OBJETIVOS DO BLOGUE

Olá, bem-vindo ao blog "Chaves para a Sabedoria". A página objetiva compartilhar mensagens que venham a auxiliar o ser humano na sua caminhada espiritual. Os escritos contém informações que visam fornecer elementos para expandir o conhecimento individual, mostrando a visão de mestres e sábios, cada um com a sua verdade e experiência. Salientando que a busca pela verdade é feita mediante experiências próprias, servindo as publicações para reflexões e como norte e inspiração na busca da Bem-aventurança. O blog será atualizado com postagens de textos extraídos de obras sobre o tema proposto. Não defendemos nenhuma religião em especial, mas, sim, a religiosidade e a evolução do homem pela espiritualidade. A página é de todos, naveguem a vontade. Paz, luz, amor e sabedoria.

Osmar Lima de Amorim


quinta-feira, 31 de dezembro de 2020

O ESPÍRITO DO GUERREIRO

"Embora tenhamos sido levados a acreditar que se abrirmos mão acabaremos sem nada, a própria vida revela seguidamente o contrário: o desapego é a senda para a verdadeira liberdade. 

Exatamente como os rochedos da orla do mar que açoitados pelas ondas não sofrem dano mas são esculpidos e erodidos em belas formas, nossas personalidades podem ser modeladas e nossas arestas mais rudes atenuadas por mudanças. Podemos aprender com mudanças desgastantes a desenvolver uma suave mas inabalável tranquilidade. Nossa autoconfiança cresce e fica tão maior, que a bondade e a compaixão começam a irradiar de nós naturalmente e a trazer felicidade aos outros. Essa bondade é o que sobrevive à morte, uma bondade fundamental que existe em cada um de nós. Nossa vida toda é um ensinamento sobre como revelar essa profunda bondade, e um treino para realizá-la.

Desse modo, cada vez que as perdas e decepções da vida nos ensinam alguma coisa sobre a impermanência, elas nos trazem mais perto da verdade. Quando você despenca de uma grande altura, só há um lugar possível para aterrisar: o solo; o solo da verdade. E se você possui o entendimento que deriva da prática espiritual, essa queda de modo algum é um desastre, mas a descoberta de um refúgio interno. 

Dificuldades e obstáculos, se adequadamente compreendidos e usados, podem muitas vezes tornar-se uma fonte inesperada de energia. Nas biografias dos mestres, você verificará uma e outra vez que se eles não tivessem enfrentado dificuldades e obstáculos não teriam descoberto a força de que precisavam para superá-los. Isso aconteceu, por exemplo, com Gesar, o grande rei guerreiro do Tibete, cujas aventuras compõem o maior épico da literatura tibetana. Gesar significa 'indomável', alguém que nunca pode ser derrotado. Desde o momento em que Gesar nasceu, Trotung, seu tio mau, tentou matá-lo de todas as maneiras. Mas a cada tentativa Gesar tornava-se mais forte. De fato, foi graças aos esforços de Trotung que Gesar se tornou tão grande. Isto deu origem a um provérbio tibetano: Trotung tro ma tung na, Gesar ge mi sar, o que quer dizer: 'Se Trotung não tivesse sido tão mai e intrigante, Gesar nunca teria se erguido tão alto'.

Para aos tibetanos, Gesar não é somente um guerreiro marcial mas também um guerreiro espiritual. Ser um guerreiro espiritual significa desenvolver um tipo especial de coragem que é, desde a sua origem, inteligente, bondosa e destemida. Os guerreiros espirituais podem ainda ter medo, mas mesmo assim eles são corajosos o bastante para experimentar o sofrimento, para relacionar-se de maneira franca com seu medo fundamental e, sem fugir, extrair lições das dificuldades. Como nos disse Chögyam Trungpa Rinpoche, tornar-se um guerreiro significa que 'podemos trocar nosso mesquinho desejo de segurança por uma visão muito mais vasta - a do destemor, abertura e heroísmo genuínos...' Penetrar no campo transformador dessa visão muito mais vasta é aprender a se sentir em casa em plena mudança, e a fazer da impermanência um amigo."

(Sogyal Rinpoche - O Livro Tibetano do Viver e do Morrer - Ed. Talento/Ed. Palas Athena, 1999 - p. 60/61


terça-feira, 29 de dezembro de 2020

EXAMINE-SE PARA DESCOBRIR O QUE O TORNA NERVOSO

"A maioria das doenças nervosas se deve ao excesso de agitação mental, que tem muitas causas. Examine-se e veja se você é nervoso e, em seguida, avalie o que é que o torna nervoso. Quando você fica com raiva, por exemplo, envia uma tremenda voltagem de energia ao cérebro e ao coração. Emoções como a raiva e o medo podem sobrecarregar os nervos a tal ponto que causam uma pane - às vezes podem até fazer o coração parar de bater e causar a morte. Se você passar um milhão de volts de corrente por um fio que só suporta alguns volts, o fio se queimará. Agitação significa que você está direcionando energia demais para certa área, impedindo o fluxo de força vital para outros nervos. O homem calmo, por outro lado, mantém os nervos bem alimentados com um fluxo equilibrado de energia de modo que nenhuma parte do corpo fique sobrecarregada ou carente.

O nervosismo é a doença da civilização. Lembro-me da ocasião em que alguns de nós estávamos indo de carro para o monte Pikes, no Colorado. Outros carros estavam nos ultrapassando, além da velocidade permitida, na encosta escarpada e tortuosa. Pensei que eles estavam se apressando para chegar ao topo da montanha a tempo de ver o nascer do sol. Para grande surpresa de minha parte, quando chegamos lá éramos os únicos que estávamos do lado de fora para apreciar a vista. Todos os outros estavam no restaurante tomando café e comendo roscas doces. Imagine! Eles correram para o topo e depois correram de volta apenas pela emoção de poderem dizer, ao voltar para casa, que tinham  estado ali e tomado café com roscas doces no monte Pikes, Isso é o que o nervosismo faz. Deveríamos ter calma para apreciar as coisas - as belezas da criação de Deus, as numerosas bênçãos da vida -, mas evitar as emoções súbitas, a inquietude e a excitação indevida, que fazem com que o sistema nervoso se queime. 

Falar demais, inclusive o hábito de conversar longamente ao telefone, gera nervosismo. Tiques nervosos, - como ficar tamborilando com os dedos em alguma superfície ou balançando sempre as pernas - queimam energia nervosa. Outra causa de nervosismo, embora possamos não estar conscientes dela, é o barulho do rádio e da televisão por horas seguidas. Todos os sons fazem com que os nervos reajam.¹ Um estudo realizado no departamento de polícia de Chicago mostrou que se os seres humanos não fossem submetidos ao bombardeio de sons da vida moderna, o que é especialmente irritante nas cidades, eles poderiam viver um número maior de anos. Aprenda a desfrutar do silêncio. Não ouça rádio ou televisão durante horas consecutivas nem os deixe trombeteando sem motivo como um fundo musical o tempo todo. Existem no cosmos suficientes 'programas de televisão' dos santos e a música das esferas, de modo que você não precisa ouvir música enlatada, nem ver imagens enlatadas. Na tranquilidade do silêncio interior, aprenda a sintonizar os maravilhosos programas cósmicos de Deus."

¹. Muitos pesquisadores descreveram os efeitos adversos do barulho para a saúde humana, inclusive o Dr. Samuel Rose, professor de otorrinolaringologia clínica na Universidade de Colúmbia, que escreveu: 'É sabido que os ruídos intensos causam efeitos que não podem ser controlados pelo receptor. Os vasos sanguíneos sofrem constrições, a pela empalidece, os músculos voluntários e involuntários ficam contraídos e a adrenalina ´injetada subitamente na corrente sanguínea, o que aumenta a tensão neuromuscular, o nervosismo, a irritabilidade e a ansiedade.'

(Paramahansa Yogananda - Jornada para a Autorrealização - Self-Realization Fellowship - p. 84/85)


quinta-feira, 24 de dezembro de 2020

A PALAVRA E O CAMINHO (PARTE FINAL)

"Em Aos Pés do Mestre, os mexericos são descritos como perversos. Por quê? O foco de nossa fala é um nome - o nome de uma pessoa. No ato de falar a respeito de Maria, João, Pedro, Suzana ou quem quer que seja que tragamos à nossa conversa, estamos definindo um ser e colocando-o sob influência de uma variedade de forças, e, em virtuda da potência magnética da fala, ela atrai todo tipo de influência vindas do pensamento do fofoqueiro. 

Portanto, há uma grande responsabilidade envolvida no modo como usamos a linguagem. Ela pode tornar-se uma bênção ativa no mundo à nossa volta, ou uma maldição. Embora não pensemos em nós mesmos como pessoas que possam causar malefícios a outrem, por causa da natureza casual de nosso pensamento e de nossa fala a respeito dos outros, certamente fazemos tais coisas inconscientemente. 

Para algumas pessoas, parece uma desculpa apropriada dizer: 'Eu não sabia disso!' Mas, para aqueles que se comprometeram com um caminho de conscientização cada vez mais profundo, isso não é aceitável. Mesmo se formos a um tribunal, nos dirão que ignorar a lei não é desculpa. Isso é especialmente verdadeiro com as leis universais e as consequências kármicas resultantes.

A experiência que temos do karma resulta amplamente de certos hábitos mentais desenvolvidos ao longo do tempo, hábitos que, por sua natureza, se repetem. Uma mente que foi habituada a responder ao longo de uma determinada linha atrai consequências que correspondem a esse modo de pensar. Assim, a pessoa irada sente-se isolada, a desonesta é desconfiada e assim por diante. Quando percebemos isso, a desculpa da insconsciência em causar mal aos outros por meio da fala não nos cabe."

(Tim Boyd - A palavra e o caminho - Revista Sophia, Ano 18, nº 87 - p. 6/7)


terça-feira, 22 de dezembro de 2020

A PALAVRA E O CAMINHO (1ª PARTE)

"Com frequência as coisas mais profundas são encontradas naquilo que é familiar, mas muitas vezes elas são negligenciadas. Há uma atividade comum em que todos nos engajamos - falar, dar voz a nossos pensamentos e sentimentos. A maioria de nossa fala tende a ser casual, mais ou menos por hábito ou cortesia. Todos nós já ouvimos a pergunta 'Como está você?' num dia em que não estamos nos sentindo bem, e respondemos de imediato 'Bem!' - porque essa é a conduta social.

Se pensarmos um pouco mais sobre o dom divino da fala, poderíamos ser mais conscientes do modo como a usamos. A fala é um reflexo de um poder divino que está dentro de todos nós. É muito considerada nas Escrituras de inúmeros povos do mundo. Na Bíblia, as primeiras palavras do Evangelho de João afirmam que 'no princípio era o Verbo' - a fala não como nós a entendemos, mas talvez no sentido do som que trás todas as coisas à existência.

Quanto João fala da vinda do Grande Instrutor, do surgimento de um Avatar, a linguagem usada é: 'E o Verbo se fez carne, e habitou entre nós.' Uma compreensão clara do poder da palavra, corretamente entendida, é algo que perpassa as religiões do mundo.

Em A Doutrina Secreta, H. P. Blavatsky escreveu sobre o som e a fala: 'Pronunciar uma palavra é evocar um pensamento, e torná-lo presente: a potência magnética da fala humana é o começo de toda manifestação no Mundo Oculto.' Blavatsky escreveu a respeito da capacidade da fala de magnetizar, de atrair para si. Isso não se relaciona apenas às práticas ocultas conscientes, mas às conversas normais em que nos engajamos de momento a momento.

Na maioria das vezes usamos a fala sem sabedoria. Segundo Blavatsky, emitir uma palavra é evocar um pensamento e torná-lo presente. Toda palavra que dizemos, seja casual ou profunda, traz um pensamento à nossa presença e à presença dos outros. Ela prossegue dizendo: 'Emitir um nome não é apenas definir um ser, mas colocá-lo sob a influência de uma ou mais potêmncias ocultas.' Assim, ao simplesmente dizermos um nome, nós nos engajamos num ato que registra a participação de 'potências' cooperativas. 

É claro que, em nossa conversação normal, não aplicamos um nível de pensamento tão profundo. Estamos apenas conversando, e para nós não é algo tão sério ou importante. Mas a verdade é que nosso discurso é sempre algo com essa profundidade. Pronunciar um nome é definir um ser e colocá-lo sob a influência de forças divinas - ou daquelas forças mais adequadas à fala irrefletida e a uma mente que não é refinada. (...)" continua...

(Tim Boyd - A palavra e o caminho - Revista Sophia, Ano 18, nº 87 - p. 5/6)


quinta-feira, 17 de dezembro de 2020

DICAS PARA EXERCITAR A GRATIDÃO

"Existem várias formas de praticar a gratidão diariamente. Para te ajudar a ser uma pessoa grata, listamos algumas dicas:

1 - Saia do piloto automático: comece a agir de forma mais consciente. Inicialmente, isso pode ser um desafio, mas acredite: todo esse esforço vale a pena.

2 - Exercite a gratidão através de atitude simples: sorria, faça elogios, saiba agradecer os elogios recebidos. Tenha mais paciência e evite o mau humor.

3 - Reconheça seus confortos: na maioria de nossos dias temos mais a agradecer do que lamentar. Se você tem chuveiro quente, cama confortável e comida na mesa, seja grato e desfrute de tudo isso.

4 - Viva o agora: se sua mente ficar no futuro ou no passado, você possivelmente não conseguirá identirficar todas as coisas boas que o cercam.

5 - Ame o que você tem: agradecer por tudo o que você tem te motiva a ir mais longe. Se você deseja emagrecer, por exemplo, aprenda a amar o seu corpo e a capacidade que ele tem de te manter vivo. Insatisfação gera angústia e pensamentos ruins. E isso não te levará a nada. 

(Rodrigo Filla - Vertical - Julho/Agosto/Setembro/Ano 7/número 28)


terça-feira, 15 de dezembro de 2020

COMO FUNCIONA A GRATIDÃO NA PRÁTICA

"A melhor forma de compreender o conceito de gratidão é dando um exemplo prático, imaginando uma situação trivial como pedir café. 

Em uma situação normal, você pede um café, recebe o que pediu, agradece de forma automática, paga e pronto. Fim da história. Porém, se ao trazer o café o atendente for solícito, entregar a bebida em uma xícara caprichada e adiconar um pequeno chocolate como agrado sua experiência será outra. Nesse caso, você recebeu mais do que imaginava. Seu agradecimento passa de mera educação e se transforma em um momento de surpresa e alegria. Você sai da cafeteria mais feliz e satisfeito. 

Entretanto, se você viver no 'piloto automático', ao receber essa atenção a mais, você pode nem perceber o que ocorreu. E, nesse caso, você não terá a chance de desfrutar o que lhe foi proporcionado pois não tomou conhecimento desta pequena atitude. Sua expressão, ao deixar o local, provavelmente vai ser a mesma com a qual entrou.

O sentimento de gratidão não é o equivalente a agradecer. O agradecimento é político, bem visto e gentil. mas ele pode ser bastante mecânico. A gratidão exige mais. Ela necessita uma percepção apurada de tudo o que acontece a sua volta para que, naquela circunstância você possa realmente desfrutar de uma honesta sensação de contentamento.(...)"

(Rodrigo Filla - Vertical - Julho/Agosto/Setembro/Ano 7/número 28)


quinta-feira, 10 de dezembro de 2020

A VIDA TE DÁ MAIS DO MESMO


"Nosso cérebro entende que as coisas que colocamos foco são mais importantes e relevantes para nós. Por exemplo, se começarmos a reclamar da falta de dinheiro nossa mente acaba focando na falta, na escassez e no problema. Inconscientemente seu cérebro passa a dar valor para isso e, sem saber, você acaba se sabotando para não sair deste ciclo. Essa sabotagem vem em forma de desculpas, falta de atitude ou simplesmente gastando seu tempo e energia reclamando ao invés de encontrar as soluções.

Reclamação é o oposto de gratidão. Etimologicamente, reclamar vem da palavra 'clamar'. Esta, tem o significado de pedir intensamente. Reclamar significa clamar duas vezes. Na prática, ao reclamar, você está pedindo que o seu problema venha em dobro. Emquanto o foco das ações e pensamentos forem os problemas e quanto mais tempo você gastar reclamando, mais problemas você terá e maior será a importância deles na sua mente e na sua vida. 

O oposto também ocorre. Sempre que acontecimentos, gestos, palavras ou pequenos detalhes de nossas vidas são dignos de atenção e agradecimento nos condicionamos a ver o lado bom da vida. Isso faz com que nosso cérebro aumente o nível de dopamina, o neurotransmissor responsável pela sensação de bem estar, humor e prazer. Por consequência, quanto mais liberação de dopamina acontecer, mais satisfeitos e felizes nos sentiremos. E, dessa forma, mais desejamos nos sentir assim.

A situação não para por aí. O contentamento costuma se externar, interferindo na forma como conduzimos nossas relações e atitudes. Desta maneira, nos tornamos mais agradáveis, extrovertidos e abertos a novas oportunidades. 

A gratidão, é uma espécie de felicidade cíclica. Ela funciona mais ou menos assim:

1. Algo de bom acontece;
2. Percebemos, reconhecemos, desfrutamos e ficamos agradecidos por isso;
3. Nosso cérebro responde com a elevação de dopamina;
4. A sensação de prazer nos alegra, nos deixa com mais disposição, mais vívidos e otimistas;
5. Quem nos encontra com esse ânimo se alimenta de nossa alegria, deixando o clima mais interessante e saudável. (...)"

(Rodrigo Filla - Vertical - Julho/Agosto/Setembro/Ano 7/número 28)


terça-feira, 8 de dezembro de 2020

GRATIDÃO

"Quando falamos em gratidão as primeiras coisas que vêm a mente é agradecer alguém que nos fez um favor e ajudou de alguma forma ou ainda agradecer através de uma reza ou oração.

No entanto, gradidão é muito mais que isso. A gratidão é uma ferramenta poderosa para realizar transformações em nossas vidas. Estudos apontam que ao praticar a gratidão você terá melhorias no seu humor, nos relacionamentos interpessoais e até nas finanças. A gratidão também ajuda a ter uma saúde melhor, combatendo a depressão e evitando picos de ansiedade e nervosismo.

Gratidão tem a ver com crenças ou religião. Tem a ver com psicologia. Ela é uma mudança de postura e pensamentos. E isso que serve para qualquer um, basta praticar. 

Durante nossas vida, recebemos uma cota de problemas e bênçãos. Ao analisarmos friamente, os números de coisas boas ou ruins que enfrentamos durante toda nossa existência são parecidos entre todos nós. Eu, você, seu amigo que tem uma vida perfeita nas redes sociais: todos enfrentamos problemas diariamente e todos recebem coisas boas com a mesma frequência. Ou seja, não existem pessoas que atraem problemas. Não existe aquela pessoa que tem 'dedo podre' e tudo de ruim acontece apenas com ela. O que nos diferencia é a forma de lidarmos com essas situações. 

Pensando nessa cota de problemas e bênçãos, reflita: você gasta mais tempo com as coisas ruins ou desfruta mais as coisas boas? Fazendo uma analogia com uma metáfora famosa: para você o copo está meio cheio ou meio vazio? Isso pode parecer bobo, mas esse pensamento pode mudar completamente a sua vida.

Stephen Covey, escritor do best-seller Os 7 Hábitos das Pessoas Altamente Eficazes tem uma teoria bem simples chamada de princípio dos 90/10. De todas as coisas que acontecem em nossas vidas, apenas 10% não estão sob nosso controle. Não temos como controlar se está chovendo ou fazendo sol, se o trânsito está bom ou ruim ou se o cachorro do vizinho uivou durante a madrugada. No entanto, nossa reação sobre essas coisas define, nosso modo de viver, junto com os outros 90% de coisas que podemos controlar. (...)"

(Rodrigo Filla - Vertical - Julho/Agosto/Setembro/Ano 7/número 28)


quinta-feira, 3 de dezembro de 2020

AS DISTRAÇÕES DA SOCIEDADE MODERNA QUE NOS AFASTAM DA VERDADEIRA FELICIDADE

"O termo tibetano para designar corpo é , que significa 'algo que você deixa para trás', como bagagem. Cada vez que dizemos 'lü', isto nos lembra que somos apenas viajantes, temporariamente abrigados nesta vida e neste corpo. Assim, no Tibete as pessoas não se distraíam muito gastando o tempo que tinham em tentar tornar mais confortáveis suas circunstâncias externas. Elas estavam satisfeitas se tivessem o bastante para comer, roupas sobre o corpo e um teto sobre suas cabeças. Continuar pensando obsessivamente em melhorar as próprias condições, como fazemos no Ocidente, pode tornar-se um fim em si mesmo e uma distração sem sentido. (...)

Às vezes penso que a maior aquisição da cultura moderna é sua brilhante promoção do samsara e suas estéreis distrações. A sociedade moderna me parece uma celebração de todas as coisas que nos afastam da verdade, fazendo difícil viver para ela e desencorajando as pessoas até mesmo de acreditar que ela existe. E pensar que tudo isso brota de uma civilização que alega adorar a vida, mas de fato a priva de qualquer significado real; que fala sem parar sobre fazer as pessoas 'felizes', mas de fato impede seu caminho para a fonte da verdadeira felicidade.

Esse samsara moderno alimenta-se de ansiedade e depressão que ele próprio fomenta, e para as quais nos treina e cuidadosamente nutre com um mecanismo de consumo que precisa manter-nos ávidos para continuar funcionando. O samsara é altamente organizado, versátil e sofisticado. Investe sobre nós de todos os lados com sua propaganda, criando à nossa volta uma cultura de dependência quase inexpugnável. Quanto mais tentamos escapar, mais nos sentimos enredar nas armadilhas que ele tão engenhosamente nos prepara. Como dizia no século XVIII o mestre tibetano Jikmé Lingpa: 'Hipnotizados pela mera variedades de percepções, os seres vagam infinitamente perdidos no círculo vicioso do samsara'.

Obcecados, então, por falsas esperanças, sonhos e ambições que nos prometem a felicidade mas conduzem somente à miséria, somos como forasteiros rastejando num deserto sem fim, morrendo de sede. E tudo que essa samsara nos oferece para beber é um copo d'água salgada, com o propósito de deixar-nos ainda mais sedentos."

(Sogyal Rinpoche - O Livro Tibetano do Viver e do Morrer - Ed. Palas Athena, São Paulo, 2000 - p. 40/41)


terça-feira, 1 de dezembro de 2020

UNIDADE NA DIVERSIDADE

"Somos todos seres humanos, mas alguns são homens e outros, mulheres. Aqui um negro, ali um branco, mas todos pertencemos à espécie humana. Nossas faces diferem, não vejo duas iguais, mas somos todos seres humanos. Onde está essa humanidade da qual nós fazemos parte? Vejo um homem ou uma mulher, de pele clara ou escura. Entre todas essas faces, sei que há uma humanidade abstrata, comum a todos. Posso não encontrá-la quando a procuro perceber, sentir e realizar, mas estou certo de que existe. Se há alguma coisa de que tenho certeza é esta natureza humana que temos em comum. Mediante a extensão desse conceito eu os vejo como homem ou mulher. 

Assim acontece com essa religião universal, que passa através de todas as diversas religiões sob a forma de Deus, que existe e perdura por toda a eternidade. 'Sou o fio que atravessa todas as pérolas', sendo cada pérola uma religião ou seita que dela derivou. Assim apresentam-se as diferentes pérolas, e o Senhor é o fio que as une, embora a maioria dos homens esteja inteiramente inconsciente disso.

Unidade na diversidade é o plano do universo. Como homem, você está separado do animal; como seres vivos, homem, mulher, animal e vegetal, são todos um; e como existência, vocês são uno com o universo. Esta existência universal é Deus, a Unidade suprema do cosmos. Nele somos todos um. Ao mesmo tempo, no plano da manifestação, as diferenças devem sempre permanecer.

O que nos faz criaturas com uma determinada aparência? A diferenciação. O equilíbrio perfeito seria nossa destruição. Suponha que a quantidade de calor nesta sala, cuja tendência é manter-se em difusão igual e perfeita, atinja esse poeliginto; o calor praticamente deixaria de existir. O que torna possível o movimento no universo? O equilíbrio perdido. A unificação da igualdade só poderá produzir-se por meio da destruição do universo, caso contrário é impossível. Além do mais, seria também perigoso. Não devemos desejar que todos pensem do mesmo modo; não haveria mais pensamentos para pensarmos. É justamente esta diferença, esta desigualdade, este desequilíbrio entre nós que constitui a verdadeira alma do nosso progresso e pensamentos. É preciso que seja sempre assim. 

Então, qual é, a meu ver, o ideal de uma religião universal? Não há de ser uma filosofia universal, nem uma mitologia única, nem um mesmo ritual ecumênico, comum a todas as religiões porque sei que este mundo, esta massa intrincada de mecanismos excessivamente complexos e espantoso, deve prosseguir funcionando com todas as engrenagens. Que podemos nós fazer?

Podemos fazer com que funcionem suavemente, diminuindo a fricção, lubrificando as engrenagens, por assim dizer. Como? Reconhecendo a necessidade natural de diferenciação. Assim como por nossa própria natureza reconhecemos a unidade, também devemos aceitar a diversidade. Precisamos aprender que a verdade pode ser expressa de milhares de modos igualmente legítimos. A mesma coisa pode ser vista de cem diferentes perspectivas e ainda continuar a ser ela mesma. (...)"

(Swami Vivekananda - O Que é Religião - Lótus do Saber Editora, Rio de Janeiro, 2004 - p. 28/30)