OBJETIVOS DO BLOGUE

Olá, bem-vindo ao blog "Chaves para a Sabedoria". A página objetiva compartilhar mensagens que venham a auxiliar o ser humano na sua caminhada espiritual. Os escritos contém informações que visam fornecer elementos para expandir o conhecimento individual, mostrando a visão de mestres e sábios, cada um com a sua verdade e experiência. Salientando que a busca pela verdade é feita mediante experiências próprias, servindo as publicações para reflexões e como norte e inspiração na busca da Bem-aventurança. O blog será atualizado com postagens de textos extraídos de obras sobre o tema proposto. Não defendemos nenhuma religião em especial, mas, sim, a religiosidade e a evolução do homem pela espiritualidade. A página é de todos, naveguem a vontade. Paz, luz, amor e sabedoria.

Osmar Lima de Amorim


terça-feira, 30 de março de 2021

O SIGNIFICADO DA DOR - 4

"Uma lição definida aprendida por todos aqueles que sofrem intensamente será de grande utilidade para a nossa consideração. Na dor intensa atinge-se um ponto em que ela é indistinguível do seu oposto, o prazer. Isso é verdade, porém, poucos têm o heroísmo ou a força para sofrer até um grau tão extraordinário. É tão difícil alcançá-lo como é pelo outro caminho. Apenas uns poucos eleitos têm a gigantesca capacidade para o prazer, que lhes permitirá viajar para o seu oposto. A maioria somente tem força suficiente para desfrutar e se tornar escrava do prazer. No entanto, o indivíduo tem indubitavelmente dentro de si o heroísmo necessário para a grande jornada; porém, como é que os mártires sorriram em meio à tortura? Como é que o pecador profundo que vive por prazer pode, finalmente, sentir em si mesmo a inspiração divina?

Em ambos os casos, tem surgido a possibilidade de encontrar o caminho; mas muitas vezes essa possibilidade é eliminada pelo desequilíbrio da natureza sobressaltada. O mártir adquiriu uma paixão pela dor e vive com a ideia de um sofrimento heroico; o pecador se torna cego pela ideia da virtude e a adora como um fim, como um objeto, uma coisa divina em si mesma; visto que somente pode ser divina como uma parte desse todo infinito que inclui tanto o vício quanto a virtude. 

Como é possível dividir o infinito - aquilo que é um? É tão razoável conceder divindade a qualquer objeto, como tomar uma taça de água do oceano e declarar que nela está contido o oceano. Você não pode separá-lo; a água salgada faz parte do imenso mar e assim deve ser; mas mesmo assim você não segura o mar na sua mão. Os seres humanos desejam tão ansiosamente o poder pessoal, que estão prontos para colocar o infinito em uma taça, a ideia divina em uma fórmula - imaginando possuí-la. Estes são apenas aqueles que não podem se levantar e se aproximar dos Portais de Ouro, pois o grande sopro da vida os confunde; são golpeados pelo horror ao descobrir quão enormes são esses Portais. O adorador de um ídolo mantém, em seu coração, a imagem de seu ídolo e sempre queima uma vela diante do mesmo. É o seu ídolo e se compraz com esse pensamento, embora se incline reverentemente diante dele. Quantos seres humanos virtuosos e religiosos não se encontram nesse mesmo estado? Nos recessos da alma, a lâmpada está queimando diante de um deus doméstico - uma coisa possuída por seu adorador e sujeita a ele. Os indivíduos se apegam com desesperada tenacidade a estes dogmas, a estas leis morais, a estes princípios e modos de fé, que são seus deuses domésticos, seus ídolos pessoais. Peça-lhes que queimem a chama incessante em reverência apenas ao infinito, e eles se afastam de você. Seja qual for a maneira como eles desprezam o seu protesto, dentro deles mesmos deixam uma sensação de doloroso vazio. Pois a nobre alma dos seres humanos, aquele poderoso rei que está dentro de todos nós, sabe perfeitamente bem que esse ídolo doméstico pode, em qualquer momento, ser derrubado e destruído - que em si mesmo carece de toda finalidade, sem nenhuma vida real e absoluta. E ele se contentou em possuí-lo, esquecendo-se de que tudo que é possuído só pode ser mantido, temporariamente, pelas leis imutáveis da vida. Ele esqueceu que o infinito é seu único amigo; esqueceu que em sua glória está seu único lar - que somente ele pode ser seus deus. Lá ele se sente como se fosse desamparado; mas, entre os sacrifícios que oferece ao seu próprio e especial ídolo, ele encontra um breve local de descanso; e por isso se apega apaixonadamente ao ídolo. (...)" continua...

(Mabel Collins - Através dos Portais de Ouro - Ed. Teosófica, Brasília, 2019 - p. 99/102)
www.editorateosofica.com.br 


quinta-feira, 25 de março de 2021

O SIGNIFICADO DA DOR - 3

"A primeira coisa que é necessária a ser realizada pela alma humana, a fim de envolver-se neste grande esforço de descobrir a verdadeira vida, é o mesmo realizado pela criança em seu primeiro desejo de atividade no corpo - ela deve ser capaz de ficar de pé. É claro que o poder de manter-se firme, do equilíbrio, da concentração, da retidão na alma são qualidades de um caráter forte. A palavra que se apresenta mais prontamente como descritida dessas qualidades é 'confiança'.

Permanecer imóvel em meio à vida e às suas mudanças, firme no lugar escolhido, é uma façanha que só pode ser realizada por aquele que confia em si mesmo e em seu destino. Caso contrário, as apressadas formas de vida, a maré apressada dos indivíduos, as grandes inundações de pensamento, inevitavelmente os levarão consigo, e então ele perderá aquele lugar de consciência de onde era possível iniciar o grande empreendimento. Este ato do indivíduo recém-nascido deve ser levado a cabo conscientemente, e sem pressão externa. Todos os grandes da Terra possuíram essa confiança e permaneceram firmemente naquele lugar que para eles era o único ponto sólido no Universo. Para cada indivíduo este lugar é necessariamente diferente. Cada um deve encontrar sua própria terra e seu próprio céu. 

Temos o desejo instintivo de aliviar a dor, mas para isso, como em tudo o mais, trabalhamos externamente. Nós simplesmente a aliviamos; e se fizermos mais, e a expulsarmos da primeira fortaleza escolhida, ela reaparecerá em algum outro lugar com vigor reforçado. Se for finalmente expulsa do Plano Físico por um esforço persistente e bem-sucedido, reaparece nos Planos Mentais ou Emocionais, onde nenhum indivíduo pode tocá-la. Que isto é assim é facilmente visto por aqueles que conectam os vários planos da sensação, e que observam a vida com aquela iluminação adicional. Os seres humanos geralmente consideram essas diferentes formas de sentimento como realmente separadas, ao passo que, na verdade, elas são evidentemente apenas lados diferentes de um centro - o ponto da personalidade. Se aquilo que brota no centro, a fonte da vida, exige alguma ação impeditiva, e consequentemente causa dor, a força assim gerada, sendo expulsa de uma fortaleza deve encontrar outra; não pode ser expulsa. E todas as combinações da vida humana que causam emoção e angústia existem para seu uso e propósitos, da mesma forma aquelas que geram prazer. Ambas têm seu lar no ser humano; ambas exigem sua expressão de direito. O maravilhoso e delicado mecanisno da estrutura humana. é construído para responder ao seu mais leve toque; as extraordinárias complexidades das relações humanas evoluem, por assim dizer, para a satisfação desses dois grandes opostos da alma.

A dor e o prazer estão distantes e separados, assim como ambos os sexos; e é na fusão, tornando os dois em um, que a alegria, a profunda sensação e a paz são obtidas. Onde não há nem macho nem fêmea, nem dor nem prazer, há o deus no indivíduo dominante, e assim é a vida real.

Assim, afirmar esta questão pode ter muito das características do dogmático que pronuncia suas afirmações a partir de um púlpito seguro, sem contradições; porém, é unicamente dogmatismo, como é dogmatismo o registro do esforço de um cientista em uma nova direção. A menos que se possa provar que a existência dos Portais de Ouro é real, e não mera fantasmagoria de visionários fantasiosos, então não vale a pena falar sobre eles. No Século XIX, fatos concretos ou argumentos legítimos só apelam para a mente dos seres humanos; e tanto melhor. Pois, a menos que a vida em que avançamos seja cada vez mais real e efetiva, é inútil o tempo desperdiçado em ir atrás dela. A realidade é a maior necessidade do ser humano, e ele a exige a qualquer custo, a qualquer preço. Então que seja. Ninguém duvida que ele tenha razão. Deixe-nos assim irmos em busca da realidade."

(Mabel Collins - Através dos Portais de Ouro - Ed. Teosófica, Brasília, 2019 - p. 95/98)


terça-feira, 23 de março de 2021

O SIGNIFICADO DA DOR - 2c

"(...) Não podemos encontrar nenhum ponto da escala do ser em que a causação da alma cesse ou possa cessar. A ostra vagarosa deve ter em si mesma aquilo que a faz escolher a vida inativa que leva; ninguém mais pode escolher por ela, mas somente a alma por detrás, o que ela se tornará. De que outra forma ela pode, de algum modo, ser ou estar onde está? Somente pela intervenção de um criador impossível, chamado por um ou outro nome.

É porque o indivíduo é tão ocioso, tão indisposto a assumir ou aceitar a responsabilidade, que ele recorre a um paliativo temporário de um criador. É de fato temporário, pois só dura durante a atividade do poder de um cérebro pessoal que encontra seu lugar entre nós.

Quando o indivíduo deixa essa vida mental para trás, ele necessariamente parte com sua lanterna mágica e as ilusões agradáveis que ele invocou através de sua própria ajuda. Esse movimento deve ser bastante desconfortável, e deve produzir uma sensação de nudez não corrompida por nenhuma outra sensação. Recusando-se a aceitar fantasmas irreais como sendo de carne, osso e poder, ele, aparentemente, também se salva dessa experiência desagradável.

O ser humano gosta de empurrar a responsabilidade não apenas de sua capacidade de pecar e da possibilidade de sua salvação, mas de sua própria vida, sua própria consciência, sobre os ombros do Criador. Ele se contenta com um pobre Criador - aquele que se satisfaz com um universo de fantoches, e diverte-se ao puxar suas cordas. Se ele é capaz de tal prazer, deve estar ainda em sua infância. Talvez seja assim, afinal de contas do Deus dentro de nós está em sua infância, e recusa-se a reconhecer seu elevado estado.

Se, de fato, a alma do ser humano está sujeita às leis do crescimento, da decadência e do renascimento de seu corpo, então não é de admirar sua cegueira. Evidentemente, isso não é assim; pois a alma do ser humano é daquela ordem da vida que origina estrutura e forma, não sendo afetada por tais coisas - daquela ordem da vida que, como a chama pura e abstrata, queima onde for acesa. Isso não é afetado ou alterado pelo tempo, e o crescimento e a decadência são de sua natureza superior. Permanece naquele lugar primitivo, que é o único trono de Deus; aquele lugar de onde emergem as formas de vida e para onde elas retornam. Esse lugar é o ponto central da existência, onde há um ponto permanente de vida, como existe no centro do coração humano. Por meio do desenvolvimento igual - primeiro pelo reconhecimento do mesmo e, então, por seu harmônico desenvolvimento sobre as muitas linhas radiantes da experiência - que o homem é finalmente habilitado a alcançar o Portal de Ouro e erguer o trinco. O processo é o reconhecimento gradual do deus em si mesmo; a meta é alcançada quanto essa divindade é conscientemente restaurada à sua justa glória." 

(Mabel Collins - Através dos Portais de Ouro - Ed. Teosófica, Brasília, 2019 - p. 92/94)


quinta-feira, 18 de março de 2021

O SIGNIFICADO DA DOR - 2b

"(...) O indivíduo do mundo, puro e simples, é de longe o melhor observador prático e filosófico a respeito da vida, porque não está cego pelos preconceitos. Sempre o encontraremos acreditando que colherá aquilo que semeia. E isso é tão evidentemente verdadeiro, que ao ser considerado com uma visão mais ampla, incluindo toda a vida humana, torna compreensível o horrível Nêmesis⁵, que parece perseguir, conscientemente, a raça humana - essa inexorável aparência de dor no meio do prazer.

Os grandes poetas gregos viram essa aparição tão claramente que o registro de suas observações deu a ideia, a nós, observadores mais jovens e mais cegos, desse fato. É improvável que uma raça tão materialista como a que cresceu no Ocidente tenha descoberto por si mesma a existência dessa fator terrível na vida humana, sem a assistência dos poetas mais antigos - os poetas do passado. A propósito, podemos notar nisso um valor distinto do estudo dos clássicos - que grandes ideias e fatos sobre a vida humana, que são inseridos em suas poesias, pelos antiquíssimos anciões, não serão absolutamente perdidos, como acontece em suas artes. 

Sem dúvida o mundo florescerá novamente, e pensamentos mais amplos e descobertas mais profundas do que as do passado serão a glória dos seres humanos que surgirão no futuro; mas até esse longínquo dia chegar, os tesouros deixados não foram demasiadamente valorizados.

Há um aspecto da questão que, à primeira vista, parece positivamente negativo quanto a este modo de pensar; é o sofrimento no corpo físico, aparentemente puro, dos seres ignorantes, das crianças pequenas e dos animais - e a necessidade desesperada do poder, que advém de qualquer tipo de conhecimento, para ajudá-los em seus sofrimentos.

A dificuldade que surge na mente com relação a isso vem da ideia insustentável da separação da alma do corpo. Supõem-se que todos aqueles que olham apenas para a vida material (especialmente os médicos) que o corpo e o cérebro são pares, que convivem lado a lado, e reagem um sobre o outro. Além disso, eles não reconhecem e não admitem nenhuma causa. Esquecem que tanto o cérebro quanto o corpo são evidentemente meros mecanismos, assim como a mão ou o pé. Há o ser interno - a alma - por detrás, usando todos esses mecanismos; e isso é, evidentemente, a verdade, conhecida por todos nós, em relação a todas as existências e também no que diz respeito ao próprio indivíduo. (...)" continua...

⁵. Na mitologia grega, deusa da vingança e da justiça distributiva. (N.E.)

(Mabel Collins - Através dos Portais de Ouro - Ed. Teosófica, Brasília, 2019 - p. 89/92)


terça-feira, 16 de março de 2021

O SIGNIFICADO DA DOR - 2a

"(...) Se a dor é o resultado de um desenvolvimento desigual, de crescimentos monstruosos, de avanços defeituosos em diferentes pontos, por que o ser humano não aprende a lição e esforça-se para desenvolver-se por igual?

Parece-me que a resposta a essa pergunta seria que esta é a verdadeira lição que a raça humana está empenhada em aprender. Talvez isso seja uma afirmação ousada demais a ser feita diante do pensamento comum, que considera o ser humano como criatura do acaso que vive no caos ou como uma alma ligada à inexorável roda da carruagem de um tirano, lançada ao céu ou precipitada no inferno. Mas tal modo de pensar é, afinal de contas, o mesmo que o da criança que considera seus pais os árbitros finais de seus destinos e, de fato, como os deuses ou demônios de seu universo. À medida que cresce, ela deixa de lado essa ideia, descobrindo que é simplesmente uma questão de amadurecimento, que é governante da sua própria vida, como qualquer outro.

Assim é com relação à raça humana. Ela é a governante do mundo, árbitro de seu próprio destino, e não há quem disso discorde. Aquele que fala de providência ou casualidade não se deu ao trabalho de pensar.

O destino, o inevitável, existe na verdade, tanto para a raça como para o indivíduo; mas quem pode declarar isso, senão ele mesmo? Não há nenhuma nuvem no céu ou na terra para a existência de qualquer mandante que não seja o próprio ser humano, que sofre ou desfruta daquilo que ele mesmo ordena. Sabemos tão pouco de nossa própria constituição, somos tão ignorantes de nossas funções divinas que nos é impossível, ainda, saber o quanto somos realmente o próprio destino. Mas sabemos disso pelos eventos - que até onde qualquer percepção alcance, nanhuma dica ainda foi descoberta sobre a existência de um mandante; enquanto que, se concedermos muito pouca atenção à nossa própria vida, a fim de observar a ação do indivíduo em seu futuro, logo percebemos, em operação, esse poder como uma força real. É visível, embora nosso alcance de visão seja muito limitado. (...)" continua...

(Mabel Collins - Através dos Portais de Ouro - Ed. Teosófica, Brasília, 2019 - p. 87/89)