OBJETIVOS DO BLOGUE

Olá, bem-vindo ao blog "Chaves para a Sabedoria". A página objetiva compartilhar mensagens que venham a auxiliar o ser humano na sua caminhada espiritual. Os escritos contém informações que visam fornecer elementos para expandir o conhecimento individual, mostrando a visão de mestres e sábios, cada um com a sua verdade e experiência. Salientando que a busca pela verdade é feita mediante experiências próprias, servindo as publicações para reflexões e como norte e inspiração na busca da Bem-aventurança. O blog será atualizado com postagens de textos extraídos de obras sobre o tema proposto. Não defendemos nenhuma religião em especial, mas, sim, a religiosidade e a evolução do homem pela espiritualidade. A página é de todos, naveguem a vontade. Paz, luz, amor e sabedoria.

Osmar Lima de Amorim


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quinta-feira, 27 de novembro de 2025

MELANCOLIA

"Entrevistado: Sinto uma tristeza profunda! Sou muito fraca e indefesa; estou aqui para você solucionar meu conflito! Sentimentos depressivos envolvem-me repentinamente, tornando-me incapaz de vencer esse estado de alma. Evito a companhia de outras pessoas, pois estou dominada por um desespero insuportável. Por mais que use argumentos racionais e lógicos, permaneço sem condições de reverter esse quadro sombrio. Tenho tudo para ser feliz, mas, infortunadamente, a ideia de suicídio não me sai da mente. Será que viver assim vale a pena?

Sugestões para o entrevistador:

Tudo que nos acontece é uma mensagem da Vida Mais Alta tentando equilibrar nosso mundo interior. Se desejamos sair do circuito do desespero e ir gradativamente resolvendo dificuldades e conflitos, comecemos por compreender que a nossa existência é controlada por uma Fonte Divina - perfeita e harmônica - cuja única intenção é somente a evolução das criaturas. Reconheço que as dores íntimas são como prelúdios de um violino ferindo o peito profundamente. Mas lembre-se: ninguém pode procurar nos outros um recado que está dentro de si. Aprendamos a ler essas mensagens impronunciáveis, elas são a chave da solução dos sofrimentos. As leis divinas estão em nossa consciência.

Hoje você busca livrar-se da melancolia, apegando-se às pessoas para que cuidem de você; mas haverá um dia em que perceberá que a busca é ineficiente, pois essa pessoa terá que ser você mesma.

Não se faça de fraca e impotente; retire de seus olhos a angústia e a aflição. Você pode transformar esse processo doloroso em fator saudável de crescimento e progresso.

Você gostaria de ser poupada dessa dor aflitiva imediatamente, mas não pode se esquecer de que ela é o resultado de atitudes negativas do passado que você mesmo criou. Somente através de crescente conscientização de suas concepções errôneas, ou de falsas soluções, é que poderá atingir o entendimento exato de seu sistema de causa e efeito.

Não basta mudar um mau comportamento irrefletidamente; é preciso mudar a causa que provoca esse comportamento. Apenas assim poderá efetuar uma autêntica mudança.

De início, não espere satisfação e felicidade imediatas, porque os efeitos negativos vão continuar cruzando o seu caminho - resultado de anos vividos entre padrões inadequados. No entanto, quando descobrir esses padrões e começar a modificá-los de maneira gradativa, automaticamente terá início a redução das sensações desagradáveis e aflitivas que você experimenta.

A alma, na agonia moral, é semelhante a um pássaro de asa partida: quer voar, mas não consegue. Só com o tempo ele se equilibra; aí, então, pode alçar voo perfeitamente.

A imensa decepção dos suicidas é perceber no Além que não podem fugir de si mesmos. Problemas são considerados desafios da vida promovendo o desenvolvimento interior. A autodestruição além de inútil, intensifica a dor já existente, por interferir no processo natural da existência terrena.

A alma humana pode ser comparada a um candelabro: acesas as chamas da verdade, dissipam-se as sombras da ilusão.

Todos temos uma tendência de culpar o mundo por nossas ações, comportamentos, emoções e sentimentos inadequados. Justificamos nosso desalento acusando indiscriminadamente, mas é preciso assumirmos plena responsabilidade por tudo o que está acontecendo em nossa vida. Devemos reconhecer honestamente que está em nós a fonte que determina e controla nossas ações e reações. Somos responsáveis tanto pela nossa felicidade quanto pela nossa infelicidade.

Perceba que você nutre uma falsa crença de que está totalmente indefesa e espera que alguém, ou o destino, lhe traga uma milagrosa alegria. Acima de tudo, acredite: nenhuma destinação cruel está vitimando sua existência. Depende essencialmente de você o seu bem-estar, de seus esforços, de sua vontade de mudar, de sua autoconfiança e de um novo senso de força em sua vida interior.

Além disso, a compreensão espírita, acrescida da criação de uma nova visão interior, poderá gerar toda a satisfação que sua alma anseia, anulando os velhos pensamentos destrutivos que você nutria inadvertidamente.

Melhore seu íntimo; essa é a maneira mais eficiente de ser feliz. Podemos destruir o corpo, mas não temos o poder de acabar com a vida.

Quem faz a sua parte e deposita nas mãos de Deus todas as suas dificuldades alcança a tão almejada tranquilidade." (Lourdes Catherine).

Extraído do livro 'Conviver e Melhorar", de Francisco do Espírito Santo Neto, pelos espíritos Batuíra e Lourdes Catherine, Boa Nova editora e distribuidora de livros espíritas, Catanduva/SP, 1999, p. 135/137.
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terça-feira, 25 de novembro de 2025

MOLÉSTIA DA ALMA

"Entrevistado: Tenho distúrbios de comportamento, mental e emocional. Há muitos meses, venho tomando ansiolíticos e antidepressivos, mas nada melhora meu estado íntimo. Vivo sentimentos contraditórios: excesso de alegria ou de tristeza, agitação ou apatia, ideias fixas ou dispersivas. Disseram-me que estou obsediado. Sofro constantes crises de medo e de desconfiança sem motivo algum. Considero-me um ser humano bom; nunca fiz mal a ninguém. Por que sofro esse assédio impiedoso? Que fazer para livrar-me da agressão dessas entidades infelizes?

Sugestões para o entrevistador:

Sei que a fogueira da aflição queima junto a seu peito e você sente estranha aura ao redor de sua mente.

Enquanto você não assumir a responsabilidade por tudo o que lhe está acontecendo, não encontrará a verdadeira cura para sua alma. Não se deve criar um mundo de explicações falsas, culpando os espíritos pela infelicidade e desarmonia vivenciadas. Isso é distorcer o real sentido dos acontecimentos. Você não pode culpar os outros por suas emoções e sensações, sob pena de nada aprender sobre si mesmo. Aceitar a total responsabilidade por sua vida é a forma mais fácil de resolver dificuldades íntimas, mas certamente é uma tarefa que não se realiza da noite para o dia. A autorresponsabilidade e o significado verdadeiro das coisas submetem-se mutuamente; são itens existenciais inseparáveis.

Obsessão é moléstia da alma. Quando você compreender a simultaneidade que existe entre as influências espirituais negativas e seus atos e pensamentos íntimos, mais rapidamente dissolverá o elo existente entre eles. A lei da compensação se perpetua até que o homem tenha resolvido suas ações equivocadas e se engajado no legítimo fluxo das leis universais. Para cada conduta ou atitude errada a natureza solicita uma contra-ação que a equilibre.

Na vida estamos tecendo uma malha existencial. A cada nova situação se interligam os fios que começamos a utilizar nas experiências anteriores. Não podemos simplesmente anular o passado, mas podemos reformulá-lo e redirecioná-lo para a luz.

O percurso de um novo dia é, inevitavelmente, influenciado pelas experiências e ações dos dias precedentes.

A aflição para você tem sabor de eternidade, mas, em breve, ela poderá desaparecer. Basta procurar nos princípios espíritas os apontamentos lógicos e a exata orientação de que necessita para se libertar do desequilíbrio mental/emocional - causa principal de sua obsessão.

As reuniões mediúnicas auxiliarão em muito a higienizar e restaurar a atmosfera fluídica de sua aura, contaminada por energias deletérias ali armazenadas. Provavelmente, serão afastadas as entidades que atuam em seu dia-a-dia; mas se você não modificar seu modo de pensar e agir, abandonando suas limitações, elas ou outras companhias desagradáveis poderão retornar.

Sua mente guarda, zelosamente, fatos, informações, ideias e conceitos. Sua memória é o registro fiel de tudo quanto ocorreu com você através dos tempos, tanto no corpo físico como fora dele. Você cria a própria realidade com sua mente.

Na verdade, você 'veste' as emoções e os pensamentos dos espíritos e coopera na assimilação das sensações aflitivas lançadas sobre seu corpo astral. Você é um canal de expressão, e em sua intimidade, estão todas as matrizes de seus desarranjos. Suas emoções são semelhantes às fases da lua: ora 'crescente', ora 'minguante'.

Não se esqueça também de que você é o único responsável pelas forças negativas que sugam suas energias e tentam dominar sua casa mental. Não existe fatalidade em sua vida, apenas atração e repulsão, conforme sua afinidade.

Na esfera física como na espiritual só se percebe e age em um espaço delimitado, quer dizer, cada pessoa atua segundo seu grau de consciência ou em consonância à sua faixa vibratória.

Na esquina da vida, você é um pedinte que suplica a esmola da paz. Mas, lembre-se de que é igualmente uma usina de forças, recebendo, doando e assimilando o magnetismo de outros seres, encarnados ou não. Os espíritos desequilibrados que estão a seu redor apenas exploram suas fraquezas. Buscam pontos vulneráveis, envolvendo-o negativamente em seu baixo padrão vibracional. Portanto, ninguém tem o poder de transtornar sua mente, a não ser que você ceda diante da perturbação.

Quando você diz que é um ser humano bom, que nunca fez mal a ninguém, acredita estar vivendo um ato de injustiça. Porventura, já se perguntou: faço mal a mim mesmo? Será que respeito meus direitos pessoais? Considero minhas necessidades tão importantes quanto as dos outros?

Para você se livrar das agressões dessas entidades, procure encontrar a área de sua vida que está mais insegura e fragilizada. Reforce-a e inicie um trabalho interior.

Desfaça a necessidade de querer dos outros o que deve providenciar por si mesmo. Isso o aproximará da libertação. Pouco a pouco, aflição que lhe atormenta os sentidos se esvairá, e experimentará uma força nova que brotará do seu interior, equilibrando seus sentimentos descompensados."  Lourdes Catherine.

Extraído do livro 'Conviver e Melhorar", de Francisco do Espírito Santo Neto, pelos espíritos Batuíra e Lourdes Catherine, Boa Nova editora e distribuidora de livros espíritas, Catanduva/SP, 1999, p. 163/166.
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quinta-feira, 30 de outubro de 2025

DEPRESSÃO

"É preciso saber lidar com nossas emoções; não devemos nos censurar por senti-las, mas sim julgar a decisão do que faremos com elas.

Reparação é o ato de compensar ou ressarcir prejuízos que causamos, não apenas aos outros mas também a nós mesmos, através de posturas inadequadas e injustas.

Necessitamos reparar as atitudes desonestas que tivemos perante nós mesmos, para ressarcir-nos dos abalos que promovemos contra nossas próprias convicções e para compensar-nos da deslealdade com nosso modo de ser e com nossos valores íntimos.

Devemo-nos conscientizar do quanto estivemos abrindo mão de nossos sentimentos, pensamentos, emoções e necessidades em favor de alguém, somente para receber aprovação e consideração.

Quantas vezes asfixiamos e negamos nossas emoções diante de acontecimentos que nos machucaram profundamente. Relegar essa parte de nós e ignorá-la pode se tornar um tanto desagradável e destrutivo em nossas vidas.

Viver o direito de sentirmos nossas emoções equivale a ser honestos com nós mesmos. Elas nos ajudam no processo de autodescobrimento e estão vinculadas a estruturas importantes de nossa vida mental, como os pensamentos cognitivos e as nossas intuições.

O hábito de rejeitarmos, frequentemente, as energias emocionais fará com que percamos a capacidade de sentir corretamente: e, sem a interpretação dos sentimentos, não poderemos promover a reparação de nossas faltas.

Para repará-las, é preciso estarmos predispostos a dizer o que pensamos e a escolher com independência.

Para repará-las, é necessário termos a liberdade de sentir o que sentimos e de viver segundo nossas próprias emoções.

Para resgatar nossas faltas conosco e com os outros, é imperioso, antes de tudo, desbloquear nossa consciência para que possamos ter um real entendimento do que e como estamos fazendo as coisas em nossa vida.

Há em nós um mecanismo psicológico regulado pelo nosso grau evolutivo, que assimila os fatos ou os ensinamentos de acordo com nossas conquistas nas áreas da percepção e do entendimento. Nossa incapacidade para absorver certos aspectos da vida deve-se a causas situadas nas profundezas da nossa consciência, que está em constante aprendizado e ascensão espiritual. Portanto, não devemos nos culpar por fatos negativos do passado, pois tudo o que fizemos estava ao nível de nossa compreensão à época em que eles ocorreram.

'(...) poderemos ir resgatando as nossas faltas (...) reparando-as. Mas, não creiais que as resgateis mediante algumas privações pueris, ou distribuindo em esmolas o que possuirdes (...) Deus não dá valor a um arrependimento estéril, sempre fácil e que apenas custa o esforço de bater no peito' mas sim reavaliando antigas emoções e resgatando sentimentos passados, a fim de transformá-los para melhor. Desse modo, reconquistamos a perdida postura interior de "vida própria" e promovemos a modificação de nossas atitudes equivocadas perante as pessoas.

Emoções não são erradas ou pecaminosas, elas não são os atos em si, pois sentir raiva é muito diferente de cometer uma brutalidade.

Para repararmos, é preciso saber lidar com nossas emoções, não devemos nos censurar por senti-las, mas sim julgar a decisão do que faremos com elas. Advertimos, porém, que não estamos sugerindo que as emoções devam controlar nossos comportamentos.

Ao contrário, acreditamos que, se não permitirmos senti-las, não saberemos como tê-las sob nosso controle.

Admitindo-as e submetendo-as ao nosso código de valores éticos, ao nosso intelecto e à nossa razão, saberemos comandá-las convenientemente, pois o resultado da repressão de nossas reações emocionais será uma progressiva tendência a estados depressivos.

Funciona deste modo uma das possíveis trajetórias da depressão: diante de um sentimento de dor, fatalmente experimentamos emoções, ou seja, reações energéticas provenientes dos instintos naturais. São denominadas 'emoções básicas', conhecidas comumente como medo e raiva. Essas reações energéticas nascem como impulso de defesa para nos proteger da ameaça de dor que uma agressão pode nos causar. Se a emoção for de raiva, o organismo enfrenta a fonte da dor; quando é de medo, contorna e foge do perigo. Ambas aceleram o sistema nervoso simpático e. consequentemente, a glândula suprarrenal para que produza energia suficiente para a luta ou para a fuga. Se essas emoções (raiva ou medo) forem julgadas moralmente como negativas, elas poderão ser transformadas em sentimento de culpa, levando-nos a uma autocondenação. Quando reprimidas, quer dizer, quando não expressadas convenientemente nem aceitas, nós as negamos distorcendo os fatos, para não tomarmos consciência. Tanto a repressão sistemática quanto os compulsivos julgamentos negativos dessas emoções naturais geram a depressão.

Não são simplesmente as 'privações pueris', as 'distribuições de esmolas' e o ato de 'bater no peito' que transformarão o íntimo de nossas almas. Para verdadeiramente repararmos nossas faltas, é preciso, acima de tudo, que façamos uma viagem interior. mediante uma 'crescente consciência', para identificar os atos e acontecimentos incorretos que praticamos/vivenciamos e associá-los com os sentimentos e as emoções que os influenciaram. A partir daí, equilibrá-los.

Reparar nossas faltas com nós mesmos e com os outros é a fórmula feliz de evitar o sofrimento."

Extraído do livro "As dores da alma", de Francisco do Espírito Santo Neto, pelo espírito Hammed, Boa Nova editora e distribuidora de livros espíritas, Catanduvas, SP, p. 187/190.
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quinta-feira, 11 de setembro de 2025

RESPEITO

"Somente optando pelo autorrespeito é que conseguiremos respeito alheio. Encontraremos nos outros a mesma dignidade que damos a nós mesmos.

De que maneira as pessoas nos tratam? Sentimo-nos constantemente usados ou desrespeitados? Às vezes, permitimos que os outros nos tracem metas ou objetivos sem antes nos consultar? Sabemos distinguir quando estamos doando realmente ou quando estamos sendo explorados? Respeitamos nossos valores e direitos inatos? Costumamos representar papéis de vítimas ou de perfeitos?

A pior situação que podemos viver é passar toda uma existência sem nos dar o devido amor e respeito, fazendo coisas completamente diferentes do que sentimos.

Nossos sentimentos são parte importante de nossa vida. Se permitirmos que eles fluam em nós, então saberemos o que fazer e como nos conduzir diante das mais variadas situações do cotidiano.

Em virtude disso, não devemos nos esquecer de que, quando nos respeitamos plenamente, mostramos aos outros como eles devem nos tratar.

Se nós não nos aceitamos, quem nos aceitará? Se nós não nos amamos, quem nos amará?

Marcos relata em seu Evangelho a seguinte orientação: 'Pois ao que tem será dado, e ao que não tem, mesmo o que tem lhe será tirado'.

Realmente, 'será dado' (respeito) ao que se respeita e não 'ao que não tem ou pensa ter'. Assim funciona tudo em nossa vida íntima 'temos o que damos'. Devemos esperar dos outros a mesma dignidade que damos a nós mesmos.

Examinemos nossos sentimentos e atitudes e nos perguntemos: Por que permito que me tratem com desconsideração? O que estimula os outros a se comportarem com desprezo em relação à minha pessoa?

Se nós não nos auto responsabilizamos pela forma como somos tratados, continuaremos impotentes para mudar o contexto penoso em que estamos vivendo. É muito cômodo culpar os outros por qualquer desilusão ou sofrimento que estejamos passando. Não é fácil aceitar a responsabilidade pelas nossas próprias ilusões e desenganos.

Quando renunciamos ao controle de nós mesmos, com toda certeza outros indivíduos tomarão as rédeas de nossa vida.

Somos iguais perante os olhos da Divindade. '(...) todos tendem ao mesmo fim e Deus fez suas leis para todos. Dizeis frequentemente: o sol brilha para todos. Com isso dizeis uma verdade maior e mais geral do que pensais'.

Realmente 'o sol brilha para todos', pois '(...) Deus não deu, a nenhum homem, superioridade natural, nem pelo nascimento, nem pela morte (...)'.

Não somos nem melhores nem piores que ninguém. Ao recusarmos o respeito a nós mesmos, estamos abdicando do direito de exigi-lo. Sem senso de valor individual, nos sentiremos diminuídos diante do mundo e destituídos da habilidade de dar e de receber amor.

O mais valioso tesouro que possuímos é a dignidade pessoal. Não é lícito sacrificá-la por nada ou por ninguém. Quando autorizamos os outros a determinar o quanto valemos, uma sensação de vazio nos toma conta da alma.

O auto desrespeito é um grande desserviço a nós mesmos. Quando ele se instala em nossa casa mental, passamos a não mais prestar atenção aos avisos e intuições que brotam espontaneamente do reino interior. As vozes de inspiração divina são sempre ideias claras, providas de síntese e simplicidade, que a Vida Providencial murmura no imo de nossa alma.

Quando nos respeitamos, somos livres para sentir, agir, ir, dizer, pensar e saber o que autodeterminamos, confiantes de que, se estivermos prontos, no tempo exato o Poder Superior do Universo nos dará todo o suprimento, todo o apoio e toda a orientação para cumprirmos o sublime plano que Ele nos reservou.

Somente optando pelo autorrespeito é que conseguiremos o respeito alheio. Encontraremos nos outros a mesma dignidade que damos a nós mesmos."

Extraído do livro "Os prazeres da alma", de Francisco do Espírito Santo neto, pelo espírito Hammed, boa nova editora e distribuidora de livros espíritas, Catanduvas, SP, p. 69/71.
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quinta-feira, 4 de setembro de 2025

ORGULHO

"Na vida nada está perdido; aliás, existe a época certa para cada um saber o que é preciso para se desenvolver.

Desprezar é sentir ou manifestar desconsideração por alguém ou por alguma coisa; portanto, é uma atitude sempre inadequada nas estradas de nossa existência evolutiva. Menosprezar é um sentimento pelo qual nos colocamos acima de tudo e de todos, avaliando com arrogância os acontecimentos e os fatos do alto da "torre do castelo" de nosso orgulho.

A nenhuma coisa ou criatura deve-se atribuir o termo 'desprezível', pois tudo o que existe sobre a Terra é criação divina; logo, útil e proveitosa, mesmo que agora não possamos compreender seu real significado.

Talvez não entendamos de imediato nosso papel na vida, mas podemos ter a certeza de que todos somos importantes e todos fomos convocados a dar nossa contribuição ao Universo.

A cada instante, estamos criando impressões muito fortes na atmosfera espiritual, emocional, mental e física da comunidade onde vivemos. Todo envolvimento na vida tem um propósito determinado cujo entendimento, além de esclarecer nosso valor pessoal, favorecerá o amor, o respeito e a aceitação de cada um de nossos semelhantes.

Frequentemente, dizemos que certas pessoas são indispensáveis e que muitos indivíduos são improdutivos, e perguntamos mais além: qual o propósito da vida para com estas criaturas ociosas?

Não julguemos, com nossos conceitos apressados, os acontecimentos em nosso derredor, antes, aguardemos com calma e façamos uma análise mais profunda da situação. Assim agindo, poderemos avaliar melhor todo o contexto vivencial.

'Desempenham função útil no Universo os Espíritos inferiores e imperfeitos. Todos têm deveres a cumprir. Para a construção de um edifício, não concorre tanto o último dos serventes de pedreiro, como o arquiteto?' 

Nenhuma ocorrência, fato ou pensamento deverá ser sentido ou analisado separadamente, pois o 'Grande Sistema', que nos rege. age de forma interdependente.

Apesar de sermos únicos, todos fomos criados para contribuir coletivamente no mundo e para usar as possibilidades de nossa singularidade.

Para tudo há um sentido e uma explicação no Universo. Sempre estará implícita uma mensagem proveitosa para nosso progresso espiritual, muitas vezes, porém, de forma inarticulada e silenciosa.

Nunca nos esqueçamos de que a vida sempre agirá em nosso benefício, quer nos setores da solidão, quer nos de muitas companhias, ou seja, entre encontros, desencontros e reencontros. A aflição também é um beneficio: 'Todo sofrimento é um ato importantíssimo de conhecimento e aprendizagem.'

Se bem entendermos, no entanto, as verdadeiras intenções das lições a nós apresentadas, retiraremos tesouros imensos de progresso e amadurecimento espiritual.int

As dificuldades que a vida nos apresenta têm sempre um caráter educativo. Mesmo que as vejamos agora como castigo ou punição, mais tarde tomaremos consciência de que eram unicamente produtos de nosso limitado estado de compreensão e discernimento evolutivo.

Descobrir a vida como um todo será sempre um constante processo de trabalho dos homens. Efetivamente, a vida é trabalho e movimento, e para fazermos nosso aprendizado evolutivo há um certo 'tempo de gestação', se assim podemos dizer. Na vida nada está perdido; aliás, existe a época certa para cada um saber o que é preciso para se desenvolver.

Nosso orgulho quer transformar-nos em super-homens, fazendo-nos sentir 'heroicamente estressados', induzindo-nos a ser cuidadores e juízes dos métodos de evolução da Vida Excelsa e, com arrogância, nomear os outros como desprezíveis, ociosos, improdutivos e inúteis.

Poderemos 'agir no processo' de formação e progresso das criaturas, nunca 'forçar o processo' ou criticar o seu andamento.

A pretensão do orgulhoso leva-o a acreditar que existe uma 'santidade desvinculada da realidade humana', ou seja, organizada e estruturada de forma diferente dos princípios pertencentes à Natureza; portanto, não é de ordem divina, mas é da mentalidade deturpada de alguns místicos do passado.

Nada é inútil no Universo. A Divindade age sem cessar em solicitude e consideração a cada uma de suas criaturas e criações. O progresso da humanidade é inevitável. Todos estamos progredindo e crescendo, ainda que, algumas vezes, não nos apercebamos disso."

Extraído do livro "As dores da alma", de Francisco do Espírito Santo Neto, pelo espírito Hammed, Boa Nova, editora e distribuidora de livros espíritas, 1998, p. 29/31.                                                              Imagem: Pinterest 


terça-feira, 12 de agosto de 2025

AS LEIS DA VIDA ESPIRITUAL

"A prática da vida espiritual consiste em uma subordinação sistemática do pensamento, do sentimento e da ação às necessidades do desenvolvimento espiritual. Existem regras, mas são aquelas pertinentes à lei natural aplicadas à finalidade de se alcançar mais rapidamente o objetivo. O impulso para o desenvolvimento e a consecução do objetivo permanece inerente e ativo em toda a Natureza. Trata-se do resultado da pressão contínua e irresistível na direção da expansão e da plenitude do espírito enclausurado pela matéria. O homem espiritualmente desperto é consciente deste impulso em seu interior. Os aspirantes à super-humanidade cooperam com este poder interior de modo consciente, submetendo-se deliberadamente a ele e aplicando-o de forma concentrada na conduta de suas vidas.

As leis da vida espiritual são as leis da Natureza aplicadas ao homem em busca da rápida ascensão à super-humanidade. Elas são simples em sua essência e não muito numerosas. Uma lei subjaz a todas as leis. O ingresso em cada nova fase de crescimento é acompanhado, e tornado possível, por uma renúncia, uma morte figurada da proteção fornecida à vida durante a fase precedente.

É preciso que se quebre a casca do ovo antes que o pintinho possa sair. O tegumento da semente deve desaparecer antes de ela vir a tornar-se uma planta. Assim também o homem, cujo invólucro é o egocentrismo e a acentuada individualidade. Estas duas características devem ser removidas e substituídas por aquelas pertinentes à nova fase, a qual é de altruísmo e ausência de sentido de eu."

Geoffrey Hodson, A Senda para a Perfeição, Ed. Teosófica, Brasília, DF, 1994, p. 31/32.
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terça-feira, 5 de agosto de 2025

INSEGURANÇA

"Os inseguros omitem defesa a seus direitos pessoais por medo e evitam encontros ou situações em que precisam expor suas crenças, sentimentos e ideias.

A insegurança traz como características psicológicas os mais variados tipos de medo, como o de amar, o da mudança, o de cometer erros, o da solidão, o de se pronunciar e o de se desobrigar. O inseguro não confia no seu valor pessoal, desacredita suas habilidades e desconfia de sua possibilidade de enfrentar as ocorrências da vida, o que o impulsiona a uma fatal tendência de se apoiar nos outros.

Por não compreender bem seu poder interior, apega-se na afeição do cônjuge, filhos, outros parentes e amigos e, assim, acaba dependendo completamente dessas pessoas para viver. Em vez do amor, é a insegurança a fonte principal que o une aos outros; por isso, controla e vigia em razão das dúvidas que tem sobre si mesmo.

O inseguro, por não saber que não pode controlar os atos e atitudes das outras criaturas, cria grandes dificuldades em seus relacionamentos, gerando, consequentemente, maiores cobranças e barreiras entre eles.

A hesitação torna-o criatura incapaz de se sentir bastante firme para agir. Nunca possui certeza suficiente e quer sempre mais se certificar das coisas. É excessivamente cauteloso e vigilante: está em constante sobreaviso e desconfiança de tudo e de todos, por causa do medo das consequências futuras de suas ações do presente

Os inseguros desenvolvem muitas vezes uma 'devoção mórbida' em relação às causas e aos ideais, ou se associam a um parceiro forte e dinâmico para compensar sua necessidade de apoio, consideração e segurança. No primeiro caso, eles podem assumir diante do mundo a posição de 'crentes exaltados', querendo convencer todos de uma verdade que eles mesmos não acreditam: no segundo, buscam alguém que lhes corresponda ao modelo de seus genitores, para que, novamente, venham a se nutrir da autoridade, decisão e firmeza que encontravam nos pais, quando crianças.

Muitos ainda buscam refúgio numa atividade intelectual e se colocam, por exemplo, na posição de autoridade literária, como estratégia emocional, a fim de estimular em torno de si uma atmosfera de 'bem informados' e, portanto, grandiosos e seguros.

Kardec, Discípulo de Jesus, pergunta aos Instrutores Espirituais: 'Quando um Espírito diz que sofre, de que natureza é o seu sofrimento?' A Espiritualidade elaborou a seguinte res posta: 'Angústias morais, que o torturam mais dolorosamente do que todos os sofrimentos físicos.''

'Angústias morais' podem ser entendidas como a fragilidade em que se encontram as criaturas inseguras, a sensação de mal-estar que sentem, por acreditarem que estão constantemente sendo observadas e julgadas e também pela perpétua situação mental de vulnerabilidade diante do mundo.

Os inseguros não são assertivos; em outras palavras, não se expressam de modo direto, claro e honesto. Omitem defesa a seus direitos pessoais por medo e evitam encontros ou situações em que precisam expor suas crenças, sentimentos e ideias.

O título de 'Senhor de Si Mesmo' poderá definir bem a segurança e firmeza de Jesus Cristo. Suas palavras 'Seja, porém, o vosso falar: sim, sim; não, não' ainda hoje ressoam, convidando todas as criaturas à autonomia espiritual. Realmente, o comportamento assertivo do Mestre e sua significativa liberdade de expressão revelavam:

- franqueza em dizer o que pensava;
- segurança de olhar, ouvir e convidar qualquer um;
- independência de exprimir seus sentimentos com absoluta transparência;
- liberdade de pedir o que quisesse;
- coragem de correr riscos para concretizar tudo aquilo em que acreditava.

Essas alegrias os inseguros não sentem. Seguindo, porém, os passos de Jesus, Nosso Guia e Senhor, a humanidade alcançará a estabilidade e serenidade interior que busca há tantos séculos conquista dos seres despertos e amadurecidos do futuro."

Extraído do livro "As dores da alma", de Francisco do Espírito Santo Neto, pelo espírito Hammed, Boa Nova editora e distribuidora de livros espíritas, Catanduvas, SP, p. 171/173.
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quinta-feira, 22 de maio de 2025

PERDÃOTERAPIA (1ª PARTE)

921. Concebe-se que o homem será feliz na Terra, quando a Humanidade estiver transformada. Mas, enquanto isso se não verifica, poderá conseguir uma felicidade relativa?

"O homem é quase sempre o obreiro da sua própria infelicidade. Praticando a lei de Deus, a muitos males se forrará e proporcionará a si mesmo felicidade tão grande quanto o comporte a sua existência grosseira."

 

As paixões grosseiras que predominam em a natureza humana decorrem das experiências transatas que ainda não foram superadas.

São responsáveis pelos arrastamentos ao mal, em razão do primarismo de que se revestem, não se permitindo ser contrariadas nos seus impulsos e sentimentos servis.

Estimuladas pelo egoísmo doentio, desbordam em agressividade e cinismo que agridem, inicialmente, o próprio indivíduo que as cultiva, para logo depois atingir o grupo social no qual esse se encontra.

Radicando-se nos instintos mais imperiosos, quais sejam a reprodução mediante os impulsos sexuais, a nutrição por meio do alimento, e o repouso, por cuja maneira refaz as forças gastas, somente a grande esforço cedem lugar aos sentimentos e à razão que os devem comandar, orientando-os para a preservação da existência, porém não agressivamente nem de forma angustiante.

É inevitável o desenvolvimento moral do ser humano.

Etapa a etapa, desenvolvem-se os gérmens do amor nele existente, que se irão assenhoreando dos departamentos do instinto em predomínio, para que o raciocínio e a emoção exerçam o seu papel no desenvolvimento dos tesouros morais adormecidos.

O ódio, o ressentimento, a amargura, a inveja, o ciúme constituem herança trágica desse período em que a posse impunha seus caprichos e a submissão desesperada transformava-se em desejo de vingança, culminando em rudes batalhas mentais que chegavam a vias de fato na realidade objetiva, ceifando as vidas que lhes caíam nas urdiduras perversas. (...)." 

Texto extraído do livro "Lições para a Felicidade", de Divaldo Franco/Joanna de Ângelis, Livraria Espírita Alvorada Editora, Salvador/BA, 2003, p. 179/181.
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terça-feira, 6 de maio de 2025

UM HOMEM FASCINANTE

"Muitos amam os feitos sobrenaturais de Jesus, exaltam seu poder divino, mas não conseguem enxergar a exuberância de sua humanidade. O homem Jesus era um especialista em captar os sentimentos mais ocultos escondidos nos gestos das pessoas, mesmo das que não o seguiam. Às vezes não conseguimos captar os sentimentos das pessoas mais íntimas, que dirá das distantes.

Os paradoxos que cercavam o mestre da vida nos deixam boquiabertos: por um lado dizia ser imortal, por outro apreciava ter amigos temporais; por um lado falava sobre a pureza dos oráculos de Deus, por outro estendia as mãos às pessoas eticamente falidas; por um lado era capaz de ressuscitar uma criança, por outro lado escondia seu poder pedindo aos pais dessa criança que lhe dessem de comer.

Muitos têm dinheiro e fama, mas são pessoas comuns por dentro. Jesus, embora famosíssimo, era comum por fora e especial por dentro. Vivemos a paranoia da fama nas sociedades modernas. Os jovens sonham em ser atores, atrizes, esportistas, cantores, famosos. Contudo, as pessoas não conhecem as sequelas emocionais que a fama mal trabalhada pode causar.

A fama conspira muito mais contra o prazer de viver do que o anonimato. A grande maioria das pessoas famosas é mais infeliz e ansiosa do que quando era desconhecida. Elas frequentemente perdem a singeleza da vida e se aprisionam numa bolha de solidão, ainda que rodeadas por uma multidão. A paranoia da fama é doentia. Procure ser especial por dentro, deixe que os aplausos venham naturalmente, mas não viva em função deles."

Augusto Cury, O Mestre do Amor, Ed. Academia de Inteligência, São Paulo, SP, 2002, p. 59/60. 
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quinta-feira, 13 de fevereiro de 2025

DEPENDÊNCIA

"A capacidade de amar está presente na alma humana, mas, para que floresça, exige maturação da consciência, isto é, 'aprimoramento dos sentimentos'.

A maioria das criaturas foi educada ouvindo fábulas e mitos do amor romântico. Os tabus sexuais, as velhas estruturas familiares, as normas tradicionais do matrimônio, consideradas 'virtudes femininas', estabeleceram, na formação educacional das mulheres, todo um comportamento de dependência em relação aos homens. Elas centraram suas vidas em outros indivíduos, preocupadas em receber proteção e cuidados, e destruíram, com o tempo, suas vocações e aptidões mais íntimas.

'São iguais perante Deus o homem e a mulher (...) outorgou Deus a ambos a inteligência do bem e do mal e a faculdade de progredir.'

Muitos acreditaram que o amor seria somente despertado por uma 'varinha de condão' ou por uma 'flecha do cupido' que, ao tocá-los, acordasse das profundezas de seu inconsciente um sentimento há muito tempo adormecido. Existem aqueles que, ingênuos, passam uma encarnação inteira esperando que essa 'dádiva mágica' desabroche de repente, entre a procura e a espera do ser amado, pagando desesperadamente qualquer preço.

Na atualidade, muitos educadores, psicólogos, antropólogos e psiquiatras afirmam que a forma como usamos nossos sentimentos é uma 'resposta aprendida'. A capacidade de amar está presente na alma humana, mas, para que floresça, exige maturação da consciência, isto é, 'aprimoramento de sentimentos. 

Paralelamente, sabemos que as diversas vivências reencarnatórias sedimentam na alma humana certas predisposições singulares no entendimento do amor. Os costumes, as tradições e os hábitos que envolvem o namoro, o casamento, o sexo e a família, completamente diferentes de nação para nação, de continente para continente, estabelecem noções diversificadas sobre a afetividade nos espíritos em sua longa marcha evolutiva.

Existem aqueles que colocaram o amor dentro de uma estrutura romântica, ou seja, fazem prevalecer um sentimentalismo exagerado e uma imaginação irreal, desprezando o significado dos sentimentos autênticos. Eles acreditam que o casamento extingue por completo todas as adversidades e infortúnios existenciais e que as ansiedades do cotidiano acabariam, terminantemente, quando a cerimônia sacramentasse num abraço de ternura o 'felizes para toda a eternidade'.

A necessidade recíproca de controle, as promessas de que renunciariam à própria individualidade e teriam os mesmos objetivos para todo o sempre são os primeiros indícios de uma enorme desilusão na vida a dois. Compromissos de amor são válidos, desde que aprendamos que nossa vida está em constante renovação. Assim como as pessoas passam por diversas transformações, também o amor que sentem pelos outros se transforma.

Quanto mais observarmos os ciclos da vida fora de nós, mais entenderemos as transformações que ocorrem em nossa intimidade, porque nós também somos Vida. Apenas desse modo, ficaremos mais seguros e estáveis em relação ao nosso desenvolvimento e amadurecimento afetivos.

A diferença fundamental entre amor e dependência é observada com clareza nas ações e comportamentos das criaturas. A dependência prende, possessivamente, uma pessoa à outra, enquanto o amor de fato incentiva a liberdade, a sinceridade e a naturalidade. O dependente é caracterizado por demonstrar necessidade constante e por reclamar sistematicamente a atenção do outro.

O indivíduo dependente padece dos recursos psíquicos de alguém para viver. Ele dirá 'eu o amo', mas, em realidade, quer dizer 'eu preciso de você', ou mesmo, 'eu não vivo sem você'. O amor real baseia-se no sentimento compartilhado entre duas pessoas maduras, ao passo que o amor dependente implora consideração e carinho, infantilmente.

Os legítimos sentimentos da alma nunca se sujeitam a ordenações e imposições, mas sim a uma completa espontaneidade de atitudes e emoções. Dependência gera dores na alma; já a liberdade para amar é um direito natural de todos os filhos de Deus."

Extraído do livro "As dores da alma", de Francisco do Espírito Santo Neto, pelo espírito Hammed, Boa Nova editora e distribuidora de livros espíritas, Catanduvas, SP, p. 199/201.
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quinta-feira, 29 de fevereiro de 2024

EXPLOSÃO DE SENTIMENTOS

"Às vezes é melhor convivermos com o possível,
entendendo nossas limitações, sem querermos além do que nos podem oferecer. E sem nos esquecer de que o que damos nem sempre é o bastante ou entendido como o melhor que podemos ofertar naquele instante. 

Sofremos pressões de vários lados e podemos de vez em quando estourar. É um aprendizado de humildade, de aceitação, de gratidão.

Às vezes falamos coisas que não gostaríamos de dizer, porque deixamos acumular sentimentos que não conseguimos expressar naturalmente, achando que eram 'feios'. 

Não devemos esconder quem somos, mas agir com ética e dignidade. Acolher nossas limitações, olhar para elas com amorosidade. 

Já passamos por tantas coisas! Há tantos resquícios ainda não identificados em nós. Sonhamos com tantas melhorias. Mas há tanto por fazer e viver com nossas parcerias!

Vamos continuar tentando, pois também somos um poço de amor. Saibamos explorá-lo.

Não vamos deixar o orgulho, a vaidade e o egoísmo tomarem conta de nós. É nosso dever reconhecermos nossas qualidades e colocá-las em prática, de acordo com o propósito maior de nossa vida. 

Paciência, perseverança, aceitação, compreensão. E, compaixão - por que não?!

Tenhamos sempre um gesto de carinho com o outro... e para conosco.

Merecemos, podemos.

Vamos!"

Fernando Mansur, A Alma em Fragmentos, Teosofia em Gotas, p. 47.
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quinta-feira, 18 de agosto de 2022

ESTABELECE E MANTÉM PERMANENTE SERENIDADE (PARTE I)

"Um dos traços característicos de Jesus é a sua imperturbável serenidade de espírito. Quando gravemente injuriado, ele não se exalta. Quando atraiçoado por Judas, Jesus lhe diz: 'Amigo, a que vieste?' Quando esbofeteado perante o tribunal, faz a seu ofensor uma pergunta que revela absoluta calma e serenidade de alma.

Entretanto, só uma pessoa que conhece o seu verdadeiro Eu e sabe que nenhum fator externo a pode fazer feliz nem infeliz, é que tem forças suficientes para guardar esse sereno equilíbrio do espírito.

Além dos meios propriamente espirituais, de que tratamos em outra parte, deve o candidato à felicidade habituar-se a certas práticas e técnicas, como sejam, entre outras, as seguintes:

Nunca te recolhas ao descanso noturno com pensamentos ou sentimentos negativos, amargos, reminiscência de ofensas, rancores, ressentimentos, desânimo, porque essa disposição interna atua, durante o sono, através do subconsciente, como elemento deletério, nocivo, envenenando as profundezas do teu ser; os teus últimos pensamentos e sentimentos devem ser invariavelmente luminosos, leves, positivos, bons, benévolos e tranquilos.

A fim de saturar o consciente e subconsciente com fatores positivos, convém que a pessoa, antes de adormecer, repita, lenta e calmamente, muitas vezes, um ou dois dos pensamentos que figuram no fim deste capítulo sob o título 'Sabedoria dos Séculos'.

Se acordares durante a noite, repete em silêncio algum desses pensamentos salutares, porque, sobretudo nesse estado, eles produzem um efeito purificador.

De manhã, ao acordares, quando tua alma está ainda como carta branca e intensamente receptiva, evita pensar em coisas desagradáveis; mas mantém o teu ambiente interno leve, luminoso e puro, mediante pensamentos positivos e benévolos.

Durante o dia, vive na presença de Deus como que na luz solar que te circunda, sem que nela penses explicitamente.

Uma vez que vives num clima de benevolência permanente, procura realizar concretamente essa disposição, pelo menos uma vez por dia, auxiliando alguma pessoa que tenha necessidade de ti.

Nos teus trabalhos diários, habitua-te a não visar, em primeiro lugar, resultados externos e palpáveis, mas sim à perfeição do próprio trabalho realizado com alegria e entusiasmo; porquanto nenhum trabalho vale pelo resultado que produz, mas pela disposição de espontânea alegria e amor com que é feito.

Quando prestares algum serviço a alguém ou deres esmola a um pobre, faze tudo com verdadeira alegria, e não com sacrifício e amargura, porque, como dizem as Escrituras Sagradas: 'Deus ama a quem dá com alegria.'

Quando estiveres triste não fales a todo mundo dos motivos da tua tristeza; mas desabafa-te com alguém que seja senhor da tristeza: porque, do contrário, aumentarás a tua tristeza pela tristeza do outro.

Habitua-te a ler, cada dia, algumas páginas de um livro bom que te fale à alma, sobretudo do livro divino do Evangelho de Jesus Cristo; não analises intelectualmente o texto, mas repete muitas vezes as passagens mais significativas. saboreando-lhes o conteúdo espiritual." ... CONTINUA

(Huberto Rohden - O Caminho da Felicidade - Alvorada Editora e Livraria Ltda., São Paulo, 7ª edição - p. 117/118)
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quinta-feira, 11 de agosto de 2022

DÍVIDAS DE GRATIDÃO

Gratidão deve ser um cálido sentimento de que existe alguém que gosta de nós e foi capaz de nos ajudar.

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"Um dos segredos da felicidade consiste na capacidade de sentir gratidão. Gratidão não deve ser um sentimento pesado, mas uma alegria, algo que nos torna mais leves e melhores. É muito comum ouvir pessoas falando de 'dívidas de gratidão' como se tivessem que sair correndo para retribuir, pagar antes que os juros se acumulem. Nada disso: gratidão deve ser um cálido sentimento de que existe alguém que gostou de nós e foi capaz de nos ajudar. Sentir-se assim não nos endivida, nem nos aprisiona, mas nos torna mais ricos de amores, de sentimentos.

Na relação dos filhos com os pais este tema sempre surge. Os filhos devem aos pais sua própria vida, ou seja: tudo. Esta divida é impagável. Portanto, não pode nem adianta ser considerada. Há filhos que fogem da questão afirmando que não pediram para nascer. Tenho visto muitas pessoas que se impedem de serem felizes por sentirem que sua felicidade estabeleceria uma divida de gratidão para com seus pais.

Quando afirmamos para nós mesmos que somos gratos a nossos pais por nos terem dado a vida (e com ela toda felicidade que formos capaz de conquistar, mesmo que eles não nos tenham dado muito mais além disso), criamos uma forma de retribuir o que deles recebemos: tendo filhos, dando vida a novos seres humanos e cuidando deles. Se possível, melhor do que fomos cuidados. Essa é a mais ampla retribuição para nossos pais: criar os netos deles. É também o que devemos pedir a nossos filhos em troca do cuidado que tivermos com eles: que eles nos deem netos e cuidem bem destas crianças. É assim que a humanidade evolui, assim estamos cumprindo os mandamentos da natureza e assim possivelmente nos sentiremos felizes."

(Luiz Alberto Py - Olhar Acima do Horizonte - Ed. Rocco, Rio de Janeiro, 2002 - p. 81/82)
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quinta-feira, 28 de julho de 2022

O QUE É O EU INFERIOR

"O eu inferior é o centro criador de nossas atitudes e sentimentos negativos, que se voltam contra nós mesmos e contra os outros, e que decorrem de nossa separação egocêntrica em relação à totalidade da vida. É a nossa defesa contra a dor, a nossa insensibilidade ao sentimento, o nosso desligamento de nós e dos outros. E é o negativismo que manifestamos como resultado dessa insensibilidade. 

Nós projetamos nos outros a imagem do 'inimigo', o que nos permite tratá-los tão mal, forçando-os a desempenhar um papel em nossos melodramas ocultos, em vez de respeitar a integridade que Deus lhe concedeu. O eu inferior deriva da falsa crença de que o nosso corpo/mente separado pode viver uma vida à parte do tecido constituído por todos os outros seres vivos, e do qual somos, na verdade, apenas um fio entrelaçado aos demais. A essência do eu inferior é a intenção negativa de ficar ao largo da totalidade da vida, e depois tornar grandiosa essa separação. 

O eu inferior se manifesta em diferentes níveis de consciência. No nível do ego, temos determinadas falhas crônicas de personalidade - por exemplo, competitividade, tendência à maledicência, tendência à crítica. No nível da criança interior, temos falsos conceitos e negatividade defensiva resultante das mágoas da infância. Ao sondar mais fundo, encontramos inclinações negativas da alma - para a vingança, a amargura ou o desespero, por exemplo - que se manifestam por meio de arraigados problemas da vida. Esses são aspectos do eu inferior que trazemos conosco para a encarnação atual, com a finalidade de purificá-los, Mais fundo ainda, o eu inferior se manifesta com o nosso apego coletivo ao controle e à separação. Em úlima análise, o eu inferior é tudo aquilo que em nós impede o fluxo livre e focalizado da energia divina - do amor e da verdade - através do nosso ser. 

Todo ser humano que vive na dualidade do plano terrestre resiste, em alguma medida, à entrega total a Deus. Resistimos à identificação plena com a nossa essência divina, com o fluxo de energia divina que é a nossa verdadeira natureza. A escolha da identificação com a resistência e com o ego separado cria a nossa capacidade para o mal." 

(Susan Thesenga - O Eu Sem Defesas - Ed. Pensamento-Cultrix, São Paulo, 2015 - p. 143)
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terça-feira, 5 de julho de 2022

COMO ENFRENTAR A DOR DOS PADRÕES DESTRUTIVOS - A DOR DAS FALSAS SOLUÇÕES

"Quando a sua solução falsa é uma negação do sentimento, do amor e da vida, ela é uma defesa contra a possibilidade de ser ferido. Somente depois de uma visão considerável de si mesmo é que você se dará conta de quão irreal e limitado é esse 'remédio'. Você vai querer mudar e vai preferir aceitar a dor à alienação de não sentir nada, ou muito pouco. Prosseguindo com o trabalho e atravessando corajosamenteos períodos temporários de desânimo e resistência, você vai chegar ao ponto no qual essa concha endurecida se quebra e você não está mais morto por dentro. 

A primeira reação, porém, não será agradável, nem pode ser. Todas as emoções negativas reprimidas, bem como a dor reprimida, a princípio virão para a consciência e então parecerá que você estava certa ao reprimi-las. Só depois de prosseguir com o trabalho é que você obterá a recompensa, sob a forma de sentimentos bons e construtivos. 

Se a sua solução falsa é a submissão, a fraqueza, o desamparo e a dependência como meios de conseguir os cuidados de alguém - não necessariamente no âmbito material, mas emocionalmente - essa é igualmente uma solução limitada e insatisfatória. A dependência constante de outras pessoas cria medo e desamparo. Ela aumenta ainda mais a sua falta de confiança em si mesmo. Enquanto a solução do retraimento fez de você um morto quanto aos sentimentos, privando-o do significado maior da vida, a solução da submissão rouba de você a independência e a força, e cria não menos isolamento que o retraimento, embora o faça através de um caminho interno diferente. Originalmente, você queria evitar a dor munindo-se de uma pessoa forte para cuidar de você. Na realidade você inflige mais dor sobre si mesmo porque não é possível encontrar essa pessoa. Essa pessoa tem que ser você mesmo. 

Ao fazer-se deliberadamente de fraco, você exerce a mais forte das tiranias sobre os outros. Não existe tirania mais forte que aquela que uma pessoa fraca exerce sobre os mais fortes, ou sobre todo o seu ambiente. É como se essa pessoa estivesse sempre dizendo: 'Sou tão fraca! Você tem de me ajudar. Sou tâo indefesa! Você é responsável por mim. Os erros que eu cometo não contam porque eu não sei fazer de outro modo. Eu não posso evitar. Você deve ser indulgente comigo todo o tempo e permitir que eu escape das consequências. Não se pode esperar que eu assuma total responsabilidade pelas minhas ações ou ausência delas, por meus pensamentos e sentimentos ou pela falta deles. Eu posso falhar porque sou fraco. Você é forte e portanto tem que compreender tudo. Você não pode falhar porque o seu fracasso iria me afetar.' A autoridade preguiçosa e auto-indulgente dos fracos impõe exigências estritas às outras criaturas. Isso se torna evidente se a expectativa não verbalizada e o significado das reações emocionais forem investigadas e então interpretadas sob a forma de pensamentos concisos.

É uma falácia pensar que a pessoa fraca é inofensiva e fere menos as outras pessoas que aquela que é agressiva e dominadora. Todas as falsas soluções trazem dor implícita à personalidade, assim como aos outros. Pelo retraimento, você rejeita os outros e retém o amor que quer dar a eles e que eles, por sua vez, querem receber de você. Pela submissão, você não ama, apenas espera ser amado. Você não vê que os outros também têm as suas vulnerabilidades, suas fraquezas e necessidades. Você rejeita por inteiro essa parte da natureza humana das outras pessoas e, assim, você as fere. Através da solução agressiva, você afasta as pessoas e as machuca abertamente com falsa superioridade. Em todos os casos, você fere os outros e, assim, inflige um ferida ainda maior em si mesmo. E essa ferida não pode deixar de trazer consequências. Portanto, as falsas soluções, destinadas a eliminar a dor original , apenas trazem consigo mais dor.  

Todas as falsas soluções são incorporadas à sua auto-imagem idealizada. Uma vez que a natureza da auto-imagem idealizada é o auto-engrandecimento, ela o separa dos outros. Uma vez que a natureza dela é a separação, ela isola você e o faz solitário, bem como a todos os que se relacionam com você. Visto que a sua natureza é falsidade e fingimento, ela o aliena de si mesmo, da vida e dos outros. Tudo isso deve inevitavelmente cusar-lhe dor, mágoa, frustração, insatisfação. Você escolhe uma saída para a dor e para a frustração, mas esse caminho provou ser não apenas inadequado, mas traz ainda mais daquilo que você queria evitar. Contudo, reconhecer claramente essa fato e juntar os elos dessa cadeia requer o trabalho ativo da pesquisa sincera de si mesmo.

O perfeccionismo que está tão profundamente arraigado em você e na sua auto-imagem idealizada torna impossível aceitar a si mesmo e aos outros, aceitar a vida na sua realidade, e você, portanto, é incapaz de lidar com ela e resolver tanto os seus próprios problemas quanto os problemas da vida. Isso faz com que você se abstenha da experiência de viver no seu verdadeiro sentido. 

Se você se tornou, pelo menos até um certo ponto, consciente de algumas das suas imagens, falsas soluções e da natureza da sua auto-imagem idealizada particular, talvez você tenha a esta altura um vislumbre da maneira pela qual você é alienado  de si mesmo e perfeccionista. Deu-se conta, portanto, da extensão do dano causado a você mesmo e aos outros. Você pode estar próximo do limiar que abre o caminho para uma nova vida interior, uma vida que contém a disposição emocional de abandonar todas as defesas. Caso ainda não tenha chegado até lá, você vai aproximar-se dessa fase muito em breve, desde que continue o seu trabalho com disposição interior.

O mero exercício de observar constantemente as próprias emoções e reações irreais e imaturas enfraquece o seu impacto e inicia um processo de dissolvê-las, por assim dizer, automaticamente. Quando uma certa dissolução tiver acontecido, a psique estará pronta para cruzar o limiar; mas o ato de cruzá-lo é doloroso no início." ... continua.  

(Eva Pierrakos e Donovam Thesenga - Não Temas o Mal - Ed. Cultrix, São Paulo, 1993 - p. 107/109)
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quinta-feira, 2 de junho de 2022

O SENTIMENTO E A EMOÇÃO GERAM CRUELDADE

"É perceptível que nem a emoção nem o sentimento estão relacionados com o amor. A sentimentalidade e a emoção são apenas reações do gostar ou do desgostar. Eu gosto de você e estou terrivelmente empolgado com você; eu gosto deste lugar, ele é adorável e tudo o mais, o que implica que não gosto do outro e assim por diante. Por isso, o sentimento e a emoção geram crueldade. Você já observou isso?

A identificação com um pano - a bandeira de um país - é um fator emocional e sentimental, e em defesa dele há quem deseja matar outra pessoa. É esse o amor por seu país, por seu vizinho? Portanto, onde entram o sentimento e a emoção não existe amor. São eles que geram a crueldade do gostar e do desgostar. 

Além disso, onde há inveja não há amor, é óbvio. Eu tenho inveja de você porque você ocupa uma posição melhor, tem um emprego melhor, uma casa melhor, você parece mais gentil, mais inteligente, mais desperto, por isso eu tenho inveja de você. Na verdade, não dizemos que temos inveja, mas concorremos uns com os outros, o que é uma forma de ciúme, de inveja. Então, a inveja e o ciúme não são amor, e eu me livro deles. Contudo, não posso falar sobre como se livrar deles, mas continuar sendo invejoso. Na verdade, tenho de me livrar deles como a chuva lava a poeira de muitos dias em uma folha. Eu simplesmente os removo."

(Krishnamurti - O Livro da Vida - Ed. Planeta do Brasil, São Paulo, 2016 - p. 150)
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terça-feira, 11 de janeiro de 2022

VIVER COM INSPIRAÇÃO

"Há um aforismo que diz que 'conhecimento é poder'. É uma afirmação que tem um certo apelo, porque parece estar de acordo com nossa experiência diária e com nosso senso comum. Cada vez que aprendemos uma nova habilidade ou aplicamos alguma informação, influenciamos o nosso ambiente para melhor ou pior. Nesse sentido, nosso conhecimento é poder. Mas será que ele vai somente até aí?

Conhecimento é um termo flexível que pode abranger muitas coisas. Na conversação normal, o termo conhecimento pode significar uma variedade de coisas - do endereço do supermercado na vizinhança aos dados de um experimento físico, ou até a descrição do corpo astral. Embora diferente em conteúdo e qualidade, o processo de obter conhecimento é o mesmo. Os órgãos dos sentidos enviam impressões à pessoa. Segundo a ciência contemporânea, o sistema nervoso informa ao cérebro. Na tradição da Sabedoria Perene, que reconhece a primazia da consciência, o processo tem um alcance mais amplo. Em sânscrito, os jnanendriyas (órgãos do conhecimento) transferem nossas percepções para camadas sempre mais profundas de nosso ser. O que começa como uma impressão física torna-se uma sensação, depois um sentimento, e então se combina com o pensamento. A característica distintiva da informação é que, não importa qual seja o assunto, a informação não transforma. Na melhor das hipóteses, é um fenômeno mental. 

Para aqueles que estão continuamente engajados no processo de autotransformação há uma hierarquia de percepção na qual o conhecimento normal é o primeiro passo. O desabrochar da consciência move-se do conhecimento para a compreensão até a sabedoria. O conhecimento é o construtor. Ele fornece estrutura, que é uma função da mente. A compreensão dá significado às estruturas que a mente constrói e é uma função de buddhi (em sânscrito, a intuição espiritual). A sabedoria é como o espaço, que contém todas as coisas, define todas as coisas, mas não pode ser identificado por nenhuma nem por todas elas. É a natureza da realidade. Nas palavras de Krishna, 'tento penetrado este universo com um fragmento de mim mesmo, Eu permaneço'. Nós experienciamos isso como a percepção da realidade; do irreal conduz-me ao real. 

Para a maioria de nós a necessidade é mover-nos para além da tendência da mente de obter informação, para a função mais profunda da mente iluminada pela intuição espiritual. Somente essa mente reflete a amplidão, a criatividade, a compreensão, a liberdade e a compaixão que caracterizam uma vida inspirada. 

De tempos em tempos encontramos o termo 'círculo vicioso', que se refere à tendência para a ação não inteligente produzir reações indesejadas num ciclo fechado. O exemplo mais proeminente desse processo é encontrado no conceito em sânscrito chamado samsara, muitas vezes descrito como a roda de repetitivo nascimento, doença, velhice, morte e renascimento. Em nossa abordagem à compreensão aplica-se o mesmo princípio, exceto que ele poderia ser mais corretamente chamado de 'círculo virtuoso'.

Atos compassivos e amorosos evocam uma resposta da nossa natureza superior, iluminando nossos corações e mentes, que por sua vez permitem-nos agir com percepção e discernimento mais profundos. O processo autoiniciado de continuamente nos colocarmos na presença de pensamentos e emoções coloridos pelo amor é o que podemos chamar de viver inspirado - um processo que necessariamente resulta na elevação da visão sintética, da percepção global, da compreensão oniabarcante e do senso de unidade a que chamamos compreensão."

(Tim Boyd - Viver com inspiração - Revista Sophia, Ano 16, nº 73 - p. 5/6)
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