OBJETIVOS DO BLOGUE

Olá, bem-vindo ao blog "Chaves para a Sabedoria". A página objetiva compartilhar mensagens que venham a auxiliar o ser humano na sua caminhada espiritual. Os escritos contém informações que visam fornecer elementos para expandir o conhecimento individual, mostrando a visão de mestres e sábios, cada um com a sua verdade e experiência. Salientando que a busca pela verdade é feita mediante experiências próprias, servindo as publicações para reflexões e como norte e inspiração na busca da Bem-aventurança. O blog será atualizado com postagens de textos extraídos de obras sobre o tema proposto. Não defendemos nenhuma religião em especial, mas, sim, a religiosidade e a evolução do homem pela espiritualidade. A página é de todos, naveguem a vontade. Paz, luz, amor e sabedoria.

Osmar Lima de Amorim


quinta-feira, 31 de outubro de 2013

ORE COM PACIÊNCIA E FÉ

"Suponha que sua casa está hipotecada e você não pode pagar a hipoteca; ou que haja algum emprego que você queira. No silêncio que brota após a meditação, concentre-se com vontade inabalável no pensamento daquilo que você necessita. Não fique procurando o resultado. Se você plantar uma semente no solo e, então, removê-la toda hora para ver se ela está crescendo, ela jamais brotará. De maneira parecida, se toda vez que orar você procurar um sinal de que o Senhor está concedendo seu desejo, nada acontecerá. Jamais submeta Deus à prova. Apenas continue orando sem cessar. Seu dever é levar as necessidades à atenção de Deus e desempenhar seu papel em ajudá-lo a fazer com que esse desejo se realize. Por exemplo: no caso de doenças crônicas, faça o máximo para ajudar a promover a cura, mas, no fundo se sua mente, tenha consciência de que, em última análise, o  auxílio só pode vir de Deus. Leve com você esse pensamento para a meditação, todas as noites, e ore com toda determinação; um dia, de repente, você descobrirá que a doença se foi.

Após semear a semente da demanda no solo da fé, não cave de vez em quando para examiná-la, senão ela jamais germinará em realização. Semeie sua semente de demanda na fé e regue-a com as reiteradas práticas diárias da forma correta de pedir. Não desanime se os resultados não aparecerem imediatamente. Mantenha-se firme em sua exigência e recuperará o perdido direito direito divino de herança; quando isso acontecer, e só quando isso acontecer, a Satisfação Magnífica visitará seu coração. Peça com insistência até estabelecer seu direito divino. Demande o que lhe pertence sem cessar, e você o receberá.

Às vezes, mesmo verdadeiros devotos pensam que Deus não atende às orações deles. Ele responde silenciosamente por meio de Suas leis. Enquanto, porém, não estiver absolutamente seguro em relação ao devoto, Ele não responderá abertamente, nem falará com o devoto. O Senhor de Universos é tão humilde que não fala, pois poderia, assim, influenciar o livre arbítrio do devoto, que tem a liberdade de aceitá-Lo ou rejeitá-Lo. Uma vez que você O conheça, sem dúvida O amará. Quem poderia resistir ao Irresistível? Entretanto, para conhecê-Lo, você tem de provar seu amor incondicional a Ele. É preciso que tenha fé. Você tem de saber que, no momento mesmo em que ora, Deus o está escutando. Então, Ele Se revelará a você."

(Paramahansa Yogananda - No Santuário da Alma - Self-Realization Fellowship - Ed. Lótus do Saber, Rio de Janeiro - p. 101/103)
http://www.omnisciencia.com.br/santuario-da-alma.html


FELICIDADE: PROBLEMA PRINCIPAL DA HUMANIDADE

"O problema da felicidade é o problema central e máximo da humanidade.

Desde tempos antiquíssimos existem duas ideologias filosófico-espirituais sobre o segredo da felicidade humana - 'essa felicidade que supomos... toda arreada de dourados pomos', como diz Vicente de Carvalho, mas que 'está sempre apenas onde a pomos, e nunca a pomos onde nós estamos'.

Existe essa felicidade, 'árvore milagrosa, que sonhamos'?  Em que consiste? Como alcançá-la? Como conservá-la?

A felicidade existe, sim, não fora de nós, onde em geral a procuramos, mas dentro de nós, onde raras vezes a encontramos. 

Em que consiste a felicidade?

A célebre escola filosófica de Epicuro (hedonismo) faz consistir a felicidade na posse e plenitude de bens externos; tanto mais feliz é o homem, segundo os epicureus, quanto mais possui, tem, goza.

A escola de Diógenes (cinismo) ensina que a felicidade consiste na vacuidade ou renúncia de todos os bens externos; quanto menos o homem possui ou deseja possuir, tanto mais feliz é ele, porquanto a infelicidade consiste a) ou no medo de perder o que se possui, b) ou no desejo de possuir o que não se pode possuir; quem renuncia espontaneamente à posse de bens externos e ao próprio desejo de os possuir, ensinam os discípulos de Diógenes, é perfeitamente feliz.

Entretanto, embora haja elementos de verdade nessas filosofias, tanto Epicuro como Diógenes, e todos os seus seguidores, falharam no ponto central da questão. A felicidade não consiste nem em possuir nem em não possuir bens externos, mas sim na atitude interna que o homem crea e mantém em face da posse ou da falta desses bens. O que decide não é, em primeiro lugar, aquilo que o homem possui ou não possui, mas sim o modo como ele sabe possuir ou não possuir.

Quer dizer, o que é decisivo não é a maior ou menor quantidade objetiva das coisas possuídas, mas a qualidade subjetiva do possuidor. Esta qualidade, porém, é conquista do próprio homem, e não algum presente de circunstâncias fortuitas. A felicidade do homem só pode depender de algo que dependa dele.

É possível que a posse, ou mesmo o desejo da posse, de uns poucos cruzeiros escravize o homem - e é possível que a posse real de milhões e bilhões de cruzeiros não escravize o seu possuidor. A questão central não é de ser possuidor ou não possuidor - mas, sim, de ser possuído ou não possuído de bens externos. Não há mal em possuir - todo mal está em ser possuído. Ser livre é ser feliz - ser escravo é ser infeliz.

A verdadeira felicidade, portanto, não pode consistir em algo que nos aconteça, mas em algo que seja creado por nós. As quantidades externas nos 'acontecem' - a qualidade interna é creada por nós.

Tudo depende, pois, em última análise, da nossa atitude interna, do modo como possuímos ou não possuímos; ou, no dizer do Nazareno, depende da 'pobreza pelo espírito' e da 'pureza de coração', quer dizer, na liberdade e no desapego interior do homem.

Pode o possuidor ser livre daquilo que possui - e pode o não possuidor ser escravo daquilo que não possui."

(Huberto Rohden - O Caminho da Felicidade - Alvorada Editora e Livraria Ltda., São Paulo, 7ª edição - p. 11/13)


quarta-feira, 30 de outubro de 2013

A SUA DEVOÇÃO A DEUS É PARCIAL OU TOTAL?

"O homem quer para si mesmo paz, bem-estar e bem-aventurança, as quais ele pode conseguir mediante o pagamento de 'taxas', na forma de meditação para a paz, orações por felicidade e bem-aventurança e por diversos sadhanas (disciplinas espirituais) para obtenção de outras coisas boas semelhantes. 

Para conseguir o que deseja, você tem de pagar o preço. Se trabalha apenas parte do tempo, o pagamento será parcial. Hoje só demonstramos devoção parcial, no entanto desejamos a recompensa correspondente a uma devoção total. Como pode?! Dar somente parte de sua mente, enquanto deseja retribuição total da Graça de Deus, é como pretender receber remuneração integral por apenas uma fração do serviço. Se reconhece, com a plenitude de seu coração, que tudo quanto faz é pela Graça de Deus, então, seguramente, Deus lha dará o retorno total. Tente e conseguirá."

(Sathya Sai Baba - Sadhana O Caminho Interior - Ed. Nova Era, Rio de Janeiro, 1989 - p. 50)


VERDADE OU IMAGEM DA VERDADE?

"A verdadeira forma de ocultismo não é algo exótico, revestido de fantasias, como muitas pessoas imaginam que seja. Desde os tempos mais remotos tem sido uma ciência que se ocupa com os fatos ou com a verdade. A imaginação é uma coisa, e os fatos são algo diferente. Mas esta ciência especifica também se ocupa com a vida e a consciência, e é somente quando a vida da pessoa está baseada na verdade que ela adquire o aspecto de sabedoria. A sabedoria não pode ser separada da vida; quando ela encontra o seu caminho na vida, esta começa a mostrar uma nova qualidade, um novo brilho e beleza diferentes daquilo que comumente se obtém.

A verdade não admite compromissos, embora o comportamento de uma pessoa possa fazê-lo. Convenções e oportunidades também variam de acordo com as circunstâncias. Poderemos estar unidos dentro de um espaço limitado. Eu, então, me acomodo as suas necessidades ou maneiras, e você faz o mesmo com relação a mim. Isto está certo e é necessário. Tal compromisso tem o seu lugar na vida; porém não podemos tomar liberdades com o nosso entendimento ou qualificar uma verdade sem torná-la inverídica. Não se pode misturar a lógica com ideias que são ilógicas apenas para satisfazermos a nós próprios.

A palavra ‘verdade’ possui um significado tão extraordinário que poderíamos nem mesmo adivinhar a sua natureza. A fim de descobrir aquele significado, será necessário aplicar os mais rigorosos padrões à própria vida e à forma de pensar. Sem este procedimento será impossível atingir esta verdade na forma que precisa ser entendida em nós próprios, na forma em que se diferencia dos fatos externos às pessoas, que podem ser observados por qualquer um. Existem as coisas concretas ao nosso redor que podemos observar com as faculdades que normalmente usamos. Podemos compreender a sua natureza e propriedades ao menos superficialmente, mas a verdade significa muito mais do que tal compreensão e não deverá ser confundida com qualquer visão que se possa projetar, baseada em ideias preconcebidas ou em preleções pessoais. É fácil sucumbir aos grilhões de qualquer ilusão prazerosa, imaginando-a verdadeira."

(N. Sri Ram – Em Busca da Sabedoria – Ed. Teosófica, Brasília, 1991 – p. 22/23)


terça-feira, 29 de outubro de 2013

PERCEPÇÃO E CONCENTRAÇÃO

"Estar perceptivo não é a mesma coisa que estar alerta. O estado de alerta é um elevado estado de atenção, geralmente associado a algum grau de estresse, que surge do medo e da excitação. Mas a percepção não envolve estresse, e não é dirigida pelo medo ou pela excitação. A mente está plenamente desperta no presente, relaxada e equilibrada.

Estar perceptivo não requer manter a atenção sobre uma coisa, ou não haver pensamento. Mesmo quando a atenção se move de uma coisa para outra, ainda podemos permanecer perceptivos, porque a percepção flui com a experiência consciente. Ela age como a luz e ilumina a experiência, de modo que é clara na consciência.

A percepção mostra o que estamos pensando, sentindo, pretendendo ou fazendo. É algo que pode ser mantido o tempo todo e que podemos nos esforçar por desenvolver, mesmo quando executamos nossas atividades diárias. Aliás, o que quer que façamos será feita de forma mais perfeita quando estivermos plenamente presentes. A percepção permite ver claramente o nosso mundo interior, as criações de nossa mente; e gradualmente a porta da compreensão e da liberdade se abre para nós.

Porém, para experimentar a mente brilhante ou para ter o poder de direcionar as criações da mente, também é essencial desenvolver a concentração – a habilidade de direcionar e manter nossa atenção sobre algo por um período de tempo desejado. Se pensamos na percepção como sendo luz, podemos pensar na concentração como um laser, ou uma luz focalizada. A força da concentração é determinada pelo modo como conseguimos focalizar plenamente, e por quanto tempo conseguimos manter esse foco.

A concentração nos fornece a habilidade de ir além dos conceitos e pensamentos, de modo a compreender a mente brilhante. Ela também permite direcionar as criações mentais. Diz-se que os verdadeiros mestres podem pensar o que quiserem, quando quiserem, e não pensar, quando não precisam fazê-lo."

(John Cianciose - A Mente Brilhante - Revista Sophia, Ano 3, nº 10 - Pub. da Ed. Teosófica -  p. 19)


A PROXIMIDADE DO MUNDO CEGA O HOMEM

"Se você fechar um olho e segurar uma moeda muito próxima do outro olho, não conseguirá ver o mundo além: ficará ofuscado por causa desse pequeno objeto. Se afastar a moeda do olho aberto, verá como é vasto o mundo. O mesmo acontece com Deus. Quando você está estreitamente identificado com o mundo, fica cego e não consegue vê-Lo. Subjugado por ansiedade, preocupação, medo, insegurança e incerteza, de modo algum você consegue imaginar que Deus exista.

É apenas quando se afasta a ‘moeda’ deste mundo que você vê a vastidão de Deus dentro e fora da criação. Só então você contempla o mundo em sua verdadeira perspectiva. Você tem de manter o que é mais importante – Deus – diretamente em sua linha de visão. Quando Ele é o primeiro, tudo o mais entrará no foco adequado.

Por isso Cristo disse: ‘Buscai antes o reino de Deus, e todas estas coisas vos serão acrescentadas’ Paramahansaji enfatizou essa mensagem a todos, muitas vezes. Cada ser humano sente no coração a necessidade de algo. Necessitamos de Deus; necessitamos nos agarrar em alguma coisa imutável que nos dará força para enfrentar os problemas pessoais, os testes e as experiências que atraímos para nós. Nunca culpe ninguém pelo que lhe acontece. Culpe a si mesmo; mas não se castigue, pois isso é errado. E nunca tenha pena de si próprio. Lembre-se sempre disto: você é filho de Deus, e a meditação é o meio pelo qual você pode compreender que pertence a Ele.

Meditação é a afirmação constante do que somos. Quando sentamos para meditar, estamos afirmando: ‘Sou a alma, unida a Deus’. (...) Como acontece com tudo, quanto mais praticar a meditação e nela se tornar mais versado, tanto mais se beneficiará dela; mais você lembrará e expressará sua herança divina. A importância e o valor da meditação estão em sua sagrada promessa dessa percepção final da natureza de sua alma.

Não basta ir à igreja; não é suficiente ouvir os maravilhosos sermões dados nos templos da Self-Realization Fellowship. Os sermões são bons; é importante ouvi-los. Se puder, você deve assistir regularmente aos serviços. Todavia, precisa haver, além disso, a prática diária da presença de Deus, a comunhão diária com Ele na meditação profunda e a apresentação diária de seus problemas a Ele."

(Sri Daya Mata – Só o Amor – Self-Realization Fellowship – p. 20/22)


segunda-feira, 28 de outubro de 2013

CAUTERIZE OS “NÃO POSSO” EM SEU CÉREBRO

"Uma vontade fraca é uma vontade mortal. Assim que as provas e o fracasso a desligam, ela perde a conexão com o gerador do Infinito. Entretanto, por trás da vontade humana está a vontade divina, que jamais pode falhar. Nem a morte tem o poder de inibir a vontade divina. Não há qualquer dúvida de que o Senhor responderá à oração por trás da qual a força da vontade seja ininterrupta. A maioria das pessoas tem preguiça mental, física ou ambas. Quando querem orar, pensam, em vez disso, em dormir, e quando começam a cochilar, vão para a cama e adeus oração. A vontade fica adormecida. O cérebro do homem mortal está cheio de ‘não posso’. Se nasceu em uma família com certas características e hábitos, é influenciado por tais fatores e pensa que não pode fazer certas coisas: não pode caminhar muito, não pode comer isso, não pode tolerar aquilo. Esses ‘não posso’ precisam ser cauterizados. Você tem, em seu interior, o poder de realizar tudo o que quiser; esse poder se acha na vontade.

Quem quiser desenvolver o poder da vontade deve buscar boas companhias. Se seu desejo é ser um grande matemático e todos os seus companheiros habituais detestam matemática, certamente ficará desanimado. Mas se conviver com bons matemáticos, sua vontade se reforçará; você pensará: ‘Se os outros podem, eu também posso.’

Não se atire imediatamente em grandes projetos, na ansiedade de desenvolver a sua vontade. Para ter êxito, exercite primeiro a vontade em algo pequeno, de que não se achava capaz. Se trabalhar com empenho vai conseguir. Lembro-me de todos os objetivos que meus amigos e conhecidos diziam que eu não conseguiria atingir; mas eu os alcancei. Essas pessoas ‘bem intencionadas’ podem nos fazer muito mal. Deus nos livre delas! A companhia exerce a maior influência sobre a vontade. Se, em vez de vir para cá, todas as quintas-feiras, você fosse a uma festa e bebesse, certamente absorveria um pouco daquelas vibrações mundanas. Sua vontade é, sem sombra de dúvida, inspirada ou enfraquecida pela companhia. Desenvolver a vontade sozinho é extremamente difícil. Você precisa de um exemplo à sua frente. Se quiser ser artista cerque-se de bons quadros e bons artistas. Se quiser ser um homem divino, rodeie-se de companhias espirituais.

Crença e experiência são bem diferentes. Uma crença nasce do que você ouviu ou leu e aceitou como fato, mas a experiência é algo que realmente percebeu. As convicções de quem experimentou Deus não podem ser abaladas. Se você nunca provou uma laranja, eu poderia enganá-lo sobre as características da fruta; mas, se já comeu uma, eu não poderia enganar. Você saberia; teve a experiência.”

(Paramahansa Yogananda – A Eterna Busca do Homem – Self-Realization Fellowship – p. 36/37)


A VERDADEIRA ORAÇÃO

"A verdadeira oração é a contemplação de todas as coisas sagradas, em sua aplicação a nós mesmos, às nossas vidas e ações diárias, acompanhada do mais pujante e intenso desejo de tornar sua influência mais forte e as nossas vidas melhores e mais nobres, de modo que algum conhecimento delas nos possa ser concedido.Todos esses pensamentos têm de estar intimamente ligados à consciência da Essência Suprema e Divina da qual todas as coisas se originaram.

A cultura espiritual é alcançada através da concentração, e esta tem que ser continuada diariamente e exercitada a cada momento. A meditação já foi definida comoa cessação do pensamento ativo externo. A concentração é a orientação de toda a vida para um determinado fim. Por exemplo, uma mãe devotada é aquela que considera antes e sobretudo os interesses dos seus filhos em todos os seus aspectos; e não aquela que se senta para pensar fixamente todo o dia apenas em um destes aspectos. O pensamento tem o poder de se autorreproduzir, e quando a mente é mantida firmemente em uma ideia, ela se torna colorida por essa ideia, e, como pode-se dizer, todos os correlatos daquele pensamento surgem dentro da mente. É a partir daí que o místico obtém conhecimento acerca de qualquer objeto no qual ele pense constantemente em fixa contemplação. Eis a razão das palavras de Krishna: Pensa constantemente em mim; depende somente de mim, e tu certamente virás a mim. A vida é o grande instrutor; é a grande manifestação da Alma, e a Alma manifesta o Supremo. Daí todos os métodos serem bons e serem todos apenas partes do grande objetivo, que é a Devoção. A Devoção é o êxito na ação, diz o Bhagavad-Gita. Os poderes psíquicos, à medida que surgem, devem também ser usados, pois eles nos revelam leis. Mas o valor desses poderes não deve ser exagerado, nem os seus perigos ignorados. Aquele que se fia neles é como um homem que dá passagem ao orgulho e ao triunfo porque atingiu o primeiro patamar dos píncaros que ele se propôs a escalar."

(H. P. Blavatsky - Ocultismo Prático - Ed. Teosófica, Brasília, 2006 - p.66/70)


domingo, 27 de outubro de 2013

OPORTUNIDADE PRECIOSA

"Há, hoje, grupos que acreditam que ingressamos numa nova era; coisas extraordinárias vão ocorrer e a humanidade dará um passo significativo na jornada evolutiva. Porém, o mundo fornece amplas evidências de que a brutalidade, as ações bárbaras e as divisões nacionalistas são ainda a ordem do dia. A essência da compreensão teosófica referente à ética é resumida no princípio da responsabilidade. Ninguém pode nos dar força, ninguém pode nos conceder sabedoria. É uma lei fundamental da existência a de que devemos caminhar com nossos próprios pés e ver com nossos próprios olhos. O progresso real para os homens começa a ser compreendido pelo que a virtude é.

Portanto, aquele que estuda Teosofia num sentido real não alimentará ideias fantásticas, não acreditará em nenhuma forma de mudança supernatural e rápida na humanidade, causada por um agente externo. Ele consagrará sua vida, energia, tempo e esforço a colocar em prática a ética contida no Ensinamento-Sabedoria, pois um verdadeiro estudo do ensinamento teosófico revela o fato de que a vida é uma oportunidade preciosa, bem como uma tremenda responsabilidade.

A singularidade da teosofia está no fato de que ela provê diretrizes muito claras para empreendermos a jornada da transformação interior; ao avançarmos ao longo desse caminho, estaremos prestando à humanidade o maior de todos os serviços. Aqueles que vivem a vida como resultado natural de um sério estudo e compreensão teosóficos terão mais chances de alcançar a sabedoria, para preencher o mundo com compaixão, amor e beleza eterna."

(Pedro Oliveira - Virtude, o portal da sabedoria - Revista Sophia, Ano 3, nº 10 - p. 29)


A IMPORTÂNCIA DE FORTALECER OS PADRÕES MORAIS

"A casta, sem caráter, nada significa - é simples rótulo vazio. A disciplina espiritual (sadhana), sem o fundamento do caráter, é como o viajar de um homem cego. Moralidade, virtude e caráter são vitais. Sobre a base formada por eles, se o sadhana for praticado de acordo com o esquema prescrito para o caminho que se elegeu, consegue-se a vitória segura. Mas você não pode esquecer de uma advertência essencial: não deve dar lugar à indolência, somente porque o nascimento (jati) não é importante. Os padrões morais (niti) são concordes com o nascimento (jati) também;¹ e assim, para fomentá-los, a consciência de jati é valiosa, é importante. Mas, se através do mérito acumulado de nascimentos anteriores, se dispõe do tesouro da bondade e da virtude, então não se precisa ligar muita importância ao jati. Só os que praticam Yoga em nascimentos prévios, e, mesmo assim, não lograram completar o processo, nascerão com esse tipo de excelência. A principal coisa é adquirir o niti (padrão moral), que é prescrito para o jati (o nascimento); melhorar o jati com o niti e tornar-se apto e pleno, com um alto status na vida. Para avançar alguma distância no caminho do sadhana e da espiritualidade, tanto o jati como o niti ajudarão. As gunas (qualidades) devem ser sublimadas através dos dois.²"

¹ Certas pessoas supõem que, porque não nasceram na casta dos brahmanas, tendo, portanto, carência de adequadas condições, podem se negar ao sadhana. É até possível que o leitor também pense nestes termos: "Quem sou eu, que não nasci hinduísta, que não sei nada desses nomes estranhos, para dedicar-me a um sadhana?!" Swamiji alerta que mais importante que o nascimento é a base moral. É claro que aqueles que, em vidas passadas, já trabalham sobre si mesmos, já adquiriram méritos vão, neste nascimento, ter facilidades maiores, segundo a lei do Karma.
² Nascemos com a predominância de um dos três gunas: tamas - ignorância, preguiça; rajas - paixão, ambição, atividade, agitação; e sathwa - equilíbrio, inteligência, bondade. Através do sadhana, o praticante, no entanto, sublima os gunas; de tamas para rajas, de rajas para sathwa. (...) Conforme a conduta moral, se alcança bom ou mau nascimento. Inversamente, a qualidade da vida moral sofre a influência das condições inatas. Se não seguimos um sadhana, estamos condenados a um círculo vicioso. O sadhana transforma-o em círculo virtuoso.

(Sathya Sai Baba - Sadhana O Caminho Interior - Ed. Nova Era, Rio de Janeiro, 1989 - p. 21/22)


sábado, 26 de outubro de 2013

CORPO FÍSICO E EMOCIONAL


"O corpo físico se transforma sem cessar, substituindo continuamente as partículas imperceptíveis de que é composto, restaurando-se por um trabalho sem fim. Ora, o corpo sendo formado por nossa alimentação, por líquido, pelo ar atmosférico, por partículas dos seres animados e das coisas que nos cercam, aqui embaixo, é possível purificá-lo metodicamente, escolhendo com critério seus elementos constitutivos, e assim, fazendo dele um veículo, um instrumento cada vez mais puro, suscetível de vibrações mais sutis, e mais apto para responder aos desejos puros e pensamentos nobres e elevados. 

Eis porque o aspirante aos Mistérios era submetido, em alimentos, abluções, etc. a regras determinadas, e resguardo no tocante às pessoas e lugares por ele frequentados. 

O corpo de desejos se transforma igualmente e de maneira análoga, mas aqui os materiais expulsos ou absorvidos o são pela ação dos desejos, que tem sua origem nos sentimentos, paixões e emoções. Se estas forem grosseiras, o corpo dos desejos o é igualmente; se forem puras, o corpo de desejos torna-se sutil e muito mais sensível às influências do alto. O homem consegue purificar tanto mais este veículo superior da consciência, quanto mais dominar sua natureza inferior, esquecendo-se completamente de si mesmo nos seus desejos, sentimentos e emoções, amando o próximo com menos egoísmo e cálculo."

(Annie Besant - O Cristianismo Esotérico - Ed. Pensamento, São Paulo, 1995 - p. 137/138)


O VOO DO PÁSSARO (PARTE FINAL)

"(...) Conhecimento não é verdade. A verdade não vem do pensamento. Assim se dá o movimento em direção ao vão da porta, onde começo a olhar e ouvir. É assim que pode ocorrer a verdadeira mudança na percepção e na existência. Em Luz no Caminho (Ed. Teosófica), o Mestre diz que 'o ouvir aponta para um estado de existência e uma condição de receptividade para a verdadeira natureza das coisas'; então, a verdade floresce. Temos de ouvir com todo o nosso ser e com todo o coração. No livro Em Busca da Sabedoria (Ed. Teosófica), Sri Ram fala sobre a necessidade de uma condição de silêncio para se ouvir o que a vida tem a dizer. Só quado a mente está quieta é que a verdade é revelada.

Quando sentamos no vão da porta, estamos meditando. Quanto mais olhamos para a verdadeira natureza das coisas, menos olhamos para o que conhecemos, que está baseado na memória e na experiência prévia.

A sabedoria precisa de ação. Se somos um pássaro, fomos feitos para voar. 'No estado de liberdade, a ação está de acordo com a lei inata que, no indivíduo, é a lei de sua existência. É uma lei que sempre mantém um estado de harmonia', afirmou Sri Ram. Sabemos como voar. Sabemos como agir, como viver dentro da verdade, mas isso requer desprendimento, renúncia e tudo que pertence à natureza pessoal. Devemos abandonar a gaiola.

Sri Ram disse ainda: 'A vida brota do interior, da natureza pura e de expansão da consciência, cuja verdadeira natureza é sensibilidade.' Assim como as asas de um pássaro em voo ajustam-se à mais leve variação, também nós, quando em 'voo', somos receptivos, sensíveis, e não resistentes a qualquer vibração; estamos em sintonia. Faça uma profissão de fé. Intuitivamente você sabe o que fazer. Sabedoria é voar em liberdade. Voe!"

(Helen Steven - Revista Sophia, ano 11, nº 45 - Pub. da Ed. Teosófica, Brasília - p. 07)
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sexta-feira, 25 de outubro de 2013

CAUSA E EFEITO

"Há uma lei material pela qual uma perturbação produzida pela queda de uma pedra em um lago não afeta somente as gotículas d’água com que a pedra tem contato direto, mas distribui-se por todo o lago afetando todas as suas gotas, preservando assim a unidade do lago. Caso contrário o lago se partiria em pedaços e perderia sua unidade, ou seja, deixaria de ser um lago. Assim, aquilo que afeta uma parte (a gota), afeta o todo (o lago) e vice-versa. Tudo está interligado nesse oceano de energia que é a essência da matéria.

Desta forma, a perturbação produzida pelo impacto da pedra no lago é distribuída em ondas concêntricas ao ponto de colisão até que essas ondas atinjam as margens do lago e retornem, por reflexo nas margens, ao ponto de colisão novamente. Essa é uma expressão da lei de ação e reação pela qual a relação entre as partes de um todo se mantém equilibrada. A terceira Lei de Newton, também conhecida como lei da ação e reação, rege a própria relação entre as partes de um todo, ou mesmo entre diferentes corpos, ao afirmar: ‘A cada ação sempre se opõe uma reação igual, ou seja, as ações mútuas de dois corpos, um sobre o outro, são sempre iguais e dirigidas por partes contrárias.’

Em uma linguagem mais simples diz o Apóstolo Paulo: ‘tudo o que o homem semear; isso também ele colherá.’ A lei do Karma ou da causa e efeito, pode assim ser compreendida mesmo pela mente de uma criancinha."

(Ricardo  Lindemann - A Ciência da Astrologia e as Escolas de Mistérios - Ed. Teosófica, Brasília, 2007 - p. 244)


O VOO DO PÁSSARO (2ª PARTE)

"(...) Eu sou um pequeno pássaro. O poleiro são as minhas crenças, as estruturas que me dão suporte, mas que não me permitem voar. O espelho são os meus relacionamentos - tudo em minha vida se relaciona a mim mesmo. Olho apenas para o que me agrada. O alimento é o meu conhecimento - durante algum tempo ele me sustenta. Não questiono de onde vem nem o que significa. Minha canção é a canção da vida - sempre uma parte de mim. Tentar voar é meu instinto e minha intuição. Faz parte de minha natureza voar livremente, mas a princípio não percebo o que isso significa. A princípio não inspeciono o que acontece ao meu redor, muito embora esteja ciente de que existe uma outra realidade; ela parece ser só para os outros e não me afeta.

Sri Ram disse: 'A preocupação consigo mesmo e com tudo que se quer desfrutar e possuir concentra-se naquele centro que é o eu, cujas energias deveriam estar fluindo em todas as direções. A periferia, onde o eu encontra o mundo, depois endurece, transformando-se numa concha de indiferença, excluindo tudo que a vida tem a transmitir em todas as formas.'

'Vivemos numa condição de isolamento, exceto para o que afeta nossos eus pessoais', afirmou ele. Isso é a gaiola. Nossas mentes criam nossas limitações. 'As nuvens de nosso céu mental nascem de nosso apego', afirma Sri Ram; 'a pessoa que não tenha tido sequer um vislumbre momentâneo da beleza e da natureza do céu não acreditará sequer na existência de tal coisa.' O apego é o que se interpõe no caminho da liberdade. 

A abertura da porta é um evento aparentemente ao acaso, mas torna-se um catalisador para o despertar da percepção. A porta abre-se para a possibilidade de mudança. O momento de inspiração - o outro pássaro que chega para fazer uma pergunta - é quando começo a questionar tudo. Entretanto, isso é apenas o olhar através do vão da porta. À medida que gradualmente me torno mais perceptivo, o meu alimento (conhecimento) não mais me sustenta, e já não me sinto mais feliz em minha 'gaiola'. Sri Ram disse ainda: 'Somente quando aquilo que é chamado verdade, ou seja, nossa percepção dela, deixa de satisfazer, é que se dá o início de uma busca ulterior. A ilusão chega inevitavelmente.' (...)"

(Helen Steven - Revista Sophia, ano 11, nº 45 - Pub. da Ed. Teosófica, Brasília - p. 06/07)


quinta-feira, 24 de outubro de 2013

COMO CONTROLAR A MENTE? (PARTE FINAL)

"(...) A perspectiva pessoal é como uma chaga na mente, uma fonte de irritação. A experiência mostra que se aprendermos a ser impessoais (ou melhor, não-pessoais, porque a palavra impessoal sugere falta de sentimento, enquanto os bons sentimentos caracterizam a mente não-pessoal), descobrimos que há muito menos agitação mental. Então, há também menos necessidade de pensar em controlar a mente, porque as agitações são criadas pelas reações pessoais.

Um outro aspecto do problema aparece quando observamos a nós mesmos sem querer ser ou fazer algo. Isso resulta no abandono das trivialidades e da superficialidade. No contexto profissional uma pessoa precisa trabalhar cuidadosamente e lidar com detalhes. Mas existem incontáveis atividades superficiais da mente que não têm propósito, e que seguem em frente mecanicamente. (...)

A mente se aquieta quando seu foco de atenção passa do pessoal para o impessoal, do trivial e superficial para o real e significativo. O estado de quietude torna-se natural quando pensamos na natureza universal das experiências – dor, alegria, luta,  etc. – porque o foco muda.

H. P. Blavatsky aconselhava os estudantes de questões espirituais a reviverem constantemente as verdades universais. Como o foco muda, o interesse também muda.”

(Radha Buernier - Como manter a mente em paz - Revista Sophia nº 12 - Pub. da Ed. Teosófica, Brasília - p. 28


O VOO DO PÁSSARO (1ª PARTE)

"Existe uma história em tudo, e tudo numa história. Era uma vez um pequeno pássaro. Todo dia ele se sentava no poleiro de sua gaiola. Ele gostava de se olhar no espelho. Estava satisfeito com o que lhe era dado para comer. Às vezes cantava, e às vezes tentava voar. Isso é o que ele conhecia da vida. Ele via que existia algo mais fora de sua gaiola, mas era um mundo desconhecido. Via outros pássaros voando do lado de fora, mas aquilo não era ele, não era o seu mundo.

Então, um dia, deixaram a porta da gaiola aberta. Ele não pensou em atravessar. Sentia-se seguro com o que conhecia. Às vezes olhava pelo vão da porta, mas não compreendia o que via. Certo dia um pássaro parou e perguntou: 'Por que você não voa para fora da gaiola?' Ele respondeu: 'Sou feliz aqui. Sinto-me seguro.' O outro pássaro disse: "Mas não é da sua natureza ficar numa gaiola. Você é um pássaro. A verdadeira natureza de um pássaro é voar livremente.'

O pequeno pássaro, então, começou a ver as coisas com outros olhos. Passou a observar os outros voando livres do lado de fora. Ouviu a música que eles cantavam. Olhou através do vão da porta, depois olhou para a gaiola que conhecia tão bem. E questionou: 'Será que isso é tudo que existe? Será isso o que estou destinado a ser?'

Ele ficou insatisfeito. Continuou olhando para fora em busca de respostas, e então pensou a respeito de sua verdadeira natureza. Talvez fosse isso o que ele estava destinado a fazer - voar livremente. Perguntava-se: 'O que é liberdade? O que significa?' Movia-se até o vão da porta, às vezes sentava-se ali, olhava e ouvia. Começou a sentir o que pareceria ser livre, e já não estava feliz em sua gaiola. Havia sentido o frescor do lado de fora e visto o que não conseguia ver antes. Assim, dirigia-se para o vão da porta, olhava e ouvia com frequência cada vez maior. Logo parou de notar o que havia em sua gaiola, e então parou de pensar na gaiola. (...)"

(Helen Steven - Revista Sophia, ano 11, nº 45 - Pub. da Ed. Teosófica, Brasília - p. 05/06)


quarta-feira, 23 de outubro de 2013

COMO CONTROLAR A MENTE? (2ª PARTE)

"(...) Uma das características da pessoa evoluída é que ela não é egoísta. A mente, ao contrário, é muito pessoal e está vinculada ao desejo, como rapidamente descobrimos quando observamos com cuidado as nossas reações em relação a pessoas e acontecimentos. À medida que a mente se torna mais aguçada, fica mais crítica em relação a como os outros pensam e agem. Aliás, ela tem uma enorme satisfação em encontrar algo que possa criticar ou condenar. Em um nível subconsciente, isso fortifica o ego e o seu senso de superioridade. Pode ser por isso que falar e pensar criticamente é tão comum.

Certamente é bom ser crítico, no bom sentido; isso é sinal de viveka, a faculdade do discernimento, está evoluindo, e de que o certo é visto como certo e o errado como errado. Porém, esse tipo de observação deve estar livre do elemento pessoal. O verdadeiro discernimento não produz reações que distorcem os relacionamentos. A atitude não-pessoal, ao contrário, leva a sentimentos gentis e à compreensão das lutas travadas pelos outros.

Outro exemplo é a nossa resposta a um problema de saúde, uma experiência que pode ensinar muito sobre a impessoalidade. O corpo é algo útil e deve ser cuidado, mas não devemos lhe dar importância como algo que possuímos. (…) Mas, por enquanto, o corpo é uma boa ferramenta com a qual podemos atuar no plano físico. (...)"


(Radha Buernier - Como manter a mente em paz - Revista Sophia nº 12 - Pub. da Ed. Teosófica, Brasília - p. 28
www.revistasophia.com.br


APLICAÇÃO DOS PRINCÍPIOS TEOSÓFICOS

"Compare as vidas não apenas das massas, mas também daquelas que são chamadas classes média e alta, com o que elas deveriam ser sob condições mais saudáveis e nobres, onde a justiça, a benevolência e o amor fossem supremos, ao invés do egoísmo, indiferença e brutalidade que hoje parecem reinar de maneira absoluta. Todas as coisas boas e más na humanidade têm suas raízes no caráter humano, e esse caráter é e tem sido condicionado pela cadeia interminável de causa e efeito. Mas esse condicionamento aplica-se ao futuro da mesma forma que ao presente e ao passado. O egoísmo, a indiferença e a brutalidade nunca poderiam ser o estado normal da raça – acreditar nisso seria perder as esperanças na humanidade – e isso nenhum teósofo pode fazer. O progresso somente pode ser alcançado pelo desenvolvimento das qualidades mais nobres. Ora, a verdadeira evolução nos ensina que, alterando o ambiente do organismo, podemos melhorar e alterar o organismo; e no sentido mais estrito isso é verdade em relação ao homem. Todo o teósofo, portanto, está comprometido a dar o melhor de si para ajudar, por todos os meios possíveis, todo esforço social sábio e bem direcionado que tenha como objetivo o melhoramento da condição dos pobres. Tais esforços devem ser feitos tendo em vista a emancipação social definitiva, assim como o desenvolvimento do senso do dever naqueles que agora, com tanta frequência, o negligenciam em quase todos os aspectos da vida."


(H. P. Blavatsky - A Chave para a Teosofia - Ed. Teosófica, Brasília, 1991 - p. 205)



terça-feira, 22 de outubro de 2013

COMO CONTROLAR A MENTE? (1ª PARTE)

" ‘Como controlar a minha mente?’ Todos os que se interessam pela vida espiritual já fizeram essa pergunta. A atividade constante da mente é enfadonha; ela não dá espaço para percepções mais profundas que surgem em momentos de calma. Só uma mente pacífica espelha a essência da vida, como as águas de um lago, que precisam estar calmas e claras para refletir o céu.

São muitos os buscadores que tentam meditar. Eles se esforçam para trazer a mente de volta de suas perambulações, mas ela é rebelde e sempre escapa. Isso é desanimador e traz o sentimento de que a única opção é desistir. Embora os instrutores aconselhem perseverança para subordinar a mente recalcitrante, há um ponto além do qual a pessoa sente que não consegue levar a batalha adiante. 

Portanto, vale a pena considerar seriamente se, com uma abordagem diferente, a mente pode se tornar menos excitável e mais sossegada. Krishnamurti disse: ‘Dê liberdade à mente para ela morrer.’ Mas, quando lhe damos liberdade, a experiência mostra que ela não morre; continua com uma energia frenética. Será que a estamos incessantemente alimentando com material que mantém vivo o seu frenezi? Nesse caso, descobrir qual é o combustível que inflama a mente e a mantém em atividade. (...)"

(Radha Buernier - Como manter a mente em paz - Revista Sophia nº 12 - Pub. da Ed. Teosófica, Brasília - p. 28)


QUATRO MÉTODOS RELIGIOSOS FUNDAMENTAIS: O MÉTODO CIENTÍFICO OU YOGA (PARTE FINAL)

"(...)  Devemos recordar que o Eu espiritual tem estado no cativeiro do corpo por séculos e séculos que não sabemos. Não se pode libertá-lo em um dia, nem a prática curta ou inconstante deste método leva alguém ao supremo estado de Bem-aventurança ou lhe dá controle sobre os órgãos internos. Isso pode requerer uma prática paciente por muito, muito tempo.

Pode-se garantir, entretanto, que a observância deste processo trará a grande alegria da consciência pura da Bem-aventurança. Quanto mais o praticamos, mais rapidamente alcançamos essa Bem-aventurança. Desejo que vocês, como buscadores da Bem-aventurança - o que todos nós somos -, tentem experimentar por si mesmos a verdade universal que está em todos e pode ser por todos sentida. Este estado não é invenção. Já está dentro de nós. Temos apenas que descobri-lo.

Até que tenham tentado esta verdade, não considerem com indiferença o que estou escrevendo. Vocês podem estar cansados de ouvir muitas teorias, que até agora não tiveram influência direta em sua vida. O que lhes digo não é teoria, mas sim verdade comprovada. Estou tentando lhes dar uma ideia do que pode realmente ser experimentado.

Eu tive a felicidade de aprender esta verdade científica sagrada com um grande santo da Índia, há muitos anos. Vocês podem se perguntar por que os estimulo a praticar este método, por que procuro atrair sua atenção para esses fatores. Estarei acaso movido por algum interesse egoísta? A essa pergunta devo dar uma resposta afirmativa. Quero dar-lhes esta verdade com a esperança de receber em troca a alegria pura de tê-los ajudado a encontrar a felicidade por havê-la praticado e experimentado."

(Paramahansa Yognanda - A Ciência da Religião - Self-Realization Fellowship - p. 71/72)

segunda-feira, 21 de outubro de 2013

A FLOR DE LÓTUS

"O lótus, a flor sagrada dos egípcios, como também para os hindus, é o símbolo tanto de Horus como de Bramâ. Nenhum templo do Tibet ou do Nepal deixa de apresentá-lo; e o significado desse símbolo é extremamente sugestivo. O ramo de lírios que o arcanjo oferece à Virgem Maria nos quadros da ‘Anunciação’ tem, no seu simbolismo esotérico, exatamente o mesmo significado. (...) Para os hindus, o lótus é o emblema do poder produtivo na Natureza, pela ação do fogo e da água (o espírito e a matéria) (...) folhas perfeitamente formadas, formas miniaturais daquilo em que, como plantas perfeitas, elas se transformarão um dia; ou, como diz o autor de The Heathen Religion – ‘a natureza nos dá assim um espécime da pré-formação das suas produções’; acrescentando que ‘a semente de todas as plantas fanerógamas que trazem flores propriamente ditas contêm um embrião de plantas já formado’.

Para os budistas, ele tem a mesma significação. Mahâ-Mâyâ ou Mahâ-Devî, a mãe de Gautama Budha, deu à luz o seu filho anunciado pelo Bodhisattva (o espírito de Budha), que apareceu ao pé do seu leito com um lótus em sua mão. Assim, também, Osíris e Horus são representados pelos egípcios constantemente em associação com a flor de lótus.

Todos esses fatos tendem a provar o parentesco deste símbolo nos três sistemas religiosos – hindu, egípcio e judaico-cristão."

(H. P. Blavatsky - Ísis Sem Véu - Ed. Pensamento, volume I, p. 174)


QUATRO MÉTODOS RELIGIOSOS FUNDAMENTAIS: O MÉTODO CIENTÍFICO OU YOGA (2ª PARTE)

"(...) Devido a persistência de maus hábitos, a consciência da existência corporal, com todas as suas lembranças, revive ocasionalmente e combate essa tranquilidade. Se, porém, qualquer um praticar este método regularmente e por períodos prolongados, pode ter a certeza de que, em tempo, encontrar-se-á em elevado estado supramental de Bem-aventurança.

Não devemos, todavia, imaginar antecipadamente os resultados possíveis a que este processo conduz e, então, parar de praticá-lo após curta tentativa. Para fazer real progresso, são necessários os seguintes fatores: primeiro, dedicada atenção ao assunto que vai ser aprendido; segundo, o desejo de aprender e um espírito sério de investigação; terceiro, firmeza até o objetivo colimado ser alcançado.

Se apenas trabalharmos parcialmente e, após uma prática limitada, a interrompermos, o resultado almejado não virá. Um neófito em práticas espirituais, que tanta prejulgar a experiência dos peritos (os mestres e profetas de todos os tempos) assemelha-se à criança que procura imaginar como serão os cursos de graduação. É uma grande pena que os homens despendam seu tempo e seus melhores esforços em conseguir o que é necessário à sua existência no mundo ou em controvérsias intelectuais acerca de teorias. Parece que raramente pensam valer a pena perceber e pacientemente experimentar na vida as verdades que não só estimulam como também conferem significado à existência. Esforços mal orientados prendem a atenção dessas pessoas durante mais tempo do que as iniciativas bem conduzidas. (...)" 

(Paramahansa Yognanda - A Ciência da Religião - Self-Realization Fellowship - p. 70/71)

domingo, 20 de outubro de 2013

REFLEXÕES DE KRISHNAMURTI SOBRE A MORTE

"Ao retornar para Ojai, em fevereiro de 1983, K. começou a ditar a continuação do seu Diário. (...) Ele descreve ter visto uma folha morta ‘amarela e vermelha brilhante’, caída no caminho quando caminhava numa bela manhã ensolarada na primavera.’ Que bela era aquela folha’, ele disse. (...) ‘É estranho que não tenha murchado’. Ele continuou:

Por que os seres humanos morrem tão miseravelmente, tão infelizes, com doenças, velhice, senilidade, o corpo encolhido, feio? Por que não podem morrer naturalmente e de forma tão bela quanto uma folha? O que há de errado conosco? Apesar de todos os médicos, remédios e hospitais, operações e toda a agonia da vida, e prazeres também, não parecemos capazes de morrer com dignidade, simplicidade e com um sorriso... Assim como se ensina matemática, a escrever, a ler e toda a parafernália da aquisição de conhecimento às crianças, também se deveria ensinar-lhes a grande dignidade da morte, não como uma coisa infeliz e mórbida que temos de encarar finalmente, mas como algo da vida diária – a vida diária de olhar para o céu azul e para o gafanhoto em uma folha. Os desconfortos que sentimos quando nascem os nossos dentes ou com as doenças infantis fazem parte do nosso aprendizado. As crianças têm uma extraordinária curiosidade. Se vocês perceberem a natureza da morte, não explicarão que tudo morre, que o pó volta ao pó e assim por diante, mas, sem qualquer temor, irão explicar-lhes delicadamente que viver e morrer são uma única coisa..."

(Mary Lutyens - Vida e Morte de Krishnamurti - Ed. Teosófica, Brasília, 1996 - p. 245)


QUATRO MÉTODOS RELIGIOSOS FUNDAMENTAIS: O MÉTODO CIENTÍFICO OU YOGA (1ª PARTE)

"São Paulo afirmou: 'Eu morro diariamente'¹ Com isso ele quis dizer que conhecia o processo de controlar os órgãos internos e que podia, voluntariamente, libertar do corpo e da mente o seu Eu espiritual - uma experiência que as pessoas comuns, destreinadas, sentem apenas no momento final da morte, quando o Eu espiritual liberta-se do corpo esgotado.

Ora, é possível ter a experiência de que o Eu está separado do corpo, sem experimentar a morte definitiva, submetendo-se a um curso de treinamento prático e regular neste método científico.

Darei apenas uma ideia geral do processo e da verdadeira teoria científica em que ele está baseado. Apresentarei o assunto aqui nos termos de minha própria experiência. Verificar-se-á, afirmo, que é universalmente aplicável. E também posso dizer, com plena garantia, que a Bem-aventurança - que é, como indiquei, nosso objetivo final - é sentida em grau intenso durante a prática deste método. Sua prática é em si intensamente bem-aventurada - muito mais bem-aventurança pura do que o maior de todos os prazeres que qualquer dos nossos cincos sentidos ou a mente jamais poderão nos oferecer. 

Não desejo dar a ninguém outra prova de sua verdade que não seja a proporcionada por sua própria experiência. Quanto mais alguém a pratica com paciência e regularidade, tanto mais sente, de maneira intensa e duradoura, que está estabelecido na Bem-aventurança de Deus. (...)"

¹ Coríntios 15:31

(Paramahansa Yognanda - A Ciência da Religião - Self-Realization Fellowship - p. 68/70)


sábado, 19 de outubro de 2013

JÑᾹNA YOGA

"A palavra Jñᾱna deriva da raiz sânscrita ‘jñᾱ’, que significa conhecimento, discernimento e o seu ideal é a realização da Verdade Absoluta. É conhecido como o caminho do conhecimento que conduz à sabedoria. É despertar o conhecimento que seja capaz de extinguir a causa principal do sofrimento, a ignorância (avidyᾱ). Este conhecimento não é apenas um conhecimento comum da natureza das coisas, mas sim o conhecimento metafísico sobre a real natureza do espírito. O principal objetivo é demonstrar que o sujeito e o objeto tão, separados, são apenas duas expressões de um Ser ou Substância Absoluta. Desta forma, a Consciência Absoluta (Brahman) e a Consciência individual (Ᾱtmᾱ), Deus e o homem, o Criador e o criado, são apenas manifestações diferentes de uma Realidade Universal (Brahman). A máxima na tradição do Vedᾱnta é que Brahman é Ᾱtmᾱ e Ᾱtmᾱ é Brahman.

Este caminho está totalmente baseado no sistema não-dualista (advaita) do Vedᾱnta, cujos textos autorizados abordam a investigação profunda sobre a natureza do Ser (Ᾱtmᾱ) e do não ser (Ᾱnatmᾱ) e seu principal objetivo é libertar o homem da escravidão da ignorância (avidyᾱ). "

(Maria Laura Garcia Packer - a Senda do Yoga - Ed. Teosófica, Brasília - p.32)


QUATRO MÉTODOS RELIGIOSOS FUNDAMENTAIS: O MÉTODO DA MEDITAÇÃO

"Este e o método seguinte são puramente científicos, envolvendo um curso prático de treinamento, e são prescritos pelos grandes sábios que experimentaram pessoalmente a verdade em sua própria vida. Eu mesmo aprendi com um desses sábios.

Nada existe de misterioso ou potencialmente nocivo nesses métodos: tão logo a pessoa se familiarize com eles de maneira apropriada, são de fácil aplicação. Descobrir-se-á que são universalmente aplicáveis. A melhor prova de sua eficácia e utilidade reside no conhecimento experimentado na prática. Praticando regularmente os métodos de meditação até que se tornem um hábito, podemos produzir para nós próprios o estado de 'sono consciente'. Geralmente experimentamos esse estado de tranquilidade e agradável serenidade justamente quando caímos em sono profundo e nos aproximamos do estado de inconsciência, ou quando dele saímos e nos acercamos da consciência.

No estado de sono consciente tornamo-nos livres de todos os pensamento e das sensações externas do corpo, e o Eu tem a oportunidade de pensar em si mesmo. Chega-se a esse estado de bem-aventurança de vez em quando, de acordo com a profundidade e da frequência da prática da meditação. Nesse estado, esquecemos e nos libertamos, temporariamente, de todas as perturbações da mente e do corpo que costumam distrair a atenção do Eu. Por esse processo de meditação, os órgãos externos ou sensoriais são controlados quando se acalmam os nervos voluntários, como acontece no sono.

Esse estado de meditação é apenas a primeira e não a última etapa da verdadeira meditação. No sono consciente aprendemos a controlar apenas os órgãos externos ou sensoriais, sendo a única diferença que, no sono comum, os órgãos sensoriais são automaticamente controlados, enquanto que na meditação os órgãos sensoriais são controlados voluntariamente. No entanto, nesse primeiro estágio de meditação o Eu espiritual ainda está sujeito a ser perturbado pelos órgãos internos ou involuntários, tais como os pulmões, o coração e outras partes do corpo que erradamente supomos estarem fora de nosso controle.

Precisamos então procurar um método melhor do que a meditação. Pois enquanto não for capaz de voluntariamente desconectar-se de todas as sensações do corpo - até mesmo as sensações internas, que acarretam o brotar dos pensamentos - mas continuar vulnerável a essas perturbações, o Eu espiritual não poderá ter qualquer esperança de controle nem de tempo ou oportunidade para conhecer a si mesmo."

(Paramahansa Yogananda - A Ciência da Religião - Self-Realization Fellowship - p. 66/68)