OBJETIVOS DO BLOGUE

Olá, bem-vindo ao blog "Chaves para a Sabedoria". A página objetiva compartilhar mensagens que venham a auxiliar o ser humano na sua caminhada espiritual. Os escritos contém informações que visam fornecer elementos para expandir o conhecimento individual, mostrando a visão de mestres e sábios, cada um com a sua verdade e experiência. Salientando que a busca pela verdade é feita mediante experiências próprias, servindo as publicações para reflexões e como norte e inspiração na busca da Bem-aventurança. O blog será atualizado com postagens de textos extraídos de obras sobre o tema proposto. Não defendemos nenhuma religião em especial, mas, sim, a religiosidade e a evolução do homem pela espiritualidade. A página é de todos, naveguem a vontade. Paz, luz, amor e sabedoria.

Osmar Lima de Amorim


sábado, 31 de janeiro de 2015

A PERFEIÇÃO SUPREMA (2ª PARTE)

"(...) Paramhansa Yogananda costumava dizer: 'Jesus foi crucificado uma vez só, mas seus ensinamentos o são diariamente, por toda a Cristandade, desde aquela época.' A princípio, a diluição talvez haja sido deliberada, para manter o 'rebanho' sob controle. Hoje, os sacerdotes já não se lembram - se é que alguma vez o souberam - de que a perfeição pregada por Jesus não era perfeição humana (verdadeiramente, um paradoxo!). O que ele dizia era: 'Sede, pois, perfeitos como perfeito é o Vosso Pai que está nos céus.'

O judaísmo parece mais empenhado em seguir as leis de Moisés do que em alcançar a salvação eterna da alma e a bem-aventurança na comunhão com Deus. Acreditarão mesmo os judeus que é possível alcançar o céu após a morte? Muitos deles ressalvam à maneira dos homens de ciência materialistas, que semelhantes questões não podem ser resolvidas racionalmente e, portanto, nem sequer vale a pena examiná-las. Basta, sustentam eles, viver aqui na Terra uma vida às-direitas, que agrade a Deus.

Os budistas enveredaram pelo mesmo caminho. Dado que Buda se absteve de falar em Deus, limitando-se a imprimir na mente das pessoas a necessidade de fazer um esforço pessoal de purificação, seus seguidores logo incidiram na falácia do ateísmo. Sim, Deus de fato não tem forma humana; é Beatitude pura, absoluta - infinita, eterna e sempre consciente, conforme proclamou mais tarde Shankaracharya. Shankara desejava persuadir as pessoas de que as formas com que haviam revestido Deus eram meramente para fins de devoção: não tinham realidade literal. O nirvana do budismo ortodoxo, segundo um documento oficial publicado há alguns anos na Tailândia, equivale à beatitude de que falou Shankara, mas dura apenas um instante e é logo substituído pelo nada eterno. Irá então alguém se esforçar para alcançar o nada?! Decerto, chegada a hora de enfrentar a escolha final - contentam-se com o vazio absoluto ou esperar uma nova 'oportunidade' -, o ego preferirá, cheio de medo, ser um 'bodhisattwa' indefinidamente, por 'pura compaixão' pela humanidade. Compaixão, talvez; mas parece bastante natural preferi-la ao nada! (...)"

(A Essência do Bhagavad Gita - Explicado por Paramhansa Yogananda - Evocado por seu discípulo Swami Kriyananda - Ed. Pensamento, São Paulo, 2006 - p. 102/103)
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sexta-feira, 30 de janeiro de 2015

A PERFEIÇÃO SUPREMA (1ª PARTE)

"(2:41) Neste yoga, só há uma direção (sem oposto polar). Os arrazoados da mente indecisa, apanhada na dualidade, são infinitamente vários e divergentes. 

Krishna não diz apenas que o caminho para Deus é reto, sem desvios, mas também que só ele devemos seguir na vida! Há, de fato, inúmeros rodeios na busca de Deus em religião - para não falar do 'rodeio' supremo, que é a ilusão. Os porta-vozes das religiões só têm explicações vagas para 'perfeição', limitando-se a esclarecer que Deus espera do homem apenas a prática do bem. O céu é usualmente oferecido como isca: um lugar onde as pessoas passam a eternidade num cenário idílico, de inefável beleza natural, cercadas de 'anjos'. Aos olhos do aspirante espiritual sincero, nada pode ser mais aborrecido do que passar a eternidade aferrado a um ego, ainda que o corpo onde viva permaneça para sempre saudável, flexível, jovem e cheio de energia. 

Poucas pessoas conseguem imaginar um período maior que mil anos - o milênio que Jesus Cristo, de fato, reservou aos cristãos como promessa de perfeição suprema. Hoje, sabemos graças à ciência da astronomia que todas as estrelas vistas no céu são apenas a orla de uma única galáxia, e que existem pelo menos cem bilhões de galáxias no universo físico, esse número, mil, parece verdadeiramente insignificante! Ora, quantas pessoas conseguem imaginar um milhão de anos? Um bilhão? Cem bilhões? Tais números são inconcebíveis. A consciência divina, porém, é eterna. E também 'um centro em toda parte, uma circunferência em parte alguma', portanto dotada de onipresença, ou seja, conscientemente presente na maior das estrelas e no menor 'grão de terra' de um planeta da mais distante galáxia - em verdade, no seixo minúsculo do nosso jardim, e até, num dos incontáveis átomos que se agrupam num fragmento desse seixo.

É espantoso constatar até que ponto as verdades divinas foram distorcidas pelos chamados líderes ou apóstolos religiosos - sacerdotes, imãs, rabinos, panditas e outros que ostentam honrosos títulos eclesiásticos por todo o mundo. Com efeito, apenas o hinduísmo (e digo isso como alguém que foi, ele próprio, educado no cristianismo ortodoxo) ensina formalmente a moksha, ou libertação do ego interior, em conjunção com a consciência divina e onipresente. Jesus Cristo ensinou-a. Mas poucos, se algum, de seus autoproclamados seguidores acreditam que, quando ele falava do céu, referia-se a esse mesmo estado de moksha: libertação absoluta. Quando, na igreja aos domingos, os pregadores cristãos citam a parábola do grão de mostarda, quando deles entendem a comparação que Jesus Cristo traçou entre o céu e essa pequenina semente - comparação que não tem nenhum vínculo perceptível com o paraíso astral de que falam os tais pregadores? O céu que Jesus descreveu como um grão de mostarda cresce, a partir de proporções minúsculas, até o porte de uma árvore frondosa em cujos galhos 'as aves do céu vêm se aninhar'. No versículo seguinte, Mateus 13:33, ele compara o 'reino dos céus' ao fermento usado no fabrico do pão, que faz crescer a massa. Crescimento, expansão: Jesus falava da expansão rumo à onipresença. Uma vez que só nos acenam com verdades espirituais inferiores, os mestres religiosos, pela maioria, desmentem sua própria doutrina. (...)"

(A Essência do Bhagavad Gita - Explicado por Paramhansa Yogananda - Evocado por seu discípulo Swami Kriyananda - Ed. Pensamento, São Paulo, 2006 - p. 100/102)
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quinta-feira, 29 de janeiro de 2015

A RESPONSABILIDADE DA MENTE NAS ENFERMIDADES CRÔNICAS

"Ao procurar curar-se, a pessoa costuma se concentrar mais no poder escravizador da moléstia, assim, que a doença se torne tanto um hábito mental quanto físico. Isso é especialmente verdadeiro na maior parte dos casos de nervosismo. Cada pensamento de depressão ou felicidade, de irritabilidade ou tranquilidade, abre sulcos sutis nas células cerebrais e fortalece as tendências para a enfermidade ou para o bem-estar.

A ideia-hábito subconsciente de doença, ou de saúde, exerce uma forte influência. As doenças rebeldes, quer mentais, quer físicas, sempre têm uma raiz profunda na subconsciência. A enfermidade pode ser curada extirpando-se suas raízes ocultas. Eis porque todas as afirmações da mente consciente devem causar impressão suficiente para permearem a subconsciência, a qual, por sua vez, influenciará, de maneira automática, a mente consciente. Portanto, as afirmações conscientes, vigorosas, repercutem na mente e no corpo por intermédio da subconsciência. Afirmações ainda mais fortes alcançam não apenas a mente subconsciente, mas também a mente superconsciente – o depósito mágico de poderes miraculosos.

Declarações da Verdade devem ser praticadas de boa vontade e espontaneamente, com inteligência e devoção. Não devemos permitir que a atenção divague. A atenção dispersiva, como criança travessa, deve ser trazida de volta várias vezes e educada, repetida e pacientemente, para cumprir a tarefa que lhe foi designada."

(Paramahansa Yogananda - Afirmações Científicas de Cura - Self-Realization Fellowship - p.25/26)


quarta-feira, 28 de janeiro de 2015

O ÚNICO CAMINHO PARA A FELICIDADE

"Precisamos compreender que somos a alma perfeita, imortal. As imperfeições que manifestamos por meio de nossos hábitos e humores, por meio da doença e do fracasso, não são parte de nossa verdadeira natureza. Identificamo-nos tão profundamente com a consciência mortal que, irrefletidamente, aceitamos suas limitações. Acho que deveríamos orar: 'Senhor, ajuda-me a perceber que não sou este corpo, nem meus humores e hábitos. Faz-me saber que sou sempre teu filho, feito à Tua imagem perfeita.'

Um dia, durante a meditação, eu lamentava o fato de haver tanta imperfeição em mim quando, de repente, ouvi a doce voz da Mãe dizendo: 'Mas tu me amas?' Imediatamente, todo o meu ser ficou transbordando de amor por Ela. Desse dia até hoje, minha mente tem se absorvido num único pensamento: 'Estou cheia de amor por minha Mãe Divina, e nesse amor minha vida se entrega a Ela, para arranjar-se como Ela deseja'. Nela tenho completa fé; sei que Seu amor nunca me faltará.

Deus ama a todos vocês da mesma maneira. A luz do sol brilha igualmente no carvão e no diamante. Não se pode dizer que o sol é parcial, porque o diamante reflete mais luz do que o carvão. De modo semelhante, a luz solar do amor de Deus brilha igualmente em todos. Precisamos nos tornar como o diamante que recebe e reflete a luz Dele.

Incessantemente, cante o nome do Divino, não de forma distraída, mas com atenção total. A comunhão com Deus exige nossa concentração máxima. Não importa o que estejamos fazendo externamente, nossa mente mais profunda pode absorver-se apenas no Único, sussurando sempre: 'Tu és meu único amor'."

(Sri Daya Mata - Só o Amor - Self-Realization Fellowship - p. 150/151)


terça-feira, 27 de janeiro de 2015

CONSCIÊNCIA SUPERIOR

"Quando olhamos, por um instante que seja, para alguma erupção súbita das forças naturais, para uma explosão tremenda que lança ao ar, talvez em poucas horas, uma poderosa montanha, para penhascos e topos rochosos onde antes havia verdor, ou ainda para um vale que era uma planície, tornando-se contorno de sinuosas colinas, temos ciência de que certamente no passado o homem percebia a erupção desta natureza algo arbitrário, catastrófico, desordenado, inesperado, fora do crescimento ordenado da evolução. Mas sabemos, por meio de estudos recentes, que não existe nada desordenado na erupção de um vulcão, como tampouco no lento crescimento do fundo do mar, quando após dezenas de milhares de anos, o fundo do mar torna-se uma cadeia de montanhas. Pensava-se que um era ordenado, e outro cataclísmico. No entanto, atualmente temos conhecimento de que todos os processos naturais, súbitos ou lentos, inesperados ou previstos, encontram-se dentro do reino da Lei, acontecendo de maneira totalmente ordenada.

O mesmo se dá no Mundo Espiritual. Às vezes podemos ver as erupções aparentemente súbitas das forças do reino espiritual, uma mudança repentina na vida de uma pessoa, em que o seu caráter é totalmente alterado. Toda a sua natureza se altera de uma hora para outra. Mas aprendemos a compreender que também aqui a Lei é suprema; que também nada existe de desordenado nisso, embora muitas dessas coisas não sejam ainda compreendidas pela maioria das pessoas. E estamos começando a entender que tanto no universo espiritual, quanto no físico, existe uma Vida Suprema, manifestando-se de modos infinitamente diversos, e que essa Vida é sempre ordenada em suas operações, não importa quão estranhas, maravilhosas ou inesperadas possam parecer aos nossos olhos obscuros e obtusos."

(Annie Besant - As Leis do Caminho Espiritual – Ed. Teosófica, Brasília, 2011 - p. 12)


segunda-feira, 26 de janeiro de 2015

O DESPERTAR DA VIDA

"Ao fim de prolongada seca, o sertão não passava de um vasto cemitério de gravetos retorcidos e cinzentos a fazer companhia às pedras. Do verde, nem sombra. Nenhuma sombra-oásis para interromper a desolação, para proteger retirantes que por ali passavam ou ali morriam. Tudo esturricado. Tudo parecia morto.

Parecia somente.

Debaixo do chão, entretanto, germes dormiam. Na alma-cerne dos troncos e gravetos vibrava ainda a seiva. A vida dormia somente. Não morrera.

Desabaram as primeiras chuvas. Molharam o chão sedento e penetraram fundo para o mundo das raízes. E as águas despertaram a Vida.

Dias depois, a Vida esplendia. O verde explodia, vestindo toda a caatinga.

O pardacento cadáver da seca emigrou. Ninguém sabe para onde."

(Hermógenes - Mergulho na paz - Ed. Nova Era, Rio de Janeiro, 2005 - p. 148/149)


domingo, 25 de janeiro de 2015

O QUE É, ENTÃO, A LEI DO DEVER?

"O que é, então, a lei do dever? Ela varia com cada estágio de evolução, embora o princípio seja sempre o mesmo. É progressiva como é progressiva a evolução. O dever do selvagem não é o dever do homem culto e evoluído. O dever do instrutor não é o dever do rei. O dever do comerciante não é o dever do guerreiro. Assim, quando estamos estudando a Lei do Dever, devemos começar estudando nosso próprio lugar na grande escada da evolução, estudando as circunstâncias à nossa volta que mostram o nosso karma, estudando nossos próprios poderes e capacidades, e tomando consciência de nossas fraquezas, e a partir deste estudo cuidadoso devemos descobrir a Lei do Dever por meio da qual devemos orientar nossos passos.

O Dharma é o mesmo para todos que estão no mesmo estágio evolutivo e sob as mesmas circunstâncias, e existe algum Dharma comum a todos. Os décuplos deveres estabelecidos pelo Manu são obrigatórios para todos aqueles que queiram trabalhar com a evolução, os deveres gerais que o homem deve ao homem. A experiência do passado deixou neles a sua marca, e sobre eles não podem surgir dúvidas.

Mas há muitas questões sobre o Dharma que não são simples em caráter. A verdadeira dificuldade daqueles que estão se esforçando para avançar ao longo do caminho da espiritualidade é, geralmente, distinguir o seu Dharma, e saber o que exige a Lei do Dever."

(Annie Besant - As Leis do Caminho Espiritual – Ed. Teosófica, Brasília, 2011 - p. 66/68)


sábado, 24 de janeiro de 2015

ATITUDE IMPESSOAL

"(6:5) Que o homem se alce por seu próprio esforço e nunca se avilte. Em verdade, seu eu é seu melhor amigo - ou (se o quiser) seu pior inimigo. 

É inútil censurar os outros pelos próprios infortúnios. Na verdade, não existem infortúnios. 'As condições são sempre neutras', dizia Yogananda. 'Parecem boas ou más, alegres ou tristes, oportunas ou inoportunas conforme as atitudes [e expectativas] positivas ou negativas da mente.' O yogue deve aprender a aceitar com tranquilidade o que lhe acontece. Quando, porém, o ego insiste em atribuir-se tudo aquilo que o possa afetar, 'aviltar-se', a si mesmo aderindo ao fluxo para baixo e para fora da energia que percorre os chakras e, dali, ganha o mundo exterior através dos sentidos.

Se alguém o trata com indelicadeza, injustiça ou mesmo crueldade, decida-se em definitivo a não reagir emocionalmente. Nunca replique; nunca se queixe; nunca se defenda nem agrida, instigado pela consciência do ego. Às vezes, o mal pode ser compensado pelo bem; mas ainda quando o dever o instigar a agir dessa maneira, tente - como Krishna aconselhou a Arjuna - conduzir-se sempre de modo a manter uma atitude impessoal."

(A Essência do Bhagavad Gita - Explicado por Paramhansa Yogananda - Evocado por seu discípulo Swami Kriyananda - Ed. Pensamento, São Paulo, 2006 - p. 246/247)


sexta-feira, 23 de janeiro de 2015

AS LEIS INFALÍVEIS DA AMIZADE

"Não mostre familiaridade excessiva para com um amigo nem lhe seja indiferente. Não o limite dizendo: 'Sei tudo sobre você'. O respeito e o afeto crescem entre amigos com o tempo. 'A familiaridade é a mãe do desprezo' para aqueles que se mostram mutuamente imprestáveis, egoístas, materialistas e incapazes de inspiração ou autodesenvolvimento. Quanto maior o serviço mútuo, mais profunda a amizade. Por que Jesus tem tantos seguidores? Porque Ele, como os outros grandes mestres, é insuperável no serviço que presta à humanidade. 

Para atrair amigos, você precisa possuir as qualidades de um amigo verdadeiro. A amizade cega costuma terminar em ódio cego e repentino. A conquista da sabedoria e da compreensão espiritual graças ao esforço recíproco pode ligar duas almas pelas leis do amor divino que nunca morre. A amizade e o amor humanos têm por base o serviço nos planos físico, mental ou empresarial. Não duram muito e são condicionais. Mas o amor divino tem por fundamento o serviço nos planos espiritual e intuitivo - é incondicional e eterno. 

Quando há amizade perfeita, entre dois corações ou num grupo de corações de uma organização espiritual, essa amizade aperfeiçoa todos os indivíduos. Na alma purificada pela amizade, abre-se uma porta unificadora pela qual outras almas são convidadas a entrar - quer a amem ou não. Quando a amizade divina impera no templo do coração, a alma se dilui na vasta Alma Cósmica, deixando para trás os laços limitadores que a separavam da criação divina.

Não considere ninguém um estranho. Aprenda a sentir que todos são seus parentes. O amor familiar é apenas um dos primeiros exercícios no curso de Amizade do Divino Mestre, elaborado para ensinar aos nossos corações o amor abrangente. O sangue vital de Deus circula nas veias de todos os povos. Como pode alguém odiar um ser humano de outra raça sabendo que Deus vive e respira em todas? Somos americanos, indianos, etc., por pouco tempo; mas somos filhos de Deus para sempre. A alma não pode ficar confinada em limites traçados pelo homem; sua nacionalidade é o espírito e seu país é a Onipresença.

Não significa que você deva conhecer e amar todos os seres humanos e criaturas vivas pessoal e individualmente. Precisa apenas estar sempre pronto para espalhar a luz do serviço amistoso sobre todos os entes com quem entrar em contato. Isso exige preparo e esforço mental constante - em outras palavras, desprendimento. O sol brilha igualmente sobre o diamante e o carvão, mas o primeiro desenvolveu qualidades para refletir a luz enquanto o segundo apenas a absorve. Imite o diamante em seu convívio com as pessoas. Reflita o fulgor da luz do amor divino."

(Paramhansa Yogananda - A Sabedoria de Yogananda, A Espiritualidade nos Relacionamentos - Ed. Pensamento, São Paulo, 2011 - p. 14/15)


quinta-feira, 22 de janeiro de 2015

AJUSTE EVOLUTIVO

"A evolução é uma lei universal. Tudo está fadado à evolução. A vida que habita uma forma, busca formas cada vez mais complexas para expressar-se.

A aprendizagem do ser dá-se com sua Essência percorrendo os vários reinos da natureza, dos mais elementares aos mais elaborados. Por milhões e milhões de anos, lenta e perfeitamente, tudo na natureza evolui. Observe o encadeamento lógico dos elementos químicos, que, partindo do hidrogênio, vai-se estruturando em outros de peso atômicos mais elevados. Examine minuciosamente as várias espécies vegetais que, das características mais rudimentares, vão adquirindo complexidades crescentes, até chegarem às plantas mais evoluídas. De modo semelhante, repare a evolução na escala zoológica, desde o mais simples protozoário até a maravilha estrutural e multifuncional do ser humano. Tudo isso é prova inconteste da natureza, demonstrando a evolução. A vida expõe evidências harmônicas crescentes nas formas e funções dos seres, trabalhadas com perfeições geométricas precisas, pelo Grande Arquiteto do Universo. Tudo é prova real da natureza expondo a evolução para os que ‘têm olhos de ver’...

Todo esse prodígio está no interior do nosso ser. Somos testemunhas cegas do fluxo evolutivo. Mister se faz tirar a venda de nossa cegueira espiritual para vislumbrarmos o longo caminho já percorrido pelo nosso ‘princípio espiritual’, bem como os longos horizontes iluminados que nos aguardam na volta ao Seio do Pai. (...)

Toda essa escolaridade feita pela semente espiritual procurando a aprendizagem e consequente evolução é patrimônio Divino incorporado em nosso espírito pelo ajuste kármico.

A lei do karma, sendo onipresente, atuou e atua em nós, procurando aparar arestas, buscando equilíbrio, ao mesmo tempo em que proporciona condições para um relacionamento harmônico com o cosmos e com nós mesmos. (...)"

(Antonio Geraldo Buck - Você Colhe o que Planta - Ed. Teosófica, Brasília, 2004 - p. 26/28)


quarta-feira, 21 de janeiro de 2015

O MAGNETISMO DO AMOR ALTRUÍSTA

"Cultive o mesmo magnetismo espiritual de Cristo, Krishna e outros. Para isso, você tem que ser altruísta; precisa expressar amor altruísta por todos. Sempre tente ser prestativo; seja útil para sua família, amigos, comunidade. Esteja pronto a ajudar em qualquer lugar. Isso o torna uma pessoa magnética. 

Se quer amigos, precisa aprender a amar a todos, sem egoísmo. É errado usar as pessoas para fins egoístas. Pouquíssimas pessoas o amam pelo que você é, mas se puder amar os outros sem segundas intenções, então poderá ter magnetismo divino. Não se esqueça desta verdade. O marido deve amar sua mulher por amizade, não por causa de sua beleza física. Pense em seus amigos não por causa da riqueza que tenham, de sua aparência ou poder, e sim porque você os ama. O magnetismo do amor altruísta por todos é ainda mais elevado quando você está sempre disposto a ajudar os outros, sem outro motivo que não seja a amizade."

(Paramahansa Yogananda - O Romance com Deus - Self-Realization Fellowship - p. 138/139)


terça-feira, 20 de janeiro de 2015

OÁSIS

EM DIA DE treva,
é bom lembrar que a Luz está apenas temporariamente
oculta.

No tumulto dos conflitos,
necessário é pressentir a Paz.

Em meio à multidão sem rumo,
é gostoso falar da riqueza da Solidão.

Ensurdecido pela disfonia dos ruídos,
bom é ser tangido pelo acalanto do Silêncio.

No festival do amoralismo cultivado,
como é bom pensar e desejar e praticar o Bem!

Afogando-me em mar de ódios,
é sublime cultivar o Amor.

Vítima da injustiça dos potentados
o remédio é esperar pela Justiça de Deus.

Desgarrados e desolados na imensidade do grande deserto,
abriguemo-nos no Oásis de Deus.

Interrompamos o tropel agitado de todas as formas de fuga.

Paremos.

Sentemo-nos.

Vamos orar!

(Hermógenes - Viver em Deus - Ed. Nova Era, Rio de Janeiro, 2007 - p. 176/177)


segunda-feira, 19 de janeiro de 2015

A VERDADEIRA ESPIRITUALIDADE

"Para que estamos aqui, senão para ajudar, amar, elevar mutuamente uns aos outros? Deve o homem espiritual pôr obstáculos ou elevar seus semelhantes? Deve ele ser um salvador da humanidade, ou alguém que retarda a evolução de seu próximo, de quem as pessoas se afastam desencorajadas? Observe como a sua influência afeta os outros, por isso seja cuidadoso sobre o modo como suas palavras afetam sua vida. Sua fala deve ser gentil e suas palavras amorosas; nenhuma calúnia, maledicência, aspereza na fala ou suspeição grosseira deve poluir os lábios que estão esforçando-se para ser o veículo da vida espiritual. A dificuldade está em nós e não fora de nós. É aqui em nossas próprias vidas e em nossa própria conduta que deve ocorrer a evolução espiritual. Auxilie os seus irmãos, e não seja ríspido com eles. Levante-os quando caírem, e lembre, se você está de pé hoje, poderá também cair amanhã, e precisar da ajuda de uma outra pessoa, para que possa levantar.

Toda escritura declara que o Coração da vida Divina é Compaixão Infinita. Compassivo, então, deve ser o homem espiritual. Vamos então, mesmo que seja pouco, em pequeninas porções de amor, dar aos nossos semelhantes uma gota daquele oceano de compaixão no qual o universo se banha. Jamais estaremos errados ao ajudar o nosso irmão, e ao colocar em segundo plano as nossas próprias necessidades para suprir as carências dele.

Isso e somente isso é a verdadeira espiritualidade, e significa retornar ao ponto do qual partimos. Significa o reconhecimento do Ser em tudo. O homem espiritual deve levar uma vida mais elevada do que a vida de altruísmo. Deve levar uma vida de autoidentificação com tudo que vive e se move. Não existe ‘outro’ neste mundo; todos somos um. Cada um é uma forma separada, mas um Espírito move-se e vive em tudo."

(Annie Besant - As Leis do Caminho Espiritual - Ed. Teosófica, Brasília, 2011, p. 78/80)


domingo, 18 de janeiro de 2015

LEI ETERNA

"O karma é eterno, sem início nem fim, pois está em tudo e no todo, até mesmo no vir a ser da formação dos mundos.

Em nossa limitação de consciência, no campo tridimensional da existência física, percebemos o tempo como uma sucessão de eventos com um aspecto linear: o hoje é fruto de ontem e semente do amanhã. A semente armazena em si toda a potencialidade do fruto, assim como o fruto atual é resultante de todas as manifestações da semente do ontem. O hoje é semente e fruto ao mesmo tempo, isto é: a nossa colheita também é semeadura.

O hoje é filho de ontem e pai de amanhã. O tempo é o passado e o futuro fundidos num eterno agora. Disso resulta a magnitude de viver bem a todo momento, sem apegos a ressentimentos e mortificações de um passado inexistente, pois já foi, ou de receios e expectativas de um futuro também inexistente; pelo menos por ora, pois ele ainda não chegou.

Utilize todas experiências do passado, mas não as rumine nostalgicamente saudoso como escravo dessa prisão inexistente, que algema suas inciativas presentes.

Viva o aqui e agora, com a magnitude de sua alma divina. Em tempos idos construímos nossa personalidade atual e, neste momento, estamos construindo nossa personalidade do amanhã, sem o ranço de outrora, desprovido de remorsos autodestrutivos e sem a ansiedade temerosa do que está por vir. Confie na perfeição divina e na eternidade do karma como dádiva de Deus, enriquecendo, pela aprendizagem, os tesouros inesgotáveis da alma, rumo ao seu grande destino de unir-se ao supremo."

(Antonio Geraldo Buck - Você Colhe o que Planta – Ed. Teosófica, Brasília, 2004 - p. 22/23)


sábado, 17 de janeiro de 2015

TENTE SE COMUNICAR

"Desenvolver essa intuição leva algum tempo. O que se pode fazer entretanto? Faça um esforço para se comunicar. Converse. Não espere seu cônjuge adivinhar o que você pensa. Certa vez uma mulher estava tomando café numa lanchonete e, antes de sair, pediu a conta à garçonete. 'Mas eu coloquei sua despesa na conta do senhor que estava sentado ao seu lado e que acabou de sair', respondeu a garçonete. 'Mas por que é que você fez isso?', perguntou a mulher. 'Nunca vi esse homem antes, nem sei o nome dele.' A garçonete replicou: 'Desculpe-me. Como vocês não conversavam, achei que fossem casados'. É muito triste! Uma psicóloga de Nova York fez uma pesquisa com quarenta mil casais; descobriu que nos quarenta mil casos, marido e mulher conversavam um com o outro, em média, vinte e sete minutos por semana!

Existem casamentos muito profundos, muito unidos, muito íntimos nas suas bases internas onde não há necessidade de conversa em demasia. Um gesto, um olhar é suficiente para que a pessoa amada compreenda. Mas isto é resultado de muito esforço. A maioria das pessoas não procura entender os outros; não procura saber o que o outro sente num nível mais profundo. Portanto, conversem um com o outro - não pressuponha que seu cônjuge possa adivinhar o que se passa em sua mente. E não se refugie na solidão, frustração e mágoa só porque seu esposo ou esposa não compreende o que você está sentindo. Talvez ele ou ela não saiba - como poderia saber? Vocês precisam se abrir e se comunicar. Este é um dos motivos por que Deus nos deu uma boca!"

(Irmão Anandamoy - O Casamento Espiritual - Self-Realization Fellowship - p. 16/18)


sexta-feira, 16 de janeiro de 2015

SAMKALPAYAMA (PARTE FINAL)

"(...) Conquiste sua imaginação. Não lute. Não tente reprimi-la. No entanto, oriente-a. Leve-a para uma direção construtiva. Quando se surpreender 'sonhando acordado' - realizando na imaginação tudo aquilo que por isso ou por aquilo não consegue realizar 'de verdade' -, desperte. Recuse-se a deixar-se enovelar nos caprichos desse hábito pouco sadio. Aprenda a perceber os momentos em que sua imaginação é quem está dirigindo você não você a ela. Sua imaginação é um instrumento precioso quando você direciona no rumo certo - o de sua libertação, levando-o a integrar-se em si mesmo e integrar-se em Deus. Use o ilimitado poder da imaginação para fazer de si mesmo um retrato mental positivo. Imagine-se cada dia mais vitorioso, sereno, iluminado, forte, equânime, senhor da sua mente, cheio de saúde, de alegria, de amor universal, um homem redimido. Faça isso daqui para o resto de sua existência. A força imensa que a imaginação do hipocondríaco demonstra ao fazê-lo padecer é igual à que você tem a seu dispor para melhorar-lhe a saúde. A imaginação, que tem força para desgraçar, tem o poder de salvar. Nunca a deixe arrastá-lo na direção errada. Mantenha-a sempre firme no rumo de sua redenção."

(Hermógenes - Yoga para Nervosos - Ed. Nova Era, Rio de Janeiro, 2004 - p. 178)

quinta-feira, 15 de janeiro de 2015

SAMKALPAYAMA (1ª PARTE)

"Traduz-se samkalpayama por controle sobre a imaginação (yama, controle; samkalpa, imaginação). Vigiar a imaginação, procurando não reprimi-la, mas conquistá-la, é fundamental para uma vida serena, produtiva e sã.

A imaginação é a melhor serva, quando conquistada, mas é a mais tirânica e doida senhora, quando solta e impura. Ninguém desconhece as mil e muitas enfermidades que nascem e crescem, graças à imaginação mórbida. Não é este o caso dos hipocondríacos?! Seus sintomas não são realmente imaginários. Eles existem mesmo e quem lhes dá existência é a imaginação perturbada do doente. As preocupações, que tanto martirizam os ansiosos, não são alimentados pela imaginação? Não é o fato de ficarmos a imaginar que vai acontecer algo de mal que nos tira a calma? A maior parte de nossos sofrimentos antecipados (preocupações) é gratuita. Aquilo que tememos venha acontecer, que a imaginação diz que vai acontecer, muitas vezes só acontece pela força que a imaginação lhes dá. Os preocupados geralmente são homens de imaginação fecunda. Os gênios, também. Nos primeiros, ela é destrutiva. Nestes, criadora. A imaginação, em si, portanto, não é nem construtiva nem destrutiva, a direção em que é usada é o que assim a faz. Não é isto que nos diz a psicocibernética?! É só 'carregar' o servo-mecanismo de nosso cérebro com um alvo negativo e nefasto, para que o mal ocorra, diz essa moderníssima ciência. (...)"

(Hermógenes - Yoga para Nervosos - Ed. Nova Era, Rio de Janeiro, 2004 - p. 177/178)


quarta-feira, 14 de janeiro de 2015

O UNO É O MÚLTIPLO

"Devoção desabrocha em sabedoria; bhakthi produz jnana. Bhakthi é tão necessário e inevitável como a infância. A devoção promove as virtudes mais altas. Os anos de vida desperdiçados sem a luz do Amor são anos ruinosos, de pó e enfermidade. Seria como estar morto ou para sempre decadente. Prema ou o mais alto Amor transcende o ego. É puro, doce, sagrado e santificante. O Amor para Deus, que brota de seu coração, deve fluir para todos, porque todos são encarnações do mesmo Divino Ser. O mal, em você, se manifestará como obstáculo em seu caminho para a paz; ele foi posto lá por seus próprios sentimentos e impulsos (egocêntricos).

O Uno está cintilando em e através da multiplicidade. O Uno é o múltiplo. 'o Uno decidiu ser múltiplo' (Ekoham bahusyam) para gozar sua própria multiplicidade. O Uno surge como toda esta diversidade. Esta é a Verdade. A insistência sobre a unidade fundamental de toda criação é a característica especial do pensamento hindu. Não se dê por satisfeito com míseros fragmentos de informações. Por trás de todo processo do conhecer, busque Aquele que conhece. Esta é a vitória real."

(Sathya Sai Baba - Sadhana, O Caminho Interior - Ed. Nova Era, Rio de Janeiro, 1989 - p. 77/78)

terça-feira, 13 de janeiro de 2015

DO SOLITÁRIO AO SOLITÁRIO

"Nas encostas das poderosas montanhas há muitas aldeias, cada uma com sua própria deidade e seu próprio conselho responsável pelas formas de adoração e louvor ao Uno que habita o topo da montanha. De poucos em poucos anos, representantes de todos os conselhos reúnem-se para decidir que encosta é melhor para a subida. Todos eles trazem evidências e citam autoridades, discutem e partem. Muitos abandonam completamente as encostas e se estabelecem nas planícies, alguns acalentam memórias das estórias contadas por seus antepassados depois de sua subida. Umas poucas crianças ouvem o chamado do topo, entre o alarido dos adoradores no templo e dos eruditos nos conselhos. Somente algumas delas têm força e a coragem de empreender a longa e árdua jornada que conduz à presença do Uno que chama.

Quem é que nos chama? Como podemos ouvir e responder? A origem do chamado está dentro de nós ou acima de nós? ‘Quem vos chamou é fiel’, como diz São Paulo. Se pudermos descobrir um modo de prestar atenção e confiar nesta voz, poderemos deixar de lado a teorização e começar a aprender a responder ao chamado. Se pudermos manter a nossa questão central em mente, não é provável que sejamos distraídos por discussões com o nosso próximo ou por tentativas de convertê-lo. A nossa necessidade é de algum caminho prático que nos ajudará a permanecermos em nossa reta mente pela qual, unicamente, podemos ouvir e ver com retidão. Até que desenvolvamos um órgão interno de discernimento, estamos sem âncora, carregados por qualquer vento ocasional."

(Ravi Ravindra - Sussurros da Outra Margem - Ed. Teosófica, Brasília - p.119/120)

segunda-feira, 12 de janeiro de 2015

COMPAIXÃO: FONTE DE FELICIDADE E DE ALEGRIA

"A melhor maneira de ter certeza de que um dia nos aproximaremos da morte sem remorsos é agindo de maneira responsável e manifestando compaixão pelos outros no presente.

Como vimos, a compaixão é uma das coisas que mais dão sentido às nossas vidas. É a fonte de toda felicidade e alegria duradouras. É o alicerce de um bom coração, o coração daquele que age motivado pela vontade de ajudar os outros.

Por meio da bondade, da afeição, da honestidade, da verdade e da justiça para com todos os outros é que asseguramos nossos próprios benefícios. Essa não é uma questão para ser debatida com teorizações complicadas. É uma questão simples, de bom-senso.

Por isso, podemos rejeitar tudo mais: religião, ideologia, toda a sabedoria recebida, mas não podemos deixar escapar a necessidade de amor e compaixão."

(Dalai-Lama - O Caminho da Tranquilidade - Ed. Sextante, Rio de Janeiro, 2008 - p. 92)


domingo, 11 de janeiro de 2015

AJUDA MÚTUA PARA DESENVOLVER QUALIDADES DIVINAS

"Por meio da lei da relatividade, Deus se dividiu em homem e mulher. Ambos, porém, homem e mulher, sendo feito à Sua imagem, eram essencialmente iguais, por isso Ele criou diferenças superficiais em seus corpos e mentes, não apenas diferenças mentais, mas também emocionais e psicológicas. Deus criou estas diferenças fisiológicas e mentais para distinguir o homem da mulher. O ideal da união espiritual entre eles é que o homem faça aflorar a razão escondida na mulher e que a mulher ajude o homem a descobrir a sensibilidade nele oculta. O Mestre não quis dizer com isto que a mulher seja irracional ou que o homem não tenha sentimentos; pelo contrário, ele afirmou que o homem e a mulher espiritualmente evoluídos ajudam-se mutuamente a desenvolver razão perfeita e sentimento perfeito, ou seja as puras qualidades divinas.

O que significa isso? No princípio, a razão não é pura. É de espécie inferior, oriundo da mente sensorial. A razão perfeita não vem da mente comum, é uma faculdade mais elevada, uma qualidade da alma - sabedoria. No princípio, o sentimento também não é puro, vem mesclado de emoção. Portanto, este é o valor espiritual mais importante do casamento, conforme diz o Mestre na Autobiografia de um Yogue. Citando [seu guru] Swami Sri Yukteswar: 'A responsabilidade pessoal de cada ser humano é restituir à sua (...) natureza dualística uma harmonia unificada, ou seja, o Éden'. Sri Yukteswarji quer dizer com isso que, através do íntimo relacionamento conjugal, o homem e a mulher ajudam-se mutuamente a desenvolver tanto a razão perfeita, ou sabedoria, quanto o sentimento perfeito, ou amor. 

Em outro texto, o Paramahansaji afirma que, quando isto é alcançado, homem e mulher se liberam, primeiro unindo-se um ao outro e, depois, unificando-se em Deus. Esta é a finalidade do casamento. Ao concebê-lo desta forma, fica bastante claro que tal relacionamento tem que se basear na amizade divina - ou seja, no amor incondicional, na lealdade incondicional. Trata-se de um compromisso incondicional.  Se não for assim, não é casamento, porque o verdadeiro objetivo não pode ser cumprido. (...)"

(Irmão Anandamoy - O Casamento Espiritual - Sefl-Realization Fellowship - p. 10/12)


sábado, 10 de janeiro de 2015

DITADORES MESQUINHOS (PARTE FINAL)

"(...) É até melhor esconder o alcoolismo mental do que ceder à sua influência em público. A tolerância desavergonhada e contínua é o solo em que florescem as tendências pré ou pós-natais. O indivíduo que antes de nascer já é propenso ao alcoolismo mental, deve tomar cuidado redobrado, evitando viver em ambientes que reguem as sementes psicológicas inatas de seus maus hábitos e humor. 

Naturalmente, quando você encontra uma pessoa que o trata com formalidade e, com um sorriso postiço, diz: 'Como vai? Tenho enorme prazer em conhecê-lo', enquanto, por dentro, pensa: 'Adoraria cortar sua cabeça por me incomodar.' Você sente o que vai por dentro dessa pessoa e não gosta. Eu mesmo aprecio saber em que pé estou com as pessoas. Prefiro tratamento rude a comportamento hipócrita. Ninguém gosta de arriscar a receber o bote da serpente da insinceridade, surgindo de uma roseira de sorrisos. 

Entretanto, é melhor que o alcoólatra mental seja amistoso, mesmo que hipocritamente, do que descarregar seu mau humor nos outros. A prática diária do autodomínio, mesmo em assuntos de pouca importância, ajudará o alcoólatra mental a sair, pouco a pouco, da embriaguêz de sua própria complacência."

(Paramahansa Yogananda - A Eterna Busca do Homem - Self-Realization Fellowship - p. 200)

sexta-feira, 9 de janeiro de 2015

DITADORES MESQUINHOS (4ª PARTE)

"Muitas vezes encontramos o arrimo de família - pai ou filho, e algumas vezes mãe ou filha - exibindo tendências de alcoolismo mental, por terem consciência de que ocupam uma posição de liderança. Esses pequenos ditadores domésticos não deveriam descarregar livremente seu mau humor em dependentes inocentes e indefesos, assim perdendo o respeito íntimo dos que os cercam. Quando um ditador de família pensa que pode fazer o que bem quiser dentro de casa, aos poucos começa a fazer a mesma coisa fora de casa, expressando desagradáveis mudanças de humor ou maus modos. Com o tempo, passa a fazê-lo a qualquer hora e lugar. Se os mesquinhos tiranos domésticos não dominam seus hábitos sádicos, gradualmente se tornam alcoólatras mentais, comportando-se de modo imaturo e causando inúmeros problemas aos que estão íntima ou mesmo casualmente ligados a eles, tanto quanto a si próprios. 

Se você é um alcoólatra mental, procure curar-se: mas, enquanto isso, pelo menos evite tentar contagiar ou influenciar os outros. Pois, seja ou não bem sucedido, provavelmente causará a você mesmo novos problemas. Pense que pandemônio haveria se, de repente alguém soltasse um gambá em seu tranquilo lar, onde você estava calmamente meditando ou lendo um livro junto à lareira. Você e todos a seu redor logicamente tentariam expulsar o gambá e, ao fazê-lo, seriam borrifados com as substâncias malcheirosas do animal. Tanto a família quanto o gambá sofreriam. 

Portanto, não é prudente que um gambá humano entre em ambiente onde não é bem-vindo. Poderá causar problemas para todos e, no fim, ser rudemente tratado. Por favor, lembre-se de que um gambá humano, que carrega a vibração mental de péssimos humores e o reflexo disso em seu rosto, cria incalculáveis danos em ambientes tranquilos. Esse bípede é indesejado em toda parte. (...)"

(Paramahansa Yogananda - A Eterna Busca do Homem - Self-Realization Fellowship - p. 199/200)

quinta-feira, 8 de janeiro de 2015

INFLUÊNCIAS NEUTRALIZANTES (3ª PARTE)

"Mudança de companhia é o melhor remédio para o alcoolismo mental agudo de qualquer espécie, pois a vontade do alcoólatra mental tornou-se escrava do hábito e, portanto, ele não oferece a menor resistência ao mal. A cura mais eficaz é mudá-lo, imediatamente, para um ambiente que possa servir de antídoto específico à sua condição mental tóxica. 

Se possível, o alcoólatra mental da raiva deve ser colocado com um ou mais indivíduos que nunca se encolerizam, mesmo sob circunstâncias irritantes. A pessoa sexual deve ter a seu redor pessoas de autodomínio; o ladrão precisa da companhia de pessoas honestas. O indivíduo cronicamente tímido pode ser ajudado pela associação com pessoas corajosas e pela leitura de histórias de homens que foram heróis. Tipos mal-humorados, desdenhosos ou 'azedos', devem ter a companhia de pessoas habitualmente alegres. 

O alcoólatra mental deve lembrar-se de que a alimentação deficiente, bem como a ingestão de carne (especialmente de boi e de porco) agravarão sua enfermidade psicológica, fixando-a ainda mais fortemente no cérebro. A abundância de frutas e verduras na dieta cotidiana e um dia de jejum por semana, só com suco de frutas - com um jejum mais longo de vez em quando - muito contribuirão para modificar os sulcos cerebrais em que os hábitos nocivos se abrigam. 

Excessos sexuais debilitam o sistema nervoso e os neurônios, o que, por sua vez, piora a raiva do alcoólatra mental. O abuso do sexo também destrói a força de vontade. Por isso, todos os alcoólatras mentais devem aprender a controlar o impulso sexual, para serem moderados nas relações conjugais, segundo os desígnios da natureza."

(Paramahansa Yogananda - A Eterna Busca do Homem - Self-Realization Fellowship - p. 198/199)

quarta-feira, 7 de janeiro de 2015

UM CONCEITO FALSO (2ª PARTE)

"O homem colérico, o sensual e o ganancioso esquecem sua posição e sua relação à sociedade, cometendo grandes erros que arruinam suas vidas e as dos outros. Muitos desses alcoólatras mentais pensam que, se exteriorizarem seus hábitos psicológicos, sentirão algum alívio. Mas o hábito autocomplacente de ceder aos maus impulsos é extremamente prejudicial, pois é através da repetição de expressões negativas que o indivíduo se torna um alcoólatra mental crônico, caindo no ridículo em qualquer tempo e lugar.

Se as crianças forem expostas a maus ambientes enquanto suas mentes ainda são maleáveis, desenvolverão hábitos errôneos que, se não controlados, podem levar ao alcoolismo mental crônico. Ao notarem súbita mudança no filho - por exemplo, se um garoto de temperamento calmo passa a ter frequentes acessos de raiva - os pais devem agir o quanto antes. Deve-se identificar e remover as causas das frustrações, procurando novos meios para o emprego construtivo das energias.

Aqueles que habitualmente mostram qualquer uma das características aqui mencionadas são alcoólatras mentais. Por imprudência, despencam pelas 'Cataratas do Niagara' dos constantes maus hábitos, despedaçando sua felicidade, ao mesmo tempo em que, desamparada mas voluntariamente, permitem a expressão descontrolada de suas piores características. Não é aconselhável censurar alcoólatras mentais que, frequentemente, têm violentos acessos de desgosto e tédio pelo mundo. Sua atitude resulta da contínua repetição de hábitos nocivos. Devem ser tratados como pacientes psicológicos que sofrem de doenças mentais crônicas."

(Paramahansa Yogananda - A Eterna Busca do Homem - Self-Realization Fellowship - p. 198)

terça-feira, 6 de janeiro de 2015

CURAR O ALCOOLISMO MENTAL (1ª PARTE)

"Quem bebe demais forma um hábito pernicioso. Se a pessoa não se esforça para controlar a facilidade de beber, pode tornar-se um alcoólatra e, indefeso, sofrer do desejo irresistível de beber sem limites, sem razão nenhuma. Essas pessoas infelizes costumam gastar todo o dinheiro em bebida; comem pouco e parecem nutrir-se do próprio álcool. Perdem o senso normal de responsabilidade para com a saúde e uma posição honrada na família, na sociedade e no mundo. Com o tempo, podem perder todo o senso de dignidade e ser encontradas completamente bêbedas em qualquer lugar - na sarjeta ou no meio da rua - expostas aos perigos de assaltos ou atropelamentos. 

Esta descrição das pessoas que abusam da bebida serve para ilustrar o que quero dizer com a expressão 'alcoolismo mental'. Os alcoólatras mentais podem ser individualmente classificados, em função de seus extremos psicológicos específicos e crônicos, que podem ser raiva, medo, sexo, sadismo, jogos de azar, roubo, ciúme, ódio, gula, mau humor, malícia ou irracionalidade. 

Quando, logo no começo da vida, alguém exibe acessos exagerados de raiva, medo, ciúme - ou de qualquer característica mencionada - podemos saber que esses hábitos mentais anormais foram adquiridos em existência anterior. Os pais que notarem em seu filho qualquer uma dessas tendências psicológicas nocivas, mesmo na infância, devem agir logo e tomar providências para evitar que a criança se torne um alcoólatra psicológico. Se possível, devem mudar seu ambiente, colocando o filho sob os cuidados de bons instrutores espirituais.

Por meio de boa companhia constante e do ambiente adequado durante muitos anos, um alcoólatra mental pode livrar-se dos tentáculos do mal congênito. Enquanto estiver recebendo um tratamento sério em bom ambiente, deve ouvir tudo a respeito das consequências perniciosas de seus hábitos, ser incentivado à autorreflexão, e fazer o esforço sério de não manifestar esses maus hábitos em circunstância alguma. Toda complacência com um hábito mental adquirido antes do nascimento fortalece-o cada vez mais, até o possuidor ficar literalmente escravizado."

(Paramahansa Yogananda - A Eterna Busca do Homem - Self-Realization Fellowship - p. 197/198)

segunda-feira, 5 de janeiro de 2015

AQUIETANDO-SE NATURALMENTE (PARTE FINAL)

"(...) Outro aspecto do problema torna-se aparente quando observamos a nós mesmos, sem querer ser ou fazer isso ou aquilo, abrindo mão de trivialidades e superficialidades. Com relação à profissão ou à ocupação, é necessário ter atenção e cuidadoso discernimento. Mas existem inúmeras atividades superficiais da mente que não tem propósito; seguem em frente mecanicamente. A mente está enredada em desejo, e a mente-desejo sente-se viva quando está em estado de preocupação, medo ou agitação. Ela não consegue se manter ocupada com coisas profundas; portanto, mantém-se numa atmosfera de trivialidades.

A mente aquieta-se quando o foco de sua atenção passa do pessoal para o impessoal, do trivial e superficial para o real e significativo. O estado de quietude torna-se natural quando pensamos em termos da natureza universal da experiência – dor, alegria, luta e assim por diante - , porque o foco muda. Helena Blavatsky aconselhou aos estudantes de espiritualidade a se demorarem nas verdades universais. À medida que o foco muda, o interesse também muda.

Então, embora leve tempo para a mente morrer, nós não desistimos. O desafio é interessante. O estudante universitário acha seu trabalho cansativo quando só tenta conseguir boas notas e um bom emprego, mas se seu interesse estiver desperto, ele trabalha com alegria; assim, a estrada espiritual é o tempo todo ascendente, mas quando há interesse, escalar é uma alegria."

(Radha Burnier - Aquietando-se naturalmente -  Revista Sophia, Ano 9, nº 33, p.41)

domingo, 4 de janeiro de 2015

AQUIETANDO-SE NATURALMENTE (2ª PARTE)

"(...) Uma das características de uma pessoa espiritualmente evoluída é que ela não é pessoal. Pelo contrário, a mente-desejo é muito pessoal, como rapidamente descobrimos quando observamos com cuidado nossas reações do dia a dia com relação às pessoas e aos incidentes. À medida que a mente se torna mais perspicaz e mais afiada, ela se torna crítica em relação ao modo como os outros pensam e agem. Aliás, ela tem considerável satisfação em notar algo que possa criticar ou condenar. No nível subconsciente, isso fortalece o centro egoico e seu senso de superioridade – o que talvez possa explicar por que falar e pensar criticamente dos outros é tão comum. 

Certamente é bom ser crítico no sentido correto; é um sinal de que viveka, ou a faculdade de discernir, está devidamente ativa. Mas esse tipo de observação deve estar livre do elemento pessoal. O verdadeiro viveka não produz reações nem memórias que distorçam o relacionamento. Por outro lado, a atitude não pessoal dá origem a sentimento de gentileza e de compreensão das lutas que as outras pessoas travam. Ser verdadeiramente impessoal ou estar calmamente perceptivo do que acontece, não tendo resíduos ou imagens na mente. (...) 

A perspectiva pessoal e a reação pessoal são como uma ferida na mente, uma fonte de irritação. Se aprendemos a ser pessoais ou um tanto não pessoais (a palavra impessoal sugere falta de sentimento, mas os bons sentimentos caracterizam a mente não pessoal), poderemos descobrir que existe muito menos atividade e agitação mental. (...)" 

(Radha Burnier - Aquietando-se naturalmente -  Revista Sophia, Ano 9, nº 33, p.41)