OBJETIVOS DO BLOGUE

Olá, bem-vindo ao blog "Chaves para a Sabedoria". A página objetiva compartilhar mensagens que venham a auxiliar o ser humano na sua caminhada espiritual. Os escritos contém informações que visam fornecer elementos para expandir o conhecimento individual, mostrando a visão de mestres e sábios, cada um com a sua verdade e experiência. Salientando que a busca pela verdade é feita mediante experiências próprias, servindo as publicações para reflexões e como norte e inspiração na busca da Bem-aventurança. O blog será atualizado com postagens de textos extraídos de obras sobre o tema proposto. Não defendemos nenhuma religião em especial, mas, sim, a religiosidade e a evolução do homem pela espiritualidade. A página é de todos, naveguem a vontade. Paz, luz, amor e sabedoria.

Osmar Lima de Amorim


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quinta-feira, 4 de janeiro de 2024

DOIS CAMINHOS

"Na vida há um caminho de Ida e outro de Volta.

No trajeto de ida, a alma é ainda jovem e acha que pode tudo, que tudo é dela, sonha com riquezas e posses e quer conquistá-las a todo Custo. Faz parte de nossa etapa evolutiva adquirir bens materiais que nos deem prazer, como brinquedos para uma criança.

O tempo passa e chega a hora de trilharmos o Caminho de Volta.

A alma sofrida e amadurecida começa a entender que nada lhe pertence. Surge a compreensão interior de que somos apenas administradores dos bens e dons recebidos. A vida é uma e una e tudo é de todos e de ninguém.

É quando a luz se acende, a ficha cai e o esplendor se faz presente.

Depois de muito peregrinar o ser se ilumina e finalmente entende essa máxima divina: 'Quem não quer nada pode dar tudo.'

Lenta e persistentemente a senda é seguida, o caminho vai se abrindo e o ser sente que nada mais lhe falta, pois ele não está mais preso a nada. Só tem compromisso com sua missão, seu dharma, sua obrigação: Servir. 

A maioria de nós ainda se encontra no meio do caminho (buscando o caminho do meio), saindo da adolescência espiritual e nos preparando para nova etapa de nossa trajetória. 

Periodicamente a Vida se apresenta mais intensamente, nos impulsionando a ser quem verdadeiramente somos. Luzes.

Vamos!"

Extraído do livro "Escrita Divina", de Fernando Mansur, Rio de Janeiro, Edição do autor, 2017, p. 139.
Imagem: Pinterest. 

terça-feira, 9 de fevereiro de 2021

O QUE A NOSSA MORTE SIGNIFICA?

"A nossa morte é a separação permanente entre o nosso corpo e a nossa mente. Podemos experienciar muitas separações temporárias do nosso corpo e mente, mas elas não são a nossa morte. Por exemplo, quando aqueles que concluíram seu treino na prática conhecida como 'transferência de consciência' entram em meditação, a mente deles se separa do corpo. O corpo desses meditadores permanece onde estão meditando, mas a mente vai para uma Terra Pura e, então, retorna para o corpo deles. À noite, durante os sonhos, nosso corpo permanece na cama, mas a nossa mente vai para diversos lugares do mundo do sonho e, então, retorna para o nosso corpo. Essas separações de nosso corpo e mente não são a nossa morte, porque essas separações são apenas temporárias. 

Na morte, nossa mente separa-se permanentemente do nosso corpo. O nosso corpo permanece no local de sua vida, mas a nossa mente vai para os diversos lugares das nossas vidas futuras, como um pássaro deixando um ninho e voando para outro. Isso mostra claramente a existência das nossas incontáveis vidas futuras e que a natureza e a função do nosso corpo e da nossa mente são muito diferentes. Nosso corpo é uma forma visual que possui cor e formato, mas nossa mente é um continuum sem forma que sempre carece de cor e formato. A natureza da nossa mente é um vazio semelhante ao espaço, e ela atua percebendo ou entendendo objetos – essa é a sua função. Por meio disso, podemos compreender que o nosso cérebro não é a nossa mente. O cérebro é simplesmente uma parte do nosso corpo que, por exemplo, pode ser fotografado, ao passo que não podemos fazer o mesmo com a nossa mente. 

Podemos não ficar felizes ao ouvir sobre a nossa morte, mas contemplar e meditar sobre a morte é muito importante para a efetividade da nossa prática de Dharma. O motivo é que contemplar e meditar sobre a morte impede o principal obstáculo à nossa prática de Dharma – a preguiça do apego às coisas desta vida – e nos encoraja a praticar o puro Dharma agora. Se fizermos isso, realizaremos o verdadeiro sentido da vida humana antes da nossa morte." 

(Geshe Kelsang Gyatso - Budismo Moderno - Ed. Tharpa Brasil, 3ª edição, 2015 - p. 32/33


terça-feira, 11 de junho de 2019

COMPAIXÃO, PAZ E LIBERDADE

"Quando a mente é virtuosa e paciente, temos tranquilidade. Quando ela está sob o controle da ira, não há paz nem felicidade, mesmo que vivamos num apartamento que custe milhões de reais, que nos alimentemos em restaurantes de luxo e usemos roupas caríssimas. Se não subjugarmos nossa mente e dela cuidarmos, nossa vida será sempre vivida em sofrimento, mesmo que sejamos ricos. Nosso sofrimento mental será maior do que se fôssemos mendigos.

Quando a mente é virtuosa e vibra na frequência da gentileza e da compaixão amorosa, há grande contentamento e uma incrível realização de paz. O sofrimento mental vem de uma sensação de descontentamento. Temos um apartamento, mas pensamos em adquirir um maior ou melhor. Temos uma TV, mas depois de algum tempo queremos uma melhor. O mesmo acontece com os automóveis. Se seguirmos essa atitude egoísta, será sempre assim: um caminho sem fim, o tempo todo buscando mais. Quando não obtemos as coisas que desejamos, vem o sofrimento.

A mente insatisfeita traz problemas demais, como brigas com familiares e amigos, desarmonia, medo, preocupação. Sentimos necessidade de tantas coisas que, mesmo quando envelhecemos, ainda não estamos felizes. Isso continua indefinidamente. Enquanto não pararmos a doença da mente insatisfeita, o sofrimento continuará presente.

Precisamos refrear a mente quando os problemas aparecem. Precisamos pensar, simplesmente: 'Esta é a mente insatisfeita; ela não tem fim. Enquanto eu prosseguir assim, isso jamais terminará. Não tenho certeza de que viverei muito tempo - talvez mais trinta ou quarenta anos. Minha existência não é permanente. A certeza de que viverei por muito tempo até que chegue o momento da minha morte não é confiável. Então, para mim basta. Tenho problemas demais apenas porque estou seguindo a mente insatisfeita.'

Se conseguirmos realmente refrear a mente e pensar dessa forma, a dor causada pela mente insatisfeita será imediatamente pacificada. Virá uma grande paz e uma sensação de liberdade. Quando nossa mente está satisfeita, vivemos a prática do dharma. O benefício de praticar o dharma é a paz imediata."

(Kyabje Lama Zopa Rinpoche - A mente insatisfeita - Revista Sophia, Ano 17, nº 79, p. 6)

quarta-feira, 29 de março de 2017

A PRECIOSIDADE DA NOSSA VIDA HUMANA (PARTE FINAL)

"(...) Com a nossa vida humana podemos, ao colocar o Dharma em prática, obter a suprema paz mental permanente, conhecida como 'nirvana', e a iluminação. Uma vez que essas aquisições são não enganosas e são estados últimos de felicidade, elas são o verdadeiro sentido da vida humana. No entanto, porque o nosso desejo por prazer mundano é tão forte, temos pouco ou nenhum interesse pela prática de Dharma. Do ponto de vista espiritual, essa ausência de interesse pela prática de Dharma é um tipo de preguiça denominado 'preguiça do apego'. A porta da libertação permanecerá fechada para nós enquanto tivermos essa preguiça e, consequentemente, continuaremos a vivenciar infortúnio e sofrimento nesta vida e em incontáveis vidas futuras. A maneira de superar essa preguiça, o principal obstáculo para a nossa prática de Dharma, é meditar sobre a morte. 

Precisamos contemplar a nossa morte e meditar sobre ela repetidamente, até obtermos uma profunda realização sobre a morte. Embora, num nível intelectual, todos nós saibamos que definitivamente iremos morrer, nossa percepção sobre a morte permanece superficial. Na medida em que a nossa compreensão intelectual da morte não toca o nosso coração, continuamos a pensar todos os dias 'eu não vou morrer hoje, eu não vou morrer hoje'. Mesmo no dia da nossa morte, ainda estaremos pensando sobre o que faremos no dia ou na semana seguintes. Essa mente que pensa todo dia 'eu não vou morrer hoje' é enganosa – ela nos conduz na direção errada e faz com que a nossa vida humana se torne vazia. Por outro lado, meditando sobre a morte, substituiremos gradativamente o pensamento enganoso 'eu não vou morrer hoje' pelo pensamento não enganoso 'pode ser que eu morra hoje'. A mente que espontaneamente pensa todos os dias 'pode ser que eu morra hoje' é a realização sobre a morte. É essa realização que elimina diretamente a nossa preguiça do apego e abre a porta para o caminho espiritual. 

Em geral, podemos ou não morrer hoje – não sabemos. No entanto, se pensarmos todos os dias 'talvez eu não morra hoje', esse pensamento irá nos enganar porque vem da nossa ignorância; porém, se em vez disso pensarmos todos os dias 'pode ser que eu morra hoje', esse pensamento não irá nos enganar porque vem da nossa sabedoria. Esse pensamento benéfico impedirá a nossa preguiça do apego e irá nos encorajar a preparar o bem-estar das nossas incontáveis vidas futuras ou a aplicar grande esforço para ingressarmos no caminho da libertação e da iluminação. Desse modo, tornaremos significativa nossa vida humana atual. Até agora desperdiçamos, sem sentido algum, nossas incontáveis vidas anteriores: não trouxemos nada conosco das nossas vidas passadas, exceto delusões e sofrimento."

(Geshe Kelsang Gyatso - Budismo Moderno, O Caminho de Compaixão e Sabedoria - Tharpa Brasil, São Paulo, 2016 - p. 30/31)

terça-feira, 28 de março de 2017

A PRECIOSIDADE DA NOSSA VIDA HUMANA (2ª PARTE)

"(...) O que significa 'encontrar o Budadharma'? Significa ingressar no Budismo buscando sinceramente refúgio em Buda, Dharma e Sangha e, assim, ter a oportunidade de ingressar e fazer progressos no caminho à iluminação. Se não encontrarmos o Budadharma, não teremos oportunidade para fazer isso e, assim, não teremos oportunidade de obter a felicidade pura e duradoura da iluminação, o verdadeiro sentido da vida humana. Concluindo, devemos pensar: 
Agora eu alcancei, por um breve momento, o mundo humano, e tenho a oportunidade de obter a libertação permanente do sofrimento e a felicidade suprema da iluminação por meio de colocar o Dharma em prática. Se eu desperdiçar esta preciosa oportunidade em atividades sem significado, não haverá maior perda nem maior insensatez .
Com esse pensamento, tomamos a firme determinação de praticar agora o Dharma dos ensinamentos de Buda sobre renúncia, compaixão universal e visão profunda da vacuidade, enquanto temos esta oportunidade. Então, meditamos repetidamente nessa determinação. Devemos praticar essa contemplação e meditação todos os dias em muitas sessões e, desse modo, nos encorajarmos a extrair o verdadeiro sentido da nossa vida humana. 

Devemos nos perguntar o que consideramos mais importante – o que desejamos, pelo que nos dedicamos ou com o que sonhamos? Para algumas pessoas são as posses materiais, como uma casa grande com os últimos requintes de conforto, um carro veloz ou um emprego bem remunerado. Para outros é reputação, boa aparência, poder, excitação ou aventura. Muitos tentam encontrar o sentido de suas vidas em relacionamentos familiares e círculo de amigos. Todas essas coisas podem nos fazer superficialmente felizes por pouco tempo, mas elas também causam muita preocupação e sofrimento. Elas nunca irão nos dar a verdadeira felicidade que todos nós, em nossos corações, buscamos. Já que não podemos levá-las conosco quando morrermos, com certeza irão nos decepcionar se tivermos feito delas o principal sentido da nossa vida. As aquisições mundanas, tomadas como um fim em si mesmas, são ocas: elas não são o verdadeiro sentido da vida humana. (...)"

(Geshe Kelsang Gyatso - Budismo Moderno, O Caminho de Compaixão e Sabedoria - Tharpa Brasil, São Paulo, 2016 - p. 29/30)
Fonte:  https://cienciaespiritualidadeblog.wordpress.com


segunda-feira, 27 de março de 2017

A PRECIOSIDADE DA NOSSA VIDA HUMANA (1ª PARTE)

"O propósito de compreender a preciosidade da nossa vida humana é encorajarmo-nos a extrair o sentido da nossa vida humana e não desperdiçá-la em atividades sem significado. Nossa vida humana é muito preciosa e significativa, mas somente se a usarmos para obter libertação permanente e a felicidade suprema da iluminação. Devemos nos encorajar a realizar o verdadeiro significado da nossa vida humana por meio de compreender e contemplar a seguinte explicação. 

Muitas pessoas acreditam que o desenvolvimento material é o verdadeiro sentido da vida humana, mas podemos ver que não importa quanto desenvolvimento material exista no mundo, ele nunca reduz os sofrimentos e os problemas humanos. Em vez disso, ele frequentemente faz com que os sofrimentos e os problemas aumentem; portanto, ele não é o verdadeiro sentido da vida humana. Devemos saber que, vindos das nossas vidas anteriores, alcançamos agora o mundo humano por apenas um breve instante e que temos a oportunidade de obter a felicidade suprema da iluminação praticando o Dharma. Essa é a nossa extraordinária boa fortuna. Quando alcançarmos a iluminação, teremos satisfeito todos os nossos desejos e poderemos satisfazer os desejos de todos os demais seres vivos; teremos libertado a nós próprios permanentemente dos sofrimentos desta vida e de incontáveis vidas futuras, e poderemos beneficiar diretamente todos e cada um dos seres vivos, todos os dias. A conquista da iluminação é, portanto, o verdadeiro sentido da vida humana. 

A iluminação é a luz interior de sabedoria que é permanentemente livre de toda aparência equivocada e que atua concedendo paz mental para todos e cada um dos seres vivos, todos os dias – essa é a função da iluminação. Agora mesmo obtivemos um renascimento humano e temos a oportunidade de alcançar a iluminação pela prática do Dharma; assim sendo, se desperdiçarmos esta preciosa oportunidade em atividades sem significado, não haverá maior perda nem maior insensatez do que essa. O motivo é que tal oportunidade preciosa será extremamente difícil de ser encontrada no futuro. Em um Sutra, Buda torna isso claro por meio da seguinte analogia. Ele pergunta aos seus discípulos: 'Imaginem que exista um vasto e profundo oceano do tamanho deste mundo; que, em sua superfície, haja uma canga dourada flutuando; e que, no fundo do oceano, viva uma tartaruga cega que vem à superfície apenas uma vez a cada cem mil anos. Quantas vezes a tartaruga colocaria sua cabeça no meio da canga?'. Ananda, seu discípulo, respondeu que, certamente, isso seria extremamente raro. 

Nesse contexto, o vasto e profundo oceano refere-se ao samsara – o ciclo de vida impura que temos experienciado desde tempos sem início, continuamente, vida após vida, sem fim; a canga dourada refere-se ao Budadharma, e a tartaruga cega refere-se a nós. Embora não sejamos fisicamente como uma tartaruga, mentalmente não somos muito diferentes; e embora os nossos olhos físicos possam não ser cegos, os nossos olhos de sabedoria o são. Na maioria das nossas incontáveis vidas anteriores, permanecemos no fundo do oceano do samsara, nos três reinos inferiores – no reino animal, no reino dos fantasmas famintos e no reino do inferno – emergindo como ser humano apenas a cada cem mil anos, mais ou menos. Mesmo quando alcançamos brevemente o reino superior do oceano do samsara como um ser humano, é extremamente raro encontrar a canga dourada do Budadharma: o oceano do samsara é extremamente vasto, a canga dourada do Budadharma não permanece num único lugar, mas move-se de um lugar a outro, e os nossos olhos de sabedoria estão sempre cegos. Por essas razões, Buda diz que, no futuro, mesmo se obtivermos um renascimento humano, será extremamente raro encontrar o Budadharma novamente; encontrar o Dharma Kadam é ainda mais raro que isso. Podemos ver que a grande maioria dos seres humanos no mundo, embora tenham brevemente alcançado o reino superior do samsara como seres humanos, não encontraram o Budadharma. O motivo é que os seus olhos de sabedoria não se abriram. (...)"

(Geshe Kelsang Gyatso - Budismo Moderno, O Caminho de Compaixão e Sabedoria - Tharpa Brasil, São Paulo, 2016 - p. 27/29)
Fonte:  https://cienciaespiritualidadeblog.wordpress.com



sábado, 28 de janeiro de 2017

O DESENVOLVIMENTO DE PODERES OCULTOS

"Os aspirantes formulam com frequência a pergunta sobre como a pessoa pode desenvolver os poderes ocultos ou siddhis. O seu desenvolvimento depende do carma, do dharma, da capacidade e do motivo da pessoa. A questão é motivada pelo interesse pessoal sobre estas coisas como objetivos, ou é para ganho material, prestígio e riquezas? Ou a questão origina-se do amor altruísta para ajudar nosso próximo?

O sucesso será difícil a menos que o amor pela humanidade seja o motivo. Isto não significa necessariamente amor possessivo ou emocional, mas compaixão búdica, na qual a pessoa compartilha as necessidades e os sofrimentos da humanidade e anseia retirar um pouco do pesado carma do mundo. Por trás de tudo deve haver uma vontade sem egoísmo para curar, para descobrir a fim de compartilhar e para ensinar os outros a fazerem o mesmo. O desenvolvimento da clarividência não terá utilidade sem este motivo altruísta de serviço, não sendo alcançada a plena floração de seu desenvolvimento apesar de que muitos benefícios possam ser efetuados.

A maneira de aprender a fazer estas coisas é fazendo, aconselha-se ao aspirante que desenvolva a capacidade baseada no estudo e na investigação oculta e, acima de tudo, na ioga. Quando a pessoa sente-se movida para o interior, colocando impessoalmente suas mãos sobre a cabeça daqueles que sofrem e precisam de cura, isto pode ser útil. Se a investigação oculta nos atrai, então nos é dito para usar aquele pequeno conhecimento e poderes que já possuímos. A pessoa aprende melhor fazendo; irá desenvolver a faculdade pela prática, mesmo se isto não for aparente no princípio." 

(Geoffrey Hodson - A Suprema Realização através da Yoga - Ed. Teosófica, Brasília, 2001 - p. 73/74)
www.ediorateosofica.com.br


domingo, 27 de novembro de 2016

QUAL É O SEU DEVER

"Qual é exatamente seu dever? Deixe-me resumi-lo para você. Primeiro, cuide de seus pais com amor, reverência e gratidão. O segundo é falar a verdade (sathyam vada) e agir com virtude (dharmam shara). Terceiro, quando dispuser de algum tempo, repita, repita o nome do Senhor, imaginando Sua Forma. Quarto, não se permita falar mal dos outros, nem tente descobrir os erros deles. E, finalmente, o quinto, não cause dor, de qualquer forma, aos outros.

Reverencie a sabedoria (jnana), assim como o faz a seu pai. Adore o Amor (prema) como adora sua mãe. Movimente-se fundamentalmente em Retidão (dharma) como se a retidão fosse sua verdadeira irmã. Confie na Compaixão (daya) como sua própria filha. Tais são seus genuínos parentes. Mova-se com eles. Viva com eles. Não os abandone. Não negligencie."

(Sathya Sai Baba - Sadhana, O Caminho Interior - Ed. Nova Era, Rio de Janeiro, 1993 - p. 161)


quarta-feira, 3 de fevereiro de 2016

CRESCENDO EM CONHECIMENTO E CAPACIDADE

"A vida é um mistério, e nós a conhecemos em suas manifestações. Podemos pensar na vida como a existência e atividade do Eu por trás de tudo, que é um, imortal, eterno, e ilimitado, eternamente belo e criativo. Tem-se imaginado a natureza desse Eu como sendo Luz, Fogo, Som. A morte assiste-a em cada forma exceto em sua plenitude. Pois o processo de sua manifestação deve precisar ser uma limitação e uma retirada. Existem o pravritti marga e o nivritti marga, as sendas de ida e de retorno, uma atividade cíclica que é uma tentativa sucessiva de autodefinição da entidade ou consciência em questão, uma passagem da imperfeição para a perfeição relativa. A vida no mundo é vida numa prisão; a vida em qualquer forma deve inevitavelmente estar imensamente circunscrita. Mas em cada estágio o dharma é tornar a vida tão perfeita, tão bela quanto possível.

Assim, a medida que passamos de estágio a estágio crescemos em conhecimento e capacidade, e, eventualmente, quando o quadro perfeito tiver sido desenhado, ele será belo em cada parte e como um todo, e toda a confusão trabalho, sofrimento e exaustão parecerão não apenas maravilhosamente vantajosos para realização tão gloriosa, mas talvez até mesmo diferentes do que parecem aos nossos olhos atualmente. Talvez mesmo agora, de algum modo misterioso, inimaginável, seja um processo de desabrochar de uma imagem oculta de beleza perfeita em sua sabedoria, força e amor."

(N. Sri Ram, O Interesse Humano, Editora Teosófica, Brasília, 2015 - p.35/36)


domingo, 25 de janeiro de 2015

O QUE É, ENTÃO, A LEI DO DEVER?

"O que é, então, a lei do dever? Ela varia com cada estágio de evolução, embora o princípio seja sempre o mesmo. É progressiva como é progressiva a evolução. O dever do selvagem não é o dever do homem culto e evoluído. O dever do instrutor não é o dever do rei. O dever do comerciante não é o dever do guerreiro. Assim, quando estamos estudando a Lei do Dever, devemos começar estudando nosso próprio lugar na grande escada da evolução, estudando as circunstâncias à nossa volta que mostram o nosso karma, estudando nossos próprios poderes e capacidades, e tomando consciência de nossas fraquezas, e a partir deste estudo cuidadoso devemos descobrir a Lei do Dever por meio da qual devemos orientar nossos passos.

O Dharma é o mesmo para todos que estão no mesmo estágio evolutivo e sob as mesmas circunstâncias, e existe algum Dharma comum a todos. Os décuplos deveres estabelecidos pelo Manu são obrigatórios para todos aqueles que queiram trabalhar com a evolução, os deveres gerais que o homem deve ao homem. A experiência do passado deixou neles a sua marca, e sobre eles não podem surgir dúvidas.

Mas há muitas questões sobre o Dharma que não são simples em caráter. A verdadeira dificuldade daqueles que estão se esforçando para avançar ao longo do caminho da espiritualidade é, geralmente, distinguir o seu Dharma, e saber o que exige a Lei do Dever."

(Annie Besant - As Leis do Caminho Espiritual – Ed. Teosófica, Brasília, 2011 - p. 66/68)


terça-feira, 11 de novembro de 2014

O PROBLEMA DO BEM E DO MAL (3ª PARTE)

"(...) A mesma emoção grosseira, num homem evoluído, de corpo astral mais refinado, será sempre um mal, porque não tornará o corpo astral mais vibrátil e sim, exercerá efeito oposto - estará contrariando a linha da evolução. Diz-nos muito sugestivamente a Sra. Besant, que a evolução é uma escada em cujos degraus estão os homens, conforme o seu grau de adiantamento. (...)

O problema do bem ou do mal é, pois, essencialmente individual e não se julgará, também, uma ação boa ou má, pela felicidade ou pelo prazer que ela irá produzir e sim pela consequência que irá ter na evolução do indivíduo.

A maioria das ações humanas tem uma boa mistura de 'bem' e de 'mal' e só podem ser avaliadas corretamente pela precedência do 'bem' sobre o 'mal'. Às vezes podem ser aparentemente más e no entanto encerrarem apenas o 'bem'.

Assim Çakya Muni abandonou esposa e filho para se dedicar à salvação da Humanidade. Ora, neste caso particular havia apenas 'bem' porque a humanidade é mais importante do que família. Para um grande Ser, como o era Çakya Muni, seria um mal imensurável se Ele continuasse com os seus e não se oferecesse para aliviar o pesado Carma do mundo. A Sua vida foi exemplo edificante para todos os membros de sua família e esta ficou amparada em todos os sentidos, material e espiritualmente.

Um indivíduo pouco evoluído, que abandonasse os seus, para se dedicar a uma causa mesmo elevada, estaria cometendo um mal, porque, para o mais atrasado, o dever primordial é o DHARMA familiar, e o do amparo à família. Se um Iniciado abandonar a família para se sacrificar por uma causa, poderá estar cometendo um ato bom e mau, ou seja, um ato imperfeito. Só as condições cármicas individuais e do momento poderão determinar se haverá maior soma de bem ou de mal em seu ato. O Dharma é também, estritamente individual e o do Iniciado é muito diferente do do indivíduo comum. (...)"

(Alberto Lyra  – O ensino dos mahatmas – IBRASA, São Paulo, 1977 – p. 224)
www.editorateosofica.com.br/loja


domingo, 27 de abril de 2014

A LEI DO DEVER (PARTE FINAL)

"(...) Podemos errar; mas se errarmos, tendo-nos esforçado para ver com clareza, lembremos que o erro é necessário para nos ensinar uma lição, que para nosso progresso é vital que aprendamos; podemos errar e escolher o caminho do desejo, iludidos por sua influência, e quando pensamos que estamos escolhendo o Dharma, podemos estar sendo movidos por Ahamkᾱra². Mesmo que seja assim, tomamos a atitude certa quando lutamos para ver o que é correto e resolvemos agir com retidão. Mesmo que ao nos esforçarmos para fazer o que é correto, fizermos o errado, podemos ter a certeza de que o Deus dentro de nós irá corrigir-nos. Por que deveríamos nos desesperar quando cometemos erros, quando nosso coração está fixo no Supremo, quando estamos esforçando-nos para ver o que é correto?

Não, em vez disso, se nos esforçarmos para fazermos o que é certo, e em nossa cegueira fazemos o errado, devemos sim dar as boas-vindas à dor que clareia a visão mental, e destemidamente bradaremos ao Senhor da passagem incandescente da montanha ‘Enviai mais uma vez vossas chamas para calcinar tudo o que obstrua a visão, toda escória que está misturada ao ouro puro; queimai, ó Ser Radiante, até que saiamos do fogo como se fôramos ouro puro e refinado, do qual desapareceu toda impureza.’

Porém se nós, covardemente, recuamos da responsabilidade de chegar a uma decisão e, surdo à voz da consciência, escolhemos o caminho fácil que uma outra pessoa nos disse ser correto, mas que sentimos ser o errado, e assim, contra nossa própria consciência seguimos o caminho de uma outra pessoa, o que fizemos? Embotamos a voz divina dentro de nós; e escolhemos o inferior e não o superior; escolhemos o fácil e não o difícil; escolhemos a subjugação da vontade e não sua purificação; e muito embora o caminho que trilhamos pela escolha de uma outra pessoa possa ser o melhor dos dois, não obstante prejudicamos nossa evolução ao falharmos em fazer aquilo que acreditávamos ser correto. Este erro é mil vezes mais injurioso do que errar pela fascinação do desejo."

². Ahamkᾱra (sânscrito) O conceito de "eu", a autoconsciência ou autoidentidade; o sentimento da personalidade, o "eu", o início egoísta e mayávico do homem, por causa da nossa ignorância que separa o nosso "eu" universal (Glossário Teosófico) Grifo nosso.

(Annie Besant - As Leis do Caminho Espiritual – Ed. Teosófica, Brasília, 2011 - p. 70/72)

sábado, 26 de abril de 2014

A LEI DO DEVER (1ª PARTE)

"Existem muitos casos, em nossa experiência diária, nos quais parece surgir conflito de deveres. Um dever chama-nos numa direção, outro noutra. Então ficamos perplexos quanto ao Dharma, tal como ficou Arjuna na batalha de Kurukshetra. 

Estas são algumas das dificuldades da Vida Superior, os testes da Consciência em evolução. Não é muito difícil cumprir o dever que é claro e simples. É provável que aí não ocorra erro. Mas quando o caminho da ação torna-se emaranhado e duvidoso, quando não conseguimos ver, como então iremos trilhá-lo através das trevas? Sabemos de alguns perigos que obnubilam a razão e a visão, e dificultam distinguir o dever. Nossas personalidades são os nossos inimigos sempre presentes, aquele eu inferior que se veste de centenas de formas diferentes, que às vezes põe a mesma máscara do Dharma, e assim evita que reconheçamos que, ao segui-lo, estaremos seguindo o caminho do desejo e não o do dever. Como podemos então distinguir quando a personalidade nos está controlando, e quando o dever nos direciona? Como saberemos quando estamos sendo afastados do caminho, quando a própria atmosfera da personalidade que nos envolve distorce o objeto além de si pelo desejo e pela paixão?

Em provações assim não conheço maneira mais segura do que nos retirarmos em silêncio para a câmara do coração, para tentar pôr de lado os desejos pessoais, e por um instante nos esforçarmos em afastar da personalidade o nosso Ser, e olharmos para a questão numa luz mais ampla, mais clara, orando ao nosso Gurudeva¹ para que nos oriente; então, sob essa luz podemos conquistar, por meio da oração, da autoanálise, e da meditação, o direito de escolher o caminho que nos pareça ser o do dever. (...)"

¹. Gurudeva, Literalmente: “Maestro Divino”. (Conforme Glossário Teosófico) grifo nosso.

(Annie Besant - As Leis do Caminho Espiritual – Ed. Teosófica, Brasília, 2011 - p. 70)

quinta-feira, 27 de fevereiro de 2014

QUAL O NOSSO DEVER?

"No início do Bhagavad-Gita, Arjuna fica perplexo perante seu dever, e por isso é incapaz de agir. Finalmente, após seu diálogo com Sri Krishna, vê com mais clareza e a ação se torna possível.

Um amigo meu não gostava do Bhagavad-Gita porque dizia ser pacifista! É claro que todos compreendemos que a história do Kurukshetra não deve ser aceita literalmente para justificar a guerra, mas simbolicamente, no sentido de que dita ‘guerra’ não é contra nossos parentes, nossos amigos, nossos instrutores ou quaisquer outras pessoas, ou mesmo contra nossos inimigos, se tivermos algum, mas contra as tolas e destrutivas tendências que cultivamos. Todos nós, cedo ou tarde, iremos encarar nosso Kurukshetra!

E muitas vezes não sabemos ou não queremos saber qual é o ‘inimigo’ dentro de nós, e assim, se formos sinceros, ficaremos como Arjuna, indecisos e perplexos quanto a nosso dever, e talvez façamos algo tolo ou não façamos nada, quando tivermos que agir.

A palavra ‘dever’, como as palavras ‘disciplina’ e ‘sacrifício’, não agrada aos que pensam mais em seus direitos do que em seus deveres! Mas, num sentido mais profundo, o que é o dever? Não é o que chamamos de nosso ‘Dharma’, um dos diversos sentidos desta palavra?

Nosso Dharma pode ser nosso papel na vida, por exemplo, ser membro de uma família ou ser empregado ou empregador. Mas qual é o nosso Dharma num caso específico? Apenas nós podemos saber, e o que pensamos que sabemos depende do nível de nossa consciência."

(Mary, Anderson - Qual é nosso Dever - Revista Theosophia – Pub. da Sociedade Teosófica no Brasil, Ano 95, jan/fev/março 2006 - p.22)
http://www.sociedadeteosofica.org.br/


domingo, 24 de novembro de 2013

O LONGO CAMINHO PARA A INDIVIDUALIZAÇÃO



"2 – Dentre as criaturas sensíveis é difícil alcançar o nascimento como ser humano; dentre os seres humanos, nascer homem; quando homem, ser um Brãhmana; sendo um Brãhmana, desejar seguir a senda do dharma védico e entre esses aprender verdadeiramente. Mas o conhecimento espiritual que discerne entre o Espírito e o não espírito, a realização prática da fusão com Brahmãtman e a emancipação final dos grilhões da matéria são inatingíveis, exceto por um karma de centenas de milhões de encarnações. 

COMENTÁRIO - Reflitamos sobre a imensa quantidade de seres visíveis e invisíveis que existem nos inumeráveis mundos que constituem o Universo. Como é difícil ser humano! Mas o fato de sermos seres humanos não significa que alcançamos a plenitude desse estado, que, no dizer do psicólogo Carl Gustav Jung, chegamos à ‘individualização’. Pouquíssimos são os que conseguem esse objetivo, pois a imensa maioria constitui o ‘rebanho’ que é tocado pelos acontecimentos, vive e age em função de reflexões condicionadas. Simples marionetes manipuladas pelas circunstâncias. Ainda é mais difícil ser um Brahmana, alguém que alcançou a mais elevada estatura espiritual. As quatro castas tradicionais da Índia estão vinculadas não às circunstâncias do nascimento, mas à essência do ser de cada um. Mesmo para os que sejam realmente Brahmanas há a dificuldade de desejar efetivamente seguir o dharma como expresso nos Vedas. O dharma é Lei, Ordem, Justiça. É a linha de menor resistência que, uma vez seguida, nos permite alcançar a libertação dos laços do karma. Mas o texto nos adverte da dificuldade do verdadeiro aprendizado. A fusão com a centelha suprema que está dentro de nós, o Brahmãtman, é algo de suprema dificuldade, pois depende fundamentalmente do karma de cada um. E para que isso ocorra são necessárias centenas de milhões de encarnações."

(Viveka-Chudamani - A Joia Suprema da Sabedoria - Comentário de Murillo N. de Azevedo - Ed. Teosófica, Brasília, 2011 - p. 15/16)





quinta-feira, 28 de março de 2013

O DHARMA E OS ATOS INEVITÁVEIS

"(...) Há muitos casos de roubo, de morte e mentira que a lei do homem não pune mas que a lei do karma prevê e faz recair sobre seu autor. Muitos roubos se disfarçam de comércio, muitas operações fraudulentas se disfarçam de negócios, muitas mentiras cuidadosamente arranjadas são tidas por diplomacia. O crime reaparece sob as formas as mais surpreendentes, oculto e disfarçado, e os homens têm que aprender seguidamente, existência após existência, a autopurificação. 

Antes de abordar a essência do pecado, devemos agora levar em consideração um outro ponto que eu não posso omitir inteiramente: a questão do pensamento e da ação. Certos atos que um homem comete são inevitáveis. Não sabemos o que estamos a fazer quando nos permitimos pensar numa direção errada. Cobiçamos em pensamentos o ouro do alheio; a todo momento tomamos, com as mãos da mente, aquilo que não nos pertence. Estamos edificando o Dharma do ladrão. O Dharma é a natureza interna, a natureza interior, e se nós construímos essa natureza interior com maus pensamentos, renasceremos para uma outra existência com um Dharma que nos arrastará aos atos do vício. Tais atos, então, serão cometidos sem qualquer reflexão. Será que fazemos alguma ideia da quantidade de pensamentos que mobilizamos para que um ato seja executado? Podemos represar a água e impedir que ela circule por seu leito, mas tão logo houver um buraco na barragem a água represada escorrerá por ele e arrastará a barragem: passa-se o mesmo com os pensamentos e as ações. Os pensamentos acumulam-se lentamente por trás da represa da falta de oportunidade. Quanto mais pensamos, mais aumenta o fluxo do pensamento por trás da barreira das circunstâncias. Numa outra existência, essa barreira das circunstâncias cederá e o ato será cometido antes mesmo que sobrevenha um novo pensamento. São os crimes inevitáveis que às vezes arruínam uma bela carreira, são pensamentos do passado que vêm dar frutos no presente, é o karma do pensamento acumulado que se manifesta em atos. 

Se nos depararmos com a oportunidade e temos tempo para refletir, para dizer: "Devo fazer isso?", então esse ato já não é mais inevitável para nós. A pausa para refletir significa que podemos remanejar esse pensamento para o outro lado e assim fortalecer a barreira. Não há desculpa se cometemos um ato que antes julgamos errado. Tais atos são inevitáveis somente quando cometidos sem reflexão, quando o pensamento pertence ao passado e o ato ao presente."

(Annie Besant - Dharma - Ed. Pensamento, São Paulo - p. 72/73)