OBJETIVOS DO BLOGUE

Olá, bem-vindo ao blog "Chaves para a Sabedoria". A página objetiva compartilhar mensagens que venham a auxiliar o ser humano na sua caminhada espiritual. Os escritos contém informações que visam fornecer elementos para expandir o conhecimento individual, mostrando a visão de mestres e sábios, cada um com a sua verdade e experiência. Salientando que a busca pela verdade é feita mediante experiências próprias, servindo as publicações para reflexões e como norte e inspiração na busca da Bem-aventurança. O blog será atualizado com postagens de textos extraídos de obras sobre o tema proposto. Não defendemos nenhuma religião em especial, mas, sim, a religiosidade e a evolução do homem pela espiritualidade. A página é de todos, naveguem a vontade. Paz, luz, amor e sabedoria.

Osmar Lima de Amorim


segunda-feira, 11 de março de 2013

O CORPO É APENAS UMA CAPA SOBRE A ALMA

"O corpo é, realmente, nada mais que uma capa sobre a alma. Se o casaco de uma pessoa fica ruço e rasgado, ela normalmente não se aflige com isso, mas o conserta ou troca por outro. Nunca permita que a consciência se identifique com o agasalho corporal que a alma está usando temporariamente.

Pessoas que não compreendem os caminhos de Deus muitas vezes tem a noção de que a perfeição espiritual significa também a perfeição do corpo - que o corpo de uma pessoa que está em sintonia com Deus não estará sujeito a doença física. Tolice! Uma pessoa que persiste nessa ideia está ela mesma apegada à forma física; o corpo é demasiado importante para ela. Não estou dizendo que não se deva dar ao corpo um cuidado razoável. Sri Yukteswar dizia: "Por que não atira um osso ao cão?" Dê ao corpo o que ele necessita, e depois esqueça-o. E Cristo disse: "Não estejais apreensivos pela vossa vida, sobre o que comereis, nem pelo vosso corpo, sobre o que vestireis. (...) Vosso Pai sabe que haveis mister delas."

A questão é que nenhum homem mortal terá permissão de viver em sua forma física eternamente, não importa o quanto ele cuide bem do corpo. Assim, por que concentrar tanta atenção em algo temporal? Preocupa-se com o cuidado do corpo, ou dar-lhe primazia a ponto de excluir o sustento da alma, é um erro espiritual. Deus permite que a doença e as imperfeições visitem o corpo para nos despertar - pelo sofrimento, se for necessário - para o entendimento de que, como Seus filhos, não somos este corpo mortal e que este mundo não é nosso lar. Somos alma imortal, e nosso lar está em Deus.

Ao ressaltar a virtude da entrega, não convém ignorar o lugar e o valor da oração e da afirmação. A entrega ideal demonstrada por Paramahansa Yogananda seria de fato uma elevada aspiração para a pessoa comum, porque junto se baseia na perfeita compreensão espiritual da vontade divina e na sintonia com ela. Esse devoto sabe quando e como suportar os problemas e quando conformar-se em sofrê-los."

(Sri Daya Mata - Só o Amor - Self-Realization Fellowship - p. 104/105)


domingo, 10 de março de 2013

LEI DO KARMA - OS TRÊS KARMAS (2ª PARTE)

"Chama-se Karma Yoga a forma sábia de viver e agir que pode nos libertar da samsara (a roda das re-encarnações). Antes de explicar como funciona tal Yoga, é conveniente compreender como funciona o próprio karma.

Usemos uma analogia. Imagine que você tem um depósito de sementes. Cada uma com seu potencial germinativo. As que estão no paiol, ainda nada produzem, embora programadas e capacitadas estejam para produzir. Algumas, já plantadas, deixaram de ser sementes; produziram plantas que estão vivendo e crescendo. Você tem também algumas sementes na mão, decidindo se as plantará ou não. Assim é também com o karma.

As sementes em depósito, aguardando a hora de germinar, têm o nome samcita karma. São como o karma que, ao longo de muitas vidas, foi se acumulando. O conteúdo do "depósito kármico" (karmashaya) de um indivíduo, só parcial e muito imprecisamente, pode ser presumido mediante a análise de seu caráter, temperamento, predisposição, inclinações, fraquezas, capacidades, conduta... finalmente, de seu psiquismo. Tal como a semente que só germina se encontrar solo fértil, umidade e temperatura apropriada, nosso karma acumulado (samcita), funcionando como uma programação, só virá a frutificar, manifestando-se, atualizando-se, quando vierem a ocorrer condições ambientais favoráveis. 

O prarabdha karma, também chamado "karma maduro", aquele que está sendo "colhido", é comparado às sementes que germinaram e produziram plantas. O prarabdha é aquilo que determina e condiciona nossa vida atual: tipo físico, faculdades mentais, doenças, boas ou más condições biológicas, psicológicas, sociais etc. Esta fase do karma é o que se costuma chamar "destino". É a inexorabilidade do determinismo, do fatalismo, do "está escrito".

As sementes em sua mão terão o destino que você escolher - se as plantará ou não - representam o vartamana (ou agami) karma. Neste fase predomina o livre arbítrio. 

Como se vê, a doutrina do karma harmoniza duas teses que dividem os filósofos - o determinismo e o livre arbítrio. Há liberdade na hora de semear e determinismo na hora de colher. Em suma, não há um, mas três karmas:

(a) Samcita - o acumulado ou potencial ou programado, isto é aquilo que virá a acontecer. Sobre ele, por meio de processos, técnicas e métodos de Yoga, podemos agir para neutralizar seu poder germinativo ("fritar as sementes", na linguagem de Patanjali). Seria como evitar ou mudar o que estaria para acontecer.
(b) Prarabdha - aquele que está se cumprindo, também chamado "karma maduro", o qual já não se pode evitar, corrigir, mudar. Só nos é possível padecê-lo ou desfrutá-lo com equanimidade e sabedoria. E isto também é Yoga.
(c) Vartamana (ou agami) - sobre o qual temos plena administração, por ser aquilo que estamos fazendo no presente. Nosso livre arbítrio delibera e faz opções: praticar ou não a ação; conduzi-la numa direção ou noutra. Você tem domínio sobre a ação (karma) que agora está praticando. Pode optar por contrair dívidas ou ganhar créditos. Plantará frutas ou urtigas.

Imagine um arqueiro que tem uma seta no arco retesado, tem mais algumas na aljava às costas e há uma que acabou de disparar, voando para o alvo. As setas da aljava representam o samcita; a sete no arco, o agami; finalmente, a seta atirada, o prarabdha. Parece que assim não restam dúvidas. Não é?

A sábia gerência sobre as ações (karma) é o que se denomina Karma Yoga, produtora de melhor colheira no futuro. O que, no entanto, é infinitamente mais sábio e importante é utilizar da Lei do Karma para libertar-nos dos domínios da morte ("renascimentos compulsórios"), para alcançarmos a Vida Una e Única. A Karma Yoga não existe para assegurar compensações no futuro nascimento, conforme se tem pensado no Ocidente. Existe para nos ajudar a escapar de novos nascimentos, para nos libertar de samsara. (...)"

(José Hermógenes - Iniciação ao Yoga - Ed. Nova Era, Rio de Janeiro - p. 72/73)


O POTENCIAL INFINITO DO PENSAMENTO

"Na vida o homem deve realizar algo além de comer, dormir e trabalhar. Os que são pensadores começam a refletir sobre tudo. Observam e questionam por que as coisas acontecem, ou não acontecem, de determinado modo. Temos primeira e segunda dentição; por que não uma terceira? O que causa essa regulação? Aceitando, sem discutir, muitos pensamentos ilusórios de limitação física, o homem permite que os mesmos controlem sua esfera de existência. Os que pensam não aceitam o inevitável; eles lutam para modificá-lo. Esse é o ingrediente que possibilita o progresso. 

Fico emocionado quando vejo as grandes fábricas, as invenções extraordinárias e outras excepcionais conquistas humanas. Quanto coisa saiu do cérebro do homem! E o próprio cérebro é infinitamente mais complexo do que qualquer coisa que tenha produzido. 

Numerosas pessoas têm a mente obtusa (...) Não são necessariamente ignorantes, apenas muito preguiçosas mentalmente para fazer qualquer esforço além do óbvio necessário. Posso perdoar a preguiça física (talvez haja uma causa fisiológica que a justifique); mas não há desculpa para a preguiça mental! Os mentalmente preguiçosos não gostam de pensar, porque até isso lhes parece trabalhoso demais.

O pensamento é fascinante. Ninguém jamais poderá catalogar todas as tendências e percepções da mente; sua capacidade é infinita. Entretanto, a mente não pode ter um único pensamento original; não há uma só ideia que Deus já não tenha criado ao conceber Suas criações do passado, do presente e do futuro. Por isso, se você pensar com suficiente profundidade a respeito de um assunto, receberá resposta para qualquer dúvida.

Além de pensar, você deve sentir; se o sentimento não acompanhar seus pensamentos, você nem sempre alcançará a conclusão correta. O sentimento é uma expressão da intuição, repositório de todo conhecimento. Sentimento e pensamento (ou razão) devem estar equilibrados; só então a alma, a sublime imagem de Deus em você, manifestará sua plena natureza. Por isso, a ioga ensina a equilibrar as faculdades da razão e do sentimento. Quem não os tem em perfeito equilíbrio, não é uma pessoa plenamente desenvolvida."

(Paramahansa Yogananda - A Eterna Busca do Homem - Self-Realization Fellowship - p. 252/253)


sábado, 9 de março de 2013

LEI DO KARMA - O CATIVEIRO (1ª PARTE)

"Avatares e sábios demonstram que cada ação que praticamos no presente vem de raízes do passado e se projeta inevitavelmente no futuro. Inevitável por quê? Porque não existe causa sem efeito, nem efeito sem causa. Tal é a "Lei da Causalidade", que desautoriza a crença na casualidade. O que costumamos incorretamente chamar de casualidade é uma causalidade, cuja causa escapa à nossa percepção.

Causa e efeito - ensinam os mestres - não são diferentes. São apenas dois momentos de um mesmo fenômeno. O efeito ou consequência já está inseparavelmente entranhado na causa. Como, em certos casos, o efeito demora a se manifestar, é comum pensar que ele não existe. (...) Quem plantou inevitavelmente colherá. O plantio é livre (planta-se o que quiser, quanto quiser, como quiser, onde quiser), mas a colheira é compulsória. Isto não é um ingênuo dogma religioso, mas uma lei absolutamente científica e universal - a "Lei da Causa e Efeito" ou "Lei do Karma". Só os imaturos e egoístas se empenham em tentar evitar a colheira dolorosa do mal que andaram praticando, praticam ou pretendem ainda praticar. A impunidade é possível, mas só na "lei" que os homens instituíram e com a qual astutamente manobram. A "Lei do Karma", porém, não enseja tais manobras. Não adianta fazer projetos de impunidade.

Esta forma de falar pode induzir a pensar que a "Lei do Karma" funciona somente para penalizar infratores. Tornou-se comum tentar explicar traumas, sofrimentos, vicissitudes e dramas de uma pessoa alegando-se que está "pagando um Karma". Ora os seres humanos não praticam somente ações más, perversas, erradas, imorais e criminosas. Pessoas santas felizmente também agem e agem para o bem, com amor, caridade e abnegação. As consequências das ações benfazejas e sábias, pela mesma Lei, têm de ser agradáveis, felizes e auspiciosas. Uma pessoa radiosa, sadia, tranquila e bela está sendo recompensado pelo bem que andou praticando. Em resumo, quem semeou espinheiros vai se espetar. Quem semeou cereais, vai ter o que comer. Os frutos do mérito são recompensas. Os do demérito, castigos. Através de bordoadas e afagos ao longo de muitas vidas, a alma reencarnante vai se educando. Ao nascermos, trazemos dividas a pagar, mas também créditos a usufruir. E ó por isso que temos de nascer tanto para padecer como para desfrutar. Ter de nascer é o que se tem chamado "re-encarnação compulsória". Créditos ou débitos são duas correntes (uma de ouro e outra de ferro) que nos amarram à "roda de samsara", a nascer e morrer, e novamente nascer para novamente morrer. O agir (karma) no mundo é a causa, portanto, de nosso cativeiro. Qual então a esperança de libertação, desde que ninguém pode viver absolutamente parado, sem agir?! Até os caridosos são amarrados pela corrente de ouro à gangorra de nascimentos-mortes-renascimentos-remortes.(...)"

(José Hermógenes - Iniciação ao Yoga - Ed. Nova Era, Rio de Janeiro - p. 70/71)


YOGA DE AÇÃO

"(...) Existe no Oriente uma tendência de passividade, nascida da convicção de que todo o agir do homem profano é negativo, mau, pecaminoso, porque o homem profano age em nome de seu ego e por amor a ele, que é uma ilusão.

Krishna, porém, e outros mestres iluminados não advogam essa passividade de não agir, mas recomendam uma terceira atitude, equidistante do falso agir do profano e do não agir do místico; insistem no reto agir do homem cósmico. O reto agir consiste em agir em nome e por amor do Eu central (Atman) do homem, embora o ego periférico (Aham) possa servir  como canal e veículo dessas águas vivas que emanam da fonte divina do homem.  

Para que seja possível essa terceira atitude do homem, é indispensável que ele conheça intuitivamente o seu Eu central, que em sânscrito se chama Atman, nos livros sacros do cristianismo aparece como alma ou espírito, e na filosofia e psicologia ocidental é denominado Eu (Self, Selbst). No Evangelho do Cristo, esse Eu central do homem aparece muitas vezes como Pai, Luz, Reino de Deus, Tesouro Oculto, Pérola Preciosa, etc.

Quando o homem age em nome desse seu Eu divino e por amor a ele, embora pelo seu ego humano, não somente não acumula débito ou karma, mas também se libera dos débitos do passado.

De maneira que, no Bhagavad Gita, Krishna atinge o zênite da autorrealização do homem baseado no mais alto conhecimento do seu ser divino formando perfeito paralelo às palavras do Cristo: "Conhecereis a verdade e a verdade vos libertará."

(Bhagavad Gita - Krishna - Texto integral - Ed. Martin Claret, São Paulo - p. 30/31)