OBJETIVOS DO BLOGUE

Olá, bem-vindo ao blog "Chaves para a Sabedoria". A página objetiva compartilhar mensagens que venham a auxiliar o ser humano na sua caminhada espiritual. Os escritos contém informações que visam fornecer elementos para expandir o conhecimento individual, mostrando a visão de mestres e sábios, cada um com a sua verdade e experiência. Salientando que a busca pela verdade é feita mediante experiências próprias, servindo as publicações para reflexões e como norte e inspiração na busca da Bem-aventurança. O blog será atualizado com postagens de textos extraídos de obras sobre o tema proposto. Não defendemos nenhuma religião em especial, mas, sim, a religiosidade e a evolução do homem pela espiritualidade. A página é de todos, naveguem a vontade. Paz, luz, amor e sabedoria.

Osmar Lima de Amorim


quinta-feira, 16 de março de 2017

AS MODIFICAÇÕES DA DOUTRINA DO KARMA E ALGUMAS CRENÇAS LIGADAS A ELAS (1ª PARTE)

"A Regra é colher o que semeamos. A modificação evidente da Regra está no fato de colhermos, às vezes, o que não semeamos, e semearmos o que não colhemos (deste lado do Nirvana, pelo menos). Vista de baixo, essa é uma modificação; vista de cima, é um campo mais am­plo da atividade Kármica. Todas as chamadas modifica­ções se inserem, praticamente, no Karma Coletivo. Algu­mas Escrituras indicam o que é, aparentemente, a colhei­ta de uma safra maior do que foi a semeadura. Por exem­plo: 'Aquele que agora dá em amor irá, seguramente, colher onde deu, porque quem quer que tenha conce­dido um pouco de água, receberá, em retorno, a quanti­dade de um grande oceano.' (Ta-Chwang-Yan-King-Lun, 20.) Se lanças uma semente no solo, não voltas para colher a semente, que se torna uma planta, formando mais sementes. O mesmo se dá com os bons pensamen­tos e ações. Eles são semeados no Coração da Vida Di­vina e, regados pelo Amor, crescem e abençoam o reci­piente e o doador. O Senhor Supremo retribui centupli­cada qualquer boa ação realizada para a Sua glória. A Misericórdia, como disse Shakespeare, 'é duas vezes abençoada, torna feliz o que dá e o que recebe.'

Não podemos ver todo o Bem que resulta de uma boa ação, mas ele trabalha e cresce. As más ações tam­bém têm um amplo âmbito de ação.

No que se refere a crenças curiosas em relação à mutabilidade do Karma, elas foram descritas quando fa­lamos do 'sutee' (no 13º Capítulo), e também quando falamos do Karma da Família, nas crenças referentes aos sepultados de modo impróprio, e na distribuição do Kar­ma Pessoal entre os parentes, quando a pessoa entra no Devachan.

A última modificação evidente iremos considerar agora sob o chamado Pattidâna, ou 'a transferência vo­luntária para outros'. Isso é, praticamente, o mesmo que 'fazer parivarta' ou 'transferir' os méritos pessoais para auxílio da Humanidade. Lendo as Escrituras sagradas, ve­mos que algumas passagens parecem condenar essa e outras crenças que a sustentam. Nas Jatakas (nº 494) isso é re­pudiado, e também no Mahâbhârata, numa passagem que diz: 'Homem algum herda os atos bons ou maus de outra pessoa.' Ainda assim, todas as Escrituras e todos os Escritores Místicos declaram que podemos afetar, e afetamos, os outros, conforme foi mostrado antes. Há verdade em ambas as declarações, desde que distingamos o que podemos transferir e o que não podemos. O Marajá de Bobhili interpreta a passagem do Mahâbhârata como significando que ninguém herda o Bem ou o Mal que uma pessoa fez em sua existência anterior, e não nesta vida, de forma que o poder de ajudar outros está apenas em nosso Karma Ativo, e, mesmo assim, se nada o obstrui. Sua Alteza segue dizendo que podemos ajudar os enfer­mos, e que, ao distribuir esmolas, ajudamos a aliviar não só quem recebe como o doador. Uma ação caridosa aju­da somente se o 'aparachetana' (ou o 'pensamento que está atrás da ação', isto é, o motivo) for puro e livre de qualquer desejo de colher, por esse gesto, uma recom­pensa. Se não houver um puro aparachetana, não haverá benefício a recolher. (...)"

(Irmão Atisha - A Doutrina do Karma - Ed. Pensamento, São Paulo - p. 36/37)


quarta-feira, 15 de março de 2017

AMOR ABNEGADO

"Quando somos uno com o Infinito, não temos consciência de nós mesmos como egos; sabemos apenas que a onda da vida não pode interromper e dançar sem o oceano por trás dela. Se você se apegar demais às coisas do mundo, esquecerá Deus. É por isso que Ele nos faz perdê-las - não para nos punir, mas para averiguar se amamos mais a insignificância que o Ilimitado.

A fim de evoluir espiritualmente, você precisa primeiro acompanhar o espírito do Cristo universal. Não significa que tenha de ser crucificado para se tornar outro Cristo! Mas deve, em certo sentido, crucificar todos os desejos vãos. Algumas pessoas buscam os dons de Deus, mas os sábios buscam apenas Deus, o Propiciador de todos os dons. Você pode tentar agradar às pessoas - que, no entanto, logo o esquecerão. Talves erijam uma estátua em sua homenagem, mas poucas olharão para ela e se lembrarão de suas boas ações.

A sociabilidade deve ser aprimorada, o que não quer dizer que você precise conhecer a todos pessoalmente. Convide o mundo inteiro para o seu coração. A consciência de Cristo a tudo abrange com seu amor. Essa consciência nasceu no corpo de Jesus e no de outros grandes mestres. Até que você a alcance, não julgue ninguém. Graças a ela, seu julgamento deverá ser sempre delicado, não passando na verdade de uma avaliação."

(Paramhansa Yogananda - A Sabedoria de Yogananda,  A Espiritualidade nos Relacionamentos - Ed. Pensamento, São Paulo, 2011 - p. 42/43)


terça-feira, 14 de março de 2017

A REENCARNAÇÃO E SUA NECESSIDADE (PARTE FINAL)

"(...) A glória da humanidade, do ponto de vista científico, parece estar fora da lei da causação. A ciência não nos diz como construir mentes robustas e corações puros para o futuro. Ela não nos ameaça com uma vontade arbitrária, mas deixa-nos sem explicação sobre as desigualdades humanas. Dizem que os ébrios legam a seus filhos corpos propensos à doença, mas não explicam por que algumas infelizes crianças são os recipientes de herança tão hedionda.

A Reencarnação devolve a justiça a Deus e poder ao homem. Todo espírito humano entra na vida humana como um gérmen, sem conhecimento, sem consciência, sem discernimento. Pela experiência, agradável ou dolorosa, o homem reúne material, como foi explicado antes, e o erige em faculdades mentais e morais. Assim, o caráter com que nasceu foi feito por ele, e marca o estágio que ele alcançou em sua longa evolução. A boa disposição, as excelentes possibilidades, a natureza nobre são o espólio de muitos e duros campos de batalha, são o salário de pesados e duros labores. O reverso indica um estágio mais recente de crescimento, o pequeno desenvolvimento do gérmen espiritual.

Todos caminham por uma estrada igual, todos estão destinados a alcançar a máxima perfeição humana. A dor é consequência dos erros e é sempre reparadora. A força se desenvolve na luta; colhemos, após cada semeadura, o resultado inevitável – a felicidade, que vem do que é correto, e o sofrimento, que vem do que é errado. Um bebê que morre logo depois de nascido paga com a morte um débito, uma dívida do passado, e retorna rapidamente à Terra, retido por breve espaço de tempo, livrando-se da sua dívida, para reunir a experiência necessária ao seu crescimento. As virtudes sociais, embora colocando o homem em desvantagem na luta pela existência, levando mesmo, talvez, ao sacrifício da sua vida física, constroem um nobre caráter para as suas vidas futuras, modelando-o para se tornar um servidor da nação.

O gênio chega a ser inerente ao indivíduo como resultado de muitas vidas de esforço, e a esterilidade do corpo que ele usa não roubará ao futuro os seus serviços, porque ele retorna maior a cada novo nascimento. O corpo envenenado pelo alcoolismo de um pai é usado por um espírito que aprende, com a lição do sofrimento, a guiar sua vida terrena sobre linhas melhores do que as que seguiu no passado.

Assim, em cada caso, o passado individual explica o presente de cada um, e quando as leis do desenvolvimento forem conhecidas e obedecidas, um homem poderá construir com mãos seguras seu destino futuro, modelando seu desenvolvimento em linhas de beleza sempre crescente, até que atinja a estatura do Homem Perfeito."

(Annie Besant - O Enigma da Vida - Ed. Pensamento)
fonte: http://universalismoesoterico.blogspot.com.br/


segunda-feira, 13 de março de 2017

A REENCARNAÇÃO E SUA NECESSIDADE (1ª PARTE)

"Há apenas três explicações para as desigualdades humanas, sejam de capacidade, de oportunidade ou de circunstância, 1: Criação especial por Deus, implicando que o homem é indefeso, seu destino sendo controlado por uma vontade arbitrária e incalculável. 2: Hereditariedade, conforme sugere a ciência, implicando igual impotência por parte do homem, sendo ele o resultado de um passado sobre o qual não teve controle. 3: Reencarnação, implicando que o homem pode tornar-se senhor do seu destino, o resultado do seu próprio passado individual, sendo, assim, o que fez de si mesmo. A criação especial é rejeitada por todos os que raciocinam, como explicação para as condições que nos rodeiam, a não ser na mais importante de todas elas, o caráter com o qual e o ambiente ao qual nasce uma criança. A evolução é tida como certa em tudo, menos na vida da inteligência espiritual chamada homem. Ele não tem passado individual, embora tenha um futuro individual infinito. O caráter que traz com ele – e do qual, mais do que qualquer outra coisa, depende o seu destino na Terra – é, segundo essa hipótese, especialmente criado para ele por Deus, e é imposto a ele sem qualquer escolha de sua parte, destino saído da sacola da sorte da criação, da qual ele pode retirar um prêmio ou um bilhete em branco, sendo este último a condenação ao infortúnio. Do jeito que for, ele deve aceitá-lo.

Se da sacola ele retirar uma boa disposição, ótima capacidade, uma natureza nobre, tanto melhor: ele nada fez para merecê-lo. Se tirar uma criminalidade congênita, uma idiotia congênita, uma moléstia congênita ou um alcoolismo congênito, tanto pior para ele: ele nada fez para merecê-lo. Se a eterna bem-aventurança está anexada a um e o tormento eterno a outro, o desafortunado deve aceitar sua má sorte como puder. O poder do oleiro não é maior do que o da argila? Isso pareceria triste, se a argila pudesse sentir.

Sob outro aspecto, a criação especial é grotesca. Um espírito é criado especialmente para um pequeno corpo que morre poucas horas depois de ter nascido. Se a vida na Terra tem algum valor educativo ou experimental, esse espírito será, para sempre, o mais pobre, ao perder a vida, e a oportunidade perdida jamais poderá ser recuperada. Se, por outro lado, a vida humana na Terra não é essencialmente importante e leva com ela a certeza de muitas ações más e de sofrimento, e a possibilidade de sofrimento eterno ao seu final, o espírito que vem para um corpo que dura até a velhice mal pode tratar dele, pois deve suportar muitas doenças que o outro pode evitar, sem qualquer vantagem equivalente. E pode ser condenado para sempre.

A lista das injustiças induzidas pela ideia da criação especial poderia ser ampliada ao infinito, porque tal ideia inclui todas as desigualdades. Ela faz miríades de ateus, que a consideram incrível para a inteligência e revoltante para a consciência. Ela coloca o homem na posição de inexorável credor de Deus, perguntando, estridentemente: 'Por que me fizeste assim?' (...)"

(Annie Besant - O Enigma da Vida - Ed. Pensamento)

domingo, 12 de março de 2017

A REENCARNAÇÃO NO PASSADO

"Talvez não haja no mundo doutrina filosófica que tenha tão esplêndida ancestralidade como a da Reencarnação – o desenvolvimento do Espírito humano através de repetidas vidas na Terra –, experiências que são reunidas durante a existência terrena e trabalhadas para se transformarem em capacidade intelectual e consciência durante a vida celeste. Assim, uma criança nasce com suas experiências pretéritas transformadas em tendências e possibilidades mentais e morais. Como acertadamente observou Max Muller, as maiores inteligências que a humanidade produziu aceitaram a Reencarnação. A Reencarnação é ensinada e ilustrada nos grandes épicos hindus, como fato indubitável, no qual a moralidade se baseia. E a esplêndida literatura hindu, que encanta os eruditos europeus, está impregnada dessa certeza. Buda ensinou a Reencarnação e falava constantemente em seus nascimentos anteriores. Pitágoras fazia o mesmo, e Platão incluiu-a em seus escritos filosóficos. Josephus declara que essa ideia era aceita pelos judeus, e conta a história de um capitão que encorajava seus soldados a lutar até a morte, fazendo-lhes lembrar seu retorno à Terra. Na Sabedoria de Salomão está dito que nascer num corpo impoluto era a recompensa 'por ser bom'. Cristo aceitou-a, dizendo a seus discípulos que João Batista era Elias. Virgílio e Ovídio consideravam-na como coisa estabelecida. O ritual composto pelos sábios do Egito ensinava-a. As escolas neoplatônicas aceitavam-na, e Orígenes, o mais culto dos padres cristãos, declarou que 'todo o homem recebia um corpo segundo seus méritos e suas ações passadas'. Embora condenada por um Concílio da Igreja Romana, as seitas heréticas mantiveram essa velha tradição. E veio até nós, da Idade Média, a palavra de um culto filho do Islã: 'Morri como pedra e tornei-me uma planta; morri como planta, e tornei-me um animal; morri como animal, e tornei-me um homem. Por que temeria eu a morte? Quando foi que me tornei menos do que era, por morrer? Morrerei como homem, e me tornarei um anjo.' Posteriormente, encontramos a Reencarnação ensinada por Goethe, Fichte, Schelling e Lessing, para citar apenas alguns entre os filósofos alemães. Goethe, em sua velhice, antecipava alegremente a ideia do retorno. Hume declarou que aquela era a única doutrina da imortalidade que um filósofo poderia considerar, opinião, de certa forma, semelhante à do nosso professor Mc Taggart, o inglês que, analisando a imortalidade em suas várias teorias, chegou à conclusão de que a da Reencarnação era a mais racional. Não preciso lembrar a ninguém que tenha cultura literária o fato de que Wordworth, Browing, Rossetti e outros poetas acreditavam nela. O reaparecimento da crença na Reencarnação não é, portanto, a emergência de uma crença supersticiosa entre nações civilizadas, mas um sinal de recuperação no que se refere a uma temporária aberração mental do Cristianismo, de uma desracionalização da religião, que produziu tanto mal e deu lugar a tanto ceticismo e materialismo. Afirmar que há a criação especial de uma alma para cada novo corpo implica que a vinda da alma à existência depende da formação de um corpo, e leva, inevitavelmente, à conclusão de que, com a morte, a alma passará a não mais existir. Que uma alma sem passado possa ter um futuro pela eternidade é tão incrível como dizer que uma bengala poderia existir com uma única ponta. Só a alma que não nasceu pode esperar não ser levada pela morte. A perda do ensinamento da Reencarnação – com seu purgatório temporário resultante de sentimentos nocivos, e seu céu temporário para a transformação da experiência em capacidade – deu origem à ideia de um céu infinito, do qual ninguém é bastante digno, e de um inferno infinito, para o qual ninguém é bastante perverso, confinando a evolução humana a um insignificante fragmento da existência, prendendo um futuro eterno ao conteúdo de uns poucos anos, e tornando a vida um ininteligível emaranhado de injustiças e parcialidades, de genialidade não conquistada e de criminalidade não merecida. Um problema intolerável para os que raciocinam, e tolerável apenas para a fé cega e sem fundamento."

(Annie Besant - O Enigma da Vida - Ed. Pensamento)
fonte: http://universalismoesoterico.blogspot.com.br/