OBJETIVOS DO BLOGUE

Olá, bem-vindo ao blog "Chaves para a Sabedoria". A página objetiva compartilhar mensagens que venham a auxiliar o ser humano na sua caminhada espiritual. Os escritos contém informações que visam fornecer elementos para expandir o conhecimento individual, mostrando a visão de mestres e sábios, cada um com a sua verdade e experiência. Salientando que a busca pela verdade é feita mediante experiências próprias, servindo as publicações para reflexões e como norte e inspiração na busca da Bem-aventurança. O blog será atualizado com postagens de textos extraídos de obras sobre o tema proposto. Não defendemos nenhuma religião em especial, mas, sim, a religiosidade e a evolução do homem pela espiritualidade. A página é de todos, naveguem a vontade. Paz, luz, amor e sabedoria.

Osmar Lima de Amorim


sábado, 8 de junho de 2013

SOMBRA E LUZ - O DESPERTAR DA PERCEPÇÃO (2ª PARTE - II)

" (...) São os indivíduos que fazem o mundo; cada um pode, se tentar conscientemente, tornar-se um agente da construção de um mundo mais belo. Somos privilegiados como líderes no movimento rumo a um futuro no qual a vida no planeta será vivida em harmonia, em cooperação e paz, interna e externamente.  

Tudo que é feito por nós no mundo visível baseia-se ou surge da maneira como trabalhamos com os nossos sentimentos e pensamentos. Que cada um de nós afeta os outros pelos seus pensamentos não é mais apenas uma noção filosófica; aparece como fato da ciência moderna no domínio da física das partículas e da fisiologia. 

Por exemplo, descobriu-se experimentalmente que a observação envolve participação. O universo começa a ser visto como um todo participativo e interligado no qual todos afetam todos os demais. Carl Sagan, no seu famoso livro Cosmos, afirma: "A história humana pode ser vista como o lento despertar da percepção de que somos membros de um grupo maior. (...) Alargamos o círculo daqueles a quem amamos. (...) Se temos que sobreviver, nossas lealdades devem ser ampliadas ainda mais para incluir toda a comunidade humana, todo o planeta Terra."

Cada um de nós pode contribuir um pouco para a plena iluminação deste planeta por meio de nossos pensamentos positivos, amorosos, úteis, pois os pensamentos estão na raiz da fala e da ação. É a mente que guia o movimento de nossos lábios, mãos e pés.

Alguém pode, talvez, perguntar o que pode fazer sozinho. A vida adulta média dura cerca de 40 anos, ou 14.600 dias. Durante pelo menos doze horas por dia a pessoa está desperta, seu cérebro está funcionando e produzindo correntes mentais - boas, ruins e indiferentes. Pode-se ver então o quanto uma pessoa pode contribuir para a atmosfera mental que influencia as ações da humanidade. E à medida que trilha o caminho da pureza e do altruísmo, seus pensamentos e irradiações benéficas tornam-se cada vez mais agudos, mais fortes, mais poderosos. Quanta claridade cada um de nós pode doar ao mundo e mais particularmente àqueles com quem está em contato mais próximo! (...)" 

(Surendra Narayan - Revista Sophia nº 43 - Ed. Teosófica, Brasília - p. 34)


sexta-feira, 7 de junho de 2013

DEUS É ALEGRIA SEMPRE NOVA

"Incontáveis mundos emergem do Espírito e, de certa forma, são Espírito. O Espírito se diversifica e se densifica em infinitas porções como Universos que despontam em criatividade sem fim. 

- Grandes yogis declararam ser Deus o Espírito que permeia todas as coisas, mas também as transcende. Ele é a alegria sempre renovada, como dizia Yogananda, "é alegria ilimitada, ininterrupta, sempre nova. Corpo, mente, nada pode perturbá-lo quando você se encontra nessa consciência; assim é a graça e a glória do Senhor."

- Quanto mais você submergir em Sua graça, tanto mais permanecerá inebriado por Ele. O Espírito não tem fim. Pessoal, impessoal, imanente ou transcendente, não importa, é o Espírito. 

- Cada religião ou religioso tem uma experiência diversa d'Ele e, contudo, em essência, falam a respeito do mesmo Deus. Você jamais será capaz de conhecê-Lo em toda a Sua profundidade, pois é semelhante a um infinito oceano de "dita".

- Véus infindáveis de alegria são retirados e, quanto mais você O conhece, tanto mais percebe que é sem fim. Se fôssemos peixinhos nadando no oceano, enlouqueceríamos ao aprender a grandiosidade das águas que o compõem. Deus é assim. Não é atoa que os grandes santos da Índia são chamados de "os loucos de Deus".

- Permanecem tão embriagados do Espírito que saem pelas ruas bailando em alegria e êxtase e contagiando a quantos se deixam magnetizar por esse amor. Permitiram que cataratas de alegria divina invadissem suas almas, dando vazão ao caudal de ananda que não tem começo ou fim.

- Aqueles que vivem no Espírito conhecerão O desconhecido, sorverão o vinho da divina embriaguez, afogaram-se no próprio Eu, o Atman, que a própria felicidade imorredoura, indestrutível, sempre nova, eterna, a realidade que tanto buscamos. 

- Todos desejam a felicidade, todos a procuram, mas somente a encontrarão aqueles que realizaram o Espírito."

(Alexandre Campelo - O Encantador de Pessoas - Chiado Editora  - p. 27/28)


SOMBRA E LUZ - O DESPERTAR DA PERCEPÇÃO (2ª PARTE - I)

" (...) É a fixação do olhar na luz - na vida una que tudo permeia - que purifica nossas percepções, ampliando assim nossa visão. A disciplina requerida é bem conhecida: autopurificação, estudo e reflexão profundos, e o serviço altruísta que se segue naturalmente. Cada um desses passos é importante, mas são apenas passos e não fins em si mesmos, como às vezes se pensa. Por exemplo, o aprendizado e o desenvolvimento dos poderes de compreensão são necessários e úteis, mas não devemos permitir que se tornem desproporcionalmente importantes. 

Com relação a isso, lembro-me de uma história sobre Shankaracharya. Numa manhã bem cedo, quando seguia para o Ganges para o banho diário e as orações, ele ouviu um estudante repetindo em voz alta as regras da gramática sânscrita. Shankaracharya sentiu que aquela decoreba naquela hora gloriosa era perda de tempo que poderia ser mais bem utilizado para a contemplação das verdades da vida ou da natureza. E assim ele compôs o chamado Hino da Renúncia, que diz que sem jnana, ou sabedoria, nem o estudo nem o aprendizado assegurará a liberdade de alguém, mesmo em cem vidas. As regras de gramática não trazem proveito algum - contempla Govinda, o eu supremo que reside em tudo. 

Quando a sabedoria começa a raiar, chega a luz - a luz da compreensão e da compaixão, da unidade, da síntese e do amor que vê não as peças individuais, mas o quadro total no qual as peças se encontram.

A realização de nossa divindade, mesmo que seja parcial, pode não ocorrer durante muito tempo, mas na medida em que tentamos viver uma vida mais pura, e portanto menos egoísta, podemos pelo menos começar a entender que a felicidade duradoura está na consciência, não na satisfação dos nossos desejos. (...)"

(Surendra Narayan - Revista Sophia nº 43 - Ed. Teosófica, Brasília - p. 34)


quinta-feira, 6 de junho de 2013

BEM-AVENTURADOS OS MANSOS, PORQUE ELES HERDARÃO A TERRA

"A ignorância e a ilusão são características da mente degenerada. Tal ignorância é confirmada e suportada pelo nosso sentimento de ego - a nossa ideia de que estamos separados uns dos outros e de Deus. Importa superar o egoísmo para que a mente se livre da ilusão. Portanto, bem-aventurados os mansos. Mas, por que diz Cristo que eles herdarão a terra? À primeira vista isso parece de difícil compreensão. Entre os aforismos iogues de Patanjali (ioga significa união com Deus, bem como o caminho para essa união) há um que corresponde a essa bem-aventurança: "O homem que toma a resolução de não roubar torna-se o mestre de todos os ricos." Que quer dizer "não roubar"? Quer dizer que precisamos desistir da ilusão egoísta de que podemos possuir coisas, de que algo pode pertencer-nos de modo exclusivo, como indivíduos. Podemos pensar: "Mas somos pessoas boas. Nada roubamos! Tudo quanto possuímos é fruto do nosso trabalho e merecimento. Pertence-nos por direito!" A verdade, porém, é que nada nos pertence. Tudo pertence a Deus. Quando olhamos qualquer coisa deste universo como nossa, estamos apropriando-nos de coisas de Deus.

O que é então a mansidão? É viver em autossujeição a Deus, livre do sentimento de "eu" e de "meu". Isso não significa que devamos fugir da riqueza, da família e dos amigos; devemos, porém, fugir da ideia de que eles nos pertencem. Eles pertencem a Deus. Devemos olhar-nos como servos de Deus, aos quais ele confia suas criaturas e bens. Tão logo assimilemos essa verdade e desistamos de nossas pretensões ilusórias e individuais, descobriremos que, em seu sentido mais genuíno, tudo nos pertence, no final das contas. 

Os conquistadores que se empenham em serem senhores do mundo pela força e pelas armas jamais herdam outra coisa além de ansiedades, aborrecimentos e dores de cabeça. Os avarentos, que acumulam riquezas enormes, não fazem mais do que acorrentarem-se ao ouro - jamais o possuem realmente. Mas o homem que abandona o sentimento de apego prova as vantagens que os bens proporciona, sem a angústia que a posse acarreta.

Muita gente se desagrada desta palavra de Cristo, por julgar que o manso nunca pode conseguir nada. Julgam que não há felicidade na vida, a menos que se use de agressividade. Quando lhes dizem para porem de lado o ego, para serem mansos - temem que perderão tudo. Erro deles, porém. Nas palavra de Swami Brahmananda:
"As pessoas que vivem pelos sentidos pensam que estão gozando a vida. Que sabem eles do prazer? Só aqueles que estão plenos da felicidade divina gozam de fato a vida."
Todavia, argumentos não provam esta verdade: é preciso vivenciá-la - aí então, fica-se convencido. Se um candidato à espiritualidade segue sinceramente o ensinamento de Cristo quanto à mansidão, acabará por achá-lo muito prático. Descobrirá que a cólera e o ressentimento podem ser conquistados pela doçura e pelo amor. O místico chinês Lao-Tzu expressa esta verdade ao dizer:
"Das coisas macias e fracas deste mundo, nenhuma é mais frágil do que a água. Mas, para vencer o que é firme e forte, ninguém pode igualá-la. O que é macio conquista o duro. A rigidez e a dureza são companheiras da morte. A maciez e a ternura são companheiros da vida."
Abandonando sinceramente o ego a Deus - tornando-nos mansos - alcançaremos tudo: herdaremos a terra."

(Swami Prabhavananda - O Sermão da Montanha Segundo o Vedanta - Ed. Pensamento, São Paulo - p. 24/26)


SOMBRA E LUZ (1ª PARTE - II)

" (...) Além da necessidade de modéstia, enfatiza-se a importância, o poder e a glória de cada ser humano individual: "O homem é a medida de todas as coisas". Diz um Upanishad: "Isso sou eu dentro do coração, maior do que a Terra, maior do que a atmosfera, maior do que o céu, maior do que esses mundos."

Esses aspectos que nos reduzem à total insignificância e que ao mesmo tempo proclamam nossa grandeza não são contraditórios entre si. Referem-se a dois lados - à sombra em nossa veste e à luz interior que ainda deve brilhar. Somos nós que bloqueamos a luz e depois reclamamos da escuridão. Várias escrituras fazem referência a isso. A Bíblia diz que "a luz brilha nas trevas e as trevas não a compreendem". O Vedanta compara isso ao eclipse solar ou ao sol oculto por trás das nuvens. Nós, na Terra, vemos as trevas ou a sombra, mas na verdade o sol continua a brilhar com o mesmo esplendor de sempre. 

O caminho espiritual leva da sombra para a luz. Nós o trilhamos mudando o centro de nossa consciência de uma mente que é separativa, possessiva e dominada pelo desejo e a paixão, para uma que é compassiva, pacífica, intuitiva e que pensa e sente em termos de uma vida maior. Neste sentido, a humildade não é a morte dos sentidos e da mente, mas sua iluminação, o que leva a um crescente refinamento das percepções - uma mudança da vida egoica e da dualidade para a unidade consciente. Isso pode ser visto como uma mudança do movimento centrípeto para o centrífugo. Começa com a indiferença aos desejos e anseios dos corpos, mas não negligência esses corpos. Cresce pela dissolução da estreita esfera de nossos pensamentos limitantes, autoprotetores e que se autoprojetam.

Se uma folha cai num pequeno córrego ou num rio, num lugar sagrado ou numa rua, que efeito benéfico ou maléfico isso causa à árvore? O que se aplica à árvore e às suas folhas deve começar a ser aplicado ao elogio e à recriminação, aos chutes e às carícias que recebemos em nossa vida diária. Rumi, o famoso poeta e místico sufi do século III, escreveu: "As lamparinas são diferentes, mas a luz é a mesma; ela vem do além. Porém, se continuas olhando para a lamparina, estás perdido, pois então surge a aparência de número e pluralidade. Fixa teu olhar na luz, e serás retirado do dualismo inerente ao corpo finito. (...)"

(Surendra Narayan - Revista Sophia - Ed. Teosófica, Brasília - p. 32/33)
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