OBJETIVOS DO BLOGUE

Olá, bem-vindo ao blog "Chaves para a Sabedoria". A página objetiva compartilhar mensagens que venham a auxiliar o ser humano na sua caminhada espiritual. Os escritos contém informações que visam fornecer elementos para expandir o conhecimento individual, mostrando a visão de mestres e sábios, cada um com a sua verdade e experiência. Salientando que a busca pela verdade é feita mediante experiências próprias, servindo as publicações para reflexões e como norte e inspiração na busca da Bem-aventurança. O blog será atualizado com postagens de textos extraídos de obras sobre o tema proposto. Não defendemos nenhuma religião em especial, mas, sim, a religiosidade e a evolução do homem pela espiritualidade. A página é de todos, naveguem a vontade. Paz, luz, amor e sabedoria.

Osmar Lima de Amorim


terça-feira, 29 de setembro de 2020

ATRAÇÃO E REPULSÃO

 "A natureza da matéria é atração e repulsão. A estrutura atômica se mantém pelo equilíbrio dessas duas forças: o positivo e o negativo. Também no espaço infinito os satélites e planetas formam sistemas sob o comando de uma estrela, graças à atração e repulsão. Na vida da natureza esse jogo está presente, significando harmonia. Somente no reino humano o equilíbrio se desfaz. Por quê? Graças ao livre-arbítrio.

Ao mesmo tempo em que a liberdade para agir eleva o homem na escala da natureza - desenvolvendo poderes divinos dentro dele -, pesa-lhe a condição de sofrer enquanto atuar menos racionalmente que seus próprios irmãos menores, os animais. 

O Budismo refere-se ao 'caminho do meio', que é a opção do equilíbrio, a ser alcançada pelo exercício da moderação em tudo que fazemos. Por essa razão, no texto conhecido como Óctupla Senda, Buda menciona uma das principais fontes de dualidade e sofrimento: o desejo, que é movido por atração e repulsão.

Ao entrar em contato com algo que nos desagrada, o que acontece? Buscamos imediatamente o lado contrário, à semelhança do vaivém do pêndulo de um relógio. Esse impulso se alimenta do desejo (corpo emocional) e também da reatividade (corpo mental), funcionando como 'almas gêmeas' dentro de nossa própria alma. Tudo aquilo que repelimos é o oposto que não queremos ver - mas obviamente continua a existir - e segue nossos passos. Temo algo que aprender ali. 

Fruto da mente em estado de excitação, apego e temor, a reatividade não deixa margem à reflexão. Nossa incapacidade de ouvir começa por aí, especialmente se o argumento do outro contraria a 'verdade' que é simplesmente o nosso interesse. Enquanto fingimos prestar atenção ao que o outro diz, estamos arquitetando a resposta. A grande dificuldade experimentada nos relacionamentos - sob o nome de 'incompatibilidade de gênios' - tem nessa característica mental sua principal origem. 

Quanto ao desejo, sua direção obviamente é o prazer. Nosso movimentos são baseados na expectativa do prazer, seja emocional ou mental - o que acontece no corpo físico é somente um reflexo. Por trás do prazer, no entanto, há o fatalismo da dor, assim como as duas faces de uma moeda: uma não existe sem a outra.

Na questão dos vícios que envolvem atos físicos (alcoolismo, tabagismo), o oposto do prazer é visível no corpo, que reage e adoece ao longo do tempo. O reverso do prazer está ali, mas não conseguimos vê-lo. E se por acaso vemos - mantendo o vício -, naturalmente achamos que o sacrifício compensa, não percebendo a real extensão da dor pelo bloqueio na consciência. Dentro do jogo de atração e repulsão, fechamos os olhos ao sofrimento em gestação, escolhendo o prazer fatídico de agora. 

Em outros tipos de vício, ligados ao pensamento e aos sentimentos, a dificuldade de enxergar o oposto ainda é maior. Sendo ações repetitivas fora de nosso controle, os vícios geram automatismos energéticos impostos à nossa maneira de sentir e de pensar, facilitando o retorno daqueles pensamentos e sentimentos com mais força.

O vício, portanto, não é só uma questão física. Pensamentos repetidos de inveja, maledicência, luxúria e mentira são comportamentos viciosos, cujo prazer tem como oposto a angústia, falta de autoconfiança, o vazio interior e outros reflexos da ausência de amor e de comprometimento em nossa vida. Às vezes chamamos isso de 'má sorte', ignorando que a sorte - seja ela qual for - é criação exclusiva de nossa mente, e está em nossas próprias mãos." 

(Walter S. Barbosa - Atração e repulsão - Revista Sophia, Ano 14, nº 59 - p. 9)


quinta-feira, 24 de setembro de 2020

A ACEITAÇÃO DAS RELIGIÕES

"Há várias gradações mentais. Talvez você seja racionalista, cheio de bom senso e espírito prático, e não se interesse por ritos e cerimônias. Você quer fatos intelectuais rigorosos e relevantes para convencer-se. Os puritanos e muçulmanos também não admitem imagem ou estátua no recinto de culto. Muito bem. Entretanto, outra pessoa tem um temperamento mais artístico. Deseja cercar-se de arte - a beleza de linhas e curvas, cores, flores, cerimônias; quer velas, luzes e todos os símbolos e acessórios ritualísticos para que possa ver Deus. A mente dessa pessoa apreende Deus por essas formas, enquanto a sua o apreende por meio do intelecto. Há também o homem piedoso; sua alma chora por Deus, a quem ele só pensa em adorar e glorificar. E há ainda o filósofo, que se mantém à parte e de todos zomba. Ele pensa: 'Como são absurdas as ideias que eles fazem de Deus!'

Eles podem rir uns dos outros, mas cada um tem seu lugar no mundo. A diversidade de mentalidades e a variedade de temperamentos são necessárias. Se algum dia existir uma religião ideal deverá ser bastante nobre e ampla para suprir todas essas mentes. Oferecerá ao filósofo a força da filosofia, ao adorador de Deus o coração piedoso, ao ritualista tudo o que o simbolismo mais maravilhoso pode transmitir, ao poeta tanta emoção quanto ele pode aguentar, e assim por diante. Para criar essa religião ampla, teremos de voltar aos primórdios das religiões e adotá-las todas. 

Nossa palavra de ordem será então aceitação e não exclusão. Não apenas tolerância, pois esta suposta tolerância geralmente é um insulto, e não estou de acordo com ela. Acredito em aceitação. Por que deveria eu tolerar? Tolerância significa que acho que você está errado e estou apenas permitindo que exista. Não é uma blasfêmia pensar que você e eu estamos consentindo que os outros vivam? Aceito as religiões do passado e presto culto a Deus em todas elas: juntamente com cada uma, adora a Deus na cerimônia ou rito que usarem. Entrarei na mesquita do muçulmano; entrarei na capela do cristão e ajoelhar-me-ei ante o crucifixo do altar; entrarei no templo budista onde me refugiarei em Buda e sua Lei. Entrarei na floresta e sentarei em meditação com o hindu que está tentando ver a Luz que ilumina o coração de cada ser. 

Não só farei isso, mas conservarei meu coração aberto para tudo o que vier no futuro. O livro de Deus está terminado ou é uma constante e contínua revelação? É um livro maravilhoso - as revelações espirituais do mundo. A Bíblia, os Vedas, o Alcorão e todas as escrituras sagradas são apenas algumas páginas de um número sem fim que ainda resta para folhear. Eu o deixaria aberto para todos. Vivemos no presente, porém estamos abertos para o futuro infinito. Acolhemos o passado, desfrutamos da luz do presente e abrimos todas as janelas do coração para o tempo que há de vir. Saudações aos profetas antigos, aos grandes seres da nossa época e aos que virão no futuro!"

(Swami Vivekananda - O que é Religião - Lótus do Saber Editora, Rio de Janeiro, 2004 - p. 23/24)


terça-feira, 22 de setembro de 2020

DEUS É ASSIM

É preciso deixar-se, misericordiar, por Deus – Comunidade Anuncia-Me"As enchentes devastam cidades e plantações.

As lavas do vulcão espalham morte e terror.

Mas tanto as enchentes quanto as lavas enriquecem o solo, trazendo boas colheitas.

Deus é assim.

Constrói enquanto destrói, enriquece enquanto despoja, afaga enquanto castiga...

E é assim que a felicidade pode ser-nos dada através de muito pranto.

Deus é assim.

Só aos que se dispõem a morrer Ele concede a Vida que não cessa.

Só aos que não se desesperam ou se rebelam, Ele dá a Paz, a Paz que Ele mesmo É."

(Hermógenes - Mergulho na paz - Ed. Nova Era, Rio de Janeiro, 2005 - p. 83) 


quinta-feira, 17 de setembro de 2020

A NATUREZA HUMANA

A natureza humana | JORGE REIS SA"Há duas espécies de paixões mundanas que corrompem e ocultam a pureza da natureza de Buda.

A primeira é a paixão pela discriminação e discussão, pela qual os homens se confundem nos julgamentos. A segunda é a paixão pela experiência emocional, pela qual os méritos das pessoas se tornam confusos.

As ilusões do raciocínio e as ilusões da prática parecem ser a síntese de todas as falhas humanas, mas, na realidade, há outras duas em suas bases. A primeira é a ignorância, a segunda é o desejo.

As delusões de raciocínio baseiam-se na ignorância e as delusões da prática apoiam-se no desejo, assim, estes dois conjuntos formam, na realidade, apenas um conjunto, e juntos são a fonte de todo o infortúnio.

Se os homens são ignorantes, não podem raciocinar correta e seguramente. Quando se sujeitam ao desejo pela existência o sentimento de posse e o apego a tudo, inevitavelmente, os seguirão. É este constante apego a tudo agradável, visto ou ouvido, que leva os homens à delusão do hábito. Alguns cedem mesmo ao desejo pela morte do corpo.

Destas fontes primárias surgem todas as paixões mundanas da cobiça, ira, tolice, equívoco, ressentimento, ciúme, lisonja, fraude, orgulho, desprezo, embriaguez e egoísmo."

(A Doutrina de Buda - Bukkyo Dendo Kyokai, 3ª edição revista, 1982 - p. 161/163)


terça-feira, 15 de setembro de 2020

AMOR E BONDADE: DESCERRANDO O MANANCIAL

AMOR OU BONDADE? | Deus ainda fala!"Quando acreditamos que não existe em nós amor suficiente, há um método para descobri-lo e invocá-lo. Recue na mente e recrie, quase visualize, um amor que alguém lhe deu e que realmente o tocou, talvez na infância. Tradicionalmente, você é ensinado a pensar em sua mãe e na devoção que ela tem por você por toda a vida, mas se isso lhe parece problemático pense na sua avó, no seu avô ou ainda em alguém que tenha sido profundamente bondoso e dedicado a você em sua vida. Lembre-se de um instante particular em que você foi amado e sentiu esse amor vividamente.

Deixe agora que aquela sensação surja outra vez em seu coração, infundindo gratidão em você. À medida que faz isso, seu amor irá naturalmente para a pessoa evocada. Verá então que, embora nem sempre sinta que foi suficientemente amado, você o foi de fato. Saber disso fará com que de novo se sinta digno do amor e realmente amado, como aquela pessoa o fez sentir-se.

Permita que seu coração se abra agora, e deixe que dele flua o amor; estenda-o então a todos os seres vivos. Comece pelos que lhe estão mais próximos, e depois leve-o aos amigos e conhecidos, aos vizinhos, a estranhos, àqueles de quem não gosta ou com quem tem dificuldades, mesmo os que considera seus 'inimigos', e finalmente estenda-o a todo o universo. Deixe que esse amor se torne cada vez mais sem fronteiras. A equanimidade é, juntamente com o amor, a compaixão e a alegria, um dos quatro aspectos essenciais daquilo que, segundo os ensinamentos, constitui a aspiração da compaixão na sua totalidade. A visão todo abrangente e sem preconceito da equanimidade é o ponto de partida e o fundamento do caminho da compaixão.

Você verá que essa prática descerra uma fonte de amor e essa revelação da bondade amorosa em você inspirará o nascimento da compaixão. Como disse Maitreya num dos seus ensinamentos a Asanga: 'A água da compaixão flui pelo canal da bondade amorosa'."

(Sogyal Rinpoche - O Livro Tibetano do Viver e do Morrer - Ed. Palas Athena, São Paulo, 2000 - p. 251/252)

quinta-feira, 10 de setembro de 2020

DESCANSO PARA A MENTE (PARTE FINAL)

Férias… sua mente precisa descansar | São Marcos Online"(...) Como podemos dar às nossas mentes a oportunidade de descansar e relaxar? Inúmeras atitudes podem ajudar. Você pode nutrir e relaxar seu corpo com uma dieta saudável e exercícios, especialmente yoga. Pode criar intervalos na sua rotina diária, caminhar, ouvir música e se desconectar por um tempo do mundo tecnológico. Mas o que mais pode ajudar é a prática da meditação; apenas observar seus pensamentos e repousar sua mente prestando atenção ao ir e vir da respiração. Esse tipo de meditação é simples, pode ser praticado em qualquer lugar e tem um forte impacto sobre nosso bem-estar. Logo que ficamos confortáveis com essa técnica básica, podemos observar com mais atenção os nossos pensamentos. 

A primeira coisa que você notará é a grande quantidade de pensamentos, como eles estão sempre mudando e como a mente corre atrás deles. A prática é simplesmente perceber quando a mente se desgarra e trazê-la de volta ao presente, repetidamente. Como fazer isso? Simplesmente deixando ir o pensamento que você estava seguindo. Assim que notar que ele está aí, não se prenda. Dessa forma você corta o fluxo de pensamentos, em vez de encorajá-los. 

Há uma grande sensação de alívio quando você não está mais sendo arrastado pelos pensamentos. Não importa se eles são positivos ou negativos. Se um pensamento bom aparece, você não precisa melhorá-lo ou se alegrar com ele; apenas deixe-o como está. Se um mau pensamento surge, você não precisa se preocupar com ele, nem tentar bloqueá-lo ou mudá-lo. Você pode simplesmente deixá-lo como está.

O segredo para verdadeiramente descansar a mente na meditação é abrir mão de todos os pensamentos a respeito dos pensamentos. Podemos simplesmente relaxar à medida que eles vêm e vão. Quanto mais relaxados estivermos, mais poderemos ver a qualidade desperta da mente, que não enxergávamos antes. Quando vemos isso, estamos vendo o que Buda chamou de nosso 'potencial iluminado'.

Podemos encontrar nossa felicidade e nossa paz mental exatamente como estamos neste exato momento, porque elas estão dentro de nós. Não temos que mudar nossos pensamentos, nem nos transformar em outro alguém. Não precisamos pensar que este 'eu' não é suficientemente bom ou sortudo para ser feliz. Não precisamos ser Madre Tereza, Bill Gates nem a pessoa nos anúncios da revista. Sejamos apenas felizes."

(Dzogchen Ponlop Rinpoche - Descanso para a mente - Revista Sophia, Ano 16, nº 71 - p. 29)


terça-feira, 8 de setembro de 2020

DESCANSO PARA A MENTE (1ª PARTE)

O descanso da mente | Tem que ser agora?"Às vezes ficamos zangados e esquecemos o porquê. Podemos não ter certeza da verdadeira razão da nossa raiva, mas nosso instinto diz que ela se justifica; portanto, continuamos zangados. Começamos a pensar em justificativas, como, por exemplo, o fato de que nosso amigo se esqueceu de ligar, ou que alguém insultou o cachorro da família, que outro amigo chegou atrasado ao cinema, ou que as pessoas reclamam constantemente. De uma hora para a outra, temos muitas razões para estar zangados. A lista é interminável; nossas mentes se ocupam e ficam satisfeitas. 

Quer seja raiva ou paixão, ou apenas nossa lista de afazeres, a mente sempre parece estar ativamente envolvida com alguma coisa. Num momento, ela corre para fora em direção a algo que vê e quer, no momento seguinte ela se retrai para o interior em direção a algum pensamento atraente. Depois é direcionada a alguma pessoa do nosso círculo familiar. Nossas mentes estão sempre ocupadas rastreando isto e aquilo em nossos mundos interno e externo. É como ter um emprego e uma família - mal há um intervalo entre os dois. Um pensamento leva a outro, e aquele pensamento leva a um terceiro. Em algum momento, perdemos a pista e não conseguimos nos lembrar de como chegamos aonde estamos. A mente jamais tem a oportunidade de se imobilizar e permanecer calma e clara. Isso pode até mesmo causar problemas para dormir, porque a mente não repousa.

Se você tem consciência de que sua mente está ocupada e cheia de pensamentos, a situação não é tão ruim. Mas muitas vezes não é esse o caso. Às vezes estamos lidando com cinco ou seis pensamentos em sequência e, ao mesmo tempo, com as emoções ligadas a eles. Com tanta coisa em andamento, a mente começa a ficar agitada e confusa. Não conseguimos ver com clareza o quão perturbadas nossas mentes se tornaram. Também não conseguimos ver que não há lógica na nossa confusão. Contudo, permanecemos diligentes e pacientes quando nos prendemos a nossos pensamentos. Tentamos acompanhar o seu firme fluxo. Se o fluxo começa a diminuir, nós imediatamente tentamos revivê-lo. Temos até mesmo aparelhos que fazem isso - computadores de bolso, notebooks, celulares - para que possamos registrar tudo. Está tudo lá: seus e-mails, textos, agendas e listas de compras. Isso não é necessariamente ruim; porém, com tanta coisa em andamento, é fácil ver como nossas mentes jamais conseguem algum repouso.

Nosso problema é que a mente ocupada pode perder a conexão com a sua real natureza. Quando reservamos tempo para olhar o que há por trás de toda essa atividade, descobrimos um sentido de imensidão e percepção, paz e felicidade. Esse panorama não muda de momento a momento; ele está sempre aí para nós. Buda ensinou que esta é a verdadeira realidade de nossas mentes. Para nos religarmos a essa realidade, precisamos desacelerar e relaxar - desapegar completamente, descansar nossas mentes. Então criamos a possibilidade da mente se desanuviar, se acalmar e se sintonizar com o estado básico de paz e felicidade. (...)"

(Dzogchen Ponlop Rinpoche - Descanso para a mente - Revista Sophia, Ano 16, nº 71 - p. 26/29)
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quinta-feira, 3 de setembro de 2020

MAIS AÇÕES, MENOS PALAVRAS

798 Campo Florido Fotos - Fotos de Stock Gratuitas e Fotos Royalty ..."'Ações, não palavras' é uma frase usada pelos Adeptos que enfatiza a importância de vivermos de acordo com o que acreditamos e compreendemos. Há uma tendência geral de ficarmos satisfeitos com a compreensão teórica de verdades espirituais, ao mesmo tempo em que deixamos de nos comportar conforme essa compreensão. É fácil fazer um estudo intelectual da vida espiritual, mas o esforço para se viver essa vida exige determinação, perseverança, coragem e sacrifício. O modo mais fácil é substituir as ações por palavras; porém, sem as ações o caminho espiritual não pode ser trilhado.

Como afirma o prefácio do livro Aos Pés do Mestre (Ed. Teosófica), 'olhar para o alimento e dizer que é bom não satisfará o faminto; ele deve estender a mão e comer. Assim, ouvir as palavras do mestre não basta; você deve fazer o que ele diz, atendendo a cada palavra, assimilando cada sugestão.' É essencial fazer exatamente o que é dito, e não adaptar as exigências para satisfazer sua própria conveniência, as exigências do sociedade ou a opinião de vizinhos.

As qualificações para trilhar o caminho espiritual são enunciadas desde os tempos antigos. Não pode haver dúvida a respeito das exigências fundamentais. Contudo, as pessoas perguntam como obter a libertação; atingir a iluminação e juntar-se à grande fraternidade de Seres Perfeitos, em vez de perguntarem a si mesmas: o que eu fiz para satisfazer as exigências do caminho? Será que minha vida é vivida de modo a gradualmente construir as qualidades necessárias? Os conselhos estão sendo seriamente seguidos? Todo esforço possível está sendo feito?

No Nobre Caminho Óctuplo delineado por Buda, um dos pontos é o Reto Esforço. Porém, geralmente o esforço para mudar as próprias atitudes, reações e pensamentos é o último em prioridade; as pessoas dizem que ele é difícil, enquanto gastam uma enorme energia em busca de um sucesso que durará pouco ou de posses que não beneficiarão ninguém. No entanto, por meio de uma observação imparcial, podemos compreender que o esforço é natural - portanto, não é difícil. É a falta de seriedade e de convicção que faz o esforço para produzir mudanças internas parecer difícil.

A natureza do esforço necessário para trilhar o caminho espiritual não implica abrir mão de nossas ocupações regulares. Para começar, é enquanto essas ocupações são realizadas que devemos observar o que acontece no interior da mente. Portanto, externamente a vida não muda; a pessoa não precisa se afastar da família e dos amigos, desistir da profissão ou se tornar uma reclusa. Há estágios nesse caminho em que eventualmente algumas dessas coisas podem acontecer, mas a pessoa não precisa temer que sua vida vire de cabeça para baixo. A vida deve continuar, mas com os olhos atentos para observar os pensamentos e as ações que surgem nas diferentes circunstâncias. 

A prática do discernimento na vida diária é uma das ações mais importantes do estudante esotérico. Sem ela, os livros, as ideias e as mais belas palavras não significam uma real preparação. Fala-se a respeito de uma nova era, um novo milênio e outras coisas novas, mas a novidade só surgirá realmente quando, por meio do discernimento, aprendermos a filtrar nossos pensamentos e motivações e a libertar nossa mente de seu antigo e inútil conteúdo."

(Radha Burnier - Mais ações, menos palavras - Revista Sophia, Ano 14, nº 62 - p. 13)


terça-feira, 1 de setembro de 2020

EVITAR TODO O MAL, PROCURAR O BEM, CONSERVAR A MENTE PURA: EIS A ESSÊNCIA DO ENSINAMENTO DE BUDA

A Doutrina de Buda - Posts | Facebook"A tolerância é a mais difícil das disciplinas, mas a vitória final é para aquele que tudo tolera.

Deve-se remover o rancor quando se está sentindo rancoroso; deve-se afastar a tristeza enquanto se está no meio da tristeza; deve-se remover a cobiça enquanto se estão nela infiltrado. Para se viver uma vida pura e altruística, não se deve considerar nada como seu, no meio da abundância. 

Ser de boa saúde é um grande privilégio; estar contente com o que se tem vale mais do que a posse de uma grande riqueza; ser considerado como de confiança é a maior demonstração de afeto; alcançar a iluminação é a maior felicidade.

Estaremos libertos do medo, quando alimentarmos o sentimento de desprezo pelo mal, quando nos sentirmos tranquilos, quando sentirmos prazer em ouvir bons ensinamentos e quando, tendo estes sentimentos, nós os apreciarmos.

Não se apeguem às coisas de que gostam nem tenham aversão às coisas de que desgostam. Pois, a tristeza, o medo e a servidão surgem do gostar ou desgostar."

(A Doutrina de Buda, Bukkyo Dendo Kyokai, Terceira edição revista, 1982, p. 371/373)