OBJETIVOS DO BLOGUE

Olá, bem-vindo ao blog "Chaves para a Sabedoria". A página objetiva compartilhar mensagens que venham a auxiliar o ser humano na sua caminhada espiritual. Os escritos contém informações que visam fornecer elementos para expandir o conhecimento individual, mostrando a visão de mestres e sábios, cada um com a sua verdade e experiência. Salientando que a busca pela verdade é feita mediante experiências próprias, servindo as publicações para reflexões e como norte e inspiração na busca da Bem-aventurança. O blog será atualizado com postagens de textos extraídos de obras sobre o tema proposto. Não defendemos nenhuma religião em especial, mas, sim, a religiosidade e a evolução do homem pela espiritualidade. A página é de todos, naveguem a vontade. Paz, luz, amor e sabedoria.

Osmar Lima de Amorim


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quinta-feira, 31 de outubro de 2024

A HARMONIA CÓSMICA É O CORAÇÃO PULSANTE DE DEUS

"Amor e paciência são elementos essenciais ao crescimento da harmonia. O amor nutre tudo o que cresce, pois harmoniza e une. O ódio agita e separa, e a indiferença destrói o que poderia ter sido bom e benéfico. Amor é harmonia e harmonia é amor. Corações que não amam jamais recebem a visita dos anjos da harmonia. O amor é o principio maior, mais elevado, mais inspirador e mais sublime da criação. Todas as almas humanas, o mundo e o universo inteiro estão em sintonia com a eterna harmonia cósmica do amor. A desarmonia provém da ignorância desta unidade divina, que é o coração de Deus pulsando em tudo o que Ele criou. Ele é o amor que flui nos corações altruístas e a bem-aventurança que se expressa como alegria em todas as almas.

Um sábio hindu disse: 'As pessoas têm tempo para se preocupar e sofrer, mas acham que não têm tempo para meditar e trabalhar pela verdadeira felicidade'. Jogue fora a indiferença e cultive o amor, a paciência e a sabedoria. Construa suas alegrias sobre os alicerces seguros da harmonia interior. Não alimente nenhum pensamento que não se harmonize com o amor e com os ideais justos de Deus. Deste modo, sua vida toda será inundada pela luz e pela bem-aventurança da Harmonia Divina."

Paramahansa Yogananda, Jornada para a Autorrealização, Self-Realization Fellowship, p. 105/106.
Imagem: Pinterest.


quinta-feira, 29 de agosto de 2024

SINTONIA COM DEUS: A MELHOR CURA PARA O NERVOSISMO

"Lembre-se de que a cura máxima do nervosismo ocorre quando sintonizamos nossa vida com Deus. Os mandamentos supremos dados ao ser humano são: amar a Deus de todo o coração, de toda a alma, de toda a mente e de todas as forças; em segundo lugar, amar ao próximo como a si mesmo.¹³  Se você cumprir esses mandamentos, tudo será como deve ser. Não é suficiente se tornar um moralista rígido - as pedras e as cabras não infringem as lei morais, apesar disso, elas não conhecem Deus. Mas quando você ama a Deus profundamente, mesmo que seja o maior dos pecadores, será transformado e redimido. Disse a grande santa Mirabai:¹⁴ 'Para encontrar o Ser Divino é indispensável somente o amor'. Essa verdade me tocou profundamente.

Todos os profetas observam esses dois mandamentos principais. Amar a Deus de todo o coração significa amá-Lo com o amor que você sente pela pessoa que lhe é mais querida - com o amor da mãe ou do pai pelo filho, ou do amante pela amada. Ofereça a Deus esse tipo de amor incondicional. Amar a Deus de toda a alma significa que você pode realmente amá-Lo quando, por meio da meditação profunda, você se conhece como alma, como filho de Deus, feito à Sua imagem. Amar a Deus de toda a mente significa que, quando você está orando, toda a sua atenção se volta para Ele, sem se distrair com pensamentos inquietos. Na meditação pense somente em Deus; não permita que a mente divague em outras coisas além Dele,. Por isso a yoga é importante, pois o capacita a se concentrar. Quando pela yoga você retira a inquieta força vital dos nervos sensórios e se interioriza para pensar em Deus, então você amando-O com todas as forças - o seu ser inteiro está concentrado Nele." 

¹³ Marcos 12:28-31
¹⁴ Princesa medieval de Rajput que renunciou à realeza e se tornou uma renomada devota de Deus. Ela compôs muitas canções devocionais que são consideradas um tesouro espiritual da Índia.

Paramahansa Yogananda, Jornada para a Autorrealização, Self-Realization Fellowship, p. 96.
Imagem: Pinterest.

terça-feira, 13 de agosto de 2024

NUNCA ESTAMOS SÓS

"Para cada um de nós, existe alguma pessoa especial. Muitas vezes existem duas, três ou mesmo quatro. Todas vêm de gerações diferentes. Atravessam oceanos de tempo e profundidades celestiais para estarem conosco novamente. Vêm do outro lado, do céu. Podem parecer diferentes, mas o nosso coração as reconhece. Nosso coração as abrigou em braços como os nossos nos desertos do Egito, sob o luar, e nas planícies antigas da Mongólia. Marchamos juntos nos exércitos de generais guerreiros que a História esqueceu, e vivemos com elas nas cavernas cobertas de areia dos Homens Antigos. Há entre elas e nós um laço eterno, que nunca nos deixa sós. 

A nossa amente pode interferir. 'Eu não te conheço'. Mas o coração sabe.

Ele toma a nossa mão pela primeira vez, e a lembrança daquele toque transcende o tempo e faz disparar um corrente que percorre todos os átomos do nosso ser. Ela olha em nossos olhos e vemos um espírito que nos vem acompanhando há séculos. Há uma estranha sensação em nosso estômago. Nossa pele se arrepia. Tudo o que existe fora desse momento perde a importância. 

Ele pode não nos reconhecer, muito embora tenhamos finalmente nos reencontrado, embora o conheçamos. Sentimos a ligação. Vemos o potencial, o futuro. Mas ele não o vê. Temores, racionalizações, problemas cobrem-lhe os olhos com um véu. Ela não permite que afastemos o véu. Choramos e sofremos, mas ele se vai. O destino tem seus caprichos.

Quando os dois se reconhecem, nenhum vulcão é capaz de explodir com força igual. A energia liberada é tremenda. 

O reconhecimento da alma pode ser imediato. Uma súbita sensação de familiaridade, de conhecer aquela pessoa em níveis mais profundos do que a mente consciente poderia alcançar. Em níveis geralmente reservados aos mais íntimos membros da família. Ou ainda mais profundos. Sabemos intuitivamente o que dizer, como ele vai reagir. Um sentimento de segurança e uma confiança muito maior do que se poderia atingir em apenas um dia, uma semana ou um mês.

O reconhecimento da alma pode ser sutil e lento. Um despertar da consciência à medida em que o véu vai sendo aos poucos levantados. Nem todos estão prontos para ver imediatamente. Há um ritmo nisso tudo, e a paciência pode ser necessária àquele que percebe primeiro.

Um olhar, um sonho, uma lembrança, uma sensação podem fazer com que despertemos para a presença do espírito companheiro. O toque de suas mãos ou o beijo de seus lábios pode nos despertar e projetar-nos subitamente de volta à vida. 

O toque que nos desperta pode ser de um filho, de um pai, de uma mãe, de um irmão ou de um amigo leal. Ou pode ser da pessoa a quem amamos, que atravessa os séculos para nos beijar mais uma vez e lembrar-nos de que estamos  juntos sempre, até os fins dos tempos."

Brian Weiss, Só o Amor é Real, Ed. Sextante, Rio de Janeiro, 24ª edição, p. 15/17.
Imagem: Pinterest.  

quinta-feira, 20 de junho de 2024

LIBERTAÇÃO

"O fim da longa estrada para a libertação é o coração do próprio homem. Se ele ao menos soubesse que ele e a senda são um! Quando do animal ele se torna uma alma, o mistério da consumação final está entretecido em tudo o que ele pensa, sente e faz, mesmo em seu primitivo estágio como selvagem. Pois ser uma alma significa que cada dia ele se aproxima mais da Libertação, como resultado do seu esforço.

O esforço para a Libertação é mostrado no instinto da criação que está em todos os homens. Mesmo o selvagem deseja simbolizar algo estranho ou assustador, algo novo. O homem civilizado é sempre um criador com seus sentimentos, pensamentos e ações. Pois, à medida que a alma evolui estágio a estágio, ela se torna um cadinho mais das energias da vida; torna-se o solo para nutrir as sementes da maravilha divina. Cada faculdade que ele aperfeiçoa é o ventre onde está crescendo uma criança cujos lábios transmitirão uma mensagem de salvação. Até que o ventre expila aquilo que nutriu, a alma fica inquieta e ansiosa. A dor termina quando a criança nasce, e a imaginação pode colocar-se à parte de sua criação. Onde o maior número está empenhado na criação, aí está a melhor civilização.

Quando a alma se liberta da servidão do desejo, a libertação está próxima. Essa libertação começa quando ela dedica seus dons à criação. Algo novo deve ser acrescentado dos recessos da alma à vida comum dos homens. Uma alma criará um hino, um discurso, um poema; outros criarão com pintura e escultura, com arquitetura e música, com dança e canção. A alma anseia e suspira por criar algo grande e nobre; coração e mente são levados a ações de oferecimento. O tamanho não importa; uma pequena ação amorosa, mesmo que seja um sorriso amistoso, contém a mesma grandeza que o dom da própria vida. A piedade que o amor envia conduz então à criação, e a alma não consegue repousar até que grandes planos de regeneração social sejam realizados, e consequentemente as misérias do homem sejam diminuídas. A alegria que a vida envia conduz à criação, e a alma deve simbolizar algo belo para inspirar os homens. A paz que a sabedoria envia leva à criação, e a alma deve abrir novas sendas para homens com novas filosofias e ciências. Ninguém consegue trilhar a senda para a Libertação até que saiba como criar. Pois Libertação significa que os muitos tornam-se o Um, e somente treinando cada faculdade do espírito, para criar em cada plano de vida, consegue o homem, a unidade, entender sua misteriosa identificação com o Todo. 

Como a alma irá criar? - Você pergunta. Mas o propósito da vida, quando a alma está liberta do desejo, é ensinar a arte da criação. Cada grito de dor, quando sob a escravidão do desejo, tem em si, em algum lugar, um elemento de sabedoria ou beleza para outrem. Quando a alma é livre, ela vê a mensagem para os outros em sua própria dor. Embora o homem jamais consiga salvar a si próprio, contudo ele sempre pode salvar outros. A mensagem oculta de cada dor é que o destino do homem é ser um salvador do mundo."

C. Jinarajadasa, Libertação, Editora Teosófica, Brasília, 2022, p. 55/58.
Imagem: Pinterest.


quinta-feira, 30 de maio de 2024

O MAGNETISMO DIVINO

"O magnetismo divino é o poder de todos os poderes. Quando a prece flui do nosso coração e Deus quebra seu voto de silêncio para falar conosco, absorvemos magnetismo divino. Devemos empregar nosso tempo para desenvolver o magnetismo espiritual e atrair o Imperecível. Consolide o poder de atrair as coisas maiores e atrairá com facilidade as coisas menores. 

Convém que nos desprendamos da morada física, o corpo. Cada ser humano é uma fagulha do Infinito. Façamos uma distinção entre o perecível e o imperecível. Tudo quanto é do corpo perece; tudo quanto é da mente perece em parte; e tudo quanto é da alma não perece nunca. 

Permaneça em harmonia com o Divino Poder Magnético. Pense em Deus com tanta frequência que ele esteja ao seu lado aonde quer que vá. Então, todos os seus desejos bons, mesmo vindos de um passado distante, se materializarão."

Paramhansa Yogananda, Como Alcançar o Sucesso, Editora Pensamento, São Paulo, 2011, p. 66/67.
Imagem: Pinterest.

 

quinta-feira, 15 de fevereiro de 2024

VERDADE ESPIRITUAL E SABEDORIA


"A verdade espiritual e a sabedoria não são encontradas em quaisquer palavras de um sacerdote ou pregador, mas no 'deserto' do silêncio interior. As escrituras sânscritas dizem: 'Há muitos sábios com suas interpretações aparentemente contraditórias das escrituras e dos assuntos espirituais, mas o verdadeiro segredo da religião está oculto em uma caverna'. A autêntica religião se encontra em nosso interior, na caverna da quietude, na caverna da tranquila sabedoria intuitiva, na caverna do olho espiritual. Pela concentração no ponto entre as sobrancelhas, sondando as profundezas da quietude no olho espiritual luminoso, podem ser encontradas respostas a todas as questões religiosas do coração. 'o Consolador, o Espírito Santo (...) vos ensinará todas as coisas' (João 14:26)."

Extraído do livro "A Yoga de Jesus", de Paramahansa Yogananda, Self-Realization Fellowship, p.41/42.
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terça-feira, 4 de outubro de 2022

A SENDA MÍSTICA PARA A PAZ INTERIOR

"Existe uma estrada íngreme e espinhosa, assolada por perigos de toda espécie, mas ainda assim uma estrada. Ela leva ao coração do universo. Assim escreveu H. P. Blavatsky sobre a estrada metafórica que leva à iluminação. Mas pode alguma estrada levar 'ao coração do universo'?

Uma afirmação assim não parecerá impossível se considerarmos a nossa real natureza humana e como evoluímos através do tempo. Temos uma natureza complexa, somos um composto. Evidentemente somos criaturas físicas, e evidentemente nossa natureza física é também impermanente.

Dizem que a cada sete anos; nossos corpos adquirem um conjunto de átomos totalmente novo. O corpo físico está em mudança constante, morrendo uma vez a cada sete anos, Contudo, o senso de 'eu' que sentimos tão fortemente perdura ao longo de toda a vida. Se fossemos apenas o corpo, certamente seríamos uma pessoa diferente a cada sete anos, mas não somos. Ainda somos o mesmo eu.

Temos ainda uma natureza emocional que está em estado de constante mudança. Ela está sujeita a mudanças de momento a momento, e ao longo dos anos está sujeita a uma mudança gradual. O eu que perdura ao longo dessas mudanças não pode ser a natureza emocional.

Temos também uma mente que possui um potencial extraordinário. Como os animais, podemos usá-la para conseguir o que queremos, mas diferentemente deles, somos capazes de pensamento abstrato e de autoexame. Pensamentos em constante mutação passam por nossa mente, e o modo como vemos o mundo pode mudar radicalmente ao longo dos anos ou, em alguns casos, com o lampejo de um insight

Mesmo com todas essas mudanças o eu permanece o mesmo. No nível mais profundo de nossa consciência está um poder extraordinário: o poder de autotransformação. É um poder inerente ao que a religião chama de alma imortal e a Teosofia chama de ego reencarnante. É o eu interior, o observador, a testemunha, a própria consciência, que perdura através das mudanças. É verdade que podemos nos expressar com o corpo, as emoções e a mente. Contudo, podemos também observar nosso estado físico, emocional e mental.

Embora nossa atenção seja atraída por cada evento bom ou mau em nossas vidas, a consciência pura chamada 'eu' não é perturbada pelos objetos diante de si. A sabedoria antiga sugere que o eu permanente reside no eterno, 'no coração do universo'. O eu que somos, como disse Walt Whitman em Song of My Self, 'está tanto dentro quanto fora do jogo'. Podemos ficar à parte e observar todo o processo que chamamos de 'eu', e podemos mudá-lo.

Se isso é verdade, podemos então perguntar por que não nos identificamos com esse eu interior. Poderíamos muito bem perguntar por que não nos identificamos com nosso subconsciente pessoal. Os psicólogos sabem que nosso foco e o nosso senso de eu muitas vezes bloqueia a percepção dos aspectos mais obscuros de nossa própria mente. Não será porque nosso senso de eu, ou seja, aquelas experiências que chamamos de 'eu', também bloqueia na nossa consciência até mesmo os aspectos mais profundos de nosso próprio ser? Se assim for, será então possível levar esse eu recôndito à plena consciência?" 

(Edward Abdill - A senda mística para a paz interior - Revista Sophia, Ano 12, nº 48, p. 29)
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terça-feira, 28 de junho de 2022

MANTENDO O CORAÇÃO ABERTO

"Não espere resultados imediatos ou milagres. Pode ser que só consiga aliviar o seu sofrimento depois de algum tempo, ou mesmo muito depois, quando você menos esperar. Não tenha qualquer expectativa de que isso vá 'funcionar' ou que acabe com seu sofrimento de uma vez por todas. Esteja tão aberto para a sua dor quanto está na sua prática, para os seres iluminados e para os budas.

Você pode até vir a se sentir misteriosamente grato ao seu sofrimento, porque ele lhe dá uma oportunidade de trabalhar com você mesmo e de transformar-se. Sem ele você nunca teria tido a possibilidade de descobrir que há, escondido na natureza e na profundidade do sofrimento, um tesouro de felicidade. Os períodos de sofrimento na sua vida podem ser aqueles em que está mais aberto; o ponto em que é mais vulnerável pode ser realmente o de sua maior força. 

Assim, diga para si mesmo: 'Não vou fugir desse sofrimento. Quero usá-lo da melhor e mais enriquecedora maneira que puder, de modo a poder tornar-me mais compassivo e mais útil aos outros'. O sofrimento, além de tudo, pode ensinar-me sobre a compaixão. Se você sofre, saberá como é quando outros sofrem. E se está na posição de poder ajudar os outros, é através de seu sofrimento que encontrará a compreensão e a compaixão necessárias para isso. 

Portanto, não importa o que faça, não recuse sua dor; aceite-a e permaneça vulnerável. Por mais desesperado que se sinta, aceite sua dor como ela é, porque de fato ela lhe está oferecendo um presente que não tem preço: a oportunidade de descobrir, através da prática espiritual, o que está além do sofrimento. 'A dor', escreveu Rumi, 'pode ser o jardim de compaixão'. Se voce mantém seu coração aberto para tudo, a dor pode tornar-se a sua maior aliada na busca do amor e da sabedoria. 

E já não estamos cansados de saber que proteger-se da dor não funciona? Que quando tentamos nos defender do sofrimento só sofremos mais e não aprendemos o que poderíamos com a experiência? Como Rilke escreveu, o coração protegido que 'nunca se expôs à perda, inocente e seguro, não pode conhecer a ternura. Somente um coração perdido e resgatado pode ceder ao contentamento: livre, por tudo que deixou para trás, para se alegrar em sua maestria'."

(Sogyal Rinpoche - O Livro Tibetano do Viver e do Morrer - Ed. Talento/Ed. Palas Athena, 1999 - p. 396/397
Imagem: Pinterest


terça-feira, 29 de dezembro de 2020

EXAMINE-SE PARA DESCOBRIR O QUE O TORNA NERVOSO

"A maioria das doenças nervosas se deve ao excesso de agitação mental, que tem muitas causas. Examine-se e veja se você é nervoso e, em seguida, avalie o que é que o torna nervoso. Quando você fica com raiva, por exemplo, envia uma tremenda voltagem de energia ao cérebro e ao coração. Emoções como a raiva e o medo podem sobrecarregar os nervos a tal ponto que causam uma pane - às vezes podem até fazer o coração parar de bater e causar a morte. Se você passar um milhão de volts de corrente por um fio que só suporta alguns volts, o fio se queimará. Agitação significa que você está direcionando energia demais para certa área, impedindo o fluxo de força vital para outros nervos. O homem calmo, por outro lado, mantém os nervos bem alimentados com um fluxo equilibrado de energia de modo que nenhuma parte do corpo fique sobrecarregada ou carente.

O nervosismo é a doença da civilização. Lembro-me da ocasião em que alguns de nós estávamos indo de carro para o monte Pikes, no Colorado. Outros carros estavam nos ultrapassando, além da velocidade permitida, na encosta escarpada e tortuosa. Pensei que eles estavam se apressando para chegar ao topo da montanha a tempo de ver o nascer do sol. Para grande surpresa de minha parte, quando chegamos lá éramos os únicos que estávamos do lado de fora para apreciar a vista. Todos os outros estavam no restaurante tomando café e comendo roscas doces. Imagine! Eles correram para o topo e depois correram de volta apenas pela emoção de poderem dizer, ao voltar para casa, que tinham  estado ali e tomado café com roscas doces no monte Pikes, Isso é o que o nervosismo faz. Deveríamos ter calma para apreciar as coisas - as belezas da criação de Deus, as numerosas bênçãos da vida -, mas evitar as emoções súbitas, a inquietude e a excitação indevida, que fazem com que o sistema nervoso se queime. 

Falar demais, inclusive o hábito de conversar longamente ao telefone, gera nervosismo. Tiques nervosos, - como ficar tamborilando com os dedos em alguma superfície ou balançando sempre as pernas - queimam energia nervosa. Outra causa de nervosismo, embora possamos não estar conscientes dela, é o barulho do rádio e da televisão por horas seguidas. Todos os sons fazem com que os nervos reajam.¹ Um estudo realizado no departamento de polícia de Chicago mostrou que se os seres humanos não fossem submetidos ao bombardeio de sons da vida moderna, o que é especialmente irritante nas cidades, eles poderiam viver um número maior de anos. Aprenda a desfrutar do silêncio. Não ouça rádio ou televisão durante horas consecutivas nem os deixe trombeteando sem motivo como um fundo musical o tempo todo. Existem no cosmos suficientes 'programas de televisão' dos santos e a música das esferas, de modo que você não precisa ouvir música enlatada, nem ver imagens enlatadas. Na tranquilidade do silêncio interior, aprenda a sintonizar os maravilhosos programas cósmicos de Deus."

¹. Muitos pesquisadores descreveram os efeitos adversos do barulho para a saúde humana, inclusive o Dr. Samuel Rose, professor de otorrinolaringologia clínica na Universidade de Colúmbia, que escreveu: 'É sabido que os ruídos intensos causam efeitos que não podem ser controlados pelo receptor. Os vasos sanguíneos sofrem constrições, a pela empalidece, os músculos voluntários e involuntários ficam contraídos e a adrenalina ´injetada subitamente na corrente sanguínea, o que aumenta a tensão neuromuscular, o nervosismo, a irritabilidade e a ansiedade.'

(Paramahansa Yogananda - Jornada para a Autorrealização - Self-Realization Fellowship - p. 84/85)


terça-feira, 15 de setembro de 2020

AMOR E BONDADE: DESCERRANDO O MANANCIAL

AMOR OU BONDADE? | Deus ainda fala!"Quando acreditamos que não existe em nós amor suficiente, há um método para descobri-lo e invocá-lo. Recue na mente e recrie, quase visualize, um amor que alguém lhe deu e que realmente o tocou, talvez na infância. Tradicionalmente, você é ensinado a pensar em sua mãe e na devoção que ela tem por você por toda a vida, mas se isso lhe parece problemático pense na sua avó, no seu avô ou ainda em alguém que tenha sido profundamente bondoso e dedicado a você em sua vida. Lembre-se de um instante particular em que você foi amado e sentiu esse amor vividamente.

Deixe agora que aquela sensação surja outra vez em seu coração, infundindo gratidão em você. À medida que faz isso, seu amor irá naturalmente para a pessoa evocada. Verá então que, embora nem sempre sinta que foi suficientemente amado, você o foi de fato. Saber disso fará com que de novo se sinta digno do amor e realmente amado, como aquela pessoa o fez sentir-se.

Permita que seu coração se abra agora, e deixe que dele flua o amor; estenda-o então a todos os seres vivos. Comece pelos que lhe estão mais próximos, e depois leve-o aos amigos e conhecidos, aos vizinhos, a estranhos, àqueles de quem não gosta ou com quem tem dificuldades, mesmo os que considera seus 'inimigos', e finalmente estenda-o a todo o universo. Deixe que esse amor se torne cada vez mais sem fronteiras. A equanimidade é, juntamente com o amor, a compaixão e a alegria, um dos quatro aspectos essenciais daquilo que, segundo os ensinamentos, constitui a aspiração da compaixão na sua totalidade. A visão todo abrangente e sem preconceito da equanimidade é o ponto de partida e o fundamento do caminho da compaixão.

Você verá que essa prática descerra uma fonte de amor e essa revelação da bondade amorosa em você inspirará o nascimento da compaixão. Como disse Maitreya num dos seus ensinamentos a Asanga: 'A água da compaixão flui pelo canal da bondade amorosa'."

(Sogyal Rinpoche - O Livro Tibetano do Viver e do Morrer - Ed. Palas Athena, São Paulo, 2000 - p. 251/252)

terça-feira, 1 de outubro de 2019

COMPAIXÃO: A BASE PARA A PAZ (PARTE FINAL)

"(...) Quando há compaixão no coração a Terra parece um lugar de mais beleza e riqueza. Há uma mudança externa, e as qualidades da paz e da compreensão começam a se disseminar. Sem o crescimento da compaixão  no coração e na mente de uma pessoa, o impacto não será sentido pelas outras pessoas que entram em contato com sua fonte. Elas veem apenas o ser humano comum, talvez mostrando algumas diferenças no nível externo. Quando a compaixão chega ao ponto onde seu impacto transparece no exterior, é sinal de que existe uma riqueza interior que cresce e se torna manifesta em forma de paz e compreensão.

A compreensão é resultado de uma atitude compassiva: refere-se à resposta normal de uma pessoa em que a paz é predominante. Pode haver paz mesmo quando uma outra pessoa incide em erro. Aquele que possui compreensão responde pacificamente a tudo, mesmo às afirmações ou às ações de alguém que não tenha as qualidades que geraram a paz. Isso porque ela sabe que, em longo prazo, mesmo aqueles que não sabem o que fazem no presente um dia aprenderão.

A histório de Buda, ao se defrontar com a violência de Angulimala, é um exemplo que serve para mostrar isso. Angulimala era um homem que costumava roubar as pessoas e matá-las sempre que tinha vontade. Ele se aproximou de Buda com essa atitude, fazendo com que todos à sua volta fugissem. Buda era tão digno e compassivo que a violência em Angulimala arrefeceu e as tendências criminosas converteram-se em atitudes de devoção, em vontade de aprender com o mestre. Essa história, como tantas outras, não deve ser considerada literalmente, mas simbolicamente.

Com o tempo, até mesmo o terror, a incerteza e as más inteções desaparecem quando defrontadas com a compaixão e as qualidades gentis de uma pessoa espiritualizada. O bem é eterno, enquanto o mal é efêmero. O bem triunfará sempre, e as pessoas que são verdadeiramente compassivas sabem disto. Esse é um dos importantes ensinamentos transmitidos por Buda de várias maneiras.

Tanto a compreensão quanto o sentimento de paz se tornarão parte de qualquer civilização onde as pessoas se empenhem no processo de assimilar os ensinamentos da compaixão como uma virtude fundamental. Ela deve ser considerada como uma base sólida para todas as coisas que precisam ser feitas durante nossa trajetória no mundo físico. A compaixão não é tema apenas para pessoas religiosas, nem para ser praticada quando alguém está se sentindo mais compreensivo com relação a uma outra pessoa. É uma qualidade a ser praticada o tempo inteiro, com a plena certeza de que o resultado será o progresso na direção da perfeição de todos os homens e mulheres."

(Radha Burnier - Compaixão: a base para a paz - Revista Sophia, Ano 12, nº 48 - p. 22/23)


sábado, 21 de abril de 2018

O IDEAL DO BODDISATTVA

"A Voz do Silêncio expressa de maneira magnífica a meta ou o ideal a aspirarmos. Nesse texto, o caminho é conhecido como a Senda do boddhisattva e descrito nestas palavras, que despertam todas as nossas inspirações interiores de mente e coração:
Sabe que a corrente de conhecimento super-humano e a Sabedoria Dévica que conquistaste devem, por meio de ti, o canal de Alaya, ser despejada em outro leito.
Sabe, tu da Senda Secreta, que as águas puras devem ser usadas para tornar mais doces as amargas ondas do oceano - aquele poderoso mar formado pelas lágrimas dos homens.
[...] logo que te tiveres tornado como a estrela fixa no céu elevado, aquele claro orbe celestial deve brilhar nas profundezas espaciais para todos - salvo para ti; dá luz a todos, mas não a tome de ninguém. [...]
Autocondenado a viver através de futuros kalpas sem agradecimento e sem ser percebido pelos homens; uma cunha de pedra com inúmeras outras pedras que formam a 'Muralha Guardiã', tal é teu futuro.  
Esse futuro, diz-nos Luz no Caminho, é um futuro no qual nos tornamos capazes de 'tomar parte na parceria da alegria', muito embora sua conquista exija de nós 'trabalho terrível' e 'profunda tristeza'. Contudo, é um caminho autoescolhido que nos leva a um futuro assim, pois estamos verdadeiramente 'autocondenados', como diz A Voz do Silêncio. E cada um de nós deve comprometer-se com a busca, 'buscar o caminho', por meio da qual vencemos as dificuldades e seguimos rumo ao nosso destino."

(Joy Mills - Buscai o caminho - TheoSophia, Ano 100, Julho/Agosto/Setembro de 2011 - Pub. da Sociedade Teosófica do Brasil - p. 47/48)

sábado, 7 de abril de 2018

A PULSAÇÃO DA MORTE (PARTE FINAL)

"(...) Ter a impermanência no coração é tornar-se lentamente livre da ideia de apego, da nossa visão distorcida e destrutiva de permanência, da falsa paixão pela segurança que usamos como base para tudo o que construímos. Começamos a compreender, devagar, que toda dor no coração produzida pelo apego que nutrimos pelo que não podemos conservar é, no sentido mais profundo, desnecessária. No começo também isto pode ser doloroso de aceitar, porque parece muito estranho. Mas à medida que refletimos, e continuamos refletindo, nosso coração e nossa mente passam por uma transformação gradual. Soltar começa a parecer mais natural e vai se tornando cada vez mais fácil. Pode demorar um bom tempo para mergulhar nisso, conforme a extensão da nossa insensatez, mas quanto mais refletimos mais desenvolvemos nossa perspectiva de soltar; é então que ocorre uma mudança no nosso modo de olhar para tudo.

Contemplar a impermanência por si só não basta; é preciso trabalhar com isso em sua vida. Assim como os estudos médicos exigem teoria e prática, assim também a vida; e na vida o treinamento prático é aqui, é agora, no laboratório da mudança. Quando ocorrem mudanças, aprendemos a olhar para elas com nova compreensão; e embora continuem surgindo como antes, alguma coisa em nós estará diferente. A situação toda estará então mais descontraída, menos intensa e dolorosa; mesmo o impacto das mudanças que atravessamos nos parecerá menos chocante. A cada mudança sucessiva percebemos um pouco melhor, e a nossa concepção da vida torna-se mais profunda e mais ampla."

(Sogyal Rinpoche - O Livro Tibetano do Viver e do Morrer - Ed. Talento/Ed. Palas Athena, 1999 - p. 57/58)


quarta-feira, 28 de fevereiro de 2018

TANTO QUANTO EU VOS AMEI

"Jesus presenteou seus discípulos com outra gema de sabedoria espiritual a fim de ajudá-los a palmilhar o caminho do coração. Ofereceu-se a eles como exemplo de amor ao próximo, dizendo simplesmente: 'Amai-vos uns aos outros tanto quanto e vos amei'.

Jesus era sem dúvida um ser humano cheio de amor, que quase nunca encolerizava, sempre oferecia a outra face, era paciente e gentil, compassivo e compreensivo com relação aos pensamentos e sentimentos dos que o cercavam. No entanto, quando examinamos acuradamente o modo como amava as pessoas, vemos que ele não conduzia sua vida de forma a minimizar-lhes o sofrimento emocional. Evitava tomar conta dos sentimentos delas. Não era isso o que considerava amor. 

Para ele, amar era acima de tudo manter o coração aberto o tempo todo para o centro espiritual do seu próprio ser. Nesse constante estado de devoção meditativa, ele parece ter vivido, não ocupado em manipular e maquinar com sua mente lógica, mas em seguir a sabedoria e os ditames do coração a cada momento.

Para Jesus, o importante era amar a Deus de todo o coração, mente e alma, e realizar a tarefa que tinha pela frente de maneira expontânea. Por exemplo, ele ensinou aos discípulos que, quando fossem levados à presença das autoridades, não preparassem de antemão o que diriam - antes, permitissem que o Espírito falasse por intermédio deles enquanto mantinham o coração puro e harmonizado com a sabedoria, a orientação espiritual.

Em outras palavras, em vez de viver uma vida prescrita por 'deves' e 'não deves', Jesus se submetia à realidade e era sempre fiel ao chamamento interior, independentemente do que os outros pensassem de seus atos ou do grau em que estes afetassem os sentimentos alheios. Pelo que sabemos, em tudo o que fez, ele viveu o caminho amoroso da entrega absoluta ao momento espiritual.

Jesus deixou claro que não veio nem para obedecer às leis de sua cultura nem para derrogá-las. Veio para completá-las com outras novas, qualitativamente mais confiáveis - a saber, amar ao próximo como a nós mesmos, e com a mesma impávida honestidade e dedicação à verdade que ele demonstrou em tudo."

(John Selby - Sete Mestres, Um Caminho - Ed. Pensamento-Cultrix Ltda., São Paulo, 2004 - p. 122/123)

sábado, 24 de fevereiro de 2018

EDUCAÇÃO E AUTODESCOBERTA (PARTE FINAL)

"(...) A descoberta nesse sentido pode também levar à autodescoberta. Considere com seriedade toda a vida à sua volta. Aprenda a considerar inteligentemente os corações das pessoas. Considere com maior seriedade seu próprio coração. Não apenas observe aquilo que está fora, também observe a si próprio, por que pensa isso ou aquilo, observe sua conduta na vida diária. Ver a si mesmo como parte do todo, ver a imensidão do universo. Isto é observação: ver sem a sombra de si mesmo. Temos aqui um paradoxo: auto-observação com autoesquecimento, talvez a maior bem-aventurança que exista.

Svadhyaya significa autoestudo. H. P. Blavatsky falou do autoestudo, no livro A Doutrina Secreta, como 'um meio de exercitar e desenvolver a mente'. É uma contínua expansão de consciência transcendendo o insignificante senso de 'eu'. Da forma como estamos hoje, ainda com o nosso insignificante sendo de eu, o que há para descobrir em nós mesmos?

A maioria das pessoas pensaria imediatamente no subconsciente, significando aquele reino um tanto sombrio para o qual banimos as experiências, pensamentos e sentimentos dos quais nos envergonhamos, que nos perturbam ou dos quais temos medo. Simplesmente nos recusamos a pensar neles. Não encarar o conteúdo de nosso subconsciente, recusá-lo ou encobri-lo é como tentar descartar um material radioativo jogando-o no oceano, ou como tentar pôr uma rolha num vulcão para evitar que entre em erupção.

Krishnamurti alegava que não há subconsciente. Pode ter sido o caso com ele, que enfrentava as coisas como elas vinham. Sua vida parece ter sido uma longa e emocionante viagem de descoberta. Mas nós, da próxima vez que experienciarmos medo, desgosto ou vergonha, também podemos enfrentar esses sentimentos corajosamente, deixar que eles contem sua história, ouvi-los atentamente, sem interferência. 

O problema é que temos uma ótima opinião sobre nós mesmos. Talvez seja melhor não ter opinião, mas empreender a autodescoberta para encontrar algo que verdadeiramente nos diz respeito. O ciúme ou o ódio são como uma casa feia que construímos, uma mancha na paisagem. Ela não desaparecerá se fecharmos os olhos. Portanto, devemos aceitá-la, mas não vamos mais construir uma casa semelhante."

(Mary Anderson - Educação e autodescoberta - Revista Sophia, Ano 15, nº 67 - p. 22/23)


segunda-feira, 12 de fevereiro de 2018

SÊ CALMO E PROCURA A VERDADE

"A calma é a essência da meditação e a antítese do medo. Não podemos relaxar e ficar em paz em nosso coração - não podemos nos abrir para o influxo do amor - quando nossa mente está perturbada e irrequieta. No âmago da tradição judeu-cristã encontramos a clara expressão do valor e necessidade da calma. Reza o Salmo 4: 'Falai com o vosso coração sobre a vossa calma e aquietai-vos'. E o Salmo 46 nos dá esta firme instrução: 'Aquietai-vos e sabei que eu sou Deus'.

No Salmo 107, ouvimos: 'Então se alegram com a bonaça; e ele assim os leva ao porto desejado'. Em Isaías, aprendemos: 'Pelo arrependimento e o repouso sereis salvos; na quietude e confiança reside a vossa força. ... Até quando vos dominará a tribulação? Recuai... descansai, ficai serenos'. Eis a tradição meditativa que alimentou Jesus em sua meninice e, seguramente, ao longo de todo o seu despertar espiritual.

Em plena quietude meditativa, começamos a perceber diretamente a verdade da vida e a realizar o que Jesus nos ensinou como seu mais vigoroso imperativo em termos de meditação: 'Conhecereis a verdade e a verdade vos libertará'. Obviamente, a verdade que encontramos no ato de meditar é que Deus é amor - que existe uma presença espiritual nuclear em nossa vida passível de conhecimento direto quando focalizamos o coração e nos abrimos para o influxo amoroso.

Saímos do estado de medo ao aprender a estar serenos; uma vez serenos, acabamos por conhecer a verdade; e harmonizados com a realidade profunda da vida, descobrimos a força original do amor que nos anima e nos vincula diretamente ao Inominável infinito."

(John Selby - Sete Mestres, Um Caminho - Ed. Pensamento-Cultrix Ltda., São Paulo, 2004 - p. 116/117)


quinta-feira, 25 de janeiro de 2018

O CAMINHO DO CONHECIMENTO (3ª PARTE)

"(...) Tendo-se retirado e descansado completamente, enviai uma ardente invocação aos Deuses da Luz e ao Senhor da Luz, para que possais ser iluminados em vossa busca, e professai um voto solene de que todo o conhecimento eventualmente obtido será dedicado ao serviço de vossos irmãos. Procurai o conhecimento, só assim podereis ensinar; procurai a luz, só assim podereis iluminar os outro; procurai o poder que o conhecimento dá, para que possais rasgar os véus do preconceito e da ignorância nos quais a raça humana está tão fundamente envolta. Vosso ofício deve ser dúplice: deveis ser um tocheiro e um desvelador.

Tendo erguido vossa prece e professado vosso voto, pratiqueis a arte de colocar vosso corpo inteiramente em repouso, de domar as tempestades das emoções, de aquietar vossa mente, pois são preliminares imprescindíveis. E quando a calma reinar em vossa natureza interna e externa, pensai fortemente em vosso coração como uma gruta, onde vossa alma possa penetrar em sua busca de luz. Pensai firmemente, durante vários dias, na gruta de vosso coração, e tentai concentrar vossa mente lá; gradualmente, onde só havia escuridão, uma luz começará a brilhar – uma luz que o guiará no caminho. Aprofundai-vos na contemplação da verdadeira luz, que brilha em cada homem, cujos lampejos finalmente aprendeis a discernir. À medida em que a luz cresce e começa a vos envolver, alçai-vos em pensamento, dentro de vós mesmos, em direção ao meio de vossa cabeça, onde encontrareis uma luz maior; tendo encontrado esta passagem, continuai a meditar sobre a luz. Pensai em vós como um fulgor da Luz Única, uma centelha da Chama Única, e forçai com todos vossos poderes de pensamento e vontade ainda mais acima, ainda dentro de vós, para dentro daquela Luz paternal de onde saístes. Alçai-vos através de vossa cabeça, através dos sentimentos para os pensamentos, ansiando beber a essência-pensamento, para tornar-se pensamento encarnado, e fixai vossa mente de modo inflexível sobre a luz, procurando a porta do Templo. 

A chave está em vossas mãos, eu vo-la dei; é o conhecimento de que o clarão que constitui vosso ser emana da Luz Única, a faísca que sois é parte da Chama Única: que possais ser o que em verdade sois. 

Gradualmente vós aprendereis a viajar por esta estrada que leva do coração à cabeça, e da cabeça ao lugar da luz. Encontrareis vossa luz iluminada por outra luz, que vem do alto, e aprendereis a reconhecer seu brilho. Através destes exercícios diários tereis dominado todas as muitas tendências do sentimento e do pensamento de escapar ao controle. Tereis construído os degraus que vos levarão às portas do Templo. A chave está em vossas mãos, colocai-a direto na fechadura e, girando-a, entrai no Templo da Luz. (...)" 

(Geoffrey Hodson - Sede Perfeitos - Canadian Theosophical Association



quarta-feira, 24 de janeiro de 2018

O CAMINHO DO CONHECIMENTO (2ª PARTE)

"(...) Tendo se tornado uma criancinha, prontamente lance fora tudo que pensa conhecer ou saber, tudo que é prezado pelos homens, e deixemo-lo buscar o caminho que leva da carne ao espírito. A entrada para o caminho está no coração; do coração, deve encontrar uma passagem para o cérebro, e, através do cérebro, para os mundos do pensamento e sentimento, nos quais as fundações do Templo da Luz estão lançadas. O Templo está adiante, e a partir do mundo do pensamento ele deve construir uma firme escadaria que o levará até os portões do Templo. Esta escadaria é construída pelo estudo, pela concentração de pensamento, e pela incansável busca de conhecimento. 

Esta é a maneira de encontrar e trilhar o caminho do conhecimento, construir a escadaria e chegar aos portões do Templo. Deixe-se que o estudante lance fora seus livros, seus tubos de ensaio e suas réguas para trás, pois ele deve aprender a ler nos livros da natureza, entesourar suas descobertas no tubo de ensaio de sua mente, e aferir suas descobertas na balança de sua mais alta intuição. Emancipando-se destes instrumentos superficiais, que se retire para algum lugar onde possa desfrutar de algum tempo de paz imperturbada. Uma cela de retiro, um jardim, as florestas, os campos, alguma praia recôndita, algum refúgio na montanha, qualquer um destes poderá ser suficiente para lançar-se à viagem de descoberta. Deixe-se que trilhe o caminho que todos os sábios e mestres do mundo trilharam em sua busca pela luz, luz que ora brilha através daqueles olhos, gloriosa e resplandecente. 

Que não tema a estranheza desta procura, não tema despojar-se de todos os suportes até então considerados essenciais; não tema o ridículo imposto pelos que ainda sentem-se dependentes dessas coisas, e que cegamente disfarçam sua ignorância numa ilusão de conhecimento. Para a luz que buscais, tal conhecimento é como trevas, pois todo aquele que alto pusestes em vosso apreço não possui senão a pele, a penugem, a casca, e o cerne sempre lhe foge; então eles montam sobre as cascas e a oferecem como conhecimento. Talvez haja apenas um punhado, dentre vossos homens de conhecimento, que não esteja cego pelo preconceito, que não confunda aprendizado com conhecimento. 

Tomai como guia esta voz que vos ensina agora, a voz de um anjo que conquistou a meta através destes mesmos caminhos na busca de conhecimento, e agora oferece-se àqueles que buscam uma luz maior da que brilha em universidades, pois é professor mais sábio que qualquer professor mortal pode ser; traz a luz do conhecimento espiritual para iluminar as trevas do mero aprendizado terreno, e pode conduzir o estudante até a verdadeira cátedra do conhecimento, a qual jaz no fundo de vosso Eu mais verdadeiro. Vinde, irmão humano, aceitai minha direção, e eu vos guiarei até vosso destino. (...)"

(Geoffrey Hodson - Sede Perfeitos - Canadian Theosophical Association



sábado, 20 de janeiro de 2018

O MAIOR DOS MALES ENTRE OS HOMENS CONSTITUI IGNORÂNCIA RELATIVAMENTE A DEUS

"1 'Corai, ó humanos, ébrios que sois, tendo bebido até a última gota do vinho sem mistura da doutrina da ignorância, que não mais podeis conter, mas que já estais prestes a vomitar. Deixai a embriaguez, parai! 

'Olhai para o alto com os olhos do coração. E se não o podeis todos, pelo menos os que o podem. Pois o mal da ignorância inunda toda a terra, corrompe a alma aprisionada no corpo, sem permitir-lhe lançar a âncora no porto de salvação. Não vos deixeis arrastar pela violência da onda, mas, aproveitando-vos da contra-corrente, vós que podeis aportar ao porto de salvação, lançai a âncora e buscai um guia que vos mostre a rota até as portas do conhecimento, onde a luz flamejante brilha, livre de toda obscuridade, onde ninguém está embriagado, mas todos permanecem sóbrios, elevando o olhar do coração para Aquele que quer ser visto. Pois não se deixa ouvir nem descrever e não é visível para os olhos corporais, mas somente ao intelecto e ao coração. 

2 'Mas, agora, é necessário que laceres pouco a pouco a túnica que te reveste, o tecido da corrupção, o suporte da malícia, a cadeia da corrupção, a prisão tenebrosa, a morte vivente, o cadáver sensível, a tumba que levas para todos os lados contigo, o assaltante que habita em tua casa, o companheiro que pelas coisas que ama te odeia e pelas coisas que odeia, tem ciúme de ti. 

3 'Tal é o inimigo que revestiste como uma túnica, que te estrangula e atira sob si, de modo que, tendo elevado os olhos e contemplado a beleza da verdade e o bem que nela reside, venhas a odiar a malícia do inimigo, tendo compreendido todas as ciladas que preparou contra ti, tornando insensíveis os órgãos dos sentidos que não aparecem e não são tidos por tal, tendo-os obstruído pela massa da matéria e preenchido de uma voluptuosidade odiosa, a fim de que não possuas ouvidos para as coisas que deves ouvir, nem visão para as coisas que precisas ver'"

(Hermes Trismegisto - Corpus Hermeticum - p. 12/13)


segunda-feira, 25 de dezembro de 2017

CELEBRA O TEU NATAL - DE DENTRO!

"Quantas vezes, meu amigo, celebrastes o Natal de fora? O Natal litúrgico, de 25 de dezembro de cada ano? 20, 30, 50 vezes em tua vida?

Foi um verdadeiro Natal - ou foi apenas um pseudonatal?

Foi um Natal - ou foi o teu Natal?

Foi como um fogo pintado na tela - ou foi um fogo real, cheio de força, luz e calor?

Natal sem natalidade não passa de ilusão e mentira...

Que quer dizer um Natal onde não haja nascimento do Cristo?

Nasceu ele, é verdade, há quase 2000 anos, na gruta de Belém - mas não nasceu na gruta de teu coração.

Foi reclinado na singela manjedoura de palha - mas podes tu dizer em verdade: Já não sou eu que vivo, o Cristo é que vive em mim?

Ainda que mil vezes nasça Jesus em Belém - se não nascer em ti, perdido estás...

A árvore de Natal que costumas armar em tua casa é bem o símbolo inconsciente do teu pseudonatal interior: árvore sem raízes, morta ou moribunda, ostentando lindos enfeites de papel sem vida, frutinhas ocas de celulóide inerte - não é isto que é a tua vida espiritual?

Quanto tempo pretendes ainda 'brincar de Natal' - sem celebrar um verdadeiro Natal, um dia natalício do Cristo em ti?

Por que toda essa camuflagem e insinceridade diante de ti mesmo?

Por que não retificas, enfim, todas as tortuosidades da tua vida?

Por que não pões ponto final a toda essa política e diplomacia curvelínea do teu egoísmo e inicias, finalmente, uma vida retilínea de absoluta verdade, honestidade e amor universal?

Quando permitirarás que nasça em ti o Redentor - ele, o Caminho, a Verdade e a Vida?

Não imaginas, meu amigo, o que viria a ser para ti esse Natal externo do ano litúrgico, se, de fato, celebrasses o Natal interno de tua alma.

Não imaginas o que te diriam a gruta, a manjedoura, os anjos do céu e os pastores da terra se em ti acontecesse o glorioso simbolizado de que esses fatos históricos são o símbolo longínquo e vago.

Não imaginas em que nova luz de compreensão te apareceria o Cristo do Evangelho se dentro de ti nascesse o Cristo da tua experiência íntima, do teu encontro pessoal com Deus.

Se o Cristo fosse para ti, não apenas um artigo de fé aridamente crido - mas uma estupenda realidade intensamente vivida.

Se o Cristo vivesse em ti e tu vivesses no Cristo, ou antes, se fosses vivido pelo Cristo - que vida abundante seria a tua...

Não caberias em ti de tão feliz - e tua exuberante felicidade em Cristo transbordaria em amor e benevolência para com todos os irmãos de Cristo em derredor...

A própria Natureza inconsciente receberia um reflexo desse transbordamento de amor e felicidade - e, como Francisco de Assis, ébrio de Deus, contarias e cantarias as glórias divinas às pedras e às plantas, às aves e aos peixes, ao sol, à lua e às estrelas...

Convidarias a própria 'irmã Morte' para entoar louvores ao Pai celeste.

Se tivesses celebrado o teu Natal de dentro, se o Cristo tivesse nascido em ti e em ti vivesse, seria a tua vida uma gloriosa ressurreição - e os anjos da Páscoa confundiriam as suas vozes com os anjos de Belém, cantando hosanas e aleluias, glória a Deus nas alturas e paz na terra aos homens, em todos os caminhos da sua existência - mesmo por entre as sombras da morte.

Celebra o teu verdadeiro Natal, meu amigo - e saberás o que o Cristo significa em ti e para todos os que o recebem e vivem nele...

'Renascidos pelo espírito'...

'Feitos novas creaturas em Cristo'..."

(Huberto Rohden - Imperativos da vida - Alvorada Editora e Livraria Ltda., São Paulo, 1983 - p. 19/21)