OBJETIVOS DO BLOGUE

Olá, bem-vindo ao blog "Chaves para a Sabedoria". A página objetiva compartilhar mensagens que venham a auxiliar o ser humano na sua caminhada espiritual. Os escritos contém informações que visam fornecer elementos para expandir o conhecimento individual, mostrando a visão de mestres e sábios, cada um com a sua verdade e experiência. Salientando que a busca pela verdade é feita mediante experiências próprias, servindo as publicações para reflexões e como norte e inspiração na busca da Bem-aventurança. O blog será atualizado com postagens de textos extraídos de obras sobre o tema proposto. Não defendemos nenhuma religião em especial, mas, sim, a religiosidade e a evolução do homem pela espiritualidade. A página é de todos, naveguem a vontade. Paz, luz, amor e sabedoria.

Osmar Lima de Amorim


sexta-feira, 26 de maio de 2017

A AUTÊNTICA ESPIRITUALIDADE (2ª PARTE)

"(...) O desabrochar da espiritualidade requer atenção sustentada; ela não se manifesta rapidamente. É um empreendimento do tipo 'faça-você-mesmo', e não nos pode ser conferido por outra pessoa.

Quando o conhecimento é acompanhado por um sentimento da natureza interna da vida e uma vontade genuína de se autoexaminar, a espiritualidade emerge. O antigo aforismo grego 'conhece-te a ti mesmo', inscrito no frontispício do Templo de Apolo, em Delfos, é uma mensagem perene de sabedoria para a humanidade, e não algo específico de uma era ou de uma cultura.

A espiritualidade requer inteligência atenta, temperada com discernimento. Em algum estágio durante nossa jornada começamos a fazer grandes questionamentos a respeito da vida, com tanta certeza como a noite segue-se ao dia. Podemos começar a questionar os ensinamentos que cruzam nosso caminho e até mesmo buscar as assim chamadas autoridades espirituais para virem em nosso auxílio, ajudar a conhecer nosso lugar no cosmo. Durante esse processo há um natural crescimento do caráter e da força interior.

Espiritualidade significa a ativação de nossas mais elevadas qualidades, que emergem de dentro para fora. Entre essas qualidades estão a humildade e as mais nobres nuances do amor. São qualidades essencialmente abnegadas e altruístas. Não estão centradas no indivíduo, e sim no outro.

A espiritualidade torna-se cada vez mais proeminente quando descobrimos o significado da vida. Pois, sem significado, a vida permanece medíocre e até mesmo árida. A energia está focada tão somente em coisas materiais e um falso grau de importância pode ser atribuído às buscas do dia a dia. No livro The Conquest of Illusion, J. J. van der Leeuw escreveu: 'Quando compreendemos o eterno significado da vida podemos ver quanto coisa existe que é supérflua e até mesmo danosa; podemos ver quanta coisa existe que pode ser dispensada e deve ser eliminada, mas ao mesmo tempo podemos ver quanta coisa falta, o quanto precisamos.' (...)"

(Linda Oliveira - A renovação da sociedade - Revista Sophia, Ano 8, nº 31 - p. 33)


quinta-feira, 25 de maio de 2017

A AUTÊNTICA ESPIRITUALIDADE (1ª PARTE)

"O que é espiritualidade? O termo tende a ser usado livremente e muitas vezes tem algo de vago. Aliás, poderia ser útil começar fazendo uma consideração sobre o que a espiritualidade não é. Primeiro, não é sinônimo de psiquismo. Hoje em dia  são oferecidas muitas buscas aparentemente espirituais, prometendo coisas maravilhosas. Essas coisas podem puxar as pessoas em muitas direções ao mesmo tempo, mas não satisfazem nossos anseios mais profundos. É provável que as fraquezas de um indivíduo que prematuramente obtém certos poderes psíquicos aumentem em tal situação, levando talvez a um senso inflado de autoimportância, à ilusão de que a pessoa é extraordinariamente especial, com mensagens de grande significação para o mundo.

Um indivíduo assim pode - ou não - ser ético. Em muitos casos, sem verdadeira preparação moral, o desenvolvimento deliberado de poderes psíquicos pode ser inútil. É mais sábio deixar que tais habilidades desabrochem naturalmente no decorrer da evolução, em vez de serem artificialmente aceleradas.

Em segundo lugar, espiritualidade não é algo que pode ser produzido rapidamente, nem pode ser conferida por outro. Em terceiro, a espiritualidade não surge automaticamente só porque a pessoa torna-se culta em questões religiosas; não é algo superficial, resultado da busca egoísta do saber.

Sendo assim, o que é espiritualidade? Primeiro, a espiritualidade autêntica transcende o reino psíquico. É um desejo profundo, genuíno, de se conectar conscientemente com o divino. Quando a espiritualidade é genuína há uma firme convicção da mais profunda sacralidade no interior de toda vida, que se expressa naturalmente num viver ético. No livro The Nature of Nature, Klaus Klostermaier cita o famoso cientista Konrad Lorenz, que via o maior perigo para a humanidade 'não na ameaça nuclear ou na crise ecológica, mas na progressiva decadência e desintegração da ética e da moralidade. (...)"

(Linda Oliveira - A renovação da sociedade - Revista Sophia, Ano 8, nº 31 - p. 32/33)


quarta-feira, 24 de maio de 2017

A RENOVAÇÃO DA SOCIEDADE

"Viajamos à lua, descobrimos evidência de água em Marte, escalamos o Monte Everest e, no fundo dos oceanos, descobrimos formas de vida desconhecidas. Mas há uma outra busca que é a aventura última do ser humano. As questões que caracterizam essa busca transcendem o mundo físico, podem confundir a ciência moderna e não podem ser respondidas por meio de medições físicas, câmaras sofisticadas ou qualquer tecnologia moderna.

O professor Kurt Dressler definiu essa procura como 'a busca fundamental do ser humano por sua essência e o fim de nossa enigmática existência num mundo multifacetado'. Ela pode nos levar à religião, à filosofia ou à ciência. Mas no fim é também uma busca de nossa natureza mais profunda, refletida cada vez mais em nossa espiritualidade emergente. 

O que é uma sociedade? Falando simplesmente, é uma comunidade, um grupo de pessoas. Quando consideramos a sociedade humana podemos reduzi-la da complexidade de muitas instituições e elementos culturais aos seus alicereces essenciais, isto é, aos 6,8 bilhões de pessoas no planeta. O filósofo J. Krishnamurti descreveu a sociedade fundamentalmente como relacionamento: 'Os seres humanos em todo o mundo tentaram criar uma sociedade justa, exterior. Mas a sociedade é nosso relacionamento mútuo.'

Com relação a isso um jornalista da BBC fez um resumo oportuno do século 21, escrevendo que o maior impacto desta década, que estabeleceu o tom e definiu a era, veio de 'você'. Segundo ele, a revista Time acertou quando, em 2006, transformou 'você' na personalidade do ano, colocando um espelho na capa. 'Você', escreveu o jornalista, lutou de maneira crescente contra as instituições que supostamente lhe deveriam representar ou agir em seu interesse. Você perdeu a fé nos bancos, nos políticos e nas companhias que colocaram alimento em sua mesa.' E quando você pode fazer algo a respeito na internet, comentou ele, você floresce. O maior conflito na década que passou, segundo ele, foi entre você e suas expectativas. Em outras palavras, ele vê esta década como de autointeresse, autoexpressão e conflito nos relacionamentos - nesse caso, entre o indivíduo e as instituições sociais. Poderíamos acrescentar que o autointeresse parece ser uma característica mais ou menos perene da humanidade.

Os relacionamentos assumem várias formas. Não apenas nos movemos para o exterior rumo aos outros, como a polaridade da vida também determina que, no tempo devido, devemos nos mover para o interior, através dos campos da nossa consciência, rumo à transcendente fonte da seidade, que Helena Blavatsky chamou de realidade última. Durante milênios, usando meios destrutivos, a humanidade perdeu a inocência; talvez agora se tenha tornado sofisticada demais para seu próprio benefício. Para muitos, no entanto, um relacionamento florescente com o espiritual ajuda a trazer uma perspectiva de vida mais equilibrada."

(Linda Oliveira - A renovação da sociedade - Revista Sophia, Ano 8, nº 31 - p. 30)


terça-feira, 23 de maio de 2017

LEVAR A VIDA A SÉRIO (PARTE FINAL)

"(...) Infelizmente, só uns poucos de nós fazem isso. Talvez agora devemos perguntar a nós mesmos: 'O que de fato consegui realizar na vida?' Com isso quero perguntar: o que de fato compreendemos sobre vida e morte? Fui inspirado pelos relatos obtidos nos estudos sobre a experiência de quase morte, como os dos livros do meu amigo Kenneth Ring e outros. Um número surpreendente de pessoas que sobrevivem a um acidente quase fatal ou a uma experiência de quase morte relata uma 'retrospectiva panorâmica da vida'. Com vividez e acuidade extraordinárias eles revivem os eventos de suas vidas. Às vezes vivem até os efeitos que suas ações tiveram sobre outros, e experienciam as emoções que seus atos provocaram. Um homem chegou a dizer a Kenneth Ring:

Percebi que há coisas que cada pessoa foi enviada à terra para realizar e aprender. Por exemplo, partilhar mais amor, ser mais amorosa com os outros. Descobrir que o mais importante é o relacionamento humano e o amor, e não as coisas da matéria. E entender que cada pequena coisa que se faz na vida é registrada, e mesmo que você passe por ela sem pensar na ocasião, ela sempre vem à tona mais tarde.`

Às vezes a retrospectiva de vida ocorre na companhia de uma presença gloriosa, 'um ser de luz'. O que se destaca em vários testemunhos é que o encontro com esse 'ser' revela que a única finalidade verdadeiramente séria da vida é 'aprender a amar outras pessoas e adquirir conhecimento'.

Conta a pessoa de que fala Raymond Moody: 'Quando a luz apareceu, a primeira coisa que me disse foi: 'Que fez você para mostrar-me que está quites com sua vida?', ou alguma coisa nesse sentido... E sempre assim expressando a importância do amor... Mostrou-se muito interessado também nas coisas relativas ao conhecimento...' Outro contou a Kenneth Ring: 'Alguém me perguntou - mas sem palavras, porque havia uma comunicação mental direta e instantânea - 'Que fez em benefício ou em auxílio da espécie humana?'

O que quer que tenhamos feito de nossas vidas nos faz quem somos quando morremos. E tudo, absolutamente tudo, conta."

(Sogyal Rinpoche - O Livro Tibetano do Viver e do Morrer - Ed. Talento/Ed. Palas Athena, 1999 - p. 44/45


segunda-feira, 22 de maio de 2017

LEVAR A VIDA A SÉRIO (1ª PARTE)

"Talvez somente aqueles que compreendem como a vida é frágil saibam o quanto ela é preciosa. Uma vez fiz parte de uma conferência na Inglaterra em que os participantes eram entrevistados pela BBC. Ao mesmo tempo eles falavam para uma mulher que estava de fato morrendo. Ela estava perturbada pelo medo, porque nunca em sua vida pensara seriamente que a morte era uma realidade. Agora sabia. E tinha só um conselho para aqueles que iam seguir vivendo: levar a vida e a morte muito a sério.

Levar a vida a sério não quer dizer passar a vida inteira meditando, como se vivêssemos nas montanhas do Himalaia ou nos velhos dias no Tibete. No mundo moderno temos que trabalhar e ganhar nosso pão, mas não nos devemos enredar em uma existência das-oito-às-seis onde vivemos sem noção do significado mais profundo da vida. Nossa tarefa é chegar a um equilíbrio, encontrar um caminho do meio, aprender a não nos estendermos além do possível em atividades e preocupações irrelevantes, e simplificar mais e mais nossas vidas. A chave para encontrar um equilíbrio feliz na vida moderna é a simplicidade.

No budismo isso é o que realmente significa disciplina. Em tibetano, o termo para disciplina é tsul trim. Tsul significa 'apropriado ou justo', e trim quer dizer 'regra' ou 'caminho'. Assim, a disciplina é fazer o que é apropriado ou justo, isto é, em uma época excessivamente complexa, simplificar nossas vidas.

A paz de espírito surgirá daí. Haverá mais tempo para tratar das coisas do espírito e do conhecimento que só a verdade espiritual pode trazer, e que podem ajudar a enfrentar a morte. (...)"


(Sogyal Rinpoche - O Livro Tibetano do Viver e do Morrer - Ed. Talento/Ed. Palas Athena, 1999 - p. 44