OBJETIVOS DO BLOGUE

Olá, bem-vindo ao blog "Chaves para a Sabedoria". A página objetiva compartilhar mensagens que venham a auxiliar o ser humano na sua caminhada espiritual. Os escritos contém informações que visam fornecer elementos para expandir o conhecimento individual, mostrando a visão de mestres e sábios, cada um com a sua verdade e experiência. Salientando que a busca pela verdade é feita mediante experiências próprias, servindo as publicações para reflexões e como norte e inspiração na busca da Bem-aventurança. O blog será atualizado com postagens de textos extraídos de obras sobre o tema proposto. Não defendemos nenhuma religião em especial, mas, sim, a religiosidade e a evolução do homem pela espiritualidade. A página é de todos, naveguem a vontade. Paz, luz, amor e sabedoria.

Osmar Lima de Amorim


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quinta-feira, 31 de outubro de 2024

A HARMONIA CÓSMICA É O CORAÇÃO PULSANTE DE DEUS

"Amor e paciência são elementos essenciais ao crescimento da harmonia. O amor nutre tudo o que cresce, pois harmoniza e une. O ódio agita e separa, e a indiferença destrói o que poderia ter sido bom e benéfico. Amor é harmonia e harmonia é amor. Corações que não amam jamais recebem a visita dos anjos da harmonia. O amor é o principio maior, mais elevado, mais inspirador e mais sublime da criação. Todas as almas humanas, o mundo e o universo inteiro estão em sintonia com a eterna harmonia cósmica do amor. A desarmonia provém da ignorância desta unidade divina, que é o coração de Deus pulsando em tudo o que Ele criou. Ele é o amor que flui nos corações altruístas e a bem-aventurança que se expressa como alegria em todas as almas.

Um sábio hindu disse: 'As pessoas têm tempo para se preocupar e sofrer, mas acham que não têm tempo para meditar e trabalhar pela verdadeira felicidade'. Jogue fora a indiferença e cultive o amor, a paciência e a sabedoria. Construa suas alegrias sobre os alicerces seguros da harmonia interior. Não alimente nenhum pensamento que não se harmonize com o amor e com os ideais justos de Deus. Deste modo, sua vida toda será inundada pela luz e pela bem-aventurança da Harmonia Divina."

Paramahansa Yogananda, Jornada para a Autorrealização, Self-Realization Fellowship, p. 105/106.
Imagem: Pinterest.


quinta-feira, 18 de julho de 2024

BUSQUE ORIENTAÇÃO DIVINA

"Planeje sua vida, não perca tempo. Se tiver uma vida social intensa demais, não conseguirá chegar a nada. Cultive a introspecção. Afaste-se das pessoas e mergulhe profundamente dentro de si mesmo. Pergunte-se: 'Como posso ser bem-sucedido?' Reflita sobre o que quer fazer, até se perder totalmente na ideia. Pense, pense, pense e faça planos. Depois, espere um pouco; não se entregue a nada precipitadamente. Dê um passo, e pense mais um pouco. Alguma coisa dentro de você lhe dirá o que fazer. Faça-o, e pense mais um pouco. Mais orientação virá. Se aprender a se interiorizar profundamente, conectará sua consciência com a superconsciência da alma, e poderá cultivar as ideias embrionárias do sucesso com infinita força de vontade, paciência e intuição. 

Ao mesmo tempo em que tenta criar o que idealizou, peça sempre ao Pai para guiá-lo. Se o ego for cego e tiver uma voz forte, poderá sufocar a intuição e levar você pelo caminho errado. Contudo, se a intenção for agradar a Deus, esforçando-se para realizar uma coisa que valha a pena, Ele orientará seus passos para o bem, impedindo-o de errar. O modo certo de trabalhar para o sucesso é tratar de agradar a Deus, fazer o melhor possível e, então, não se preocupar mais com o caso.

Neste mundo, você tem que representar seu papel no drama divino. Mas, se se perder no enredo, a vida ficará bem complicada. Você saberá, tarde demais, que desperdiçou tempo. Então, por que não girar a roda da vida em vez de ser atropelado por ela?"

Paramahansa Yogananda, O Romance com Deus, Self-Realization Fellowship, p. 104.
Imagem: Pinterest. 
 

quinta-feira, 20 de janeiro de 2022

TOLERÂNCIA E PACIÊNCIA

"As diferenças não devem fazer com que recuemos. Elas não devem nos impedir de exercer nossa compaixão com força e motivação cada vez maior. Quando Buda nos deu os ensinamentos pela primeira vez, quantas pessoas os compreenderam? Nenhuma. Por causa disso, ele se recusou a dar os ensinamentos por um período de sete semanas, mas depois começou a ensinar novamente.

Se Buda tivesse se recusado a ensinar porque ninguém lhe dava ouvidos, não teríamos a religião budista hoje. Da mesma forma, se eu insisto que minhas palavras e minha compaixão têm que ser aceitas por todos, essa seria uma sabedoria decadente; seria sabedoria para mim e para mais ninguém. A verdadeira sabedoria é abrir mão daquilo que eu acho ser correto para ver com maior clareza o que é verdadeiramente útil. Sabedoria é a abertura que nos permite ver o que é essencial e mais eficaz, o que verdadeiramente precisa ser praticado por toda a humanidade. Isso é muito necessário. Isso é algo que precisamos praticar.

A sabedoria exige que trabalhemos de acordo com a bondade que todos temos. Quando nos defrontamos com obstáculos ou dificuldades, podemos usá-los para desenvolver mais inspiração, pois se verdadeiramente estimamos a gentileza e o cuidado, essa crença nos dará a coragem para superar todos os obstáculos. Sabedoria é ser capaz de usar os obstáculos dessa maneira. Caso contrário, a sabedoria se torna uma peça de museu e terminamos colecionando filosofias, lógica se ensinamentos exatamente como as pessoas colecionam selos.

A sabedoria de todas as tradições do mundo precisa ser nutrida e cuidada, não colecionada. Nossa sabedoria inata precisa ser desenvolvida, compreendida e aguçada. Cada pessoa deve desenvolver o destemor para que a sabedoria possa extirpar sua ignorância. A melhor sabedoria é aquela que você tem a coragem de aplicar a si próprio. Somente então você pode realmente compreender os seres humanos como eles são. Depois você pode dar a si próprio e aos outros a oportunidade de crescer individualmente, pensar como eles querem. Todos nós precisamos de espaço para nos desenvolver. 

Podemos aprender juntos até um determinado ponto, mas a transformação do mundo deve começar dentro de nós. Compaixão e sabedoria precisam trabalhar juntas, combinadas com habilidade, tolerância e paciência. Se nos dermos tempo e espaço para verdadeiramente observar nossos próprios pensamentos e ações, o bem surgirá. Devemos dar a nós e aos outros espaço onde possamos funcionar de maneira apropriada, e passar a agir de maneira altruísta. 

É muito fácil dizer essas coisas. A prática começa definitivamente com nós mesmos. Quando olhamos para um espelho, geralmente sabemos o que queremos ver, e assim vemos somente o que queremos. Ver o que realmente está no espelho, bom ou ruim, e trabalhar com o que vemos, é muito importante e necessário. É preciso alguma coragem. 

Pensemos cuidadosamente, porque os tempos mudam. O tempo não espera por ninguém, mas há oportunidades em cada momento. A frivolidade fere somente a nós próprios. Porém, se em nossas curtas vidas formos capazes de ser úteis a alguém mais, então termos agido como um ser iluminado."

(Khandro Rinpoche - Compaixão para uma vida melhor - Revista Sophia, Ano 15, nª 70 - p. 12/13)
Imagem: Pinterest


quinta-feira, 3 de junho de 2021

A BUSCA DA VERDADE - excertos 8 e 9

"8.  Sadaprarudita, que buscava seriamente o verdadeiro caminho da Iluminação com o risco da própria vida, havia abandonado toda a tentativa ao lucro ou honra. Certo dia, uma voz vinda do céu lhe disse: 'Sadaprarudita! Vá direto ao leste. Não se preocupe com o calor ou com o frio, não dê atenção ao louvor ou desprezo mundanos, não se preocupe com as discriminações entre o bem e o mal, apenas se preocupe em ir para o leste. Neste longínquo leste, encontrará um verdadeiro mestre e alcançará a Iluminação.

Sadaprarudita, contente por ter tido esta precisa instrução, imediatamente, encetou viagem rumo ao leste. Quanto a noite chegava, dormia onde se encontrasse, em um ermo campo ou nas agrestes montanhas. Sendo forasteiro em terras estranhas, sofria as mais diversas humilhações; vendeu-se como escravo, desgastou, por causa da fome, a sua própria carne, mas, finalmente, encontrou o verdadeiro mestre e lhe pediu instruções.

'Boas coisas custam muito caro', eis um ditado que se assenta bem no caso de Sadaprarudita, pois ele teve muitas dificuldades em sua viagem à procura do caminho da Iluminação. Sem dinheiro para comprar flores e incenso para oferecer ao mestre, tentou vender seus serviços, mas não encontrou ninguém que o empregasse. O infortúnio parecia rondá-lo em toda a parte que fosse. O caminho do Iluminação é muito árduo e pode custar a vida a um homem.

Finalmente, Sadaprarudita conseguiu chegar à presença do procurado mestre, mas aí teve nova dificuldade. Não possuía papel nem pincel ou tinta para escrever. Então, feria o punho e com o próprio sangue tomava notas do ensinamento dado por este mestre, Desta maneira, conseguiu a preciosa Verdade.

9.  Havia, certa feita, um menino de nome Sudhana, que também desejou a iluminação e procurou seriamente o seu caminho. De um pescador aprendeu as tradições do mar. De um médico aprendeu a ter compaixão dos doentes em seus sofrimentos. De um homem rico aprendeu que a poupança é o segredo de toda a fortuna; e com isso concluiu que é necessário conservar tudo aquilo que se obtém no caminho da Iluminação, por mais insignificante que seja.

De um monge que medita aprendeu que a mente pura e tranquila tem o miraculoso poder de purificar e tranquilizar outras mentes. Certa vez, encontrou uma mulher de extraordinária personalidade e ficou impressionado com sua benevolência, dela aprendeu que a caridade é o fruto da sabedoria. Certa ocasião, encontrou um velho viandante que lhe contou que, para chegar a um certo lugar, teve de escalar uma montanha de espadas e atravessar um vale de fogo. Assim, com suas expêriencias, Sudhana aprendeu que sempre há um verdadeiro ensinamento a ser colhido e assimilado em tudo aquilo que se ver ou ouvir.

Ele aprendeu paciência de uma pobre mulher, fisicamente imperfeita; aprendeu a pura felicidade, observando as crianças brincarem na rua; e de um gentil e humilde homem, que nunca desejou aquilo que os outros desejavam, aprendeu o segredo de viver em paz com todo o mundo.

Ele aprendeu uma lição de harmonia, observando a composição dos elementos do incenso, e uma lição de gratidão estudando arranjo de flores. Certo dia, passando por uma floresta, parou à sombra de uma árvore, para repousar. Enquanto descansava, viu, perto de uma velha árvore caída, uma minúscula plantinha; deste fato aprendeu uma lição da incerteza da vida.

A luz solar do dia e as cintilantes estrelas da noite constantemente refrescavam sua mente. Assim, Sudhana aproveitou bem as experiências de sua longa jornada.

Aqueles que buscam a Iluminação devem fazer de suas mentes uns castelos e decorá-los. Devem abrir, de par em par, os portões do castelo de suas mentes, para, respeitosa e humildemente, convidar Buda a entrar em sua recôndita fortaleza, aí lhe oferecendo o fragrante incenso da fé e as flores da gratidão e alegria."

(A Doutrina de Buda, Bukkyo Dendo Kyobai, Terceira edição revista, 1982, p. 317/323)


 

quinta-feira, 17 de dezembro de 2020

DICAS PARA EXERCITAR A GRATIDÃO

"Existem várias formas de praticar a gratidão diariamente. Para te ajudar a ser uma pessoa grata, listamos algumas dicas:

1 - Saia do piloto automático: comece a agir de forma mais consciente. Inicialmente, isso pode ser um desafio, mas acredite: todo esse esforço vale a pena.

2 - Exercite a gratidão através de atitude simples: sorria, faça elogios, saiba agradecer os elogios recebidos. Tenha mais paciência e evite o mau humor.

3 - Reconheça seus confortos: na maioria de nossos dias temos mais a agradecer do que lamentar. Se você tem chuveiro quente, cama confortável e comida na mesa, seja grato e desfrute de tudo isso.

4 - Viva o agora: se sua mente ficar no futuro ou no passado, você possivelmente não conseguirá identirficar todas as coisas boas que o cercam.

5 - Ame o que você tem: agradecer por tudo o que você tem te motiva a ir mais longe. Se você deseja emagrecer, por exemplo, aprenda a amar o seu corpo e a capacidade que ele tem de te manter vivo. Insatisfação gera angústia e pensamentos ruins. E isso não te levará a nada. 

(Rodrigo Filla - Vertical - Julho/Agosto/Setembro/Ano 7/número 28)


quinta-feira, 9 de janeiro de 2020

CONHEÇA-SE A SI MESMO (PARTE FINAL)

"(...) Embora alguns de vocês possam conhecer suas fraquezas, a maioria das pessoas ignora uma boa parte delas, e isso é um grande obstáculo, mesmo para aqueles que atingiram uma certa altura neste caminho ascendente. Você não pode superar aquilo que não conhece. Cada defeito não é nada mais e nada menos que uma corrente que o prende. Pelo abandono de cada imperfeição você rompe uma cadeia e assim torna-se mais livre e mais próximo da felicidade. A felicidade é o destino de cada indivíduo, mas ela é impossível de obter sem que sejam eliminadas as causas da sua infelicidade, que são os seus defeitos - bem como qualquer tendência que viole uma lei espiritual.

Você pode descobrir o quanto avançou nesse caminho pela revisão da sua vida e dos seus problemas. Você é feliz? O que está faltando na sua vida? Na medida em que a infelicidade ou descontentamento exista na sua vida, nessa mesma medida você não terá preenchido o seu potencial.

Para aqueles que realmente se realizam haverá um contentamento profundo e cheio de paz, segurança e uma sensação de plenitude. Caso isso esteja faltando na sua vida, você não está completamente no caminho certo, ou ainda não alcançou a liberação que necessariamente se experimenta depois que as dificuldades iniciais deste Pathwork são superadas.

Só você saberá a resposta, só você saberá em que ponto se encontra. Ninguém mais pode ou poderia responder a essa pergunta para você. Se você estiver no caminho certo, contudo, e tiver aquele profundo sentimento de satisfação e realização, e ainda assim existirem problemas exteriores na sua vida, isso não deve desencorajá-lo. A razão é que a forma externa do conflito interior no qual você está trabalhando agora não pode ser dissolvida tão rapidamente.

Quanto mais você dirige as correntes internas da alma para os canais corretos, mais as formas exteriores correspondentes mudarão, de forma gradual porém segura. Até que esse processo seja completamente efetuado o problema externo não pode dissolver-se automaticamente. A impaciência só pode atrapalhar. Se estiver no caminho certo, você viverá e sentirá a grande realidade do Mundo de Deus na sua vida diária. Ele se tornará tão real, se não mais, quanto o seu ambiente humano; não será mais uma teoria, um mero conhecimento intelectual. Você viverá nesse mundo e sentirá o seu efeito."

(Eva Pierrakos, Donovan Thesenga - Não Temas o Mal - Ed. Pensamento-Cultrix Ltda., São Paulo, 2006 - p. 24/25)

quinta-feira, 18 de julho de 2019

O CAMINHO

"O primeiro e mais importante ponto neste antigo e eterno Caminho é a Meditação. Sem a meditação diária, paciente, persistente nunca poderá ser encontrado o Caminho. Isso parece, para algumas pessoas, uma atividade difícil e fatigante. Entretanto, dentro de certa medida, todos nós 'meditamos'. Se estivermos empenhados no pensamento de um esquema de trabalho, ou mesmo num novo trabalho, estamos de certo modo 'meditando'. O homem de negócios, que aprende a concentrar o pensamento e a fazer um planejamento bem dirigido de suas atividades, está aprendendo algo que será de valor quando começar, em uma vida futura, a meditar de verdade. Planejar e pensar no que pode ser feito de melhor são formas de 'meditação'.

Permita-me dar uma lista de estados meditativos da mente na ordem de sua intensidade:
  1.  Aspiração, ânsia do coração para a Estrela, o Ideal, o Verdadeiro.
  2. Prece, levando ao reconhecimento de um 'mundo interior', e de que o homem é uma alma, bem como um corpo.
  3. Concentração direta ou pensamento em sequência. Isso, com o tempo, integra a personalidade.
  4. Pensamento concentrado num ideal, que acarreta a união do pensador com sua vida superior.
  5. Adoração e veneração. a mente tendo criado a forma, o coração é estimulado e brilha para o alto.
  6. Um apelo ao Eu Superior, pondo em atividade a Vontade Espiritual.
  7. A conscientização do Mestre e da 'Presença de Deus'."
(Clara Codd - A Técnica da Vida Espiritual - Ed. Teosófica, Brasília, 2013 - p. 67/68)
www.editorateosofica.com.br


terça-feira, 11 de junho de 2019

COMPAIXÃO, PAZ E LIBERDADE

"Quando a mente é virtuosa e paciente, temos tranquilidade. Quando ela está sob o controle da ira, não há paz nem felicidade, mesmo que vivamos num apartamento que custe milhões de reais, que nos alimentemos em restaurantes de luxo e usemos roupas caríssimas. Se não subjugarmos nossa mente e dela cuidarmos, nossa vida será sempre vivida em sofrimento, mesmo que sejamos ricos. Nosso sofrimento mental será maior do que se fôssemos mendigos.

Quando a mente é virtuosa e vibra na frequência da gentileza e da compaixão amorosa, há grande contentamento e uma incrível realização de paz. O sofrimento mental vem de uma sensação de descontentamento. Temos um apartamento, mas pensamos em adquirir um maior ou melhor. Temos uma TV, mas depois de algum tempo queremos uma melhor. O mesmo acontece com os automóveis. Se seguirmos essa atitude egoísta, será sempre assim: um caminho sem fim, o tempo todo buscando mais. Quando não obtemos as coisas que desejamos, vem o sofrimento.

A mente insatisfeita traz problemas demais, como brigas com familiares e amigos, desarmonia, medo, preocupação. Sentimos necessidade de tantas coisas que, mesmo quando envelhecemos, ainda não estamos felizes. Isso continua indefinidamente. Enquanto não pararmos a doença da mente insatisfeita, o sofrimento continuará presente.

Precisamos refrear a mente quando os problemas aparecem. Precisamos pensar, simplesmente: 'Esta é a mente insatisfeita; ela não tem fim. Enquanto eu prosseguir assim, isso jamais terminará. Não tenho certeza de que viverei muito tempo - talvez mais trinta ou quarenta anos. Minha existência não é permanente. A certeza de que viverei por muito tempo até que chegue o momento da minha morte não é confiável. Então, para mim basta. Tenho problemas demais apenas porque estou seguindo a mente insatisfeita.'

Se conseguirmos realmente refrear a mente e pensar dessa forma, a dor causada pela mente insatisfeita será imediatamente pacificada. Virá uma grande paz e uma sensação de liberdade. Quando nossa mente está satisfeita, vivemos a prática do dharma. O benefício de praticar o dharma é a paz imediata."

(Kyabje Lama Zopa Rinpoche - A mente insatisfeita - Revista Sophia, Ano 17, nº 79, p. 6)

quinta-feira, 8 de março de 2018

A RAIZ DA LIBERTAÇÃO

"355 - Sendo Paramãtman (o Logos) não dual e sem diferença, tais concepções como 'eu', 'tu' e 'isto' são produzidas através dos defeitos de buddhi. Mas quando samãdhi se manifesta, todas as diferenciações ligadas a ele são destruídas através da realização da única e real Natureza.

COMENTÁRIO - Só há uma única e real substância que permeia todas as coisas. Entretanto, não a percebemos devido aos nossos defeitos. Temos que aprender a conviver com as nossas falhas e as dos outros, a fim de que algum dia possamos perceber a imensa Luz, Paz e Amor que brilha em todos os quadrantes. O exercício da paciência, do suportar sem reclamações, sem nos fazermos de vítima, está na raiz da libertação."

(Viveka-Chudamani - A Joia Suprema da Sabedoria - Comentário de Murillo N. de Azevedo - Ed. Teosófica, Brasília, 2011 - p. 135/136)
www.editorateosofica.com.br/


terça-feira, 20 de fevereiro de 2018

SER MÃE NUM MUNDO EM TRANSIÇÃO (PARTE FINAL)

"(...) Fala-se muito da terceirização da educação, como se as pessoas não tivessem mais disposição para educar seus filhos. Porém, o modo como nossa sociedade está estruturada leva a essa terceirização na maioria das atividades: deixamos de cozinhar para comer na rua; deixamos de limpar nossa casa e pagamos uma faxineira; deixamos de examinar nossa vida e vamos ao médico ou ao psicólogo para saber o que está acontecendo conosco. Ou seja, há um processo contínuo de desvinculação de nós mesmos com atividades que, a rigor, deveríamos exercer.

Com a materinidade e a paternidade não poderia ser diferente. Tenho acompanhado alguns movimentos de resgate do contato de pais com filhos, que começa desde a gestação, abrange o parto e culmina na criação das crianças com a devida interação. Uma mãe em sintonia com seu filho e com seu companheiro é uma fortaleza poderosoa frente aos estímulos constantes que tendem a nos preocupar: Como ficar rico? Como ser belo? Como ter a saúde perfeita? Como ser um profissional bem-sucedido?

É como se estivéssemos participando de uma corrida; quem chega primeiro é vitorioso. Contudo, será que precisamos correr? Será que o melhor não é justamente desacelerar? Cuidar intensamente de um filho requer um grande desapego de muitos ideais que nos foram impostos; requer doação, paciência, flexibilidade. Esses valores não costumam ser divulgados nos canais de TV e nem ensinados na escola. Por isso, ser mãe é um renascimento. É um resgate de virtudes que fazem muita diferença na nossa vida, principalmente para as pessoas com que convivemos.

O amor por um filho é algo sublime, na medida em que é livre de expectativas, por não requerer nada em troca. É como um portal, onde o amor cresce em nossos corações e todos aqueles que nos rodeiam são beneficiados. Estar atento para esse processo é de suma importância, e é na convivência intensa com seres que são pura pulsão existencial que descobrimos esse universo de amor e doação de que o mundo tanto precisa."

(Samira Santana de Almeida - Ser mãe num mundo em transição - Revista Sophia, Ano 15, nº 67 - p. 29)

segunda-feira, 19 de fevereiro de 2018

SER MÃE NUM MUNDO EM TRANSIÇÃO (1ª PARTE)

"Simone de Beauvoir (1908-1986), grande pensadora francesa, foi quem disse a célebre frase: 'Não se nasce mulher, torna-se mulher.' É de grande valia pensar que não nascemos prontos, que vamos nos moldando conforme nossas vivências com as outras pessoas, com o ambiente em que nascemos, enfim, com nós mesmos. 

Diante desse fato, podemos perguntar qual o papel da maternidade e da paternidade nos dias atuais, quando as pessoas têm pouco tempo de convivência, diante de longas horas de trabalho, do trânsito, sem falar da febre tecnológica que invade nossas vidas, com computadores e celulares que tomam a maior parte do nosso precioso tempo.

Nesse sentido, coloco-me no lugar de questionar a respeito do exemplo que darei para meu filho. Uma criança precisa de mais atenção do que qualquer outra atividade que nos propomos a fazer, pois a qualquer momento ela pode se machucar, quebrar coisas, chorar, ter fome, sujar a fralda e assim por diante. É um trabalho contínuo, que requer um empenho energético altíssimo: por isso, é possível compreender que muitas pessoas não tenham a devida paciência para lidar com esses pequenos seres que nem ao menos sabem expor seus anseios de maneira clara.

Diante disso, lembro-me de um ditado famoso: 'Um exemplo vale mais do que mil palavras.' Como vou impedir que meu filho seja viciado em ver televisão se eu mesmo sou condicionada a essa atividade desde a tenra infância? É nesse momento que entra o trabalho reflexivo, onde passo a questionar meus condicionamentos, compreendendo as heranças simbólias recebidas de meus pais e do contexto em que vivi, para transcender e fazer diferente com meu filho.

Muitas vezes nós apenas reproduzimos aquilo que nos foi ensinado, julgando certo aquilo a que já estamos acostumados e que, a princípio, não gera nenhuma consequência grave. No entanto, quando se trata de criar um ser humano para lidar com as intempéries da vida, o constante exame de certos hábitos faz toda a diferença. Resgatar as boas coisas que recebemos de nossos pais, sendo gratos por tudo que recebemos e aprendemos com eles, também é algo valioso. (...)"

(Samira Santana de Almeida - Ser mãe num mundo em transição - Revista Sophia, Ano 15, nº 67 - p. 29)


quarta-feira, 13 de dezembro de 2017

CLAREZA DE VISÃO (1ª PARTE)

"Os ensinamentos da Sabedoria Perene podem nos ajudar a ser artistas exímios. Madhava Ashish apontou a necessidade de uma visão clara de nós mesmos, ao comentar que a nossa habilidade de manter os pés na estrada depende da clareza da visão. Ele observou que, 'quanto mais entendemos aquilo que somos, e como chegamos a ser o que somos, mais entenderemos o que temos que nos tornar, e como nos tornar'. Quando realmente enxergamos, a maneira e o método tornam-se claros. Para isso é preciso fortalecer os aspectos mais elevados da nossa natureza, e, por outro lado, enfraquecer o poder compulsivo dos velhos hábitos.

Para entendermos a nós mesmos, é necessário considerar os vários hábitos e desejos da personalidade de maneira tão imparcial quanto possível: gostos e aversões, amores e temores, respostas às outras pessoas - particularmente as respostas negativas -, tendências duradouras e repetitivas, habilidades que possuímos e as que precisamos desenvolver, áreas em que nosso desenvolvimento é assimétrico e deficiente. Em suma, é preciso segurar um espelho e revelar a nós mesmos aquilo que somos.

Esse no entanto, não é um processo narcisista. É possível ser uma testemunha relativamente imparcial de nossas forças e fraquezas, que podem, então, clarear 'aquilo que temos de nos tornar'. Krishnamurti falou do autoconhecimento no sentido de 'conhecer cada pensamento, cada estado de ser, cada palavra, cada sentimento, conhecer a atividade de sua mente'. Isso não era complicado nem analítico; era simplesmente observar a mente, pois a mente com frequência colore a nossa sensibilidade, conforme esteja tingida por desejos ou pela faculdade da intuição.

Há um termo sânscrito que resume o processo de enfraquecimento dos hábitos e desejos, enquanto o ser interior começa a emergir: vairagya. Geralmente traduzido como desapego, seus significados incluem também 'mudança ou perda de cor' e 'palidez crescente'. Mas o que está perdendo a cor e se tornando pálido? Pode-se dizer que a personalidade empalidece, à medida que as compulsões retrocedem; ao mesmo tempo, as verdadeiras cores da individualidade se tornam cada vez mais pronunciadas.

Todo esse processo pode parecer assustador, porém, mais uma vez, devemos nos considerar como artistas. Não temos que realizar tudo isso em uma semana, mas podemos começar aqui e agora, com apenas um pequeno aspecto de nós mesmos. Como o pintor, precisamos ter paciência; esse pode ser um processo muito positivo e criativo. (...)"

(Linda Oliveira - Os artistas do destino - Revista Sophia, Ano 13, nº 58 - p. 14)


sexta-feira, 27 de outubro de 2017

A MENTE MADURA

"Há um mundo de diferença entre uma mente madura e uma mente imatura. O fragmento intitulado 'Os Sete Portais', no livro A Voz do Silêncio, diz: 'Tua alma tem que se tornar como a manga madura: tão macia e suave quanto sua polpa dourada; para desgosto dos outros, tão dura quanto seu caroço.'

O amadurecimento ocorre lentamente, com a experiência de muitas encarnações, ou rapidamente, quando, em certo estágio, descobre-se em que consiste a maturidade. Do pondo de vista espiritual, a maturidade não é uma habilidade de tipo mundano. Assim como a manga totalmente madura não tem nenhuma parte verde, a mente madura está livre de todo elemento de imaturidade. A palavra imaturo, ou verde, significa, entre outras coisas, 'não treinado'. Um recruta 'verde' é, por exemplo, uma pessoa ainda não treinada. A palavra também significa não curado, doente, inflamado, como uma área ferida, uma área que ainda não sarou. Essas palavras ajudam a compreender o estado de imaturidade.

Geralmente, os pensamentos e as emoções jorram na mente, sendo, em sua maioria, reações desordenadas a certas pessoas e certas circunstâncias. Essas reações são sintomas de uma condição subconsciente. A insegurança do ego é posta à mostra de muitas maneiras: emoções que facilmente se inflamam, excessiva sensibilidade à opinião dos outros, pensamentos que se vangloriam, e assim por diante. Pessoas que parecem ser fortes podem na verdade estar apenas se endurecendo, porque são inseguras e sentem a necessidade de se proteger. Querer se tornar durão, forte ou esperto é um sintoma de fraqueza oculta.

Entre as sete virtudes descritas como as chaves para 'Os Sete Portais', em A Voz do Silêncio, está kshanti: a paciente doçura que nada pode abalar. Na ausência do egoísmo, não há mais motivos por que se ofender ou se perturbar. A mente é como uma luz que queima firmemente, e não é afetada por condições externas. 

A firmeza, um real sentido de paz e de liberdade de desejos e temores são todos características da maturidade. Esse estado é a 'verdadeira felicidade' descrita por Plotino: 'o sinal de que esse estado foi alcançado e que o homem não procura mais nada. Uma vez tendo o homem se tornado conhecedor, os meios da felicidade e o caminho para o bem estão dentro dele, pois nada que esteja fora dele é bom. Qualquer coisa que ele deseje além disso, ela procura como uma necessidade, e não para si mesmo, mas para um subordinado, pois o corpo a que fez jus, uma vez tendo vida, precisa se suprir das necessidades da vida, as quais, porém, não são necessidades para o homem verdadeiro.'

Aquele que cresce em maturidade não se apressa em dar opiniões e a chegar a conclusões. Sua mente é perceptiva e inteligente, mas a própria inteligência faz com que ele pare e espere. Ele não pressupõe que suas opiniões sejam valiosas, e, portanto, com ele não há obstinação, autoafirmação ou orgulho. O primeiro sinal da maturidade é reconhecer suas próprias limitações e ser humilde e simples."

(Radha Burnier - A mente madura - Revista Sophia, Ano 13, nº 58 - p. 5/7)


quinta-feira, 17 de agosto de 2017

CULTIVE A EQUANIMIDADE EM SUA MENTE

"'A mente do adepto de Yoga deve ser como a chama firme, vertical e imperturbável de uma lamparina protegida pelo vento, dentro de um recinto sem janelas.' Quando quer que o mínimo sinal de instabilidade ocorra, você deve esforçar-se para segurar a mente, e não lhe permitir vagar. Desenvolva a consciência de que você está em tudo e cultive o sentimento de unicidade; sinta que tudo está em você. Conseguindo isso poderá assumir todos os Yogas e ser bem-sucedido em todos. Depois disso, está liberto de todas as distinções como 'eu' e 'os outros' ou Atma⁶⁷ e Paramatam⁶⁸. As alegrias e tristezas que cheguem aos outros tornam-se suas também. 

Se você não tem paciência, sua fúria é inútil. E chega mesmo a lhe ser danosa. Esta sua zanga, que nasce da falta de paciência, faz-lhe crescer a infelicidade. a habilidade de controlar esta espécie da zanga somente virá quando você puder cultivar equanimidade em sua mente.

A corda da mente deve ser fortemente puxada e nunca deixada frouxa. É neste contexto que nos é dito que o caminho direto para atingir a Divindade (Madhava) é controlar a mente. Por dar muita importância a ela e ao nosso corpo - sendo a mente como uma bolha d'água -, nossa vida inteira é tornada infrutífera."

⁶⁷ Atma - a Divina Centelha, o Cristo Cósmico, em nós. 
⁶⁸ Paramatma - o Ser Supremo, o Pai de Cristo.

(Sathya Sai Baba - Sadhana, O Caminho Interior - Ed. Nova Era, Rio de Janeiro, 1993 - p. 178)


segunda-feira, 24 de julho de 2017

TREINANDO A MENTE (PARTE FINAL)


"(...) 'Treinar' a mente não significa, de modo algum, subjugá-la pela força ou submeter-se a uma lavagem cerebral. Treinar a mente é, antes de tudo, ver de maneira direta e concreta como ela funciona, um conhecimento que você tira dos ensinamentos espirituais e da experiência pessoal na prática da meditação. Aí você pode usar a compreensão para domar a mente e trabalhar habilmente com ela, fazendo-a mais e mais dócil, de modo a poder tornar-se mestre de sua própria mente, empregando-a em seu potencial mais amplo e benéfico. O mestre budista do século oitavo, Shantideva, dizia: 

Se este elefante da mente é atado por todos os lados pelo cordão da presença mental, 
Todo medo desaparece a a felicidade completa emerge.
Todos os inimigos: tigres, leões, elefantes, ursos, serpentes [das nossas emoções]²
E todos os guardiões do inferno; os demônios e os horrores,
Todos se submetem à maestria da sua mente,
E pelo domar dessa mente, todos são subjugados,Porque é da mente que procedem os temores e penas infinitas.³

Como o escritor que só domina a espontânea liberdade de expressão depois de anos de estudo muitas vezes estafante, e tal como a simples graça de uma bailarina só é conquistada com enorme e paciente esforço, quando começamos a entender onde a meditação nos levará, saberemos aproximar-nos dela como sendo o grande empenho da nossa vida, aquele que demanda de nós a mais profunda perseverança, entusiasmo, inteligência e disciplina."

² Os animais ferozes e selvagens que eram ameaça no passado, hoje foram substituídos por outros perigos: nossas emoções selvagens e descontroladas.
³ Marion L. Matics, Entering the Path of Enlightenmente: The Bodhicaryavatara of the Buddhist Poet Shantideva (Londres: George, Allen anda Unwin, 1971), 162.

(Sogyal Rinpoche - O Livro Tibetano do Viver e do Morrer - Ed. Talento/Ed. Palas Athena, 1999 - p. 88

sexta-feira, 21 de julho de 2017

TRAZENDO A MENTE PARA CASA (1ª PARTE)

"Há cerca de 2.500 anos, um homem que estivera procurando a verdade por muitas e muitas vidas chegou a um lugar tranquilo na Índia setentrional, e se sentou sob uma árvore. Continuou sentado ali com imensa determinação e jurou não se levantar até que tivesse encontrado a verdade. Ao anoitecer, conta-se, ele havia dominado todas as forças escuras da ilusão. E cedo na manhã seguinte, quando a estrela Vênus brilhou no céu do alvorecer, o homem foi recompensado por sua infinita paciência, disciplina e perfeita concentração, atingindo a meta final da existência humana, a iluminação. Nesse momento sagrado, a própria terra estremeceu, como que 'embriagada de felicidade', e segundo dizem as escrituras 'ninguém mais em parte alguma estava irado, doente ou triste; ninguém mais fazia o mal, ninguém mais era orgulhoso; o mundo ficou muito quieto como se tivesse atingido a plena perfeição'. Esse homem ficou conhecido como o Buda. Aqui, o mestre vietnamita Thich Nhat Hanh dá uma bela descrição da iluminação do Buda:
Gautama sentiu como se uma prisão que o confinava há milhares de vidas tivesse se rompido. A ignorância fora seu carcereiro. Devido à ignorância sua mente estivera obscurecida, como a lua e as estrelas ficam escondidas atrás de nuvens de tempestade. Enevoada por infinitas ondas de pensamentos ilusórios, a mente tinha dividido, de maneira falsa, a realidade em sujeito e objeto, o eu e os demais, existência e não existência, nascimento e morte, e dessas discriminações surgiram concepções erradas - as prisões dos sentimentos, do desejo, do apego, do vir-a-ser. O sofrimento do nascimento, da velhice, da doença e da morte apenas engrossou as paredes da prisão. A única coisa a fazer era pegar o carcereiro e olhar seu verdadeiro rosto. O carcereiro era a ignorância... Quando ele se foi, o cárcere desapareceu e nunca mais se reconstruiu.¹ (...)"
¹ Thich Nhât Hanh, Old Path, White Clouds (Berkeley, Califórnia: Parallax Press, 1991), 121.

(Sogyal Rinpoche - O Livro Tibetano do Viver e do Morrer - Ed. Talento/Ed. Palas Athena, 1999 - p. 85/86


domingo, 23 de abril de 2017

COMO SEGUIR O CAMINHO (2ª PARTE)

"(...) Quando você continua procurando o tempo todo, a busca em si se torna uma obsessão que o domina. Você se torna uma espécie de turista espiritual, circulando muito sem nunca chegar a parte alguma. Como disse Patrul Rinpoche: 'Você deixa o elefante em casa e fica procurando as pegadas dele na floresta'. Seguir um ensinamento não é um modo de confinar você ou de, por ciúme, monopolizá-lo. É uma maneira compassiva e hábil de mantê-lo centrado e sempre no caminho, apesar de todos os obstáculos que você e o mundo inevitavelmente enfrentarão.

Assim, quando tiver explorado as tradições místicas, escolha um mestre e siga-o. Uma coisa é sair para a jornada da espiritualidade; outra completamente diversa é encontrar a paciência e a persistência, a sabedoria, a coragem e a humildade para ir até o fim. Você pode ter o carma para encontrar um professor, mas deve então criar o carma para segui-lo; pois poucos entre nós sabem verdadeiramente seguir um mestre, o que em si é uma arte. Assim, não importa quão grande seja o ensinamento ou o mestre, o essencial é que você encontre em si mesmo a percepção interior e a habilidade para aprender como amar e seguir o mestre e o ensinamento.

Isso não é fácil. As coisas nunca são perfeitas. Como poderiam ser? Estamos ainda no samsara. Mesmo quando você já escolheu seu mestre e está seguindo os ensinamentos tão sinceramente quanto possível, frequentemente irá se deparar com dificuldades e frustrações, contradições e imperfeições. Não se deixe abater por obstáculos e dificuldades mesquinhas. Em geral são apenas emoções infantis do ego. Não deixe que o ceguem para o valor fundamental e duradouro daquilo que você escolheu. Não permita que sua impaciência o afaste do seu compromisso com a verdade. Tenho me entristecido muitas vezes ao ver quantas pessoas adotam um ensinamento ou um mestre com entusiasmo promissor, apenas para desanimar quando surge o mínimo obstáculo, inevitável, caindo de volta no samsara e nos velhos hábitos, e desperdiçando anos, talvez a vida inteira. (...)"

(Sogyal Rinpoche - O Livro Tibetano do Viver e do Morrer - Ed. Talento/Ed. Palas Athena, 1999 - p. 177

terça-feira, 18 de abril de 2017

O PODER DO PENSAMENTO E SEU USO (1ª PARTE)

"Uma das mais notáveis características dos dias atuais é o reconhecimento, em toda a parte, do Poder do pensamento, a crença de que o homem pode modelar o seu caráter, e, portanto, o seu destino, pelo exercício desse poder que faz dele um homem. Nesse ponto, as ideias modernas estão entrando na linha dos ensinamentos religiosos do passado. 'O homem é criado pelo pensamento' – é o que está escrito numa escritura hindu. 'O homem torna-se aquilo que ele pensa; portanto, pense no Eterno.' 'Tal como ele pensa em seu coração assim ele é', disse o sábio Rei de Israel, advertindo contra a associação com os homens maus. 'Tudo o que somos foi feito pelos nossos pensamentos', disse Buda. O pensamento é o pai da ação; nossa natureza se dispõe a materializar aquilo que é gerado pelo pensamento. A psicologia moderna diz que o corpo tende a seguir o pensamento, e liga a inclinação de algumas pessoas para se atirarem de uma altura ao fato de a imaginação deles retratar uma queda, e o corpo agir de acordo com esse quadro.

Havendo, então, uma apreciação do Poder do Pensamento, torna-se momentoso saber como usar esse poder da forma mais elevada possível e causando o maior efeito possível. A melhor forma de fazer isso está na prática da meditação, e um dos métodos mais simples – que tem, ainda, a vantagem de seu valor poder ser comprovado pessoalmente pela pessoa que o usa – é o seguinte:

Examinando o seu caráter, busque determinar algum de seus defeitos evidentes. Depois, pergunte a si próprio qual é a qualidade oposta a esse defeito, a virtude que seja a sua antítese. Digamos que o leitor sofre de irritabilidade; escolha a paciência. Então, regularmente, a cada manhã, antes de sair para o mundo, sente-se durante três ou cinco minutos e pense na paciência – no seu valor, na sua beleza, na sua prática sob provocação, observando um ponto por dia, e outro, e outro, pensando o mais firmemente que puder, chamando de volta a mente quando ela divagar, e pense em si próprio como sendo perfeitamente paciente, termine com um voto: 'Essa Paciência, que é o meu verdadeiro eu, sentirei e demonstrarei hoje.'

Durante alguns dias, provavelmente, não haverá mudança perceptível, e o leitor irá se sentir e se mostrar irritado. Continue com firmeza, a cada manhã. Bem depressa, cada vez que você disser alguma coisa irritadamente, o pensamento, sem ser solicitado, virá como um relâmpago à sua mente: 'Eu deveria ter tido paciência.' Continue assim. Logo o pensamento de paciência surgirá com o impulso para a irritação, e a manifestação exterior será contida. Continue assim. O impulso para a irritação irá ficando cada vez mais fraco, até que você perceba que a irritabilidade desapareceu e que a paciência se transformou na sua atitude normal diante das contrariedades.

Aí, temos um experimento que qualquer pessoa pode tentar, comprovando a Lei por si mesma. Uma vez comprovada, ela pode usá-la, e construir virtude após virtude, de maneira igual, até criar um caráter ideal pelo Poder do Pensamento. (...)"

(Annie Besant - O Enigma da Vida - Ed. Pensamento)
fonte: http://universalismoesoterico.blogspot.com.br/


sexta-feira, 5 de agosto de 2016

CORAGEM E DETERMINAÇÃO

"Nem sempre a vida do Buda correu em meio ao reconhecimento geral e tranquilidade. Ao contrário, existem dados que mostram obstáculos e calúnias que o Mestre enfrentava no meio dos ascetas e brâmanes para os quais ele, como verdadeiro guerreiro, se fortalecia e firmava o significado da sua conduta. Para os primeiros ele dizia: 'Se o homem pudesse conseguir libertar-se dos grilhões que o prendem à terra, apenas pela recusa do alimento ou condições físicas desfavoráveis, o cavalo e a vaca já teriam atingido isto há muito tempo.' Para os segundos: 'Pelo que faz o homem ele é um sudra (casta inferior), da mesma forma é um brahmana (casta superior, sacerdote). O fogo aceso pelo brâmane, ou pelo sudra, tem a mesma chama, calor e luz. Por que a separatividade?' 

Sentia-se coragem e intrepidez no fundo de suas afirmações: 'Não há verdadeira compaixão e renúncia sem coragem, sem coragem não se pode alcançar a autodisciplina; sem paciência e coragem, não se pode penetrar no fundo do real conhecimento e alcançar a sabedoria de um Arahant.'

'Vigoroso e alerta, tal é o discípulo, ó irmão. Seguindo o Caminho do Meio, suas energias são equilibradas; não é nem ardente sem medida, nem dado à intolerância. Ele está compenetrado desse pensamento: Que minha pele, meus músculos, meus nervos, meus ossos e meu sangue se dessequem, antes que eu renuncie a meus esforços, até atingir o que pode ser atingido pela perseverança e pela energia humana.' (Majjhima Nikaya

Certa ocasião, no meio de um discurso, quando a maioria dos ouvintes se retirou, Buda declarou: 'A semente se separou da polpa, a comunidade forte em convicção está estabelecida; ótimo que esses orgulhosos tenham-se afastado.'"

(Georges da Silva e Rita Homenko - Budismo - Psicologia do Autoconhecimento - Ed. Pensamento, São Paulo, p. 16/17)

terça-feira, 5 de abril de 2016

O SIGNIFICADO DIVINO POR TRÁS DOS RELACIONAMENTOS HUMANOS (1ª PARTE)

"Deus nos deu os relacionamentos humanos sob várias formas por uma razão: temos que aprender um com o outro. Todos são, em certo sentido, nosso 'guru' ou professor. As crianças nos ensinam e nos disciplinam; temos de aprender a cultivar infinita paciência e como estender nossa mão para além dos limites do nosso próprio egoísmo e interesse, a fim de ajudar a moldar sua vida corretamente. Nós, alternativamente, somos os 'gurus' delas, pois é nossa responsabilidade guiá-las e treiná-las, dando-lhes o melhor início possível na vida.

De todos esses relacionamentos adquirimos uma expansão e purificação de nosso amor; e acredito que, em última análise, só o amor pode mudar os outros. Se você se aproximar do filho, ou do marido, ou de qualquer um, nessa consciência de amor e compreensão sem fim, digam o que disserem ou façam o que fizerem, por mais que o magoem, você não pode deixar de vencer no final. Mas você também precisa ter a paciência de continuar tentando.

Dê o exemplo, em sua própria vida, das qualidades que quer ver ressaltadas nos outros. 'A arte de viver' - esta é uma grande ciência. Paramahansaji nos dizia: 'Quando me dirigi a meu guru, Sri Yukteswar, ele me disse: 'Aprenda a comportar-se'.' E assim você precisa aprender a comportar-se neste mundo: essa é a ciência da religião. Quando aprender a se comportar, saberá o que Deus é, porque então se conduzirá de tal forma que saberá, a cada momento, que você é a alma, e não a mente ou o corpo mortal. A alma bebe sempre, profundamente, do néctar divino da presença de Deus. Você não é um ser mortal, é um ser divino; assim, aprenda a comportar-se como tal.

Isso só pode ser feito quando a pessoa põe a religião em execução diária, de modo prático, como ensina a Self-Realization Fellowship. A religião não é algo a ser exposto gloriosamente aos domingos e esquecido no resto da semana. Nosso Guru nos disse: 'Não estou interessado em seguidores de igreja comuns. Se estivesse, eu poderia ter tido milhares e milhares em todo o mundo. Vim para escolher, em multidões de buscadores, almas que se empenham em conhecer a Deus profunda e sinceramente.' Ele não quis dizer que desejava fazer de toda pessoa um monge. Ele dizia: 'Faça de seu coração um eremitério, onde possa recolher-se em silêncio para adorar a Deus'. Nesse eremitério de seu coração, coloque Deus em primeiro lugar. Como é maravilhoso quando Ele se torna o Amado de sua alma, o Amigo de sua alma, o Pai, a Mãe, o Companheiro, o Guru de sua alma. A vida torna-se gratificante; seus relacionamentos com os outros, uma jubilosa experiência. Você ama seus filhos, seu marido, sua mulher, com a compreensão, a compaixão e o amor maior de Deus. Deus fortalece os laços entre os seres humanos, entre os corações humanos, e liberta seus relacionamentos terrenos dos vínculos do apego egoísta que contribuem para confinar e reprimir o amor. Nada como o sentimento possessivo para sufocar o amor. 'Porque você é meu, tem de fazer isso; eu tenho o direito de tratá-lo assim.' Isso é sempre um golpe fatal para o relacionamento humano. (...)"

(Sri Daya Mata - Só o Amor - Self-Realization Fellowship - p. 58/59)