OBJETIVOS DO BLOGUE

Olá, bem-vindo ao blog "Chaves para a Sabedoria". A página objetiva compartilhar mensagens que venham a auxiliar o ser humano na sua caminhada espiritual. Os escritos contém informações que visam fornecer elementos para expandir o conhecimento individual, mostrando a visão de mestres e sábios, cada um com a sua verdade e experiência. Salientando que a busca pela verdade é feita mediante experiências próprias, servindo as publicações para reflexões e como norte e inspiração na busca da Bem-aventurança. O blog será atualizado com postagens de textos extraídos de obras sobre o tema proposto. Não defendemos nenhuma religião em especial, mas, sim, a religiosidade e a evolução do homem pela espiritualidade. A página é de todos, naveguem a vontade. Paz, luz, amor e sabedoria.

Osmar Lima de Amorim


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quinta-feira, 21 de julho de 2022

A RAZÃO DÁ AO HOMEM O PODER DE BUSCAR DEUS

"Deus existe. Ao ser humano, Ele conferiu independência, poder e razão. Por ser dotado de razão, o homem pode encontrar o Senhor. Passar todo o tempo apenas brincando com a vida, sem encontrar Deus, é desperdiçar o poder interior, divinamente concedido. 

Use a chave da razão. Ela não se encontra nas pedras e nos animais. Deus concedeu o raciocínio ao homem para que ele pudesse libertar-se da ilusão da mortalidade. Se permitir à sua razão ser esmagada pelo ego e pelos maus hábitos, de que lhe valerá isso? Se as pessoas se curvarem diante da sua vontade, de que lhe valerá isso? A felicidade ainda se esquivará de você. Por isso, Jesus escolheu Deus, e não Satã, quando o demônio procurava tentá-lo. Jesus compreendeu que, embora o poder mundano tenha muitos atrativos, não dura muito. Jesus encontrara algo maior do que todas as riquezas deste universo. As coisas desejadas pela maioria dos homens são perecíveis. Mas Deus nunca abandonará Jesus. Ele está, até hoje, deleitando-se com o reino divino onipresente. Todos nós deveríamos escolher a vida que conduz a Deus. 

Você está castigando a alma ao mantê-la sepultada, adormecida na matéria, vida após vida, apavorada com os pesadelos de sofrimento e morte. Perceba que você é a alma! Lembre-se de que o Senhor Infinito é o Sentimento por trás do seu sentimento, a Vontade por trás da sua vontade, o Poder por trás do seu poder, a Sabedoria por trás da sua sabedoria. Una, em perfeito equilíbrio, o sentimento do coração e a razão da mente. No castelo da calma, repetidamente se desprenda da identificação com os títulos terrenos, e mergulhe na meditação profunda, até atingir sua nobreza divina. 

Olhe para dentro de você mesmo. Lembre-se: o Infinito está em toda parte. Mergulhando nas profundezas da superconsciência,⁸ você pode acelerar sua mente pela eternidade afora; pelo poder mental, você pode ir longe, além da mais longínqua estrela. A lanterna da mente está plenamente equipada para lançar seus raios superconscientes no mais recôndito coração da Verdade. Use-a para isso.

Lembre-se: é você quem deve viajar para o reino dos céus; ele não virá por remessa especial. Cada homem tem de trilhar sozinho o seu próprio caminho. A partir de hoje, do fundo de seu coração, tome a decisão de buscar Deus. Quando muitos devotos tomarem o ruma para Ele, surgirão então os 'Estados Unidos do Mundo', ⁹ com Deus e o Seu amor como Diretor e Guia dos homens.

Quero dar mais do que a inspiração temporária das palavras; quero atirar granadas de sabedoria diretamente em sua escuridão espiritual, de modo que a explosão de luz permita a você mesmo verificar a verdade do que afirmei."

⁸ Consciência da alma, que é intuitiva e conhece tudo. A mente superconsciente é, assim, a faculdade onisciente da alma.
⁹ Como os estados da nação norte-americana mantêm, cada um, a sua independência e, todavia, estão unidos por ideais e objetivos comuns, assim também, se o reino de Deus deve descer à Terra, os diversos países do mundo devem unir-se em um vínculo de fraternidade e compreensão harmoniosa. 

(Paramahansa Yogananda - A Eterna Busca do Homem - Self-Realization Fellowship - p. 10/11)
Imagem: Pinterest.


quinta-feira, 9 de junho de 2022

A NATUREZA DO HOMEM

"A natureza do homem é como uma mata cerrada, impenetrável e incompreensível. Comparada a ela, a natureza das feras é muito mais fácil de compreender. Podemos, de um modo geral, classificar a natureza do homem, de acordo com as quatro salientes diferenças. 

Primeira, há homens que, por causa dos ensinamentos errados, praticam austeridades e compelem a sofrer. Segunda, há aqueles que, por crueldade, por roubar, por matar ou por outros maus atos, fazem os outros sofrer. Terceira, há aqueles que levam os outros a sofrer juntos com eles. Quarta, há homens que não sofrem e salvam os outros do sofrimento. Estes últimos, por seguir os ensinamentos de Buda, não dão margem à cobiça, à ira e à estultícia, mas vivem vidas tranquilas, cheias de bondade e sabedoria, sem roubar ou matar.

2. Há três tipos de homens no mundo. Os primeiros são como letras entalhadas nas rochas: dão facilmente margem ao ódio e retêm irados pensamentos por muito tempo. Os segundos são como letras escritas na areia; também sentem ódio, mas seus irados pensamentos, rapidamente desaparecem. Os terceiros são como letras escritas na água corrente; não retêm pensamentos passageiros; deixam o abuso e a inoportuna bisbilhotice passarem despercebidos; suas mentes são sempre puras e imperturbáveis. 

Há ainda outros três tipos de homens. Existem aqueles que são orgulhosos, agem temerariamente e nunca estão satisfeitos; suas naturezas são fáceis de entender. Há aqueles que são corteses e sempre agem com consideração; suas naturezas são difíceis de entender. Por último, há aqueles que dominaram completamente os desejos; é impossível compreender suas naturezas.

Assim, os homens podem ser classificados de muitas maneiras, mas suas naturezas são impenetráveis. Somente Buda as compreende e, com Sua sabedoria, orienta-os com vários ensinamentos."

(A Doutrina de Buda -  Bukkyo Dendo Kyokai (Fundação para propagação do Budismo), 3ª edição revista, 1982 - p. 175/179)
Imagem: Pinterest.


terça-feira, 17 de agosto de 2021

FUNÇÕES PROFUNDAS DA DOENÇA

"(...) o objetivo de uma enfermidade é, em princípio, o aperfeiçoamento do próprio homem. Como já dissemos, antes de nascer ele consegue ver claro sua meta evolutiva e programa acontecimentos que proporcionarão os recursos para que certas circunstâncias se deem nos planos físico e psíquico no decorrer daquela encarnação. Como esse programa é traçado pelo eu superior, apoiado nas formas que carmicamente estarão disponíveis, sempre se leva em conta o grau de vigor do indivíduo. Por isso nunca acontece de uma prova, no caso de uma enfermidade, ser maior do que sua capacidade de suportá-la. É o fato de não aceitá-la e de ele reagir diante das evidências que coloca mais peso sobre a situação, tornando-a, muitas vezes, insuportável. Isso é válido inclusive no que se refere à dor física, como veremos mais adiante.

Ao passar por uma enfermidade, se souber trabalhá-la e trabalhar-se a si mesmo através dela, o homem adquire forças que substituirão aquelas que anteriormente tinha e que eram insuficientes para o grau de desenvolvimento almejado pela sua supraconsciência. Às vezes esse trabalho pode ser feito na mesma encarnação em que surgiu a enfermidade, e o novo potencial pode emergir a curto prazo; outras vezes, o campo é preparado através de experiências mais ou menos dolorosas e longas, e os resultados só vão manifestar-se em uma ocasião futura. 

O processo de nosso desenvolvimento e evolução obedece a ritmos ordenados. Alguns deles são individuais, e outros grupais, nacionais, planetários ou cósmicos. Por isso, a libertação de um potencial após a purificação de resquícios do passado se dá quando chega, para o indivíduo, o momento oportuno, mas pode acontecer também que um potencial já livre de obstáculos permaneça reservado para algum ciclo de caráter mais amplo. O indivíduo aguarda então oportunidades de servir em um âmbito maior e espera que as circunstâncias para isso não estejam prontas apenas em si mesmo. 

Eis por que, muitas vezes, seria inútil querermos prolongar nossa encarnação além do tempo necessário e previsto, inseridos que estamos, sempre, em ciclos que envolvem movimentos maiores e menores, a depender da força de nosso potencial: precisamos estar disponíveis no correto momento grupal, astrológico e planetário em que esse pontencial for de maior benefício. 

Durante as provas, o sofrimento pode ser aumentado quando os pensamentos se prendem ao corpo físico e os sentimentos aos desejos do corpo emocional. Havendo relutância em abandonar esses desejos, ou demorar-se demais a mente sobre os assuntos tipicamente físicos, o sofrimento recrudesce. Como veremos, o corpo físico tem uma consciência própria e, na maior parte dos casos, não necessita que interfiramos nela. A consciência do corpo físico, quando desenvolvida, sabe melhor do que a mente humana o que fazer e como agir. Qualquer força de pensamento que voluntariamente lhe dirijamos pode perturbar-lhe a ação, fazendo-a assim recolher-se ou acomodar-se a receber ordens mentais, em vez de passar por um processo de crescente desenvolvimento. 

Uma pessoa cujo corpo físico esteja condicionado por ideias mentais, mesmo que provenientes do seu ocupante, certamente o terá doente. A mente conhece apenas o que diz respeito às suas vivências anteriores; mas a consciência do físico, além de ter a experiência passada, está desenvolvendo nesta época (entre outras coisas) a capacidade de liberar a substância luz presente em cada célula. A intuição que essa consciência deverá ir adquirindo precisará crescer para que ela mesma se eleve. Ter fé na realização dessa possibilidade e permitir que ela desabroche é uma das funções do espírito humano em sua vida sobre a Terra." 

(Trigueirinho - Caminhos para a cura interior - Ed. Pensamento, São Paulo, 1995 - p. 43/45) www.pensamento-cultrix.com.br


terça-feira, 29 de junho de 2021

DEIXA DE SER BONECO DE ENGONÇOS!

"O mundo em derredor é um mundo de efeitos visíveis - cuja causa é invisível. Por detrás dessa vasta tela multicor de fenômenos transitórios atua a misteriosa causa incolor, o eterno e imutável Númeno - Deus.

O homem profano é constantemente impelido pelo mundo externo; não é ele que decide - é o mundo fenomenal que determina o que esse homem deve fazer ou deixar de fazer.

O homem profano é antes um objeto atuado do que um sujeito atuante.

É escravo dos seus sentimentos e pensamentos, que lhe tolhem a liberdade de ser ele mesmo, seu verdadeiro Eu divino.

Está à mercê das paixões do egoísmo, da cobiça, da sensualidade, do medo, do ódio, da aversão - vítima passiva de todos os impactos vindos da periferia da sua personalidade.

É um 'caniço agitado pelo vento' - e não um baluarte firmado em rochedos eternos.

Qual boneco de engonços manobrado por cordéis invisíveis, assim move o profano mãos e pés, mente e coração, ao sabor de agentes alheios.

O profano não se guia - é guiado.

Mas, quando o homem ultrapassa a fronteira do mundo fenomenal das aparências e entra na zona da grande realidade; quando, de vítima dos efeitos heterônomos, passa a ser senhor da causa autônoma, das creaturas ao Creador, das aparências à essência, do temporal ao eterno - então deixa de ser escravo das ilusões e se torna senhor da verdade.

'Conhecereis a verdade - e a verdade vos libertará'...

Abandona o movediço areal do mundo periférico e alicerça sua casa sobre o rochedo central da realidade divina.

Proclama a sua verdadeira liberdade - 'a gloriosa liberdade dos filhos de Deus'.

E das excelsas e sólidas alturas do seu Himalaia espiritual contempla esse homem, com jubilosa serenidade, todas as rampas e baixadas da vida humana e do mundo em derredor.

Não com o sobranceiro desdém do orgulhoso - mas com a humilde benevolência do sábio.

Que tudo compreende desconhece desprezo, orgulho e ódio - abrange todas as coisas com a potente suavidade e a suave potência de um amor universal.

No coração desse homem têm lar e querência segura todos os seres do universo de Deus.

Porque o iniciado sabe por experiência íntima que todos os filhos de Deus são seus irmãos e suas irmãs, membros da grande família do Pai celeste.

Verdade é liberdade.

Liberdade é compreensão.

Deixa, pois, meu amigo, de ser fantoche de compulsão externa - e torna-te senhor do impulso interno.

Senhor da tua vida.

Senhor do teu destino..."

(Huberto Rohden - Imperativos da Vida - Alvorada Editora e Livraria Ltda., São Paulo, 1983 - p. 143/145)



 

terça-feira, 16 de março de 2021

O SIGNIFICADO DA DOR - 2a

"(...) Se a dor é o resultado de um desenvolvimento desigual, de crescimentos monstruosos, de avanços defeituosos em diferentes pontos, por que o ser humano não aprende a lição e esforça-se para desenvolver-se por igual?

Parece-me que a resposta a essa pergunta seria que esta é a verdadeira lição que a raça humana está empenhada em aprender. Talvez isso seja uma afirmação ousada demais a ser feita diante do pensamento comum, que considera o ser humano como criatura do acaso que vive no caos ou como uma alma ligada à inexorável roda da carruagem de um tirano, lançada ao céu ou precipitada no inferno. Mas tal modo de pensar é, afinal de contas, o mesmo que o da criança que considera seus pais os árbitros finais de seus destinos e, de fato, como os deuses ou demônios de seu universo. À medida que cresce, ela deixa de lado essa ideia, descobrindo que é simplesmente uma questão de amadurecimento, que é governante da sua própria vida, como qualquer outro.

Assim é com relação à raça humana. Ela é a governante do mundo, árbitro de seu próprio destino, e não há quem disso discorde. Aquele que fala de providência ou casualidade não se deu ao trabalho de pensar.

O destino, o inevitável, existe na verdade, tanto para a raça como para o indivíduo; mas quem pode declarar isso, senão ele mesmo? Não há nenhuma nuvem no céu ou na terra para a existência de qualquer mandante que não seja o próprio ser humano, que sofre ou desfruta daquilo que ele mesmo ordena. Sabemos tão pouco de nossa própria constituição, somos tão ignorantes de nossas funções divinas que nos é impossível, ainda, saber o quanto somos realmente o próprio destino. Mas sabemos disso pelos eventos - que até onde qualquer percepção alcance, nanhuma dica ainda foi descoberta sobre a existência de um mandante; enquanto que, se concedermos muito pouca atenção à nossa própria vida, a fim de observar a ação do indivíduo em seu futuro, logo percebemos, em operação, esse poder como uma força real. É visível, embora nosso alcance de visão seja muito limitado. (...)" continua...

(Mabel Collins - Através dos Portais de Ouro - Ed. Teosófica, Brasília, 2019 - p. 87/89)


quinta-feira, 11 de março de 2021

O SIGNIFICADO DA DOR - 2

"Se considerarmos cuidadosamente a constituição do ser humano e suas tendências, pareceria haver duas direções definidas nas quais ele cresce. Ele é como uma árvore que cria suas raízes no solo, ao mesmo tempo em que ergue seus novos ramos em direção aos céus. Essas duas linhas que partem de um ponto pessoal e central são claras, definidas e inteligíveis. A uma, ele chama bem, a outra, mal. Mas o indivíduo não é, de acordo com qualquer analogia, observação ou experiência, uma linha reta. Sua vida, seu progresso, seu desenvolvimento, chame-se como queira, não consiste meramente em seguir um caminho reto ou outro, como alegam os filiados às religiões. Toda a questão, o grande problema, seria facilmente resolvido então. Porém, não é tão fácil ir para o inferno como os pregadores declaram ser. É uma tarefa tão difícil quanto encontrar o caminho para o Portal de Ouro.

Um indivíduo pode destruir-se completamente no prazer dos sentidos - ao que parece, pode degradar toda a sua natureza - mas ele falha em tornar-se o diabo perfeito, pois ainda há a centelha da luz divina em seu interior. Ele busca escolher a estrada ampla que leva à destruição, e bravamente entra num impetuoso percurso. Mas logo ele é controlado e surpreendido por uma tendência impulsiva - algumas das muitas outras radiações que saem do centro de si mesmo. Ele sofre, como sofre o corpo quando desenvolve monstruosidades que impedem sua ação saudável. Criou sua dor e tem se encontrado com sua prória criação. Pode parecer que esse argumento é de difícil aplicação em relação à dor física. Não é assim, se o indivíduo é considerado de um ponto de vista mais elevado do que aquele que geralmente ocupamos. Se ele é visto como uma consciência poderosa que forma suas manifestações externas de acordo com seus desejos, então é evidente que a dor física resulta da deformidade desses desejos. Sem dúvida, parecerá a muitas mentes que essa concepção de ser humano é demasiadamente gratuita, e envolve um salto mental muito grande para lugares desconhecidos, onde a prova é inatingível. Mas se a mente está acostumada a encarar a vida deste ponto de vista, muito em breve nenhum outro é aceitável; os fios da existência, que ao observador materialista parecem desesperadamente emaranhados, separam-se e ajustam-se, de modo que uma nova compreensão ilumine o Universo. O criador arbritário e cruel que inflige dor e prazer à vontade então desaparece de cena; e isso é bom, pois ele é realmente um personagem desnecessário, e, pior ainda, é uma mera criatura de palha, que não pode nem mesmo erguer-se sobre as tábuas sem o apoio dos dogmáticos. O ser humano vem a este mundo, certamente, com o mesmo princípio que ele vive em qualquer cidade; em todo caso, se é demais afirmar isso, pode-se perguntar com segurança, por que não é assim? Não existem para isso razões nem pró e nem contra pelas quais os materialistas possam apelar ou que pesariam em um tribunal de justiça; mas eu afirmo isso a favor do argumento - que nenhum indivíduo, tendo uma vez considerado isso seriamente, pode voltar-se às teorias formais dos céticos. Seria o mesmo que se envolver em cueiros, como um recém-nascido. 

Concordando com esse argumento, que o ser humano é uma consciência poderosa, seu próprio criador, seu próprio juiz e que em seu interior reside, potencialmente, toda a vida, até o objetivo final, consideremos, então, as razões pelas quais ele se inflige o sofrimento. (...)" continua... 

(Mabel Collins - Através dos Portais de Ouro - Ed. Teosófica, Brasília, 2019 - p. 84/87)


quinta-feira, 25 de fevereiro de 2021

O AMOR DESPERTA A ALMA

"Uma ruptura no nível da alma faz o amor expandir, mas também traz desafios. A alma capta o amor infinito de Deus e o converte para a escala humana. O grau de intensidade do amor que você pode receber depende de muitas coisas. A maioria das pessoas sonha com mais amor em suas vidas, ainda que na verdade a porção que desfrutam neste exato momento corresponde àquela a que se adaptariam. Existe também a questão do grau de aceitação de uma demonstração de amor intenso. Nem todas se sentiriam confortáveis se você repentinamente as confrontasse com uma investida de amor incondicional. Ficariam desconfiadas se esse novo tipo de amor é confiável. Teriam dúvidas se é real ou duradouro. Bem no fundo de seus corações, iriam achar que não são merecedores de um amor tão aberto, completo.

Muitas pessoas já fizeram um contato momentâneo com o amor mais puro e intenso da alma. Quando isso acontece, há uma maravilhosa sensação de acordar. O amor desperta a alma. Isso acontece porque os semelhantes de atraem. A alma não é passiva. Ela vibra em simpatia com você todas as vezes em que tenta libertar-se de limitações. Há uma sensação parecida, de expansão e liberação, quando você experimenta a beleza ou a verdade. Você está liberando energia potencial e deixando que ela flua. A eletricidade em sua casa não produz luz e calor antes de você apertar o interruptor. Algo bem parecido ocorre quando você desperta a energia da alma.

Na maioria das vezes, as pessoas experimentam uma oscilação da energia da alma sem saberem exatamente como. Sem nenhum aviso, têm um vislumbre do amor incondicional ou sentem a presença de Deus. Existe uma sensação de serem abençoadas e ilimitadas. Subitamente torna-se real a quebra de todos os limites. Por que, então, a vida diária as puxa para baixo novamente? Essas expedições privilegiadas ao reino da consciência expandida são quase sempre breves - uma questão de momentos, talvez alguns dias e raramente mais que alguns meses.

Ano após ano o cérebro se adaptou a um modo de vida no qual é normal ser pouco amoroso e alegre. Já que você não tem como se obrigar a adotar uma nova atitude, o que seria capaz de fazê-lo? A resposta, creio, é o desejo. O desejo de amar e ser amado impulsiona qualquer pessoa pra a frente.Quando esse desejo está mais vivo, procuramos o melhor da vida. Quando ele bate as asas, a vida se torna estática.

Inúmeras pessoas preferem viver sem amor porque têm medo demais de arriscar qualquer forma de conforto que tenham; outras fracassaram no amor e se sentem feridas, ou acabaram se enjoando da pessoa que uma vez amaram. Para toda essa gente, o amor chegou ao fim, o que significa que um aspecto da alma ficou entorpecido. Dizer a alguém nessas condições que o amor é infinito pode ser inspirador, mas a inspiração é vazia, a menos que ela possa experimentar não o amor infinito, mas o passo seguinte. E o passo seguinte é sempre o mesmo: despertar a alma. Pelo fato de cada pessoa ser diferente, não existe um método pronto para se obter êxito. Pode funcionar dizer a uma pessoa solitária para sair de casa e procurar gente nova, marcar um encontro ou procurar um serviço na internet que junte casais. Como também pode não funcionar."

(Deepak Chopra - Reinventando o Corpo, Reanimando a Alma - Ed. Rocco Ltda., 2010 - p. 177/178)


terça-feira, 2 de fevereiro de 2021

RELIGIÃO UNIVERSAL

"Unidade na diversidade é o plano do universo. Como homem, você está separado do animal; como seres vivos, homem, mulher, animal e vegetal, são todos um; e como existência, vocês são unos com o universo. Esta existência universal é Deus, a Unidade suprema do cosmos. Nele somos todos um. Ao mesmo tempo, no plano da manifestação, as diferenças devem sempre permanecer. 

O que nos faz criaturas com uma determinada aparência? A diferenciação. O equilíbrio perfeito seria nossa destruição. Suponha que a quantidade de calor nesta sala, cuja tendência é manter-se em difusão igual e perfeita, atinja esse ponto; o calor praticamente deixaria de existir. O que torna possível o movimento no universo? O equilíbrio perdido. A unificação da igualdade só poderá produzir-se por meio da destruição do universo, caso contrário, impossível. Além do mais, seria também perigoso. Não devemos desejar que todos pensem do mesmo modo; não haveria mais pensamentos para pensarmos. É justamente esta diferença, esta desigualdade, este desequilíbrio entre nós que constitui a verdadeira alma do nosso progresso e pensamentos. É preciso que seja sempre assim.

Então, qual é, a meu ver, o ideal de uma religião universal? Não há de ser uma filosofia universal, nem uma mitologia única, nem um mesmo ritual ecumênico, comum a todas as religiões porque sei que este mundo, esta massa intrincada de mecanismos excessivamente complexos e espantosos, deve prosseguir funcionando com todas as engrenagens. Que podemos nós fazer?

Podemos fazer com que funcionem suavemente, diminuindo a fricção, lubrificando as engrenagens, por assim dizer. Como? Reconhecendo a necessidade natural de diferenciação. Assim como por nossa própria natureza reconhecemos a unidade, também devemos aceitar a diversidade. Precisamos aprender que a verdade pode ser expressa de milhares de modos igualmente legítimos. A mesma coisa pode ser vista de cem diferentes perspectivas e ainda continuar a ser ela mesma. (...)"

(Swami Vivekananda - O Que é Religião - Lótus do Saber Editora, 2004 - p. 29/30)
http://www.lotusdosaber.com


quinta-feira, 7 de janeiro de 2021

A ALMA E DEUS

"'Deus é o oceano do Espírito, e os seres humanos são como as ondas que se levantam e se quebram na superfície do oceano.

'Vistas de um barco a remo, as ondas parecem infinitamente variadas. Algumas são grandes e ameaçadoras; outras pequenas, e é fácil remar sobre elas; porém, quando a pessoa está num avião, tudo o que se vê é o oceano, não as ondas na superfície. 

'Ainda assim, a alguém que está absorto na encenação de maya - à pessoa ligada ao sucesso e receosa do fracasso; preocupada com a saúde e com medo da doença; presa à existência terrena e com medo da morte - as ondas da experiência humana parecem reais e infinitamente variadas. Ao homem do desapego, entretanto, tudo é Brahama: Tudo é Deus.

'Quanto maior a tempestade, mais elevadas as ondas do oceano. Ainda assim, quanto mais violenta a tempestade da ilusão na mente da pessoa, mais essa pessoa se exalta com relação aos outros, e mais afirma a própria independência, tanto do homem como também de Deus.

'Poderá alguém escapar de seu Criador? Todos fazemos parte de Deus, da mesma forma que as ondas fazem parte do oceano. Nossa separação de Deus não passa de simples aparência.

'Quando as pessoas afirmam sua individualidade, e, por isso, se engrandecem na vaidade e no orgulho, elas se chocam agressivamente contra outras ondas do ego, instigadas todas elas pela tempestade de ilusão. Assim como as ondas do aceano numa tormenta, elas ondulam e se encapelam em toda parte, às vezes conquistando, às vezes sendo conquistadas, num frenesi sem fim de conflitos e rivalidades.

'Numa tempestade, a superfície do oceano ignora a paz. De modo semelhante, enquanto a tormenta da ilusão ruge na mente humana, uma pessoa não sabe o que é ter paz, mas só conhece a tensão e a ansiedade.

'A paz chega quando a tempestade se aquieta, quer externamente, na natureza, quer internamente, na consciência da pessoa. Quando se amaina a tempestade de maya, as ondas do ego se amainam também. Quando o ego do devoto diminui, ele relaxa e aceita uma vez mais sua ligação com o Espírito infinito.

'Pessoas espiritualmente desenvolvidas não disputam entre si, porém mergulham na água alegremente, em feliz harmonia umas com as outras, com a natureza e com Deus."

(Paramhansa Yogananda - A Essência da Autorrealização - Ed. Pensamento-Cultrix Ltda., 2012 - p. 36/37)


terça-feira, 25 de agosto de 2020

O MUNDO ASTRAL

O Plano Astral – Parte 2 – Colégio Platinorum"Depois da morte física e do desprendimento do duplo etéreo, a roupagem externa do homem é o corpo astral, o corpo dos apetites, das paixões e emoções. A atenção do ego não tem então mais remédio que se dirigir aos contatos do mundo astral, e assim o percebe, muito embora confusamente, porque sua atenção se fixa mais no agitado torvelinho dos desejos que borbulham no mesmo corpo astral e não pode satisfazer porque já não possui corpo físico por intermédio do qual os satisfaça. Deste modo aprende afinal que a satisfação de um desejo em prejuízo do próximo reverte em sofrimento, que serve de semente para uma qualidade de sua futura consciência física. De outro modo, também goza da satisfação dos desejos convenientes à sua etapa de evolução. Sua estadia no mundo astral é tão duradoura como seus desejos, segundo a qualidade que tiveram na sua última vida terrestre, e goza de paraíso de índole material. Com o tempo se desintegra o corpo astral, e então a externa roupagem do ego é o corpo mental no mundo celeste."

Annie Besant - A Vida do Homem em Três Mundos - Ed. Pensamento, São Paulo - p. 106/107)

quinta-feira, 13 de agosto de 2020

EVOLUÇÃO

21 Verdades sobre evolução espiritual – Portal Arco Íris-Núcleo de ..."Vimos que a consciência vigílica do homem é, em termos gerais, a que, segundo vai desenvolvendo suas faculdades e correlacionando-as com seus corpos, atua no mundo que mais estreitamente a limita. 

Já descremos no terceiro capítulo as sucessivas roupagens em que se vai limitando a consciência do ego, que só percebe o mundo correspondente à matéria do corpo que pouco a pouco modela e aperfeiçoa.

O corpo mental é durante muitos nascimentos uma nuvem informe, e muito pouco pode expressar pela sua conduta. A consciência no corpo mental é entretanto cega, muda, surda e paralítica sobre o que diz respeito ao mundo mental.

Também o corpo astral, durante muitas encarnações, é uma massa de buliçosa, turbulenta e agitada matéria, conveniente para expressar apetites e paixões animais que instigam o corpo físico a violentas ações. A consciência do ego está dominada pela matéria astral e governa uma forma humana. 

O corpo físico é a primeira escola do ego em sua evolução humana, e há de ser durante muitíssimas encarnações a principal expressão de sua consciência. O corpo físico tem mui limitados contatos com o mundo físico; porém são definidos, porque possui órgãos para distinguir as diferenças e semelhanças dentro de seu restrito campo, e oferece ao ego imensas possibilidades de evolução."

Annie Besant - A Vida do Homem em Três Mundos - Ed. Pensamento, São Paulo - p. 103/104)

quinta-feira, 30 de julho de 2020

A CONSCIÊNCIA VIGÍLICA (1ª PARTE)

Estados Alterados de Consciência, Xamanismo, Misticismo e ..."Estamos agora em condições de compreender como a vida do homem já 'desperto' prossegue dia após dia nos três mundos: físico, astral e mental. Vive ativamente em três corpos: o mental, o astral e o físico, o que quer dizer, num corpo composto das três classes de matéria física, astral e mental, correspondentes na nomenclatura hinduísta à terra, à água e ao fogo. Estes corpos são a roupagem do ego, o verdadeiro homem. 

Na ordinária roupagem pode o corpo de uma pessoa estar coberto por três peças: a jaqueta de lã, a camisa de linho e a camiseta de algodão, que são tiradas e postas sem detrimento de sua pessoa. Da mesma forma o homem verdadeiro pode despojar-se de seu corpos sem deixar de ser o mesmo homem.

Porém, ainda que continuadamente viva nos três mundos, somente se põe em contato direto com aquele em que sua consciência atua vigilicamente no corpo que contém a mesma classe de matéria que o respectivo mundo. Contudo, a percepção deste mundo pode ser tão somente parcial se a consciência não está completamente desperta; e assim temos que a maioria dos habitantes da terra somente conhece uma parte do mundo físico em que sua consciência atua vigilicamente. 

Assim explicado, podemos agora classificar os sucessos com que mais ou menos estamos familiarizados, e reconhecer que são naturais, ainda que raras vezes ocorram em nossas experiências diárias.(...)"   

Annie Besant - A Vida do Homem em Três Mundos - Ed. Pensamento, São Paulo - p. 95/96)

quinta-feira, 7 de maio de 2020

O HOMEM REVESTIDO

Nós e o Mundo Espiritual"Já estamos com o homem completamente revestido de seus flamejantes corpos e disposto a colher novas experiências no mundo físico.

De per si, é o verdadeiro homem uma Inteligência imortal e espiritual a que se dá o nome de Mônada ou Trino Espírito, porque é o trino e um com o Logos ou Ishvara de quem seminalmente procede. É uma Consciência com três aspectos ou qualidades distintas, porém, inseparáveis. No Logos ou Ishvara estas três qualidades ou aspectos são: Existência, Sabedoria e Felicidade, simbolizados exotericamente em Brahmâ, Vishnu e Shiva da Trindade hinduísta. Na Mônada, inerentemente ternária, as três qualidades são: Existência, Conhecimento e Felicidade.

A eterna Mônada ou Espírito ternário, para desenvolver a sua interna semente da vida, se apropria de um átomo de matéria átmica no qual se manifesta como Poder ou Vontade; outro átomo de matéria búdica, no qual se manifesta como Sabedoria; e outro átomo de matéria mental, no qual se manifesta como Intelecto. Assim o Espírito ternário se converte na Mônada investida, ou seja em Atma-Buddhi-Manas, equivalente por suas qualidades à Vontade-Sabedoria-Inteligência. É o 'imortal Governador interno', a imortal Inteligência espiritual manifestada em sua verdadeira natureza e disposta a evolucionar a favor de experiências adquiridas nos três mundos inferiores, por meio de outros três corpos mais densos e mortais, de sorte que as ditas experiências lhe sirvam de alimento nutritivo a suas roupagens superiores. Assim diz simbolicamente Upanishad que os devas se alimentam dos homens. O átomo átimico se espraia ou se restringe à vontade da Mônada e forma uma roupagem simples e inteira. O átomo búdico atrai outros de sua mesma natureza que, interfundidos intimamente, formam uma roupagem radiante de indescritível fulgor. O átomo mental também atrai outros de sua índole e forma uma roupagem mais compacta, parecida a um tecido, que é a do Intelecto. Assim a Mônada, o homem verdadeiro, passa de uma vida para outra sem nascimentos nem mortes nos superiores mundos causal, búdico e átmico. É aquele que 'despojado de todos os sentidos brilha com as qualidade de todos eles, se move e se prende sem pés nem mãos, vê sem olhos e ouve sem ouvidos'. É o glorioso Governador.¹⁴ Também 'o consumidor de alimentos',¹⁵ do alimento da experiência.

A fim de colher experiências, imerge sua vida no mundo mental inferior e se apropria de uma molécula de cada uma das densidades de matéria mental inferior, análogas à das densidades búdica, causal, mental e física, com as quais, segundo expusemos no primeiro capítulo, se constrói, auxiliado pelo deva, um novo corpo mental apropriado para expressar as experiências de índole mental adquiridas durante a sua permanência no mundo celeste. É um corpo repleto de gérmens ou embriões de faculdades que ele tem de aduzir em sua próxima vida terrena entre as influências, já estimulantes, já deprimentes, com que tropeça nas pessoas e coisas circundantes. Por meio deste corpo, o Intelecto se esforçará em seu corpo causal em utilizar o antigo conhecimento e a adquirir outro novo. Por meio do corpo búdico o homem atua para formar o corpo astral, cujas mais puras moléculas estão em analogia com suas correspondentes no corpo mental, porque a união do amor e do conhecimento desenvolve a sabedoria em seu devido tempo. Também no corpo astral estão embrionárias as qualidades emotivas e passionais, e igualmente ver-se-ão estimuladas ou deprimidas pelas experiências que o homem encontre em seu ambiente.

Quanto ao corpo físico, já dissemos que o homem tem de aceitá-lo segundo o deva o modela, a fim de que, como órgão de atividades físicas, sirva para extinguir a porção de karma regulado e designado para a imediata vida terrena. O corpo físico pode ser um estorvo embaraçoso ou um instrumento harmonioso. As ações do homem em vidas passadas determinam seu ambiente na atual, assim como seus pensamentos determinam seu caráter, suas emoções e paixões e seu temperamento. Desta forma empreende a alma peregrina, o morador do corpo, seu caminho para percorrer a etapa terrena de sua viagem, ao retornar a este mundo pela porta do nascimento."

¹⁴. Svetashvataropanishat, III, 17-20.
¹⁵. Brhadaranyakopanishat, IV, 24. 

(Annie Besant - A Vida do Homem em Três Mundos - Ed. Pensamento, São Paulo - p. 41/43)

terça-feira, 5 de maio de 2020

O CORPO FÍSICO

TRANSFORMANDO O SEU CORPO FÍSICO EM UM SAGRADO CORPO DE LUZ ..."O homem não intervém na construção deste corpo. Os devas vivificam o átomo físico permanente, assimilando nele substância terrestre mineral, vegetal ou animal e o misturam entre os alimentos do pai escolhido para o próximo nasciturno. Do pai passa para o átomo permanente à mãe eleita, e no momento da concepção, começa o deva encarregado do serviço a construir o corpo físico, regulando-se pela planta ou esboço que os Senhores do Karma lhes confiaram para modelar a matéria física em forma adequada ao esgotamento do karma de forma regulada durante a vida física. Desta matéria elaboram-se os órgãos sensorias relacionados com os centros do corpo astral, e o cérebro ou órgão da mente relacionados com o corpo mental. O corpo físico é o que vive menos, pois fica abandonado e inutilizado com a morte física. Assemelha-se a um abrigo, manta, capa ou gibão de contínuo de repartição, porque todas as noites nos desprendemos dele durante o sono, muito embora mantendo com ele um magnético laço de relação; e enquanto o corpo físico dorme, podemos atuar revestidos dos corpos astral e mental no mundo astral, donde vemos os nossos amigos, auxiliamos os desvalidos, consolamos aos tristes e praticamos o amor e a misericórida, ou também, o ódio e a crueldade se estivermos sob o domínio de paixões.

O homem pode aprender a viver livremente no mundo astral e aumentar a receptividade do cérebro às vibrações superfísicas, porque o corpo de carne não constitui forçosamente um cárcere, e sim pode ser uma habitação cuja chave o homem possua. O corpo físico é o único que a maioria das pessoas está constantemente tomando e desejando, muito embora não se apercebam dele em sua rotineira vida terrena."

(Annie Besant - A Vida do Homem em Três Mundos - Ed. Pensamento, São Paulo - p. 37/38)

quinta-feira, 23 de abril de 2020

A ROUPAGEM DOS CORPOS

O perispírito e suas modelações – Espiritismo e Conhecimento"Explicando o motivo de troca do usual ponto de partida, consideremos o homem no final de um ciclo de vida, quando já assimilou todas as experiências que levou consigo para o mundo celeste, experiências estas colhidas na sua última estada na terra. Seu corpo mental está desgastado e já não lhe serve. O Espírito imortal, o homem verdadeiro, reconcentra em si as capacidades dimanantes das experiências mentais, emocionais e físicas adquiridas nos mundos inferiores, armazena-as potencialmente e as assimila atuando sobre elas durante um período mais ou menos longo, segundo o maior ou menor desenvolvimento de sua consciência. Em seguida dirige a atenção para fora de si, e mediante um núcleo de matéria mental que reteve como laço remanescente, atrai da massa de matéria do mundo mental, uma porção de qualidade adequada ao prosseguimento e desenvolvimento de suas potências. Com esta porção atraída, de radiante e refulgente matéria, elabora um corpo mental muito melhor do que o abandonado por imprestável, e mais apropriado para atualizar as superiores potências extraídas durante sua longa vida celeste. De outra forma, dispõe os órgãos do novo corpo para o desempenho das funções mentais durante toda vida que começa, porque de dia para dia, de ano para ano, no completo ciclo da nova existência em que entra, o dito corpo mental deverá lhe servir de instrumento de manifestação nos mundos inferiores.

Apesar de tudo isto, limita-se consideravelmente a autoexpressão do verdadeiro homem. Seu novo corpo mental está plasmado com matéria das diversas densidades: sólida, líquida, gasosa e etérea da matéria do mundo mental; e como não as tenha levado ao realizar as experiências de sua vida anterior, delas não se recorda. É o novo corpo mental uma criação de suas artísticas faculdades como Espírito imortal, e caso esteja bastante evolucionado, será capaz de infundir no referido corpo mental algumas de suas inerentes recordações e algo de suas peculiares faculdades divinas que relampaguearam no cérebro físico com os fulgores do gênio. O verdadeiro homem é a supraconsciência na mais ampla acepção desta palavra, conforme veremos mais adiante. Entretanto, consideremo-lo como elaborador dos corpos que lhe hão de servir de roupagem ou instrumento de manifestação nos mundos inferiores. Convém acrescentar que até aí não está o homem muito evolucionado, guiam-no na elaboração do seus corpos os anjos ou devas do sétimo céu. Diz uma escritura hinduísta; 'Os devas oferecem fé a este fogo. Desta oferenda surge o rei Soma.'¹² A fé significa o núcleo de matéria mental retido pelo homem de uma à outra vida. O rei Soma simboliza o novo corpo mental. A ulterior descida está também indicada nos Upanishadas, conforme veremos.

O corpo mental é a primeira roupagem do homem ao descer do ciclo para a terra. Não obstante, a palavra descida somente pode ser empregada no sentido figurado, porquanto os mundos se interpenetraram mutuamente e o ciclo está sempre ao redor de nós, muito embora a roupagem física nos separe dele e nossa consciência não o perceba através da densa matéria dos corpos físico e astral. É como se andássemos às cegas em pleno sol com uma espessa venda sobre os olhos."

¹². Brhadaranyakopanishat, VI, II, 9.

(Annie Besant - A Vida do Homem em Três Mundos - Ed. Pensamento, São Paulo - p. 33/35)

quinta-feira, 9 de abril de 2020

ROUPAGENS OU CORPOS QUE SE SEPARAM DO HOMEM

Resultado de imagem para corpos físico, astral e mental"Quando o homem tem de viver ou se relacionar com os três mundos (físico, astral e mental) em que gira a roda de nascimentos e mortes, é necessário que se revista de corpos separáveis de sua individualidade, da mesma forma que sobre a inseparável pele de seu corpo físico se cobre com separáveis vestimentas. Os referidos corpos separáveis limitam as potências do imortal espírito; porém, em compensação o capacitam para adquirir as experiências que lhe proporciona o contato com os mundos inferiores. Muito bem; o mundo mental se subdivide em dois: o superior ou causal, e o inferior ou mental propriamente dito. O mundo causal proporciona a matéria para o corpo ou roupagens do Intelecto, e o mundo mental inferior a matéria do corpo adequada para adquirir conhecimentos concretos. Ao primeiro corpo chama-se causal, e ao segundo corpo mental ou mente concreta.

O mundo astral proporciona a matéria componente do corpo astral ou emocional, assim chamado porque é o instrumento ativo das emoções e desejos que atraem ou repelem os objetos exteriores.

O mundo físico proporciona a matéria componente do corpo físico ou instrumento da atividade da consciência. É o corpo da ação. Trataremos aqui unicamente destes três referidos corpos: o mental, relacionado com o mundo dos pensamentos; o astral, com o das emoções e desejos; e o físico, relacionado com o mundo da atividade física.

Convém salientar que o corpo físico está organizado de modo a servir de manifestação aos pensamentos, desejos e emoções tanto quanto serve de instrumento da atividade física, cuja base é sempre o sistema nervoso. Assim a mente atua por intermédio da substância cinzenta do cérebro e além disse se relaciona com os objetos exteriores por meio dos cinco sentidos da sensação, cujos centro estão no cérebro, e proporcionam à mente os materiais do pensamento. Por isto tem-se dito com muito acerto que 'a mente é o sexto sentido', pois sintetiza as sensações de todos os cinco. As emoções e os desejos atuam no sistema glandular por meio dos nervos do grande simpático. A ação se efetua com o auxílio dos nervos que movem os músculos. Assim, o sistema nervoso, fundamento do corpo físico, é o órgão de manifestação do Conhecimento, da Emoção e da Atividade, correspondentes no mundo físico ao Intelecto, à Sabedoria e ao Poder dos três mundos superiores."

(Annie Besant - A Vida do Homem em Três Mundos - Ed. Pensamento, São Paulo - p. 18/20)

terça-feira, 7 de abril de 2020

ROUPAGENS INSEPARÁVEIS DO HOMEM

Resultado de imagem para corpos DO HOMEM espiritual"Convém saber que para além dos cinco mundos já referidos, existem outros dois, o âdi e o anupâdaka, sob os quais se sucedem em ordem de sutilidade material, de mais para menos, os mundos átimico, búdico, mental, astral e físico, que nas Escrituras hinduístas são denominados por Akâsha (mundo etéreo), Vâyu (aéreo), Aqui (ígneo), Apas (aquático) e Prithivi (terrestre). Os três aspectos da Consciência humana: Vontade, Sabedoria e Inteligência se correspondem com a matéria respectiva dos mundos átmico, búdico e mental, cujas matérias constituem três roupagens ou corpos que relacionam a Consciência do homem com os referidos mundos e persistem durante o curso da larga série de reencarnações, embora cresçam, se desenvolvam e compliquem à medida que o Espírito vai atualizando suas qualidade inerentes. Os três corpos referidos de chamam átmico, búdico e causal, e durante sua evolução nos cinco mundos são tão inseparáveis dele como a pele do corpo físico. Constituem o veículo de manifestação do Espírito imortal, que sem eles não poderia manifestar-se.⁹"

⁹ Os corpos átmico, búdico e causal constituem a tríade superios do homem, designada teosoficamente por Ãtma-Buddhi-Manas. (N. do T.)

(Annie Besant - A Vida do Homem em Três Mundos - Ed. Pensamento, São Paulo - p. 17/18)

quinta-feira, 2 de abril de 2020

ROUPAGEM DO HOMEM

Resultado de imagem para ROUPAGEM DO HOMEM espiritual"O Fragmento divino que no mundo dos seres viventes aparece como Espírito Imortal, atrai inteiramente a mente e os demais sentidos velados da matéria. A fim de ser um Espírito imortal no mundo dos viventes, deve revestir-se de matéria, e segundo nos ensinam os Puranas, a matéria de nosso 'Quíntuplo universo'⁴ é de cinco classes: etérea, aérea, ígnea, aquosa ou líquida e terrestre ou sólida.⁵  Entretanto existem no Universo divino dois graus de matéria mais sutil com os quais nada temos que ver no momento.

O grau mais denso de cada uma das mencionadas classes de matéria corresponde em nosso mundo físico ao que denominamos terra, água, fogo e éter ou ar, muito embora tenha sido reconhecida a triplicidade deste último. Todos estes graus ou estados de matéria compõem nossa terra, ou seja, o mundo de nossas relações quotidianas. Os outros quatro mundos, chamados nos Puranas de oceanos, interpenetram e envolvem o terrestre. Pondo de lado os símbolos e alegorias, são mundos compostos de outras classes de matéria, cada uma delas com suas diversas densidades, do mesmo modo que encontramos no mundo terrestre as modalidades de matéria física, nirvânica, búdica, mental, astral e terrestre.⁶ 

Na Antiguidade, chamavam-se 'elementos' os diversos graus de matéria. O nome era conveniente porque todas as densidades de cada elemento se distinguiam por uma característica comum; assim como a água, o leite, o azeite, a terebentina, o álcool, etc., têm distinta densidade, muito embora todos eles sejam líquidos pela característica comum de se derramarem em todas as direções quando em liberdade, e tomarem a forma da vasilha em que sejam colocados. 

A química moderna deu novo significado à palavra 'elemento' e assim não podemos empregá-la em sua antiga acepção⁷ muito embora seja um vocábulo muito adequado para distinguir os diferentes estados ou graus de matéria que possuam certas características comuns. 

A química só estuda as substâncias que encontra no mundo físico e as resultantes das suas combinações procedidas nos laboratórios, e sem qualquer preocupação aplica, a seu bel-prazer, os nomes antigos, dizendo depois com a maior sem cerimônia que os sábios de outrora não empregavam as palavras com acerto. A química esqueceu que veio muitos séculos mais tarde ao mundo, e deu novos significados às palavras usadas na Antiguidade. Conheciam os filósofos antigos a existência de outros mundos além do físico e empregavam vocabulário apropriado ao seu mais amplo conhecimento; e assim não se lhe pode vituperar de quem em uso de seus direitos classificassem a matéria do universo de conformidade com suas especiais características e designassem cada uma das classes com o nome de 'elemento'.⁸"

⁴ A autora escreve esta frase entre aspas para dar a entender que os hinduístas consideram quíntuplo nosso universo, apesar de sétuplo, porque prescindem por inexequíveis à compreensão humana dos dois planos superiores: o anupâdaha (segundo) e âdi (primeiro). (N. do T.)
⁵ Convém advertir que esta classificação não corresponde ao significado corrente das palavras que a expressam, e sim equivalem respectivamente à matéria nirvânica (etérea), búdica (aérea), mental (ígnea), aquosa (astral) e terrestre (física). Sem esta distinção entre as nomenclaturas purânicas e teosíficas, resultaria para o leitor amigo destes estudos lamentável confusão. (N. do T.)
⁶ Analogamente no mundo astral se encontram as modalidades astrais das matérias nirvânica, búdica e mental; no mundo mental, as modalidades mentais de matéria nirvânica e búdica; e no mundo búdico, a modalidade búdica da matéria nirvânica e assim indefinidamente. (N. do T.)
⁷ Muitos cientistas e eruditos modernos incorreram no grave erro de designar os antigos de ignorantes porque consideravem como elementos a terra, a água, o fogo e o ar. Se a ciência acadêmica não fosse tão presumida e pretensiosa, e em vez de papaguear nas cátedras, indagasse o verdadeiro espírito da antiga sabedoria, certamente compreenderia que a elementalidade da terra, água, fogo e ar, nada tem que ver com sua constituição química. (N. do T.)
⁸ Esta palavra não significava naquele tempo simplicidade de substância considerada, e sim diversidade de graus de condensação. (N. do T.)

(Annie Besant - A Vida do Homem em Três Mundos - Ed. Pensamento, São Paulo - p. 15/17)

terça-feira, 31 de março de 2020

OS TRÊS ASPECTOS DO HOMEM

Resultado de imagem para OS TRÊS ASPECTOS DO HOMEM"Considerado o homem como Inteligência espiritual, vemos que é uma Consciência, um ser capaz de se reconhecer a si mesmo e aos demais seres. Primeiramente, o homem afirma sua existência, dizendo: 'EU sou'. Em sua imaginação pode abstrair-se de todos menos de si mesmo. Não pode aniquilar o 'EU', e embora contraia nos limites desta egocentridade sua consciência ou a espraie até abranger todo o univero, o 'EU' é o centro de todas as coisas. Quando o Eu considera seu próprio ser, esforçando-se em se analisar a si mesmo, verifica que é um ser que pensa, sente e quer; e se percebe algo que não seja ele, um não Eu externo, ou conhece e experimenta atração ou repulsão por ele e atua sobre ele. Expondo esta mesma verdade em termos mais abstratos, se reconhece o Eu como Consciência com as três qualidades de Vontade, Sensibilidade e Mentalidade, cujo superior aspecto se manifesta em Poder. Sabedoria e Inteligência, e em contato com o mundo exterior tomam as respectivas modalidades de Conhecimento, Emoção e Atividade. Nenhum destes vocábulos expressam com perfeição o conceito, porém, equivalem às qualidades denominadas pelos índios (hindus): Iñâman, Ichchhâ e Kryâ em que se resumem a limitada manifestação de Sachchidamanda, as tríplices cordas do Destino. Existem no homem três aspectos, fases ou qualidades pelas quais pode conhecer a si mesmo e se relacionar com o mundo. Sua consciência existe nos ditos três aspectos pelos quais se põe em contato com o não Eu."

(Annie Besant - A Vida do Homem em Três Mundos - Ed. Pensamento, São Paulo - p. 14/15)