OBJETIVOS DO BLOGUE

Olá, bem-vindo ao blog "Chaves para a Sabedoria". A página objetiva compartilhar mensagens que venham a auxiliar o ser humano na sua caminhada espiritual. Os escritos contém informações que visam fornecer elementos para expandir o conhecimento individual, mostrando a visão de mestres e sábios, cada um com a sua verdade e experiência. Salientando que a busca pela verdade é feita mediante experiências próprias, servindo as publicações para reflexões e como norte e inspiração na busca da Bem-aventurança. O blog será atualizado com postagens de textos extraídos de obras sobre o tema proposto. Não defendemos nenhuma religião em especial, mas, sim, a religiosidade e a evolução do homem pela espiritualidade. A página é de todos, naveguem a vontade. Paz, luz, amor e sabedoria.

Osmar Lima de Amorim


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quinta-feira, 5 de junho de 2025

EM DEUS ACABAM AS ILUSÕES

"Acabe com o mundo agora mediante a comunhão com Deus. Não profane o templo da alma com desejos instáveis e com turbulentos prazeres mundanos. Permaneça imaculado à luz da consciência e à luz do amor por Deus. Alcance esse estado agora. Então, talvez durante uma guerra nesta era elétrica, quiçá na era mental ou na era da verdade, você volte como um Cristo para dar paz à Terra e dizer à humanidade: 'Aprendi as lições que Deus queria que eu aprendesse. Dificuldades, doenças e morte não significam nada para mim. Estou unido à Luz Eterna. O mundo terminou para mim. Venham, irmãos que ainda sofrem do pesadelo deste mundo de vida e morte e de infinitas rodadas de encarnações - venham comigo! Eu mostrarei que o fim do mundo significa o fim das ilusões da Terra. Aprendam esta lição, para que sua alma possa brilhar para sempre uma estrela eterna no regaço do excelso Senhor.'

Lembre-se: você está aqui na Terra por um curto período de tempo, mas é filho de Deus pela eternidade. Não se alie às forças da ignorância, busque primeiro conhecer a Deus. O que Ele lhe disser para fazer estará certo, seja lutando pelo seu país, seja como homem de negócios, artista ou instrutor espiritual. Quando você realmente O conhecer, será corretamente orientado na vida. É por isso que as Escrituras dizem: 'Buscai primeiro o reino de Deus...'

Se você conseguir viver pelo menos algumas das verdades que transmiti, será uma pessoa diferente. Conhecerá a Deus se seguir os ensinamentos da Self-Realization. Quando estou com você, não quero lhe dar apenas uma satisfação intelectual sobre a verdade; quero que perceba Deus por si próprio. Eu lhe expliquei como acabar com suas imperfeições para que você possa ir além - até Ele."

Paramahansa Yogananda, O Romance com Deus, Self-Realization Fellowship, p. 72/73.
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quinta-feira, 29 de maio de 2025

PERDÃOTERAPIA

"(...). Quando alguém perdoa, elimina alta carga doentia de vibrações no organismo, passando a gerar outro tipo de energia que procede da mente e se transforma em estímulos para a aparelhagem de que se constitui.

O ódio é morbo cruel que degenera aquele que o produz, alcançando, não poucas vezes, aqueloutro contra quem é direcionada a carga deletéria.

Compreendendo-se que todos têm o direito de errar e pensar mal uns dos outros, o que certamente não deveriam, mas cuja ocorrência é frequente, qual sucede ao próprio indivíduo em relação ao seu próximo, esse raciocínio já diminui a carga da animosidade mantida contra o outro, o adversário real ou imaginário.

Desculpando-o sinceramente e procurando apagar os sentimentos contraditórios que permanecem na mente e na emoção, o perdão faz-se automático e o bem-estar preenche o imenso espaço antes ocupado pelas emoções contraditórias do ódio, da mágoa e da vingança..

O perdão funciona como bálsamo sobre a ferida que foi aberta pela agressão do outro e, ao mesmo tempo, como resposta ao ódio que foi desencadeado, suavizando a dor do golpe experimentado.

Quem perdoa, conquista-se e engrandece-se, proporcionando oportunidade de arrependimento e de recuperação ao ofensor.

Enquanto sejam preservados no íntimo os sequazes do ódio, mesmo que disfarçado, o organismo se ressentirá da presença tóxica dessas vibrações doentias que infelicitam.

 O perdão, porém, libertando a vítima, abençoa o algoz, ensejando-lhe, também, desfrutar da felicidade relativa que está ao alcance de todo aquele que seguir as leis de Deus, crescendo espiritualmente. Perdãoterapia é, portanto, neste momento, o mais admirável recurso para a saúde e a felicidade do ser, ao lado do amor, do qual é extensão.

Texto extraído do livro "Lições para a Felicidade", de Divaldo Franco/Joanna de Ângelis, Livraria Espírita Alvorada Editora, Salvador/BA, 2003, p. 182/183.
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quinta-feira, 22 de maio de 2025

PERDÃOTERAPIA (1ª PARTE)

921. Concebe-se que o homem será feliz na Terra, quando a Humanidade estiver transformada. Mas, enquanto isso se não verifica, poderá conseguir uma felicidade relativa?

"O homem é quase sempre o obreiro da sua própria infelicidade. Praticando a lei de Deus, a muitos males se forrará e proporcionará a si mesmo felicidade tão grande quanto o comporte a sua existência grosseira."

 

As paixões grosseiras que predominam em a natureza humana decorrem das experiências transatas que ainda não foram superadas.

São responsáveis pelos arrastamentos ao mal, em razão do primarismo de que se revestem, não se permitindo ser contrariadas nos seus impulsos e sentimentos servis.

Estimuladas pelo egoísmo doentio, desbordam em agressividade e cinismo que agridem, inicialmente, o próprio indivíduo que as cultiva, para logo depois atingir o grupo social no qual esse se encontra.

Radicando-se nos instintos mais imperiosos, quais sejam a reprodução mediante os impulsos sexuais, a nutrição por meio do alimento, e o repouso, por cuja maneira refaz as forças gastas, somente a grande esforço cedem lugar aos sentimentos e à razão que os devem comandar, orientando-os para a preservação da existência, porém não agressivamente nem de forma angustiante.

É inevitável o desenvolvimento moral do ser humano.

Etapa a etapa, desenvolvem-se os gérmens do amor nele existente, que se irão assenhoreando dos departamentos do instinto em predomínio, para que o raciocínio e a emoção exerçam o seu papel no desenvolvimento dos tesouros morais adormecidos.

O ódio, o ressentimento, a amargura, a inveja, o ciúme constituem herança trágica desse período em que a posse impunha seus caprichos e a submissão desesperada transformava-se em desejo de vingança, culminando em rudes batalhas mentais que chegavam a vias de fato na realidade objetiva, ceifando as vidas que lhes caíam nas urdiduras perversas. (...)." 

Texto extraído do livro "Lições para a Felicidade", de Divaldo Franco/Joanna de Ângelis, Livraria Espírita Alvorada Editora, Salvador/BA, 2003, p. 179/181.
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terça-feira, 20 de maio de 2025

O DESEJO CÓSMICO

"Esta vida, uma mistura de prazer e dor, é como a superfície tranquila de um rio profundo por baixo do qual uma poderosa corrente avança impetuosamente. Calmamente dia sucede dia, e viajamos do nascimento à morte, inconscientes de que o tempo todo estamos sendo levados adiante, não segundo nossa volição, mas segundo a impetuosa necessidade de um desejo cósmico. Este anelo cósmico é inseparável de todas as formas que corporificam uma vida. Sob seu impulso, o mineral no invólucro rochoso está indócil com desejo; impelido por esse desejo, a nebulosa dá origem a sistemas estelares. Todas as coisas que vivem, mineral, vegetal e animal, homem, anjo e arcanjo estão sujeitas a este ardente desejo; pois ele flui como uma corrente invisível através de tudo que eles pensam e sentem. Ele dota os homens de uma irresistível qualidade de conquista; eles não sabem que quem conquista é o desejo cósmico, e não eles. O homem cruel, que esmagando os fracos, atinge o ápice, somente o faz porque a resistível força deste anelo usa-o como ferramenta, inflando sua imaginação, e vivificando suas faculdades até que elas despedaçam toda oposição. O moribundo em agonia ainda se agarra a vida, porque o anseio ainda é seu mestre, e o impulsiona a continuar vivendo a fim de atingir seus objetivos. Do pouco que sabemos, este anelo está sempre conosco. Cada plano de felicidade que fazemos está, na realidade, sempre subordinado a um outro plano, o plano deste desejo cósmico, embora de formas sutis ele nos convença de que seu plano é o nosso também. Ele deseja alimento e repouso, então nos convence de que estamos famintos e cansados; deseja excitação, e então, seguindo sua liderança, saímos em busca de mudança.

Nada há de mal neste anseio; ele não é nem bom nem ruim, mas mera força cósmica atuando num plano universal. Mas o seu trabalho não é o nosso trabalho, e o conhecimento dessa diferença abre o caminho para a paz e a felicidade. As marés deste anseio estão sempre girando em torno de nós; mas nada nos impele a nos mover com essas marés. Somos como gaivotas que pousam sobre as ondas para um rápido repouso. Elas se movem para cima e para baixo com as ondas, como se fossem parte da água; mas a qualquer momento, quando assim o desejarem, batem as asas, elevam--se no ar e a turbulência do mar nada é para elas. Também nós podemos nos separar destas marés de anseio cósmico, se entendermos corretamente, e nos pusermos a trabalhar com essa finalidade.

Como almas imortais seguindo para uma realização divina, é nossa natureza amar, ansiar por luz, e buscar compreensão. Estas são as formas de nosso desabrochar, e obedecemos ao instinto divino em nós quando recorremos à vida por Amor, Luz e Lei. Mas estamos o tempo todo mergulhados nas marés cósmicas; o desejo cósmico reside no material de todo pensamento e sentimento. Portanto, no momento em que planejamos ou cobiçamos algo, o anelo sutilmente transforma nossos pensamentos e emoções em suas ferramentas. Não estamos conscientes de que nosso trabalho é dual, o trabalho que como almas almejamos alcançar e o trabalho que o anelo nos está forçando a alcançar. Nosso eu natural veste-se de um segundo eu que não pertence a nós, mas ao anseio; nós não sabemos que, quando pensamos estamos expressando a nossa individualidade; somos em grande parte seus fantoches. As marés de ciúme, de ira ou apatia nos arrebatam, impelindo-nos a fazer ou não coisas de que posteriormente nos arrependemos. Sentimos em parte que somos duais, contudo, não entendemos de que maneira.

Esta dualidade está mesclada em tudo e através de tudo. Existe um amor verdadeiro da alma, e um assim chamado amor que é desejo cósmico; existe o desejo da alma por luz, e um desejo por excitação que é somente o estímulo do anseio; existe o desejo da alma por sabedoria, e uma ilusão cósmica que se mascara de verdade. A libertação das misérias da vida só começa quando conhecemos esta dualidade em nós, e nos recusamos a continuar sendo a ferramenta do que não é nosso verdadeiro Eu."

C. Jinarajadasa, Libertação, Ed. Teosófica, Brasília, DF, 2022, p. 23/27.
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quinta-feira, 15 de maio de 2025

A BENEFICÊNCIA

"11. A beneficência, meus amigos, vos dará nesse mundo os mais puros e suaves prazeres, as alegrias do coração, que não são perturbados pelo remorso nem pela indiferença. Oh! se pudésseis compreender tudo o que encerra de grande e de agradável a generosidade das almas belas, esse sentimento que faz a criatura olhar as outras como olha a sí mesma. despindo-se, jubilosa, para cobrir o seu irmão! Pudésseis, meus amigos, ter por única ocupação tornar felizes os outros! Quais as festas mundanas que podereis comparar a essas festas alegres quando, como representantes da Divindade, levais a alegria a essas pobres famílias que, da vida, apenas conheceram as vicissitudes e as amarguras, quando vedes nelas os semblantes macerados irradiarem subitamente de esperança, porque, não tendo pão, esses infelizes ouviam seus filhinhos, ignorando que viver é sofrer, gritando, repetidamente, a chorar, estas palavras, a se enterrarem nos corações maternos como agudo punhal: Estou com fome!... Oh! compreendei como são deliciosas as impressões daquele que vê renascer a alegria onde, um momento antes, só havia desespero! Compreendei as obrigações que tendes para com os vossos irmãos! Ide, ide ao encontro do infortúnio; ide em socorro, sobretudo, das misérias ocultas, por serem as mais dolorosas! Ide, meus bem-amados, e recordai-vos destas palavras do Salvador: 'Quando vestirdes a um destes pequeninos, lembrai-vos de que é a mim que o fazeis!'

Caridade! Sublime palavra que resume todas as virtudes, és tu que hás de conduzir os povos à felicidade. Ao te praticarem, eles criarão para si infinitos gozos no futuro e, quando se acharem exilados na Terra, tu serás a sua consolação, o gozo antecipado das alegrias que fruirão mais tarde, quando se encontrarem reunidos no seio do Deus de amor. Foste tu, virtude divinal, que me proporcionaste os únicos momentos de felicidade de que desfrutei na Terra. Possam os meus irmãos encarnados crer na palavra do amigo que lhes fala: É na caridade que deveis buscar a paz do coração, o contentamento da alma, o remédio contra as aflições da vida. Oh! quando estiverdes a ponto de acusar a Deus, lançai um olhar para baixo de vós; vede quantas misérias a aliviar, quantas pobres crianças sem família, quantos velhos sem qualquer mão amiga que os ampare e lhes feche os olhos quando a morte os reclame! Quanto bem a fazer! Oh! não vos queixeis; ao contrário, agradecei a Deus e prodigalizai em profusão a vossa simpatia, o vosso amor, o vosso dinheiro por todos os que, deserdados dos bens desse mundo, definham na dor e no isolamento. Colhereis na Terra bem doces alegrias e, mais tarde... só Deus o sabe!... - Adolfo, bispo de Argel. (Bordeaux, 1861.)"

Texto extraído do livro "O Evangelho Segundo o Espiritismo", de Allan Kardec, FEB, 2018, p. 179/180.
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quinta-feira, 1 de maio de 2025

EXPLICAÇÕES DO MESTRE

"Em plena conversação edificante, Sara, a esposa de Benjamim, o criador de cabras, ouvindo comentários do Mestre, nos doces entendimentos do lar de Cafarnaum, perguntou, de olhos fascinados pelas revelações novas:

- A ideia do reino de Deus, em nossas vidas, é realmente sublime; todavia, como iniciar-me nela? Temos ouvido as pregações à beira do lago e sabemos que a Boa Nova aconselha, acima de tudo, o amor e o perdão... Eu desejaria ser fiel a semelhantes princípios, mas sinto-me presa a velhas normas. Não consigo desculpar os que me ofendem, não entendo uma vida em que troquemos nossas vantagens pelos interesses dos outros, sou apegada aos meus bens e ciumenta de tudo o que aceito como sendo propriedade minha.

A dama confessava-se com simplicidade, não obstante o sorriso desapontado de quem encontra obstáculos quase invencíveis.

- Para isso comentou Pedro, é indispensável a boa vontade.

- Com a fé em nosso Pai celestial - aventurou a esposa de Simão, atravessaremos os tropeços mais duros.

Em todos os presentes, transparecia ansiosa expectativa quanto ao pronunciamento do Senhor, que falou, em seguida a longo silêncio:

- Sara, qual é o serviço fundamental de tua casa?

- É a criação de cabras - redarguiu a interpelada, curiosa.

- Como procedes para conservar o leite inalterado e puro no benefício doméstico?

- Senhor, antes de qualquer providência, é imprescindível lavar, cautelosamente, o vaso em que ele será depositado. Se qualquer detrito ficar na ânfora, em breve todo o leite se toca de franco azedume e já não servirá para os serviços mais delicados.

Jesus sorriu e explanou:

- Assim é a revelação celeste no coração humano. Se não purificamos o vaso da alma, o conhecimento, não obstante superior, confunde-se com as sujidades de nosso íntimo, como que se degenerando, reduzindo a proporção dos bens que poderíamos recolher. Em verdade, Moisés e os profetas foram valorosos portadores de mensagens divinas, mas os descendentes do povo escolhido não purificaram suficientemente o receptáculo vivo do Espírito para recebê-las. É por isso que os nossos contemporâneos são justos e injustos, crentes e incrédulos, bons e maus ao mesmo tempo. O leite puro dos esclarecimentos elevados penetra o coração como alimento novo, mas aí se mistura com a ferrugem do egoísmo velho. Do serviço renovador da alma restará, então, o vinagre da incompreensão, adiando o trabalho efetivo do reino de Deus.

A pequena assembleia, na sala de Pedro, recebia a lição sublime e singela, comovidamente, sem qualquer interferência verbal. 

O Mestre, porém, levantando-se com discrição e humildade, afagou os cabelos da senhora que o interpelara e concluiu, generoso:

- O orvalho num lírio alvo é diamante celeste, mas, na poeira da estrada, é gota lamacenta. Não te esqueças dessa verdade simples e clara da natureza."

Extraído do livro "Jesus no Lar", de Chico Xavier, pelo Espírito Neio Lúcio, FEB, 2013, p. 15/17.
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terça-feira, 29 de abril de 2025

VÍCIOS E PAIXÕES (PARTE FINAL)

"(...). Os vícios, por sua vez, são os devastadores efeitos das paixões, que se enraízam em forma de hábitos de qualidade inferior, responsáveis pelos desastres morais e emocionais que trucidam as criaturas imprevidentes que se lhes vinculam sem qualquer esforço para a sua libertação.

Apresentam-se disfarçados ou desvelados, de forma que se impregnam em a natureza humana, transformando-se em verdadeiros verdugos portadores de inclemência e perversidade.

De início, asfixiam nas suas malhas estreitas e apertadas aqueles que se lhes concedem predominância no comportamento.

Aturdem, enfermam, enfraquecem, desarticulam a vontade e terminam por infelicitar sem qualquer compaixão o seu próprio mantenedor.

Depois, espraiam-se, contaminando outros desavisados que se deixam enganar com as suas falsas promessas de alegria e de bem-estar, de euforia e de poder, que logo se convertem em decepção e fuga para novos tentames em escala ascendente e volumosa até a consumpção da sua vítima.

Concomitantemente os viciados perturbam a ordem social, por desejarem impor-se ou para manterem as suas necessidades mórbidas, tornando-se sicários de outras vidas ou sendo por si mesmos vitimados.

Com essa imperfeição moral, que resulta da falta de esforço para libertar-se dos estágios primários pelos quais transitou, o Espírito que se deixa vencer pelos vícios permanece em atraso no curso da evolução, tornando-se elemento pernicioso para a sociedade, que passa a vê-lo como inimigo do progresso, credor de penas que se lhe devem impor, a fim de serem evitados danos aos demais membros, tanto quanto a si mesmo.

Os vícios são cruéis mecanismos emocionais a que o ser se adapta, permitindo-se-lhes a vigência e soberania nas paisagens das emoções.

Infelizmente, na sociedade contemporânea, muito esclarecida em torno das conquistas tecnológicas e científicas, as paixões perniciosas e os vícios destrutivos recebem muita consideração, quando os indivíduos são açodados para conseguirem os seus propósitos, às vezes ignóbeis, ou para saírem-se bem nas reuniões de negócios ou de recreios, apelando para os alcoólicos, tabaco, o sexo e outras drogas aditivas.

Longe está o homem de ser social, somente porque se permite o uso e o abuso dos vícios em voga em cada época, ou das paixões animalizantes que os fazem sobressair, conquistando o enganoso brilho da mídia também alucinada em algumas áreas da atual comunicação de massa...

O ser humano marcha para a saúde plena, e as paixões que nele remanescem devem ser encaminhadas para os ideais de crescimento interior e de realização externa, ampliando os horizontes de felicidade do planeta.

Da mesma forma, os vícios deverão ser transformados em hábitos saudáveis ou em peregrinas belezas que deles emergem, lucilando como estrelas no zimbório da noite escura. 

Cada época da sociedade sempre se tem caracterizado pelos seus vícios e virtudes, desgraças ou grandezas que foram vivenciados.

Inegável que antes da queda de todas as civilizações do passado, que começou no apogeu da sua glória e do seu poder, quando os valores morais cederam lugar aos vícios e os ideais de engrandecimento foram substituídos pelas paixões devoradoras, fizeram-se vítimas da insânia os seus governantes e o povo em geral.

As paixões, dessa forma, podem ser alavancas direcionadas para o desenvolvimento cultural, emocional, social e espiritual da Humanidade, assim como os vícios mórbidos e devastadores deverão ser convertidos em sentimentos de autocompaixão, de amor e de caridade para com todas as demais criaturas.

Assim agindo-se, a transição do planeta para melhor será feita com mais facilidade, porque os seus habitantes terão optado por conduta mais condizente com a harmonia que vige no Cosmo e a plenitude que lhe está destinada."

Texto extraído do livro "Lições para a Felicidade", de Divaldo Franco/Joanna de Ângelis, Livraria Espírita Alvorada Editora, Salvador/BA, 2003, p. 159/161.
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quinta-feira, 17 de abril de 2025

CAMINHOS

"Uma senhora me conta que a filha, que era muito irresponsável, encontrou-se numa religião e melhorou radicalmente sua conduta.

Que bom quando a pessoa encontra seu caminho! As coisas começam a se ajeitar, começa a haver mais respeito por si e pelos outros, pelos amigos e parentes, filhos e pais.

Passamos então a reparar mais nas coisas simples da vida: a espiritualidade, a natureza, os animais, as crianças...

Porém, o jeito que ocorre conosco e nos leva a mudar pode não ser o melhor para o outro. Não existem receitas prontas, embora possa haver sintonias, afinidades. Daí, o respeito pelos vários caminhos que podem conduzir ao autoconhecimento.

Podemos chegar ao nosso caminho pela dor ou pela sabedoria; às vezes por uma dificuldade ou por uma religião, através de um serviço, uma profissão, uma pessoa, um livro ou uma intuição. Deixamos, assim, de nos ver como centro do universo e aprendemos, aos poucos, a nos ver como irmãos.

A ideia da fraternidade passa a ter sentido e se torna prática. Vemos as pessoas pelo que elas são, não por seus rótulos e títulos. Isso é transformador! Se você encontrou seu caminho, parabéns! Se ainda não achou, é possível continuar buscando. Quando encontrar, verá que todas as experiências foram e são válidas para aprimorar seu discernimento e valorizar suas escolhas e seu encontro consigo mesmo.

Paciência, perseverança, esperança. E, principalmente, amor, amor, amor. 

O amor pode ser mais importante do que o conhecimento. 

Vamos!"

Fernando Mansur, Escrita Divina, A comunicação da alegria, Edição do Autor, 2017, p. 76.
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terça-feira, 15 de abril de 2025

O CULTO CRISTÃO NO LAR

"Povoara-se o firmamento de estrelas, dentro da noite prateada de luar, quando o Senhor, instalado provisoriamente em casa de Simão Pedro, tomou os Sagrados Escritos e, como se quisesse imprimir novo rumo à conversação que se fizera improdutiva e menos edificante, falou com bondade:

- Simão, que faz o pescador quando se dirige para o mercado com os frutos de cada dia?

O Apóstolo pensou alguns momentos e respondeu, hesitante:

- Mestre, naturalmente, escolhemos os peixes melhores.

Ninguém compra os resíduos da pesca.

Jesus sorriu e perguntou, de novo:

- E o oleiro? que faz para atender à tarefa a que se propõe?

- Certamente, Senhor - redarguiu o pescador, intrigado -, modela o barro, imprimindo-lhe a forma que deseja.

O Amigo celeste, de olhar compassivo e fulgurante, insistiu:

- E como procede o carpinteiro para alcançar o trabalho que pretende?

O interlocutor, muito simples, informou sem vacilar:

- Lavrará a madeira, usará o enxó e o serrote, o martelo e o formão. De outro modo, não aperfeiçoará a peça bruta.

Calou-se Jesus, por alguns instantes, e aduziu:

- Assim, também, é o lar diante do mundo. O berço doméstico é a primeira escola e o primeiro templo da alma. A casa do homem é a legítima exportadora de caracteres para a vida comum. Se o negociante seleciona a mercadoria, se o marceneiro não consegue fazer um barco sem afeiçoar a madeira aos seus propósitos, como esperar uma comunidade segura e tranquila sem que o lar se aperfeiçoe? A paz do mundo começa sob as telhas a que nos acolhemos. Se não aprendemos a viver em paz, entre quatro paredes, como aguardar a harmonia das nações? Se nos não habituamos a amar o irmão mais próximo, associado à nossa luta de cada dia, como respeitar o eterno Pai que nos parece distante?

Jesus relanceou o olhar pela sala modesta, fez pequeno intervalo e continuou:

- Pedro, acendamos aqui, em torno de quantos nos procuram a assistência fraterna, uma claridade nova. A mesa de tua casa é o lar de teu pão. Nela, recebes do Senhor o alimento para cada dia. Por que não instalar, ao redor dela, a sementeira da felicidade e da paz na conversação e no pensamento? O Pai, que nos dá o trigo para o celeiro, através do solo, envia-nos a luz através do céu. Se a claridade é a expansão dos raios que a constituem, a fartura começa no grão. Em razão disso, o Evangelho não foi iniciado sobre a multidão, mas sim no singelo domicílio dos pastores e dos animais.

Simão Pedro fitou no Mestre os olhos humildes e lúcidos e, como não encontrasse palavras adequadas para explicar-se, murmurou, tímido:

- Mestre, seja feito como desejas.

Então Jesus, convidando os familiares do Apóstolo à palestra edificante e à meditação elevada, desenrolou os escritos da sabedoria e abriu, na Terra, o primeiro culto cristão do lar."

Texto extraído do livro "Jesus no Lar", de Chico Xavier, pelo Espírito Neio Lúcio, FEB, 2013, p. 9/10.
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quinta-feira, 27 de março de 2025

PAIXÃO E AMOR (PARTE FINAL)

"(...). O Evangelho de Jesus é o poema que canta o Seu amor pela Humanidade de todas as épocas, retratando em páginas de incomparável beleza a Sua doação de vida e de entendimento em relação a todas as criaturas que Lhe constituíam o objetivo a que se entregou. 

Oferecendo-se em holocausto humano, permaneceu fiel à Sua mensagem de libertação afetiva, sem frustração nem angústia, encerrando aquela fase do Seu messianato com insuperável declaração de entendimento da incoercível inferioridade dos Seus perseguidores: - Perdoa-os, meu Pai, porque eles não sabem o que fazem.

A grande paixão de Jesus é a criatura humana, mas as paixões humanas, normalmente são caracterizadas pelos instintos e desejos desenfreados, exceto quando direcionadas para as construções do bem e do amor em qualquer lugar onde se apresentem. "

Texto extraído do livro "Lições para a Felicidade", de Divaldo Franco/Joanna de Ângelis, Livraria Espírita Alvorada Editora, Salvador/BA, 2003, p. 155/156.
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terça-feira, 25 de março de 2025

PAIXÃO E AMOR (2ª PARTE)

"(...). O poeta Shakespeare encontrou a solução para deixar a imaginação humana continuar a paixão de
Romeu e Julieta, mediante a tragédia que elaborou para consumi-los, desde que ela não suportaria o desgaste da convivência diária, os conflitos de conduta no relacionamento constante.   

Marco Antônio, o vitorioso de Roma e Cleópatra, a rainha do Egito, são também um exemplo trágico da paixão por projeção, que termina em caos.

Abelardo e Beatriz igualmente experimentaram as consequências da irreflexão e sofreram a abrupta interrupção do encantamento, pagando o alto preço que se transformou em belas páginas escritas pelo primeiro, que assim eternizou os sentimentos de ambos, que não puderam consumar.

A relação é muito grande dos célebres enamorados, que a paixão devorou, pela falta de estrutura e da presença do amor real.

O amor é dúlcido, sem violência nem arroubos desesperados, que incendeiam e aniquilam. A sua mensagem é real, sem o imaginário do desequilíbrio nem do fantasioso, constituindo estímulo para quem ama sem sofrer desgaste, tanto quanto para o ser amado que não se submete.

Na paixão, sempre existem os componentes da dominação, do ciúme, da insegurança, do desespero, enquanto que, no amor, todo sentimento se enriquece de paz e de alegria, construindo o futuro a dois, sem perda da identidade nem da personalidade de qualquer um deles.

Enquanto a paixão é feita de impulsos imediatistas e extravagantes, o amor se expressa pela ternura e pela confiança, contribuindo para o crescimento moral do indivíduo, que avança no rumo de mais altas aquisições.

Na raiz de muitas conquistas do gênero humano encontra-se uma admirável história de amor, que não se desfaz em tragédia nem se despedaça no fragor dos desentendimentos afetivos.

O ser humano é convidado pela vida ao encontro da própria alma, à conquista do seu espaço interior, que não pode ser violado por ninguém, e o amor é o inspirador dessa viagem de segurança, que faculta o descobrimento da realidade e o equipa com instrumentos próprios para administrá-la de maneira eficiente a serviço do progresso moral e da plenitude.

Sob a inspiração do amor a alma é conquistada, mas, por outra forma, a alma não pode prescindir dos estímulos do amor.

Eis por que se pode asseverar que o amor é de conteúdo divino, enquanto que a paixão é uma consequência dos tormentos humanos.

A paixão se nutre dos desejos que defluem do magnetismo sexual, enquanto que o amor é fruto do amadurecimento psicológico e do discernimento espiritual.

A paixão é rápida e deixa escombros, enquanto que o amor é duradouro e oferece sementeira de bênçãos. (...)."

Texto extraído do livro "Lições para a Felicidade", de Divaldo Franco/Joanna de Ângelis, Livraria Espírita Alvorada Editora, Salvador/BA, 2003, p. 153/155.
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sexta-feira, 21 de março de 2025

CORAGEM

"Não poderemos ser autênticos se não formos corajosos. Não poderemos ser originais se não lançarmos mão do destemor. Não poderemos amar se não corrermos riscos. Não poderemos pesquisar ou perceber a realidade se não fizermos uso da ousadia.

A palavra coragem vem da raiz latina cor, cordis, que significa coração (sede ou centro da alma, da inteligência e da sensibilidade). Portanto, ser corajoso significa agir utilizando um potencial que vem de dentro - a voz do coração.

Coragem não é arrogância ardilosa, determinação astuta ou agressividade. Ela é, na realidade, a certeza íntima que se demonstra na moderação dos atos e atitudes, na firmeza de caráter e no desempenho perseverante de uma atividade.

É necessário coragem para assumir as consequências de nossas ações e desacertos; para suportar a vontade de retrucar de acordo com as ofensas recebidas; para sentir e fazer as coisas que acreditamos serem certas para nós, ainda que o medo da rejeição e da discriminação nos ameace; para aprender a dizer 'não', impedindo que passemos a vida inteira sendo usados ou explorados; para ver as coisas pelo lado bom, esperando sempre uma solução favorável; para não aceitar responsabilidades que não são nossas, mas de amigos ou parentes imprudentes que se omitem em executá-las.

A criatura realmente corajosa sabe que viver é correr riscos, é enfrentar o desconhecido. Ela solta o passado e deixa o futuro vir a ser. O futuro é uma semente de possibilidades, o passado ficou para trás; devemos deixá-lo passar. O presente nada mais é do que um deslocamento em direção ao futuro. A todo instante o presente está se tornando futuro e o passado indo embora.

Todos nós estamos constantemente enfrentando coisas ignoradas, desconhecidas. Correr riscos indica a probabilidade de insucesso em função de ocorrências que, muitas vezes, escapam de nossas mãos, pois não dependem exclusivamente de nosso empenho ou vontade.

'O uso dos bens da terra é um direito para todos os homens (...) Esse direito é a consequência da necessidade de viver (...)".

Ao utilizarmos os 'bens da terra' nos sentiremos temerosos e vacilantes diante dos riscos da vida, mas esses perigos são muito valiosos para que possamos amadurecer. Lembremo-nos que errar faz parte do crescimento, pois é uma 'consequência da necessidade de viver'. Sempre que tomamos consciência de nossos erros, chegamos mais perto da verdade. Trata-se de uma busca ou descoberta pessoal; ninguém pode fazê-la por nós.

Os 'bens da terra', aqui citados pelos Espíritos Amigos, também são os 'bens éticos' - conjunto de princípios ou valores universais de uma sociedade referentes à vida, à dignidade das pessoas e ao aprimoramento de uma coletividade.

Ao lançarmos mão dos 'bens éticos' podemos, de início, não saber usá-los convenientemente, mas necessitamos de coragem. autonomia e firmeza de espírito para vivenciá-los e, não buscar de modo desesperado o consenso ou aprovação das pessoas. É impossível passar pela vida sem incorrer em grandes doses de desaprovação. É o ônus que pagamos pelo fato de vivermos numa sociedade, onde a diversidade de opiniões é uma das características mais marcantes das criaturas.

Os grandes missionários da história nos ensinam que não se pode agradar a todos, e que precisamos ser livres das opiniões alheias. 

Usar a própria alma como guia e não precisar do consentimento exterior é utilização correta da verdadeira coragem postura psicológica que nos plenifica, em qualquer nível, nas pretendidas realizações pessoais.

Não poderemos ser autênticos se não formos corajosos. Não poderemos ser originais se não lançarmos mão do destemor. Não poderemos amar se não corrermos riscos. Não poderemos pesquisar ou perceber a realidade se não fizermos uso da ousadia. A coragem é uma qualidade interior que vem em primeiro lugar, tudo o mais acontece sucessivamente.

Um olhar cuidadoso na vida de Jesus irá revelar a criatura extremamente corajosa, o indivíduo que pregou a tenacidade diante de situações emocionais ou moralmente difíceis e que não teve medo de enfrentar a desaprovação. No entanto, muitos dos seus seguidores distorceram seus ensinos, transformando-os no catecismo da culpa, temor e submissão.

O Mestre de Nazaré sempre se conduziu com base em sua consciência pessoal, em sua integração com a Divindade e nas leis naturais, em vez de fazê-lo porque alguém ditou a maneira que ele deveria pensar ou se comportar.

O Cristo de Deus era dirigido por razões interiores que, literalmente, nada tinham a ver com o fato de que alguém possa ter gostado ou não do que Ele tivesse dito ou feito. Sempre considerou os mandamentos de Moisés, porém sabia que tudo que é escrito e traduzido ao pé da letra, bem como tudo que é relatado de forma oral, ou seja, passado de geração a geração, se reveste através dos séculos de uma atmosfera simbólica ou mítica.

'Não penseis que vim revogar a Lei e os Profetas. Não vim revogá-los, mas dar-lhes pleno cumprimento (...)'. A atitude de 'dar cumprimento', aqui proclamada, estava revestida de nobreza corajosa para a execução, realização e desenvolvimento de algo propício para a atualização do aperfeiçoamento moral da humanidade.

Jesus não receava correr riscos, porque seus valores não eram locais; em outras palavras, não eram analisados sob a luz de um enfoque particular e geográfico. O Mestre via a si mesmo como pertencente à vida universal; transcendia as fronteiras tradicionalistas - família, raça, cidade, estado ou país. Aliás, a coragem dos renovadores é geralmente rotulada, pela mediocridade ou incompreensão da humanidade, de rebeldia, desobediência e perturbação dos valores preestabelecidos ou convencionais."

Extraído do livro "Os prazeres da alma", de Francisco do Espírito Santo Neto, pelo espírito Hammed, Boa Nova, ed. e dist. de livros espíritas, Catanduva, SP, 2003, p. 119/122.
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quinta-feira, 20 de março de 2025

PAIXÃO E AMOR (1ª PARTE)

"(...). '907. Será substancialmente mau o principio originário das paixões, embora esteja na natureza?

"Não; a paixão está no excesso de que se acresceu a vontade, visto que o princípio que lhe dá origem foi posto no homem para o bem, tanto que as paixões podem levá-lo à realização de grandes coisas. O abuso que delas se faz é que causa o mal.'


O desenvolvimento da afetividade decorre do amadurecimento psicológico do ser que cresce, a esforço moral, ampliando a capacidade de entendimento emocional e cultural. Nem sempre, porém, resulta da aquisição de cultura, mas sim da perfeita harmonia entre sentir e saber, de modo que se possam evitar os distúrbios que, não raro, surgem durante o processo de evolução.

A afetividade é de incomparável necessidade para a afirmação dos sentimentos e da consciência humana, em razão da constituição espiritual, emocional e psíquica de que todos são constituídos.

Quando irrompem as emoções em catadupas, ante o encontro com outra pessoa, que produz impacto de alta expressão, que se transforma em desejo, esse não é um real sentimento de amor, mas sim de paixão. A paixão, invariavelmente, é um fenômeno de transferência psicológica, mediante o qual o indivíduo se deslumbra por si mesmo, refletido naquele que o atrai e lhe provoca encantamento. A sua porção feminina, quando se trata de um homem, ou masculina, quando seja mulher, expressa nos conteúdos psicológicos anima e animus, é projetada para o outro, que passa a habitar uma galeria mitológica, tornando-se um alguém irreal que necessita ser conquistado. 

Todo o empenho é desenvolvido para consegui-lo, e os estímulos orgânicos se tornam poderosos em face da atração magnética de ordem sexual que é experienciada, atuando de maneira a levar o apaixonado a triunfar sobre a sua presa que, adorada, sintetiza todas as ambições e necessidades do conquistador. É semelhante às ocorrências do mesmo gênero no panteão mitológico dos deuses. O ser humano, no entanto, não é deus algum, mas ser com sensibilidade e sentimentos comuns...

No começo o relacionamento é intenso, a admiração é constante, porque a imagem projetada inspira todo esse encantamento e interesse.

À medida, porém, que a convivência demitiza o sobrenatural da afetividade desequilibrada, a realidade assume o inevitável papel de controle das emoções, e o despertamento traz o desencanto e a amargura que passam a conviver com os parceiros, quando não o desentendimento, a agressividade, a violência, o crime...

Normalmente, após o estabelecimento de qualquer fenômeno de paixão afetiva, surgem o acordar da consciência e o conflito de comportamento, que levam a sofrimentos que poderiam ser evitados, caso se houvesse agido com equidade e maturidade psicológica.   

Esse tipo de arrebatamento que conduz ao imaginoso, à fantasia, ao mítico, atribuindo virtudes e belezas a outrem, que os não possui, de um para outro momento, é como o fogo fátuo, de efêmera duração, sendo efeito da combustão de gases que evolam dos cemitérios e pântanos, que brilham e logo desaparecem...

Nessa projeção de belezas com promessas de felicidade perene, em breve tempo sucumbem as aspirações cultivadas e logo surgem os conflitos perturbadores, que também são reflexos da personalidade atribulada e insatisfeita, que busca prazeres sexuais e outros, distante das emoções enriquecedoras e de alto significado.

Esse tipo de busca - a do sexo sob impulsos de desordenadas aspirações do prazer - não satisfaz, deixando sempre um sentimento de culpa, quando não se dá também o de frustração, que envilece e amargura.

Raramente se transforma em motivo de aprimoramento moral, porque o indivíduo se escraviza e se entrega, perdendo a sua realidade, quando se prolonga por algum tempo mais esse tipo de chama abrasadora.

As consequências são sempre infelizes. A história da literatura oferece exemplos muito significativos que merecem reflexão.(...)." 

Texto extraído do livro "Lições para a Felicidade", de Divaldo Franco/Joanna de Ângelis, Livraria Espírita Alvorada Editora, Salvador/BA, 2003, p. 151/153.
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terça-feira, 11 de março de 2025

EMPREGO DA RIQUEZA

"11. Não podeis servir a Deus e a Mamon. Guardai bem isso, vós a quem o amor do ouro domina, vós que venderíeis a alma para possuir tesouros, porque eles permitem que vos eleveis acima dos outros homens e vos proporcionam o gozo das paixões. Não; não podeis servir a Deus e a Mamon! Se, pois, sentis vossa alma dominada pelas cobiças da carne, apressai-vos em alijar o jugo que vos oprime, porque Deus, justo e severo, vos dirá: 'Que fizeste, ecônomo infiel, dos bens que te confiei? Esse poderoso móvel de boas obras o empregaste exclusivamente na tua satisfação pessoal'.

Qual, então, o melhor emprego que se pode dar à riqueza? Procurai nestas palavras: 'Amai-vos uns aos outros', a solução do problema. Aí está o segredo do bom emprego das riquezas. Aquele que se acha animado do amor do próximo tem aí traçada toda a sua linha de conduta. O emprego que agrada a Deus é a caridade, não essa caridade fria e egoísta, que consiste em espalhar ao redor de si o supérfluo de uma existência dourada, mas a caridade plena de amor, que procura o infeliz e o ergue, sem humilhá-lo. Rico, dá do teu supérfluo; faze mais: dá um pouco do que te é necessário, porque o de que necessitas ainda é supérfluo. Mas dá com sabedoria. Não repilas o que se queixa, com medo de seres enganado; vai às origens do mal. Alivia, primeiro; em seguida, informa-te, e vê se o trabalho, os conselhos, mesmo a afeição não serão mais eficazes do que a tua esmola. Espalha em torno de ti, em abundância, o amor de Deus, o amor do trabalho, o amor do próximo. Coloca tuas riquezas sobre uma base que nunca te faltará e que te trará grandes lucros: as boas obras. A riqueza da inteligência deve te servir como a do ouro. Espalha à tua volta os tesouros da instrução; derrama sobre teus irmãos os tesouros do teu amor e eles frutificarão. - Cheverus. (Bordeaux, 1861.)"

Allan Kardec, O Evangelho segundo o Espiritismo, FEB, Brasília/DF, 2018, p. 218.
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quinta-feira, 13 de fevereiro de 2025

DEPENDÊNCIA

"A capacidade de amar está presente na alma humana, mas, para que floresça, exige maturação da consciência, isto é, 'aprimoramento dos sentimentos'.

A maioria das criaturas foi educada ouvindo fábulas e mitos do amor romântico. Os tabus sexuais, as velhas estruturas familiares, as normas tradicionais do matrimônio, consideradas 'virtudes femininas', estabeleceram, na formação educacional das mulheres, todo um comportamento de dependência em relação aos homens. Elas centraram suas vidas em outros indivíduos, preocupadas em receber proteção e cuidados, e destruíram, com o tempo, suas vocações e aptidões mais íntimas.

'São iguais perante Deus o homem e a mulher (...) outorgou Deus a ambos a inteligência do bem e do mal e a faculdade de progredir.'

Muitos acreditaram que o amor seria somente despertado por uma 'varinha de condão' ou por uma 'flecha do cupido' que, ao tocá-los, acordasse das profundezas de seu inconsciente um sentimento há muito tempo adormecido. Existem aqueles que, ingênuos, passam uma encarnação inteira esperando que essa 'dádiva mágica' desabroche de repente, entre a procura e a espera do ser amado, pagando desesperadamente qualquer preço.

Na atualidade, muitos educadores, psicólogos, antropólogos e psiquiatras afirmam que a forma como usamos nossos sentimentos é uma 'resposta aprendida'. A capacidade de amar está presente na alma humana, mas, para que floresça, exige maturação da consciência, isto é, 'aprimoramento de sentimentos. 

Paralelamente, sabemos que as diversas vivências reencarnatórias sedimentam na alma humana certas predisposições singulares no entendimento do amor. Os costumes, as tradições e os hábitos que envolvem o namoro, o casamento, o sexo e a família, completamente diferentes de nação para nação, de continente para continente, estabelecem noções diversificadas sobre a afetividade nos espíritos em sua longa marcha evolutiva.

Existem aqueles que colocaram o amor dentro de uma estrutura romântica, ou seja, fazem prevalecer um sentimentalismo exagerado e uma imaginação irreal, desprezando o significado dos sentimentos autênticos. Eles acreditam que o casamento extingue por completo todas as adversidades e infortúnios existenciais e que as ansiedades do cotidiano acabariam, terminantemente, quando a cerimônia sacramentasse num abraço de ternura o 'felizes para toda a eternidade'.

A necessidade recíproca de controle, as promessas de que renunciariam à própria individualidade e teriam os mesmos objetivos para todo o sempre são os primeiros indícios de uma enorme desilusão na vida a dois. Compromissos de amor são válidos, desde que aprendamos que nossa vida está em constante renovação. Assim como as pessoas passam por diversas transformações, também o amor que sentem pelos outros se transforma.

Quanto mais observarmos os ciclos da vida fora de nós, mais entenderemos as transformações que ocorrem em nossa intimidade, porque nós também somos Vida. Apenas desse modo, ficaremos mais seguros e estáveis em relação ao nosso desenvolvimento e amadurecimento afetivos.

A diferença fundamental entre amor e dependência é observada com clareza nas ações e comportamentos das criaturas. A dependência prende, possessivamente, uma pessoa à outra, enquanto o amor de fato incentiva a liberdade, a sinceridade e a naturalidade. O dependente é caracterizado por demonstrar necessidade constante e por reclamar sistematicamente a atenção do outro.

O indivíduo dependente padece dos recursos psíquicos de alguém para viver. Ele dirá 'eu o amo', mas, em realidade, quer dizer 'eu preciso de você', ou mesmo, 'eu não vivo sem você'. O amor real baseia-se no sentimento compartilhado entre duas pessoas maduras, ao passo que o amor dependente implora consideração e carinho, infantilmente.

Os legítimos sentimentos da alma nunca se sujeitam a ordenações e imposições, mas sim a uma completa espontaneidade de atitudes e emoções. Dependência gera dores na alma; já a liberdade para amar é um direito natural de todos os filhos de Deus."

Extraído do livro "As dores da alma", de Francisco do Espírito Santo Neto, pelo espírito Hammed, Boa Nova editora e distribuidora de livros espíritas, Catanduvas, SP, p. 199/201.
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quinta-feira, 23 de janeiro de 2025

VENCER O MAL

Não te deixes vencer pelo mal, mas vence o mal com o bem.” – Paulo. (Romanos, 12:21.)

Comumente empregamos a expressão 'guerrear o mal', como se bastassem nossas atitudes mais fortes para exterminá-lo e vencê-lo.

Sem dúvida, semelhante conceituação não é de todo imprópria, porque, em muitas circunstâncias, para limitá-lo não podemos dispensar vigilância e firmeza.

Ainda assim, muitas vezes, zurzindo-lhe as manifestações com violência, criamos outros males a se expressarem através de feridas que apenas o bálsamo do tempo consegue cicatrizar.
 
O apóstolo, contudo, é claro na fórmula precisa ao verdadeiro triunfo.

“Não te deixes vencer pelo mal, mas vence o mal com o bem”.

Perseguir, quase sempre, é fomentar.

O melhor processo de extinguir a calúnia e a maledicência é confiar nosso próprio verbo à desculpa e à bondade. O recurso mais eficiente contra a preguiça é o nosso exemplo firme no trabalho constante. O meio mais seguro de reajustar aqueles que desajudam ao próximo é ajudar incessantemente. O remédio contra a maldição é a bênção. Os antídotos para o veneno da injúria são a paz do silêncio e o socorro da prece.

Por isso mesmo, Jesus ensinou:

'Amai os vossos inimigos.

Bendizei os que vos maldizem.

Orai por aqueles que vos maltratam e caluniam.

Perdoai setenta vezes sete.

Ofertai amor aos que vos odeiam'.

Podemos, pois, muitas vezes, combater o mal para circunscrever-lhe a órbita de ação, mas a única maneira de alcançar a perfeita vitória sobre ele será sempre a nossa perfeita consagração ao bem irrestrito."

Extraído do livro "Palavras de Vida Eterna, de Francisco C. Xavier pelo Espírito Emmanuel, p. 15.
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terça-feira, 14 de janeiro de 2025

INSTINTO E INTELIGÊNCIA

"(...) O instinto, quando desenvolvido e educado, torna-se um sentido a mais, vigilante no organismo em defesa de sua estrutura biológica, e a inteligência é a luz balsâmica a conduzi-lo no labirinto das agressões externas que o ser deve enfrentar.

Judas, por instinto infeliz, de medo e de ambição desmedida, enganou-se, traindo Jesus.

Maria Madalena, guiada pela inteligência que a induziu a libertar-se dos instintos vis que a dominavam, encontrou Jesus e liberou-se do vício, sublimando os sentimentos em que chafurdava.

Átila, guiado pela fúria do instinto perverso, assolou grande parte do mundo do seu tempo e sucumbiu devorado pelo ódio.

Agostinho de Hipona, reconhecendo, pela inteligência, a grandeza de Jesus e de Sua mensagem, superou os tormentos íntimos do instinto sexual e fez-se modelo de equilíbrio para si mesmo e para a posteridade. 

Pilatos, lavou as mãos, por instinto, evitando envolver-se na trama da covardia farisaica e, por falta de inteligência lúcida, comprometeu-se vilmente, perdendo a oportunidade feliz que se lhe deparara.

Guiado pela inteligência iluminada pelo sentimento de amor, o instinto se transforma em instrumento de felicidade.

Mediante, portanto, os atos que decorrem da conduta humana, pode-se saber quando são procedentes do instinto ou da inteligência."

Divaldo Franco/Joanna de Ângelis, Lições para a Felicidade, Livraria Espírita Alvorada Editora, Salvador, 2003, p. 22/23.
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quinta-feira, 9 de janeiro de 2025

A GRAÇA DIVINA

"Há muitas pedras no chão, mas bem poucas são diamantes. De modo semelhante, não é fácil encontrar verdades espirituais entre a confusão das opiniões humanas.

"A graça divina é como os mais preciosos desses raros diamantes. Ela está lá para ser encontrada por todos os que a buscarem diligentemente, porém, para encontrá-la, a pessoa deve fazer mais do que folhear alguns livros ou frequentar algumas palestras. A graça não pode ser encontrada onde as pessoas acreditam que ela esteja. Ela deve ser buscada do modo certo, no lugar certo, e com o espírito certo.

"O espírito certo é uma atitude de amor incondicional com respeito a Deus. O lugar certo é dentro de você. O modo certo é o silêncio da profunda meditação.

"Para achar Deus, você deve entrar em harmonia com os Seus caminhos."

Paramhansa Yogananda, A Essência da Autorrealização, Ed, Pensamento-Cultrix, São Paulo, 2010, p. 116.
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quinta-feira, 2 de janeiro de 2025

RESGATE E RENOVAÇÃO

"A reencarnação não seria caminhada redentora se já houvesses atendido a todas as exigências do aprimoramento espiritual.

Enquanto na escola, somos chamados ao exercício das lições.

Ante a Lei do Renascimento, surpreenderás no mundo dificuldades e lutas, espinhos e tentações.

Reencontrarás afetos que a união de milênios tornou inesquecíveis, mas igualmente rentearão contigo velhos adversários, não mais armados pelos instrumentos do ódio aberto, e, sim, trajados noutra roupagem física, devidamente acolhidos à tua convivência dificultando-te os passos, através da aversão oculta.

Saberás o que seja tranquilidade por fora e angústia por dentro. Desfrutarás a amenidade do clima social que te envolve com os mais elevados testemunhos de apreço e respirarás, muitas vezes, no ambiente convulsionado de provações entre as paredes fechadas do reduto doméstico. Entenderás, porém, que somos trazidos a viver, uns à frente dos outros, para aprendermos a nos amar reciprocamente como filhos de Deus.

Perceberás, pouco a pouco, segundo os princípios de causa e efeito, que as mãos que te apedrejam são aquelas mesmas que ensinaste a ferir o próximo, em outras eras, quando o clarão da verdade não te havia iluminado o discernimento e reconhecerás nos lábios que te envenenam com apontamentos caluniosos aqueles mesmos que adestraste na injustiça, entre as sendas do passado, a fim de te auxiliarem no louvor à condenação.

Ergues-te hoje sobre a estima dos corações com os quais te harmonizaste pelo dever nobremente cumprido, entretanto, sofres o retorno das crueldades que te caracterizavam em outras épocas por intermédio das ciladas e injúrias que te espezinham o coração.

Considera, porém, o apelo do amor a que somos convocados dia por dia e dissolve na fonte viva da compaixão o fel da revolta e a nuvem do mal. Aceita no educandário da reencarnação a trilha de acesso ao teu próprio ajustamento com a vida, amando, entendendo e servindo sempre.

Se alguém te compreende, ama e abençoa. Se alguém te injuria, abençoa e ama ainda.

Seja qual seja o problema, nunca lhe conferiras solução justa, se não te dispuseres a amar e abençoar.

Onde estiveres, ama e abençoa sem restrições ante a consciência tranquila e conquistarás, sem delongas, o domínio do bem que vence todo mal.”

Mãos Unidas, Reflexões à luz dos ensinamentos do Cristo, Chico Xavier/Emmanuel, IDE,2009, p. 39/41.
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terça-feira, 31 de dezembro de 2024

TEU LIVRO

“A existência na Terra é um livro que estás escrevendo...

Cada dia é uma página...

Cada hora é uma afirmação de tua personalidade, através das pessoas e das situações que te buscam.

Não menosprezes o ensejo de criar uma epopeia de amor em torno de teu nome.

As boas obras são frases de luz que endereças à Humanidade inteira.

Em cada resposta aos outros, em cada gesto para com os semelhantes, em cada manifestação dos teus pontos de vista e em cada demonstração de tua alma, grafas, com tinta perene, a história de tua passagem.

Nas impressões que produzes, ergue-se o livro dos teus testemunhos.

A morte é a grande colecionadora que recolherá as folhas esparsas de tua biografia, gravada por ti mesmo, nas vidas que te rodeiam.

Não desprezes a companhia da indulgência, através da senda que o Senhor te deu a trilhar.

Faze uma área de amor ao redor do próprio coração, porque só o amor é suficientemente forte e sábio para orientar-te a escritura individual, convertendo-a em compêndio de auxílio e esperança para quantos te seguem os passos.

Vive com Jesus, na intimidade do coração, não te afastes d'Ele em tuas ações de cada dia e o livro de tua vida converter-se-á num poema de felicidade e num tesouro de bênçãos.”

Mãos Unidas, Reflexões à luz dos ensinamentos do Cristo, Chico Xavier/Emmanuel, IDE,2009, p. 11/12. 
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