OBJETIVOS DO BLOGUE

Olá, bem-vindo ao blog "Chaves para a Sabedoria". A página objetiva compartilhar mensagens que venham a auxiliar o ser humano na sua caminhada espiritual. Os escritos contém informações que visam fornecer elementos para expandir o conhecimento individual, mostrando a visão de mestres e sábios, cada um com a sua verdade e experiência. Salientando que a busca pela verdade é feita mediante experiências próprias, servindo as publicações para reflexões e como norte e inspiração na busca da Bem-aventurança. O blog será atualizado com postagens de textos extraídos de obras sobre o tema proposto. Não defendemos nenhuma religião em especial, mas, sim, a religiosidade e a evolução do homem pela espiritualidade. A página é de todos, naveguem a vontade. Paz, luz, amor e sabedoria.

Osmar Lima de Amorim


segunda-feira, 26 de agosto de 2013

ONDE ESTÁ DEUS? (PARTE FINAL)

"(...) 'O universo é melhor compreendido quando visto não como uma máquina ou processo, mas como um obra de arte em evolução', como indica um outro pensador. Esse é um insight num reino de significado onde razão e percepção estética não estão dissociadas, mas fundidas, permitindo à consciência tornar-se perceptiva da ordem divina, na qual tanto a beleza quanto o deleite têm lugar intrínseco. A música e a matemática são complementares, como ensinou Pitágoras. A música do universo é sua matemática. Consequentemente, físicos como Dirac podem dizer: 'É mais provável que uma teoria de beleza matemática seja correta do que uma teoria feia que se adapte a alguns experimentos.'

As mentes que acreditam apenas na razão, excluindo respostas ao que é amável e bom, podem não estar preparadas para o conhecimento de Deus. A história religiosa mostra que pessoas puras e simples podem frequentemente se tornar perceptivas do sagrado e intuir a verdade com mais facilidade que os intelectualmente dotados. Existe um caminho de contato direto com o sagrado (isto é, com Deus), chamado o outro, o desconhecido e assim por diante, porque é suprarracional e inefável.

Todos nós já vimos pássaros engajados em construir ninhos que são extraordinárias obras de arte, e formigas trilhando o caminho de casa carregando um fardo. Quem lhes ensinou essas habilidades? O pássaro, a formiga e a flor selvagem, tanto quanto o vasto universo, contêm o mistério que é Deus, e ele só se revela àqueles que desejam se aproximar respeitosamente, com a mente humilde, nada querendo e consequentemente sem medo.

A verdade é acessível aos puros de coração e de mente aberta, não às mentes que estão buscando segurança no conhecido, seja sob a forma de dogma religioso ou teoria científica. Os buscadores da verdade devem aprender a deixar de lado o medo e a olhar com um profundo senso de admiração e humildade. A maravilha e a beleza cercam-nos no florescimento das árvores, na mudança das estações, no movimento incessante dos oceanos, na complexidade dos interrelacionamentos. Como escreveu um observador, 'a evidência de um plano divino está em tudo à nossa volta, na terra, no mar, no céu', e as escrituras declaram que céu e terra estão plenos da glória de Deus." 

(Radha Burnier - Revista Sophia nº 30 - Ed. Teosófica, Brasília - p. 14)


CONTROLE DA MENTE INFERIOR

"O esforço de controlar a mente e torná-la pura e forte, submetendo-a a uma disciplina sistemática, irá tornando o estudante cada vez mais consciente do dualismo entre controlador e controlado, mas no começo é necessário que se concentre, por algum tempo na observação dos movimentos da mente a fim de adquirir certa capacidade de observá-la. Somente então irá familiarizar-se com as tendências e características da mente e aprenderá a separar-se delas.

Quando o estudante já tiver adquirido alguma habilidade nesse sentido, deverá começar a exercitar o controle geral sobre as atividades do corpo mental inferior. O primeiro passo é criar o hábito de fazer tudo o que tem de ser feito durante o dia, sem distração. A maior parte das pessoas que começam as práticas de concentração e meditação não sabem que os resultados obtidos no curto período de seus exercícios mentais dependem, em grande parte, de como controlam e usam a mente no decorrer do dia. Uma pessoa que permite que sua mente divague ao fazer o seu trabalho diário de rotina nunca consegue controlá-la no período de sua meditação, pois a divagação da mente, pelo dia afora, estabelece uma tendência para a distração e esta tendência não pode ser dominada subitamente durante o curto período empregado nos exercícios de concentração e meditação. Temos assim de formar o hábito de tomar cada peça de trabalho conforme chega e concentrar a nossa mente inteiramente em fazê-la, em vez de dar-lhe somente parte de nossa atenção. Se o trabalho é importante ou não é irrelevante quanto à tendência à distração. Assim, mesmo ao escrever uma carta, ler um livro ou conversar com alguém, a mente deve ser unidirecional. O total de nossa mente deve estar em todas as ações que tenhamos de praticar no curso normal de nossa vida. Tal prática não só aumentará enormemente a qualidade de nosso trabalho, mas também estabelecerá os fundamentos do domínio de nossa mente. (...)"

(I.K. Taimni - Autocultura à Luz do Ocultismo - Ed. Teosófica, Brasília, 1997, p. 93/94)


domingo, 25 de agosto de 2013

ONDE ESTÁ DEUS? (2ª PARTE)

"(...) O finito, o concreto, o conhecido e o cognoscível dão segurança psicológica não apenas àqueles que são temerosos porque são ignorantes, mas também àqueles que acumulam conhecimento - inclusive cientistas e ateus que escarnecem dos que acreditam. Eles também se aferram à segurança dos mapas familiares por eles mesmos desenhados. Sentem-se perturbados por qualquer desafio às suas certezas. 

Cientistas estão liderando a exploração de áreas que se pensava estarem fora dos limites. Eles até mesmo introduziram a palavra Deus em suas especulações. Um artigo do The Guardian Weekly sobre essa nova tendência diz: 'Quando se busca nas prateleiras de uma livraria da moda, descobre-se uma epidemia de busca a Deus.' Isso incomoda porque está acontecendo 'mesmo nas áreas dedicadas às ciências'.

Stephen Hawking é chamado de 'o culpado que deu início à nova corrida a Deus', em 1988, ao terminar seu livro Uma breve história do tempo com as seguintes palavras: 'Se encontrarmos a resposta (...) seria o triunfo último da razão humana - pois então conheceríamos verdadeiramente a mente de Deus.' Entre outros que são também 'culpados' está Paul Davies, autor de The Mind of Gud, que ganhou o prestigioso prêmio Templeton, concedido àqueles cujo trabalho realça a compreensão da religião; e Leon Lederman e Frank Tipler, chamados de 'o novo esquadrão de Deus'. O artigo indaga: 'Para onde pode voltar-se um honesto ateu em busca de uma tranquila consolação científica?'

Por que um ateu quer consolação, e de quê? Estará buscando conforto mental nas ideias fixas tanto quanto o crente? Eles não são diferentes: querem ambos a segurança do conhecido. Um leitor escreveu: 'A ciência realmente parecia a proteção perfeita contra o incompreensível e o misterioso. (...) É improvável que a nova física resolva o mistério da vida ou do universo, que está além do pensamento racional, mas pode levar-nos além do mundo estéril, sem cor, criado pela ciência mecanicista dos últimos três séculos.'

A ciência realmente ajudou no progresso da humanidade, libertando-a até certo ponto da asfixia das crenças e superstições da religião convencional. Agora ela está começando também a ir além das posições fixas do pensamento materialista, podendo assim ajudar as pessoas a emergir das falsas metas que acompanham essa visão. Mas o mistério da vida é por demais profundo e sutil para ceder totalmente aos métodos científicos e à abordagem lógica. Eles podem não trazer o conhecimento da mente de Deus, como espera Hawking. Pode ser necessário desenvolver uma sensibilidade de outro tipo. (...)"

(Radha Burnier - Revista Sophia nº 30 - Ed. Teosófica, Brasília - p. 13/14)

AÇÃO ABNEGADA

"Não aspire tornar-se um servo de Deus, se hoje trabalha meramente em troca de salário. Você se rebaixa a este nível, se a Ele pede isso ou aquilo, em troca dos louvores que a Ele dá ou dos sacrifícios¹ que Lhe apresenta. Mesmo que você não peça, a atitude de barganha estará em sua mente, caso vier a se sentir desapontado por Deus não lhe ter dado desejados objetos como retorno de todos os transtornos que enfrentou para O agradar. 

Não calcule proveito. Não conte com retorno. Não planeje consequências. Faça o que tem de fazer, desde que seja seu dever. Tal é o verdadeiro puja.² Dedique a Ele tanto a ação como sua consequência. Então você se torna Ele mesmo; não é mais um empregadinho a reclamar salário. Este é o mais alto nível que, mediante o sadhana (disciplina), um bhakta (devoto) pode atingir. Esta é a razão por que o nish-kama-karma³ é tão altamente recomendado por Krishna na Gita. 

¹. Aqui está uma advertência contra a universal prática de barganhar com Deus, oferecendo-Lhe rituais, rezas, doações, mortificações, fazendo-Lhe 'promessas'... Deus é reduzido ao meio para atingir-se um bem mais alto - o objeto, a solução, a cura, a pessoa de nossos desejos... Comumente não se agrada, não se cultua Deus, não se ama Deus a não ser como uma fonte capaz de saciar nossa permanente sede de aquisições e soluções.
². Puja - ritual de adoração.
³. Nish, sem; kama, desejo; karma, ação. Nish-kama-karma ação abnegada, isto é, não motivada pelo desejo de colher seus frutos.

(Sathya Sai Baba - Sadhana O Caminho Interior - Ed. Nova Era, Rio de Janeiro - p. 64/65)


sábado, 24 de agosto de 2013

ONDE ESTÁ DEUS? (1ª PARTE)

"Para muitas pessoas, o medo do desconhecido é a base da crença em deus ou nos deuses. Até serem encontradas explicações científicas, vários fenômenos da natureza eram cercados de mistério: o trovão e o raio pareciam ameaçadores; a chegada da escuridão após o pôr do sol e os eclipses solar e lunar eram mágicos. Deidades de vários tipos personificavam as forças da natureza ou simbolizavam o desconhecido no universo, e as pessoas acreditavam que esses deuses e deusas deviam ser aplacados. 

Com o progresso do conhecimento muitos mistérios aparentes foram resolvidos. A ciência começou a se desenvolver no mundo antigo através do estudo das leis da natureza e da relação entre eventos. Nas civilizações indiana, chinesa, egípcia, caldeia e outras, a astrologia e a astronomia, que eram uma só ciência, tinham papel importante na explicação dos fenômenos naturais e em trazer racionalidade às mentes assustadas. Outros aspectos da natureza foram também investigados, como as propriedades das plantas e minerais. Isso levou a tal conhecimento da medicina e da literatura sobre o tema que, mesmo hoje ele se mostra como um celeiro de novas descobertas. 

Apesar de tudo isso, para a maioria das pessoas o desconhecido ainda permanece assustador; muitas coisas estão além da sondagem e da especulação humanas. Só umas poucas mentes receptivas reconhecem que os reinos transcendentais e misteriosos da existência podem ser explorados subjetivamente e que, logo que se tenha alcançado uma percepção mais sutil e uma visão mais clara, pode-se conhecer a verdade de todas as coisas por meio da experiência direta. 

A maioria das pessoas permanece temerosa e geralmente tenta reduzir o terror do desconhecido fingindo que ele é cognoscível. Consequentemente, as pessoas de 'mente religiosa' estão aptas a dar forma concreta a Deus e a inventar imagens com características humanas. A religião organizada, de modo geral, explorou as pessoas e as tem mantido num estado de temor - da morte, da existência pós-morte, etc. A hierarquia eclesiástica gosta de ter as pessoas sob sua dependência, em vez de encorajá-las a se transformar e a romper com a consciência finita, entrando no oceano da infinidade. (...)"

(Radha Burnier - Revista Sophia nº 30 - Ed. Teosófica, Brasília - p. 13