OBJETIVOS DO BLOGUE

Olá, bem-vindo ao blog "Chaves para a Sabedoria". A página objetiva compartilhar mensagens que venham a auxiliar o ser humano na sua caminhada espiritual. Os escritos contém informações que visam fornecer elementos para expandir o conhecimento individual, mostrando a visão de mestres e sábios, cada um com a sua verdade e experiência. Salientando que a busca pela verdade é feita mediante experiências próprias, servindo as publicações para reflexões e como norte e inspiração na busca da Bem-aventurança. O blog será atualizado com postagens de textos extraídos de obras sobre o tema proposto. Não defendemos nenhuma religião em especial, mas, sim, a religiosidade e a evolução do homem pela espiritualidade. A página é de todos, naveguem a vontade. Paz, luz, amor e sabedoria.

Osmar Lima de Amorim


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quinta-feira, 11 de dezembro de 2025

A RELIGIÃO NOS 'LIGA' ÀS LEIS BENEVOLENTES

"A palavra 'religião' deriva do latim religare: ligar. O que liga? Quem é ligado? E por quê? Afastando qualquer explicação ortodoxa, é lógico que 'nós' é que somos ligados. O que nos liga? Nenhuma corrente ou algema, é claro. Pode-se dizer que a religião nos liga apenas por suas regras, leis ou preceitos. E por quê? Para nos fazer escravos? Para nos privar de nosso direito inato a liberdade de pensar e agir? Isso não é razoável. Assim como a religião precisa ter um motivo suficiente, também seu motivo para 'ligar-nos' precisa ser bom. Qual é esse motivo? A única resposta racional que podemos dar é que a religião nos liga por meio de regras, leis e preceitos para não degenerarmos, para não cairmos no sofrimento seja ele físico, mental ou espiritual.

O sofrimento físico e mental já o conhecemos. Mas o que é o sofrimento espiritual? É ignorar o Espírito. O sofrimento espiritual está sempre presente em toda criatura limitada, embora muitas vezes sem ser notado, enquanto a dor física e mental vai e vem. Que outro motivo da palavra 'ligar', senão o acima mencionado, podemos atribuir à religião que não seja ilógico ou repulsivo? Obviamente, os outros motivos, se existem, precisam estar subordinados ao acima exposto.

Não é a definição de religião dada no início consistente com o motivo acima mencionado da palavra 'ligar', o significado fundamental da religião? Dissemos que a religião consiste, em parte, na erradicação definitiva da dor, da infelicidade e do sofrimento. Bem, a religião não pode consistir meramente em suprimir alguma coisa, como a dor, mas precisa consistir também na aquisição de algo mais. Não pode ser puramente negativa, mas precisa ser também positiva. Como poderemos nos livrar permanentemente da dor sem aderir a seu oposto, a Bem-aventurança? Embora a Bem-aventurança não seja exatamente o oposto da dor, é de qualquer modo um estado de consciência positivo, no qual podemos nos refugiar afim de evitar a dor. É claro que não podemos ficar para sempre suspensos na atmosfera de um sentimento neutro, que não seja dor ou seu oposto. Repito que a religião consiste não apenas em evitar o sofrimento e a infelicidade, mas também em alcançar a Bem-aventurança ou Deus (...).

Examinando, então, o motivo do significado fundamental da religião (ligar) chegamos à mesma definição de religião que havíamos alcançado antes, ao analisar a motivação das ações humanas."

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terça-feira, 9 de dezembro de 2025

DEPENDÊNCIA

"Nossa autonomia, tanto física, emocional, mental como espiritual, está diretamente ligada às nossas conquistas e descobertas íntimas.

As dificuldades de nosso desenvolvimento e crescimento espiritual se devem ao fato de que nem sempre conseguimos encontrar com facilidade nossa própria maneira de viver e evoluir. Cada um de nós está destinado a participar de uma maneira específica e peculiar na obra da criação. Entretanto, é imprescindível compreendermos nosso valor pessoal como seres originais, ou seja, criados por Deus 'sob medida', percorrendo, particularmente, nosso caminho e assumindo por completo a responsabilidade pelo nosso próprio crescimento espiritual.

Ser nós mesmos é tomar decisões, não para agradar os outros que nos observam, mas porque estamos usando, consciente e responsavelmente, nossa capacidade de ser, sentir, pensar e agir.

Ser nós mesmos é eliminar os traços de dependência que nos atam às outras pessoas. Não nos esquecendo, porém, de respeitar-lhes a liberdade e a individualidade e de defender também a nossa, sem o medo de ficar só e desamparado.

Ser nós mesmos é viver na própria 'simplicidade de ser', libertos da vaidosa e dissimulada autossatisfação, que consiste em fazer gênero de 'diferente' perante os outros, a fim de ostentar uma aparência de 'personalidade marcante'.

Ser nós mesmos é acreditar em nosso poder pessoal, elaborando um mapa para nossos objetivos e percorrendo os caminhos necessários para atingi-los.

No Novo Testamento, capítulo 7, versículo 13, assim escreveu Mateus em seus apontamentos: 'Entrai pela porta estreita, porque larga é a porta e espaçoso o caminho que leva a perdição...'

Pelo fato de a porta ser estreita, deveremos atravessá-la - um de cada vez completamente sozinhos, acompanhados apenas pelo mundo de nossos pensamentos e conquistas íntimas.

A 'porta é estreita', porque ainda não entendemos que, mesmo vivendo em comunidade, estaremos vivendo, essencialmente, com nós mesmos, pois para transpor essa porta é preciso aprender a arte de 'ser'.

Efetivamente, atingiremos nossa independência quando percebermos a inutilidade dos passatempos, das viagens, do convencionalismo da etiqueta, do consumismo que fazemos somente para conquistar a aprovação dos outros, e não porque decorrem de nossa livre vontade.

Eliminar o domínio, a autoridade ou a influência das ideias, das pessoas, das diversões, dos instintos, do trabalho e dos lugares não significa que precisamos extirpar ou abandonar completamente todas essas coisas, mas somente a dependência. Podemos nos ocupar desses assuntos quando bem quisermos, conforme nossas necessidades e conveniências, sem a escravidão do condicionamento doentio.

Passar por esse 'trajeto restrito' é ter a coragem de romper as amarras internas e externas que nos impedem a conquista da liberdade. Perguntemo-nos: quantos dos nossos atos e atitudes são subprodutos de nossas dependências estruturadas na subordinação da sociedade? A submissão social tem sua base inicial na busca de aprovação dos outros, colocando os indivíduos na posição de permanentes escravos e pedintes do aplauso hipócrita e do verniz da lisonja.

A travessia desse 'longo caminho ermo' nos levará ao Reino dos Céus, estruturado e localizado na essência de nós mesmos. Para tanto, devemos recordar-nos de que as Leis Divinas estão escritas na nossa consciência, cabendo-nos aprender a interpretá-las em nós e por nós mesmos.

Jesus Cristo, constantemente, referia-se a esse Reino Interior como sendo a morada de Deus em nós. Por voltarmos costumeiramente nossos olhos para fora, e não para dentro de nós mesmos, é que nunca conseguimos vislumbrar as riquezas de nosso mundo interior.

Mateus prossegue em seus comentários dizendo: '...apertado é o caminho que leva à vida, e poucos há que o encontrem.' Por 'vida' devemos entender não apenas a manutenção da vida biológica na Terra, que é passageira e fugaz, mas a plenitude da Vida Superior, iniciada sobretudo na vivência do mundo interior.

Nossa autonomia, tanto física, emocional, mental como espiritual, está diretamente ligada às nossas conquistas e descobertas íntimas. Nossa tão almejada realização interior está relacionada com o conhecimento de nós mesmos.

'Apertado é o caminho', porque exige esforços importantes para que possamos eliminar nossos laços de dependência neurótica, os quais nos condicionam a viver sem usufruir nossa liberdade interior, aceitando ser manipulados pelos juízos e opiniões alheias.

A liberdade se inicia no pensamento para, posteriormente, materializar-se na exterioridade, quebrando, então, os grilhões da dependência. Os Espíritos Amigos enfocaram o assunto com muita sabedoria, afirmando: 'No pensamento goza o homem de ilimitada liberdade, pois que não há como pôr-lhe peias. Pode-se-lhe deter o voo, porém, não aniquilá-lo." 

Extraído do livro "As dores da alma", de Francisco do Espírito Santo Netopelo espírito Hammed, Boa Nova editora e distribuidora de livros espíritas, Catanduvas, SP, p. 195/198.
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terça-feira, 2 de dezembro de 2025

LEIA BONS LIVROS

"Pessoas entediadas, certas de já ter exaurido as alegrias da vida, ignoram que todo um mundo de consolo pode ser encontrado nos bons livros. A mente vazia é a oficina da preocupação e do desespero. Na escolha de livros, a preferência deve ser dada aos de conteúdo espiritual, mas livres de dogmas. Você deve dominar, nos estudos, um assunto ou mais, embora deva conhecer um pouco de todos, inclusive botânica, lógica, astronomia, música, idiomas e política. O estudo da fisiologia é importante. Leia uma boa revista científica mensal.

Ler é o melhor esporte intelectual a portas fechadas. Mantém a mente ocupada e o intelecto exercitado. Uma ou duas horas de leitura por dia proporcionam a qualquer pessoa uma educação liberal em dez anos, se ela optar por obras adequadas. Não perca tempo nem prejudique suas faculdades mentais lendo publicações tolas e sem propósito. Ignorar livros é renunciar à herança dos séculos.

Se você não convive bem com seus semelhantes ou com o mundo, leia bastante e permaneça em companhia desses amigos silenciosos que têm o poder de confortar e inspirar. Quanto àqueles que gostam da vida social, encontrarão novas forças para ajudar a humanidade nas lições de livros escritos por autores nobres e talentosos.

Leia, assinale e absorva passagens selecionadas das grandes obras. Discuta tópicos importantes com pessoas inteligentes. Pensar com lógica sobre ideias alheias é a melhor maneira de conceber ideias originais. Ao refletir, mantenha os olhos fechados e a mente concentrada por inteiro no objeto em exame. Não faça nada com metade da atenção ou metade do entusiasmo.

Bons livros são amigos silenciosos para a vida inteira.

Quando você estiver aborrecido ou preocupado, apanhe um livro e mergulhe nele. Ouça as palavras de conforto e inspiradoras dos grandes espíritos de todos os tempos."

Paramhansa Yogananda, Como Ser Feliz o Tempo Todo, Ed. Pensamento-Cultrix Ltda., São Paulo, SP, 2012, p. 52/53.
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terça-feira, 12 de agosto de 2025

AS LEIS DA VIDA ESPIRITUAL

"A prática da vida espiritual consiste em uma subordinação sistemática do pensamento, do sentimento e da ação às necessidades do desenvolvimento espiritual. Existem regras, mas são aquelas pertinentes à lei natural aplicadas à finalidade de se alcançar mais rapidamente o objetivo. O impulso para o desenvolvimento e a consecução do objetivo permanece inerente e ativo em toda a Natureza. Trata-se do resultado da pressão contínua e irresistível na direção da expansão e da plenitude do espírito enclausurado pela matéria. O homem espiritualmente desperto é consciente deste impulso em seu interior. Os aspirantes à super-humanidade cooperam com este poder interior de modo consciente, submetendo-se deliberadamente a ele e aplicando-o de forma concentrada na conduta de suas vidas.

As leis da vida espiritual são as leis da Natureza aplicadas ao homem em busca da rápida ascensão à super-humanidade. Elas são simples em sua essência e não muito numerosas. Uma lei subjaz a todas as leis. O ingresso em cada nova fase de crescimento é acompanhado, e tornado possível, por uma renúncia, uma morte figurada da proteção fornecida à vida durante a fase precedente.

É preciso que se quebre a casca do ovo antes que o pintinho possa sair. O tegumento da semente deve desaparecer antes de ela vir a tornar-se uma planta. Assim também o homem, cujo invólucro é o egocentrismo e a acentuada individualidade. Estas duas características devem ser removidas e substituídas por aquelas pertinentes à nova fase, a qual é de altruísmo e ausência de sentido de eu."

Geoffrey Hodson, A Senda para a Perfeição, Ed. Teosófica, Brasília, DF, 1994, p. 31/32.
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quinta-feira, 19 de junho de 2025

DESAFIOS DA LUTA (1ª PARTE)

909. Poderia sempre o homem, pelos seus esforços, vencer as suas más inclinações?

"Sim, e, frequentemente, fazendo esforços muito insignificantes. O que lhe falta é à vontade. Ah! quão poucos dentre vós fazem esforços!"

 

A inevitável proposta da evolução moral e espiritual conduz o ser humano a enfrentar desafios incessantes, que o aprimoram, a pouco e pouco, sem cuja realização a conquista de valores dignificantes se faria muito mais difícil.

Quem se recusa ao convite do sacrifício pessoal transformador candidata-se à paralisia espiritual. E mesmo que deseje impedir-se à luta, que se negue a experimentar os sofrimentos que decorrem dos impositivos de crescimento interior, é compelido pelas sábias Leis da Vida a enfrentá-los e enfrentar-se, quando, mais tarde, sem o desejar, desperte nas expiações santificadoras.

Não raro, muitos indivíduos forrados de intenções superiores e desejando servir à Humanidade, porque se encontram tomados de sentimentos nobres, pensam em desistir ou recuar nos seus propósitos, em razão dos enfrentamentos perturbadores, das lutas que se tornam imperiosas e que lhes exigem sacrifícios e renúncias desde o momento em que se candidatam a realizá-los. Não obstante desagradáveis, são esses os mecanismos de aferição dos valores elevados para todos os seres.

Desejar-se uma existência cômoda, sem tropeços nem problemas, não passa de utopia, mesmo que a criatura seja possuidora de recursos econômicos sólidos e desfrute de excelente situação social.

A luta, na Terra, é resultante de fenômenos biológicos, emocionais, psíquicos, sociais e outros, desde que ninguém se encontra reencarnado desfrutando de perfeição, mas necessitando de aprender a crescer e a desenvolver os grandiosos milagres que lhe dormem latentes, aguardando as ocorrências propícias ao seu desenvolvimento.

O automatismo fisiológico dá-se sem qualquer esforço, entretanto, para que os sentimentos desabrochem e alcancem a finalidade para a qual se destinam, a contribuição consciente de cada pessoa se torna indispensável.

Evidentemente, logo que tomada a decisão, estabelece-se a batalha para a vitória dos ideais. (...).”

Texto extraído do livro "Lições para a Felicidade", de Divaldo Franco/Joanna de Ângelis, Livraria Espírita Alvorada Editora, Salvador/BA, 2003, p. 163/164.
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terça-feira, 13 de maio de 2025

A BUSCA ESPIRITUAL


"A luta para saber quem eu sou, em verdade e espírito, é a busca espiritual. O movimento em mim mesmo da máscara para a face, da personalidade para a pessoa, do ator que representa para o Rei da câmara interna, é a jornada espiritual. Viver, trabalhar e sofrer nesta margem com fidelidade aos sussurros da outra margem é a vida espiritual. Manter a chama do anseio espiritual viva é estar radicalmente aberto ao presente e recusar acomodar-se em confortáveis dogmas religiosos, certezas filosóficas e sanções sociais.

Quem sou eu? Sou Judas, sou Jesus? Por medo, por desejo, traio a mim mesmo. Sou quem eu não sou. Cubro minha face com muitas máscaras e até mesmo torno-me máscaras. Estou demasiado ocupado representando quem eu penso ser para conhecer quem realmente sou. Tenho medo: posso ser nada mais do que eu pareço ser; pode não haver face alguma por detrás da máscara. Eu decoro e protejo minha máscara, preferindo algo fantasioso a um nada real.

Apego-me ao rebanho por conforto. Juntos nós tecemos variadas vestimentas para cobrir nossa nudez. Guardamos o segredo de nosso nada com uma agilidade ansiosa para que não sejamos descobertos. 

Ocasionalmente, ouço uma voz pronunciada em algum recesso escuro de mim mesmo. Algumas vezes é o suave soluçar de uma criança solitária. Em outros momentos, é o grito angustiado de uma consciência que testemunha. Ainda em outras ocasiões é a ordem retumbante de um rei. Quem é você? Pergunto. EU SOU.

O que estou perguntando quando pergunto 'Quem sou eu'? Que tipo de resposta seria aceitável? Será que quero um relatório de minhas relações genealógicas e sociais? Uma lista de minhas características raciais e biológicas? Um catálogo de meus traços psicológicos meus gostos e aversões, desejos e medos? Estas são todas as coisas que moldam a minha personalidade. Mas de quem é esta personalidade? Quem usa esta máscara? Em resposta a uma pequena batida à porta de minha consciência, pergunto 'Quem é?' Nenhuma designação - filho de Deus, Eu, Ãtman, Krishna - é suficiente. O que eu busco é ver a face daquele que chama.

'Quem sou eu?' não pede por uma enumeração de fatos científicos: expressa uma certa inquietude, um tatear e uma exploração. É o começo de um movimento em direção à luz, em direção a ver as coisas claramente, como um todo. É a recusa de permanecer no escuro - fragmentado e na superfície de mim mesmo. É um estado de busca de significado, amplidão e profundidade. É o desejo de despertar.

Logo traio este impulso e sou levado a dormir novamente por afagos confortantes e contos de fada. Eu durmo, sonhando com grandes aventuras e procurando os tesouros ocultos. Muitas jornadas, muitos picos e os leões guardando as passagens da montanha. Por um momento acordo, para descobrir-me prisioneiro do que sei e do que sou. Mesmo encontrando a porta de minha pequena prisão aberta, eu permaneço nela, com medo de partir, contando e recontando minhas posses e demonstrações de apreço.

Eu compartilho muitos muros com outros. Com vigor e imaginação colaboro com outros na construção dos castelos da ciência, arte, filosofia e religião, nos quais podemos descansar em segurança, esquecidos de nossa ignorância acerca de quem somos, por que estamos aqui e por que fazemos o que fazemos. A testemunha silenciosa dentro de mim pergunta: O que você busca? "

Ravi Ravindra, Sussurros da Outra Margem, Ed. Teosófica, Brasília, DF, 1991, p. 25/27.
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quinta-feira, 20 de março de 2025

PAIXÃO E AMOR (1ª PARTE)

"(...). '907. Será substancialmente mau o principio originário das paixões, embora esteja na natureza?

"Não; a paixão está no excesso de que se acresceu a vontade, visto que o princípio que lhe dá origem foi posto no homem para o bem, tanto que as paixões podem levá-lo à realização de grandes coisas. O abuso que delas se faz é que causa o mal.'


O desenvolvimento da afetividade decorre do amadurecimento psicológico do ser que cresce, a esforço moral, ampliando a capacidade de entendimento emocional e cultural. Nem sempre, porém, resulta da aquisição de cultura, mas sim da perfeita harmonia entre sentir e saber, de modo que se possam evitar os distúrbios que, não raro, surgem durante o processo de evolução.

A afetividade é de incomparável necessidade para a afirmação dos sentimentos e da consciência humana, em razão da constituição espiritual, emocional e psíquica de que todos são constituídos.

Quando irrompem as emoções em catadupas, ante o encontro com outra pessoa, que produz impacto de alta expressão, que se transforma em desejo, esse não é um real sentimento de amor, mas sim de paixão. A paixão, invariavelmente, é um fenômeno de transferência psicológica, mediante o qual o indivíduo se deslumbra por si mesmo, refletido naquele que o atrai e lhe provoca encantamento. A sua porção feminina, quando se trata de um homem, ou masculina, quando seja mulher, expressa nos conteúdos psicológicos anima e animus, é projetada para o outro, que passa a habitar uma galeria mitológica, tornando-se um alguém irreal que necessita ser conquistado. 

Todo o empenho é desenvolvido para consegui-lo, e os estímulos orgânicos se tornam poderosos em face da atração magnética de ordem sexual que é experienciada, atuando de maneira a levar o apaixonado a triunfar sobre a sua presa que, adorada, sintetiza todas as ambições e necessidades do conquistador. É semelhante às ocorrências do mesmo gênero no panteão mitológico dos deuses. O ser humano, no entanto, não é deus algum, mas ser com sensibilidade e sentimentos comuns...

No começo o relacionamento é intenso, a admiração é constante, porque a imagem projetada inspira todo esse encantamento e interesse.

À medida, porém, que a convivência demitiza o sobrenatural da afetividade desequilibrada, a realidade assume o inevitável papel de controle das emoções, e o despertamento traz o desencanto e a amargura que passam a conviver com os parceiros, quando não o desentendimento, a agressividade, a violência, o crime...

Normalmente, após o estabelecimento de qualquer fenômeno de paixão afetiva, surgem o acordar da consciência e o conflito de comportamento, que levam a sofrimentos que poderiam ser evitados, caso se houvesse agido com equidade e maturidade psicológica.   

Esse tipo de arrebatamento que conduz ao imaginoso, à fantasia, ao mítico, atribuindo virtudes e belezas a outrem, que os não possui, de um para outro momento, é como o fogo fátuo, de efêmera duração, sendo efeito da combustão de gases que evolam dos cemitérios e pântanos, que brilham e logo desaparecem...

Nessa projeção de belezas com promessas de felicidade perene, em breve tempo sucumbem as aspirações cultivadas e logo surgem os conflitos perturbadores, que também são reflexos da personalidade atribulada e insatisfeita, que busca prazeres sexuais e outros, distante das emoções enriquecedoras e de alto significado.

Esse tipo de busca - a do sexo sob impulsos de desordenadas aspirações do prazer - não satisfaz, deixando sempre um sentimento de culpa, quando não se dá também o de frustração, que envilece e amargura.

Raramente se transforma em motivo de aprimoramento moral, porque o indivíduo se escraviza e se entrega, perdendo a sua realidade, quando se prolonga por algum tempo mais esse tipo de chama abrasadora.

As consequências são sempre infelizes. A história da literatura oferece exemplos muito significativos que merecem reflexão.(...)." 

Texto extraído do livro "Lições para a Felicidade", de Divaldo Franco/Joanna de Ângelis, Livraria Espírita Alvorada Editora, Salvador/BA, 2003, p. 151/153.
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quinta-feira, 19 de dezembro de 2024

CRISE E OPORTUNIDADE

“Ainda estamos atrasados em nossa evolução espiritual? Seria razoável essa nossa maneira de ser? Um progresso científico extraordinário e uma ética questionável!

Nossos desejos são insaciáveis, não importa em que nível. Olhamos à nossa volta e não aceitamos a realidade. Porém agimos sem considerar as consequências, e quando elas se apresentam ficamos surpresos e reclamamos. Parece-nos estranho conviver com o Bem, o Bom e o Belo.

A vida é cheia de ilusões. Uma delas é a de que existe algo permanente.

Ninguém muda ninguém, a não ser a própria pessoa e a partir de sua vontade e consciência. Tente mudar a si mesmo, se for esse o caso. A dor é o aguilhão que nos impele à mudança. Mas mudar em quê? Como saber?

Os maiores Mestres da humanidade nos deixaram sugestões há séculos e até milénios. Até agora, em vão. Olhar para fora é fácil. Difícil e oportuno é olhar para dentro de nós, para ver quem somos, o que sentimos e como pensamos. Autoconhecimento, sem julgamento.

Valorizamos excessivamente o dinheiro e bens materiais em geral. Nossa sociedade só pensa nisso. Quanta pobreza!

Crise e oportunidade estão ligadas. Que esse momento seja útil para descobrirmos quem realmente somos e qual o principal motivo de termos nascido agora, neste país e nesta família. Será que nascemos para fazer só isso que temos feito até aqui? “

Escrita Divina, A comunicação da alegria, de Fernando Mansur, Edição do Autor, 2017, p. 131.
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terça-feira, 3 de dezembro de 2024

O PROPÓSITO ESPIRITUAL DAS EXISTÊNCIAS

"Qual é o propósito da existência humana? Por que estamos aqui na Terra como seres humanos? De onde viemos? Para onde estamos indo e como chegaremos lá? Desde os tempos mais remotos, essas grandes perguntas têm absorvido a atenção da mente humana. Elas são plena e satisfatoriamente respondidas pela Teosofia.

Deixe-me apresentar essas respostas de forma clara e breve. De acordo com a Teosofia, o homem é definido como aquele ser em quem o espirito mais elevado e a matéria mais baixa estão unidos pelo intelecto. O espirito mais elevado significa o Habitante no mais Profundo Interior, a Centelha Divina no homem. A matéria mais baixa refere-se ao seu corpo e natureza física, enquanto o princípio unificador do intelecto refere-se à sua mente e seus poderes mentais. Assim, é dito que a unidade da existência humana essencial, o Eu Interior ou o Espírito, a Mônada, se manifesta primeiro como um Eu Interior imortal ou Eu Superior ou Ego e, segundo, como uma personalidade externa em forma mortal e corporal, o homem aqui embaixo.

Por que é isso? Porque o Eu Interior do homem se manifesta e ganha experiência e conhecimento através do homem exterior. Em parte por esse meio e em parte por um desabrochar interior, o Eu evolui perpetuamente. sendo imune à morte. A forma física externa do homem, por outro lado, desenvolve-se até a plena maturidade corporal e depois declina, morre, desintegra-se e desaparece para sempre. As faculdades e capacidades do eu exterior são recebidas e perpetuamente preservadas no Eu Interior: pois existe apenas uma consciência e vida nos dois.

Assim, aprendemos que o objetivo imediato do Eu Interior do homem é o desenvolvimento de faculdades. O objetivo a longo prazo é a genialidade plena ou o desenvolvimento do mais elevado grau, pelo Eu Interior, de todas as faculdades humanas possíveis. Essa conquista é denominada Adeptado e é o objetivo da existência humana. (...)"

Geoffrey Hodson, A Vida do Iniciado, Ed. Teosófica, Brasília, 2021, p. 23/24.
Imagem: Perintest

 

terça-feira, 26 de novembro de 2024

OS EFEITOS DE LONGO ALCANCE DO NERVOSISMO

"O nervosismo não é um problema simples; é um inimigo mortal, com efeitos de longo alcance. Fisicamente, é difícil curar qualquer doença enquanto ela for agravada pelo nervosismo.  Espiritualmente, um desequilíbrio da força vital no corpo torna extremamente difícil para o devoto concentrar-se e meditar em nível suficientemente profundo para obter paz e sabedoria. O nervosismo, contudo, pode ser curado. O paciente precisa estar disposto a analisar seu mal e a eliminar as emoções desintegradoras e os pensamentos negativos que, pouco a pouco, o estão destruindo. A análise objetiva dos problemas e a manutenção da calma em todas as situações da vida curarão o caso mais renitente de nervosismo. 

A compreensão de que todo o poder de pensar, falar, sentir e agir vem de Deus e que Ele está sempre conosco, inspirando e guiando-nos, traz a libertação instantânea do nervosismo. Lampejos de alegria divina virão com essa realização; às vezes, uma profunda iluminação invadirá todo o seu ser, extinguindo a própria ideia do medo. Como um oceano, o poder de Deus, em um grande surto, irrompe pelo coração como um diluvio purificador, removendo todas as barreiras ilusórias da dúvida, do nervosismo e do medo. Supera-se a ilusão da matéria, a consciência de ser apenas um corpo mortal quando se estabelece contato com a doce serenidade do Espírito. alcançável por meio da meditação diária. Então, você sabe que o corpo é uma pequena borbulha de energia, no mar cósmico de Deus.

A vítima do nervosismo precisa entender seu próprio caso e refletir sobre os contínuos erros em seu modo de pensar, responsáveis pelos desajustes na vida. Quando, um dia, o homem nervoso admitir que sua enfermidade não tem causa misteriosa, sendo a consequência lógica dos próprios hábitos, já terá alcançado metade da cura."

Paramahansa Yogananda, A Eterna Busca do Homem, Self-Realization Fellowship, p. 98/99.
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quinta-feira, 23 de maio de 2024

ABSTEM-SE

"Abstém-se de fixar as deficiências do companheiro e procura destacar-lhe as qualidades nobres, nas quais se caracterizem de alguma forma.

Examina o bem, louva o bem e estende o bem quanto puderes.

A paz pode passar a residir hoje mesmo em nosso campo íntimo. Basta lhe ofereçamos o refúgio da compreensão e isso depende unicamente de nós.

Se te encontras na condição de peça na engrenagem de hoje, a que se acolhem tantas criaturas aflitas, não te entregues ao luxo do desânimo e, sim, trabalha servindo sempre. É preciso aprender a suportar os revezes do mundo, sem perder a própria segurança.

Haja o que houver, trabalha na edificação do bem e segue adiante.

Dor, na maioria das vezes, é o tributo que se paga ao aperfeiçoamento espiritual.

Dificuldade mede eficiência.

Ofensa avalia a compreensão.

A própria morte é nova forma de vida.

Resiste aos movimentos que tendam a desfibrar-te a coragem e mantém-te de pé na tarefa a que a vida te buscou.

Recorda que tudo se altera para o bem."

Texto extraído do livro "Caminho Iluminado", de Francisco Cândido Xavier, ditado pelo Espírito Emmanuel, p. 3.
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quinta-feira, 15 de fevereiro de 2024

VERDADE ESPIRITUAL E SABEDORIA


"A verdade espiritual e a sabedoria não são encontradas em quaisquer palavras de um sacerdote ou pregador, mas no 'deserto' do silêncio interior. As escrituras sânscritas dizem: 'Há muitos sábios com suas interpretações aparentemente contraditórias das escrituras e dos assuntos espirituais, mas o verdadeiro segredo da religião está oculto em uma caverna'. A autêntica religião se encontra em nosso interior, na caverna da quietude, na caverna da tranquila sabedoria intuitiva, na caverna do olho espiritual. Pela concentração no ponto entre as sobrancelhas, sondando as profundezas da quietude no olho espiritual luminoso, podem ser encontradas respostas a todas as questões religiosas do coração. 'o Consolador, o Espírito Santo (...) vos ensinará todas as coisas' (João 14:26)."

Extraído do livro "A Yoga de Jesus", de Paramahansa Yogananda, Self-Realization Fellowship, p.41/42.
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quinta-feira, 6 de outubro de 2022

A EVOLUÇÃO DO DOMÍNIO SUBJETIVO

"O ensinamento esotérico diz que não apenas a matéria e a forma evoluem em nosso mundo, mas os estados subjetivos que incluem nossas naturezas emocional, mental e espiritual também evoluem. Através de todos os reinos, até o estágio humano, a evolução procede sem intervenção autoconsciente. O que, equivale dizer, é um processo passivo e não está sob o controle direto de plantas ou animais.

No estágio humano isso muda. A evolução física para. Não há evidência de que criaturas físicas novas, mais evoluídas, mais capazes irão aparecer sobre a Terra. A forma humana parece ser o estágio físico final em nosso mundo. A evolução do domínio subjetivo, no entanto, está longe de se completar. Uma mudança evolutiva ulterior em nossa natureza psicológica e mais recôndita só pode ser produzida por meio de um esforço consciente. A psicologia moderna reconhece que, se desejamos nos livrar do comportamento: neurótico e da dor dele resultante, devemos nos esforçar para ver o mundo sob uma luz diferente e nos transformarmos. Não é possível comprar uma pílula psicológica indicada pelo terapeuta que assegure que viveremos felizes e produtivos. Se queremos nos tornar pessoas plenas, devemos mergulhar profundamente no nosso interior, nos auto observar e buscar novos insights e maneiras de responder ao mundo.

Curiosamente, nosso desenvolvimento tende a recapitular o processo evolutivo. Como seres humanos, passamos rapidamente através de estados passivos no ventre e durante a infância. Depois começamos a obter domínio sobre cada nível de nosso ser. Primeiramente, nos identificamos com o corpo físico, precisamos de algum controle razoável sobre ele no início de cada encarnação, como o fez a raça como um todo no passado distante. Então, o processo de maturação exige que obtenhamos um controle razoável sobre nossas emoções e sobre aquela parte de nossa mente intimamente associada às nossas emoções. Desenvolvemos também nosso intelecto, algumas pessoas apenas um pouco, outras muito profundamente. A maioria para aí. 

Os mais sábios sentem, como disse Walt Whitman, que não estamos contidos entre nossos chapéus e nossas botinas. Existe um eu interior que insta o eu consciente a mudar, a se desenvolver, a revelar mais do potencial interno, a obter controle sobre todo o eu em todos os níveis de sua expressão. Esse eu interior é o cocheiro de Platão, que segura firmemente as rédeas dos cavalos, mantendo-se no controle independentemente da vontade dos animais.

O eu interior tem um proposito para cada encarnação. Encarnamos por alguma razão. Não estamos aqui apenas por causa dos processos biológicos. Numa simples vida, nosso eu interior se propõe a desenvolver qualidades e forças particulares. Ele se esforça por obter resultados positivos vencendo a resistência 

Aceitamos que para desenvolver os músculos devemos vencer a resistência do peso. O que não compreendemos é que o mesmo princípio aplica-se aos níveis emocional, mental e espiritual. Da mesma forma que nos fortalecemos fisicamente ao superar a resistência física, aumentamos o vigor psicológico e espiritual vencendo a resistência nessas dimensões."

(Edward Abdill - A senda mística para a paz interior - Revista Sophia, Ano 12, nº 48, p. 30/31)
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quinta-feira, 8 de setembro de 2022

REALIDADE INTERIOR

"O hábito religioso tende a limitar a influência dos sentidos e favorecer a sensibilidade interna, espiritual. No primeiro caso, o monge pode filtrar o que vem do ambiente e também selecionar o que buscar nele. Amorosamente sensível à necessidade do próximo e rigoroso contra seus próprios caprichos, não se deixa dominar por esses últimos. A vigilância e o discernimento são potencializados pela concentração e pela autoanálise. O tecido do hábito religioso simboliza uma camada adicional de pele, um revestimento figurado capaz de facilitar o bem e refrear o mal, em todos os sentidos.

De onde vêm os monges encapuzados? De toda parte, dessa ou daquela religião, família, etnia, país, do campo ou da cidade, todos se encontram sob as mesmas vestes e compartilham os mesmos ideais e objetivos. Eles se igualam por fora como se nivelam por dentro, já que interiormente têm os mesmos órgãos: coração, pulmões e demais vísceras, iguais em número e sob os mesmos princípios biológicos. O que está por debaixo, ou seja, as vísceras, tem sua contraparte no que está por cima, ou seja, o hábito religioso. Seja de onde for, o manto apaga as fronteiras, é símbolo de igualdade e de unidade.

O monge é a pessoa mais livre do mundo, e o hábito religioso atesta isso. Já tem uma roupa definida, simples, mas carregada de significado espiritual. Se um uniforme precisa ser funcional, como o de um socorrista, por exemplo, o do sacerdote também o é. Frugal, rústico, de cor natural, tem uma estética que ajuda a liberar a mente e o foco para voos altos. Dizem que Einstein só dispunha de um modelo de roupa, por um motivo prosaico: eximir-se da preocupação sobre o que usar. Moderando o que vem do mundo exterior, o hábito ajuda a liberar a realidade interior.

As cores do hábito religioso variam amplamente entre as religiões e ordens. Segundo C.W. Leadbeater, a cor preta, comum nas vestes monásticas, simboliza esotericamente o domínio do espírito sobre a matéria. Significa, portanto, autocontrole e plena moderação espiritual com vistas à libertação dos grilhões que nos induzem ao erro. Em física, a cor negra é o absorvedor ideal, pois não reflete as demais cores. Alegoricamente, de fato, o poder de absorção e de autodomínio se equivalem em suas respectivas dimensões. Portanto, além da forma, a diversidade de cores aponta para um rico simbolismo cromático.

Em várias culturas, os representantes do sagrado, sejam pajés, xamãs ou monges, revestem-se de formas e cores distintivas em suas vestes. O cocar de penas coloridas ou o capuz do monge são exemplos dessa diversidade. Além disso, é comum que símbolos religiosos, como as imagens de santos ou devas, sejam cobertos por mantos, constituindo uma espécie de aura visível a todos. A coroa ou auréola, para Leadbeater, representam, no misticismo oriental, centros de força situados na cabeça. Mas podem também representar o pensamento iluminado. 

Por fim, usei a expressão 'hábito religioso' para designar as vestes monásticas ou sacerdotais. Entretanto, se pensarmos sobre o outro significado da palavra 'hábito' e considerarmos o hábito religioso como a repetição de um comportamento: altivo, capaz de nos religar à divindade onipresente, teremos uma reflexão igualmente válida. Revestidos de bons hábitos poderemos aspirar a um mundo melhor, mais fraterno e mais justo. Assim, toda pessoa de bem porta um hábito religioso invisível tão digno quanto as vestes sagradas visíveis, um lembrete simbólico da aura em purificação."

(Fernando Gaspar - O Simbolismo do Hábito Religioso - Revista Sophia, Ano 19, nº 97 - p. 36/37)
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terça-feira, 24 de maio de 2022

SILÊNCIO E DISCURSO RESERVADO

"O maior erro de todos, que deve ser evitado a todo custo, é dizer uma palavra ou executar uma ação que fosse desviar um neófito 'mais jovem' do Caminho. Esta é realmente a queda das quedas.⁴⁴ Um erro tão grave pode ser evitado pelo estudo e pela prática de dois ideais da vida espiritual, a saber, o silêncio e a fala muito cautelosa. Também é necessária, especialmente na mente formal, a qualidade da quietude, a quietude do pensamento e do sentimento, e também como parte da maneira de viver. O discípulo ideal de um Mestre é calmo, alguém que prefere ouvir a falar, exceto quando chamado, e que possui ou passará a possuir uma capacidade de permanecer em paz, mantendo o silêncio. 

Além da calma, é necessária certa atenção na conversa, seja essa leve ou séria. Os neófitos nunca devem permitir que seu discurso 'fuja com eles'. A mente deve sempre estar a serviço como sentinela defendendo a cidadela da personalidade do inimigo do discurso imprudente e vulnerável. Isso é especialmente necessário na companhia daqueles que estão recém-descobrindo o ideal de progresso evolutivo autoacelerado."

⁴⁴ Em seu Sermão da Montanha. o Senhor Cristo falou dramaticamente sobre o resultado potencialmente desastroso de ferir um novo aspirante e afastá-lo do Caminho; pois é relatado que ele disse: 'É inevitável que haja escândalos; mas ai daquele que os causar! Melhor lhe fora ser lançado ao mar com uma pedra de moinho enfiada no pescoço do que escandalizar um só desses pequeninos' (Lucas 17:1-2). Nesta tradução do texto original, 'pequeninos' podem ser considerados aqueles em que o idealismo para a brande Busca é novo, seja o corpo jovem ou velho. 

(Geoffrei Hodson - A Vida do Iniciado - Ed. Teosófica, Brasília, 2021 - p. 92/93)
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quinta-feira, 24 de março de 2022

A TENTAÇÃO DA AMBIÇÃO

"Vale a pena examinar o que alguns livros de genuína instrução espiritual têm a dizer sobre o tema crucial do autoconhecimento. O primeiro é Luz no Caminho: 'A ambição é o primeiro defeito: a grande tentadora do homem que se eleva acima de seus semelhantes. É a forma mais simples de procurar a recompensa. É ela que continuamente desvia o homem de suas possibilidades superiores. Entretanto, é um instrutor necessário. Os seus resultados convertem-se em pó e cinzas na boca. Como a morte e o retraimento, demonstra finalmente ao homem que trabalhar para si é trabalhar para uma decepção inevitável.' 

A verdade dessa afirmação é autoevidente. O cenário mundial provê exemplos diários de como indivíduos e grupos guiados pela ambição causam destruição, instabilidade e medo. Uma mente dominada pela ambição está sempre procurando recompensa, reconhecimento. Mas por causa da maravilhosa sabedoria e inteligência no coração da existência, a ambição é também uma grande instrutora, mostrando que, mais cedo ou mais tarde, o interesse próprio é contraproducente. Num universo governado por interdependência e interrelacionamentos, toda forma de autointeresse está propensa a ceder, no decorrer do tempo, a um senso mais amplo de compaixão e compreensão universais, muito embora a angústia do crescimento possa ser às vezes dura de suportar. 

Um dos grandes textos da tradição mística cristã é Theologia Germânica, que contém um conselho valioso sobre esse assunto: 'Enquanto o homem estiver buscando seu próprio bem, ele não busca o que é melhor para si, e jamais irá encontrá-lo.'

Tudo que o eu pessoa busca - poder, posição, influência, dinheiro ou gratificação de algum tipo -, embora possa parecer bom no nível sensorial, não é necessariamente o que nossa natureza mais profunda aspira. É por isso que certas tradições afirmam que, antes de a pessoa poder alcançar aquilo que é verdadeiramente bom, num sentido universal, deve sofrer uma transformação, uma mudança fundamental. Pelo fato de os 'olhos' do eu pessoal conseguirem ver apenas seus próprios interesses, eles jamais conseguem ver aquilo que é muito mais vasto, a doçura na 'alma das coisas'. Isso requer uma percepção diferente, que H. P. Blavatsky chamou de uma 'percepção espiritual desvelada'. Este talvez seja um modo de ver a vida como ela é, em suas manifestações multiesplendorosas, sem a mediação de uma mente opiniática,  presunçosa e arrogante.

E é em A Voz do Silêncio, o último presente de H. P. Blavatsky ao mundo, que encontramos ulterior conselho abalizado sobre o tema do autoconhecimento: 'Pois a mente é como um espelho; acumula poeira enquanto reflete. Ela precisa da brisa genuína da sabedoria da alma para varrer a poeira de nossas ilusões. Busca, Ó iniciante, fundir tua mente e tua Alma.'

Por causa do forte elemento do autointeresse espreitando no interior da mente, cada uma de suas percepções logo envelhece, isto é, torna-se insípida, mecânica, condicionada, gerando relacionamentos 'eu-ele', como o chamou Martin Bubber, Então a aterradora realidade da natureza, com suas riquezas eternas, beleza e significado inesgotáveis, torna-se, para a mente egoísta, um mero objeto de exploração. Portanto, é essencial criar um espaço em nossas vidas para uma renovação interior que naturalmente ocorre quando nos abrimos àquela sabedoria inata que resida nas profundezas da alma. A reflexão profunda, o estudo, a meditação e a observação gradualmente nos ajudam a integrar mente e coração, um pré-requisito importante para a genuína percepção espiritual."

(Pedro Oliveira - O ser nada quer - Revista Sophia, Ano 15, nº 65 - p. 16/18)
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terça-feira, 15 de março de 2022

A TRÍADE DO EU ESPIRITUAL

"O Eu Interior - Manas Superior e  Buddhi - existe como o poder, a energia por trás de toda ação. Ele está imóvel, em paz, em harmonia e em unidade. Não tem senso de existência separada por conta própria. Está em harmonia com seu Mestre, com a Hierarquia, com o Eu universal. Ele vive apenas para promover a vontade única, o Ãtmã.

O eu exterior é apenas a crosta do Interior, a máscara, a concha. É o oposto do caráter do Interno, pois nele a matéria predomina e está no arco descendente para a substância material. O Eu Interior é espiritual, o eu exterior, material. O interior está presente no exterior. Yoga leva à união desses dois, ao domínio do exterior pelo interior e à transferência da consciência das limitações do inferior para o superior. Portanto, o Yoga é a única solução para os problemas da vida.¹⁵

A justificativa para a disciplina é que, com a indulgência, a submissão ocorre em nível mais baixo, para a matéria, enquanto na disciplina, o espírito domina. Toda vitória na conduta da vida fortalece o poder do Eu Interior sobre o eu exterior e acelera o tempo de sua completa ascendência. Portanto, a disciplina deve fazer parte do Yoga. A disciplina enfrenta e resolve problemas a partir do exterior; a experiência da identificação os resolve a partir de dentro e, além disso, leva o aspirante constantemente em direção ao objetivo do Adeptado. 

Até o momento do despertar, o Eu Exterior tenta perpetuamente escapar do Eu Interior. Toda indulgência é uma escapada do 'cão de caça do céu'¹⁶. Mas o 'Grande Amante' sempre aparece e, no final, o eu exterior é capturado pelo Espírito. 

O início do Yoga é a cessação das tentativas de fuga e o começo do casamento celestial. O início desse 'noivado', a prática do Yoga, é como a trajetória de um cometa, um sol para dominar, destruir e ainda assim criar. Mesmo assim o Eu Interior e a consciência elevada do exterior permanecem perfeitamente calmos, ainda que expectantes. Não há medo depois que o despertar ocorre, somente a ânsia alegre de se fundir no Espírito, de ser recriado de ser livre."

¹⁵ Yoga, the Path, and Selfess Serviço (Yoga, o Caminho e o Serviço Altruísta) p. 126-8.
¹⁶ Francis Thompson, O Cão de Caça do Céu.

(Geoffrey Hodson - A Vida do Iniciado - Editora Teosófica, Brasília, 2021 - p. 34/35)


terça-feira, 14 de dezembro de 2021

O MISTÉRIO DO LIMIAR - 2

"Não há dúvida de que o ser humano deve educar-se para perceber o que está além da matéria, assim como deve educar-se para perceber o que está na matéria. Todos sabem que o início da vida de uma criança é um longo processo de adaptação, de aprender a entender o uso dos sentidos em relação às suas áreas especiais e de praticar os exercício difíceis, complexos e de órgãos completamente imperfeitos, em referência à percepção do mundo da matéria. A criança é sincera e trabalha sem hesitação se quiser viver. 

Algumas crianças nascidas na alvorada da Terra esquivam-se e recusam-se a enfrentar a imensa tarefa que está diante delas, mas que precisa ser realizada para tornar possível a vida na matéria. Elas voltam para as fileiras dos não nascidos; nós as vemos sacrificar seu múltiplo instrumento, o corpo, e desaparecer no sono. Assim ocorre com a grande multidão da humanidade que triunfou, conquistou e desfrutou do mundo da matéria. Os indivíduos dessa multidão, que aparentemente são tão poderosos e confiantes em seu ambiente familiar, na presença do Universo imaterial são como crianças. E os vemos, de todos os lados, diariamente, e de hora em hora, recusando-se a entrar, afundando-se de novo nas fileiras dos habitantes da vida física, apegando-se às consciências que eles experimentaram e compreenderam. A rejeição intelectual de todo conhecimento puramente espiritual é a indicação mais marcante dessa indolência, da qual os pensadores de todas as posições são certamente culpados.

É evidente que o esforço inicial é pesado, e é claramente uma questão de força, bem como de atividade voluntária. Mas não há como adquirir ou usar essa força quando adquirida, exceto pelo exercício da vontade. É inútil esperar nascer com grandes posses. No reino da vida, não há hereditariedade, exceto aquele do próprio passado do ser humano. Ele precisa acumular aquilo que é dele. Isso é evidente para qualquer observador da vida que usa seus olhos sem estar cego pelo preconceito; e mesmo quando o preconceito está presente, é impossível para o indivíduo sensato não perceber o fato.

É a partir disso que obtemos a doutrina do sacrifício e da redenção, permanecendo através de grandes períodos post-mortem, ou pela eternidade. Essa doutrina é uma maneira estreita e pouco inteligente de afirmar o fato na Natureza, aquilo que um homem semeia, ele colherá. A grande inteligência de Swedenborg viu o fato tão claramente que decidiu por endurecer-se em relação à essa existência em particular; seus preconceitos criando para ele a impossibilidade de perceber a chance de uma nova ação, quando não há mais o mundo sensível para atuar. Ele era muito dogmático para a observação científica e não via que, como a primavera segue o outono, e o dia a noite, o nascimento deve seguir a morte. Ele chegou muito perto do limiar dos Portais de Ouro, e foi além do mero intelectualismo, apenas para fazer uma pausa e dar um passo adicional. O vislumbre que obteve do além da vida pareceu-lhe conter o Universo; e no fragmento de sua experiência, ele construiu uma teoria que incluía toda a vida, recusando-se a progredir além desse estado ou em qualquer possibilidade fora desse. Esta é apenas outra forma de tarefa monótona e árdua. Mas Swedenborg está em primeiro lugar diante da multidão de testemunhas para o fato de que os Portais de Ouro existem e podem ser percebidos das altas regiões do pensamento, e ele nos lançou uma leve onda de sensações a partir de seu limiar."...continua.

(Mabel Collins - Através dos Portais de Ouro - Ed. Teosófica, Brasília, 2019 - p. 52/56)


quinta-feira, 18 de novembro de 2021

A ENTREGA A DEUS (1ª PARTE)

"A pessoa madura é consciente de que deve assumir a responsabilidade por construir a sua vida, sem sonhar e esperar que seus problemas sejam resolvidos por uma fonte externa. No entanto, um dos pilares da vida espiritual é a entrega a Deus. Será que estamos diante de mais um paradoxo da vida oculta? Esse não é o caso. As duas proposições são verdadeiras concomitantemente, pois Deus não é uma fonte externa, mas sim o âmago de nossa natureza interior. Na verdade somos uma expressão de Cristo, somos o Filho de Deus, mas a maior parte da humanidade ainda não tem consciência desta verdade profunda e eterna. 

Nosso progresso na Senda espiritual torna-se acelerado quando fazemos uma sincera entrega a Deus ou, como alguns estudiosos preferem dizer, uma entrega à nossa natureza divina. Com isso transferimos o centro de decisões de nossa vida, do ego, com suas limitações de todos os tipos, para nossa natureza superior, com seu amor, sabedoria e total comprometimento com nossa felicidade última. Com isso estaremos desativando o atual agente controlador de nossa vida, que não busca o nosso verdadeiro interesse, e entregando o controle para nosso Pai/Mãe Celestial, cujo propósito é a nossa libertação do sofrimento e Iluminação, ou seja, o nosso 'passaporte' para que, como filhos pródigos que somos, possamos retornar par a Casa do Pai.

Quando realmente nos entregamos a Deus sentimos que não estamos mais sozinhos. Passamos a ter acesso a toda a sabedoria e poder que SERÃO NECESSÁRIOS para superarmos as dificuldades e os desafios que todo aspirante enfrenta no caminho que leva à Verdade que nos liberta. Vista sob outro ângulo, a entrega a Deus acelera nosso progresso na Senda, justamente porque o objetivo da vida espiritual é alcançar a consciência da unidade com Deus. 

Sabemos, por experiência própria, que tudo conspira contra as mudanças necessárias na vida espiritual. As tentações vivem nos fazendo tropeçar. Os apegos dificultam nosso progresso. O ego usa de mil artimanhas para garantir a manutenção do status-quo, sendo uma das mais importantes, no mundo cristão, a crença errônea de que somos 'vis pecadores'. Essas dificuldades afetam buscadores novatos e avançados indistintamente, como indica a famosa passagem do Apóstolo Paulo:

'Eu sei que o bem não mora em mim, isto é, na minha carne. Pois o querer o bem está ao meu alcance; não, porém, o praticá-lo. Com efeito, não faço o bem que eu quero, mas pratico o mal que não quero. Ora, se eu faço o que não quero, já não sou eu que estou agindo, e sim o pecado (o ego) que habita em mim'.

Esse impasse também foi aludido por Jesus no Sermão da Montanha quando ele declarou: 'Ninguém pode servir a dois Senhores'. Temos que decidir se queremos tomar o caminho que nos levará às alturas espirituais ou permanecer nos vales sombrios deste mundo de ilusões, sofrendo sob o jugo do ego. Neste caso permaneceremos sujeitos às inesperadas virados do destino com suas amargas surpresas e desilusões. Nossas experiências são equiparadas a sonhos. Esses sonhos são de nossa criação. Como eles são a nossa percepção errônea da realidade, podemos mudá-los a qualquer momento. Temos o poder de criar o inferno e o poder de criar o céu. Por que não usar a nossa mente, nossa imaginação, nossas emoções e nossa determinação para criar o céu? Com isso passamos a perceber a paz, o amor e a alegria à nossa volta em tudo e em todos.(...)" ...continua.

(Raul Branco - A Essência da Vida Espiritual - Ed. Teosófica, Brasília, 2018 - p. 99/101)


quinta-feira, 8 de julho de 2021

CONHECIMENTO ESPIRITUAL

"H.P.B. diz que o conhecimento espiritual é inatingível por métodos intelectuais comuns, tais como autoanálise. Penso que temos aqui a chave para compreender alguma coisa que Krishnamurti diz. Ele fala frequentemente da atenção aos nossos processo de pensamento e sentimento, sem escolha e sem personalização. Esta observação absolutamente impessoal do eu pessoal pelo superior é uma forma elevada de Ioga. Lentamente todo o processo da mente e das emoções são observadas e compreendidas, camada após camada, desde a consciência superficial do dia-a-dia até o nível mais profundo da 'subconsciência.' Isto não é a autoanálise comum. O motivo é inteiramente diferente. Na autoanálise comum, o eu comum está julgando o eu comum, no ponto de vista de elogio ou condenação, lucro ou perda. A autoconscientização de Krishnamurti, sinto, é a compreensão de toda a vida até que a vida, Ela mesma, seja alcançada.  

Obter esse conhecimento é a maior das realizações, diz H.P.B., maior, muito maior e mais nobre do que as assim chamadas, 'artes ocultas.' 'Poucos há que a encontram,' disse o Senhor Cristo.

Assim o primeiro passo para encontrar o verdadeiro Eu é encarar nosso corpo como não sendo nós próprios, como a casa em que vivemos temporariamente, ou as roupas que vestimos, ou, como diz o Mestre K.H. em Aos Pés do Mestre, 'o cavalo em que montamos.' Este último é a melhor expressão de todas, pois nosso corpo é uma coisa viva com uma obscura vida elemental própria separada da nossa. Suponha que só pudéssemos ir a qualquer lugar cavalgando; então cuidaríamos desse cavalo, o trataríamos e o exercitaríamos devidamente. Assim também devemos tratar nossos corpos, que são valiosos, mas não identificar nossa consciência com eles. Um efeito indesejável dessa identificação comum, tremendamente próxima, é seu efeito sobre a radiação psíquica interpenetrante que, infalivelmente, segue o pensamento e o sentimento. Pensar que somos este corpo atrai a radiação da 'aura' e concentra demasiada matéria psíquica ou astral sob a periferia da pele, causando congestão psíquica e ligeira tensão nervosa. Muita gente tem radiação suficiente. 

O 'Caminho' é sempre o mesmo, a descoberta do verdadeiro homem interior. Tudo o mais deriva daí. Viveka é, assim, discernimento inteligente e percepção espiritual, e seu corolário, Vairagya, é a consequente firmeza diante dos 'pares dos opostos.' O objetivo de Viveka é aquilo que está na prece do Rei Salomão: 'Dai, portanto, ao vosso servo um coração compreensivo.' Quando começamos a compreender a nós mesmos e aos outros, sem elogio ou reprimenda, talvez comecemos a ouvir a doce voz que tanto desejamos ouvir. Através do pensamento, da aspiração, da meditação, da determinação, lentamente o mundo divino e suas qualidades começarão a tornar-se visíveis. Mas não há metáforas que possam descrever essa visão interior. Está além da imaginação humana, pois nunca a mente humana conheceu alguma coisa semelhante, sua beleza gloriosa, certeza e verdade.

'Não sou este corpo que pertence ao mundo das trevas; não sou os desejos que o afetam; não sou os pensamentos que enchem a minha mente; não sou a própria mente. Sou a Chama Divina em meu coração, eterna, imortal, invisível. Mais radiante que o sol, mais puro que a neve, mais sutil que o éter é o Ser, o espírito dentro do meu coração.'"

(Clara Codd - As Escolas de Mistérios - Ed. Teosófica, Brasília, 1998 - p. 183/185)