem. O sofrimento estende uma grossa cortina sobre suas mentes, ocultando a origem dos males.

Só por intermédio de uma comunhão íntima e profunda com estados superiores de consciência torna-se claro que todas as deficiências, mentais ou físicas, são consequências necessárias do mau comportamento da pessoa no passado. O sábio tem lucidez interior para determinar a causa exata de cada vicissitude. Pode, pois, prescrever ações que removerão essa causa, de influência deletéria na vida da pessoa.

Quem nasceu com desvantagem em alguma área deve resistir à tentação da autopiedade. Lamentar-se é diluir a força interior de superação. Melhor seria que dissesse: 'Obstáculos não existem. Existem oportunidades.'

Não acuse ninguém, muito menos a si próprio. Queixa e acusação não apagam o que está feito, ao contrário, só reforçam sua dependência de circunstâncias cujo controle você de fato perdeu.

Busque Deus no silêncio interior. Reconcilie-se com a realidade e com o que precisa ser feito. Você pode remodelar seu karma desde que, doravante, passe a viver pela consciência da alma. Repudie os ditames do ego: eles são o fruto perene da ilusão.

Quanto mais perto você chegar de Deus, mais seguramente O conhecerá como o próprio Amor Divino: Aquele que está mais próximo, Aquele que é mais Caro."

(Paramhansa Yogananda - Karma e Reencarnação - Ed. Pensamento, São Paulo, 2012 - p. 34/35)

domingo, 4 de fevereiro de 2018

FAZER O NECESSÁRIO E NÃO O SUPÉRFLUO

"Só se pode encher um vaso até a borda - 
Nem uma gota a mais.
Não se pode aguçar uma faca,
E logo testar a sua agudeza.
Não se pode acumular ouro e pedras preciosas,
Sem ter lugar seguro para guardá-los.
Quem é rico e estimado,
Mas não conhece a sua limitação,
Atrai a sua própria desgraça.
Quem faz grandes coisas,
E delas não se envaidece,
Esse realiza o céu em si mesmo.

EXPLICAÇÃO: O homem sábio deve ser equilibrado em tudo, como o próprio Universo, cujo Uno nunca destoa do Verso. Quando o homem-ego pretende fazer mais do que o homem-Eu permite, o desequilíbrio é infalível - e o desequilíbrio é a infelicidade do homem. O homem deve em tudo ser universificado, agindo de dentro para fora."

(Lao-Tse - Tao Te King, O Livro Que Revela Deus - Tradução e Notas de Huberto Rohden - Fundação Alvorada para o Livro Educacional, Terceira Edição Ilustrada - p. 42/43)


segunda-feira, 26 de junho de 2017

SABEDORIA NA PRÁTICA (PARTE FINAL)

"(...) Quando governo ou gerencio com efetividade, tenho como objetivo a melhoria na qualidade de vida das pessoas em primeiro lugar. Isso, no entanto, começa comigo. Estar bem comigo mesmo é condição para ser capaz de gerenciar com eficiência e qualidade. Não quero que as pessoas se impressionem com minhas palavras, quero estar satisfeito com minha vida para ser capaz de servi-las com integridade. Quem não respeita esse princípio pode até ser cheio de conhecimento, mas tem pouco autoridade no servir e vive uma relação interna esquizofrênica, frustrada e inquieta.

Vejo um profissional sábio quando enxergo a admiração de seus colaboradores, a serenidade de seus negócios, o sorriso de seus amigos, o cuidado de seus afetos, o acolhimento aos seus clientes. Há um ditado que diz: 'Tua vida me impede de crer no que dizes.' Sabedoria é ver no exterior meu mundo interior e melhorar meu mundo interior se o exterior não me traz felicidade. É ter menos papo e fazer aquilo que se propõe.

Terceio, ser sábio tem a ver com gratidão. A sabedoria revela-se no modo como sou grato porque vejo no outro a possibilidade de aprender. Salomão dá mais presentes à rainha de Sabá do que aqueles que dela recebeu. Ele entende que não se estava estabelecendo ali uma relação comercial. Sabedoria tem a ver com prazer da convivência. É nessa perspectiva que os demais interesses devem se pautar. Se tenho isso em mente, atendo melhor, produzo com qualidade, comercializo com honestidade, honro meus compromissos, relaciono-me com sinceridade, gerencio com integridade, meu ganho é justo e dele não me envergonho, e aprendo sempre.

É esse tipo de sabedoria que está faltando para que o que sabemos faça mais sentido prático na nossa vida e na vida daqueles que nos cercam."

(Homero Reis - Sabedoria, a competência perdida - Revista Sophia, Ano /10, nº 39 - p. 14/15)


domingo, 25 de junho de 2017

SABEDORIA NA PRÁTICA (2ª PARTE)

"(...) Primeiro, ser sábio significa ter um tipo de sabedoria capaz de organizar a vida e não apenas as ideias. Tem gente que consegue explicar tudo, falar sobre tudo, refletir exaustivamente sobre as coisas, mas não consegue realizar nada. Ou, na melhor hipótese, tem uma realização sofrida e angustiada. Tomar consciência disso e organizar a vida é um propósito sábio. A sabedoria não pretende encher nossas mentes de ideias e conhecimentos, mas abri-la para ver nossa coerência.

A rainha viu a coerência nas pessoas e nas coisas que cercavam Salomão. A vida real era um reflexo de sua vida interior e um convite ao aprendizado. O que Salomão falava estava presente no modo como vivia seu reino e como conduzia seu povo. O exemplo de vida e a vida exemplar lhe concediam a autoridade necessária para gerir com sucesso. Essa ideia nos mostra que a competência nas relações executivas não pode ser excludente das competências na vida privada e relacional.

Conheço vários executivos, 'cheios de sucesso' na vida profissional, cuja vida afetiva, familiar e emocional estão a ponto de explodir. Vidas sustentadas por doses diárias de antidepressivos, cuja intimidade mostra uma confusão totalmente antagônica ao aparente sucesso profissional. Autoridade se dá quando as pessoas conseguem enxergar o que eu falo, quando meus atos são reflexo das coisas em que creio, e isso tudo envolvido em qualidade de vida. 

Ser sábio significa ter um tipo de sabedoria que ajuda o outro a ser feliz a partir da própria felicidade. Essa é a razão pela qual nos relacionamos, trabalhamos, produzimos e nos reproduzimos - ser e fazer outros felizes. A rainha viu como eram felizes aqueles que se relacionavam com Salomão, suas esposas, seus servos, seus colaboradores e funcionários. Salomão não tinha o trabalho como um fim e si mesmo, mas como o modo pelo qual poderia melhorar a vida de seu reino e de sua comunidade. Não via o conhecimento que adquirira como algo desconectado de suas relações. Quando o saber encontra o outro, revela o que sou capaz de fazer para melhorar a mim mesmo e ao outro. (...)"

(Homero Reis - Sabedoria, a competência perdida - Revista Sophia, Ano /10, nº 39 - p. 14)


sexta-feira, 24 de março de 2017

O BOM CORAÇÃO (PARTE FINAL)

"(...) Como a lei do carma é inevitável e infalível, sempre que fazemos mal aos outros estamos diretamente fazendo mal a nós mesmos, e sempre que os fazemos felizes estamos trazendo futura felicidade para nós mesmos. Assim diz o Dalai Lama:
Se você tentar dominar seus impulsos egoístas - raiva e assim por diante - e desenvolver mais bondade e compaixão pelos outros, no fim você mesmo estará se beneficiando mais do que estaria de outra forma. Por isso às vezes digo que o egoísta sábio deveria praticar desse modo. Os egoístas tolos estão sempre pensando em si mesmos, e o resultado disso é negativo. Os egoístas sábios pensam nos demais, ajudam-nos o quanto podem, e o resultado é que também eles recebem benefícios.
A crença na reencarnação mostra-nos que há no universo uma espécie de justiça ou bondade suprema. É essa bondade que todos estamos querendo descobrir e libertar. Sempre que agimos positivamente, movemo-nos na direção dela; sempre que agimos negativamente, nós a obscurecemos e inibimos. E sempre que não podemos expressá-la em nossas vidas e ações sentimo-nos infelizes e frustrados. 

Assim, se tiver de tirar uma mensagem essencial do fato da reencarnação, seria esta: desenvolva esse bom coração que deseja ardentemente que os outros seres encontrem felicidade duradoura, e que age para assegurá-la. Nutra e pratique a bondade. Disse o Dalai Lama: 'Não há necessidade de templos; nenhuma necessidade de filosofias complicadas. Nosso próprio cérebro, nosso próprio coração é nosso templo; minha filosofia é a bondade'."

(Sogyal Rinpoche - O Livro Tibetano do Viver e do Morrer - Ed. Talento/Ed. Palas Athena, 1999 - p. 131/132)


domingo, 12 de março de 2017

A REENCARNAÇÃO NO PASSADO

"Talvez não haja no mundo doutrina filosófica que tenha tão esplêndida ancestralidade como a da Reencarnação – o desenvolvimento do Espírito humano através de repetidas vidas na Terra –, experiências que são reunidas durante a existência terrena e trabalhadas para se transformarem em capacidade intelectual e consciência durante a vida celeste. Assim, uma criança nasce com suas experiências pretéritas transformadas em tendências e possibilidades mentais e morais. Como acertadamente observou Max Muller, as maiores inteligências que a humanidade produziu aceitaram a Reencarnação. A Reencarnação é ensinada e ilustrada nos grandes épicos hindus, como fato indubitável, no qual a moralidade se baseia. E a esplêndida literatura hindu, que encanta os eruditos europeus, está impregnada dessa certeza. Buda ensinou a Reencarnação e falava constantemente em seus nascimentos anteriores. Pitágoras fazia o mesmo, e Platão incluiu-a em seus escritos filosóficos. Josephus declara que essa ideia era aceita pelos judeus, e conta a história de um capitão que encorajava seus soldados a lutar até a morte, fazendo-lhes lembrar seu retorno à Terra. Na Sabedoria de Salomão está dito que nascer num corpo impoluto era a recompensa 'por ser bom'. Cristo aceitou-a, dizendo a seus discípulos que João Batista era Elias. Virgílio e Ovídio consideravam-na como coisa estabelecida. O ritual composto pelos sábios do Egito ensinava-a. As escolas neoplatônicas aceitavam-na, e Orígenes, o mais culto dos padres cristãos, declarou que 'todo o homem recebia um corpo segundo seus méritos e suas ações passadas'. Embora condenada por um Concílio da Igreja Romana, as seitas heréticas mantiveram essa velha tradição. E veio até nós, da Idade Média, a palavra de um culto filho do Islã: 'Morri como pedra e tornei-me uma planta; morri como planta, e tornei-me um animal; morri como animal, e tornei-me um homem. Por que temeria eu a morte? Quando foi que me tornei menos do que era, por morrer? Morrerei como homem, e me tornarei um anjo.' Posteriormente, encontramos a Reencarnação ensinada por Goethe, Fichte, Schelling e Lessing, para citar apenas alguns entre os filósofos alemães. Goethe, em sua velhice, antecipava alegremente a ideia do retorno. Hume declarou que aquela era a única doutrina da imortalidade que um filósofo poderia considerar, opinião, de certa forma, semelhante à do nosso professor Mc Taggart, o inglês que, analisando a imortalidade em suas várias teorias, chegou à conclusão de que a da Reencarnação era a mais racional. Não preciso lembrar a ninguém que tenha cultura literária o fato de que Wordworth, Browing, Rossetti e outros poetas acreditavam nela. O reaparecimento da crença na Reencarnação não é, portanto, a emergência de uma crença supersticiosa entre nações civilizadas, mas um sinal de recuperação no que se refere a uma temporária aberração mental do Cristianismo, de uma desracionalização da religião, que produziu tanto mal e deu lugar a tanto ceticismo e materialismo. Afirmar que há a criação especial de uma alma para cada novo corpo implica que a vinda da alma à existência depende da formação de um corpo, e leva, inevitavelmente, à conclusão de que, com a morte, a alma passará a não mais existir. Que uma alma sem passado possa ter um futuro pela eternidade é tão incrível como dizer que uma bengala poderia existir com uma única ponta. Só a alma que não nasceu pode esperar não ser levada pela morte. A perda do ensinamento da Reencarnação – com seu purgatório temporário resultante de sentimentos nocivos, e seu céu temporário para a transformação da experiência em capacidade – deu origem à ideia de um céu infinito, do qual ninguém é bastante digno, e de um inferno infinito, para o qual ninguém é bastante perverso, confinando a evolução humana a um insignificante fragmento da existência, prendendo um futuro eterno ao conteúdo de uns poucos anos, e tornando a vida um ininteligível emaranhado de injustiças e parcialidades, de genialidade não conquistada e de criminalidade não merecida. Um problema intolerável para os que raciocinam, e tolerável apenas para a fé cega e sem fundamento."

(Annie Besant - O Enigma da Vida - Ed. Pensamento)
fonte: http://universalismoesoterico.blogspot.com.br/


terça-feira, 10 de janeiro de 2017

A VIDA NO CORAÇÃO DO MUNDO

"O sábio não tem coração estreito,
Inclui no seu coração os corações dos outros.
Ele é bom com os bons
E bom também com os não bons,
Porque sua íntima atitude
Só lhe permite ser bom.
Ele é honesto com os honestos
E honesto também com os desonestos
Porque seu íntimo ser só lhe permite
Ser honesto com todos.
Ele vive retirado,
Mas a sua vida está aberta de par em par
A todos os homens.
Os olhos e os ouvidos dos homens
Se voltam para ele, estupefatos -
Ele vê seus filhos em todos.

EXPLICAÇÃO: Quando o homem se realiza a si mesmo, todas as coisas fora dele são realizadas. Quem em primeiro lugar busca o reino de Deus e sua harmonia, verá que todas as outras coisas lhe serão dadas de acréscimo.

O alicerce do fazer bem está em ser bom.

Ser bom é estar em harmonia com o Infinito, com a alma do Universo, e viver de acordo com essa consciência."

(Lao-Tse - Tao Te King, O Livro Que Revela Deus - Tradução e Notas de Huberto Rohden - Fundação Alvorada para o Livro Educacional, Terceira Edição Ilustrada - p. 130/131)

segunda-feira, 12 de dezembro de 2016

IRA

"Qual de nós que, diante de uma indignidade, de uma ofensa grave, de uma tremenda injustiça... não se deixa tomar numa crise de ira?!

Na hora, sentimos impulso de destruir, de punir, de dominar o autor ou autores do malfeito! Basta não ter 'sangue de barata'.

E há ainda aquele que de 'pavio curto', que, igual a algum tipo de mate, 'já vem queimado'!

Irar-se é humano.

Não é humano é manter a ira.

Um sábio hindu - Ramakrishna - disse: 'A ira de um sábio dura tanto quanto um risco que se faz na água.'

E São Paulo aconselha: 'que o sol não se ponha sobre tua ira', isto é, não deixes a ira passar para o dia seguinte.

Senhor.
Ajuda-me a ser calmo
em toda circunstância."

(Hermógenes, Deus investe em você - Ed. Nova Era, Rio de Janeiro, 1995 - p.77/78)


domingo, 11 de dezembro de 2016

CULTURA GENUÍNA

"Quem anda direito não deixa rasto,
Quem fala bem não diz desacertos.
Quem calcula bem não usa lembretes.
Quem fecha bem dispensa fechaduras e ferrolhos,
E contudo ninguém o pode abrir.
Quem amarra bem não usa corda nem barbante,
E contudo ninguém pode desatar.
Assim, o sábio, em sua madureza,
Sabe sempre ajudar os homens.
Para ele, ninguém está perdido.
Sabe aperfeiçoar tudo que existe,
E não vê mal em ser algum.
É este o duplo segredo
De toda a realização do homem:
O homem plenirrealizado
Ajuda sempre ao menos realizado.
O homem mais culto
Ajuda sempre ao menos culto.
Pelo que, ó homem, trata com reverência
Ao homem mais maduro que tu.
E envolve em sincero amor
Aquele que necessita de ti.
Quem não age assim
Ignora a cultura genuína.
Vai nisto um grande segredo.

EXPLICAÇÃO: O verdadeiro sábio está sempre disposto a ajudar o menos sábio. A suprema sabedoria tolera de boa mente ser tachada de loucura. Quem traz dentro de si o testemunho da sapiência, pode tranquilamente passar por insipiente. Não necessita de ostentar grandeza quem realmente é grande. Só os pseudossábios e os pseudograndes fazem alarde de sua sapiência e grandeza.

'Se algum de vós quiser ser grande - dizia o Cristo a seus discípulos - seja o servidor de todos.'"

(Lao-Tse - Tao Te King, O Livro Que Revela Deus - Tradução e Notas de Huberto Rohden - Fundação Alvorada para o Livro Educacional, Terceira Edição Ilustrada - p. 82/83)


domingo, 20 de novembro de 2016

A SABEDORIA DA NÃO VIOLÊNCIA

"A Vida verdadeira é como a água:
Em silêncio se adapta, ao nível inferior,
Que os homens desprezam.
Não se opõe a nada,
Serve a tudo.
Não exige nada,
Porque sua origem é da Fonte Imortal.
O homem realizado não tem desejos de dentro,
Nem tem exigências de fora.
Ele é prestativo em se dar
E sincero em falar,
Suave no conduzir,
Poderoso no agir,
Age com serenidade.
Por isto é incontaminável.

EXPLICAÇÃO: Haverá coisa mais frágil do que a água? Ela, que em pedra dura tanto dá até que fura? Onde não há água não há Vida, a Vida nasce e vive na água, até as células do nosso corpo. A água é o símbolo da fraqueza poderosa, assim como a Vida é a onipotência da impotência.

Tao é eternamente silenciosos, por isto realiza todas as coisas poderosas. É um silêncio dinâmico, como é o homem sábio, silenciosamente realizador.

Age pelo não agir."

(Lao-Tse - Tao Te King, O Livro Que Revela Deus - Tradução e Notas de Huberto Rohden - Fundação Alvorada para o Livro Educacional, Terceira Edição Ilustrada - p. 40/41)


quarta-feira, 7 de setembro de 2016

VEMOS TAO COMO NÓS SOMOS, E NÃO COMO ELE É

"O Universo não tem preferências,
Todas as coisas lhe são iguais.
Assim, o sábio não conhece preferências,
Como os homens as conhecem.
O Universo é como o fole de uma forja,
Que, embora vazio, fornece força,
E tanto mais alimenta a chama quanto mais o acionamos.
Quanto mais falamos no Universo,
Menos o compreendemos.
O melhor é auscultá-lo em silêncio.

EXPLICAÇÃO: O Infinito do Uno não tem atributo algum; mas o Verso do nosso Finito lhe atribui os nossos próprios atributos. Quanto mais o homem se universifica, tanto mais se impersonaliza. O ar que enche um fole não é visível, assim como invisível é a Realidade do sábio. O nosso muito falar nos afasta de Deus, o nosso dinâmico calar atrai Deus a nós. Só quem se integra em Deus sabe o que é Deus."

(Lao-Tse - Tao Te King, O Livro Que Revela Deus - Tradução e Notas de Huberto Rohden - Fundação Alvorada para o Livro Educacional, Terceira Edição Ilustrada - p. 34/35)


terça-feira, 17 de maio de 2016

DESAPEGO E SABEDORIA (1ª PARTE)

"Se perguntarmos quem é apegado à ação e quem é aquele cuja ação é sem apego, logo pensamos que os ignorantes são apegados à ação e os sábios são desapegados. Podemos tentar compreender o verdadeiro significado da afirmação de que os sábios são desapegados em duas partes. Primeiramente precisamos compreender quem é sábio, e, em segundo lugar, compreender o processo do desapego. 

Quem é sábio? Alguém pode responder que, entre as espécies sobre a Terra, a espécie humana é a sábia. O nome científico do homem é Homo sapiens; Homo é o nome do gênero, que significa homem, e sapiens é o nome da espécie, que significa sábio. Portanto, Homo sapiens significa 'homem sábio'. É fácil dar a si mesmo o nome de sábio, mas não é tão fácil agir sabiamente e trazer valores mais elevados à vida.

O homem é autoconsciente, ou seja, consciente de si mesmo. Enquanto os animais têm uma consciência coletiva pertencente à sua própria espécie, o ser humano é capaz de inquirir. Somente o homem pode fazer perguntas a respeito de sua origem e seu lugar na natureza. Seu cérebro grande e volumoso e a postura ereta distinguem-no dos outros primatas. Com essa vantagem evolutiva, ele desenvolveu uma profunda sensibilidade à realidade de sua vida e às situações em volta. Seu cérebro, sua mente e sua consciência juntam-se para fornecer conhecimento em três níveis diferentes, e torná-lo cada vez mais sábio. (...)"

(C. A. Shinde - Desapego e sabedoria - Revista Sophia, Ano 13, nº 53 - p. 25)


terça-feira, 3 de maio de 2016

O EQUILÍBRIO DA VIDA

"O excesso de luz cega a vista.
O excesso de som ensurdece o ouvido.
Condimentos em demasia estragam o gosto.
O ímpeto das paixões perturba o coração.
A cobiça do impossível destrói a ética.
Por isto, o sábio em sua alma
Determina a medida para cada coisa.
Todas as coisas visíveis lhe são apenas
Setas que apontam para o Invisível.

EXPLICAÇÃO: O verdadeiro sábio tem a intuição de que todas as suas coisas empírico-mentais não são fins em si mesmas, mas apenas meios para alcançar um fim superior.

O profano só conhece os meios e ignora o fim.

O místico só conhece o fim e despreza os meios.

O homem cósmico alcança os fins através dos meios.

É este o homem integral - que vive universicamente."

(Lao-Tse - Tao Te King, O Livro Que Revela Deus - Tradução e Notas de Huberto Rohden - Fundação Alvorada para o Livro Educacional, Terceira Edição Ilustrada - p. 48/49)


quinta-feira, 22 de outubro de 2015

OS BENEFÍCIOS DE SE LIBERTAR DA IGNORÂNCIA

"72 - Então o sábio estudante (deve se devotar) diariamente, sem interrupções, ao estudo das Escrituras, à reflexão e meditação nas verdades ali contidas. E, assim, tendo se libertado da ignorância, o homem sábio goza a bem-aventurança do Nirvana mesmo estando ainda na Terra.

COMENTÁRIO - O estabelecimento de uma prática diária, de um ritmo, é fundamental. A maioria de nós vive de uma forma desordenada, sujeita a uma série de embates. Essa agitação predispõe à superficialidade. Estudar profundamente, refletir e meditar significam perda de tempo, algo inútil que deve ser posto de lado num contexto social onde só é valorizada a acumulação de riquezas materiais. 

Entretanto, neste versículo, Sankara lembra-nos de que só adotando o estudo, a reflexão e a meditação podemos nos libertar da ignorância e sentir a bem-aventurança." 

(Viveka-Chudamani - A Joia Suprema da Sabedoria - Comentário de Murillo N. de Azevedo - Ed. Teosófica, 2011 - p. 38/39)

quarta-feira, 9 de setembro de 2015

NÃO CONDENE O IGNORANTE

"(3:26) Não deve nunca o sábio condenar o ignorante quando este age por instigação do ego. Ao contrário, iluminado que é, deve limitar-se a convencer seus semelhantes a preferir a ação reta e justa. 

A condenação tantas vezes encontrada em obras religiosas faz quase tanto mal quanto bem. A maneira de ajudar as pessoas a sair da ignorância é despertar nelas o anseio de saber mais. Repreendê-las por sua insensatez seria como ralhar com o cego por ele não conseguir ver. As censuras prejudicam também quem as profere, pois, ainda quando pareçam provir da sabedoria, brotam inevitavelmente contaminadas pelo senso de superioridade alimentado pelo ego, que enreda também o 'pregador' nas malhas da ilusão. 

Os pensamentos da pessoa são tingidos pelas roupas que veste. Se veste o cinza da crítica moderada, seus pensamentos ficam nebulosos. Se veste o preto da condenação intransigente, seus pensamentos se tornam sombrios. E se veste as cores joviais da delicadeza, aceitação e perdão, não apenas inspira simpatia aos outros como aviva ainda mais essas cores em si próprio." 

(A Essência do Bhagavad Gita - Explicado por Paramhansa Yogananda - Evocado por seu discípulo Swami Kriyananda - Ed. Pensamento, São Paulo, 2006 - p. 171


terça-feira, 11 de agosto de 2015

CALMA E DESAPEGO

"O iogue sábio procura uma indiferença interior aos acontecimento e às mudanças transitórias, assim como o capitão de um navio minimiza os desvios da verdadeira rota que, na ausência de sua atenção, poderiam ser causados pelo tempo, vento e pelas ondas. Existe uma clara distinção entre a atenção apropriada às pessoas e aos movimentos, e nosso relacionamento com ambos, bem como o reconhecimento interior da falta de importância relativa que têm para o desenvolvimento do Ego, exceto como orientações para a conduta futura.

A calma do lago tranquilo entre as montanhas num dia sem vento representa a condição ideal da natureza mental e emocional do iogue que deve ser submetido a crises sucessivas, nas quais deve viver, pois são inseparáveis da existência física fora do santuário. Quando possível, antes de ir dormir, restabeleça a natureza psíquica a este estado tranquilo, após ter observado devidamente e notado sem envolvimento passional os eventos do dia. A recitação da Palavra Sagrada antes de dormir é uma prática útil que beneficia todo o quaternário inferior.

Brisas suaves podem soprar sobre o lago tranquilo causando ondulações em sua superfície, que retorna imediatamente à tranquilidade após a sua passagem. Talvez com uma só exceção, as experiências de qualquer dia da vida terrena são comparáveis a estas brisas suaves. A exceção seria o erro pessoal, quer seja inadvertido ou deliberado. No primeiro caso, a completa calma deveria ser instantaneamente reassumida após cada experiência e toda a natureza pacificada antes de ir dormir. O erro deve ser corrigido e também reparado quando há outros envolvidos. Deve haver a determinação para não repetir o erro, e em seguida a restauração da calma - se necessário, entoando a Palavra Sagrada e elevando a consciência inteiramente acima do pessoal. Isso vai assegurar a entrada nos estudos e trabalhos noturnos, aparecimento diante dos Mestres e irmãos Iniciados, discípulos e aspirantes, e a percepção e recepção de decisões e ordens com uma mente calma e uma aura pacífica, livre de distorções e manchas.

O costume oriental de deixar atrás os calçados ao entrar num templo é um símbolo útil para deixarmos para trás as considerações mundanas antes de irmos dormir. É bem verdade que esta é uma orientação sutil para os aspirantes que são forçados a se submeter às condições de vida terrena entre pessoas de tipos diferentes e em vários graus de desenvolvimento. A ioga torna a pessoa cada vez mais sensível às condições externas e internas, apesar de conceder também mais calma e autocontrole. Este último deveria ser aumentado como um parte essencial da ioga. Calma mental imperturbável mesmo quando as emoções tiverem sido perturbadas - por outra pessoa, ou uma percepção intuitiva de um erro ou de uma desarmonia atual ou premente - este é o ideal."

(Geoffrey Hodson - A Suprema Realização através da Ioga - Ed. Teosófica, Brasília, 2001 - p. 94/95)


quinta-feira, 25 de junho de 2015

A PUREZA DE CORAÇÃO E MENTE NOS TORNA RECEPTIVOS

"Jesus disse: 'Senhor (...) Tu ocultaste estas coisas aos sábios e aos entendidos, e as revelaste aos pequeninos.'³ Estas palavras referem-se à pureza da natureza infantil: confiante, pura e amorosa - pois ainda não adquiriu os hábitos que resultam de lidar com o mundo. Diz-se que até os sete ou oito anos de idade a consciência da criança ainda não mergulhou totalmente no mundo. Por isso é comum ouvir as crianças dizer coisas maravilhosas e mencionar a vida além desta vida, pois elas acabam de chegar do mundo astral. A não ser que tenham sido muito materialistas em vidas anteriores, a mente e o coração das crianças ainda estão puros - até que o mundo as apanhe de novo. 

'Sábios e entendidos', por outro lado, nem sempre significa puros. Uma pessoa pode estar tão enamorada de seu próprio intelecto que se torna presunçosa; acha que sabe mais do que os outros. A esse tipo de pessoa Deus não Se revela. Ele responde aos que têm a natureza simples, amorosa e confiante, como a de um filho pela mãe - aberta e receptiva. Este relacionamento com Deus pode ser cultivado se mantivermos a consciência acima da influência dos desejos, emoções e apegos."

³ Mateus 11:25.

(Sri Daya Mata - Intuição: Orientação da Alma para as Decisões da Vida - Self-Realization Fellowship - p. 23/24
http://www.omnisciencia.com.br/intuicao/p


quarta-feira, 27 de maio de 2015

A UNIVERSIDADE (PARTE FINAL)

"(...) Uma verdadeira Universidade deveria preparar o homem de tal modo que, depois de terminados os estudos, ele tivesse sempre durante toda sua vida uma serena clareza de espírito como se um imortal estivesse desenvolvendo um trabalho temporal; tal é o verdadeira objetivo de qualquer cultura digna deste nome. Diz-se que a missão de uma Universidade é formar homens educados e sábios; pois bem, do ponto de vista teosófico, a Universidade deve produzir homens servidores e imortais. É justamente na Universidade onde os mais altos ideais da vida deveriam projetar-se como beleza e serenidade; e o mais alto ideal que se pode ensinar ali ao homem, nos tempos atuais, deveria ser a alegria de cooperar com todos os homens e com todas as nações, para conseguir o bem-estar da Humanidade. (...)

Todos aqueles que foram beneficiados com o que as nossas Universidades modernas podem ensinar, sabem quanta gratidão se deve ter por esses centros de educação; mas ao mesmo tempo é mister reconhecermos que se esses ensinamentos nos preparam de algum modo mentalmente, não os puseram em condições de compreender o problema da vida que enfrentamos ao deixarmos a Universidade. Tivemos que desaprender, lenta e dolorosamente, muitas lições do passado e aprender numerosas lições, estranhas e difíceis, das quais os nossos professores não nos haviam falado. Se pudéssemos mudar tudo isso radicalmente, se a Universidade pudesse transformar-se  num lugar onde nos indicassem o trabalho próprio para alimentar a nossa alma; se ali nos fizessem ver que, à medida que vamos executando esse trabalho espiritual, mais e mais nos aproximamos da Eternidade, então, estou seguro, a vida universitária se tornaria a parte principal da existência do indivíduo. Mas na situação atual, muitas pessoas que não passaram pelas aulas universitárias são Almas mais nobres e Servidores mais dedicados, do que aqueles que estudaram muitos anos na Universidade. Tudo isso há de mudar, seguramente, quando os princípios fundamentais da Teosofia permearem a educação e nossos professores ensinarem acima de tudo as grandes verdades que revelam ao homem sua natureza Divina e como essa natureza se desenvolve através do serviço à Humanidade."

(C. Jinarajadasa - Teosofia Prática - Ed. Teosófica, Brasília, 2012 - p. 41/43)