OBJETIVOS DO BLOGUE

Olá, bem-vindo ao blog "Chaves para a Sabedoria". A página objetiva compartilhar mensagens que venham a auxiliar o ser humano na sua caminhada espiritual. Os escritos contém informações que visam fornecer elementos para expandir o conhecimento individual, mostrando a visão de mestres e sábios, cada um com a sua verdade e experiência. Salientando que a busca pela verdade é feita mediante experiências próprias, servindo as publicações para reflexões e como norte e inspiração na busca da Bem-aventurança. O blog será atualizado com postagens de textos extraídos de obras sobre o tema proposto. Não defendemos nenhuma religião em especial, mas, sim, a religiosidade e a evolução do homem pela espiritualidade. A página é de todos, naveguem a vontade. Paz, luz, amor e sabedoria.

Osmar Lima de Amorim


quinta-feira, 12 de setembro de 2024

MANTENDO-SE NO BEM E RESISTINDO AO MAL

"Assim, porque sabe, ele está do lado de Deus, mantendo-se no bem e resistindo ao mal, trabalhando para a evolução e não por egoísmo. (§02) 

C. W. L. - Esta é a pedra de toque por meio da qual podemos reconhecer as pessoas que sabem - não é absolutamente pela religião ou pela raça, mas pelo fato singular de que elas são a favor do bem e contra ao mal. Sempre que encontramos um homem que seja leal ao mais elevado que ele conhece, que seja a favor do que lhe parece ser o bem e resistindo ao que lhe parece ser o mal, devemos ver nele um irmão trabalhando ao lado de Deus, muito embora mal possamos dizer que devamos aprovar o trabalho que ele faz, ou pensar em seu trabalho como sendo agradável a Deus. Existem inúmeras pessoas que são totalmente boas e leais às suas convicções e ainda assim têm as mais esmagadoras limitações. Essas pessoas sérias, dedicadas, na verdade sacrificam sua energia, todo o seu tempo, e tudo que têm, para levar outras almas ao Cristo, como elas diriam; contudo, elas têm as concepções mais limitadas e fanáticas. Em alguns casos demonstram um sentimento de amarga oposição, que praticamente equivale ao ódio, por aqueles cuja crença seja de certa maneira um pouco diferente da sua. 

Uma das características mais marcante do trabalho da grande Hierarquia é que em todo caso como este seus membros extraem o bem e põem de lado o mal. Eles assimilam a força gerada por essa devoção e seriedade, e usam cada grama disso, pondo de lado todo o mal que, neste plano, de qualquer maneira, tanto impede o bom de aparecer. Existem muitas comunidades cristãs onde o fanatismo obscurece tanto o amor-gentileza que toda impressão externa que se obtém é de sua amargura. Os Irmãos da Hierarquia deploram o fanatismo e veem o mal por ele causado, muito mais do que os outro conseguem ver, mas, no entanto, Eles extraem disso toda a força do amor-gentileza, devoção e boa intenção, utilizam-na, e dão crédito àqueles que a vertem; e cada uma dessas pessoas obterá todo o benefício decorrente de sua bondade, embora e ao mesmo tempo, por sua ira e fanatismo, haverá também exatamente os resultados devidos de acordo com a lei kármica.  

Por esta razão é bom que sejamos caridosos ao lidar com essas pessoas e tentar de todas as maneiras fixar nossos pensamentos nas coisas boas, 'saltar sobre as pérolas', como disse o Mestre, em vez de o tempo todo buscar as falhas, como fazem tantas pessoas."

Annie Besant/C. W. Leadbeater, A Sendo do Ocultismo, Comentários de Aos Pés do Mestre, Ed. Teosófica, Brasília, 2022, p. 67/68.
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terça-feira, 10 de setembro de 2024

VASO VAZIO

"Nosso corpo é como se fosse um vaso vazio, ou um saco que só fica em pé porque existe uma energia que o preenche e anima: a energia divina.

Essa energia anima todas as coisas viventes. A própria palavra anima significa alma, em latim.

De fato, somos um espírito, e o corpo é nossa morada provisória. Assim como o mergulhador precisa de uma roupa especial para chegar às grandes profundezas do oceano, o espírito também precisa dessa vestimenta material para descer à Terra e viver sua jornada no mundo físico. 

O propósito da vida é a evolução. Tudo evolui: os minerais, as plantas, os animais, os seres humanos... Cada um no seu nível de consciência e forma.

Um dia chegaremos a perceber melhor tudo isso e decifraremos o enigma, quando nossos olhos espirituais estiverem mais abertos para as realidades internas. 

Enquanto isso, nosso aprendizado se dá pelas experiências que a vida nos proporciona, com nossas escolhas, erros e acertos. Assim, vamos colhendo os frutos do que plantamos e aprendendo com as lições, até entendermos que somos todos um só, nessa majestosa aventura comum de fazer desabrochar o deus oculto que habita em cada um de nós e que somos nós.

Isso é familiar para você? Você já se perguntou sobre o objetivo de sua existência? Acredita na continuidade da vida? Respeita a opinião dos outros? Conversa sobre isso? Tem disposição para ouvir, falar e aprender?

Dizem que: 'A busca da verdade não admite sectarismos'. 'A verdade é uma terra sem caminhos'. 'O caminho se faz ao caminhar'. 'A verdade mora no nosso coração.'

Boa viagem para todos!"

Fernando Mansur, Escrita Divina, Edição do Autor, 2017, p. 71.
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quinta-feira, 5 de setembro de 2024

A LEI DE EVOLUÇÃO É UMA LEI DE RESPONSABILIZAÇÃO

"Existe uma lei divina de responsabilização. O que é responsabilização? O responsável tem de assumir a liderança do processo de solução. Eu venho na encarnação com um corpo bom, tão bom e saudável que dá um dó de morrer, envelhecer e adoecer. A partir dessa constatação, o que eu faço? Por uma série de excessos eu passo a martelar esse corpo, dia a dia, sucessivamente. Contudo, do ponto de vista da minha administração do meu corpo, eu desencarno, e a minha consciência me diz: Você foi um irresponsável!                                                                                                                                 
No momento de você receber os empréstimos, não propriedade, você fala: O MEU corpo. Porventura, em seu velório, você vai carregar seu corpo? Não, não vai.

No momento de definir os empréstimos, a lei de responsabilização determina que cada um receba os bens do jeito que deixou. Se acaso você deixou o corpo em lamentáveis condições, como será o seu próximo corpo? Igual ao que você deixou. Como é que será seu relacionamento afetivo? Igual ao que você tinha. 

Você pode estar pensando: Pelo amor de Deus, não vai ter um espírito puro para casar comigo, para me livrar dessa lei de causa e efeito? Não.
                                                                                                                                                                      
E com quem eu vou me relacionar? Com as mesmas pessoas. E em que estado elas estarão? Do jeito que eu as deixei. Aquele indivíduo, que pensou que com dinheiro comprava todo mundo, agora poder vir sem dinheiro; aquele que abusou das forças físicas pode vir com o corpo frágil e debilitado; a pessoa que saiu se vinculando a inúmeros corações, fazendo promessas e provocando lágrimas, pode vir a experimentar a solidão, o abandono, a traição, a infelicidade conjugal.

Em resumo: morrer, adoecer, envelhecer, memória, lei de causa e efeito. Esse é o panorama da vida corporal. A afirmação: Nós viemos aqui para ser felizes. Está certa ou errada? Depende.

Depende da expectativa que você alimenta. Por quê? A realidade é do jeito que é. Assim, qual o programa de felicidade que honestamente eu posso divulgar sem me tornar vendedor de fantasia? O programa de felicidade que parta da educação das expectativas."                                                    

Haroldo Dutra Dias, Despertar, O segredo da reforma íntima, Intelítera, p. 113/115.                                  Imagem: Pinterest. 


terça-feira, 3 de setembro de 2024

ESTA É A MENSAGEM

"'Porque esta é a mensagem que ouvistes desde o princípio: que nos amemos uns aos outros.' (I João, 3:11)

Em todo o mundo sentimos a enorme inquietação por novas mensagens do Céu. Forças dinâmicas do pensamento insistem em receber modernas expressões de velhas verdades, ensaiando-­se criações mentais diferentes. Notamos, porém, que a arte procura novas experimentações e se povoa de imagens negativas, que a política inventa ideologias e processos inéditos de governar e dilata o curso da guerra  destruidora, que a ciência busca desferir voos mais altos e institui teorias dissolventes da concórdia e do bem-­estar.

Grandes facções religiosas efetuam trabalho heroico na demonstração da eternidade da vida, suplicando sinais espetaculares do reino invisível ao homem comum. 

Convenhamos que haverá sempre benefício nas aspirações elevadas do espírito humano, quando sinceramente procura as vibrações de natureza divina; todavia, necessitamos reconhecer que se há inúmeras mensagens substanciosas, edificantes e iluminadas na Terra, a maior e mais preciosa de todas, desde o princípio da organização planetária, é aquela da solidariedade fraternal, no 'amemo-nos uns aos outros'.

Esta é a recomendação primordial. Sentindo­-a, cada discípulo pode examinar, nos círculos da luta diária, o índice de compreensão que já possui, acerca dos Desígnios Divinos. 

Mesmo que esse ou aquele irmão ainda não a tenha entendido, inicia a execução do paternal conselho em ti mesmo. 

Ama sempre. Faze todo bem. Começa estimando os que te não compreendem, convicto de que esses, mais depressa, te farão melhor."

Pão Nosso, 2º Volume da Coleção “FONTE VIVA”, Interpretação dos Textos Evangélicos, Ditada pelo Espírito: Emmanuel, Psicografada por: Francisco Cândido Xavier, Publicado em 1950 pela Editora FEB, p. 106.
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quinta-feira, 29 de agosto de 2024

SINTONIA COM DEUS: A MELHOR CURA PARA O NERVOSISMO

"Lembre-se de que a cura máxima do nervosismo ocorre quando sintonizamos nossa vida com Deus. Os mandamentos supremos dados ao ser humano são: amar a Deus de todo o coração, de toda a alma, de toda a mente e de todas as forças; em segundo lugar, amar ao próximo como a si mesmo.¹³  Se você cumprir esses mandamentos, tudo será como deve ser. Não é suficiente se tornar um moralista rígido - as pedras e as cabras não infringem as lei morais, apesar disso, elas não conhecem Deus. Mas quando você ama a Deus profundamente, mesmo que seja o maior dos pecadores, será transformado e redimido. Disse a grande santa Mirabai:¹⁴ 'Para encontrar o Ser Divino é indispensável somente o amor'. Essa verdade me tocou profundamente.

Todos os profetas observam esses dois mandamentos principais. Amar a Deus de todo o coração significa amá-Lo com o amor que você sente pela pessoa que lhe é mais querida - com o amor da mãe ou do pai pelo filho, ou do amante pela amada. Ofereça a Deus esse tipo de amor incondicional. Amar a Deus de toda a alma significa que você pode realmente amá-Lo quando, por meio da meditação profunda, você se conhece como alma, como filho de Deus, feito à Sua imagem. Amar a Deus de toda a mente significa que, quando você está orando, toda a sua atenção se volta para Ele, sem se distrair com pensamentos inquietos. Na meditação pense somente em Deus; não permita que a mente divague em outras coisas além Dele,. Por isso a yoga é importante, pois o capacita a se concentrar. Quando pela yoga você retira a inquieta força vital dos nervos sensórios e se interioriza para pensar em Deus, então você amando-O com todas as forças - o seu ser inteiro está concentrado Nele." 

¹³ Marcos 12:28-31
¹⁴ Princesa medieval de Rajput que renunciou à realeza e se tornou uma renomada devota de Deus. Ela compôs muitas canções devocionais que são consideradas um tesouro espiritual da Índia.

Paramahansa Yogananda, Jornada para a Autorrealização, Self-Realization Fellowship, p. 96.
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terça-feira, 27 de agosto de 2024

DEFINIÇÃO DE VIRTUDE E VÍCIO

"(...) virtudes e os vícios da humanidade são apenas as Emoções se tornando permanentes e abrangentes: são apenas estados de humor da mente (no sentido do desejo), permanentes ou habituais, guiando modos de ação, geralmente em relação aos outros. No caso das virtudes elas são Emoções do lado do Amor; no caso dos vícios, aquelas do lado do Ódio. Por exemplo, a emoção do Amor, originalmente sentida em relação a um círculo pequeno, por razões pessoais especiais, laços de sangue, etc., se torna a virtude do amor (amorosidade, cordialidade, uma natureza afetuosa, benevolência) quando sentida em relação a todos com quem se tem contato, reconhecida (deliberada ou instintivamente) como uma obrigação devida a cada um e baseada na ideia básica da Unidade do Eu. A emoção do amor parental, sentida pelo filho, se torna a virtude da compaixão, da ternura e proteção, quando exercitada em relação a qualquer um que seja inferior ou desamparado. Por isso, o Manu oferece ao homem considerar todas as mulheres mais velhas como suas mães, todas as pessoas jovens como seus filhos, ampliando a Emoção pessoal em sua virtude correspondente. Por isso, também, uma descrição budista do Arhat fala de seu amor como infinito, abarcando a todos, considerando todos como uma mãe considera seu primogênito. Por isso, novamente, uma escritura cristã diz que 'amor é o cumprimento da lei', já que todo esse dever pode se estabelecer como virtude, o amor se derrama espontaneamente em sua medida mais plena. Assim, do outro lado, ataques passageiros de raiva, ou desprezo, se tornando habituais, compõem o vício da irritação, ou malevolência. Assim, então, nós vemos que se um homem age com todos como com seus próprios, sob o balanço do amor, ele será um homem virtuoso; se ele se comporta em relação aos outros geralmente como o faz em relação aos objetos especiais de seu desgostar, ele será perverso. Nós podemos corretamente dizer, então, que virtudes são Emoções do lado do Amor, vícios aquelas do lado do ódio. Tanto realmente é assim, que mesmo sem que isso seja claramente reconhecido, a mesma palavra muitas vezes denota tanto uma emoção particular quanto a virtude ou vicio correspondente a ela; por exemplo, compaixão e orgulho. Basta apenas nomear as Emoções correspondentes e as virtudes e os vícios lado a lado, respectivamente, para mostrar de vez a verdade da afirmação feita acima."

Bhagavadan Das, A Ciência das Emoções, Ed. Teosófica, Brasília, 2023, p. 77/78.
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quinta-feira, 22 de agosto de 2024

OMISSÃO

"Asseveras não haver praticado o mal; contudo, reflete no bem que deixaste a distância.

Não permitas que a omissão se erija em teu caminho, por chaga irremediável.

Imagina-te à frente do amigo necessitado a quem podes favorecer.

Não te detenhas a examinar processos de auxílio.

É possível que amanhã não mais consigas vê-lo com os olhos da própria carne.

Supõe-te ao pé do companheiro sofredor, a quem desejas aliviar.

Não demores o socorro preciso.

É provável que o abraço de hoje seja o início de longo adeus.

Não adies o perdão, nem atrases a caridade.

Abençoa, de imediato, os que te firam com o rebenque da injúria, e ampara, sem condições, os que te comungam a experiência.

Se teus pais, fatigados de Juta, são agora problemas em teu caminho, apoia-os com mais ternura.

Se teus filhos, intoxicados de ilusão, te impõem dores amargas, bendize-lhes a presença.

Se o trabalho espera por tuas mãos, arranja tempo para fazê-lo.

Se a concórdia te pede cooperação, não retardes o atendimento.

Não percas a divina oportunidade de estender a alegria.

Tudo o que enxergas, entre os homens, usando a visão física, é moldura passageira de almas e forças em movimento.

Faze, em cada minuto, o melhor que puderes.

Seja qual for a dificuldade, não desertes do amor que todos devemos uns aos outros. E se recebes, em troca, pedra e ódio, vinagre e fel, sorri e auxilia sempre, porque é possível estejas ainda hoje, na Terra, diante dos outros, ou os outros diante de ti pela última vez."

Francisco Cândido Xavier, Justiça Divina [Emmanuel], PDF, p. 30.
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terça-feira, 20 de agosto de 2024

SEMENTES

"Que sementes você veio plantar no mundo?

Qual terá sido seu trato com Deus antes de nascer?

Há uma Mente Divina que tudo abarca e que nos faz perceber conexões além da percepção racional. Às vezes sabemos o que o outro está pensando, o que vai falar; também temos premonições, tem gente que pode prever o futuro... Ou seja: passado, presente e futuro formam um eterno agora. E há uma teia que conecta todos os seres.

Então, poderíamos intuir o motivo principal do nosso nascimento.

Viemos, provavelmente, para plantar sementes de originalidade, enriquecer o mundo com pinceladas autênticas de novos sons e cores, através de nossa personalidade. A alma pulsa por meio de nossos corpos, vibrando acordes que só ela sabe e pode manifestar. Por isso não devemos ser cópias, pois o maior milagre do mundo é sermos nós mesmos. 

Pode ser que já tenhamos esquecido o motivo de termos nascido, o nosso trato com Deus. Mas ainda é tempo de redescobrirmos a nossa missão principal. 

E, com certeza, cumprir nosso destino é o maior compromisso que assumimos com o Criador.

Plante-se. A vida precisa de seus frutos." 

Fernando Mansur, Escrita Divina, A comunicação da alegria, Ed. do Autor, 2017, p. 78.
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quinta-feira, 15 de agosto de 2024

VIVA COMO UM DEUS E ATRAIRÁ AMIGOS DIVINOS

"(...) aprenda a amar ao seu próximo como a si mesmo. Lembre-se que está na Terra, nesta vida, por pouco tempo. Você já esteve aqui em várias encarnações, interagindo com muitas almas. Qual e sua verdadeira família? Para a pessoa sábia, todos são parentes; todos são 'o próximo'. Logicamente, o sábio tem discernimento e sabe que, embora o sol brilhe igualmente para o diamante e para o pedaço de carvão, é o diamante que reflete lindamente a luz do sol. Devemos buscar a companhia das mentalidades diamantinas mais elevadas. Dedique tempo a encontrar amigos verdadeiros. Almas boas atraem boas almas. Viva como um deus e atrairá amigos divinos. Viva como um animal no plano sensual e atrairá amigos bestializados. Não ande com pessoas que rebaixam os ideais que você tem e criam em você um nervosismo materialista; mas ao mesmo tempo não exclua ninguém do seu amor. 

Além de ser um doador de amor, seja também um pacificador. Aonde quer que vá, leve harmonia, tranquilidade e elevação. Ninguém gosta de estar perto de um gambá; ele é evitado por todos. A pessoa nervosa - sempre inquieta, irritadiça e excessivamente emotiva - também repele os outros. Não sejamos gambás humanos. Devemos ser como a rosa, que mesmo esmagada exala uma doce fragrância. Seja uma rosa humana e espalhe a essência da paz onde quer que esteja."

Paramahansa Yogananda. Jornada para a Autorrealização, Self-Realization Fellowship, p. 97.
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terça-feira, 13 de agosto de 2024

NUNCA ESTAMOS SÓS

"Para cada um de nós, existe alguma pessoa especial. Muitas vezes existem duas, três ou mesmo quatro. Todas vêm de gerações diferentes. Atravessam oceanos de tempo e profundidades celestiais para estarem conosco novamente. Vêm do outro lado, do céu. Podem parecer diferentes, mas o nosso coração as reconhece. Nosso coração as abrigou em braços como os nossos nos desertos do Egito, sob o luar, e nas planícies antigas da Mongólia. Marchamos juntos nos exércitos de generais guerreiros que a História esqueceu, e vivemos com elas nas cavernas cobertas de areia dos Homens Antigos. Há entre elas e nós um laço eterno, que nunca nos deixa sós. 

A nossa amente pode interferir. 'Eu não te conheço'. Mas o coração sabe.

Ele toma a nossa mão pela primeira vez, e a lembrança daquele toque transcende o tempo e faz disparar um corrente que percorre todos os átomos do nosso ser. Ela olha em nossos olhos e vemos um espírito que nos vem acompanhando há séculos. Há uma estranha sensação em nosso estômago. Nossa pele se arrepia. Tudo o que existe fora desse momento perde a importância. 

Ele pode não nos reconhecer, muito embora tenhamos finalmente nos reencontrado, embora o conheçamos. Sentimos a ligação. Vemos o potencial, o futuro. Mas ele não o vê. Temores, racionalizações, problemas cobrem-lhe os olhos com um véu. Ela não permite que afastemos o véu. Choramos e sofremos, mas ele se vai. O destino tem seus caprichos.

Quando os dois se reconhecem, nenhum vulcão é capaz de explodir com força igual. A energia liberada é tremenda. 

O reconhecimento da alma pode ser imediato. Uma súbita sensação de familiaridade, de conhecer aquela pessoa em níveis mais profundos do que a mente consciente poderia alcançar. Em níveis geralmente reservados aos mais íntimos membros da família. Ou ainda mais profundos. Sabemos intuitivamente o que dizer, como ele vai reagir. Um sentimento de segurança e uma confiança muito maior do que se poderia atingir em apenas um dia, uma semana ou um mês.

O reconhecimento da alma pode ser sutil e lento. Um despertar da consciência à medida em que o véu vai sendo aos poucos levantados. Nem todos estão prontos para ver imediatamente. Há um ritmo nisso tudo, e a paciência pode ser necessária àquele que percebe primeiro.

Um olhar, um sonho, uma lembrança, uma sensação podem fazer com que despertemos para a presença do espírito companheiro. O toque de suas mãos ou o beijo de seus lábios pode nos despertar e projetar-nos subitamente de volta à vida. 

O toque que nos desperta pode ser de um filho, de um pai, de uma mãe, de um irmão ou de um amigo leal. Ou pode ser da pessoa a quem amamos, que atravessa os séculos para nos beijar mais uma vez e lembrar-nos de que estamos  juntos sempre, até os fins dos tempos."

Brian Weiss, Só o Amor é Real, Ed. Sextante, Rio de Janeiro, 24ª edição, p. 15/17.
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quinta-feira, 8 de agosto de 2024

JESUS ELOGIA O PRECURSOR

"Assim que se foram os discípulos de João Batista, entrou Jesus a tecer um panegírico do seu precursor.

Realçou-lhe a firmeza do caráter e a austeridade da vida. 

 Remontando ao tempo em que o silencioso eremita vivia na solidão do deserto, perguntou Jesus aos seus ouvintes:

- Que saístes a ver no deserto? Um caniço agitado pelo vento?

Do meio do auditório partiram negativas. Bem se lembrava o povo da intrepidez com que o vingador da moralidade pública lançara em rosto ao real libertino da Galileia: 'Não te é lícito possuíres a mulher de teu irmão!' E saibam todos que por causa desta corajosa franqueza jazia em ferros. O caráter de João era rijo como os cedros do Líbano, e não frágil como os canaviais do Jordão.

Prosseguiu Jesus:

- Que saístes, pois a ver? Um homem em roupas delicadas? Novas vozes no auditório; risadas talvez; porque o pêlo hirsuto de camelo que o cobria não merecia, certamente, o nome de 'roupa delicada'.

Continuou Jesus dizendo:

- Com efeito, os que vestem roupas delicadas e vivem com luxo se encontram nos palácios dos reis.

O 'luxo' do Batista eram gafanhotos e mel silvestre, e o seu 'palácio real' era o deserto inóspito da Judéia...

- Que saístes, pois, a ver?

- Um profeta! - exclamou alguém.

- Um profeta? - respondeu Jesus. - Sim, digo-vos eu, e mais que profeta! Esse é de quem está escrito: Eis que envio a preceder-te o meu arauto, a fim de preparar o meu caminho diante de ti. Declaro-vos que entre os filhos de mulher não há maior do que João Batista."

Huberto Rohden, Jesus Nazareno, Ed. Martin Claret Ltda, São Paulo, 2007, p. 123.
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terça-feira, 6 de agosto de 2024

NÃO HÁ PUNIÇÃO, HÁ RESPONSABILIZAÇÃO

"A lei causa e efeito é simples: quem provocou a desordem? Você? Então, resolva, você é o responsável. Só que tenha misericórdia. Então, você diz: Gente, eu sou responsável, mas eu fiz bobagem mais do que eu imaginava. Por sua vez, os espíritos de luz nos dizem: Nós vamos ajudá-lo, porque se não tiver ajuda, você não conseguirá consertar. 

Essas são as leis divinas. Até que um dia, você opera uma síntese profunda de todas as lei divinas, porque como diz o filósofo e padre, Teilhard de Chardin: 'Tudo o que sobe converge'. Tudo que está subindo está convergindo, na altura, tudo está unificado. E todas as leis divinas se unificam no amor. Por quê? Não há necessidade de lei para ensinar quem ama a não prejudicar, porque quem ama, ama. Se você faz seu trabalho com o mais profundo amor, é o melhor que pode fazer hoje. Daqui a quinhentos anos, você poderá fazer melhor? Sim, mas hoje é o melhor. Portanto, se você ama, vai ter o melhor relacionamento, vai ser o melhor profissional, o melhor espírita, o melhor cidadão. 

Portanto, a grande força da vida é a força do amor, e diria Chico que se a lei divina vem para cobrar o débito do passado e, ao bater em sua porta, o encontra trabalhando em favor do bem do próximo, determina essa mesma lei que ela volte atrás e aguarde, porque o amor  cobre a multidão de erros. Sejam as lei que regem a nossa relação conosco ou com o próximo, verdadeiramente, o que Deus faz a nós, seus filhos, é ensinar um pouco da identidade, do caráter dEle próprio. 

E isso é profecia, está em Hebreus, capítulo 8, versículo 10: 'Porei minhas leis em sua mente e as escreverei no seu coração e eu serei o Seu Deus e eles serão o meu povo'. O dia em que isso acontecer nós sentiremos a presença de Deus como nunca antes, e será novo dia."

Haroldo Dutra Dias, Despertar, o segredo da reforma íntima, Intelitera.com.br, p. 72/73.
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quinta-feira, 1 de agosto de 2024

"PAI, NAS TUAS MÃOS ENTREGO O MEU ESPÍRITO..."

"Ao dizer que tudo estava consumado, ele proclama altissonante: 'Pai, nas tuas mãos entrego o meu espírito'.⁸⁰ Por favor, preste atenção nas avenidas dessa frase e nas possibilidades a que ela nos conduz.

Jesus aqui não clama a 'Deus', mas ao 'Pai'. Após ter passado pelo mais severo julgamento, Deus assume novamente a posição de Pai e ele assume a posição de filho. É a seu Pai que ele entrega o seu espírito e não a Deus.

Que impressionante jogo de palavras! Nesse jogo, o mesmo revela o seu projeto eterno e alguns fenômenos que estavam nos bastidores da cruz! É impossível não ficarmos admirados com a coerência das suas palavras e com o encaixe perfeito dos seus segredos.

No começo da sua crucificação, o Pai e seu filho entoaram a mais profunda melodia de aflição. Sofreram um pelo outro. Na segunda metade, o Pai, sob o pedido consciente do filho, se torna seu Deus e o julga em favor da humanidade. Deus o desampara. O homem Jesus suporta a maior cadeia de sofrimentos.

Após cumprir seu plano, o filho está apto a realizar duas grandes tarefas. Primeira, ser o grande advogado da humanidade, que é tão bela, mas coroada de falhas, por isso precisará dele como um grande e atuante advogado.⁸¹ Segunda, retornar ao relacionamento íntimo com seu Pai. O único desamparo que houve entre eles em toda a história do tempo foi resolvido. Eles se amaram mais ainda. Construíram juntos o maior edifício do amor e da inteligência.

Ao entregar o seu espírito ao Pai, ele abriu a mais importante janela do universo, mais importante que os buracos negros: a janela para a eternidade. Revelou que o espírito não é o mesmo que o cérebro, que possuímos algo além dos limites do mundo físico, do metabolismo cerebral, que chamamos de espírito e alma."

⁸⁰ Lucas 23:46
⁸¹ 1 João 2:1

Augusto Cury, O Mestre do Amor, Academia de Inteligência, São Paulo, 2002, p.204/205.
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terça-feira, 30 de julho de 2024

ACEITA A CORREÇÃO

“E, na verdade, toda correção, no presente, não parece ser de gozo, senão de tristeza, mas, depois, produz um fruto pacífico de justiça nos exercitados por ela.” Paulo. (Hebreus, 12:11.)

"A terra, sob a pressão do arado, rasga-se e dilacera-se; no entanto, a breve tempo, de suas leiras retificadas brotam flores e frutos deliciosos.

A árvore, em regime de poda, perde vastas reservas de seiva, desnutrindo-se e afeando-se; todavia, em semanas rápidas, cobre-se de nova robustez, habilitando-se à beleza e à fartura.

A água humilde abandona o aconchego da fonte, sofre os impositivos do movimento, alcança o grande rio e, depois, partilha a grandeza do mar.

Qual ocorre na esfera simples da Natureza, acontece no reino complexo da alma.

A corrigenda é sempre rude, desagradável, amargurosa; mas, naqueles que lhe aceitam a luz, resulta sempre em frutos abençoados de experiência, conhecimento, compreensão e justiça.

A terra, a árvore e a água suportam-na, através de constrangimento, mas o Homem, campeão da inteligência no Planeta, é livre para recebê-la e ambientá-la no próprio coração.

O problema da felicidade pessoal, por isso mesmo, nunca será resolvido pela fuga ao processo reparador.

Exterioriza-se a correção celeste em todos os ângulos da Terra.

Raros, contudo, lhe aceitam a bênção, porque semelhante dádiva, na maior parte das vezes, não chega envolvida em arminho e, quando levada aos lábios, não se assemelha a saboroso confeito. Surge, revestida de acúleos ou misturada de fel, à guisa de remédio curativo e salutar. 

Não percas, portanto, a tua preciosa oportunidade de aperfeiçoamento.

A dor e o obstáculo, o trabalho e a luta são recursos de sublimação que nos compete aproveitar."

Francisco Cândido Xavier/Ditado pelo Espírito Emmanuel, Fonte Viva, p. 18/19.
www.autoresespiritasclassicos.com
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quinta-feira, 25 de julho de 2024

NÃO HÁ REGRESSÃO PURA AO PASSADO

"Quais são as zonas da memória que o controlam? Em que andar do 'grande edifício' do seu passado o seu elevador ficou emperrado ou sem luz? Precisamos ir até esses andares. Entretanto, temos de saber que não há regressão pura ao passado, só há o resgate do passado através do 'eu' do presente, que representa a consciência que tem de si e do mundo. 

Mesmo que esteja num estado pré-consciente, você leva parte da cultura do presente e da habilidade do seu 'eu' no encontro com as zonas da sua história, do seu passado remoto.

Quanto tomamos o 'elevador' e retornamos ao passado, não fazemos regressão pura como alguns pensam. Retornamos com consciência do presente e, desse modo, o reinterpretamos. Se essa reinterpretação for bem feita, reeditamos esse passado.

Não é possível anular o 'eu' e a consciência, a não ser pela hipnose, que é uma técnica pouco eficiente para estruturar o 'eu'. Quando o 'eu' é consciente e lúcido, embora tenha várias dificuldades, pode abrir as janelas da memória que contenham zonas de tensão e reescrevê-las. Assim, deixamos de ser vítimas de nossa história.

Uma boa técnica para reescrever a memória não é só querer penetrar na colcha de retalhos da nossa história, mas atuar nas janelas que se abrem espontaneamente no dia-a-dia. Da próxima vez que você ficar tenso, irritado, intransigente, frustrado, faça um 'stop introspectivo': pare e pense. Não se decepcione com você. Saiba que você abriu algumas janelas doentias e agora terá uma excelente oportunidade para reeditá-las. Assim, pouco a pouco, você estará livre para pensar e sentir.

Não há liberdade, mesmo nas sociedades democráticas, se o homem não é livre por dentro de si mesmo. O grande paradoxo das sociedades politicamente democráticas é que o homem é livre para expressar seus pensamentos, mas frequentemente vive num cárcere intelectual. Livre por fora, mas prisioneiro por dentro..."

Augusto Cury, O Mestre do Amor, Academia Inteligência, São Paulo, 2002, p. 39/40.
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terça-feira, 23 de julho de 2024

O EXEMPLO DO CRISTO

 
"Sem nos referirmos, porém, aos problemas da política transitória do mundo, lembremos, ainda, que a lição do Cristo ficou para sempre na Terra, como o tesouro de todos os infortunados e de todos os desvalidos. Sua palavra construiu a fé nas almas humanas, fazendo-lhes entrever os seus gloriosos destinos. Haja necessidade e tornaremos a ver a crença e a esperança reunindo-se em novas catacumbas romanas, para reerguerem o sentido cristão da civilização da Humanidade.

É, muitas vezes, nos corações humildes e aflitos que vamos encontrar a divina palavra cantando o hino maravilhoso dos bem-aventurados.

E, para fechar este capítulo, lembrando a influência do Divino Mestre em todos os corações sofredores da Terra, recordemos o episódio do monge de Manilha, que, acusado de tramar a liberdade de sua pátria contra o jugo dos espanhóis, é condenado à morte e conduzido ao cadafalso.

No instante do suplício, soluça desesperadamente o mísero condenado - 'Como, pois, será possível que eu morra assim inocente? Onde está a justiça? Que fiz eu para merecer tão horrendo suplício?'

Mas um companheiro corre ao seu encontro e murmura-lhe aos ouvidos: - 'Jesus também era inocente!...'

Passa, então, pelos olhos da vítima, um clarão de misteriosa beleza. Secam-se as lágrimas e a serenidade lhe volta ao semblante macerado, e, quando o carrasco lhe pede perdão, antes de apertar o parafuso sinistro, ei-lo que responde resignado: - 'Meu filho, não só te perdoo como ainda te peço cumpras o teu dever.'" 

Francisco Cândido Xavier/Emmanuel, A Caminho da Luz, FEB, p. 110/111.
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quinta-feira, 18 de julho de 2024

BUSQUE ORIENTAÇÃO DIVINA

"Planeje sua vida, não perca tempo. Se tiver uma vida social intensa demais, não conseguirá chegar a nada. Cultive a introspecção. Afaste-se das pessoas e mergulhe profundamente dentro de si mesmo. Pergunte-se: 'Como posso ser bem-sucedido?' Reflita sobre o que quer fazer, até se perder totalmente na ideia. Pense, pense, pense e faça planos. Depois, espere um pouco; não se entregue a nada precipitadamente. Dê um passo, e pense mais um pouco. Alguma coisa dentro de você lhe dirá o que fazer. Faça-o, e pense mais um pouco. Mais orientação virá. Se aprender a se interiorizar profundamente, conectará sua consciência com a superconsciência da alma, e poderá cultivar as ideias embrionárias do sucesso com infinita força de vontade, paciência e intuição. 

Ao mesmo tempo em que tenta criar o que idealizou, peça sempre ao Pai para guiá-lo. Se o ego for cego e tiver uma voz forte, poderá sufocar a intuição e levar você pelo caminho errado. Contudo, se a intenção for agradar a Deus, esforçando-se para realizar uma coisa que valha a pena, Ele orientará seus passos para o bem, impedindo-o de errar. O modo certo de trabalhar para o sucesso é tratar de agradar a Deus, fazer o melhor possível e, então, não se preocupar mais com o caso.

Neste mundo, você tem que representar seu papel no drama divino. Mas, se se perder no enredo, a vida ficará bem complicada. Você saberá, tarde demais, que desperdiçou tempo. Então, por que não girar a roda da vida em vez de ser atropelado por ela?"

Paramahansa Yogananda, O Romance com Deus, Self-Realization Fellowship, p. 104.
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terça-feira, 16 de julho de 2024

A MELANCOLIA

"25. Sabeis por que, às vezes, uma vaga tristeza se apodera dos vossos corações e vos faz achar a vida tão amarga? É que vosso Espírito, aspirando à felicidade e à liberdade, mas, ligado ao corpo que lhe serve de prisão, esgota-se em vãos esforços para dele sair. Porém, reconhecendo que são inúteis esses esforços, cai no desânimo e, como o corpo lhe sofre a influência, sois tomados pela lassidão, pelo abatimento e por uma espécie de apatia; por isso vos julgais infelizes. 

Crede-me, resisti com energia a essas impressões que vos enfraquecem a vontade. Essas aspirações a um mundo melhor são inata no espírito de todos os homens, mas não as busqueis neste mundo e, agora, quando Deus vos envia os Espíritos que lhe pertencem, para vos instruírem acerca da felicidade que Ele vos reserva, aguardai pacientemente o anjo da libertação para vos ajudar a desatar os laços que vos mantêm cativo o Espírito. Lembrai-vos de que, durante a vossa prova na Terra, tendes uma missão de que não suspeitais, quer vos dedicando à vossa família, quer cumprindo as diversas obrigações que Deus vos confiou. E se, no curso dessa provação, ao cumprirdes a vossa tarefa, virdes caírem sobre vós os cuidados, as inquietações e tribulações, sede fortes e corajosos para os suportar. Afrontai-vos resolutos; duram pouco e vos conduzirão para junto dos amigos por quem chorais, que se alegrarão com a vossa chegada entre eles e vos estenderão os braços, a fim de guiar-vos a uma região inacessível às aflições da Terra. - Francois de Genève. (Bordeaux.)"

Allan Kardec, O Evangelho segundo o Espiritismo, Editora FEB, 2018, p. 92.
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quinta-feira, 11 de julho de 2024

AS AFLIÇÕES

"A aflição do vício chama-se delinquência. A criatura começa experimentando pequena porção de droga, aumentando gradativamente. Em pouco tempo, pode estar roubando para sustentar o vício. É um sofrimento.

A aflição da agressividade chama-se cólera, e a cólera faz mal para a pessoa que a produz - prejudica o fígado, ataca o estômago e afeta o sistema nervoso. A aflição do crime chama-se remorso, porque ninguém foge da própria consciência. A aflição do fanatismo chama-se intolerância. A aflição da fuga, chama-se covardia. A aflição da leviandade chama-se insensatez. A aflição da inveja chama-se despeito, pois o invejoso sofre tanto que, antes de tudo, não consegue mais reconhecer valor no que ele tem, ou seja, não consegue ser feliz com aquilo que já conquistou, o que representa sofrimento.

A aflição da indisciplina chama-se desordem Há criaturas que são tão indisciplinadas que a vida delas é uma total desordem. Elas não conseguem sequer chegar no horário de um compromisso. Nunca encontram seus pertences, porque jamais põem no lugar adequado. Estão sempre afoitas. Tudo para elas é difícil. E quem sofre mais é a própria pessoa. por isso Chico Xavier dizia:

A disciplina não é uma cela trancada. É a chave da porta que lhe permite sair e voltar. 

A aflição da brutalidade chama-se violência. A aflição da preguiça chama-se rebeldia. A aflição da vaidade chama-se loucura. A aflição do relaxamento chama-se evasiva. A aflição da indiferença chama-se desânimo. A criatura indiferente não se motiva com nada e é tomada por tédio insuportável, porque não consegue se importar com as coisas, e nós precisamos gostar das coisas. Você precisa ter algo de que goste ou gostar de fazer algo, caso contrário sofrerá de tédio, sua vida perderá sentido, você perderá o rumo e entrará em sofrimento, em aflição.

A aflição da inutilidade chama-se queixa. Ainda em Religiões dos Espíritos, o benfeitor Emmanuel é incisivo ao afirmar que, quanto mais inútil uma criatura, mais ela reclama. Quem mais reclama é quem menos faz. Quem mais faz não tem tempo de reclamar.

A aflição do ciúme chama-se desespero. Quantas criaturas chegam até mesmo a se suicidar pelo ciúme, é um sofrimento terrível. A aflição da impaciência chama-se intemperança. Porque quem é impaciente perde a medida, exagera em tudo.

A aflição das sovinices chama-se miséria. De acordo com Emmanuel, 'o sovina é pão-duro', pois quanto mais sovinice ele tem, mais se impõe uma vida de restrição, porque não sabe aproveitar o que já tem.

A aflição da injustiça chama-se crueldade."

Haroldo Dutra Dias, Despertar, O Segredo da reforma íntima, Ed. Intelítera, São Paulo, 2024, p. 14/16.
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terça-feira, 9 de julho de 2024

A CHAVE DOS LABIRINTOS

"Cada acontecimento em nossa vida, cada pessoa, relacionamento, nosso trabalho, a família, tudo parece constituir um degrau, ou um ladrilho, que pavimenta nosso caminho, nossa estrada, nossa vida, levando-nos ao passo seguinte, à próxima decisão. 

Isso parece o karma se desdobrando. É como se tivéssemos sementes dentro de nós, que vão germinando e se revelando gradualmente, mostrando o que somos e o que trazemos para desenvolver, aprender, resolver nesta existência, acrescido de cada experiência nova. 

É preciso entender que a lei do karma não é punitiva e sim educativa.

A vida sempre nos oferece caminhos e opções para nosso progresso. Mas, se recusarmos a oferta, o sofrimento pode aparecer. Foi nossa opção. Porém, mesmo aí, surge uma nova oportunidade. Uma dificuldade momentânea pode também ser uma alavanca para nosso progresso, que pode contribuir para reaproximar pessoas queridas, da mesma família, pais e filhos, marido e esposa, amigos...

Deus é amor, Suas leis são amorosas, nossa essência é amorosa. 

Busque, abra-se para a Vida, com paciência, coragem, confiança. 

Como está no libro 'A Chave dos Labirintos', da Dra. Acely Hovelacque: 

- 'O Mestre do Viajante é o caminho, seu santuário é o lugar onde ele estiver, e o seu ritual é a Vida?'

Vamos!"

Fernando Mansur, Escrita Divina, Edição do Autor, p. 70.
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quinta-feira, 4 de julho de 2024

MANTER CONDUTA HABILIDOSA QUANDO ESTIVER COM OS OUTROS

"[74] Quando estamos com nossos amigos ou conhecidos, devemos estimulá-los a praticar o Darma de maneira habilidosa e sutil. Devemos também nos considerar como um aluno dos outros e aceitar com alegria e respeito qualquer conselho não solicitado que venhamos a receber deles. Se outra pessoa nos der uma lição de Darma, devemos pôr de lado nosso orgulho e receber esse ensinamento de bom grado. 
(...). 

[75] Sempre que alguém estiver fazendo uma atividade virtuosa, devemos nos regozijar e elogiá-lo ou falar sobre suas boas qualidades. [76] E, se ouvirmos alguém sendo elogiado, devemos nos juntar ao coro geral e exaltar ainda mais suas virtudes e qualidades. O que fazer quando nós formos elogiados? Nunca ficar inflados de orgulho, mas simplesmente reconhecer se, de fato, temos ou não tais qualidades.

Em resumo, precisamos permitir que todas as nossas ações de corpo, fala e mente se voltam para a felicidade dos outros. [77] Raramente encontramos tal conduta benéfica neste mundo. Devemos desejar que tudo o que fazemos - viajar, trabalhar, comer, beber água ou qualquer outro atividade - se direcione para o benefício de todos os seres. E especialmente ao falar, devemos considerar tão somente a felicidade dos outros. 

[78] Qual é o benefício de agirmos dessa maneira? Neste mundo, podemos constatar que, se formos prestativos e agradarmos aos outros, nossos atos bondosos serão retribuídos; não há dúvida de que seremos tratados com bondade pelos outros. Seremos queridos, carinhosamente apreciados e encontraremos grande felicidade, tanto nesta vida como em vidas futuras. Por outro lado, se formos invejosos das boas qualidades alheias, ingratos e excessivamente críticos. nossa própria mente ficará infeliz e perturbada e plantaremos sementes para muito sofrimento no futuro. 

Em vez de procurar falhas no comportamento dos outros e enaltecer nossas próprias qualidades, devemos fazer exatamente o oposto. A disciplina do Darma consiste em examinar regularmente nosso próprio comportamento, encarar nossas deficiências e reconhecer as boas qualidades dos outros. As práticas do Darma são tão vastas que é difícil compreender e seguir todas elas. No entanto, é suficiente simplesmente nos exercitar em duas disciplinas: abandonar nossas falhas e nos regozijar com as boas qualidades dos outros. Como disse o grande Professor indiano Atisha:

Não procurem falhas nos outros, procurem-nas e si mesmos e purgem-nas como se fossem sangue ruim. 
Não contemplem suas próprias boas qualidades, contemplem as boas qualidades dos outros e respeitem a todos como um servo o faria."

Geshe Kelsang Gyatso, Contemplações Significativas, Ed. Tharpa Brasil, São Paulo, 2009, p. 210/211.
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terça-feira, 2 de julho de 2024

A LEI DA VIDA

"A lei da vida se destina a nos ensinar de que modo viver em harmonia com a Natureza objetiva e com a nossa verdadeira natureza interior. 

Se você encostar o dedo num fogão quente, ele vai se queimar. A dor que você sentirá será um alerta dado pela Natureza para o proteger quando causar danos ao seu corpo.

Se você tratar os outros de maneira indelicada, indelicadeza é que você receberá em troca, tanto dos outros como da vida. Além do mais, seu coração murchará e secará. Assim, a Natureza adverte as pessoas de que a rudeza a que se entregam causa danos ao seu Eu interior.

Quando temos consciência do que significa a lei e agimos conformemente, vivemos na felicidade duradoura, temos saúde e estamos em perfeita harmonia com nós mesmos e com toda a vida."

Paramhansa Yogananda, A  Essência da Autorrealização, Ed. Pensamento-Cultrix, São Paulo, 2010, p. 57.
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quinta-feira, 27 de junho de 2024

FRUTOS

"Desejos - ações - frutos das ações - o Karma não é punitivo, é educativo. À medida que o tempo passa, vamos experimentando os efeitos de nossas ações. Segundo essa lei de ação e reação, tudo que fazemos produz resultados. Somente boas dão bons frutos; os erros também trazem consigo suas consequências.  

Diz um provérbio árabe que nosso destino vem amarrado ao nosso pescoço. Não há como fugir dele. Mas se o destino já vem conosco, onde fica o livre-arbítrio? E onde e quando foram geradas as causas embutidas no fardo que trazemos para esta vida?

Isso sugere a possibilidade de um passado do qual podemos não ter lembrança, ou de algum propósito de Deus para nós.

Porém, como foi dito no início, não se trata de castigo e sim de uma oportunidade de correção de rumo e chances de regeneração. Aí entra o livre-arbítrio: qual a direção que vamos tomar agora? Que rumo vamos dar à nossa existência? 

Podemos começar, purificando nossa mente com bons pensamentos, os quis geram bons sentimentos e ações ponderadas e sensatas. É um aprendizado diário. Precisamos de confiança e perseverança, até que brilhe em nós a Joia Suprema do Discernimento. 

Discernimento, desapego, boa conduta e contentamento. Como sugere o livro 'Aos Pés do Mestre'.

Estamos juntos nesse barco!

Vamos!"

Fernando Mansur, Escrita Divina, Edição do Autor, 2017, p. 116.
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terça-feira, 25 de junho de 2024

CAUSAS ATUAIS DA AFLIÇÃO (PARTE FINAL)

"5. A lei humana atinge certas faltas e as pune. O condenado pode então dizer que sofre a consequência do que fez. Mas a lei não alcança, nem pode alcançar todas as faltas; incide especialmente sobre as que trazem prejuízo à sociedade, e não sobre as que só prejudicam os que as cometem. Deus, porém, quer que todas as suas criaturas progridam e, portanto, não deixa impune qualquer desvio do caminho reto. Não há uma só falta, por mais leve que seja, nenhuma infração da sua lei, que não acarrete consequências forçosas e inevitáveis. Daí se segue que, nas pequenas coisas, como nas grandes, o homem é sempre punido por aquilo em que pecou. Os sofrimentos que decorrem do pecado são-lhe uma advertência de que procedeu mal. Dão-lhe experiência, fazem-lhe sentir a diferença entre o bem e o mal e a necessidade de se melhorar, a fim de evitar, futuramente, o que redundou para ele numa fonte de amarguras; se não fosse assim, não haveria motivo algum para que se emendasse. Confiante na impunidade, retardaria o seu adiantamento e, por conseguinte, a sua felicidade futura.

Algumas vezes, porém, a experiência chega um pouco tarde. Quando a vida já foi desperdiçada e turbada, quando as forças já estão gastas e o mal é irremediável, o homem põe-se a dizer: 'Se no começo da vida eu soubesse o que sei agora, quantos passos em falso teria evitado! Se tivesse que recomeçar, eu me portaria de maneira inteiramente diversa. No entanto, já não há mais tempo!' Como o operário preguiçoso, que diz: 'Perdi o meu dia', também ele diz: 'Perdi a minha vida'. Mas assim como para o operário o Sol se levanta no dia seguinte, dando início a uma nova jornada que lhe permite reparar o tempo perdido, também para o homem, após a noite do túmulo, brilhará o sol de uma nova vida, em que lhe será possível aproveitar a experiência do passado e suas boas resoluções para o futuro."

Allan Kardec, O Evangelho segundo o Espiritismo, Ed. FEB, 2018, p. 75/76.
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quinta-feira, 20 de junho de 2024

LIBERTAÇÃO

"O fim da longa estrada para a libertação é o coração do próprio homem. Se ele ao menos soubesse que ele e a senda são um! Quando do animal ele se torna uma alma, o mistério da consumação final está entretecido em tudo o que ele pensa, sente e faz, mesmo em seu primitivo estágio como selvagem. Pois ser uma alma significa que cada dia ele se aproxima mais da Libertação, como resultado do seu esforço.

O esforço para a Libertação é mostrado no instinto da criação que está em todos os homens. Mesmo o selvagem deseja simbolizar algo estranho ou assustador, algo novo. O homem civilizado é sempre um criador com seus sentimentos, pensamentos e ações. Pois, à medida que a alma evolui estágio a estágio, ela se torna um cadinho mais das energias da vida; torna-se o solo para nutrir as sementes da maravilha divina. Cada faculdade que ele aperfeiçoa é o ventre onde está crescendo uma criança cujos lábios transmitirão uma mensagem de salvação. Até que o ventre expila aquilo que nutriu, a alma fica inquieta e ansiosa. A dor termina quando a criança nasce, e a imaginação pode colocar-se à parte de sua criação. Onde o maior número está empenhado na criação, aí está a melhor civilização.

Quando a alma se liberta da servidão do desejo, a libertação está próxima. Essa libertação começa quando ela dedica seus dons à criação. Algo novo deve ser acrescentado dos recessos da alma à vida comum dos homens. Uma alma criará um hino, um discurso, um poema; outros criarão com pintura e escultura, com arquitetura e música, com dança e canção. A alma anseia e suspira por criar algo grande e nobre; coração e mente são levados a ações de oferecimento. O tamanho não importa; uma pequena ação amorosa, mesmo que seja um sorriso amistoso, contém a mesma grandeza que o dom da própria vida. A piedade que o amor envia conduz então à criação, e a alma não consegue repousar até que grandes planos de regeneração social sejam realizados, e consequentemente as misérias do homem sejam diminuídas. A alegria que a vida envia conduz à criação, e a alma deve simbolizar algo belo para inspirar os homens. A paz que a sabedoria envia leva à criação, e a alma deve abrir novas sendas para homens com novas filosofias e ciências. Ninguém consegue trilhar a senda para a Libertação até que saiba como criar. Pois Libertação significa que os muitos tornam-se o Um, e somente treinando cada faculdade do espírito, para criar em cada plano de vida, consegue o homem, a unidade, entender sua misteriosa identificação com o Todo. 

Como a alma irá criar? - Você pergunta. Mas o propósito da vida, quando a alma está liberta do desejo, é ensinar a arte da criação. Cada grito de dor, quando sob a escravidão do desejo, tem em si, em algum lugar, um elemento de sabedoria ou beleza para outrem. Quando a alma é livre, ela vê a mensagem para os outros em sua própria dor. Embora o homem jamais consiga salvar a si próprio, contudo ele sempre pode salvar outros. A mensagem oculta de cada dor é que o destino do homem é ser um salvador do mundo."

C. Jinarajadasa, Libertação, Editora Teosófica, Brasília, 2022, p. 55/58.
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terça-feira, 18 de junho de 2024

A PERCEPÇÃO DA VERDADE É IMEDIATA

"O estado verbal tem sido cuidadosamente construído no correr dos séculos, na relação entre o indivíduo e a sociedade. A palavra, o estado verbal, é tanto um estado social quando individual. Para me comunicar como estamos nos comunicando, eu necessito da memória, necessito de palavras, devo conhecer a língua, assim como você precisa conhecer a sua. Isso tem sido adquirido século após século. A palavra não está sendo desenvolvida apenas nos relacionamentos entre o individual e o indivíduo. A palavra é necessária. A questão é: se tomou tanto tempo para criar o estado simbólico, verbal, será que ele pode ser removido imediatamente?... Com o passar do tempo, será que vamos nos livrar do aprisionamento da mente, que foi construído durante séculos? Ou devemos romper com ele agora?

Ora, você pode dizer: 'Isso requer tempo, não posso fazê-lo imediatamente'. Isso significa que você precisa ter muitos dias, significa uma continuidade do que passou, embora seja modificado no processo, até atingir um estágio em que não haverá mais para onde ir. Você consegue fazer isso? Por ter medo, somos preguiçosos, indolentes, dizemos: 'Por que se importar com tudo isso? É difícil demais', ou 'Não sei o que fazer'. Então você vai adiando, adiando. Mas tem de enxergar a verdade da comunicação e a modificação da palavra. A percepção da verdade de uma coisa é imediata, não ocorre com o passar do tempo. Será que a mente pode irromper instantaneamente, no próprio questionamento? Será que a mente consegue enxergar a barreira da palavra, entender a importância da palavra em um instante e ficar nesse estado quando não estiver mais capturada no tempo? Você deve ter experenciado isso, mas é uma coisa rara para a maioria de nós."

Krishnamurti, O Livro da Vida, Ed. Planeta do Brasil Ltda. São Paulo, 2016, p. 165.
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quinta-feira, 13 de junho de 2024

CAUSAS ATUAIS DAS AFLIÇÕES (1ª PARTE)

"4. As vicissitudes da vida são de duas espécies, ou se quisermos, têm duas fontes bem diferentes que importa distinguir. Uma têm sua causa na vida presente: outras fora desta vida. 

 Remontando-se à origem dos males terrestres, reconhecer-se-á que muitos são consequência natural do caráter e da conduta dos que os suportam.

Quantos homens caem por sua própria culpa! Quantos são vítimas de sua imprevidência, de seu orgulho e de sua ambição!

Quantos se arruínam por falta de ordem, de perseverança, pelo mau proceder ou por não terem sabido limitar seus desejos!

Quantas uniões infelizes, porque resultaram de um cálculo de interesse ou de vaidade, e nas quais o coração não tomou parte alguma! 

Quantas dissensões e disputas funestas se teriam evitado com mais moderação e menos suscetibilidade!

Quantas doenças e enfermidades decorrem da intemperança e dos excessos de todo gênero!

Quantos pais são infelizes com seus filhos, porque não lhes combateram as más tendências desde o princípio! Por fraqueza ou indiferença deixaram que neles se desenvolvessem os germes do orgulho, do egoísmo e da tola vaidade que produzem a secura do coração; depois, mais tarde, quando colhem o que semearam, admiram-se e se afligem com a sua falta de respeito e a sua ingratidão. 

Que todos os que são feridos no coração pelas vicissitudes e decepções da vida interroguem friamente suas consciências; que remontem passo a passo à origem dos males que os afligem e verifiquem se, na maior parte das vezes, não poderão dizer: Se eu tivesse feito, ou deixado de fazer tal coisa, não estaria em semelhante situação.

A que, portanto, deve o homem responsabilizar por todas essas aflições, senão a si mesmo? O homem, pois, em grande número de casos, é o causador de seus próprios infortúnios, mas, em vez de reconhecê-lo, acha mais simples, menos humilhante para a sua vaidade, acusar a sorte, a Providência, a chance desfavorável, a má estrela, quando sua má estrela está na sua própria incúria. 

Os males dessa natureza fornecem, seguramente, um notável contingente nas vicissitudes da vida. O homem as evitará quando trabalhar pelo seu aprimoramento moral, tanto quanto o faz pelo seu melhoramento intelectual."

Texto extraído do livro "O Evangelho segundo o Espiritismo", de Allan Kardec, Ed. FEB, Brasília, 2018, p. 74/75.
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terça-feira, 11 de junho de 2024

O PONTO DE VISTA

"5. A ideia clara e precisa que se faça da vida futura dá uma fé inabalável do porvir, e essa fé tem consequências enormes sobre a moralização dos homens, porque muda completamente o ponto de vista sob o qual eles encaram a vida terrena. Para quem se coloca, pelo pensamento, na vida espiritual, que é indefinida, a vida corpórea se torna simples passagem, breve estação num país ingrato. As vicissitudes e tribulações dessa vida não passam de incidentes que ele suporta com paciência, pois sabe que são de curta duração e devem ser seguidas por um estado mais feliz. A morte nada mais terá de assustador; deixa de ser a porta que se abre para o nada para ser a porta da libertação que faculta ao exilado a entrada numa morada de felicidade e de paz. Sabendo que está num lugar temporário, e não definitivo, o homem encara as preocupações da vida com mais indiferença, resultando-lhe daí uma calma de espírito que abranda as suas amarguras.

Pelo simples fato de duvidar da vida futura, o homem dirige todos os seus pensamentos para a vida terrestre. Incerto quanto ao futuro, dá tudo ao presente. Não entrevendo bens mais preciosos que os da Terra, porta-se qual criança que nada mais vê além de seus brinquedos e tudo faz para os obter. A perda do menor deles causa-lhe pungente mágoa; um engano, uma decepção, uma ambição insatisfeita, uma injustiça de que seja vítima, o orgulho ou a vaidade feridos são outros tantos tormentos que transformam sua existência numa angústia perpétua, infligindo-se a si próprio verdadeira tortura de todos os instantes. Sob o ponto de vista da vida terrena, em cujo centro se coloca, tudo assume ao seu redor vastas proporções. O mal que o atinja, como o bem que toque aos outros, adquire aos seus olhos grande importância. Dá-se o mesmo com aquele que se encontra no interior de uma cidade: tudo lhe parece grande, tanto os homens que ocupam altas posições, como os monumentos. Contudo, se ele subir uma montanha, homens e coisas lhe parecerão bem pequenos. 

É o que acontece ao que encara a vida terrestre do ponto de vista da vida futura: a Humanidade, assim como as estrelas do firmamento, perde-se na imensidade. Percebe então que grandes e pequenos estão confundidos como formigas sobre um montículo de terra; que proletários e potentados são da mesma estrutura, e lamenta que essas criaturas efêmeras que tanto se fatigam para conquistar um lugar que as elevará tão pouco e que por tão pouco tempo conservarão. A importância, pois, dada aos bens terrenos está sempre em razão inversa da fé que se tenha no futuro."

Allan Kardeck, O Evangelho segundo o Espiritismo , Editora FEB, Brasília, 2018, p. 47/48.
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