OBJETIVOS DO BLOGUE

Olá, bem-vindo ao blog "Chaves para a Sabedoria". A página objetiva compartilhar mensagens que venham a auxiliar o ser humano na sua caminhada espiritual. Os escritos contém informações que visam fornecer elementos para expandir o conhecimento individual, mostrando a visão de mestres e sábios, cada um com a sua verdade e experiência. Salientando que a busca pela verdade é feita mediante experiências próprias, servindo as publicações para reflexões e como norte e inspiração na busca da Bem-aventurança. O blog será atualizado com postagens de textos extraídos de obras sobre o tema proposto. Não defendemos nenhuma religião em especial, mas, sim, a religiosidade e a evolução do homem pela espiritualidade. A página é de todos, naveguem a vontade. Paz, luz, amor e sabedoria.

Osmar Lima de Amorim


terça-feira, 22 de março de 2022

O SER NADA QUER

"Muitas das análises divulgadas a respeito do estado em que se encontra o mundo frequentemente apontam para certos fatores predominantes, como a flutuação da economia dos países ricos, a instabilidade política em muitos países pobres, o crescimento do fundamentalismo religioso, os riscos ambientais de todo tipo e os conflitos armados que desalojaram centenas de milhares de pessoas de seus lares e de seus países. 

Isso certamente seria interpretado como invulgar, para dizer o mínimo, se quiséssemos sugerir aos mesmos analistas que a principal causa subjacente aos problemas enfrentados pelo mundo é a falta de autoconhecimento, tanto no indivíduo quanto no nível social, uma vez que o autoconhecimento não é uma categoria mensurável capaz de ser analisada. Mas as mensagens dos grandes instrutores espirituais do mundo em todas as idades parecem indicar que a falta de autoconhecimento é verdadeiramente a causa de muitas dores, tanto para os seres humanos individuais quanto para a humanidade como um todo.

É a falta de autoconhecimento que cria na mente falsas necessidades e expectativas de todos os tipos - o desejo de reconhecimento, de afeto, de subjugar e dominar os outros, de exercer controle sobre uma situação ou pessoa, para mencionar apenas algumas. Em outras palavras, a falta de autoconhecimento gera uma das principais causas de problemas no mundo: o egoísmo, que em alguns livros de instrução espiritual é comparado a uma gigantesca erva daninha que impede o desabrochar e o florescimento de nossa natureza mais profunda e verdadeira - a alma espiritual que reside profundamente dentro de nossa consciência, cuja essência é genuína felicidade e sabedoria. 

O egoísmo está sempre impelindo a mente a buscar, a querer e alcançar algo sem necessariamente fazer com que a mente se certifique se os objetos buscados correspondem a necessidades reais ou imaginárias. Por exemplo, administrar os próprios recursos financeiros de maneira sábia é um das mais importantes necessidades na vida. Mas estar sempre procurando a melhor maneira de aumentar a própria riqueza é certamente uma necessidade imaginária. Há coisas mais importantes do que acumular riqueza, mas muitas pessoas passam a maior parte de suas vidas fazendo isso, porque é o que dita o autointeresse. 

Buda, um dos grandes instrutores espirituais do mundo, conseguiu ver isso com a máxima clareza e consequentemente compreendeu o fato de que a causa do sofrimento é tanhâ, sede, desejo, avidez, anelo. A palavra sede é importante porque denota uma busca contínua de experiências e sensações, nenhuma das quais é verdadeiramente satisfatória e completa, pois após cada contato e experiência a sede reaparece, às vezes até mesmo mais forte do que antes. O falecido Walpola Rahula, eminente estudioso budista do Sri Lanka, em seu livro What the Buddha Taught, fez uma afirmação bastante aguçada sobre isso: 'Essa sede tem como centro a falsa ideia do eu elevando-se para fora da ignorância.' A mente, sob a oscilação do interesse próprio, cria para si um falso senso de identidade - um falso eu - que perpetua tanto o sofrimento quanto a ignorância." 

(Pedro Oliveira - O ser nada quer - Revista Sophia, Ano 15, nº 65 - p. 15/16)
Imagem: Pinterest.


quinta-feira, 17 de março de 2022

O GRÃO DE MOSTARDA

"Fizera Jesus ver na parábola do semeador que apenas uma pequena parte da semente evangélica chegava a produzir fruto, ao passo que o resto pereceria infrutífero. 

Mostrara ainda, na parábola do joio entre o trigo, que até essa pequena percentagem que encontrara terreno propício tinha os seus inimigos, a cizânia, que tentava roubar-lhe a seiva da terra e a luz do céu.

Certamente, não faltou entre os ouvintes, ou talvez entre os apóstolos, quem observasse com um suspiro de desânimo: Mestre, se tantos são os perigos e inimigos do reino de Deus, como se expandirá ele pelo mundo todo, como pretendes?...

Bem lembrados estavam os ouvintes do que lhes dissera o profeta de Nazaré na parábola da sementeira a crescer, que era de uma inesgotável vitalidade intrínseca à semente do Evangelho, e que não necessitava de uma nova intervenção do divino Semeador. 

Mas, ainda que não perecesse de todo a sementeira do reino de Deus, chegaria ela jamais a abranger o mundo todo? E quantos séculos não levaria essa expansão mundial?...

Resolveu o Mestre responder a essa interrogação tácita dos seus ouvintes, propondo a parábola do grão de mostarda. 

Se as três comparações tinham por cenário o campo amanhado pelo homem, esta, como também a seguinte, tem por teatro a horta e a casa, domínios da atividade feminina. 

Disse, pois, Jesus: 

- Com que coisa diremos se parece o reino dos céus? Ou sob que parábola o representaremos?

Depois de assim aguçar a atenção do auditório, lança um olhar sobre a cerca da horta vizinha e vê um pé de mostarda. E logo, numa inspiração súbita, prossegue:

- O reino dos céus é semelhante a um grão de mostarda que alguém tomou e semeou na sua horta. Quando semeado na terra, é ele o mais pequenino de quantos grãos de semente existem; mas, depois de crescido, faz-se maior que todas as hortaliças, chegando a ser árvore, e criando ramos grandes que as aves do céu vêm pousar à sua sombra. 

Corria entre os hebreus o provérbio popular: Tão pequeno como um grão de mostarda. Jesus se adapta a este modo de falar, ainda que haja sementes mais pequenas que a mostarda. Entre as hortaliças de que trata a parábola, dificilmente se encontrará semente tão minúscula e que produza arbusto tão grande, que até merece o nome de árvore; pois, às margens do Jordão, a mostarda atinge três a quatro metros de altura, e até hoje os árabes falam em árvore de mostarda. 

Mas somente em altura senão também em expansão e rapidez de crescimento leva de vencida a maior parte da suas congêneres; estende os seus frondosos ramos para todos os lados, convidando a passarinhada a descansar à sua sombra, beliscar as vagens e suspender os seus ninhos por entre verdes folhagem. 

Assim, diz o Mestre, há de acontecer com o meu reino. Ainda que é ele um grãozinho de mostarda; um punhado de homens, e nada mais. Mas a virtude que a semente evangélica encerra é grande, e o terreno em que foi semeada é de uma extraordinária fertilidade. Por isso, há de em breve expandir os seus ramos, muito além das balizas desta pequena horta doméstica da Palestina, e abranger todos os países do mundo, convidando milhares e milhares de almas a descansar à sombra de suas frondes, comer dos seus frutos e aninhar-se por entre a viridente folhagem."

(Huberto Rohden - Jesus Nazareno - Ed. Martin Claret, 2007 - p. 141/142)


terça-feira, 15 de março de 2022

A TRÍADE DO EU ESPIRITUAL

"O Eu Interior - Manas Superior e  Buddhi - existe como o poder, a energia por trás de toda ação. Ele está imóvel, em paz, em harmonia e em unidade. Não tem senso de existência separada por conta própria. Está em harmonia com seu Mestre, com a Hierarquia, com o Eu universal. Ele vive apenas para promover a vontade única, o Ãtmã.

O eu exterior é apenas a crosta do Interior, a máscara, a concha. É o oposto do caráter do Interno, pois nele a matéria predomina e está no arco descendente para a substância material. O Eu Interior é espiritual, o eu exterior, material. O interior está presente no exterior. Yoga leva à união desses dois, ao domínio do exterior pelo interior e à transferência da consciência das limitações do inferior para o superior. Portanto, o Yoga é a única solução para os problemas da vida.¹⁵

A justificativa para a disciplina é que, com a indulgência, a submissão ocorre em nível mais baixo, para a matéria, enquanto na disciplina, o espírito domina. Toda vitória na conduta da vida fortalece o poder do Eu Interior sobre o eu exterior e acelera o tempo de sua completa ascendência. Portanto, a disciplina deve fazer parte do Yoga. A disciplina enfrenta e resolve problemas a partir do exterior; a experiência da identificação os resolve a partir de dentro e, além disso, leva o aspirante constantemente em direção ao objetivo do Adeptado. 

Até o momento do despertar, o Eu Exterior tenta perpetuamente escapar do Eu Interior. Toda indulgência é uma escapada do 'cão de caça do céu'¹⁶. Mas o 'Grande Amante' sempre aparece e, no final, o eu exterior é capturado pelo Espírito. 

O início do Yoga é a cessação das tentativas de fuga e o começo do casamento celestial. O início desse 'noivado', a prática do Yoga, é como a trajetória de um cometa, um sol para dominar, destruir e ainda assim criar. Mesmo assim o Eu Interior e a consciência elevada do exterior permanecem perfeitamente calmos, ainda que expectantes. Não há medo depois que o despertar ocorre, somente a ânsia alegre de se fundir no Espírito, de ser recriado de ser livre."

¹⁵ Yoga, the Path, and Selfess Serviço (Yoga, o Caminho e o Serviço Altruísta) p. 126-8.
¹⁶ Francis Thompson, O Cão de Caça do Céu.

(Geoffrey Hodson - A Vida do Iniciado - Editora Teosófica, Brasília, 2021 - p. 34/35)


quinta-feira, 10 de março de 2022

O TREINAMENTO DA MENTE

"Treinar a mente em qualquer direção é treiná-la completamente até certo ponto, pois qualquer tipo definido de treino organiza a matéria mental da qual o corpo mental é composto, e também chama a atenção para alguns dos poderes do Conhecedor. A capacidade aumentada pode ser direcionada para qualquer fim, e está disponível para todas as finalidades. Uma mente treinada pode ser aplicada a um novo assunto, e irá lutar com ele e dominá-lo de uma forma impossível para os não treinados, e isto é o uso da educação. 

Mas deve ser sempre recordado que a preparação da mente não consiste em abarrotá-la de fatos, mas sim em delinear os seu poderes. A mente não cresce ao ser abarrotada com os pensamentos de outras pessoas, mas sim ao exercer as suas próprias faculdades. Diz-se dos grandes Mestres, que se encontram à frente da evolução humana, que Eles sabem tudo o que existe dentro do Sistema Solar. Isso não significa que todos os fatos que aí se encontram estejam sempre dentro da Sua consciência, mas sim que eles desenvolveram o aspecto do conhecimento em Si mesmos que, sempre que viram Sua atenção em qualquer direção, Eles tomam conhecimento do objeto para o qual estão se virando. Isto é muito maior do que o armazenamento na mente de qualquer número de fatos, pois é uma grande coisa ver qualquer objeto sobre o qual se vira o olho, do que estar cego e conhecê-lo apenas pela descrição que lhe é dada por outros. A evolução da mente não se mede pelas imagens que ela contém, mas pelo desenvolvimento da natureza que é o conhecimento, o poder de reproduzir dentro de si tudo o que lhe é apresentado. Isto será tão útil em qualquer outro universo como neste, e, uma vez adquirido, é nosso para o utilizarmos onde quer que estejamos."

(Annie Besant - O Poder do Pensamento - Ed.; Teosófica, Brasília, 2021 - p. 85/86)


terça-feira, 8 de março de 2022

DESISTINDO DO RELACIONAMENTO CONSIGO MESMO

"Iluminado ou não, no nível da sua identidade com a forma você não está completo. Você á a metade do todo. E isso é percebido como a atração homem-mulher, o movimento em direção à polaridade oposta de energia, não importa qual seja o seu nível de consciência. Mas, nesse estado de conexão interior, você percebe essa atração em algum lugar sob a superfície ou na periferia da sua vida. 

Isso não significa que você não se relaciona profundamente com outras pessoas ou com o seu parceiro. Na verdade, você só consegue se relacionar se tiver consciência do Ser. Partindo do Ser, você é capaz de enxergar além do véu da forma. No Ser, homem e mulher são uma unidade. A sua forma pode continuar a ter algumas necessidades, mas o Ser não tem nenhuma. Já está completo e inteiro. Se essas necessidades forem preenchidas, será ótimo, mas não faz diferença para o seu estado interior mais profundo. 

Portanto, caso a necessidade de uma polaridade masculina ou feminina não seja preenchida, é perfeitamente possível para uma pessoa iluminada perceber que falta alguma coisa no nível externo e, ao mesmo tempo, sentir-se totalmente completa e satisfeita no nível interno.

Se você não consegue ficar à vontade consigo mesmo, vai procurar um relacionamento para encobrir o seu desconforto. Só que esse desconforto vai reaparecer de alguma outra forma no relacionamento, e você, provavelmente, atribuirá a responsabilidade ao seu parceiro.

TUDO O QUE você precisa fazer é aceitar esse momento plenamente. Você estará então à vontade no aqui e agora e à vontade consigo mesmo.

Mas será que você precisa ter um relacionamento com você mesmo? Por que não ser apenas você? Quando se relaciona com você mesmo, já se dividiu em dois: 'eu' e 'eu mesmo', sujeito e objeto. Essa dualidade criada pela mente é a raiz de toda uma complexidade desnecessária, de todos os problemas e conflitos em sua vida. 

No estado de iluminação, você é você mesmo - 'você' e 'você mesmo' se fundem em um só. Você não se julga, não sente pena de si, não se orgulha de si, não se ama, não se odeia, etc. A divisão provocada pela consciência está curada; sua maldição, removida. Não existe um 'você mesmo' que seja preciso proteger, defender ou alimentar. 

Quando você está iluminado, não tem mais um relacionamento consigo mesmo. Uma vez que tenha aberto mão disso, todos os seus outros relacionamentos serão de amor."

(Eckhart Tolle - Praticando o Poder do Agora - GMT Editores Ltda., 2016 - p. 94/95)