OBJETIVOS DO BLOGUE

Olá, bem-vindo ao blog "Chaves para a Sabedoria". A página objetiva compartilhar mensagens que venham a auxiliar o ser humano na sua caminhada espiritual. Os escritos contém informações que visam fornecer elementos para expandir o conhecimento individual, mostrando a visão de mestres e sábios, cada um com a sua verdade e experiência. Salientando que a busca pela verdade é feita mediante experiências próprias, servindo as publicações para reflexões e como norte e inspiração na busca da Bem-aventurança. O blog será atualizado com postagens de textos extraídos de obras sobre o tema proposto. Não defendemos nenhuma religião em especial, mas, sim, a religiosidade e a evolução do homem pela espiritualidade. A página é de todos, naveguem a vontade. Paz, luz, amor e sabedoria.

Osmar Lima de Amorim


segunda-feira, 18 de março de 2013

JNANA YOGA - QUALIFICAÇÕES DO ASPIRANTE (5ª PARTE)

"O método ou sadhana da Jnana Yoga é talvez o mais difícil. Aquele que exige as mais raras condições intelectuais, psíquicas e éticas. Sem tais qualificações, o aspirante pode perder-se em especulações intelectualóides e vir a tornar-se um verborrágico erudito, rico de conhecimentos, mas pobre de sabedoria, a falar de Deus sem O experienciar. As qualificações indispensáveis a um caminhar firme e eficaz na difícil jnana marga ou caminho (marga) da sabedoria (jnana) que liberta, são:

(a) Viveka - a capacidade de discernir entre o Real e o irreal, entre o Eterno e o transitório;
(b) Vairagya - despaixão ou desapego por tudo que seja irreal e transitório;
(c) Shad-sampat - as "seis virtudes", que são: Sama - tranquilidade; Dama - autocontrole; Uparati - saciedade, contentamento; Titiksha - resistência, endurance; Samadhana - concentração; Mumukshutva - profundo empenho em libertar-se; amor infinito e absoluto pela Verdade, que é Deus.

Arjuna, o guerreiro, pediu a Krishna que descrevesse o "homem sábio". Ao longo de alguns versos da Bhagavad Gita, o Avatar respondeu:

Quando um homem descartou de sua mente todo o desejo, e está contente no Ser pelo Ser, é um homem de firme Sabedoria. Aquele que não é chocado pela adversidade, e que na prosperidade não anela prazeres, que é isento de apego, medo e aversão, pode ser chamado um sábio de firme Sabedoria. Aquele que em toda parte está sem apego, enfrentando qualquer coisa boa ou má, que nem se regozija ou detesta, sua Sabedoria é firme. Quando, igual à tartaruga, que recolhe seus membros de todos os lados, ele recolhe seus sentidos dos objetos sensórios, então sua Sabedoria se torna firme... (Bhagavad Gita, II:55-58)

O processo de autotransformação que capacita o aspirante para a conquista da Verdade Suprema é descrito por Sai Baba nestes termos:

A Sabedoria Espiritual desce somente quando haja pureza no coração. Exatamente como remover as ervas daninhas, o revolver da terra, o semear e o regar são indispensáveis, à colheita, o campo do coração humano tem de ser alijado de maus pensamentos e sentimentos ruins, regado com o amor, arado pelas práticas espirituais e semeado com o santo Nome de Deus. Somente assim é possível a colheita da Divina Sabedoria (jnana). (...)"

(José Hermógenes - Iniciação ao Yoga - Ed. Nova Era, Rio de Janeiro - p. 106/108)


INTUIÇÃO: DESCORTINO DA ALMA

"A intuição é a orientação da alma, que surge naturalmente no homem quando sua mente está tranquila. (...) O objetivo da ciência da yoga é acalmar a mente, para que, sem distorções, ela possa ouvir o infalível conselho da Voz Interna.  

"Resolva todos os seus problemas por meio da meditação" [dizia Lahiri Mahasaya]. "Sintonize-se com a ativa Orientação interior. A Voz Divina tem resposta para todos os dilemas da vida. Embora a engenhosidade do homem para se meter em dificuldades pareça não ter fim, o Infinito Socorro não é inexaurível."

Ao querer que dependamos exclusivamente Dele, Deus não quer dizer que você não deva pensar por si próprio. Ele quer que você use a iniciativa. A ideia é a seguinte: se você não for capaz de buscar uma sintonia consciente com Deus, antes de mais nada, cortará o contato com a Fonte e, desse modo, não poderá receber Sua ajuda. Quando você se voltar primeiro para Ele, para qualquer coisa, Ele o guiará. Ele lhe revelará seus erros para que você possa mudar a si próprio e ao curso de sua vida.

Lembre-se: melhor do que um milhão de raciocínios é sentar-se e meditar em Deus até sentir tranquilidade interior. Então, diga ao Senhor: "Eu não posso resolver meu problema sozinho, mesmo que eu tenha um número incalculável de pensamentos diferentes, mas posso resolvê-lo colocando-o em Tuas mãos, pedindo primeiro a Tua orientação e, em seguida, analisando-o sob vários ângulos, buscando uma possível solução". Deus ajuda aqueles que se ajudam. Quando sua mente estiver tranquila e cheia de fé, após orar a Deus em meditação, você será capaz de ver várias respostas para os seus problemas. E, porque sua mente se acalmou, é também capaz de escolher a melhor solução. Siga essa orientação e terá êxito. Isso é aplicar a ciência da religião na sua vida diária.

"A vida humana é assediada por tristezas até que saibamos entrar em sintonia com a Vontade Divina, cujo 'procedimento correto' frequentemente surpreende a inteligência egoísta", [dizia Sri Yukteswar]. "Só Deus dá conselho infalível. Quem senão Ele sustenta o peso do cosmos?"

Quando conhecermos o Pai Celestial, teremos as respostas não apenas para os nossos próprios problemas, mas também para os que afligem o mundo. Por que vivemos e por que morremos? Por que razão sucedem os acontecimentos atuais, e por que os do passado? Duvido que um dia venha à Terra um santo que responda a todas as perguntas de todos os seres humanos. No templo da meditação, porém, todos os enigmas da vida que inquietam nossos corações sertão resolvidos. Tomaremos conhecimento das respostas aos quebra-cabeças da vida e encontraremos a solução para todas as nossas dificuldades quando entrarmos em contato com Deus." 

(Paramahansa Yogananda - Onde Existe Luz - Self-Realization Fellowship - p. 57/59)


domingo, 17 de março de 2013

JNANA YOGA - APARÊNCIA E REALIDADE (4ª PARTE)

"Sai Baba com frequência ensina como discriminar entre aparência e Realidade:

Você, como corpo, espírito ou alma, é apenas um sonho. Na Realidade, você é vida, sabedoria e plenitude feliz. Você é o Deus deste universo. Você está criando o universo todo e o interiorizando. Para alcançar a infinita individualidade universal, é preciso descartar a pequena prisão individualista...
Enquanto estiver seguindo pelo caminho, você pode observar sua sombra a arrastar-se sobre lama, poeira, depressão ou montículo, espinhos ou areal, trechos de terra seca ou úmida. A sombra e as experiências dela não têm permanência (mithyam) nem verdade (sathyam). Similarmente, convença-se de que você não é somente a sombra de Paramatma (o ser Supremo), e que essencialmente você não é este (que pensa ser), mas o próprio Paramatma. Este é o remédio contra tristezas, afãs e dores. Naturalmente, será somente no fim de prolongado e sistemático processo de sadhana (disciplina) que conseguirá fixar-se na Verdade; até lá, você continua suscetível a identificar-se com este corpo, esquecendo-se de que ele que projeta sombra, ele mesmo, por sua vez, é também uma sombra. (in Sadhana - O Caminho Interior)

É exercendo e exercitando a faculdade de discernimento (viveka) que viremos a conseguir, conforme Baba mostrou, efetivar um redentor processo de "des-ilusão", de "des-encanto", de "des-engano", finalmente de vitória sobre o grande embuste de que somos vítimas. É por gostarmos de ilusão, encanto, engano, engodo, que costumamos sofrer quando alguém ou algo nos desilude. Jnana Yoga é uma gloriosa desilusão redentora. Cada desilusão merece uma festa e não um lamento. Precisamos aprender a desiludir-nos. 

A fim de libertar-nos de tantos equívocos, encantos, ilusões e embustes autocultivados, que nos impedem de ver de frente a Verdade, os Uppanishads ensinam a prática do neti, neti, neti... que se traduz por "não é isto aqui, não é aquilo ali, não é aquilo lá..." (o Ser Supremo e Real que eu busco). Esta cultivada e constante desmistificação vai descartando as aparências, até mesmo as mais convincentes e sedutoras. Identificadas como irreais e fugidias, as coisas acabam não podendo mais ocultar o Esplendor do Ser, da Essência. Os mesmos Uppanishads também ensinam um processo diametralmente oposto. Ao buscador, já convencido de que o Real é o substrato e a substância de todas as aparências, sendo portanto onipresente embora invisível em tudo, é sugerido praticar o iti, iti, iti... que se traduz por "é isto, é isto, é também isto..." (o Verdadeiro Ser que ando buscando). Ele sabe que isto, isto, e mais isto... embora ilusórios e fugidios  nascem do Ser, existem no Ser, e pelo Ser são nutridos, e nEle serão reabsorvidos. Olhe para seu corpo - este seu corpo em constante transformação e destinado a perder-se como uma forma que é - e diga neti, neti, neti... até ele perder seu poder de iludir e ser tomado como o Ser. Faça o mesmo em relação ao seu ego pessoal, à sua mente, ao seu intelecto... Num segundo momento, considere que sem o Ser, sem a Substância, sem o Substrato, seu corpo, seu ego pessoal, sua mente, seu intelecto inexistiriam, e aí você terá de dizer iti, iti, iti... reconhecendo que todos são manifestação do Ser. É este o método de chegar à essência única de todas as multifárias formas de existência, ao substrato onipenetrante, mas também transcendente neste sistema espaço-tempo, neste universo de nomes e formas. Segundo este método vedantino, chega-se à amplidão do mar, através da inteligente contemplação da exiguidade das ondas e mesmo de apenas uma delas. Pode haver onda sem o Mar a lhe servir de essência e substrato? Há existência independente da essência? (...)"   

(José Hermógenes - Iniciação do Yoga - Ed. Nova Era, Rio de Janeiro - p. 104/106)


CRIE O HÁBITO DE EMITIR PENSAMENTOS DE AJUDA E BOA VONTADE A TODOS QUE TE RODEIAM

"Ninguém tem possibilidade de tornar-se discípulo aceito a não ser que haja adquirido o hábito de volver suas forças para fora e de concentrar sua atenção e energia sobre outros, para verter sobre eles pensamentos de ajuda e boa vontade. Oportunidades de se fazer isto são constantemente oferecidas, não apenas entre aqueles com os quais entramos em íntimo contato, porém mesmo entre os estranhos que deparamos na rua. As vezes sabemos de alguém que se acha obviamente deprimido ou sofrendo, num jato podemos injetar em sua aura um pensamento de estímulo e fortalecimento. Permita-se-me citar mais uma vez uma passagem que vi há um quarto de século num dos livros do Novo Pensamento:

Impregna amor ao pão que assas; embrulha em energia e coragem o pacote que atas para a mulher de rosto fatigado; unta de confiança e sinceridade o dinheiro que pagas ao homem de olhar desconfiado.

É um lindo pensamento expresso de maneira exótica, porém que transmite a grande verdade de que cada contato é uma oportunidade, e que cada pessoa que encontramos da maneira mais casual é alguém para ser ajudado. Assim o estudante da Grande Lei percorre a vida distribuindo bênçãos a todos em volta de si, fazendo o bem irrestritamente por toda a parte, muito embora frequentemente o recipiente da bênção e ajuda não tenha nenhuma ideia de sua procedência. De tais benefícios todos os homens têm o seu quinhão, dos mais pobres aos mais ricos; todos os que podem pensar também podem emitir pensamentos bondosos e de ajuda, e nenhum desses pensamentos falhou, nem jamais pode falhar enquanto imperarem as leis do universo. Podeis não ver o resultado, mas o resultado ali está. e não sabeis que fruto pode nascer da tênue semente que semeais enquanto percorreis vossa senda de paz e amor."

(C. W. Leadbeater - Os Mestres e a Senda - Ed. Pensamento, São Paulo - p. 103/104)


sábado, 16 de março de 2013

JNANA YOGA - AJNANA E JNANA (3ª PARTE)

"O que nos prende à "roda dos nascimentos e mortes", explicam os Mestres, é ajnana, ou seja, a "ignorância" sobre nossa própria Realidade e Essência. Ajnana escraviza. Jnana liberta. Fica entendido então que o Yoga da sabedoria nos tira da servidão para a redenção.

O caminho da sabedoria redentora é essencialmente vedantino, isto é, baseado nos ensinos da parte final dos Vedas. Mas é também cristão. Ao afirmar Eu e o Pai somos Um, o Cristo manifestou a Verdade desta Unidade Real e Essencial; referiu-se ao Uno Sem Segundo de que falaram sábios vedantinos, os adwaitas. Estes denunciam a ignorância como nosso cárcere a deter-nos na equivocada convicção da dualidade, isto é, de sermos distintos e estarmos distantes uns dos outros e, o que é mais dramático, de nos sentirmos distantes e distintos do Ser Supremo, que nós mesmos somos.

Embora o Cristo tenha tentado convencer de que o "Reino de Deus" está dentro de nós, ainda hoje teimosamente não acreditamos. Continuamos equivocada e incoerentemente a procurá-lo sempre fora de nós, e, o que é mais lamentável, sempre fora de nosso alcance. Nós, que nos temos por cristãos, obstinadamente ainda nos negamos a aceitar este ensinamento salvador. Como?! Por quê?!

O homem continuará escravo enquanto não alcançar jnana, a verdade de ser um com o Ser Supremo. Se aceitá-la apenas intelectualmente, menos mau. Mas isto muito longe está de ser o bastante. Nosso desafio é chegar a "saborear" esta redentora Verdade, e isto naturalmente exige ir muito além, muitíssimo além do intelecto. A Jnana Yoga tem por objetivo unir-nos à Verdade e nela nos fundir. Não será isto o que significa "ter a gnose (jnana) da Verdade, conforme falou o Cristo? (...)"

(José Hermógenes - Iniciação ao Yoga - Ed. Nova Era, Rio de Janeiro - p. 102/103)