OBJETIVOS DO BLOGUE

Olá, bem-vindo ao blog "Chaves para a Sabedoria". A página objetiva compartilhar mensagens que venham a auxiliar o ser humano na sua caminhada espiritual. Os escritos contém informações que visam fornecer elementos para expandir o conhecimento individual, mostrando a visão de mestres e sábios, cada um com a sua verdade e experiência. Salientando que a busca pela verdade é feita mediante experiências próprias, servindo as publicações para reflexões e como norte e inspiração na busca da Bem-aventurança. O blog será atualizado com postagens de textos extraídos de obras sobre o tema proposto. Não defendemos nenhuma religião em especial, mas, sim, a religiosidade e a evolução do homem pela espiritualidade. A página é de todos, naveguem a vontade. Paz, luz, amor e sabedoria.

Osmar Lima de Amorim


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quinta-feira, 3 de outubro de 2024

O MANDAMENTO MAIOR

"4. Mas os fariseus, tendo sabido que Ele fechara a boca aos saduceus, se reuniram; e um deles, que era doutor da lei, foi propor-lhe esta questão para o tentar: Mestre, qual o grande mandamento da Lei? Jesus lhe respondeu: ‘Amarás o Senhor teu Deus, de todo o teu coração, de toda a tua alma, de todo o teu espírito. - Esse o maior e o primeiro mandamento. E aqui está o segundo, que é semelhante ao primeiro: Amarás o teu próximo, como a ti mesmo. Toda a lei e os profetas se acham contidos nesses dois mandamentos’. (MATEUS, 22:34 a 40.)

5. Caridade e humildade, tal o único caminho da salvação. Egoísmo e orgulho, tal o da perdição. Este princípio se acha formulado em termos precisos nas seguintes palavras: ‘Amarás a Deus de toda a tua alma e a teu próximo como a ti mesmo; toda a Lei e os profetas se acham contidos nesses dois mandamentos’. E, para que não haja equívoco sobre a interpretação do amor de Deus e do próximo, acrescenta: ‘E aqui está o segundo mandamento, que é semelhante ao primeiro’, isto é, que não se pode verdadeiramente amar a Deus sem amar o próximo nem amar o próximo sem amar a Deus. Logo, tudo o que se faça contra o próximo é o mesmo que fazê-lo contra Deus. Não podendo amar a Deus sem praticar a caridade para com o próximo, todos os deveres do homem se encontram resumidos nesta máxima: Fora da caridade não há salvação.” 

Allan Kardec, O Evangelho segundo o Espiritismo, FEB, 2ª edição, 2018, p. 204.
Imagem: Pinterest. 

sexta-feira, 7 de agosto de 2015

EVITE OS LADRÕES DA FELICIDADE

"O mal é a ausência da alegria autêntica. É o que o torna um mal,obviamente. Do contrário, diria você que o tigre perpetra uma má ação ao devorar sua presa? Matar é a natureza do tigre, a ele dada por Deus. As leis da natureza são impessoais. 

Observa-se o mal quando a pessoa revela potencial para obter a alegria interior. Tudo o que nos separa desse estado divino de existência nos prejudica porque desvia nossa visão daquilo que realmente somos e daquilo que de fato queremos na vida.

Daí as prescrições religiosas contra a luxúria e o orgulho, por exemplo. Os mandamentos são para o bem do homem, não para a satisfação do Senhor! Constituem advertências, para os incautos, de que embora certas atitudes e atos possam de início parecer satisfatórios, o final do caminho será para eles, não a felicidade, mas o sofrimento.

As pessoas que buscam a felicidade devem evitar a influência dos maus hábitos que levam às más ações. Estas geram desgraça cedo ou tarde. A repetição de uns poucos atos de fraqueza nos acostuma a ser fracos. Muitas pessoas permitem que hábitos de fraqueza ou fracasso, por elas mesmas criados, as escravizem. Você poderá evitar isso caso se tenha condicionado mentalmente a viver de maneira diversa; entretanto, a resolução de combater os maus hábitos deve persistir até a vitória final.

O que você fez de si mesmo no passado é o que é agora. Foi você quem, pelos traços invisíveis e secretos de ações passadas, passou a controlar as ações presentes.

Foi você quem, pela lei de causa e efeito que governa todos os atos, determinou sua punição ou recompensa. Sem dúvida nenhuma, já sofre o bastante. É hora de escapar da prisão de seus antigos hábitos indesejáveis. Uma vez que está desempenhando o papel de juiz, as grades do sofrimento, da pobreza ou da ignorância não poderão retê-lo se estiver pronto a libertar-se."

(Paramhansa Yogananda - A Sabedoria de Yogananda, Como ser feliz o tempo todo - Ed. Pensamento, São Paulo, 2012 - p. 35/36)
www.editorapensamento.com.br


domingo, 5 de julho de 2015

EMPATIA

"'Amai ao próximo como a vós mesmos' - ensinou o Mestre Jesus, meu Guru.

Tenho encontrado entre os que se amam acima de tudo aqueles que, racionalizando, interpretam este sublime e libertador mandamento como um incentivo ao 'amor próprio'. Teria Jesus preceituado: 'Quem não ama a si mesmo não pode amar ao próximo.'

Ora, a experiência mostra que, enquanto eu me amo, não tenho condições para o desapego, para a renúncia, para o dar, o doar, e o perdoar. O amor a nós mesmos nos torna egoístas, e onde impera o ego, não há lugar para os outros a não ser como objetos de posse e satisfação para o ego reivindicante.

Foi exatamente por reconhecer que o normal é que natural e espontaneamente, instintiva e inconscientemente nos amemos, que Jesus propôs que façamos o mesmo em relação ao próximo.

Assim como, por egoísmo, reivindicamos para nós o melhor, façamos exatamente o mesmo em relação aos outros. Amemos nosso vizinho tanto quanto nos amamos.

Que eu sempre promova, proteja, alegre, sirva, torne feliz os outros, da mesma forma e na mesma medida como tenho feito a mim mesmo."

(Hermógenes - Deus investe em você - Ed. Nova Era, Rio de Janeiro, 1985 - p. 61)


sexta-feira, 15 de maio de 2015

O REINO DOS CÉUS

"Com efeito, eu vos asseguro que se a vossa justiça não exceder a dos escribas e a dos fariseus, não entrareis no reino dos céus.

Os escribas e os fariseus esquecem o primeiro mandamento: 'Ama o Senhor teu Deus com todo o teu coração, com toda a tua alma e com toda a tua mente.' São pessoas muito éticas, corretas em seu modo de vida; prendem-se, porém, às formas e observâncias exteriores, o que os leva à intolerância, à estreiteza e ao dogmatismo. A justiça que ultrapassa a dos escribas e dos fariseus é exatamente o oposto disso. É uma ética que encara a observância das formas e dos rituais não como um fim em si mesmo, mas como meios para entrar no reino dos céus.

Deus está além do bem e do mal relativos. Ele é o Bem absoluto. Quando nos unirmos a ele em nossa consciência, vamos além da justiça relativa. Essa verdade é com frequência mal compreendida: não significa que devamos desculpar a imoralidade, pois a ética é o fundamento real da espiritualidade. Ao nos iniciarmos na vida espiritual, é preciso que nos abstenhamos conscientemente de fazer mal aos outros; que nos abstenhamos da mentira, do roubo, do desregramento e da avidez; impõe-se que observemos a pureza física e mental, o contentamento, o autocontrole e a lembrança contínua de Deus. 

Mas o desejo de viver uma vida verdadeiramente ética e de praticar as disciplinas espirituais vem-nos apenas se decidirmos viver o primeiro mandamento - se aprendermos a amar a Deus e a lutar por manifestá-lo. Sem este ideal, a moralidade degenera para o decoro externo dos escribas e dos fariseus. Se, porém, o primeiro mandamento é observado, então o segundo se segue como decorrência natural. Quando amamos Deus, precisamos amar nosso próximo como a nós mesmos - porque nosso próximo é o nosso próprio eu.

Pela prática do autocontrole, pela contenção interior das paixões, desenvolvemo-nos espiritualmente na direção da união com o Deus absoluto. A pessoa que atinge este estágio supremo não precisa fazer distinção consciente entre o certo e o errado, nem praticar o autodomínio. A santidade e a pureza tornam-se sua verdadeira natureza. Ela transcende a justiça relativa e entra no reino dos céus."

(Swami Prabhavananda - O Sermão da Montanha Segundo o Vedanta - Ed. Pensamento, São Paulo - p. 51/53


sexta-feira, 26 de julho de 2013

A VERDADEIRA VIDA DO HOMEM É PAZ EM IDENTIDADE COM O SUPREMO ESPÍRITO

"Ninguém age corretamente ao abandonar o cumprimento dos inequívocos deveres da vida, baseados no mandamento Divino. Aquele que cumpre seus deveres por pensar que se eles não forem cumpridos algum malefício lhe sobrevirá, ou que o seu cumprimento removerá dificuldades do seu caminho, trabalha pelos resultados. Os deveres devem ser cumpridos simplesmente por terem sido mandados por Deus, que pode a qualquer momento ordenar que se lhes abandone. Enquanto não tivermos reduzido a inquietação da nossa natureza à tranquilidade, teremos de trabalhar, consagrando à Deidade todos os frutos de nossa ação e atribuindo-Lhe o poder de executar as tarefas corretamente. A verdadeira vida do homem é paz em identidade com o Supremo Espírito.

Esta vida não é trazida à existência por qualquer ato nosso, é uma realidade, ‘a verdade’, e é completamente independente de nós. A compreensão da irrealidade de tudo que parece se opor a esta verdade é uma nova consciência e não uma ação. A libertação do homem não está de modo algum relacionada às suas ações. Na medida em que as ações promovem a compreensão de nossa total inabilidade para emancipar a nós mesmos da existência condicionada, elas são úteis; após a compreensão desse estágio, as ações se tornam mais obstáculos do que auxílio. Àqueles que trabalham em obediência aos mandamentos Divinos, sabendo que o poder para assim trabalhar é um dom de Deus, e que não é uma parte da natureza autoconsciente do homem, alcançam a liberdade em relação à necessidade de ação. E então o coração puro é preenchido pela verdade, e é percebida a identidade com a Deidade. O homem tem de primeiramente se livrar da ideia de que ele realmente faz alguma coisa, sabendo que todas as ações ocorrem nas ‘três qualidades da natureza’ e de modo algum na alma.

Então ele tem de estabelecer todas as suas ações na devoção. Isto é, sacrificar todas as suas ações ao Supremo e não a si mesmo. Ou ele próprio se arvora no Deus a quem são consagrados os seus sacrifícios, ou os consagra ao outro verdadeiro Deus – Ishvara; e todos os seus atos e aspirações são dedicados ou para si mesmo ou para o Todo. Aqui se evidencia a importância do motivo. Pois se ele realiza grandes obras de valor, ou de benefício para a Humanidade, ou adquire conhecimento para poder dar assistência a seu próximo, e é movido a isso meramente porque pensa que assim alcançará a salvação, ele está agindo apenas para seu próprio benefício, e está portanto consagrando sacrifícios para si mesmo. Desta forma, ele tem de devotar-se internamente ao Todo; sabendo que ele próprio não é o agente das ações, mas a mera testemunha delas. Desde que está em um corpo mortal, ele é afetado por dúvidas que irão brotar repentinamente. Quando elas de fato surgem, é porque ele ignora algo. Ele deve para tanto ser capaz de dispersar a dúvida ‘pela espada do conhecimento.’ Porque se ele dispõe de uma resposta pronta para alguma dúvida, nesta mesma proporção ele a dissipará. Todas as dúvidas vêm da natureza inferior, e jamais em qualquer caso da natureza superior. Por isso à medida que ele cresce em devoção é capaz de perceber cada vez mais claramente o conhecimento que reside em sua natureza Sattvica (bondade). Pois está dito: ‘Um homem que seja perfeito em devoção (ou que persiste em seu cultivo) espontaneamente descobre o conhecimento espiritual em si mesmo com o passar do tempo’. E também: ‘Um homem com a mente cheia de dúvidas não desfruta nem deste mundo nem do outro (o mundo dos Devas), nem da beatitude final.’ A última frase é para destruir a ideia de que se há em nós esse Eu Superior ele irá, mesmo se formos indolentes e cheios de dúvidas, triunfar sobre a necessidade de conhecimento, conduzindo-nos à beatitude final junto com o fluxo evolutivo de toda a Humanidade.

A verdadeira oração é a contemplação de todas as coisas sagradas, em sua aplicação a nós mesmos, às nossas vidas e ações diárias, acompanhada do mais pujante e intenso desejo de tornar sua influência mais forte e as nossas vidas melhores e mais nobres, de modo que algum conhecimento delas nos possa ser concedido. Todos esses pensamentos têm de estar intimamente ligados à consciência da Essência Suprema e Divina da qual todas as coisas se originaram."

(H. P. Blavatsky - Ocultismo Prático - Ed. Teosófica, Brasília - p. 57/66)


sábado, 29 de junho de 2013

A IOGA CONVERTE A TEOLOGIA EM EXPERIÊNCIA PRÁTICA

"A Ioga capacita o homem a perceber a verdade em todas as religiões. Os Dez Mandamentos são pregados, com palavras diferentes, nas várias religiões. Os dois maiores mandamentos, porem, são aqueles que Jesus enfatizou: "Amarás ao Senhor, teu Deus, com todo o teu coração, com toda a tua alma e com toda a tua mente." e "amarás a teu próximo como a ti mesmo."

Amar a Deus "com toda a tua mente" significa retirar dos sentidos a atenção e colocá-la em Deus; dar a Ele concentração total durante a meditação. Todo buscador de Deus deve aprender a concentrar-se. Uma prece pronunciada enquanto se pensa em outras coisas no fundo da mente não é uma prece sincera e não é atendida por Deus. A Ioga ensina que, para encontrar o Pai, é necessário primeiro, buscá-Lo com toda a mente, com concentração focalizada.

Há quem diga que os hindus adaptam-se melhor à prática da Ioga e que esta não serve para os ocidentais. Não é verdade. Muitos ocidentais estão hoje em melhor situação para praticar Ioga do que muitos hindus, porque o progresso científico deu mais tempo livre aos primeiros. A Índia deveria utilizar cada vez mais os métodos materiais progressistas do Ocidente para facilitar a vida e torná-la mais livre, e o Ocidente deveria receber da Índia os métodos metafísicos práticos da Ioga, pelos quais todo homem pode achar o caminho para Deus. Ioga não é uma seita, mas uma ciência universalmente aplicável, por cujo intermédio podemos encontrar nosso Pai. 

A Ioga é para todos, ocidentais e orientais. Ninguém diria que o telefone não serve para o Oriente só porque foi inventado no Ocidente. Também os métodos da Ioga, embora desenvolvidos no Oriente, não são exclusividade deste, e sim úteis a toda a humanidade.

Nasça um homem na Índia ou na América, um dia terá que morrer. Por que não aprender a "morrer diariamente" em Deus, como São Paulo? A Ioga ensina o método. O homem vive no corpo como um prisioneiro: esgotado seu prazo, sofre a indignidade de ser despejado. Amar o corpo é, portanto, a mesma coisa que amar a prisão. Há muito tempo acostumados a viver no corpo, esquecemos o que significa a verdadeira liberdade. É vital para todo homem a descoberta de sua alma e o conhecimento de sua natureza imortal. A Ioga mostra o caminho."

(Paramahansa Yogananda - A Eterna Busca do Homem - Self-Realization Fellowship - p. 16/17)


terça-feira, 9 de abril de 2013

NÃO AO PRECONCEITO

"Vez por outra, encontro alguém que infantilmente se inquieta com a hipótese absurda de, vindo a envolver-se com Yoga, cometer apostasia e trair sua religião particular, à qual desde a infância acomodadamente "pertence".

Alguns me perguntam receosos se Yoga é religião. Geralmente respondo: "Se você vê religião como um processo holístico (psico-bio-físico-espiritual) de re-união de partes que antes estavam unidas e agora estão separadas, se vê como a re-união da alma com Deus, então Yoga é essencialmente religião. Se um cristão, mesmo nada sabendo de Yoga, cumprir o caminho (marga), a disciplina ascética (sadhana) e a ética (dharma) ensinados e exemplificados por Jesus, poderá voltar à "casa do Pai". Retornará a ser um com o Pai. Tal, a rigor, é o Yoga do Cristo. Não é disto que fala a parábola do "Filho Pródigo"? A re-ligação ou religião do filho com o Pai é a forma mais exata de entender o Yoga.

Desde que o dharma (dever, mandamento e injunção), o sadhana (disciplina, ascese) e o marga (caminho de redenção a ser percorrido), estabelecidos por Cristo no Evangelho, sejam cumpridos com discernimento, decisão, dedicação, devoção e disciplina, o cristão pratica e alcança o Yoga. Que todo cristão consiga praticar o Yoga ensinado e exemplificado por Cristo; que ouça, analise, compreenda (em espírito e verdade) e ponha em prática o que Ele ensina em seu santo e sábio Evangelho:

Se permanecerdes em minha palavra (doutrina), sereis verdadeiramente meus discípulos e tereis a gnose da Verdade, e a Verdade vos libertará (jnana).
Se alguém quer vir após Mim, negue-se a si mesmo, tome cada dia sua cruz e siga-me (tapah).
Fazei aos outros aquilo que quereis que vos façam (seva).
Perdoai setenta vezes sete vezes (kshama).
Orai pelos que vos perseguem e caluniam (prema).
Buscai primeiro o Reino de Deus e vosso ajustamento a Ele, e o resto vos será acrescentado (mumukshutva).

Muito, mas muito mais, Ele estipulou como seu dharma (preceitos, injunções, virtudes, deveres...), definiu marga (caminho a ser percorrido) e ensinou seu sadhana (disciplina a ser observada). Sugeriu que se optasse pela "porta estreita" que permite e promove a re-ligação com a "casa do Pai", com o Dono da Casa.

Tivesse Ele se dirigido a hindus, penso que poderia falar assim: "Se vos ajustardes ao dharma, avançando no marga, e cumprirdes o sadhana, que vos ensinei e tanto exemplifiquei, alcançareis o estado adwaita e chegareis a dizer junto comigo 'eu e o Pai somos um' e tomareis consciência de que sois Deus. E este jnana vos libertará de samsara, o mundo dos mortos, onde há choro e ranger de dentes, e tereis vida, mas vida em abundância."

Se alguém, se supondo cristão, vier a contestar e combater o Yoga, "perdoai, pois não sabe o que faz". Não conhece Yoga e nem a luminosa essência de sua religião tão sábia."

(José Hermógenes - Iniciação ao Yoga - Ed. Nova Era, Rio de Janeiro - p. 22/24)


sexta-feira, 4 de janeiro de 2013

SUGESTÕES PRÁTICAS PARA A VIDA DIÁRIA - V

"Ninguém age corretamente ao abandonar o cumprimento dos inequívocos deveres da vida, baseados no mandamento Divino. Aquele que cumpre seus deveres por pensar que se eles não forem cumpridos algum malefício lhe sobrevirá, ou que o seu cumprimento removerá dificuldades do seu caminho, trabalha pelos resultados. Os deveres devem ser cumpridos simplesmente por terem sido mandados por Deus, que pode a qualquer momento ordenar que se lhes abandone. Enquanto não tivermos reduzido a inquietação da nossa natureza à tranquilidade, teremos de trabalhar, consagrando à Deidade todos os frutos de nossa ação e atribuindo-Lhe o poder de executar as tarefas corretamente. A verdadeira vida do homem é paz em identidade com o Supremo Espírito. 

Esta vida não é trazida à existência por qualquer ato nosso, é uma realidade, "a verdade", e é completamente independente de nós. A compreensão da irrealidade de tudo que parece se opor a esta verdade é uma nova consciência e não uma ação. A libertação do homem não está de modo algum relacionada às suas ações. Na medida em que as ações promovem a compreensão de nossa total inabilidade para emancipar a nós mesmos da existência condicionada, elas são úteis; após a compreensão desse estágio, as ações se tornam mais obstáculos do que auxílio. Aqueles que trabalham em obediência aos mandamentos Divinos, sabendo que o poder para assim trabalhar é um dom de Deus, e que não é uma parte da natureza autoconsciente do homem, alcançam a liberdade em relação à necessidade de ação. E então o coração puro é preenchido pela verdade, e é percebida a identidade com a Deidade. O homem tem de primeiramente se livrar da ideia de que ele realmente faz alguma coisa, sabendo que todas as ações ocorrem nas "três qualidades da natureza" e de modo algum na alma. 

Então ele tem de estabelecer todas as suas ações na devoção. Isto é, sacrificar todas as suas ações ao Supremo e não a si mesmo. Ou ele próprio se arvora no Deus a quem são consagrados os seus sacrifícios, ou os consagra ao outro verdadeiro Deus - Ishvara; e todos os seus atos e aspirações são dedicados ou para si mesmo ou para o Todo. Aqui se evidencia a importância do motivo. Pois se ele realiza grandes obras de valor, ou de benefício para a Humanidade, ou adquire conhecimento para poder dar assistência a seu próximo, e é movido a isso meramente porque pensa que assim alcançará a salvação, ele está agindo apenas para seu próprio benefício, e está portanto consagrando sacrifícios para si mesmo. Desta forma, ele tem de devotar-se internamente ao Todo; sabendo que ele próprio não é o agente das ações, mas a mera testemunha delas. Desde que está em um corpo mortal, ele é afetado por dúvidas que irão brotar repentinamente. Quando elas de fato surgem, é porque ele ignora algo. Ele deve para tanto ser capaz de dispersar a dúvida "pela espada do conhecimento." Porque se ele dispõe de uma resposta pronta para alguma dúvida, nesta mesma proporção ele a dissipará. Todas as dúvidas vêm da natureza inferior, e jamais em qualquer caso da natureza superior. Por isso à medida que ele cresce em devoção é capaz de perceber cada vez mais claramente o conhecimento que reside em sua natureza Sattvica (bondade). Pois está dito: "Um homem que seja perfeito em devoção (ou que persiste em seu cultivo) espontaneamente descobre o conhecimento espiritual em si mesmo com o passar do tempo". E também: "Um homem com a mente cheia de dúvidas não desfruta nem deste mundo nem do outro (o mundo dos Devas), nem da beatitude final." A última frase é para destruir a ideia de que se há em nós esse Eu Superior ele irá, mesmo se formos indolentes e cheios de dúvidas, triunfar sobre a necessidade de conhecimento, conduzindo-nos à beatitude final junto com o fluxo evolutivo de toda a Humanidade. 

A verdadeira oração é contemplação de todas as coisas sagradas, em sua aplicação a nós mesmos, às nossas vidas e ações diárias, acompanhada do mais pujante e intenso desejo de tornar sua influência mais forte e as nossas vidas melhores e mais nobres, de modo que algum conhecimento delas nos possa ser concedido. Todos esses pensamentos têm de estar intimamente ligados à consciência da Essência Suprema e Divina da qual todas as coisas se originaram. 

A cultura espiritual é alcançada através da concentração, e esta tem que ser continuada diariamente e exercitada a cada momento. A meditação já foi definida como "a cessação do pensamento ativo externo." A concentração é a orientação de toda a vida para um determinado fim. Por exemplo, uma mãe devotada é aquela que considera antes e sobretudo os interesses dos seus filhos em todos os seus aspectos; e não aquela que se senta para pensar fixamente todo o dia apenas um destes aspectos. O pensamento tem o pode de se auto-reproduzir, e quando a mente é mantida firmemente em uma ideia, ela se torna colorida por essa ideia, e, como pode-se dizer, todos os correlatos daquele pensamento surgem dentro da mente. É a partir daí que o místico obtém conhecimento acerca de qualquer objeto no qual ele pense constantemente em fixa contemplação. Eis a razão das palavras de Krishna: "Pensa constantemente em mim; depende somente de mim, e tu certamente virás a mim." A vida é o grande instrutor; é a grande manifestação da Alma, e a alma manifesta o Supremo. Daí todos os métodos serem bons e serem todos apenas parte do grande objetivo, que é a Devoção. "A Devoção é o êxito na ação", diz o Bhagavad-Gitã. Os poderes psíquicos, à medida que surgem, devem também ser usados, pois eles nos revelam leis. Mas o valor desses poderes não deve ser exagerado, nem os seus perigos ignorados. Aquele que se fia neles é como um homem que  dá passagem ao orgulho e ao triunfo porque atingiu o primeiro patamar dos píncaros que ele se propôs escalar."

(Helena Blavatsky - Ocultismo Prático - Ed. Teosófica, Brasília - p. 57/71)


sábado, 15 de dezembro de 2012

FINALIDADE DA VIDA: A PERCEPÇÃO E A VISÃO DE DEUS


“Não basta observar o mandamento: “Não matarás!” Mesmo o pensamento de matar, de odiar, é tão mortal quanto o próprio ato. Podemos achar que não importa o que pensemos, desde que ajamos corretamente. Mas, quando chega a hora da provação, acabamos por trair-nos, porque os pensamentos controlam os atos. Na hora da provação, se nossas mentes estão cheias de ódio, esse ódio se traduzirá em atos de violência, de destruição, de morte. Postar-nos no púlpito e falarmos sobre o amor não nos ajudará; não acabará com a guerra e com a crueldade – se faltar amor em nossos corações. O amor não virá a nós simplesmente porque dizemos que o possuímos, ou porque procuramos impressionar os outros com a doçura aparente de nossas naturezas. Ele ocorrerá somente quando tivermos controlado interiormente nossas paixões e tivermos dominado nosso ego. Então o amor divino crescerá em nós e, com ele, o amor aos nossos semelhantes. Mas o amor de Deus conquista-se com a autodisciplina, que deixamos de pôr em prática. Esquecemo-nos da finalidade da vida: a percepção e a visão de Deus. Esta é a nossa real dificuldade e é por isso que, quando Jesus nos pede que amemos nossos inimigos, somos incapazes de obedecer-lhe, mesmo que o queiramos. Não sabemos como fazer.

Não podemos amar a Deus e odiar nosso próximo. Se, de fato, amamos a Deus, nós o encontraremos em todos; assim, como podemos odiar alguém? Se prejudicamos alguém, prejudicamos a nós próprios; se ajudamos alguém, ajudamos a nós próprios. Todos os sentimentos de separação, de exclusivismo e de ódio não são apenas moralmente errados – são também ignorância, porque negam a existência da Divindade onipotente.”

(Swami Prabhavananda – O Sermão da Montanha segundo o Vedanta - Ed. Pensamento, São Paulo - p. 53/54)


domingo, 25 de novembro de 2012

AME A DEUS DE TODO O SEU CORAÇÃO...


“O maior mandamento dado ao homem é amar a Deus de todo o seu coração, e de toda a sua alma, e de toda a sua mente, e de toda a sua força, e, em segundo lugar, amar ao próximo com a si mesmo. Se você os seguir, tudo acontecerá da maneira natural e correta. Não basta ser apenas um moralista estrito. As pedras e as cabras não violam as leis morais; ainda assim elas não têm o conhecimento de Deus. Quando, porém, você ama a Deus com suficiente profundidade, mesmo que seja o maior dos pecadores, você será transformado e redimido. (...) 

Todos os profetas observam esses dois mandamentos principais. Amar a Deus de todo o seu coração significa amá-Lo com o amor que você sente pela pessoa que lhe é mais querida – com o amor da mãe ou do pai pelo filho, ou de quem ama pela pessoa amada. Dirija a Deus essa espécie de amor incondicional. Amar a Deus de toda a sua alma significa que você pode amá-Lo verdadeiramente quando, por meio da meditação profunda, reconhecer-se como alma – um filho de Deus feito à Sua imagem. Amar a Deus de toda a sua mente significa que quando estiver orando toda a sua atenção estará Nele, não distraída pelos pensamentos inquietos. Na meditação, pense apenas em Deus; não deixe a mente vagar por qualquer outra coisa, apenas Deus. Por isso a ioga é importante: capacita-o a concentrar-se. Quando, por meio da ioga, você retira a inquieta força vital dos nervos sensórios e se interioriza no pensamento de Deus, então você O está amando com toda a sua força – todo o seu ser está concentrado Nele.”

(Paramahansa Yogananda – No Santuário da Alma – p. 48/49)