OBJETIVOS DO BLOGUE

Olá, bem-vindo ao blog "Chaves para a Sabedoria". A página objetiva compartilhar mensagens que venham a auxiliar o ser humano na sua caminhada espiritual. Os escritos contém informações que visam fornecer elementos para expandir o conhecimento individual, mostrando a visão de mestres e sábios, cada um com a sua verdade e experiência. Salientando que a busca pela verdade é feita mediante experiências próprias, servindo as publicações para reflexões e como norte e inspiração na busca da Bem-aventurança. O blog será atualizado com postagens de textos extraídos de obras sobre o tema proposto. Não defendemos nenhuma religião em especial, mas, sim, a religiosidade e a evolução do homem pela espiritualidade. A página é de todos, naveguem a vontade. Paz, luz, amor e sabedoria.

Osmar Lima de Amorim


terça-feira, 31 de maio de 2016

AMOR OU JULGAMENTO (1ª PARTE)

"Duas são as colunas da compreensão budista do caminho espiritual. Uma é o desafio de abrir nossa percepção pessoal à realidade da vida e desenvolver nosso senso de sabedoria ou perspectiva com relação ao que somos e ao que a vida é. Tal função cabe, em princípio, à mente. A outra grande coluna é o desafio de aprimorar nossa capacidade de sentir compaixão e aceitação com respeito à obra divina - tarefa que cabe, sobretudo, ao coração.

A compaixão é uma qualidade que descobrimos somente quando deixamos de julgar o mundo e passamos a amá-lo. A terceira meditação, que envolve aceitar a realidade tal qual é, induz-nos naturalmente a explorar nossa capacidade de sentir amor no coração e, por fim, a amar incondicionalmente - conforme preceituaram Buda, Jesus e muitos outros mestres espirituais.

O fato se resume ao seguinte: não podemos, ao mesmo tempo, criticar e amar uma coisa. Por quê? Porque o próprio processo de julgamento está radicado em uma área do nosso cérebro, a amídala, que é o centro do medo. Essa área de alerta vermelho, ligada diretamente aos nossos sentidos e funções cognitivas, obriga-nos a determinar primeiro se algo em nosso ambiente imediato constitui uma ameaça. Todo animal possui esse mecanismo de sobrevivência baseado no medo, evidentemente imprescindível para a segurança física. 

O dilema humano consiste no fato de não só analisarmos o momento presente a fim de descobrir se existe algum perigo como também termos a capacidade de evocar coisas ruins que nos aconteceram no passado e temer que voltem a acontecer no futuro. Cifram-se nisso nossas preocupações. Em última análise, boa parte do sofrimento humano vem de nossa propensão a imaginar cenários possíveis no futuro e, ou ficar ansiosos quando eles parecem negativos, ou animados quando parecem positivos. Em qualquer caso, nossas ideias a respeito do futuro tendem a criar sofrimento no presente. (...)"

(John Selby - Sete mestres, um caminho - Ed. Pensamento, São Paulo, 2004 - p. 94/95)


segunda-feira, 30 de maio de 2016

O RENASCIMENTO DA ESPIRITUALIDADE

"Atualmente existe um crescente interesse na espiritualidade. No entanto, é preciso se observar a diferença entre espiritualidade e fundamentalismo, porque as questões do espírito podem causar polêmicas e produzir conflitos. Após os eventos de 11 de setembro de 2001, temos de ser muito cuidadosos quando falamos a respeito da espiritualidade, e diferenciar claramente entre as formas criativas e destrutivas de interesse espiritual.

Espiritualidade e fundamentalismo situam-se em lados opostos do espectro cultural. A espiritualidade busca um relacionamento com o sagrado que seja sensível, contemplativo, transformador, e é capaz de sustentar níveis de incerteza nessa busca, porque o respeito pelo mistério é sempre soberano (Tacey, 2000). O fundamentalismo busca a certeza, respostas fixas e o absolutismo como resposta temerosa à complexidade do mundo e à nossa vulnerabilidade como criaturas num universo misterioso. Em qualquer credo, a espiritualidade surge do amor e da intimidade com o sagrado; o fundamentalismo surge do medo e da possessão pelo sagrado. A escolha entre espiritualidade e fundamentalismo é uma escolha entre intimidade consciente e possessão inconsciente.

A espiritualidade é capaz de permanecer com as questões últimas, mas o fundamentalismo quer respostas: duras, rápidas e furiosas. O fundamentalismo pode surgir em qualquer tradição, seja cristã, islâmica, hindu ou até mesmo em modernas ideologias, como a psicologia freudiana ou junguiana (Tacey, 2001). A espiritualidade produz um estado mental que o poeta John Keats definiu como a capacidade de  um homem 'estar cheio de incertezas, mistérios, dúvidas, sem qualquer traço de irritabilidade ao tentar alcançar fato e razão'.

Certamente essa é uma condição a se aspirar em nosso mundo dilacerado e partido, especialmente porque o 'sagrado' está sendo invocado por partidos em guerra e forças hostis que têm certeza absoluta de que Deus está do seu lado. Se tivéssemos menos certeza de nossas crenças e fôssemos mais receptivos ao mistério e ao assombro, paradoxalmente estaríamos mais próximos de Deus, seríamos mais íntimos do espírito e mais tolerantes com os seres humanos nossos irmãos, com suas diferentes concepções do sagrado."

(David Tacey - O renascimento da espiritualidade - Revista Sophia, Ano 12, nº 47 - p.  24)


domingo, 29 de maio de 2016

O PODER DO SILÊNCIO

"Na sociedade moderna nós parecemos ter medo do silêncio; por isso o preenchemos com conversa fiada ou passamos o tempo com entretenimentos. Talvez nós nos sintamos desconfortáveis com o silêncio porque ele nos força a fazer um balanço de nós mesmos e de nossas vidas; ficamos face a face com nós mesmos, com a nossa 'face original', como dizem os místicos Zen.

Apolônio de Tyana, seguidor de Pitágoras e de sua escola, permaneceu em silêncio durante cinco anos, como parte de seu treinamento. Ele não se dirigiu a uma floresta nem foi para o deserto; permaneceu na cidade, onde usava gestos ou escrevia bilhetes quando precisava se comunicar.

O compositor John Cage criou uma controvertida composição que tinha mais de quatro minutos e meio de silêncio. Ele provavelmente estava tentando transmitir a ideia de que toda música surge no silêncio e a ele retorna. É o silêncio entre as notas que cria a música; sem ele, teríamos apenas um som constante e incompreensível. Cage estudou Zen Budismo durante algum tempo e isso influenciou sua obra, que fazia uso do silêncio.

Provavelmente a aversão ao silêncio é mais uma tendência ocidental, pois no Oriente, particularmente nas poesias chinesa e japonesa, o silêncio tem mais valor do que as palavras; em suas pinturas, o espaço é mais valorizado que as formas. No conceito de silêncio desempenha um papel importante. Na Índia dizem que Krishna nasceu na calada da noite - isso significa que o eu espiritual se manifesta quando a mente está tranquila e em silêncio. No Taoísmo há o concento da 'meia-noite viva', que transmite a mesma ideia. 

Na Teosofia, todos conhecemos A Voz do Silêncio, a bela e poética obra traduzida por H.P. Blavatsky, que diz: 'Quando para si mesmo a sua própria forma parece irreal, como o parecem ao acordar todas as formas em sonhos que ele vê. Quando deixar de ouvir os muitos, poderá perceber o Uno - o som interior que mata o exterior. Só então abandonará ele a região de Asat, o falso, para chegar ao reino de Sat, o verdadeiro. Antes que a Alma possa ver, deve ser conseguida a harmonia interior, e os olhos da carne tornados cegos a toda a ilusão. Antes que a Alma possa ouvir, a imagem (o homem) tem de se tornar surda aos rugidos como aos murmúrios, aos bramidos dos elefantes em fúria como ao prateado sussurro do pirilampo de ouro. Antes que a Alma possa compreender e recordar, ela deve primeiro unir-se ao Falante Silencioso, como a forma que é dada ao barro se uniu primeiro à mente do ceramista. Porque então a Alma ouvirá e poderá recordar-se. E ao ouvido interior falará: a voz do silêncio.'"

(Waine Gatfield - O poder do silêncio - Revista Sophia, Ano 11, nº 46 - p. 15)


sábado, 28 de maio de 2016

O PODER DO PENSAMENTO (PARTE FINAL)

"(...) No princípio, portanto, podemos dizer que os pensamentos são as expressões de entidades em manifestação, variando, em desenvolvimento, de deuses autoconscientes que usam sóis e estrelas como veículos àqueles ainda 'adormecidos' como centelhas divinas, no início, ou nos estágios iniciais de sua evolução. Nós mesmos podemos ser produto da energia mental de nosso deus interior.

Assim, como tudo é relativo, os pensamentos inspiradores que chegam até nós, aparentemente vindos de lugar algum, podem, na realidade, ser os de alguma grande entidade movendo-se no cosmo e através dele. Por outro lado, os maus pensamentos ocasionais, que podem assustar até mesmo as pessoas mais bondosas, poderiam ser elementais mentais de origem muito baixa, centelhas de vida não evoluídas, por assim dizer, que estão temporariamente migrando na esfera humana. A média dos pensamentos que ocupam boa parte de nossa atenção são, sem sombra de dúvida, as energias mentais bastante naturais para nós no presente, porque estão tendo suas principais experiências no reino humano.

Pensamentos são coisas, verdadeiramente, pois são seres elementais evoluindo assim como nós, e embora não possamos criticá-los, somos responsáveis pelo tipo de entidades mentais que atraímos e pela qualidade que lhe imprimimos. À medida que entram e saem de nossas mentes, essas entidades mentais são beneficiadas ou degradadas pelo contato conosco - e aí reside nossa responsabilidade, não apenas com nós mesmos, mas para com aquela legião de energias mentais cujo destino afetamos.

Por exemplo, suponhamos que um belo pensamento brilhe em nossa consciência, mas somos letárgicos demais ou egoístas demais para responder a ele; então, duas coisas podem resultar: retardamos em um grau a evolução daquele ser mental e também perdemos nós mesmos uma oportunidade de receber um impulso para adiante. Da mesma forma, quando um pensamento ruim - realmente um elemental num estágio de crescimento inferior - tenta-nos para praticarmos uma ação ignóbil, não precisamos ter medo, mas podemos simplesmente avaliá-lo pelo que é, e então sossegadamente mandá-lo seguir seu caminho."

(James A. Long - O poder do pensamento - Revista Sophia, Ano 12, nº 47 - p. 30/31)


sexta-feira, 27 de maio de 2016

O PODER DO PENSAMENTO (1ª PARTE)

"Uma das mais antigas escrituras budistas, o Dhammapada, afirma em seus versos de abertura que o homem é fruto de seus pensamentos, e que se ele fala ou age com coração impuro, o sofrimento irá segui-lo com tanta certeza quanto a carroça segue a pata do boi; mas se ele fala ou age com coração puro, a felicidade irá persegui-lo até o fim, como uma sombra. 

Todo o nosso futuro, portanto, depende da qualidade dos nossos pensamentos e desejos, pois por mais que o ambiente afete nossas vidas, no final são os nossos pensamentos e as nossas motivações que exercerão a influência mais duradoura sobre nosso caráter. Encontramos essa mesma ideia em todas as literaturas sagradas do mundo, e com não menos ênfase nas escrituras cristãs, como testemunham as palavras desafiadoras de Jesus aos fariseus: 'Ou fazei com que a árvore seja boa, e seus frutos bons; ou fazei com que a árvore seja ruim, e seus frutos ruins; pois a árvore é conhecida por seu frutos. Ó geração de víboras, como podeis, sendo maus, falar de coisas boas? Pois é da abundância do coração que fala a boca. O homem bom, do bom tesouro do coração produz coisas boas: e o homem mau, do mau tesouro produz coisas más.' (Mateus 12:33-5)

Há toda uma filosofia de 'correto viver': da abundância do coração - não necessariamente da mente - o homem fala e age. Mas o que são os pensamentos, e de onde vêm? Aqui tocamos o âmago do mistério da criação, da evolução de todas as coisas, do universo aos átomos. O nosso mundo, o próprio universo, não é fruto do acaso, mas foi criado por um pensamento divino.

O que é um ser humano, uma planta, um animal ou o cosmo? Os mitos da criação de todos os povos antigos contam a mesma história: somente as trevas preenchiam a infinitude ilimitada do espaço enquanto 'o universo ainda estava oculto no pensamento divino e no divino seio' (A Doutrina Secreta, H. P. Blavatsky). Então, quando a luz varou as trevas do vazio, a inteligência cósmica produziu, 'pelo pensamento', o universo, com todas as suas famílias de entidades. (...)"

(James A. Long - O poder do pensamento - Revista Sophia, Ano 12, nº 47 - p. 30)


quinta-feira, 26 de maio de 2016

HUMILDAÇÃO

"Quedas...

Todos podemos cair. Chega a ser orgulho tolo sentir-se infalível, à prova de tombos.

Quando um que se supõe infalível escorrega ou tropeça e cai, machuca-se muito mais do que um outro, que humildemente se sente falível.

Perfeccionismo, isto é, a mania de ser perfeito sempre, é uma carga dolorosa. A mania de ser imaculado e modelo de virtudes é uma forma de neurose, que implica tensões desastrosas.

Todo perfeccionista é um doente egocentrado.

Aos maníacos perfeccionistas, minha sugestão é: passem a viver melhor reduzindo seu ego, isto é, humildando-se.

Que alívio toma conta do perfeccionista quando ele consegue se aceitar e largar a sofrida carga imposta pelo orgulho!

É claro que devemos aspirar à santidade e a sanidade, não por nosso vaidoso esforço, mas pela Graça de Deus, que está ao alcance daquele que se humilda.

Senhor. Eis-me humildemente pedindo Vossa Perfeição.

(Hermógenes - Deus investe em você - Ed. Nova Era, Rio de Janeiro, 1995 - p. 115/116) 


quarta-feira, 25 de maio de 2016

SINTONIA E SABEDORIA (PARTE FINAL)

"(...) No Velho Testamento, em Isaías 55:12, o profeta revela o que acontece quando estamos em sintonia com a natureza: 'As montanhas e as colinas irromperão perante vós cantando, e todas as árvores do campo baterão palmas.' Por meio da meditação profunda alcançamos a alegria e a bem-aventurança, e, em paz, somos naturalmente conduzidos ao campo onde podemos viver a unidade com a natureza. Então montanhas, colinas, rios, lagos, árvores, plantas e flores, todos ganham vida e sua maravilhosa mensagem é percebida.

Rupert Sheldrake, famoso cientista, afirma a existência de um campo mórfico (ou uma ressonância mórfica) entre os animais, e que pode existir também entre os seres humanos e os animais. Podemos perceber a ressonância se nos harmonizarmos uns com os outros, tornando-nos transmissores e receptores, sentindo que somos parte um do outro.

Somos parte de uma família. Quanto mais nos sentirmos assim, em sintonia entre nós e com o universo, mais nos tornaremos exemplos de um novo modo de vida. É importante enfatizar isso ativamente, se quisermos que a humanidade e as outras formas de vida ainda existam sobre a Terra por mais alguns milhões de anos."

(Tom Davis - Sintonia e sabedoria - Revista Sophia, Ano 12, nº 51 - p. 15)


terça-feira, 24 de maio de 2016

SINTONIA E SABEDORIA (2ª PARTE)

"(...) O ego e a mente não nos permitem experienciar a unidade universal. Não compreendemos que a parte sagrada de todos nós já está em sintonia com o universo. É a ideia de estarmos separados uns dos outros e a nossa própria tagarelice mental que nos afastam da possibilidade de viver a mente universal.

Para nos elevarmos até a luz e vermos claramente, precisamos compreender que nossas barreiras protetoras e nossos problemas emocionais também criam bloqueios. Esses bloqueios devem ser dissolvidos ao se resolverem os traumas do passado. O processo chamado pelos budistas de 'domar o tigre' ou 'montar o touro' pode realizar isso.

O Vipassana, ou método intuitivo de meditação, também pode ser um grande auxílio, porque eleva os sentidos interiores e exteriores. Mover essa consciência para o centro do coração permite que tenhamos compaixão por todas as formas de vida, deixando-as ser o que são. O movimento da consciência para os quatro centros de energia permite-nos curar a nós mesmos e aos outros, em sintonia com nosso eu superior.

Há algum tempo li o livro Hidden Teachings of Tibet (Ensinamentos Ocultos do Tibete), de Tulku Thondop Rinpoche. Da primeira à última página procurei os ensinamentos ocultos, apenas para descobrir que 'os segredos estão ocultos no céu, nas montanhas, nas colinas, nos rios, nos lagos e nas árvores, e o esconderijo é conhecido somente pelos seres iluminados'. Na época pensei que o livro estava mal escrito, porque não conseguia ver a verdade que continha. Tempos depois, após longos retiros de meditação, experienciei alguns ensinamentos ocultos nesses locais sagrados. Comecei a compreender que os segredos estão trancados nas colinas, nas árvores, nos rios e em cada um de nós. Se meditarmos silenciosamente, sem comentários mentais sobre o ambiente natural e sobre as outras pessoas, poderemos ver que os segredos do universo se revelam a nós, quando estamos receptivos. (...)"

(Tom Davis - Sintonia e sabedoria - Revista Sophia, Ano 12, nº 51 - p. 15)


segunda-feira, 23 de maio de 2016

SINTONIA E SABEDORIA (1ª PARTE)

"Estamos numa espaçonave chamada Terra, que se desloca a uma enorme velocidade. Jamais atravessaremos esse mesmo espaço novamente, pelo menos nesta vida. A Terra gira em torno do Sol e o Sol se desloca pelo espaço, com todos os seus planetas e luas, a uma velocidade ainda maior.

Quando pensamos em termos do vasto universo, somos uma partícula sobre a Terra; a Terra é uma partícula na galáxia, e a galáxia uma partícula em meio a milhares de outras galáxias. Isso nos ajuda a compreender que não somos assim tão importantes.

Se a humanidade deseja continuar habitando este planeta por mais alguns milhões de anos, deve cuidar de si mesma. Quando olhamos para os efeitos devastadores do nosso modo atual de vida, percebemos que a humanidade cresce como um câncer sobre a Terra. Para mudar isso, há certas coisas a serem observadas. Primeiramente, temos que estar em sintonia com nós mesmos e com os outros, como condição para estar em sintonia com o universo. Se nos enxergarmos como indivíduos separados dos outros, não poderemos estar em sintonia.

O universo é imenso e complexo. Nós também estamos nos tornando cada vez mais complexos. Temos que ser mais simples no nosso modo de vida, se desejamos entender a complexidade do universo.

No Ocidente, o desenvolvimento religioso dos últimos dois mil anos levou a acreditar que Deus está em algum lugar lá fora, separado de nós, que somos pecadores à Sua vista e que seremos punidos. Esse conceito errôneo nos afastou do contato com nossos verdadeiros eus e da unidade com o universo. (...)"

(Tom Davis - Sintonia e sabedoria - Revista Sophia, Ano 12, nº 51 - p. 15)


domingo, 22 de maio de 2016

A LEI DO KARMA (PARTE FINAL)

"(...) Para que o karma desempenhe o seu papel, somos colocados em circunstâncias (família, educação, nação etc) que nos obrigam a corrigir fraquezas, aprender com novas experiências e evoluir espiritualmente. Na vida diária, o karma se manifesta como hábitos, tendências, humores, desejos e emoções. Nosso caráter representa a totalidade das boas experiências em vidas passadas, que resultam em tendências e habilidades inatas. As inclinações naturais transformam nossa personalidade e assim o nosso karma é ajustado, fazendo-nos progredir no caminho escolhido ou retardando nosso progresso, quando fazemos escolhas erradas. 

Somos, portanto, os efeitos das nossas ações passadas. Mas há um lado mais sutil na lei do karma: são os traços psicológicos e espirituais deixados na nossa consciência por pensamentos, ações e hábitos de vidas passadas. Eles influenciam o que somos e o que fazemos mais do que podemos imaginar. Essa 'segunda natureza' deve ser controlada no momento em que começar a nos fazer pensar ou sentir diferente, com ciúme, ira ou o que quer que seja. Devemos de imediato trazer à mente um pensamento oposto ou uma qualidade espiritual. Temos que constantemente cultivar boas qualidades para neutralizar os efeitos do mau karma.

Como almas, somos um reflexo de Deus; refletimos a força e as qualidades divinas de amor, gentileza, tolerância compreensão, compaixão etc. Mas estamos no mundo da ilusão, e o mal está presente em cada ser sob a forma de ódio, egoísmo, cobiça, medo etc. O homem deve considerar os sussurros da consciência e as boas tendências como o chamado de Deus em seu interior. Da mesma forma, deve reconhecer e resistir a pensamentos e impulsos malévolos. Lembre-se: o mundo não responderá pelas consequências; você sim. Não ligue como os outros estão agindo. Seja você um exemplo, não para os outros, mas para si mesmo."

(Vinai Vohora - A lei do karma - Revista Sophia, Ano 12, nº 51 - p. 11)



sábado, 21 de maio de 2016

A LEI DO KARMA (1ª PARTE)

"O karma é uma lei universal, a lei última que existe em toda a natureza. Toda ação terá uma reação igual ou contrária que ajustará o efeito à causa nos planos físico, astral e causal. O homem é quem decreta sua recompensa e castigo; ele é, para si mesmo o caminho, a verdade e a vida. Ele realiza isso com seu corpo físico, a fala, o pensamento e a mente. Segundo a lei do karma, todos os atos, sejam físicos, verbais ou mentais, terão uma reação igual e contrária agora ou no futuro. Aquilo que você distribui retornará a você. 

O karma é um princípio equilibrador. 'O que quer que um homem semeie, é o que ele colherá'. Os traços kármicos muitas vezes persistem na mente subconsciente de cada alma, vida após vida. Grande parte desses traços kármicos permanece inativa, mas outra parte dele precisa se manifestar e ser experimentada pela pessoa. Além disso, todos criam novos karmas, como sendo resultado de ações e reações às circunstâncias.

Quando um homem sucumbe fica zangado, é ciumento ou ganancioso, ele aceitou o convite do mal. Quando um homem é senhor de si mesmo - moderado, calmo, compreensivo, altruísta - está convidando Deus a acompanhá-lo. Naturalmente o bom karma traz bênçãos, e o mau karma atrai infelicidade. Mas não devemos esquecer que todos os karmas são gerados por ações físicas, verbais e mentais, em vidas passadas e na vida atual. Todos podem ser bons ou maus, de acordo com as intenções e ações da pessoa. (...)"

(Vinai Vohora - A lei do karma - Revista Sophia, Ano 12, nº 51 - p. 11)




sexta-feira, 20 de maio de 2016

A TRAGÉDIA DE SER DESONESTO

"Indivíduos que levam uma vida de falsidade, tirando proveito da hipocrisia, utilizando-se da mentira, aplicando golpes, insistindo em faturar mais, mas naquela base - 'Se ninguém vê, se posso esconder e disfarçar, se consigo fraudar, por que ser honesto, cumprir com meu dever? Por que não aproveitar?' - se iludem supondo que vivem bem com o produto de seus crimes. 

Na verdade, vivem vítimas do medo, castigados pelo estresse, assustados com a possibilidade de virem a ser descobertos e terem de pagar por seus delitos...

Isso é vida? Vale a pena ficar sempre em alerta, sem sossego, esperando o golpe da justiça?

E a dívida que fazem com a Lei Divina?!!!

É preciso ser muito estúpido para continuar corrupto, farsante, hipócrita, desonesto!

Como é bom poder viver sem ter de me esconder dos outros. Como é bom estar contigo, Senhor!"

(Hermógenes - Deus investe em você - Ed. Nova Era, Rio de Janeiro, 1995 - p. 120)


quinta-feira, 19 de maio de 2016

O CAMINHO DA AUTORREALIZAÇÃO

"Você tem de mostrar, pelo falar e pelo exemplo, que o caminho da autorrealização é o que conduz à alegria perfeita. Consequentemente, sobre você repousa uma grande responsabilidade - a de demonstrar, por sua calma serenidade, humildade, que o sadhana por você praticado o tornou uma pessoa melhor, mais feliz e mais útil. Pratique. Demonstre. Não afirme em palavras enquanto em atos nega.

Para começar, você deve ter uma compreensão clara da natureza da meta - Deus ou a Divindade ou o Absoluto universal, tenha Ele o Nome que tiver. Tem de entender Sua grandeza, Sua beneficência, Sua magnificência. Então, essa compreensão apropriada induzirá você e o pressionará para atingir tal meta. O Universal, do qual você é uma unidade, é puro, destituído de ego, ilimitado e perpétuo. Contemple-O e, cada dia, mais e mais, o inegoísmo, a verdade, a pureza e a eternidade, que em você são inatos, se manifestarão. 

Por meio do sadhana (disciplina), esta realização pode ser alcançada. Acredite que você é o Atma imperecível e puro. Depois, disso, nenhum lucro e nenhuma perda poderão afetar você; nenhuma sensação de desapego ou humilhação poderão atormentá-lo. Somente os homens de fundamentos débeis podem recear tais coisas. O homem forte afasta perda, lucro, desespero, humilhação, sem que padeça suas penas. Quando os sentidos são imperiosos, a equanimidade torna-se apenas um sonho. Exerça domínio sobre eles. Você pode ser você mesmo, isto é, imperturbável e liberto."

(Sathya Sai Baba - Sadhana, O Caminho Interior - Ed. Nova Era, Rio de Janeiro, 1993 - p. 146/147


quarta-feira, 18 de maio de 2016

DESAPEGO E SABEDORIA (PARTE FINAL)

"(...) O cérebro ajuda-o a processar os dados dos sentidos, sua mente reflete sobre os dados coletados e sua consciência confere-lhe subjetividade; assim, ele se torna capaz de obter conhecimento de primeira mão. O homem, com sua natureza inquiridora, pode ter convicção intelectual e situar-se um passo à frente até o insight espiritual ou a realização intuitiva. Em suma, o homem é único e tem o potencial de se tornar sábio, se conseguir se libertar de seus reflexos e paixões animais. Devido a essas paixões e reflexos, ele se apega a seu grupo social e deseja vencer outros grupos.

É comum julgar que alguma coisa é boa e outra coisa é ruim, que isto é útil e aquilo é inútil; mas isso não basta para se tornar sábio. O sábio possui o senso de responsabilidade. Ser humano é viver num estado de responsabilidade. O senso de responsabilidade é inserido na natureza psíquica como uma força positiva, e é por essa razão que ele oscila entre dois polos. Num polo está o senso de responsabilidade e no outro os reflexos animais que tentam escapar; por isso o homem é confuso e permanece numa contínua luta interior. 

Certamente o homem não é sábio ao fugir de sua responsabilidade; esse é um impulso puramente biológico e uma forma de egoísmo que leva ao apego. Nesse sentido, o homem é uma espécie única viajando através do terceiro milênio. Portanto, perguntemos a nós mesmos se não será hora de aceitarmos nossas responsabilidades com relação às futuras gerações e ao planeta no qual evoluímos juntos."

(C. A. Shinde - Desapego e sabedoria - Revista Sophia, Ano 13, nº 53 - p. 25)


terça-feira, 17 de maio de 2016

DESAPEGO E SABEDORIA (1ª PARTE)

"Se perguntarmos quem é apegado à ação e quem é aquele cuja ação é sem apego, logo pensamos que os ignorantes são apegados à ação e os sábios são desapegados. Podemos tentar compreender o verdadeiro significado da afirmação de que os sábios são desapegados em duas partes. Primeiramente precisamos compreender quem é sábio, e, em segundo lugar, compreender o processo do desapego. 

Quem é sábio? Alguém pode responder que, entre as espécies sobre a Terra, a espécie humana é a sábia. O nome científico do homem é Homo sapiens; Homo é o nome do gênero, que significa homem, e sapiens é o nome da espécie, que significa sábio. Portanto, Homo sapiens significa 'homem sábio'. É fácil dar a si mesmo o nome de sábio, mas não é tão fácil agir sabiamente e trazer valores mais elevados à vida.

O homem é autoconsciente, ou seja, consciente de si mesmo. Enquanto os animais têm uma consciência coletiva pertencente à sua própria espécie, o ser humano é capaz de inquirir. Somente o homem pode fazer perguntas a respeito de sua origem e seu lugar na natureza. Seu cérebro grande e volumoso e a postura ereta distinguem-no dos outros primatas. Com essa vantagem evolutiva, ele desenvolveu uma profunda sensibilidade à realidade de sua vida e às situações em volta. Seu cérebro, sua mente e sua consciência juntam-se para fornecer conhecimento em três níveis diferentes, e torná-lo cada vez mais sábio. (...)"

(C. A. Shinde - Desapego e sabedoria - Revista Sophia, Ano 13, nº 53 - p. 25)


segunda-feira, 16 de maio de 2016

A ESPERANÇA DA GLÓRIA


"Não se trata de um estado virtuoso, de entoar hinos, ir à igreja, seguir as regras e preceitos de uma organização religiosa etc. Significa a prática da Presença de Deus que está dentro de você. Significa expressar luz, amor, verdade e beleza agora, ser feliz e viver na alegre expectativa do melhor. Quando você está irradiando vibração e seus relacionamentos familiares e sociais são positivos, isso é também a glória (o brilho e o raio) de Deus. Cristo significa a Presença de Deus em você. 

A palavra 'Cristo', como se sabe, não é um nome próprio. Trata-se de um título. É uma palavra grega significando ungido ou consagrado. Corresponde à palavra hebraica 'Messias' e à palavra 'Buda'. O Cristo em você significa a Presença Divina em você, a verdade espiritual sobre você. Jesus é o nome de um homem. As palavras 'Jesus' e 'Josué' são sinônimas. A última significa 'Deus é a solução'. Deus é a salvação ou solução de todos os seus problemas. Ver Cristo significa ver (perceber espiritualmente) a paz onde há discórdia, o amor onde há ódio, a alegria onde há tristeza, integridade, perfeição e beleza onde há doença. Esse exercício mental e espiritual é frequentemente chamado de prática da Presença de Deus. 

E se eu for alçado da terra, a mim atrairei todos os homens (João, 12:32). Isso significa que na medida em que você eleva seu ideal, através da prece e da meditação, ao ponto de aceitação, a manifestação irá aparecer. Em outras palavras, você irá experimentar a alegria do atendimento da prece." 

(Joseph Murphy - Sua força interior - Ed. Nova Era, Rio de Janeiro, 1995 - p. 17



domingo, 15 de maio de 2016

CONTEMPLAÇÃO E MEDITAÇÃO

"Somos novos a cada dia. Nossos pensamentos, intenções, atos, consciência e percepções estão sempre evoluindo, e a cada mudança emerge uma pessoa diferente. Você não é a mesma pessoa que era há cinco anos, nem há cinco minutos. O mesmo acontece com aqueles que você ama, com seus amigos e conhecidos. Por isso, várias vezes reagimos em relação à pessoa que conhecemos há muito tempo - e ela o faz conosco - como se ela continuasse sendo como era antes. Por exemplo, o valentão do ginásio pode continuar sendo o mesmo para nós quando o reencontramos já adultos, ainda que tenha mudado, encontrado a paz espiritual e se transformado no mais suave dos homens. 

A evolução não faz muita diferença se você não está consciente dela. Como é possível amadurecer, quando não se tem consciência do processo? Como aprender com a vida, se não pararmos para experimentá-la? Como incorporar tudo o que acontece física e psicologicamente, se não dermos a nosso corpo e mente tempo para digerir os acontecimentos? Como mudar, enquanto nossos amigos e pessoas amadas mudam?

A maneira de nos conhecermos e de conhecer os outros é através de uma relaxada contemplação espiritual e da meditação. O tempo de começar é agora. Há uma diferença entre contemplação e meditação, apesar de serem muito parecidas. Contemplar significa concentrar-se num assunto específico, ou num objeto específico - a ideia de bondade, por exemplo, ou a beleza de uma borboleta. Meditar implica manter a mente completamente vazia, livre para acolher todos os sentimentos, ideias, imagens ou visões. É a arte de observar sem pensar, sem fazer comentários mentais. Para a mente ocidental é muito mais fácil praticar a contemplação. Estamos acostumados a focalizar nosso pensamento num determinado assunto, pensar sobre ele e analisá-lo. A meditação é um conceito mais oriental, mais difícil de captar, e requer muita prática. Uma pessoa pode levar meses ou anos para conseguir meditar plenamente, e pode não chegar a fazê-lo numa única vida. Mas isto não significa que você não deva tentar meditar agora. Lembre-se: na vida presente e em todas as outras você está progredindo em direção à imortalidade. A tentativa, por si só, já traz recompensas profundas, e você logo vai se surpreender desejando o momento de solidão que a meditação requer."

(Brian Weiss - Muitas vidas, uma só alma - Ed. Sextante, Rio de Janeiro, 2005 - p. 151/152


sábado, 14 de maio de 2016

MUDANDO O MUNDO

"Gentileza e carinho não podem ser reservados apenas a nossos amigos e parentes. Assim, a sociedade não mudará em nada. Precisamos nos aproximar das pessoas estranhas, não apenas daqueles que se parecem conosco.

Se conseguíssemos que todo mundo realizasse alguns atos de bondade diariamente, poderíamos começar a mudar o mundo. Nossos dias pareceriam mais suaves, acumularíamos pequenas alegrias e nossa esperança no futuro seria reforçada. (...)

Todos os verdadeiros mestres da humanidade, desde o início dos tempos, vêm falando sobre amor e compaixão em nossos relacionamentos e em nossas comunidades. Não desperdiçaram seu tempo nos instruindo sobre como acumular riqueza material em excesso às custas dos outros. Não nos ensinaram a ser maus, autocentrados, rudes ou arrogantes.

O verdadeiro mestre apontará a direção, mostrando o que é importante para nossa evolução espiritual e o que não é importante, o que pode ser um impedimento ou um obstáculo. Cabe a nós traduzir seus ensinamentos em nossa vida cotidiana. Sendo solidários e carinhosos, praticando atos de amor."

(Brian Weiss - A Divina Sabedoria dos Mestres - Ed. Sextante, Rio de Janeiro, 1999 - p. 164/165)


sexta-feira, 13 de maio de 2016

ATIVIDADES VIRTUOSAS


"Comprometer-se com atividades virtuosas é um pouco como criar uma criança pequena. Há uma grande quantidade de fatores envolvidos. E, principalmente no começo, precisamos ser prudentes e habilidosos em nossas tentativas de transformar nossos hábitos e temperamentos. 

Também temos de ser realistas a respeito daquilo que esperamos conseguir. Levou muito tempo para ficarmos do jeito que somos, e não se mudam hábitos da noite para o dia. É bom olhar para cima à medida que se progride, mas é um engano julgar nosso comportamento utilizando o ideal como padrão. 

Por isso, é muito mais eficaz, em vez de alternar breves rompantes de esforço heroico com períodos de relaxamento, trabalhar com constância, como um rio fluindo em direção a um objetivo de transformação." 

(Dali-Lama - O Caminho da Tranquilidade - Ed. Sextante, Rio de Janeiro, 2008 - p. 36)


quinta-feira, 12 de maio de 2016

A SABEDORIA INTERNA

"Para conhecer o mundo,
Não é necessário viajar pelo mundo.
Posso conhecer os segredos do mundo
Sem olhar pela janela do meu quarto.
Quanto mais longe alguém divaga,
Menor é seu saber.
O sábio atinge a sabedoria
Sem erudição;
Alcança a sua meta
Sem esforço;
Termina a sua jornada 
Sem viajar.

EXPLICAÇÃO: Toda a fonte da sabedoria está no interior do homem. O mundo externo pode apenas servir de estímulo para despertar a realidade interna do homem: mas não é fonte e causa de sabedoria. O íntimo Ser do homem é infinitamente maior do que o externo ver, ouvir, sentir e ter. Por isto, deve o homem concentrar-se no seu interno ser - e conhecerá todos os mundos externos. Sem essa interiorização, pode o homem ver todas as coisas externas sem compreender nada - assim como um analfabeto pode folhear os maiores livros da humanidade sem entender nada."

(Lao-Tse - Tao Te King, O Livro Que Revela Deus - Tradução e Notas de Huberto Rohden - Fundação Alvorada para o Livro Educacional, Terceira Edição Ilustrada - p. 126/127)


quarta-feira, 11 de maio de 2016

A IRMÃ DOR

"Perante uma grande crise, um desastre, uma doença, uma calamidade, ... pessoas de poucas luzes se desesperam, se revoltam, e caem em depressão.

Coitadas!

As que já olham o mundo conforme o ensino de suas igrejas costumam expressar resignação, dizendo: 'Seja feita a vontade de Deus.'

As pessoas já amadurecidas pela sabedoria, em firme serenidade, se perguntam: 'Que andei eu fazendo de errado para merecer isto?'

Tais pessoas sábias não param aí. Diante da dor, se perguntam também: 'E agora, que devo fazer para me corrigir e passar a fazer o melhor de mim mesmo para receber a Graça Divina e sair desta?'

E assim, as dores perturbam e vencem os ignorantes; suscitam resignação no homem religioso; e os sábios desafiam e inspiram para mais avançar no caminho da libertação.

Que em cada crise Tua Luz e Teu poder não me faltem."

(Hermógenes - Deus investe em você - Ed. Nova Era, Rio de Janeiro, 1995 - p. 118)


terça-feira, 10 de maio de 2016

A TENTAÇÃO NO DESERTO

"A estória da tentação de Jesus pelo demônio no deserto (Mt 4:1-11) retrata, em linguagem simbólica, apenas parte das experiências do iniciado do segundo grau. Logo após a natividade, Herodes fez o seu ataque, simbolizando o clamor dos hábitos e desejos do passado. Da mesma forma, agora os vestígios remanescentes de orgulho, egoísmo, autossatisfação e desejo de poder, personificados por Satã, tendem a emergir e tentar o iniciado para que abandone sua missão divina. Alegoricamente, o demônio incitava Jesus no deserto (que significa os períodos de aridez espiritual testemunhados por todos os místicos) ao abandono da grande busca e ao uso de seu poder recém-adquirido para adquirir posses pessoais e prestígio. Diz-se que muitos aspirantes falham nesse grande teste. A sensação de intensificação de poder é tão forte, a capacidade intelectual é tão maravilhosamente aumentada pela passagem por esses graus dos mistérios maiores que o egoísmo e o orgulho (personificados por Satã) podem alcançar proporções monstruosas e fazer sucumbir o candidato, levando-o a buscar a gratificação da ambição por poder e ao desenvolvimento de soberba pessoal.

A vitória é obtida por fim. O tentado diz ao tentador: 'Vai-te, Satanás'' (Lc 4:8). O uso permissível dos recém-encontrados poderes capacita-o a curar, ensinar e atrair para si aqueles que se tornam discípulos, e são eles mesmos ajudados a encontrar e a trilhar a mesma senda da santidade, 'a porta estreita' e o 'caminho apertado'."

(Geoffrey Hodson - A Sabedoria Oculta na Bíblia Sagrada - Ed. Teosófica, Brasília, 2007 - p. 161/162)
www.editorateosofica.com.br


segunda-feira, 9 de maio de 2016

QUEM É DA VERDADE ESCUTA A MINHA VOZ (Jo 18:37)

"A inspirada estória, assim interpretada, serve para descrever não só os processos de evolução cósmica e as experiências dos indivíduos altamente desenvolvidos no estágio final de evolução para o adeptado. Ela descreve também a vida de cada ser humano, pois, como sugerido anteriormente, todos os homens experimentarão algum dia o despertar espiritual, interior, ou 'nascimento'. Há momentos na vida da maioria das pessoas em que elas se sentem insatisfeitas consigo mesmas, quando experimentam o que tem sido descrito como uma inexprimível nostalgia do infinito, um divino descontentamento. Essa experiência humana quase universal corresponde à natividade de Cristo. A maioria das pessoas tem seu batismo nas águas da tristeza, quando a aflição, dor e desespero podem subjugá-las, da mesma forma como as águas do Jordão cobriram Jesus. Se, como ele, as pessoas permanecem imperturbáveis, emergirão mais fortes, mais sábias e capacitadas a curar as dores alheias. As tentações no deserto, estados de consciência quando a espiritualidade parece muito distante, também assediam a humanidade. A natureza inferior induz o homem a abandonar o superior por motivos de ganho pessoal, prestígio e poder. Novamente, aqueles que vencem e usam corretamente seus poderes, como fez Nosso Senhor, provocarão uma renovação do impulso espiritual. Algumas vezes esse é tão forte que pode transformar o caráter e a vida das pessoas, da mesma forma como Nosso Senhor transfigurou-se no monte."

(Geoffrey Hodson - A Sabedoria Oculta na Bíblia Sagrada - Ed. Teosófica, Brasília, 2007 - p. 162)


domingo, 8 de maio de 2016

O DESAFIO DOS RELACIONAMENTOS (PARTE FINAL)

"(...)  Você deve praticar o desapego se quiser criar relacionamentos duradouros e harmoniosos. Ser espiritualmente desapegado significa ser capaz de abrir mão de nossas necessidades e preferências. Sem esse desapego você não consegue evitar manipular as outras pessoas, o que cria conflito em seus relacionamentos.

A paz surge da prática contínua do desapego - em casa, no trabalho, com amigos e parentes, e especialmente com pessoas difíceis. A pessoa espiritualmente desapegada não deixa o relacionamento se degenerar até se transformar em um jogo de estímulo e resposta. O teste é simples: mesmo que você esteja chateado ou zangado comigo, eu consigo permanecer calmo, amoroso e gentil com você e lhe ajudar a vencer a raiva? Se você persistir em continuar zangado comigo, consigo ainda ser amoroso com você?

A aversão pelas pessoas é na verdade um reflexo de nós, não daqueles de quem não gostamos. Tendemos a ver os outros não como realmente são, mas como somos. Nossos relacionamentos são sempre espelhos, refletindo algum aspecto de nós mesmos. Esse é o modo do espírito dizer: 'Olhe para o que podemos aprender a respeito de nós mesmos.'

Preste muita atenção quando um padrão ou um comportamento particular se refletir em você vindo de três ou mais pessoas diferentes, pois então você pode ter certeza de que aí está algo que é preciso verificar. Para uma pessoa zangada, todo mundo parece zangado e cheio de hostilidade. Para uma pessoa desconfiada, todo mundo parece suspeito. Para uma pessoa amorosa e terna, todo mundo merece amor, toda ocasião é uma oportunidade para oferecer perdão e ver o melhor nas outras pessoas." 

(Susan Smith Jones - O desafio dos relacionamentos - Revista Sophia, Ano 9, nº 36 - p. 33)


sábado, 7 de maio de 2016

O DESAFIO DOS RELACIONAMENTOS (1ª PARTE)

"Uma das maiores alegrias da vida vem dos nossos relacionamentos com os outros. Ao mesmo tempo, os relacionamentos podem também apresentar nossos maiores desafios, oferecendo inúmeras maneiras de crescer e de nos conhecer melhor. Para experienciar harmonia em nossos relacionamentos, devemos aprender a ver e amar o divino nos outros, e a compreender que relacionamentos duradouros resultam de se ser a pessoa certa, e não de se encontrar a pessoa certa.

Um princípio espiritual básico é o de que a unidade é a única coisa que existe. Somos todos um com todos os outros e com tudo que encontramos. Em vez de tentar mudar ou 'consertar' alguém a quem vemos como fonte de nossos problemas e dificuldades, podemos lembrar o que essa pessoa realmente é. Em vez de focar na aparência e no comportamento - peculiaridades, idiossincrasias, roupas, estilo de cabelo - podemos olhar para o outro com o seguinte pensamento: 'Esta é uma alma, filha de Deus. Este ser humano é uma expressão do infinito'.

Ao fazer isso, adquirimos maior compreensão e uma perspectiva desapegada: 'Esta pessoa possui sentimentos, assim como eu. Ela tem pensamentos e opiniões, aspirações e sonhos que são tão importantes para ela quanto os meus são para mim. A força viva de Deus nessa pessoa está se manifestando em sua personalidade e nos serviços que ele executa - nas coisas que ela faz por mim, na maneira como trata os outros, em seu modo de ser. Porque eu sei quem sou: um divino filho de Deus que já possui tudo, e portanto posso aceitar e ver a divindade nos outros.'

À medida que absorvemos essa imagem superior de quem somos, seguem-se inúmeros benefícios. Quando você parte da percepção de que é um ser espiritual, já não se relaciona mais consigo mesmo como uma criatura cujas satisfações vêm somente dos prazeres físicos. Você para de se relacionar com os outros em termos da aparência física que eles têm. Como sabe que seu valor deriva do ser eterno dentro de você, e como percebe de que esse mesmo ser vive nos corações de todos, você se relaciona com todos com respeito, gentileza e amor, não importa as circunstâncias. 

Essa mudança de atitude a respeito dos relacionamentos é um dos mais agradáveis benefícios da experiência espiritual, embora traga enormes responsabilidades. A fim de vermos a nós mesmos em tudo, devemos nos desapegar de nosso próprio ego; caso contrário, nós nos envolveremos emocionalmente nos problemas das outras pessoas e perderemos de vista nossa unidade com o espírito. (...)"

(Susan Smith Jones - O desafio dos relacionamentos - Revista Sophia, Ano 9, nº 36 - p. 33)

sexta-feira, 6 de maio de 2016

AJUDAR OS ANIMAIS É AJUDAR O MUNDO

"A Sociedade Nacional Antivivissecção (NAVS) foi a primeira organização de proteção aos animais a que fui apresentada, ainda na infância. Lembro-me de ter ouvido a palavra 'vivissecção' e pensado que era a palavra mais feia que conheci. Quando soube que Gandhi chamava isso de 'o mais negro dos crimes', concordei completamente. 

Ao ouvir falar sobre experimentos com animais, meu sentimento foi de traição. Senti-me traída pelo mundo que pensava conhecer, que imaginava que cuidasse dos pequenos e fracos, e não que os explorasse em benefício dos poderosos. Eu cresci no dia em que li a primeira publicação da NAVS. Minha inocência acabou e meu futuro como defensora de animais - humanos e não humanos - começou a nascer. 

Todos encontramos nosso caminho no trabalho; o meu foi usar a habilidade como escritora para promover o ideal de justiça em relação a todas as espécies vivas. Fiz a minha parte carregando cartazes em manifestações, mas a palavra escrita é o meu forte, meu modo de atingir a audiência para uma agenda que, para alguns, pode parecer absurda. mas é profundamente simples: proteger os impotentes. (...)

Crescer de maneira humana, para as pessoas adultas, é o processo de permitir que aquelas mensagens antigas amadureçam, em vez de descartá-las. A ética humana é colocar a regra de ouro em ação: não faça aos outros o que não quer que eles façam a você. Isso de aplica a todos os outros, os que têm patas, penas e nadadeiras, assim como aos seres humanos. O desafio é, como disse Einstein, 'alargar nosso círculo de compaixão para abarcar todas as criaturas vivas e toda a natureza em sua beleza'. Somos verdadeiramente requisitados a viver de maneira que exemplifique essa compaixão. Esse 'viver a vida' - caminhar o caminhar em vez de conversar o caminhar - traz a ética humana do reino da filosofia para o reino da prática, para o lugar no qual é possível genuinamente fazer o bem."

(Victoria Moran - Ajudar os animais é ajudar o mundo - Revista Sophia, Ano 9, nº 36 - p. 13)


quinta-feira, 5 de maio de 2016

CONTROLE DA MENTE E AÇÃO CORRETA (PARTE FINAL)

"(...) No sonho não há escolhas - é preciso aceitar o papel que o sonho nos incumbe. A percepção sem escolha só ocorre quando a mente viu a futilidade de suas próprias escolhas. O estado de sonho é na verdade um estado de concentração, pois a concentração só é possível quando cessam todas as lutas para escolher. Essa é uma condição relaxada da mente; representa atenção sem distração.

Enquanto no estado de vigília há o focar da mente, no estado de sonho há a observação da mente. À medida que observamos a mente, chegamos ao terceiro estado de percepção - o sono profundo. Nesse estado não há perturbação causada pelos movimentos do sono - na verdade, não há nem mesmo o meneio de pensamentos. Isso é verdadeiramente a não percepção na percepção - a pessoa não está sequer perceptiva de que está perceptiva. Essa condição está bem descrita no livro Luz no Caminho (Mabel Collins, Ed. Teosófica): 'Embora luteis, não sejais o guerreiro.' No sono profundo, a dualidade de sujeito e objeto desaparece. Onde essa dualidade não está, há perfeita quietude. Nesse quietude ocorre o quarto estado - o estado de pura percepção. E a pura percepção é realmente o conhecimento do ser.

O autoconhecimento é o ponto de partida da ação correta - não uma ação imitada, mas ação autoiniciada. Quando o movimento da mente cessa, somente então começa o movimento na mente. Quando há movimento na mente, e não da mente, ela se torna um instrumento perfeito. E somente quanto a mente está na condição de ser um instrumento perfeito é que surge a ação correta. No Bhagavad Gita, Krishna exorta Arjuna a se tornar um canal perfeito (Nimitta). Quando Arjuna compreende a profundidade desse ensinamento, ele se dirige a Krishna e declara: 'Seja feita a vossa vontade.' Quando a pessoa se torna um canal para a realização da vontade divina, é iniciada nos mistérios da correta ação. 

Isso é o yoga prático - o yoga praticado nas ocupações diárias da vida. Somente os praticantes desse yoga agem com sabedoria, pois estão livres da cadeia de reações. Eles se movem livremente na vida, pois nada consegue retê-los. Hoje em dia precisamos de homens e mulheres assim, pois é através deles que irá surgir a transformação fundamental na sociedade. Eles servirão como núcleos para a nova ordem das coisas nos diferentes ramos da atividade humana. O yoga não é a fuga da ação, como pensam muitos no Ocidente. Yoga e, na verdade, a base e o terreno para a correta ação."

(Rohit Mehta - Yoga prático - Revista Sophia, Ano 9, nº 36 - p. 8


quarta-feira, 4 de maio de 2016

CONTROLE DA MENTE E AÇÃO CORRETA (1ª PARTE)

"O problema da mente e da segurança só pode ser abordado com a compreensão do processo de modificação da mente. A mente e suas modificações são o tema central do raja yoga. Isso é conhecido como 'controle da mente'. Mas o que é uma mente controlada? É uma mente flexível e sensível. Uma mente estreita, rígida, fechada, obviamente que não é uma mente controlada. Pode parecer paradoxal, mas uma mente controlada é na verdade uma mente livre. Enquanto a mente tiver seus próprios comprometimentos e embaraços, ela não é livre. São esses comprometimentos e embaraços que a tornam incontrolável. Uma mente controlada não pode ter quaisquer interesses. Ela é um instrumento perfeito, um canal sem mácula. 

Existem dois pré-requisitos para um canal efetivo - ele não deve ter vazamentos e deve ser totalmente vazio. Como disse o grande filósofo chinês Lao Tzé, a utilidade de uma porta está no espaço vazio. De modo semelhante, a utilidade de um canal está na sua vacuidade, Patañjali diz, nos Yogas Sutras, que o yoga é o cessar das ondas de pensamentos na mente (vide livro A Ciência do Yoga. I. K. Taimni, Ed. Teosófica). Somente quanto a mente está aquietada é que nela se pode ver um claro reflexo do ser. Só a mente quieta pode ser uma mente verdadeiramente controlada. Somente na quietude da mente é que o sussurro da alma pode ser ouvido. O autoconhecimento não é possível sem a quietude. É aqui que a ciência da meditação vem em nosso auxílio.

De acordo com Patañjali e outras autoridades do yoga, a meditação é a condição onde cessa todo o movimento da mente. A meditação é um processo composto, com diferentes graus de percepção. O autoconhecimento é a percepção de nós mesmos no nível mais profundo. Uma vez que a meditação nos ajuda a chegar ao autoconhecimento, ela é um processo de aprofundamento da percepção. Os livros hindus sobre yoga mencionam quatro estados de consciência - os estados de crescente percepção: vigília, sonho, sono profundo e o estado transcendental.

É óbvio que a mente deve chegar primeiro ao estado de vigília, que é o estado de percepção com escolha. Ali a mente explora todas as escolhas referentes a uma situação. Quando ela não consegue mais perceber escolhas e alternativas, chega ao estado de sonho, que pode ser descrito como percepção sem escolha. (...)"

(Rohit Mehta - Yoga prático - Revista Sophia, Ano 9, nº 36 - p. 8


terça-feira, 3 de maio de 2016

O EQUILÍBRIO DA VIDA

"O excesso de luz cega a vista.
O excesso de som ensurdece o ouvido.
Condimentos em demasia estragam o gosto.
O ímpeto das paixões perturba o coração.
A cobiça do impossível destrói a ética.
Por isto, o sábio em sua alma
Determina a medida para cada coisa.
Todas as coisas visíveis lhe são apenas
Setas que apontam para o Invisível.

EXPLICAÇÃO: O verdadeiro sábio tem a intuição de que todas as suas coisas empírico-mentais não são fins em si mesmas, mas apenas meios para alcançar um fim superior.

O profano só conhece os meios e ignora o fim.

O místico só conhece o fim e despreza os meios.

O homem cósmico alcança os fins através dos meios.

É este o homem integral - que vive universicamente."

(Lao-Tse - Tao Te King, O Livro Que Revela Deus - Tradução e Notas de Huberto Rohden - Fundação Alvorada para o Livro Educacional, Terceira Edição Ilustrada - p. 48/49)


segunda-feira, 2 de maio de 2016

ATRAENTE É O CAMINHO DO PECADO

"'Um homem que caminhava numa região do pais em que diamantes foram encontrados chegou a uma área coberta de cacos de vidro, que reluziam à luz do sol.

'Diamantes!', pensou, animado. Abaixando-se para pegar um deles, percebeu que se tratava apenas de um caco de vidro. Desapontado, atirou-o longe e estendeu o braço para apanhar outro. Mas este, também, era apenas um caco de vidro. E assim ele prosseguiu a apanhar um caco de vidro atrás do outro. Algumas vezes, ele se cortava com os cacos mais afiados. Todo caco que apanhava era tão enganador quanto os anteriores. 

'Assim é o caminho do pecado. Atraente é o seu falso brilho, mas a experiência mostra no final não se tratar de outra coisa senão de um 'caco de vidro'. Por vezes, esse caco de vidro faz com que a pessoa que o apanha se corte. Ele sempre causa decepção.

'Os prazeres sensuais só podem terminar em fastio, em marasmo angustiante e em desgosto. Por quê? Pelo simples fato de que os seus sentidos físicos não são o seu verdadeiro Eu.'"

(Paramhansa Yogananda - A Sabedoria de Yogananda, A Essência da Autorrealização - Ed. Pensamento, São Paulo, 2012 - p. 63


domingo, 1 de maio de 2016

BENEVOLÊNCIA

"Você é pessoa que evolutivamente há muito ultrapassou o nível de comportamento que lhe permitiria empunhar um revólver e sair à rua a ameaçar transeuntes, arrancando-lhes os haveres, agredindo-os, humilhando-os.

Felizmente, você já está muito acima de tal horror.

Mas, sinceramente, já terá transcendido a faixa em que ainda está sujeito a, invigilantemente, no íntimo de seu ser, deixar-se levar por pensamentos, projetos e desejos de que algo ruim aconteça a alguém que o preteriu, prejudicou, agrediu?...

Analise-se bem a fim de que, embora não exercendo a violência em suas expressões objetivas, não se entregue à violência subjetiva.

Ambas as formas são expressões de um mesmo mal - a violência.

Que seja eu sempre benevolente e misericordioso."

(Hermógenes - Deus investe em você - Ed. Nova Era, Rio de Janeiro, 1995 - p. 64)