OBJETIVOS DO BLOGUE

Olá, bem-vindo ao blog "Chaves para a Sabedoria". A página objetiva compartilhar mensagens que venham a auxiliar o ser humano na sua caminhada espiritual. Os escritos contém informações que visam fornecer elementos para expandir o conhecimento individual, mostrando a visão de mestres e sábios, cada um com a sua verdade e experiência. Salientando que a busca pela verdade é feita mediante experiências próprias, servindo as publicações para reflexões e como norte e inspiração na busca da Bem-aventurança. O blog será atualizado com postagens de textos extraídos de obras sobre o tema proposto. Não defendemos nenhuma religião em especial, mas, sim, a religiosidade e a evolução do homem pela espiritualidade. A página é de todos, naveguem a vontade. Paz, luz, amor e sabedoria.

Osmar Lima de Amorim


terça-feira, 15 de março de 2022

A TRÍADE DO EU ESPIRITUAL

"O Eu Interior - Manas Superior e  Buddhi - existe como o poder, a energia por trás de toda ação. Ele está imóvel, em paz, em harmonia e em unidade. Não tem senso de existência separada por conta própria. Está em harmonia com seu Mestre, com a Hierarquia, com o Eu universal. Ele vive apenas para promover a vontade única, o Ãtmã.

O eu exterior é apenas a crosta do Interior, a máscara, a concha. É o oposto do caráter do Interno, pois nele a matéria predomina e está no arco descendente para a substância material. O Eu Interior é espiritual, o eu exterior, material. O interior está presente no exterior. Yoga leva à união desses dois, ao domínio do exterior pelo interior e à transferência da consciência das limitações do inferior para o superior. Portanto, o Yoga é a única solução para os problemas da vida.¹⁵

A justificativa para a disciplina é que, com a indulgência, a submissão ocorre em nível mais baixo, para a matéria, enquanto na disciplina, o espírito domina. Toda vitória na conduta da vida fortalece o poder do Eu Interior sobre o eu exterior e acelera o tempo de sua completa ascendência. Portanto, a disciplina deve fazer parte do Yoga. A disciplina enfrenta e resolve problemas a partir do exterior; a experiência da identificação os resolve a partir de dentro e, além disso, leva o aspirante constantemente em direção ao objetivo do Adeptado. 

Até o momento do despertar, o Eu Exterior tenta perpetuamente escapar do Eu Interior. Toda indulgência é uma escapada do 'cão de caça do céu'¹⁶. Mas o 'Grande Amante' sempre aparece e, no final, o eu exterior é capturado pelo Espírito. 

O início do Yoga é a cessação das tentativas de fuga e o começo do casamento celestial. O início desse 'noivado', a prática do Yoga, é como a trajetória de um cometa, um sol para dominar, destruir e ainda assim criar. Mesmo assim o Eu Interior e a consciência elevada do exterior permanecem perfeitamente calmos, ainda que expectantes. Não há medo depois que o despertar ocorre, somente a ânsia alegre de se fundir no Espírito, de ser recriado de ser livre."

¹⁵ Yoga, the Path, and Selfess Serviço (Yoga, o Caminho e o Serviço Altruísta) p. 126-8.
¹⁶ Francis Thompson, O Cão de Caça do Céu.

(Geoffrey Hodson - A Vida do Iniciado - Editora Teosófica, Brasília, 2021 - p. 34/35)


quinta-feira, 10 de março de 2022

O TREINAMENTO DA MENTE

"Treinar a mente em qualquer direção é treiná-la completamente até certo ponto, pois qualquer tipo definido de treino organiza a matéria mental da qual o corpo mental é composto, e também chama a atenção para alguns dos poderes do Conhecedor. A capacidade aumentada pode ser direcionada para qualquer fim, e está disponível para todas as finalidades. Uma mente treinada pode ser aplicada a um novo assunto, e irá lutar com ele e dominá-lo de uma forma impossível para os não treinados, e isto é o uso da educação. 

Mas deve ser sempre recordado que a preparação da mente não consiste em abarrotá-la de fatos, mas sim em delinear os seu poderes. A mente não cresce ao ser abarrotada com os pensamentos de outras pessoas, mas sim ao exercer as suas próprias faculdades. Diz-se dos grandes Mestres, que se encontram à frente da evolução humana, que Eles sabem tudo o que existe dentro do Sistema Solar. Isso não significa que todos os fatos que aí se encontram estejam sempre dentro da Sua consciência, mas sim que eles desenvolveram o aspecto do conhecimento em Si mesmos que, sempre que viram Sua atenção em qualquer direção, Eles tomam conhecimento do objeto para o qual estão se virando. Isto é muito maior do que o armazenamento na mente de qualquer número de fatos, pois é uma grande coisa ver qualquer objeto sobre o qual se vira o olho, do que estar cego e conhecê-lo apenas pela descrição que lhe é dada por outros. A evolução da mente não se mede pelas imagens que ela contém, mas pelo desenvolvimento da natureza que é o conhecimento, o poder de reproduzir dentro de si tudo o que lhe é apresentado. Isto será tão útil em qualquer outro universo como neste, e, uma vez adquirido, é nosso para o utilizarmos onde quer que estejamos."

(Annie Besant - O Poder do Pensamento - Ed.; Teosófica, Brasília, 2021 - p. 85/86)


terça-feira, 8 de março de 2022

DESISTINDO DO RELACIONAMENTO CONSIGO MESMO

"Iluminado ou não, no nível da sua identidade com a forma você não está completo. Você á a metade do todo. E isso é percebido como a atração homem-mulher, o movimento em direção à polaridade oposta de energia, não importa qual seja o seu nível de consciência. Mas, nesse estado de conexão interior, você percebe essa atração em algum lugar sob a superfície ou na periferia da sua vida. 

Isso não significa que você não se relaciona profundamente com outras pessoas ou com o seu parceiro. Na verdade, você só consegue se relacionar se tiver consciência do Ser. Partindo do Ser, você é capaz de enxergar além do véu da forma. No Ser, homem e mulher são uma unidade. A sua forma pode continuar a ter algumas necessidades, mas o Ser não tem nenhuma. Já está completo e inteiro. Se essas necessidades forem preenchidas, será ótimo, mas não faz diferença para o seu estado interior mais profundo. 

Portanto, caso a necessidade de uma polaridade masculina ou feminina não seja preenchida, é perfeitamente possível para uma pessoa iluminada perceber que falta alguma coisa no nível externo e, ao mesmo tempo, sentir-se totalmente completa e satisfeita no nível interno.

Se você não consegue ficar à vontade consigo mesmo, vai procurar um relacionamento para encobrir o seu desconforto. Só que esse desconforto vai reaparecer de alguma outra forma no relacionamento, e você, provavelmente, atribuirá a responsabilidade ao seu parceiro.

TUDO O QUE você precisa fazer é aceitar esse momento plenamente. Você estará então à vontade no aqui e agora e à vontade consigo mesmo.

Mas será que você precisa ter um relacionamento com você mesmo? Por que não ser apenas você? Quando se relaciona com você mesmo, já se dividiu em dois: 'eu' e 'eu mesmo', sujeito e objeto. Essa dualidade criada pela mente é a raiz de toda uma complexidade desnecessária, de todos os problemas e conflitos em sua vida. 

No estado de iluminação, você é você mesmo - 'você' e 'você mesmo' se fundem em um só. Você não se julga, não sente pena de si, não se orgulha de si, não se ama, não se odeia, etc. A divisão provocada pela consciência está curada; sua maldição, removida. Não existe um 'você mesmo' que seja preciso proteger, defender ou alimentar. 

Quando você está iluminado, não tem mais um relacionamento consigo mesmo. Uma vez que tenha aberto mão disso, todos os seus outros relacionamentos serão de amor."

(Eckhart Tolle - Praticando o Poder do Agora - GMT Editores Ltda., 2016 - p. 94/95)


quinta-feira, 3 de março de 2022

O NÃO EU COMO O COGNOSCÍVEL

"O Eu cuja 'natureza é conhecimento' encontra espelhado dentro de si um vasto número de formas, e aprende por experiência que não pode conhecer e agir e manifestar a vontade através delas. Estas formas, ele descobre, não são passíveis de controle como é a forma da qual ele primeiro se torna consciente, e que ele (erroneamente, e ainda assim necessariamente) aprende a identificar-se consigo mesmo. Ele sabe, e elas não pensam; ele manifesta a vontade, e elas não mostram nenhum desejo; ele energiza, e não há nelas nenhum movimento responsivo. Ele não pode dizer a partir delas: 'Eu sei', 'Eu ajo', Eu quero'; e reconhece-as longamente como outros eus, em formas minerais, vegetais, animais, humanas e super-humanas, e generaliza tudo isto sob um termo abrangente, o Não Eu, aquilo no qual como um Eu separado, não é, não sabe, mas age, e manifesta a vontade. Ele responde assim, durante muito tempo, à pergunta: 

'O que é o Não Eu?

Em tudo o que eu não conheço, não quero e não ajo.'

E embora verdadeiramente, em análises sucessivas, ele venha a descobrir que os seus veículos, um após outro, salvo de fato, a mais sutil película que faz dele um Eu - são parte do Não Eu, são objetos do Conhecimento, são o Cognoscível, não o Conhecedor, para todos os fins práticos a sua resposta é correta. De fato, ele nunca poderá conhecer, como separado de si mesmo, esta película mais sutil que faz dele um Eu separado, uma vez que a sua presença é necessária a essa separação, e conhecê-lo como o Não Eu seria fundir-se no todo." 

(Annie Besant - O Poder do Pensamento - Ed. Teosófica, Brasília, 2021 - p. 17/18)
Imagem; Pinterest.


terça-feira, 1 de março de 2022

O EU¹ COMO O CONHECEDOR

"Ao estudarmos a natureza do homem, separamos os veículo que ele utiliza: o Eu vivo do envoltório com o qual está revestido. O Eu é um, por mais variadas que sejam as formas da sua manifestação, quando trabalha através de, por meio dos diferentes tipos de matéria. É certamente verdade que existe apenas Um Eu no sentido mais completo das palavras: assim como raios irradiam do sol os vários 'Eus', que são os verdadeiros Homens, que são apenas raios do Eu Supremo, e cada Eu pode sussurrar: 'Eu sou Ele'. Mas para o nosso presente propósito, tomando um único raio, podemos afirmar também quanto à sua separação, à sua própria unidade inerente, ainda que esteja oculta pelas suas formas. A consciência é uma unidade, e as divisões que fazemos nela ou são para fins de estudo, ou são ilusões, devido à limitação do nosso poder perceptivo pelos órgãos através dos quais ela trabalha nos mundos inferiores. O fato das manifestações do Eu procederem diferenciadamente a partir dos seus três aspectos de conhecer, querer e energizar - dos quais surgem vários pensamentos, desejos e ações - não nos deve cegar quanto ao outro fato de que não há divisão de substância; o Eu todo conhece, o Eu todo quer, o Eu todo age. Nem as funções estão totalmente separadas; pois quando ele sabe, também age e quer; quando age, também sabe e quer; quando quer, também age e sabe. Uma função é predominante, e por vezes a tal ponto que veda totalmente as outras; mas mesmo na concentração mais intensa do conhecer - a mais separada das três - há sempre uma energização latente e uma vontade latente, que é tão discernível quanto presente através de uma análise cuidadosa. 

Nós temos chamado a estes três 'os três aspectos do Eu'; uma explicação um pouco mais profunda nos ajuda a compreender. Quando o Eu está tranquilo, então é manifestado o aspecto do Conhecimento, capaz de assumir a semelhança de qualquer objeto apresentado. Quando o Eu está concentrado, com a intenção de mudar de estado, aparece então o aspecto da Vontade. Quando o Eu, em presença de qualquer objeto, põe energia para contatar com esse objeto, então revela o aspecto da Ação. Ver-se-á assim que estes três não são divisões separadas do Eu, não são três coisas unidas em uma ou compostas, mas que existe um Todo indivisível, que se manifesta de três maneiras. 

Não é fácil clarificar a concepção fundamental do Eu mais além do que através da sua mera designação. O Eu é aquela consciência, sentimento, Um sempre existente, que em cada um de nós se conhece como existente. Nenhum homem pode jamais pensar em si próprio como não existente, ou formular-se a si próprio como não existente, ou formular-se a si próprio em consciência como 'Eu não sou'. Como Bhagavam Das expressou: 'O Eu é a primeira base indispensável da vida. ...  Nas palavras de Vachaspati-Mishra, no seu Comentário² (o Bhamati) sobre a Shariraka-Bhashya, de Shankaracharya: 'Ninguém duvida 'Sou Eu?' ou 'Não sou Eu?'. 'A Autoafirmação "Eu sou' 'vem antes de tudo, está acima e além de qualquer argumento. Nenhuma prova pode fazer isso; mais ainda, nenhuma contraprova pode enfraquecer isso. Tanto a prova como a contraprova se encontraram no 'Eu sou', o Sentimento de mera Existência não analisável, do qual nada pode ser afirmado, exceto o aumento e a diminuição. 'Eu sou mais' é a expressão do Prazer; 'Eu sou menos' é a expressão da Dor. 

Quando observamos este 'Eu sou', descobrimos que ele se expressa de três maneiras diferentes: (a) a reflexão interna de um Não Eu, CONHECIMENTO, a raiz dos pensamentos; (b) a concentração interna, VONTADE, a raiz dos desejos; (c) o ir para o externo, ENERGIA, a raiz das ações; 'Eu Sei' ou 'Eu penso', 'Eu quero', ou 'Eu desejo', 'Eu energizo' ou 'Eu ajo'. Estas são as três afirmações do Eu indivisível, do 'Eu sou'. Todas as manifestações podem ser classificadas sob uma ou outra destas três titulações; o Eu manifesta-se em nosso mundo apenas nestas três formas; como todas as cores surgem das três primárias, assim as inúmeras manifestações do Eu surgem todas da Vontade, da Energia, do Conhecimento.

O Eu como Aquele que Quer, o Eu como Energizador, o Eu como Conhecedor - ele é o Único na Eternidade e também a raiz da individualidade no Tempo e no Espaço. É o Eu no aspecto do Pensamento, o Eu como Conhecedor, que temos de estudar." 

¹ No original em inglês: Self, que foi traduzido neste livro por Eu (Eu superior). (Nota Ed. Bras.).
² The Science of the Emotions (A Ciência das Emoções), p. 20 da edição em inglês.

(Annie Besant - O Poder do Pensamento - Ed. Teosófica, Brasília, 2021 - p. 14/17)
Imagem: Pinterest, Cachoeira de Seljalandsfoss, na Islândia.