OBJETIVOS DO BLOGUE

Olá, bem-vindo ao blog "Chaves para a Sabedoria". A página objetiva compartilhar mensagens que venham a auxiliar o ser humano na sua caminhada espiritual. Os escritos contém informações que visam fornecer elementos para expandir o conhecimento individual, mostrando a visão de mestres e sábios, cada um com a sua verdade e experiência. Salientando que a busca pela verdade é feita mediante experiências próprias, servindo as publicações para reflexões e como norte e inspiração na busca da Bem-aventurança. O blog será atualizado com postagens de textos extraídos de obras sobre o tema proposto. Não defendemos nenhuma religião em especial, mas, sim, a religiosidade e a evolução do homem pela espiritualidade. A página é de todos, naveguem a vontade. Paz, luz, amor e sabedoria.

Osmar Lima de Amorim


quinta-feira, 25 de março de 2021

O SIGNIFICADO DA DOR - 3

"A primeira coisa que é necessária a ser realizada pela alma humana, a fim de envolver-se neste grande esforço de descobrir a verdadeira vida, é o mesmo realizado pela criança em seu primeiro desejo de atividade no corpo - ela deve ser capaz de ficar de pé. É claro que o poder de manter-se firme, do equilíbrio, da concentração, da retidão na alma são qualidades de um caráter forte. A palavra que se apresenta mais prontamente como descritida dessas qualidades é 'confiança'.

Permanecer imóvel em meio à vida e às suas mudanças, firme no lugar escolhido, é uma façanha que só pode ser realizada por aquele que confia em si mesmo e em seu destino. Caso contrário, as apressadas formas de vida, a maré apressada dos indivíduos, as grandes inundações de pensamento, inevitavelmente os levarão consigo, e então ele perderá aquele lugar de consciência de onde era possível iniciar o grande empreendimento. Este ato do indivíduo recém-nascido deve ser levado a cabo conscientemente, e sem pressão externa. Todos os grandes da Terra possuíram essa confiança e permaneceram firmemente naquele lugar que para eles era o único ponto sólido no Universo. Para cada indivíduo este lugar é necessariamente diferente. Cada um deve encontrar sua própria terra e seu próprio céu. 

Temos o desejo instintivo de aliviar a dor, mas para isso, como em tudo o mais, trabalhamos externamente. Nós simplesmente a aliviamos; e se fizermos mais, e a expulsarmos da primeira fortaleza escolhida, ela reaparecerá em algum outro lugar com vigor reforçado. Se for finalmente expulsa do Plano Físico por um esforço persistente e bem-sucedido, reaparece nos Planos Mentais ou Emocionais, onde nenhum indivíduo pode tocá-la. Que isto é assim é facilmente visto por aqueles que conectam os vários planos da sensação, e que observam a vida com aquela iluminação adicional. Os seres humanos geralmente consideram essas diferentes formas de sentimento como realmente separadas, ao passo que, na verdade, elas são evidentemente apenas lados diferentes de um centro - o ponto da personalidade. Se aquilo que brota no centro, a fonte da vida, exige alguma ação impeditiva, e consequentemente causa dor, a força assim gerada, sendo expulsa de uma fortaleza deve encontrar outra; não pode ser expulsa. E todas as combinações da vida humana que causam emoção e angústia existem para seu uso e propósitos, da mesma forma aquelas que geram prazer. Ambas têm seu lar no ser humano; ambas exigem sua expressão de direito. O maravilhoso e delicado mecanisno da estrutura humana. é construído para responder ao seu mais leve toque; as extraordinárias complexidades das relações humanas evoluem, por assim dizer, para a satisfação desses dois grandes opostos da alma.

A dor e o prazer estão distantes e separados, assim como ambos os sexos; e é na fusão, tornando os dois em um, que a alegria, a profunda sensação e a paz são obtidas. Onde não há nem macho nem fêmea, nem dor nem prazer, há o deus no indivíduo dominante, e assim é a vida real.

Assim, afirmar esta questão pode ter muito das características do dogmático que pronuncia suas afirmações a partir de um púlpito seguro, sem contradições; porém, é unicamente dogmatismo, como é dogmatismo o registro do esforço de um cientista em uma nova direção. A menos que se possa provar que a existência dos Portais de Ouro é real, e não mera fantasmagoria de visionários fantasiosos, então não vale a pena falar sobre eles. No Século XIX, fatos concretos ou argumentos legítimos só apelam para a mente dos seres humanos; e tanto melhor. Pois, a menos que a vida em que avançamos seja cada vez mais real e efetiva, é inútil o tempo desperdiçado em ir atrás dela. A realidade é a maior necessidade do ser humano, e ele a exige a qualquer custo, a qualquer preço. Então que seja. Ninguém duvida que ele tenha razão. Deixe-nos assim irmos em busca da realidade."

(Mabel Collins - Através dos Portais de Ouro - Ed. Teosófica, Brasília, 2019 - p. 95/98)


terça-feira, 23 de março de 2021

O SIGNIFICADO DA DOR - 2c

"(...) Não podemos encontrar nenhum ponto da escala do ser em que a causação da alma cesse ou possa cessar. A ostra vagarosa deve ter em si mesma aquilo que a faz escolher a vida inativa que leva; ninguém mais pode escolher por ela, mas somente a alma por detrás, o que ela se tornará. De que outra forma ela pode, de algum modo, ser ou estar onde está? Somente pela intervenção de um criador impossível, chamado por um ou outro nome.

É porque o indivíduo é tão ocioso, tão indisposto a assumir ou aceitar a responsabilidade, que ele recorre a um paliativo temporário de um criador. É de fato temporário, pois só dura durante a atividade do poder de um cérebro pessoal que encontra seu lugar entre nós.

Quando o indivíduo deixa essa vida mental para trás, ele necessariamente parte com sua lanterna mágica e as ilusões agradáveis que ele invocou através de sua própria ajuda. Esse movimento deve ser bastante desconfortável, e deve produzir uma sensação de nudez não corrompida por nenhuma outra sensação. Recusando-se a aceitar fantasmas irreais como sendo de carne, osso e poder, ele, aparentemente, também se salva dessa experiência desagradável.

O ser humano gosta de empurrar a responsabilidade não apenas de sua capacidade de pecar e da possibilidade de sua salvação, mas de sua própria vida, sua própria consciência, sobre os ombros do Criador. Ele se contenta com um pobre Criador - aquele que se satisfaz com um universo de fantoches, e diverte-se ao puxar suas cordas. Se ele é capaz de tal prazer, deve estar ainda em sua infância. Talvez seja assim, afinal de contas do Deus dentro de nós está em sua infância, e recusa-se a reconhecer seu elevado estado.

Se, de fato, a alma do ser humano está sujeita às leis do crescimento, da decadência e do renascimento de seu corpo, então não é de admirar sua cegueira. Evidentemente, isso não é assim; pois a alma do ser humano é daquela ordem da vida que origina estrutura e forma, não sendo afetada por tais coisas - daquela ordem da vida que, como a chama pura e abstrata, queima onde for acesa. Isso não é afetado ou alterado pelo tempo, e o crescimento e a decadência são de sua natureza superior. Permanece naquele lugar primitivo, que é o único trono de Deus; aquele lugar de onde emergem as formas de vida e para onde elas retornam. Esse lugar é o ponto central da existência, onde há um ponto permanente de vida, como existe no centro do coração humano. Por meio do desenvolvimento igual - primeiro pelo reconhecimento do mesmo e, então, por seu harmônico desenvolvimento sobre as muitas linhas radiantes da experiência - que o homem é finalmente habilitado a alcançar o Portal de Ouro e erguer o trinco. O processo é o reconhecimento gradual do deus em si mesmo; a meta é alcançada quanto essa divindade é conscientemente restaurada à sua justa glória." 

(Mabel Collins - Através dos Portais de Ouro - Ed. Teosófica, Brasília, 2019 - p. 92/94)


quinta-feira, 18 de março de 2021

O SIGNIFICADO DA DOR - 2b

"(...) O indivíduo do mundo, puro e simples, é de longe o melhor observador prático e filosófico a respeito da vida, porque não está cego pelos preconceitos. Sempre o encontraremos acreditando que colherá aquilo que semeia. E isso é tão evidentemente verdadeiro, que ao ser considerado com uma visão mais ampla, incluindo toda a vida humana, torna compreensível o horrível Nêmesis⁵, que parece perseguir, conscientemente, a raça humana - essa inexorável aparência de dor no meio do prazer.

Os grandes poetas gregos viram essa aparição tão claramente que o registro de suas observações deu a ideia, a nós, observadores mais jovens e mais cegos, desse fato. É improvável que uma raça tão materialista como a que cresceu no Ocidente tenha descoberto por si mesma a existência dessa fator terrível na vida humana, sem a assistência dos poetas mais antigos - os poetas do passado. A propósito, podemos notar nisso um valor distinto do estudo dos clássicos - que grandes ideias e fatos sobre a vida humana, que são inseridos em suas poesias, pelos antiquíssimos anciões, não serão absolutamente perdidos, como acontece em suas artes. 

Sem dúvida o mundo florescerá novamente, e pensamentos mais amplos e descobertas mais profundas do que as do passado serão a glória dos seres humanos que surgirão no futuro; mas até esse longínquo dia chegar, os tesouros deixados não foram demasiadamente valorizados.

Há um aspecto da questão que, à primeira vista, parece positivamente negativo quanto a este modo de pensar; é o sofrimento no corpo físico, aparentemente puro, dos seres ignorantes, das crianças pequenas e dos animais - e a necessidade desesperada do poder, que advém de qualquer tipo de conhecimento, para ajudá-los em seus sofrimentos.

A dificuldade que surge na mente com relação a isso vem da ideia insustentável da separação da alma do corpo. Supõem-se que todos aqueles que olham apenas para a vida material (especialmente os médicos) que o corpo e o cérebro são pares, que convivem lado a lado, e reagem um sobre o outro. Além disso, eles não reconhecem e não admitem nenhuma causa. Esquecem que tanto o cérebro quanto o corpo são evidentemente meros mecanismos, assim como a mão ou o pé. Há o ser interno - a alma - por detrás, usando todos esses mecanismos; e isso é, evidentemente, a verdade, conhecida por todos nós, em relação a todas as existências e também no que diz respeito ao próprio indivíduo. (...)" continua...

⁵. Na mitologia grega, deusa da vingança e da justiça distributiva. (N.E.)

(Mabel Collins - Através dos Portais de Ouro - Ed. Teosófica, Brasília, 2019 - p. 89/92)


terça-feira, 16 de março de 2021

O SIGNIFICADO DA DOR - 2a

"(...) Se a dor é o resultado de um desenvolvimento desigual, de crescimentos monstruosos, de avanços defeituosos em diferentes pontos, por que o ser humano não aprende a lição e esforça-se para desenvolver-se por igual?

Parece-me que a resposta a essa pergunta seria que esta é a verdadeira lição que a raça humana está empenhada em aprender. Talvez isso seja uma afirmação ousada demais a ser feita diante do pensamento comum, que considera o ser humano como criatura do acaso que vive no caos ou como uma alma ligada à inexorável roda da carruagem de um tirano, lançada ao céu ou precipitada no inferno. Mas tal modo de pensar é, afinal de contas, o mesmo que o da criança que considera seus pais os árbitros finais de seus destinos e, de fato, como os deuses ou demônios de seu universo. À medida que cresce, ela deixa de lado essa ideia, descobrindo que é simplesmente uma questão de amadurecimento, que é governante da sua própria vida, como qualquer outro.

Assim é com relação à raça humana. Ela é a governante do mundo, árbitro de seu próprio destino, e não há quem disso discorde. Aquele que fala de providência ou casualidade não se deu ao trabalho de pensar.

O destino, o inevitável, existe na verdade, tanto para a raça como para o indivíduo; mas quem pode declarar isso, senão ele mesmo? Não há nenhuma nuvem no céu ou na terra para a existência de qualquer mandante que não seja o próprio ser humano, que sofre ou desfruta daquilo que ele mesmo ordena. Sabemos tão pouco de nossa própria constituição, somos tão ignorantes de nossas funções divinas que nos é impossível, ainda, saber o quanto somos realmente o próprio destino. Mas sabemos disso pelos eventos - que até onde qualquer percepção alcance, nanhuma dica ainda foi descoberta sobre a existência de um mandante; enquanto que, se concedermos muito pouca atenção à nossa própria vida, a fim de observar a ação do indivíduo em seu futuro, logo percebemos, em operação, esse poder como uma força real. É visível, embora nosso alcance de visão seja muito limitado. (...)" continua...

(Mabel Collins - Através dos Portais de Ouro - Ed. Teosófica, Brasília, 2019 - p. 87/89)


quinta-feira, 11 de março de 2021

O SIGNIFICADO DA DOR - 2

"Se considerarmos cuidadosamente a constituição do ser humano e suas tendências, pareceria haver duas direções definidas nas quais ele cresce. Ele é como uma árvore que cria suas raízes no solo, ao mesmo tempo em que ergue seus novos ramos em direção aos céus. Essas duas linhas que partem de um ponto pessoal e central são claras, definidas e inteligíveis. A uma, ele chama bem, a outra, mal. Mas o indivíduo não é, de acordo com qualquer analogia, observação ou experiência, uma linha reta. Sua vida, seu progresso, seu desenvolvimento, chame-se como queira, não consiste meramente em seguir um caminho reto ou outro, como alegam os filiados às religiões. Toda a questão, o grande problema, seria facilmente resolvido então. Porém, não é tão fácil ir para o inferno como os pregadores declaram ser. É uma tarefa tão difícil quanto encontrar o caminho para o Portal de Ouro.

Um indivíduo pode destruir-se completamente no prazer dos sentidos - ao que parece, pode degradar toda a sua natureza - mas ele falha em tornar-se o diabo perfeito, pois ainda há a centelha da luz divina em seu interior. Ele busca escolher a estrada ampla que leva à destruição, e bravamente entra num impetuoso percurso. Mas logo ele é controlado e surpreendido por uma tendência impulsiva - algumas das muitas outras radiações que saem do centro de si mesmo. Ele sofre, como sofre o corpo quando desenvolve monstruosidades que impedem sua ação saudável. Criou sua dor e tem se encontrado com sua prória criação. Pode parecer que esse argumento é de difícil aplicação em relação à dor física. Não é assim, se o indivíduo é considerado de um ponto de vista mais elevado do que aquele que geralmente ocupamos. Se ele é visto como uma consciência poderosa que forma suas manifestações externas de acordo com seus desejos, então é evidente que a dor física resulta da deformidade desses desejos. Sem dúvida, parecerá a muitas mentes que essa concepção de ser humano é demasiadamente gratuita, e envolve um salto mental muito grande para lugares desconhecidos, onde a prova é inatingível. Mas se a mente está acostumada a encarar a vida deste ponto de vista, muito em breve nenhum outro é aceitável; os fios da existência, que ao observador materialista parecem desesperadamente emaranhados, separam-se e ajustam-se, de modo que uma nova compreensão ilumine o Universo. O criador arbritário e cruel que inflige dor e prazer à vontade então desaparece de cena; e isso é bom, pois ele é realmente um personagem desnecessário, e, pior ainda, é uma mera criatura de palha, que não pode nem mesmo erguer-se sobre as tábuas sem o apoio dos dogmáticos. O ser humano vem a este mundo, certamente, com o mesmo princípio que ele vive em qualquer cidade; em todo caso, se é demais afirmar isso, pode-se perguntar com segurança, por que não é assim? Não existem para isso razões nem pró e nem contra pelas quais os materialistas possam apelar ou que pesariam em um tribunal de justiça; mas eu afirmo isso a favor do argumento - que nenhum indivíduo, tendo uma vez considerado isso seriamente, pode voltar-se às teorias formais dos céticos. Seria o mesmo que se envolver em cueiros, como um recém-nascido. 

Concordando com esse argumento, que o ser humano é uma consciência poderosa, seu próprio criador, seu próprio juiz e que em seu interior reside, potencialmente, toda a vida, até o objetivo final, consideremos, então, as razões pelas quais ele se inflige o sofrimento. (...)" continua... 

(Mabel Collins - Através dos Portais de Ouro - Ed. Teosófica, Brasília, 2019 - p. 84/87)