OBJETIVOS DO BLOGUE

Olá, bem-vindo ao blog "Chaves para a Sabedoria". A página objetiva compartilhar mensagens que venham a auxiliar o ser humano na sua caminhada espiritual. Os escritos contém informações que visam fornecer elementos para expandir o conhecimento individual, mostrando a visão de mestres e sábios, cada um com a sua verdade e experiência. Salientando que a busca pela verdade é feita mediante experiências próprias, servindo as publicações para reflexões e como norte e inspiração na busca da Bem-aventurança. O blog será atualizado com postagens de textos extraídos de obras sobre o tema proposto. Não defendemos nenhuma religião em especial, mas, sim, a religiosidade e a evolução do homem pela espiritualidade. A página é de todos, naveguem a vontade. Paz, luz, amor e sabedoria.

Osmar Lima de Amorim


terça-feira, 29 de junho de 2021

DEIXA DE SER BONECO DE ENGONÇOS!

"O mundo em derredor é um mundo de efeitos visíveis - cuja causa é invisível. Por detrás dessa vasta tela multicor de fenômenos transitórios atua a misteriosa causa incolor, o eterno e imutável Númeno - Deus.

O homem profano é constantemente impelido pelo mundo externo; não é ele que decide - é o mundo fenomenal que determina o que esse homem deve fazer ou deixar de fazer.

O homem profano é antes um objeto atuado do que um sujeito atuante.

É escravo dos seus sentimentos e pensamentos, que lhe tolhem a liberdade de ser ele mesmo, seu verdadeiro Eu divino.

Está à mercê das paixões do egoísmo, da cobiça, da sensualidade, do medo, do ódio, da aversão - vítima passiva de todos os impactos vindos da periferia da sua personalidade.

É um 'caniço agitado pelo vento' - e não um baluarte firmado em rochedos eternos.

Qual boneco de engonços manobrado por cordéis invisíveis, assim move o profano mãos e pés, mente e coração, ao sabor de agentes alheios.

O profano não se guia - é guiado.

Mas, quando o homem ultrapassa a fronteira do mundo fenomenal das aparências e entra na zona da grande realidade; quando, de vítima dos efeitos heterônomos, passa a ser senhor da causa autônoma, das creaturas ao Creador, das aparências à essência, do temporal ao eterno - então deixa de ser escravo das ilusões e se torna senhor da verdade.

'Conhecereis a verdade - e a verdade vos libertará'...

Abandona o movediço areal do mundo periférico e alicerça sua casa sobre o rochedo central da realidade divina.

Proclama a sua verdadeira liberdade - 'a gloriosa liberdade dos filhos de Deus'.

E das excelsas e sólidas alturas do seu Himalaia espiritual contempla esse homem, com jubilosa serenidade, todas as rampas e baixadas da vida humana e do mundo em derredor.

Não com o sobranceiro desdém do orgulhoso - mas com a humilde benevolência do sábio.

Que tudo compreende desconhece desprezo, orgulho e ódio - abrange todas as coisas com a potente suavidade e a suave potência de um amor universal.

No coração desse homem têm lar e querência segura todos os seres do universo de Deus.

Porque o iniciado sabe por experiência íntima que todos os filhos de Deus são seus irmãos e suas irmãs, membros da grande família do Pai celeste.

Verdade é liberdade.

Liberdade é compreensão.

Deixa, pois, meu amigo, de ser fantoche de compulsão externa - e torna-te senhor do impulso interno.

Senhor da tua vida.

Senhor do teu destino..."

(Huberto Rohden - Imperativos da Vida - Alvorada Editora e Livraria Ltda., São Paulo, 1983 - p. 143/145)



 

quinta-feira, 24 de junho de 2021

AMIZADE

"A concórdia, a harmonia, a amizade e a paz são tesouros que não podemos perder.

Que faria você se uma rajada de vento lhe arrancasse das mãos um cheque de grande valor?

Sairia correndo atrás. Se ele enganchasse num galho de árvore, você subiria até lá para alcançá-lo, finalmente, faria todo o possível para reavê-lo. Não é?

É exatamente isto que temos que fazer quando uma discórdia, um desentendimento, uma desarmonia, um conflito nos atira contra um outro, e ameaça uma velha amizade, que tem se evidenciado preciosa.

Trate de conservar as boas amizades. Mantenha a concórdia. Quando o cheque de grande valor de uma amizade escapar, vá atrás, procure recompor as boas relações.

Para isto é que existe o pedir desculpas e propor reconciliação.

Mas se certifique de que é uma amizade preciosa

Meu amigo é Deus junto de mim."

(Hermógenes - Deus investe em você - Ed. Nova Era, Rio de Janeiro, 1985 - p. 137/138)


terça-feira, 22 de junho de 2021

TRABALHE PELO SEU PROGRESSO COM DEUS A SEU LADO

"Se você não está realizando nada na vida, comece agora: verifique sua saúde e mude a alimentação, se for necessário: acabe com os maus hábitos alimentares. Mude seu modo de pensar - abandone os pensamentos negativos e sombrios e seja mais positivo, de modo a poder adquirir algo material quando desejar. Acima de tudo, trabalhe pelo seu progresso com Deus a seu lado. Isso é a aplicação mais importante de todo o pensamento criativo. Se apesar da sua determinação espiritual a vontade falhar, faça alguma coisa. Assim que você desejar a Deus, tudo virá tentá-lo. Você é levado a acreditar que encontrará felicidade nas diversões mundanas, mas elas o afastam da busca espiritual, destruindo a força de vontade. Quando comecei neste caminho eu nunca ia ao cinema, nem procurava outras distrações. Tinha intenções sérias com Deus - e agora, depois que O encontrei, tudo o que faço parece uma brincadeira. Ele me deu tudo, mas para mim nada é mais interessante do que a comunhão constante, em meu interior, com o Amado de meu universo.

Entrega total a Deus é o único objetivo que consigo conceber na vida. Somente através de Deus, e em Deus, é que posso ver a perfeição que buscava, e portanto é só a Ele que posso dar fidelidade total, pois tudo o mais nos decepciona. Quando você observa as pessoas com os olhos da sabedoria, todas  deixam a desejar. Só Deus satisfaz. Ele me deu muito mais do que esperei na vida. Eu me recusei a pensar, a agir e a ser como os outros. Sabia que havia algo mais na vida. Não há problema em ter coisas materiais, mas elas têm seu lugar. Pessoalmente, não preciso nem desejo essas coisas, Para mim só existe Um, o Senhor. A alegria de Sua presença está sempre comigo.

Quero que saiba que, quando falo de experiências pessoais, não o faço para vangloriar-me, mas para contar da alegria da realização; é para incentivá-lo, para que você também tente. Você só será um fracassado enquanto pensar que foi derrotado. Mas não importa quantas vezes você seja atingido pelas flechadas das circunstâncias: levante a cabeça mais uma vez! Diga para si mesmo: 'O corpo pode estar abatido, mas o espírito não será vencido!'  Esse é o caminho para o sucesso. É preciso o poder da mente, o poder de criar. Então você conhecerá a alegria da realização."

(Paramahansa Yogananda - O Romance com Deus - Self-Realization Fellowship - p. 101/102)


quinta-feira, 17 de junho de 2021

CONTEMPLAR AS FALHAS DA INDOLÊNCIA NESTA VIDA

"Shantideva, agora dirige-se à mente governada pela indolência e a castiga severamente como segue:

[4-5] Assim como os cervos e pássaros capturados na armadilha de um caçador serão finalmente mortos; sob a influência da delusão, os seres estão emaranhados na rede do samsara. Não vês que, no passado, todos os seres sencientes foram devorados pelo Senhor da Morte e que tu também terás o mesmo fim? Indiferente à idade, ao estado de saúde ou a qualquer outra consideração, o Senhor da Morte massacra sistematicamente todos aqueles ao teu redor. Se entendes isso, por que não praticas o Darma, em vez de perseguir desejos mundanos e entregar-se ao sono? (...)

Conforme diz Shantideva, como podemos continuar envolvidos em atividades sem sentido, quando a morte está se aproximando furtivamente de nós? [6] Embora o Senhor da Morte esteja tentando nos matar e impedir nossa viagem pelo caminho que leva à cidade da libertação, não sentimos medo e continuamos viciados nos apegos mesquinhos e nos prazeres de dormir e de comer. [7] Em breve, a hora da morte chegará e, então, será tarde demais para abandonarmos a preguiça. Devemos acordar desse estupor indolente e praticar o Darma agora mesmo!

[8] Nossa vida está repleta de tarefas que impomos a nós mesmos; algumas nem foram começadas, outras acabam de ser iniciadas e outras foram parcialmente concluídas. No entanto, qualquer que seja o estado dos nosso assuntos mundamos, a morte descerá sobre nós subitamente. Completamente despreparados, ficaremos aterrorizados e será tarde demais para nos arrepender. Pensem no que acontecerá quando a morte finalmente chegar. Estaremos repletos de ansiedade. [9] Haverá muito choro quando nossos familiares, ao redor do nosso leito de morte, perderem qualquer esperança de nos ver recuperados. [10] Visões apavorantes, um reflexo da nossa não virtude do passado, vão aparecer diante de nós, e ficaremos envoltos em um sentimento de profunda melancolia. (...) A morte chegará um dia sem sombra de dúvida e, se nada fizermos para livrar nossa mente da delusão, ela será tão temível qanto o que foi descrito. Portanto, precisamos superar a indolência e começar nossa prática de Darma imediatamente."

(Geshe Kelsang Gyatso - Contemplações Significativas - Ed. Tharpa Brasil, 2009 - p. 275/276)


terça-feira, 15 de junho de 2021

ABANDONAR O APEGO ÀS COISAS INANIMADAS


"O apego a posses materiais e similares é outro obstáculo que devemos abandonar em nossa busca do tranquilo permanecer. Podemos nos opor a essa atitude de aferramento treinando da maneira que se segue. Primeiro, devemos considerar que, [17] se formos apegados à nossa riqueza, fama ou reputação e gerarmos orgulho desses atributos elogiados pelos outros, as delusões de orgulho e de apego vão nos levar a renascer em reinos inferiores, onde sofreremos terríveis medos. [18] Devemos compreender que nossa mente confusa é incapaz de discriminar entre o que é benéfico e o que é prejudicial a si mesma. Por isso, ela corre descontroladamente para os objetos de apego, inconsciente do imenso tormento que, em nome deles, terá de suportar em vidas futuras. [19] Sábia é a pessoa que permanece desapegada de riqueza, fama e coisas do gênero, porque é o nosso aferramento a esses deleites que dá origem a todos os nossos medos.

[20] Outro ponto a considerar é que todas as nossas posses e tudo aquilo pelo qual lutamos nesta vida terão de ser deixados para trás quando chegar o momento de partir sozinhos e compreendendo que não vamos levar nada conosco a não ser as marcas cármicas gravadas em nossa mente, devemos abandonar o apego aos prazeres passageiros desta vida.

Uma consideração final refere-se à nossa atitude ao receber elogio. Não há motivo algum para ficarmos alegres quando as pessoas falam bem de nós ou infelizes quando nos criticam. Por quê? Porque nenhum elogio que recebemos tem poder para elevar ou aumentar nossas boas qualidades e nenhuma censura pode nos fazer cair. Ademais, [21] sempre haverá algumas pessoas que irão nos elogiar e outras que irão nos desprezar. Portanto, que prazer pode haver em ser elogiado e que desprazer pode haver em ser menosprezado?"

(Geshe Kelsang Gyatso - Contemplações Significativas - Ed. Tharpa Brasil, 2009 - p. 308)


quinta-feira, 10 de junho de 2021

O SIGNIFICADO DE EQUALIZAR EU E OUTROS

"O que significa dizer que eu e outros somos iguais? Uma analogia nos ajudará a entender esse ponto. [91] O corpo tem várias partes - braços, pernas etc. -, mas todas elas são igualmente apreciadas e protegidas. Do mesmo modo, existem muitos diferentes tipos de seres neste universo - humanos, deuses, animais etc. -, mas seu desejo de ser feliz é exatamente igual ao nosso. Todos são objetos a serem apreciados e protegidos da mesma maneira que protegemos a nós mesmos. Nesse particular, eles não são diferentes de nós. A felicidade e o sofrimento dos outros não diferem de modo algum da nosso própria felicidade e sofrimento. Se meditarmos profundamente sobre isso e gerarmos a mente que busca a felicidade dos outros e deseja eliminar seu sofrimento com o mesmo empenho que hoje dedicamos para obter nossa própria felicidade e para evitar nosso próprio sofrimento, teremos entendido o verdadeiro sentido de meditar sobre equalizar eu e outros.

Essa mente benéfica e esse coração bondoso são um tesouro incomparável, que poucos possuem. No momento, dispomos de todas as circunstâncias e condições para gerar essa mente preciosa, que, se for cultivada, é maravilhosa e rara. Reis e rainhas não possuem essa mente, embora sejam reverenciados e ocupem uma eminente posição social. Nem mesmo Indra e Brama, os seres celestiais mais elevados, possuem esse tesouro. Se nem eles possuem essa mente, como esperar que os seres comuns deste mundo a possuam?

(Geshe Kelsang Gyatso - Contemplações Significativas - Ed. Tharpa Brasil, 2009 - p. 345)


terça-feira, 8 de junho de 2021

SIMPLESMENTE PASSAR PELOS SOFRIMENTOS DOS REINOS INFERIORES NÃO CONDUZIRÁ À SALVAÇÃO

"[22] Quando as sementes do nosso carma não virtuoso amadurecem, somos arremessados a um dos três reinos inferiores de renascimento. Permaneceremos ali até que o fruto daquele carma tenha sido exaurido. Quando essa carma se esgotar, ficaremos livres do sofrimento? A resposta é não. Ainda que tenhamos exaurido o fruto de certas sementes de não virtude, nos reinos inferiores cometemos muitas outras não virtudes por causa da nossa ignorância. Um ser que nasça num dos reinos inferiores é incapaz de praticar virtude; sua vida é gasta acumulando ações não virtuosas. Todas essas ações plantam sementes em sua consciência e estas vão amadurecer como uma experiência de sofrimento futuro.  

Enquanto estivermos no samsara e levarmos uma vida condicionada pela ignorância, não poderemos  dizer que pusemos fim ao nosso sofrimento. Os seres afortunados que conquistaram a libertação do sofrimento não o fizeram deixando que seu carma negativo se esgotasse por si só ou ficando à espera de que suas desgraças cessassem; eles seguiram um caminho de meditação e extirparam a causa específica do sofrimento. Quando cumprem suas sentenças os detentos são libertados da prisão; mas, no samsara, ninguém é sentenciado por um período determinado, depois do qual será automaticamente libertado. A única maneira de escapar do samsara é reconhecer que a ignorância é a raiz do nosso sofrimento e, então, meditar sobre o caminho de sabedoria que extirpa essa raiz.

Não existe felicidade verdadeira no samsara. Podemos pensar que reis e presidentes são, de algum modo, mais felizes que o restante de nós, mas eles também experienciam muitos sofrimentos em suas vidas. Do mendigo mais miserável ao líder mundial mais poderoso, todos sofrem, seja mentalmente, por não conseguirem obter aquilo que desejam e por encontrarem aquilo que não desejam; seja fisicamente, por terem de enfrentar as dores do nascimento, doença, envelhecimento e morte. Os gritos de um recém-nascido e as lamentações de um moribundo no seu leito de morte não deixam dúvida sobre a presença constante da dor e da insatisfação. Convenhamos que o choro de um bebê ao nascer não é de felicidade!

Se quisermos exaurir nosso sofrimento, precisamos estudar qual é a causa do samsara e qual é o remédio para eliminá-lo. É só no Darma que esses assuntos são plenamente analisados. O que significa Darma? Significa 'proteger'. O que é protegido depende do escopo da nossa prática. No escopo inicial, a prática de Darma protege-nos de cair nos três reinos inferiores. No escopo intermediário,m protege-nos de renascer em qualquer reino do samsara. Por fim, no escopo mais elevado - o de um praticante mahayana - somos protegidos de todas as falhas e desvantagens do auto-apreço e levados à plena iluminação. Todas as práticas de Darma, sem exceção, estão incluídas nesses três escopos. Portanto, para pôr um fim ao nosso sofrimento, temos de praticar o Darma conscientemente."

(Geshe Kelsang Gyatso - Contemplações Significativas - Ed. Tharpa Brasil, 2009 - p. 156/157)


quinta-feira, 3 de junho de 2021

A BUSCA DA VERDADE - excertos 8 e 9

"8.  Sadaprarudita, que buscava seriamente o verdadeiro caminho da Iluminação com o risco da própria vida, havia abandonado toda a tentativa ao lucro ou honra. Certo dia, uma voz vinda do céu lhe disse: 'Sadaprarudita! Vá direto ao leste. Não se preocupe com o calor ou com o frio, não dê atenção ao louvor ou desprezo mundanos, não se preocupe com as discriminações entre o bem e o mal, apenas se preocupe em ir para o leste. Neste longínquo leste, encontrará um verdadeiro mestre e alcançará a Iluminação.

Sadaprarudita, contente por ter tido esta precisa instrução, imediatamente, encetou viagem rumo ao leste. Quanto a noite chegava, dormia onde se encontrasse, em um ermo campo ou nas agrestes montanhas. Sendo forasteiro em terras estranhas, sofria as mais diversas humilhações; vendeu-se como escravo, desgastou, por causa da fome, a sua própria carne, mas, finalmente, encontrou o verdadeiro mestre e lhe pediu instruções.

'Boas coisas custam muito caro', eis um ditado que se assenta bem no caso de Sadaprarudita, pois ele teve muitas dificuldades em sua viagem à procura do caminho da Iluminação. Sem dinheiro para comprar flores e incenso para oferecer ao mestre, tentou vender seus serviços, mas não encontrou ninguém que o empregasse. O infortúnio parecia rondá-lo em toda a parte que fosse. O caminho do Iluminação é muito árduo e pode custar a vida a um homem.

Finalmente, Sadaprarudita conseguiu chegar à presença do procurado mestre, mas aí teve nova dificuldade. Não possuía papel nem pincel ou tinta para escrever. Então, feria o punho e com o próprio sangue tomava notas do ensinamento dado por este mestre, Desta maneira, conseguiu a preciosa Verdade.

9.  Havia, certa feita, um menino de nome Sudhana, que também desejou a iluminação e procurou seriamente o seu caminho. De um pescador aprendeu as tradições do mar. De um médico aprendeu a ter compaixão dos doentes em seus sofrimentos. De um homem rico aprendeu que a poupança é o segredo de toda a fortuna; e com isso concluiu que é necessário conservar tudo aquilo que se obtém no caminho da Iluminação, por mais insignificante que seja.

De um monge que medita aprendeu que a mente pura e tranquila tem o miraculoso poder de purificar e tranquilizar outras mentes. Certa vez, encontrou uma mulher de extraordinária personalidade e ficou impressionado com sua benevolência, dela aprendeu que a caridade é o fruto da sabedoria. Certa ocasião, encontrou um velho viandante que lhe contou que, para chegar a um certo lugar, teve de escalar uma montanha de espadas e atravessar um vale de fogo. Assim, com suas expêriencias, Sudhana aprendeu que sempre há um verdadeiro ensinamento a ser colhido e assimilado em tudo aquilo que se ver ou ouvir.

Ele aprendeu paciência de uma pobre mulher, fisicamente imperfeita; aprendeu a pura felicidade, observando as crianças brincarem na rua; e de um gentil e humilde homem, que nunca desejou aquilo que os outros desejavam, aprendeu o segredo de viver em paz com todo o mundo.

Ele aprendeu uma lição de harmonia, observando a composição dos elementos do incenso, e uma lição de gratidão estudando arranjo de flores. Certo dia, passando por uma floresta, parou à sombra de uma árvore, para repousar. Enquanto descansava, viu, perto de uma velha árvore caída, uma minúscula plantinha; deste fato aprendeu uma lição da incerteza da vida.

A luz solar do dia e as cintilantes estrelas da noite constantemente refrescavam sua mente. Assim, Sudhana aproveitou bem as experiências de sua longa jornada.

Aqueles que buscam a Iluminação devem fazer de suas mentes uns castelos e decorá-los. Devem abrir, de par em par, os portões do castelo de suas mentes, para, respeitosa e humildemente, convidar Buda a entrar em sua recôndita fortaleza, aí lhe oferecendo o fragrante incenso da fé e as flores da gratidão e alegria."

(A Doutrina de Buda, Bukkyo Dendo Kyobai, Terceira edição revista, 1982, p. 317/323)


 

terça-feira, 1 de junho de 2021

A BUSCA DA VERDADE - excerto 7

"7.  Havia, certa vez, um homem que procurava, no Himalaia, o Verdadeiro Caminho. Não se interessava pelos tesouros da terra nem pelas delícias do céu, apenas buscava o ensinamento que pudesse afastar todas as delusões mentais.

Os deuses, impressionados com sua seriedade e sinceridade, decidiram pôr sua mente à prova. Assim, um dos deuses se disfarçou em demônio e apareceu no Himalaia, cantando: 'Tudo muda, tudo aparece e desaparece'.

O homem ouviu com satisfação esta canção. Sentia-se tão satisfeito, como se tivesse encontrado uma fonte de água fresca para mitigar-lhe a sede, ou como um escravo inesperadamente liberto. Dizia consigo mesmo: 'Finalmente, encontrei o verdadeiro ensinamento que, por muito tempo, procurava.' Seguindo a voz, chegou junto a um horrendo demônio. Com a mente apreensiva, aproximou-se do demônio e lhe disse: 'Foi você que cantou a sagrada canção que há pouco ouvi? Se foi você, por favor, cante-a mais um pouco.' O demônio lhe respondeu: 'Sim, fui eu, mas não posso mais cantá-la até que tenha algo para comer, estou faminto.'

O homem lhe suplicou sinceramente que a cantasse mais, dizendo: 'Ela tem um significado sagrado para mim e eu o procurei durante muito tempo. Apenas ouvi uma pequena parte, por favor, deixe-me ouvir mais.' O demônio disse novamente: 'Estou muito faminto, se pudesse provar carne fresca e sangue de um homem, eu terminaria a canção.' O homem, em sua ânsia de ouvir o ensinamento, prometeu-lhe dar o seu corpo após ter ouvido o ensinamento. O demônio, então, cantou a canção completa.

Tudo muda,
Tudo aparece e desaparece,
Somente haverá perfeita tranquilidade,
Quando se transcender a vida e a morte.

Ouvindo isso, o homem, depois de escrever o poema nas rochas e árvores ao seu redor, subiu calmamente em uma árvore e se atirou aos pés do demônio, mas o demônio havia desaparecido e, em seu lugar, um radiante deus amparou incólume o corpo do homem."

(A Doutrina de Buda, Bukkyo Dendo Kyobai, Terceira edição revista, 1982, p. 303/317)