OBJETIVOS DO BLOGUE

Olá, bem-vindo ao blog "Chaves para a Sabedoria". A página objetiva compartilhar mensagens que venham a auxiliar o ser humano na sua caminhada espiritual. Os escritos contém informações que visam fornecer elementos para expandir o conhecimento individual, mostrando a visão de mestres e sábios, cada um com a sua verdade e experiência. Salientando que a busca pela verdade é feita mediante experiências próprias, servindo as publicações para reflexões e como norte e inspiração na busca da Bem-aventurança. O blog será atualizado com postagens de textos extraídos de obras sobre o tema proposto. Não defendemos nenhuma religião em especial, mas, sim, a religiosidade e a evolução do homem pela espiritualidade. A página é de todos, naveguem a vontade. Paz, luz, amor e sabedoria.

Osmar Lima de Amorim


sábado, 22 de junho de 2013

SARVA YOGA (3ª PARTE - II)

" (...) Sai Baba compara a mente a uma chave de fechadura. Se a girarmos para um lado, abrimos o Reino de Deus; se para o outro, fechamos. Pensar um pouco sobre isto é bastante para ver o quanto a Raja Yoga, aprimorando, purificando, administrando a mente e aquietando sua normal turbulência, contribui para o rendimento dos que trilham as sendas do amor devoção, da sabedoria e da ação. Refletindo mais um pouco, dá para compreender o quanto e por que o amor (bhakti), a sabedoria (jnana), a caridade lúcida (karma) e o cultivo do equipamento (hatha) sinergicamente asseguram a vitória aos que se decidem pelo Yoga de Patanjali. 

Já vimos como algumas técnicas fazem parte de diversas modalidades de Yoga. Mantra Yoga, por exemplo, enriquece todas as demais formas de Yoga. A Kriya Yoga, se bem que pareça um sistema à parte, sendo parte da Raja Yoga, não deixa de ser fundamental também nos outros sistemas, e, por seu turno, é constituída de devoção, busca do Ser e rendição ao Senhor, respectivamente, Karma, Jnana e Bhakti. O Yoga tântrico, conforme vimos, em seu aspecto dakshina ("mão direita") se confunde com diversos outros sistemas (Bhakti, Karma, Jnana, Mantra e Hatha). 

Os ocidentais vêm aderindo aos métodos Hatha e Tantra, enquanto - que pena! - negligenciam os demais. Por quê? Por verem a Hatha Yoga tão somente como uma excelente ginástica terapêutica, que emagrece, fortalece, recupera, mantém a saúde e prolonga a juventude, além de gerar paz e harmonia em nível psíquico. A Tantra Yoga, só pelo fato de ser conhecida como a "Yoga do Sexo"(?!), seduz imaturos adeptos.

O estudo e a prática das "outras Yogas" (Jnana, Bhakti, Raja, Karma), ampliando a sabedoria, santificando o amor, promovendo a compaixão e a caridade, iluminando a vida e deificando o homem, enfim, é que podem evitar que hatha yoguins degenerem para o narcisismo e para a idolatria de valores fugazes tais como a juventude, a força muscular e a beleza do corpo, e pode salvar os pseudotantristas de virem a se degradar em magos negros e alucinados libertinos, condenando-se portanto a arrasadoras frustrações. 

Aos que, por desinformação ou ingenuidade, se dispuseram a praticar somente uma das modalidades de Yoga, com exclusão das outras, fica a advertência sobre a probabilidade de frustração quanto a atingir a meta (a Yoga ou união com a divina perfeição potencial) e, o que é pior, sobre a probabilidade de um desenvolvimento assimétrico e deformante. O homem é um sistema holístico (sarva), portanto, sua reeducação não pode deixar de ser sarva. (...)"

(José Hermógenes - Iniciação ao Yoga - Ed. Nova Era, Rio de Janeiro - p. 139/140)


sexta-feira, 21 de junho de 2013

CARMA E DESTINO (1ª PARTE)

"Ao virmos ao mundo, trazemos as consequências do que fizemos em existências passadas. A família em que nascemos, as nossas características físicas, intelectuais e morais são resultantes diretas de ações pregressas.

Um elemental constrói o nosso corpo físico com o material cedido pelos pais, de acordo com o molde etérico pré-formado. Assim é determinado o nosso Carma físico, para a encarnação que se inicia. As ações de vidas passadas nos planos mais elevados, também se fazem representar na vida presente. Elas constituem uma forma pensamento no plano mental, a qual nos influencia diretamente e age sobre nós nas ocasiões devidas. O mecanismo de sua ação é o mesmo das formas pensamentos habituais. Quando pensamos, por exemplo, em alguma pessoa, o nosso pensamento cria uma forma astro mental que vai planar sobre a pessoa focalizada. Esta será ou não influenciada pela forma pensamento, de conformidade com a correspondência vibratória. Se o pensamento for de bondade e a pessoa não tiver qualidades vibratórias correspondentes, a forma ficará planando sem atuação. Desta maneira as formas pensamento agirão de conformidade com a sintonia de vibrações. 

Ora, a forma pensamento cármica está em perfeita articulação com o ser a que corresponde e descarregará sobre ele vibrações geradoras de sofrimentos físicos ou morais, ou poderá envolvê-lo por uma aura de bem-estar e alegria. Influenciado diretamente por esta forma pensamento, o indivíduo é encaminhado a diversas situações, até a última que porá fim à sua existência. Mas ele pode subtrair-se às influências maléficas dessa forma pensamento. Há grande elasticidade nos mecanismos cármicos, desde que o indivíduo tenha desenvolvido o seu saber e a sua vontade. Só o ignorante viverá ao sabor das circunstâncias e será, de fato, escravo do Destino.

O livre-arbítrio, embora relativo, existe. Quanto menos ignorantes formos e quanto melhor soubermos pôr em ação a nossa vontade, mas livres seremos. Há indivíduos cujo grau de evolução lhes permite ver todo o passado e o futuro, em consciência vigílica. Devido ao conhecimento que têm poderão modificar o futuro, anular por meio de ações contrárias, no sentido do bem, o mal que fizeram em vidas passadas e que lhes iria acarretar algumas consequência dolorosa na existência atual.

O homem comum também vê o seu passado, tem antevisão do futuro e torna as suas decisões a respeito, porém antes de nascer. Frequentemente escolhe as condições da próxima encarnação e procura se revestir de coragem para suportar os sofrimentos que anteviu e a provação cármica que aceitou. Por isso mesmo, há pessoas boas e puras, que sofrem muito. Este sofrimento foi por elas escolhido, a fim de esgotar mais rapidamente o carma. Mas como só praticam o bem, não semearão sofrimentos futuros e assim estarão preparando um destino feliz. (...)"

(Alberto Lyra - O Ensino dos Mahatmas - IBRASA, São Paulo - p. 210/211)


SARVA YOGA (3ª PARTE - I)

"Somente por conveniência didática são mencionados sistemas de Yoga diferentes. Em realidade, Raja, Hatha, Jnana... não são separados e estanques, mas, ao contrário, mutuamente se interpenetram e se completam. Falando de outra maneira, constituem uma prodigiosa "sinergia" (diferentes energias cooperantes). Yoga é, portanto, um perfeito sistema único de ilimitado poder, atuando como um só. Há somente um Yoga verdadeiro: a Sarva Yoga, que age sobre a totalidade (sarva) dos homens. 

A Bhakti Yoga, isto é, a devoção, a sublimação da afetividade, a vivência do amor divino e divinizante (prema), evita que o praticante de Jnana Yoga, em sua busca da Verdade, resvale para um brilhante intelectualismo pedante, mas infecundo. A teologia é um respeitável esforço intelectual para conhecer Deus. A teofania, isto é, a deificação, exige também amor devoção. Por sua vez, uma abordagem mais lúcida e profunda da Verdade (Jnana Yoga) impede que um devoto seja apanhado pela escuridão do fanatismo e da superstição.

O amor (prema) pode mover a Divindade a desnudar-se aos olhos suplicantes de um devoto perfeito. A Verdade Suprema não consegue ocultar-se de quem efetivamente A ama.O amor, portanto, conquista jnana, A verdade que liberta. 

A Karma Yoga é a devoção do bhakta a expressar-se em serviço ao próximo, e deve ser inspirado por sua visão da unidade fundamental de todos e de tudo. O karma yoguin, na prestação de serviço (seva) aos necessitados, por certo conquistará acesso à sabedoria (jnana), isto é, dar-se-á conta da Divina Realidade como Essência dos pobres aos quais ajuda, a mesma essência que a sua. O jnanin, sabedor de que ele e o outro são um só e mesmo Ser, não pode ficar alheio às carências e aos sofrimentos em torno de si. É assim que expressa seu amor e encontra sua paz no serviço que presta. 

A prática de Hatha Yoga, por sua vez, oferece ao pesquisador da verdade (jnanin), ao amante do Divino (bhakti), àquele que disciplina sua mente (raja yoguin) e ao dedicado esforçado servidor (karma yoguin) um processo para afinar, energizar, harmonizar, finalmente otimizar os "veículos" indispensáveis ao avanço nos caminhos que devem percorrer, propiciando saúde, resistência à fadiga e às doenças, energia e serenidade, tudo enfim de que precisam para vencer desafios e canseiras e superar obstáculos. Fragilidade e dor, desconforto e fadiga psicossomáticos comprometem seriamente qualquer sadhana. Bendita Hatha Yoga! (...)"

(José Hermógenes - Iniciação ao Yoga - Ed. Nova Era, Rio de Janeiro - p. 138/139)


quinta-feira, 20 de junho de 2013

O SER É SEU SALVADOR

" (...) verdades profundas não se destinam a inspirá-lo por um breve momento, mas devem ser assimiladas e postas em prática para seu maior proveito. Se ao menos as pessoas soubessem o que é melhor para elas! Para quem se comporta mal, o Ser é um inimigo. Ajude o Ser e Ele o salvará. Não há outro salvador, além do seu Ser.¹ Os grilhões da ignorância e dos maus hábitos o escravizam. Você sofre porque teima em seguir os maus hábitos. Se ao menos pudesse imaginar como seria sua vida um pouco mais adiante, para que o tempo, o precioso tempo que lhe resta, não seja gasto infrutiferamente! Os hindus costumam dizer: "A criança está ocupada com folguedos; o jovem, com sexo; e o adulto, com preocupações. Quão poucos se ocupam com Deus!"

Expulse a esperança ilusória de que a felicidade virá de aquisições mundanas. Prosperidade não é tudo, "boa vida" não basta. Você quer ser eternamente feliz. Apodere-se de Deus dentro de você e saiba que o Ser é a Divindade. Você deve ser capaz de responder, sem hesitar, à suprema indagação de sua inteligência: "De onde vim?"

Deus e imortalidade não são mitos. O mais grave insulto ao Ser dentro de você é morrer acreditando ser uma criatura mortal. Até quando se permitirá - você, filho de Deus - ser ceifado, indefeso, pela foice da morte, porque nunca tentou, durante a vida, vencer maya, ² a ignorância?"

¹ "Que o homem eleve o eu (ego) pelo eu, que o eu não se degrade. Para aquele cujo eu (ego) foi conquistado pelo Ser (a alma), o Ser é o amigo do eu; mas, em verdade, o Ser comporta-se de maneira hostil, como um inimigo, para com o eu que não foi subjugado" (Bhagavad Gita VI:6).

² Ilusão cósmica: "a medidora". Maya é, na criação, o poder mágico que apresenta, visivelmente, limitações e divisões no Imensurável e Indivisível. No plano e jogo (lila) de Deus, a única função desse poder ilusório é lançar um véu de ignorância sobre o homem, a fim de desviar sua percepção do Espírito para a matéria, da Realidade para a irrealidade. 

(Paramahansa Yogananda - A Eterna Busca do Homem - Self-Realization Fellowship - p. 09/10)


SARVA YOGA - O HOMEM HOLÍSTICO (2ª PARTE)

" Cada ser humano é um complexo e vasto sistema.* Hoje se fala em "homem holístico". Sábia noção que não é de agora. O termo holístico vem do idioma grego - holos - que significa total, inteiro, integral. O século passado, dominado pela miopia materialista mecanicista, só via o componente material do homem e, além deste, apenas um comportamento psicológico, assim mesmo predominantemente determinado pela matéria. De uns tempos para cá, principalmente a Medicina, vencendo empedernidos dogmas, redescobriu a milenar concepção do homem psicossomático. Ainda mais recentemente, a Ciência, em particular a Física, conseguiu vislumbrar o modelo holístico do homem, entendendo-o em sua imensa totalidade, que transcende em muito o sistema psicossomático até agora em voga. Pois bem, há mais de cinco milênios o Yoga vê o homem como um prodigioso sistema de amplidão estonteante, participando de diversos níveis existenciais, desde o da pesada densidade de seu organismo físico ao transcendente Espírito, o  Ser Real e Eterno (Brahman), que é sua verdadeira e última Essência. A cosmovisão dos vedas sempre foi, é e será holística. O termo sânscrito sarva, comunicando a ideia de totalidade, é sinônimo do termo grego holos."

* O microcosmo é igual ao macrocosmo. O que está em cima é igual ao que está embaixo.

(José Hermógenes - Iniciação ao Yoga - Ed. Nova Era, Rio de Janeiro - p. 135/136)