OBJETIVOS DO BLOGUE

Olá, bem-vindo ao blog "Chaves para a Sabedoria". A página objetiva compartilhar mensagens que venham a auxiliar o ser humano na sua caminhada espiritual. Os escritos contém informações que visam fornecer elementos para expandir o conhecimento individual, mostrando a visão de mestres e sábios, cada um com a sua verdade e experiência. Salientando que a busca pela verdade é feita mediante experiências próprias, servindo as publicações para reflexões e como norte e inspiração na busca da Bem-aventurança. O blog será atualizado com postagens de textos extraídos de obras sobre o tema proposto. Não defendemos nenhuma religião em especial, mas, sim, a religiosidade e a evolução do homem pela espiritualidade. A página é de todos, naveguem a vontade. Paz, luz, amor e sabedoria.

Osmar Lima de Amorim


terça-feira, 22 de fevereiro de 2022

O CAMINHO ESTÁ NO INTERIOR

"Todo aspirante ao Caminho descobre, mais cedo ou mais tarde, que todo o processo é realizado em seu interior. O caminho está dentro dele. O poder do sucesso está dentro dele. Os obstáculos estão todos dentro dele, até mesmo, os kármicos; pois o efeito do karma é decidido por sua reação a ele. Eventos externos, mesmo os Níveis alcançados, são apenas externalizações do que se passa dentro dele. Todas as grandes realizações são interiores. Todas as grandes batalhas, derrotas e vitórias ocorrem em seu interior. A vida externa é apenas um reflexo da experiência e da condição interior. Portanto, o grande esforço deve sempre ser direcionado para dentro, para purificar e aperfeiçoar o caráter, refinar toda natureza e, acima de tudo, para desenvolver poder, sabedoria, compaixão e inteligência. É essencial que a mente seja mantida sempre no ideal. O aspirante deve dedicar seu coração e sua alma às mais importantes coisas da vida. Ele deve viver para essa dedicação." 

(Geoffrey Hodson - A Vida do Iniciado - Ed. Teosófica, Brasília, 2021 - p. 59)


quinta-feira, 17 de fevereiro de 2022

O AMOR E A UNIDADE

"Há muitos entendimentos da palavra amor. Desde sempre os músicos e poetas cantam e declamam esse grande mistério da humanidade. Porém não vamos nos referir aqui ao amor como paixão entre duas pessoas, relacionado aos desejos e ciúmes, e sim ao amor dos santos, aquele descrito em inúmeras tradições religiosas: o amor por todos os seres, isento de desejo de recompensa. Será que esse sentimento pode se manifestar em todos nós? E caso possa, qual a natureza desse fenômeno?

Para compreender esse grande mistério é necessário lembrar a conhecida máxima ocultista: 'Um é o todo, o todo é um.' Este é um grande axioma do esoterismo, mas será que conseguimos assimilar um conceito tão profundo? Helena Blavatsky, quando apresenta sua constituição septenária do ser humano, define que Ãtman, nosso princípio mais elevado ou espiritual, não é individual, mas coletivo. Ou seja, de acordo com seu sistema de filosofia esotérica, não há um Ãtman para cada ser vivo, mas somente um, compartilhado com todos. 

Isso significa que de fato somos apenas um ser, compartilhando manifestações diversas aparentemente fragmentadas: somos diferentes pontos de vista de um mesmo observador. Os mestres de Blavatsky afirmam que esse princípio superior não está em um local inacessível; ele está presente em todos os demais princípios ou veículos da consciência, ou seja, é onipresente.

Devido a isso, no Budismo encontramos o conceito de Anãtman, que poderia ser traduzido como 'não eu': não há, em essência, seres individualizados e separados. Este é um princípio profundo, que exige muito esforço meditativo para que possa não somente ser compreendido em nível intelectual, mas também incorporado em todos os níveis de nossa compreensão e assimilado por nossa alma. 

Como esse princípio se relaciona com o amor dos santos, relatado nas escrituras e por inúmeros religiosos, espiritualistas e gurus?

Refletindo sobre o mistério chamado amor, poderíamos descrevê-lo objetivamente como um magnetismo invisível e irresistível que mantém dois ou mais seres conectados pelo período de uma vida, e, em muitos casos, também no período pós-vida, em uma sucessão de manifestações, corpóreas ou não. 

Esse magnetismo misterioso e indestrutível é nada menos que a pura percepção da unidade, pois, se de fato somos um só ser, além do entendimento intelectual do conceito, há um momento em que começamos a assimilar em outros níveis essa realidade única. Isso nos desperta para uma outra relação com a vida e com todos os outros entes, animados ou inanimados, já que tudo e todos são simplesmente partes de nós mesmos. 

Com essa chave começa a ser possível compreender o sentimento de compaixão, profunda manifestado por todos os Bodhisattvas, que consideram todos por igual, com empatia e paciência infinita com qualquer ser vivo. Pois, de acordo com essa afirmação, simplesmente não existe outro ser, mas extensões ou outras versões de nós mesmos. Portanto, o altruísmo não é uma simples virtude a ser cultivada: o único caminho possível é amar o próximo como a si mesmo, pois o outro sou eu, o único eu possível aquele ou aquilo que também somos nós.

Ao longo da experiência humana, em inúmeras reencarnações, a 'meta' talvez seja a compreensão gradual da realidade única da qual fazemos parte. Este é o desenvolvimento de bodichita descrito no Budismo, uma chama interna que uma vez acesa não se apaga mais, 'a chama eterna do amor imortal."

(Charles Boeira - O amor e a unidade - Revista Sophia, Ano 19. nº 90 - p.11)
Imagem: Google.


terça-feira, 15 de fevereiro de 2022

A INTELIGÊNCIA DA NATUREZA

"Implica em nosso conceito de Deus como um campo de energia oniabarcante está a inteligência divina. Essa ideia, no entanto, raramente é aceita no mundo moderno, onde agora domina a ciência. Um certo autor escreveu: 'Virtualmente tudo no mundo empírico parece explicável sem recorrer a uma realidade divina. Com a natureza, a única fonte de direção evolutiva, e com o ser humano, o único ser racional consciente na natureza, o futuro da humanidade está enfaticamente nas mãos dos seres humanos.' Pode haver muito de verdade nessa afirmação, mas dizer que a natureza é a única fonte de direção evolutiva revela um modo um tanto confuso de pensar. 

Darwin, em sua teoria da evolução, não aceitava a inteligência da natureza, embora Alfred Wallace, que trabalhou com ele, acreditasse nela. Para Darwin o progresso evolutivo era uma questão de 'sobrevivência do mais adaptado', ou de 'seleção natural'. Isso parece significar que a evolução ocorre como resultado de uma ou de duas alternativas: ou o puro acaso ou a inteligência da natureza tomando as decisões. A citação acima diz que a natureza é 'a única fonte de direção evolutiva'. O acaso não tem direção e não pode criar direções; portanto, de acordo com nosso argumento, a natureza deve ter inteligência. 

Na fala do dia a dia, geralmente dizemos 'vamos deixar isso com a natureza', ou 'a natureza vai cuidar disso'. É difícil entender por que pessoas educadas, usando essas expressões, não compreendem que estão admitindo que a natureza tem uma inteligência superior à dos humanos. Vemos nos programas de televisão a maravilhosa organização na vida dos animais, de insetos e plantas. Vemos, por exemplo, como os morcegos têm usado o eco para localização durante milênios, talvez milhões de anos, antes da humanidade descobrir o mesmo princípio e utilizá-lo no radar.  

Aceitamos que a natureza sabe como manter a saúde de um ser humano, de um animal ou de uma planta, e que pode acionar o processo de cura quando necessário. Mas não conseguimos compreender que, para isso acontecer, é preciso inteligência. 

Lester Smith escreveu, no seu livro Intelligence Comes Furst: 'Todo o universo dá um testemunho eloquente de ser um produto da mente e da inteligência, como têm afirmado alguns cientistas. Contudo, a maioria deles acredita que a inteligência criativa é a última coisa a surgir, como ápice de uma longa série de afortunados acidentes de evolução. Revertemos essa hipótese e suponhamos, em vez disso, que a inteligência seja primordial, que o Cosmo seja perpassado pela inteligência. Não apenas faz sentido, mas permite compreender que soubemos disso o tempo todo'. 

A natureza e o instinto podem, portanto, ser melhor compreendidos como a ação da inteligência universal que age no oniabarcante campo de energia uno. As energias desse campo aparecem como vontade divina, inteligência divina e, por fim, como amor divino, que se move para desenvolver unidade e equilíbrio. Quando consideramos Deus como a totalidade, podemos ver seu reflexo no mundo de cada dia, em forma de bondade. Onde há amor, unidade e equilíbrio de elementos diversos, sentimos que existe bondade - que há sinal de Deus."

(Jack Patters - A inteligência da natureza - Revista Sophia - Ano 19, nº 93 - p. 13)
Imagem: Google.


quinta-feira, 10 de fevereiro de 2022

RETA CONDUTA

"O processo oculto não depende de que sejam alcançados elevados níveis de consciência, de poderes, de visões, de sonhos. Depende quase inteiramente da conduta ao longo das horas e dias de nossas vidas e, para a reta conduta, não há substituto.

Honra e posição mundanas, dons físicos e intelectuais brilhantes, alta realização cultural - tudo isso não elevará o aspirante um passo em direção aos Mestres, a menos que seu pensamento, fala e ação diários estejam em conformidade com o ideal do Caminho.

O homem ou a mulher que mora sozinho é livre para buscar o conhecimento oculto, pois nenhuma outra pessoa é afetada. Quando, no entanto, o novo estudante é casado ou adquire outras responsabilidades, então um cuidado especial deve ser tomado para nunca permitir que o interesse em desenvolvimento o isole da família. Tampouco deve obrigar outro (o parceiro, por exemplo) a responder de maneira semelhante. Tais erros podem ter resultados adversos. Um é criar divisão entre os membros de uma família até então intimamente unidos. O outro é afastar a pessoa, que já se sente angustiada, e que está sofrendo por um assunto que lhe causou tanta dor. Em todos os casos, a atenção daqueles que são queridos e por quem são amados deve controlar todos os interesses e ações que possam criar uma divisão na vida familiar ou em outras associações. As obrigações existentes devem vir em primeiro lugar.  

Talvez seja possível estabelecer um acordo no qual, sem romper os laços estreitos, o amor e a atenção habituais possam ser mantidos, permitindo, também, que o novo aspirante possa ter tempo e oportunidade para estudar Ocultismo. Sob tais circunstâncias, é muito provável que companheiros próximos se voltem para os mesmos interesses, fortalecendo e aprofundando assim o relacionamento - uma consideração importante. Se isso for possível, também será alcançado um valioso desenvolvimento de caráter: o da capacidade de adaptação a todas as situações, particularmente às difíceis. Isso pode se incorporar ao temperamento e provar ser de imenso valor, especialmente quando, mais tarde, posições importantes forem alcançadas." 

(Geoffrey Hodson - A Vida do Iniciado - Ed. Teosófica, Brasília, 2021 - p. 57/59)


terça-feira, 8 de fevereiro de 2022

A IMPERMANÊNCIA E OS CICLOS DA VIDA

"Existem ciclos de sucesso, como quando as coisas acontecem e dão certo, e ciclos de fracasso, quando elas não vão bem e se desintegram. Você tem de permitir que elas terminem, dando espaço para que coisas novas aconteçam ou se transformem. 

Se nos apegamos às situações e oferecemos uma resistência nesse estágio, significa que estamos nos recusando a acompanhar o fluxo da vida e que vamos sofrer. É necessário que as coisas acabem, para que as coisas novas aconteçam. Um ciclo não pode existir sem o outro. 

O ciclo descendente é absolutamente essencial para uma realização espiritual. Você tem de ter falhado gravemente de algum modo, ou passado por alguma perda profunda, ou por algum sofrimento, para ser conduzido à dimensão espiritual. Ou talvez o seu sucesso tenha se tornado vazio e sem sentido e se transformado em fracasso.

O fracasso está sempre embutido no sucesso, assim como o sucesso está sempre encoberto pelo fracasso. No mundo da forma, todas as pessoas 'fracassam' mais cedo ou mais tarde, e toda conquista acaba em derrota. Todas as formas são impermanentes.

Você pode ser ativo e apreciar a criação de novas formas e circunstâncias, mas não se sentira identificado com elas. Você não precisa delas para obter um sentido de eu interior. Elas não são a tua vida, pertencem à sua situação de vida. 

Um ciclo pode durar de algumas horas a alguns anos, e dentro dele pode haver ciclos longos ou curtos. Muitas doenças são provocadas pela luta contra os ciclos de baixa energia, que são fundamentais para uma renovação. Enquanto estivermos identificados com a mente, não poderemos evitar a compulsão de fazer coisas e a tendência a extrair o nosso valor pessoal de fatores externos, tais como as conquistas que alcançamos. 

Isso torna difícil ou impossível para nós aceitarmos os ciclos de baixa e permitirmos que eles aconteçam. Assim, a inteligência do organismo pode assumir o controle, como uma medida autoprotetora, e criar uma doença com o objetivo de nos forçar a parar, de modo a permitir que uma necessária renovação possa acontecer. 

Enquanto a mente julgar uma circunstância 'boa', seja um relacionamento, uma propriedade, um papel social, um lugar ou o nosso corpo físico, ela se apegará e se identificará com ela. Isso faz você se sentir bem em relação a si mesmo e pode se tornar parte de quem você é ou pensa que é. 

Mas nada dura muito nessa dimensão, onde as traças e a ferrugem devoram tudo. Tudo acaba ou se transforma: a mesma condição que era boa no passado de repente se torna ruim. A mesma condição que fez você feliz agora faz você infeliz. A prosperidade de hoje se torna o consumismo vazio de amanhã. O casamento feliz e a lua de mel se transformam no divórcio infeliz ou em uma convivência infeliz. 

A mente não consegue aceitar quando uma situação à qual ele tenha se apegado muda ou desaparece. Ela vai resistir à mudança. É quase como se um membro estivesse sendo arrancado do seu corpo.

Isso significa que a felicidade e a infelicidade são, na verdade, uma coisa só. Somente a ilusão do tempo as separa. 

NÃO OFERECER RESITÊNCIA à vida é estar em estado de graça, de descanso e de luz. Nesse estado, nada depende de as coisas serem boas ou ruins. 

É quase paradoxal, mas, como já não existe mais uma dependência interior quanto à forma, as circunstâncias gerais da sua vida, as formas externas, tendem a melhorar consideravelmente. As coisas, as pessoas ou as circunstâncias que você deseja para a sua felicidade vêm agora até você sem qualquer esforço, e você está livre para apreciá-las enquanto durarem.

Todas essas coisas naturalmente vão acabar, os ciclos virão e irão, mas com o desaparecimento da dependência não há mais medo de perdas. A vida flui com facilidade. 

A felicidade que provém de alguma coisa secundária nunca é muito profunda. É apenas um pálido reflexo da alegria do Ser, da paz vibrante que encontramos dentro de nós ao entrarmos no estado de não resistência. O Ser nos transporta para além das polaridades opostas da mente e nos liberta da dependência da forma. Mesmo que tudo em volta desabe e fique em pedaços, você ainda sentirá uma profunda paz interior. Você pode não estar feliz, mas vai estar em paz."  

(Eckhart Tolle - Praticando o Poder do Agora - GMT Editores Ltda., 2016 - p. 99/102)