OBJETIVOS DO BLOGUE

Olá, bem-vindo ao blog "Chaves para a Sabedoria". A página objetiva compartilhar mensagens que venham a auxiliar o ser humano na sua caminhada espiritual. Os escritos contém informações que visam fornecer elementos para expandir o conhecimento individual, mostrando a visão de mestres e sábios, cada um com a sua verdade e experiência. Salientando que a busca pela verdade é feita mediante experiências próprias, servindo as publicações para reflexões e como norte e inspiração na busca da Bem-aventurança. O blog será atualizado com postagens de textos extraídos de obras sobre o tema proposto. Não defendemos nenhuma religião em especial, mas, sim, a religiosidade e a evolução do homem pela espiritualidade. A página é de todos, naveguem a vontade. Paz, luz, amor e sabedoria.

Osmar Lima de Amorim


segunda-feira, 13 de maio de 2013

LAYA YOGA - A SEDE DE VIVER (2ª PARTE)

"Por que e como saímos da gloriosa essência para a dolorosa existência? Que nos prende existindo neste mundo de samsara, padecendo nascimento e mortes? O hinduísmo e o budismo respondem: a causa é trisna. Tanha é outra palavra que o budismo usa. Trishna significa a "sede de viver", o anelo fundamental de continuar existindo, presente não só nos seres humanos, mas em todo vivente. É o que, nos animais, se tem chamado "instinto de conservação". Ora, ninguém "normalmente" anseia por sua própria extinção. Assinalo, no entanto, duas exceções: a desastrosa e impossível fuga por meio do suicídio; e o "instinto de morte", mencionado pelo criador da psicanálise. Mas estes dois casos são indiscutivelmente patológicos. Expressam a morbidez dos desesperados. 

É admissível alguém sadio aspirar pela autoextinção?! Parece que não. No entanto, um inteligente e sadio projeto de autoextinção é possível sim, mas somente em pessoas que já constataram, por experiência, a fugacidade de tudo, principalmente da própria existência; que já se deram conta, por outro lado, da eternidade e infinitude de si mesmas, isto é, da essência; que já sabem inequivocamente que serão despojadas para sempre de tudo que supõem ser e possuir; e principalmente preveem que, por tudo isto, estão condenados a sofrer. Só o sábio, por ter vencido a ilusão, se dispõe a trocar o gozo fugidio do existir (preya) pela bem-aventurança eterna do Ser (shreya). O sábio, no entanto, não aspira exatamente à simples e suicida extinção de sua existência. Aspira sim compreender cada vez mais profundamente "aquilo" que o algema à fugidia e falsa existência. "Aquilo" é a obsedante "sede de existir" (trishna ou tanha). Laya Yoga o ajuda nisto. Laya Yoga pode ser entendido como a extinção da vida mesquinha que sempre termina em morte para dar lugar à vastidão da Vida Una onde não há morrer. Laya Yoga é uma busca da "Água Viva" e do "Pão da Vida", mencionados por Jesus. 

O corpo é um condenado à morte - todos sabem. Mas a tradicional "sede de viver" tenta inutilmente opor-se a isto. Resultado: sofre por não poder evitar o fim. O corpo morre, mas a "sede" de voltar a viver persiste firme e forte, e é por isto que um novo corpo é engendrado e nasce, prolongando o exílio, o cativeiro em samsara. Trishna é a energia que, segundo Buddha, mantém girando a roda dos nascimentos e mortes. Eis por que estamos programados para renascer e, consequentemente, condenados a remorrer. Tal é a razão de nosso desterro no "reino da morte". É somente quando, graças a uma profunda evolução espiritual, conseguimos minimizar o ego (ahamkara), aquele que quer sempre gozar e nunca sofrer, conseguiremos também saciar o tipo de "sede" que obrigava a samaritana a sempre retornar ao "poço de Jacob" para dessedentar-se. É extinguindo trishna (a "sede"), que o ser humano alcança o ansiado acesso à Vida-sem-morte, à verdadeira Vida, à da Essência. O Cristo confirmou isto:
Quem ama sua vida [trishna] perdê-lo-á; mas quem aborrece a sua vida neste mundo, conservá-la-á para a vida eterna. (Jo 12:25) 
Falando à mulher samaritana, à borda do "poço de Jacob", o Cristo prometeu-lhe a verdadeira Vida, oferecendo-se como a "Água Viva", isto é, aquele que dessedenta para sempre:
Quem beber da água que eu lhe der, não terá mais sede no futuro; mas a água que eu lhe der se tornará nele uma fonte de água que mana para a vida imanente. (Jo 4:14). (...)"

(José Hermógenes - Iniciação ao Yoga - Ed. Nova Era, Rio de Janeiro - p. 115/116)


DOMINE AS "SERPENTES" QUE SE ABRIGAM EM SUA MENTE

"Anote todas as coisas pelas quais você tem, por tanto tempo, clamado. Descobrirá que tem ansiado por insignificâncias, por distinções efêmeras e fugidia fama. Você deve clamar somente por Deus, e por sua própria purificação e realização. Deve mesmo chorar e lamentar pelas seis serpentes que se abrigam em sua mente, intoxicando-a com veneno: luxúria; cólera; ambição; apego; orgulho e ciúme. Aquiete-as como faz o encantador de serpentes, com sua flauta de som ondulante. A música que as pode domar é o cântico (em voz audível) do nome de Deus. E quando estiverem elas muito tomadas por tal música, sem você se mover e as ameaçar, pegue-as pelo pescoço e extraia suas presas tal como faz o encantador. Daí por diante, você pode brincar com elas; pode manejá-las como quiser."

(Sathya Sai Baba - Sadhana O Caminho Interior - Ed. Nova Era, Rio de Janeiro - p. 148/149)


domingo, 12 de maio de 2013

LAYA YOGA - A REDENTORA AUTOEXTINÇÃO (1ª PARTE)

"Que vem a ser Laya? Pelo que tenho aprendido de vários textos autorizados, entendo ser um mergulho de algo existente em sua causa primeira, nela se fundindo. É o caso de uma onda sumindo no mar. É um regresso à origem. Um pleno deixar de existir para retornar gloriosamente a Ser. O que antes era limitado como existência ganha a infinitude da essência quando nEla se dissolve. O que, como simples existência, era efêmero, ao extinguir-se na essência alcança perenidade; o que era apenas aparência recobra realidade; o que era cambiável torna-se imutável; o que era limitado se infinitiza... Ramakrishna lembra uma boneca feita de sal que é atirada ao mar. Some. Oceanifica-se. O método que se propõe a efetivar esta fusão redentora chama-se Laya Yoga. Laya significa extinção, fusão. 

O clássico Yoga Taravali diz que:  Shiva, o Eterno (Sada Shiva) mencionou cento e cinquenta mil formas de Laya Yoga existentes no mundo.

Conforme Shiva declarou, são incontáveis as forma de atingir laya, a dissolução do individual no oceano do Universal, da alma em Deus, do relativo no Absoluto, do existir no Ser. Pelo visto, todos os processos ou métodos de ascese ensinados nas diferentes religiões que visam à união mística são formas de Laya Yoga. A meta suprema de todas as formas de Yoga (Karma, Jnana, Kriya, Hatha...) é a fusão em Deus. A única exceção é a Bhakti Yoga, que acha tão divinamente jubiloso e feliz amar Deus, que renuncia à possibilidade de fundir-se nEle. O bhakta acha Deus tão doce, que se contenta em apenas O saborear, por isto renuncia à possibilidade de vir a transformar-se no próprio açúcar  Mas, fora a Bhakti, conforme estamos sabendo, Yoga é união da qual resulta a extinção do jiva no seio de Paramatman.

É fácil concluir que Laya Yoga, ou a autoextinção individual libertadora, só pode ocorrer quando o ser humano, ao longo de um árduo e prolongado esforço através de muitas existências, conquistou excepcionais condições de santidade e sanidade, condições estas que os diversos caminhos (margas) ou as diversas disciplinas (sadhanas) ajudam a construir.

Um bhogi é um indivíduo que nada, pouco ou equivocadamente conhecendo das leis e verdades espirituais, ainda egocêntrico, vulnerável às seduções mundanas, dominado por apegos, ódios e fobias, agarra-se à vida com ostra ao casco do navio. Naturalmente um bhogi repele qualquer ideia de renúncia, humildação e muito mais de autoextinção. Luta, ao contrário, pela autoafirmação, aquela que terapeutas e pedagogos contemporâneos tanto valorizam. Tomando em conta que a grande maioria dos seres humanos é formada de bhogis, não se pode esperar muitas adesões à tão estranha proposta filosófica de laya. No entanto, suponho que possa ser feito um convite a uma análise sobre o porquê e como nos autoalienamos da Suprema Bem-Aventurança que é nosso verdadeiro Ser, autocondenando-nos assim a múltiplas limitações e misérias existenciais. Esta inteligente pesquisa é o alvorecer de uma abençoada libertação que todos, conscientemente ou não, desejamos. (...)" 

(José Hermógenes - Iniciação ao Yoga - Ed. Nova Era, Rio de Janeiro - p. 113/115)


A MÃE

"Enviemos, hoje, um pensamento de gratidão a todas as boas mães que criaram seus filhos com afeição. Se os filhos refletissem sobre o amor que lhes foi dedicado pelas mães, sentiriam o desejo de dar afeição idêntica a todas as crianças do mundo. Que todos os filhos e filhas, que foram nutridos pelo amor da mãe, sintam-se repletos de afeição maternal - que é amor incondicional - e expressem essa afeição aos demais. 

O amor materno não nos é dado para nos estragar pela excessiva indulgência, mas para enternecer nossos corações, a fim de que, por nossa vez, possamos suavizar outros com benevolência e libertar, dos apertados laços da escravidão ao mundo, as almas que se debatem. (...) Minha devoção sincera e absoluta à minha mãe terrena foi a primeira causa do meu amor pela Mãe Divina. Portanto, foi o grande amor por minha mãe que me levou à iluminação.

Na Índia, gostamos de nos referir a Deus como Mãe Divina, porque uma verdadeira mãe é mais terna e misericordiosa que um pai. A mãe é uma expressão do amor incondicional de Deus. As mães foram criadas por Deus para mostrar-nos que Ele nos ama com ou sem motivo. Toda mulher é, para mim, uma representante da Mãe. Vejo a Mãe Cósmica em todas. O que mais admiro em uma mulher é seu amor maternal. (...) 

Um marido deveria ver em sua esposa a pura beleza da Mãe Divina. Encarando a esposa como a Mãe, encontrará nela uma essência sagrada, não percebida antes. As mães não poderiam amar seus filhos se, nelas, Deus não tivesse implantado esse amor. Contudo, o crédito pertence também ao instrumento, porque o fluxo de amor divino passa através da mãe humana. Todos os grandes mestres honraram suas mães. (...)

Um lar adquire graça pela presença da Mãe Divina sob a forma de mãe humana. Não é esse um pensamento para ser lembrado sempre? Não o esqueça. (...) Por que se deu à mãe esse amor? Para que pudesse amar seus filhos de modo incondicional. Amar o próprio filho é apenas um exercício do amor divino. A mãe pensa que o filho é seu, mas ele é filho de Deus. O filho lhe será tirado, assim que o Espírito Divino o chamar. Assim, toda mãe deve estender o amor que sente por seu filho a todos os filhos da terra. 

Espera-se que a mãe cuide de seu filho, e ao filho se diz que honre sua mãe; mas eu digo que um filho deve não só amar a mãe, como também ver todas as mulheres como expressões da Mãe Divina. Cada mãe deve lembrar que o amor divino incondicional está passando através de si, e que é abençoada. Deve compreender que não é o próprio amor que dá e, sim, o amor da Mãe Divina que nela está. Deve ter orgulho de seus filhos, mas não limitar-se a dar amor apenas a eles. A mãe deve oferecer amor divino incondicional a todos. (...)

Mães, sintam-se orgulhosas porque a Mãe Divina assumiu a forma de vocês para dar amor tangível ao mundo, não apenas a seus filhos, mas a todos os filhos da terra. Então, serão realmente abençoadas e, em vez de pensarem que têm um ou cinco filhos, perceberão: "Tenho muitos filhos em toda a terra." Nessa consciência, vocês se unificam com a Mãe Divina. (...)"

(Paramahansa Yogananda - A Eterna Busca do Homem - Self-Realization Fellowship - p. 243/245)


sábado, 11 de maio de 2013

DESEJO, SOFRIMENTO E SABEDORIA (PARTE FINAL)

" (...) A maioria das ilusões não sobrevive a uma bateria de perguntas e respostas sinceras. Outras podem acabar revelando necessidades não preenchidas. Ilusão não enche barriga e se não preenchemos nossas necessidades de modo verdadeiro, o mecanismo de desejo e frustração só aumenta. Precisamos ter vida real, trabalhar, nos relacionar com os outros, comer, vestir, dormir, de forma equilibrada e harmônica. Precisamos conhecer a vida e nos tornar gente. Esse é o pasto verdejante disponível para alimentar o cavalo, mas ele não vê, pois está iludido com o desejo. Assim fica mais claro entender por que Krishnamurti disse que o desejo é a raiz da ignorância. Quem fica entretido com desejos perde a riqueza da vida que acontece e ensina a cada dia.

A frustração é uma grande professora, que nos ensina a despertar. Hoje, com 40 anos, sinto sincera gratidão pelos pseudoinsucessos da minha vida. Felizmente os romances da minha adolescência fracassaram - teriam sido casamento catastróficos. Sou muito grata pelos empregos que não consegui, viagens que não fiz, dinheiro que não ganhei, coisas que não comprei, prêmios que não recebi e mais uma infinidade de quinquilharias inúteis que desejei e hoje nem mesmo lembro, tamanha a sua insignificância. 

Não deixei de ter projetos e muito menos de me esforçar para executá-los, mas não vivo em função de expectativas. Hoje prefiro as coisas simples, as amizades poucas e sinceras, as pequenas obras, os amores possíveis, o anonimato, a vida modesta, o dia atual, o inusitado, e toda a riqueza que posso ver com a diminuição dos desejos na vida cotidiana, na família, nos amigos, nas pessoas conhecidas e desconhecidas, na natureza, no cosmo, nas artes, na filosofia, na ciência, nesse vasto mundo de causas e efeitos, cheio de mistérios, sobre o qual eu tenho tudo a aprender.

Dizem que a vida começa aos 40. Acho que o número é o de menos, mas tenho certeza de que a vida começa com um pouquinho de sabedoria, que se planta com a boa vontade de querer distinguir o que é falso do que é ilusório. Penso que a melhor idade é aquela em que descobrimos que conhecer a realidade é bem melhor que alimentar fantasias. Deve ser verdade, pois Hugo de São Vitor já escreveu sobre isso no século XII: "A velhice daqueles que construíram a sua adolescência em atos honestos com a idade se torna mais douta, com a prática mais calejada, com o andar do tempo mais sábia, e recolhe os frutos dulcíssimos dos estudos anteriores. Por isso, conta-se que aquele homem sábio da Grécia, Temístocles, percebendo que estava morrendo após ter completado 107 anos, ficou triste em ter que sair da vida quando começava a conhecer as coisas."

(Cristiane Szynwelski - Revista Sophia nº 40 - Ed. Teosófica, Brasília - p. 14/15)