OBJETIVOS DO BLOGUE

Olá, bem-vindo ao blog "Chaves para a Sabedoria". A página objetiva compartilhar mensagens que venham a auxiliar o ser humano na sua caminhada espiritual. Os escritos contém informações que visam fornecer elementos para expandir o conhecimento individual, mostrando a visão de mestres e sábios, cada um com a sua verdade e experiência. Salientando que a busca pela verdade é feita mediante experiências próprias, servindo as publicações para reflexões e como norte e inspiração na busca da Bem-aventurança. O blog será atualizado com postagens de textos extraídos de obras sobre o tema proposto. Não defendemos nenhuma religião em especial, mas, sim, a religiosidade e a evolução do homem pela espiritualidade. A página é de todos, naveguem a vontade. Paz, luz, amor e sabedoria.

Osmar Lima de Amorim


domingo, 8 de dezembro de 2013

O MEDO (2ª PARTE)

"Uma das causas principais do medo é que não desejamos encarar-nos tais como somos. Assim, temos de examinar tanto os nossos temores como essa rede de vias da fuga que criamos para nos libertarmos deles. Se a mente, que inclui o cérebro, procura dominar o medo, se procura reprimi-lo, discipliná-lo, controlá-lo, traduzi-lo em coisa diferente, daí resulta atrito e conflito, e esse conflito é um desperdício de energia.

A primeira coisa, portanto, que devemos perguntar a nós mesmos é: ‘Que é o medo, e como nasce?’ Que entendemos pela palavra medo, em si? Estou perguntando a mim mesmo o que é o medo e não de que é que tenho medo.

Vivo de uma certa maneira; penso conforme um determinado padrão; tenho algumas crenças e dogmas, e não quero que esses padrões de existência sejam perturbados, porque neles tenho as minhas raízes. Não quero que sejam perturbados porque a perturbação produz um estado de desconhecimento de que não gosto. Se sou separado violentamente das coisas que conheço e em que creio, quero estar razoavelmente seguro do estado das coisas que irei encontrar. As células nervosas criaram, pois, um padrão, e essas mesmas células nervosas recusam-se a criar outro padrão, que pode ser incerto. O movimento do certo para o incerto é o que chamo medo."

(J. Krishnamurti - Liberte-se do Passado - Ed. Cultrix, São Paulo - p. 22)

sábado, 7 de dezembro de 2013

A NATUREZA UNIVERSAL DO AMOR

"No sentido universal, o amor é o poder divino de atração, que harmoniza, une e vincula. Seu oposto é a força de repulsão, a energia cósmica que materializa a criação a partir da consciência cósmica de Deus. A repulsão mantém todas as formas em estado manifesto através de maya, o poder da ilusão, que divide, diferencia e desarmoniza. A força de atração do amor contrapõe-se à repulsão cósmica para harmonizar toda a criação e, finalmente, levá-la de volta a Deus. Quem vive em sintonia com a primeira, alcança a harmonia com a natureza e com seus semelhantes, sendo atraído para a reunião beatífica com Deus.

Neste mundo, amor pressupõe dualidade; nasce de uma troca ou sugestão de sentimentos entre duas ou mais formas. Até os animais expressam certo tipo de amor um pelo outro e pelos filhotes. Em muitas espécies, quando um companheiro morre, em geral o outro também logo sucumbe. Mas é um amor instintivo; os animais não são responsáveis por ele. Os seres humanos, entretanto, possuem considerável autodeterminação consciente da reciprocidade do amor. 

No ser humano, o amor se expressa de várias formas. Encontramos amor entre marido e mulher, pais e filhos, entre irmãos, entre amigos, patrão e empregado, guru e discípulo - como Jesus e seus discípulos ou os grandes mestres da Índia e seus chelas - e entre o devoto e Deus, a alma e o Espírito.

O amor é uma emoção universal, que se expressa de acordo com a natureza do pensamento em que se move. Por isso, quando o amor passa pelo coração do pai, a consciência paternal o traduz em amor paterno; quando passa pelo coração da mãe, é traduzido em amor materno; e a consciência do amante empresta ao amor universal ainda outra qualidade. Não é o instrumento físico, e sim a consciência em que o amor se move que determina a qualidade do amor expressado. Assim, um pai pode expressar amor materno, uma mãe pode expressar amor amistoso, e um amante, amor divino.

Todo reflexo do amor vem do Amor Cósmico único; mas, ao expressar-se como amor humano em variadas formas, ele possui sempre alguma imperfeição. A mãe sabe por que ama o filho; este não sabe por que ama sua mãe. Nenhum dos dois sabe de onde vem o que sentem. É o amor de Deus que se manifesta neles; e quando puro e altruísta, reflete esse amor. Assim, ao investigar o amor humano, podemos aprender alguma coisa sobre o amor divino, pois no primeiro vislumbramos o segundo."

(Paramahansa Yogananda - O Romance com Deus - Self-Realization Fellowship - p. 05/06)


O MEDO (1ª PARTE)

"O medo é um dos mais formidáveis problemas da vida. A mente que está nas garras do medo vive na confusão, no conflito, e, portanto, tem de ser violenta, tortuosa e agressiva. Não ousa afastar-se de seus próprios padrões de pensamento, e isso gera a hipocrisia.   Enquanto não nos livrarmos do medo, ainda que galguemos o mais alto cume, ainda que inventemos toda espécie de deuses, ficaremos sempre na escuridão.

Vivendo numa sociedade tão corrupta e estúpida, em que a educação nos ensina a competir — o que gera medo — vemo-nos oprimidos por temores de toda espécie; e o medo é uma coisa terrível, que torce e deforma, que ensombra os nossos dias.

Existe o medo físico, mas esse é uma reação herdada do animal. É o medo psicológico que nos interessa aqui, porque, compreendendo os temores psicológicos em nós profundamente enraizados, estaremos aptos a enfrentar o medo animal, ao passo que, se primeiramente nos interessamos no medo animal, jamais compreenderemos os temores psicológicos.

Todos nós temos medo de alguma coisa; não existe o medo como abstração, porém o medo só existe em relação com alguma coisa. Sabeis quais são os vossos temores — o medo de perder vosso emprego, de não ter comida ou dinheiro suficiente; medo do que pensam de vós os vizinhos ou o público, de não serdes um "sucesso", de perderdes vossa posição na sociedade, de serdes desprezado ou ridicularizado; medo da dor e da doença, de serdes dominado por outrem, de não chegardes a conhecer o amor, ou de não serdes amado, de perderdes vossa esposa ou vossos filhos; medo da morte ou de viver num mundo que é igual à morte, um mundo de tédio infinito; medo de vossa vida não corresponder à imagem que os outros fazem de vós; medo de perderdes a vossa fé — esses e muitos outros e incontáveis temores; conheceis vossos temores pessoais? E que costumais fazer em relação a eles? Não é verdade que fugis dele ou que inventais ideias e imagens para encobri-los? Mas, fugir do medo é torná-lo maior."

(J. Krishnamurti - Liberte-se do Passado - Ed. Cultrix, São Paulo - p. 21)


sexta-feira, 6 de dezembro de 2013

A NATUREZA ESSENCIAL DO HOMEM

“As seguintes palavras de Goethe descrevem lindamente o início de um dos caminhos pelo qual a natureza essencial do homem pode ser conhecida: ‘Assim que a pessoa se torna consciente dos objetos ao seu redor, ele considera-os em relação a si mesmo, e com razão, porque todo o seu destino depende de se agradar ou desagradar-lhe, atrair ou repelir, ajudar ou prejudicá-lo. Esta forma bastante natural de olhar ou julgar as coisas parece ser tão fácil e necessária. Uma pessoa é, no entanto, exposta através dela a mil erros que muitas vezes fazem-na envergonhada e amarguram sua vida.’

 ‘Uma tarefa muito mais difícil é realizada por aqueles cujo desejo de conhecimento profundo exorta-os a se esforçar para observar os seres da natureza, em si, e na sua relação com o outro. Estes indivíduos logo sentem a falta da norma que os ajudou quando eles, como homens, consideravam os objetos em referência a si mesmos. Eles não têm a norma do prazer e desprazer, atração e repulsão, utilidade e nocividade. Esta norma deve ser renunciada inteiramente. Eles devem, como seres divinos procurar analisar o que é, e não o que gratifica. Assim, o verdadeiro botânico não deve ser movido tanto pela beleza ou pela utilidade das plantas. Ele deve estudar a sua formação e sua relação com o resto do reino vegetal. Elas são todas atraídas e iluminadas pelo sol, sem distinção, e por isso ele deve, uniformemente e em silêncio, olhar e analisar todas elas e obter a norma para este conhecimento, os dados de suas deduções, não por si mesmo, mas a partir do âmbito das coisas que ele observa.’

Esse pensamento expressado por Goethe dirige a atenção do homem para três coisas. Em primeiro lugar, os objetos sobre os quais a informação flui continuamente para as portas de seus sentidos - os objetos que ele toca, cheira, saboreia, ouve e vê. Em segundo lugar, as impressões que estes fazem sobre ele, caracterizando-se pelo fato de que ele encontra um simpático, o outro abominável, aquele útil, outro prejudicial. Em terceiro lugar, o conhecimento que ele, como um ‘ser divino’ adquire sobre os objetos, isto é, os segredos de suas atividades e existência que lhes são revelados.

Essas três divisões são nitidamente separados na vida humana, e, assim, o homem torna-se consciente de que ele está interligado com o mundo de uma forma tripla. A primeira divisão é aquela que ele encontra presente, que ele aceita como um fato dado. Através do segundo, ele faz o mundo em seu próprio caso, em algo que tem um significado para ele. O terceiro que ele considera como uma meta para a qual ele deve aspirar incessantemente. (...)

Através de seu corpo, o homem é capaz de colocar-se momentaneamente em conexão com as coisas, através de sua alma ele retém em si mesmo as impressões que elas produzem nele, através de seu espírito se revela as coisas que ele retém para si. Só quando observamos homem nestes três aspectos podemos esperar lançar uma luz sobre todo o seu ser, porque eles mostram sua relação de maneira tríplice com o resto do mundo. (...)

Desta forma, o homem é um cidadão de três mundos. Através de seu corpo ele pertence ao mundo que percebe através de seu corpo, através de sua alma ele constrói para si mesmo seu próprio mundo, através de seu espírito um mundo se lhe revela que é exaltado acima de ambos os outros.

Parece evidente que, por causa da diferença essencial destes três mundos, uma compreensão clara deles e da participação do homem em si só pode ser obtida por meio de três modos diferentes de observação.”

(Rudolf Steiner - Teosofia - Biblioteca Virtual da Antroposofia - p. 04/05)


O QUE É A FELICIDADE?

"Todo ser humano tem, em seu âmago, uma ânsia pela felicidade. Mas a vida humana, em geral, é de ansiedade, busca de prazer, desconfortos e sofrimento. A sede da felicidade, na maioria das vezes, é direcionada ao atingimento de objetivos externos. Isso move as pessoas, mas não resulta em felicidade. Inconscientemente, o indivíduo projeta a felicidade para quando passar no vestibular, para quando conquistar aquela garota, quando comprar uma casa, etc. Cada vez que um objetivo é atingido, há um  sentido de satisfação, uma alegria efêmera, e a pessoa passa, então, a correr atrás de outro objetivo. A felicidade está sempre lá, adiante. A condição presente acaba sendo a de uma pessoa incompleta, em busca da satisfação.

O que é a felicidade? Onde ela pode estar? Em uma visão superficial, poder-se-ia dizer que ela estaria no atingimento dos objetivos da pessoa, que variam de uma para outra. Muitas vezes o indivíduo luta muito por algum objetivo e, quando o atinge, vê que não era o que queria. Outras vezes, não o atingindo, descobre que foi muito melhor não tê-lo atingido, e acaba vendo que a vida é muito mais sábia do que ele mesmo.

A vida é um movimento infinito. Os átomos, as células, a natureza, os planetas, o universo todo pulsa dentro e fora de nós. Esse movimento é inteligente, por mais que não o percebamos. Então, para sermos felizes, precisamos harmonizar-nos com o movimento da vida, fluir com ela, ver o que ela quer, o que é sempre muito mais amplo e verdadeiro do que o meu pequeno querer, restrito e limitado.

Quando o tema relaciona-se com o autoconhecimento, como é o caso da busca da felicidade, palavras como consciência, percepção, compreensão, verdade e ilusão precisam sempre estar na pauta de nossas reflexões."

(Marcos Luis Borges de Resende - Sem Medo de Ser Feliz - Revista Sophia, Ano 8, nº 29 - Ed. Teosófica, Brasília - p. 34)