OBJETIVOS DO BLOGUE

Olá, bem-vindo ao blog "Chaves para a Sabedoria". A página objetiva compartilhar mensagens que venham a auxiliar o ser humano na sua caminhada espiritual. Os escritos contém informações que visam fornecer elementos para expandir o conhecimento individual, mostrando a visão de mestres e sábios, cada um com a sua verdade e experiência. Salientando que a busca pela verdade é feita mediante experiências próprias, servindo as publicações para reflexões e como norte e inspiração na busca da Bem-aventurança. O blog será atualizado com postagens de textos extraídos de obras sobre o tema proposto. Não defendemos nenhuma religião em especial, mas, sim, a religiosidade e a evolução do homem pela espiritualidade. A página é de todos, naveguem a vontade. Paz, luz, amor e sabedoria.

Osmar Lima de Amorim


sexta-feira, 19 de abril de 2013

RAJA YOGA - OS FANTÁSTICOS PODERES DA MENTE (3ª PARTE)

"Hoje, no Ocidente, uma ala suspeita formada por "psicólogos" (?!), "gurus" (?!), "religiosos" (?!), "magos" (?!) e "escritores" (?!) - cada dia em maior número e ganhando lucros mais gordos - vem ensinando "pacotes" de técnicas a serem usadas para explorar ao máximo os "infinitos" (?!) poderes da mente. Milhões de cursos, seminários, livros e vídeos ensinam a um público desinformado a manipular magicamente os "ilimitados poderes mentais" com o objetivo egocêntrico de faturar saúde, poder, juventude, sucesso, fama, dinheiro, prazer sexual, vitória sobre concorrentes, e até mesmo a destruição de inimigos. Segundo prometem, não há desejo desmedido que a mente bem explorada deixe de atender. Nada é impossível para a mente (!).

Os que já conseguem se banhar na luz do Yoga, entretanto, sabem que, assim como a cintilação das pequenas ondulações da água agitada dentro do tanque não passa de um enganoso e transitório brilho emprestado pela verdadeira luz da lâmpada, a mente é tão somente "iluminada", mas não é a luz. Sua aparente luz é efêmera e dependente da Luz Eterna e Infinita, a Luz de Deus, o Atma Jyotir. Não é, portanto, uma opção inteligente esquecer a Luz Divina em face da sedutora, mas embaçada luz da mente.

O Yoga ensina e demonstra que só o Ser, o Atma é a própria Luz inextinguível (Jyotir). Se a mente é de fato tão poderosa, que dizer da onipotência do Ser-Luz que todos somos, sem o qual a mente nem existiria? Os que se deslumbram com a mente e a cultuam e cultivam, "normalmente" em proveito próprio e na caça de valores imediatos e materiais, precisam ficar sabendo que alcançariam infinitamente mais, se, esquecidos de si mesmos, isto é, humildados, buscassem a união (Yoga) com Deus.

Obviamente, o preço da joia verdadeira tem de ser bem mais alto que o da imitação. Samadhi (a parada da mente) é a joia inapreciável. É imensamente difícil alcançá-lo, mas não impossível. O progresso tem de ser gradual, mas firme. Para tanto, Patanjali, no caítulo II do Yoga Sutra, ensina um procedimento técnico, digamos, uma ascese, um sadhana que culmina com o samadhi, isto é, o desejado mas difícil chita-vritti nirodha, o desligar do "motorzinho" e apagar a mente. É um método rigorosamente científico e comprovadamente eficiente, constituído de oito componentes, daí seu nome - Astanga Yoga (asta, oito; anga, componente, membro). 

Os angas são: (1) Yama; (2) Niyama; (3) Asana; (4) Pranayama; (5) Prathyahara; (6) Dharana; (7) Dhyana; e (8) Samadhi. Os dois primeiros compõem um sistema perfeito de ética, capaz de assegurar paz, pureza e serenidade àqueles que o cumpram. Esse alto nível de sanidade e santidade mentais é que viabiliza o bom desempenho nas etapas seguintes da difícil jornada do aspirante. (...)"

(José Hermógenes - Iniciação ao Yoga - Ed. Nova Era, Rio de Janeiro - p. 43/44)




OS ENSINAMENTOS PERDIDOS DOS EVANGELHOS

"Cristo foi muito mal interpretado pelo mundo. Mesmo os princípios mais elementares de seus ensinamentos foram deturpados, e suas profundidades esotéricas, esquecidas. Foram crucificados nas mãos dos dogmas, dos preconceitos e do entendimento restrito. Guerras de genocídio foram travadas e pessoas queimadas como bruxas ou hereges, sob uma presumida autoridade de doutrinas cristãs fabricadas pelo homem. Como resgatar das mãos da ignorância os ensinamentos imortais? Precisamos conhecer Jesus como um Cristo oriental, um supremo iogue que manifestou plena maestria sobre a ciência universal da união divina e pôde assim falar e agir como um salvador, com a voz e a autoridade de Deus. Ele tem sido excessivamente ocidentalizado.

Jesus foi um oriental - de nascimento, família e educação. Separar um mestre do contexto de sua nacionalidade significa nublar o entendimento por meio do qual ele é percebido. Independentemente do que Jesus Cristo era em sua própria alma, ele nasceu e se desenvolveu no Oriente; e assim, teve de utilizar os meios da civilização, das peculiaridades, dos costumes, da linguagem e das parábolas orientais para difundir sua mensagem. Portanto, a fim de compreender Jesus Cristo e seus ensinamentos, é preciso ter receptividade à visão oriental - particularmente no que se refere à antiga e atual civilização da Índia, suas escrituras religiosas, tradições, filosofia, crenças espirituais e experiências metafísicas intuitivas. Embora, compreendidos esotericamente, os ensinamentos de Jesus sejam universais, eles estão impregnados da essência da cultura oriental - enraizados em influências orientais que foram adaptadas ao ambiente ocidental. 

Os Evangelhos podem ser corretamente compreendidos à luz dos ensinamentos da Índia - não as interpretações distorcidas do Hinduísmo, com a opressão de castas e a idolatria, mas a sabedoria filosófica, espiritualmente libertadora, de seus rishis: o cerne, e não o invólucro exterior dos Vedas, dos Upanishads e do Bhagavad Gita. Essa essência da Verdade - Sanathana Dharma, ou princípios eternos da retidão que sustentam o homem e o universo - foi conferida ao mundo milhares de anos antes da era cristã e preservada na Índia com uma vitalidade espiritual que fez da busca de Deus a quintessência da vida, e não um entretenimento teórico."

(Paramahansa Yogananda - A Yoga de Jesus - Self-Realization Fellowship - p. 16/17)


quinta-feira, 18 de abril de 2013

RAJA YOGA - A PARADA DA MENTE (2ª PARTE)

"Yoga chitta-vritti-nirodha (Yoga Sutra, I:2)

Dá para entender?! Nada. Não é? É assim, enigmaticamente, que o livro começa. Traduzindo: "Yoga é a parada (inibição) das modificações da mente." Por que preferi eu começar usando o sânscrito? Não é por esnobismo. É por ser altamente compensador o esforço de compreender essas palavras uma a uma. Um inteligente truque didático usado pelo sábio I. K. Taimni vai, no entanto, nos facilitar.

Imaginamos um tanque todo de vidro cheio d'água cristalina, dentro do qual há uma lâmpada acesa. Um motor, sob nosso controle, começa  agitar o líquido. De início, a água, totalmente parada, nem mesmo chega a ser vista, enquanto a luz da lâmpada exibe todo seu esplendor. Ao acionarmos o motor e, imprimindo-lhe velocidades variáveis, a situação se inverte. Agora já não podemos ver a lâmpada; só conseguimos distinguir as iluminadas ondulações do líquido. Que fazer para que a lâmpada volte a ser plenamente vista? A resposta  é uma só: parando os movimentos da água. Não é?

Decodifiquemos a alegoria. A lâmpada é o Ser Real. A massa líquida é a substância mental, representada, na definição acima, pela palavra chitta. A palavra vritti expressa mudança, agitação, movimento, fenômeno. Nirodha significa exatamente parada, inibição, aquela condição indispensável para que a luz da lâmpada volte a ser vista.

O Atma ou o Ser Supremo, que é nossa onipotente, onisciente e onipresente natureza real, embora entronizado no coração de cada um, nada obstante seu infinito e eterno fulgor, encontra-se velado pelas incessantes mudanças (vrittis) que têm lugar em nossa mente (chitta). O Yoga ou a parada da mente O "des-vela". Essa condição triunfal, este transe redentor é denominado samadhi. E é assim e por isso que o Atma se isola, se liberta (kaivalya) do envolvimento opaco e pesado da matéria que O aprisiona e frustra. 

"Des-velar" a luz da lâmpada dentro do tanque é fácil. Basta desligar o motor e esperar um pouco até que cessem as últimas ondulações da massa líquida, e pronto! Tratando-se de nossa mente, porém, normalmente agitadíssima e sem pureza, a manobra (nirodha) não é tão simples quanto desligar um motorzinho. É dificílima. As ondas, os movimentos (os chitta-vrittis) são gerados e mantidos por vasanas e samskaras (caprichos, desejos, inclinações, apegos, temores, interesses, aversões, convicções, valores...) que estão, desde vida anteriores, incrustados nos níveis inconscientes da mente. Vasanas e samskaras*, por sua própria natureza, se rebelam, se defendem, se impõem. São refratários a quaisquer tentativas de repressão e controle. Os que tentando meditar, se "esforçam" para conter os vrittis (pensamentos, lembranças, imagens) que desfilam e dançam na passarela da mente, sabem que não estou exagerando. Por toda esta dificuldade de controlar a mente, Santa Tereza d'Ávila a definia como "a louca da casa" e Sai Baba a compara a um macaco imprevisível e peralta. (...)"   

*Vasanas e samskaras formam o conteúdo do inconsciente, o karmashaya, isto é, o depósito de samcita karma, resultante de nossas experiências e ações de vidas passadas. Como pode ser visto, a tese freudiana não tem a originalidade que se reivindica. Segundo a psicanalista francesa Maryse Choisy, Freud conheceu Yoga de Patanjali por intermédio do filósofo A. Schopenhauer.

(José Hermógenes - Iniciação ao Yoga - Ed. Nova Era, Rio de Janeiro - p. 41/43)


AS RECOMPENSAS DA MEDITAÇÃO

"Quais são os frutos de uma meditação profunda? Para começar, o homem torna-se um ser pacífico. Não importa como a vida o trate, sua consciência permanece concentrada no interior do Eu. Krishna ensinou a Arjuna que ficasse ancorado Naquilo que é imutável. O único princípio imutável da criação é Deus. Tudo o mais está sujeito a mudar porque é apenas um pensamento-sonho Dele. Você e eu parecemos tão reais, e estes corpos tão substanciais; o mundo todo parece ser bem permanente. Contudo, esta aparente realidade não é nada mais que pensamentos condensados do Sonhador Cósmico. Como Ele, no momento em que retiramos a nossa mente deste mundo, o mundo para nós não existe mais. Quando colocamos nossa mente no Infinito, começamos a perceber o estado natural de nossas almas como expressões individualizados do Eu Cósmico.

Se Deus é amor, paz, sabedoria, alegria, nós então, sendo feitos à Sua imagem, temos a mesma natureza. Mas quem tem esse conhecimento de si mesmo? Toda noite, quando vamos dormir, durante algumas breves horas o Amado Infinito, em Sua compaixão, permite que esqueçamos este corpo, com todas suas preocupações e transtornos. Quando, porém, acordamos de manhã, imediatamente vestimos de novo a consciência de um ser finito, acorrentado por muitas limitações, hábitos, humores e desejos. Estando assim atados, não podemos nos conhecer com alma.

A única maneira pela qual nos será possível romper os grilhões, as cordas ocultas que nos prendem a esta forma carnal, é a meditação. E a primeira prova da existência de Deus dentro de nós é a grande sensação de tranquilidade interior que gradualmente começamos a sentir.

À medita que vamos meditando cada vez mais profundamente, a consciência começa a expandir-se. Aí desperta o desejo de esquecer esta pequena forma carnal e ver o Eu em todos os seres. Queremos servir  aos outros, nasce o desejo de servir à humanidade desinteressadamente.

Ao meditarmos com regularidade por toda a vida, começaremos a perceber o grande oceano de amor que reside dentro de nós. A devoção por Deus nos conduz ao estado em que O conhecemos como Amor Cósmico, expressando-Se por meio de todas as manifestação humanas de amor. Sem o amor que vem Dele não podemos amar ninguém. Sem o poder que vem Dele não conseguimos nem mesmo pensar ou respirar. Entretanto, excluímos de nossa vida o próprio Ser de quem dependemos a cada minuto de nossa existência e apegamo-nos a este mundo como nossa propriedade." 

(Sri Daya Mata - Só o Amor - Self-Realization Fellowship - p. 09/10)


quarta-feira, 17 de abril de 2013

RAJA YOGA - OS KLESHAS (1ª PARTE - II)

"(...) Os médicos sabem que uma terapia de alcance e eficiência maiores depende da identificação correta das causas últimas, as mais profundas e verdadeiras. Removidas estas, a enfermidade cessa. O ser humano só se livrará definitivamente da miséria quando, conhecidas suas verdadeiras causas, empenhar-se totalmente para suprimi-las. Ainda segundo Patanjali, os cinco kleshas geram e nutrem todas as formas de sofrimento. Ele os enumera numa sequência de causação, isto é, indicando que o anterior gera o que se segue:

- avidya (a ignorância fundamental);
- asmita (o egoísmo ou nossa identificação com o ego pessoal);
- raga (o apego ao agradável);
- dvesha (a repulsão ou aversão ao desagradável);
- abhinivesha (o instintivo apego à existência ou o natural medo de morrer). 

Vejamos como, a partir de avidya, a ignorância fundamental, os demais kleshas vão sendo gerados. Tendo perdido a consciência de ser o Supremo Ser Real, isto é, alienada em avidya (ignorância), a alma (jiva) assume uma falsa identidade e passa a supor que é um "Fulano de Tal", um ego pessoal (asmita). É normal que cada Fulano em si mesmo, cogite mais ou menos nestes termos:

Sou um ego distinto e distante de Deus e de meus semelhantes (os demais egos). Vivendo entre pessoas, coisas, acontecimentos e ideias, umas me agradam e seduzem, outras afrontam, desagradam, ameaçam e amedrontam. O que me agrada e gratifica, eu desejo (raga) desfrutar e possuir. Por outro lado, sinto aversão (dvesha) a tudo que me contrarie. Conquistarei aquilo que desejo e rechaçarei tudo que me desconforta e aborrece. Ora, bem sei que não posso obter e guardar sempre o que quero; nem sempre conseguirei afastar ou destruir o que me desagrada e aborrece. Afinal de contas, estou irremediavelmente condenado à insatisfação e à morte, que não sei quando chegará. Minha vulnerabilidade e impotência me angustiam. O medo de morrer (abhinivesha) me oprime.

O homem ego, depois de escutar as advertências dos Mestres espirituais e já tendo estudado as escrituras, deveria começar especular mais ou menos assim:

Se eu vencer esta ilusão de ser tão somente um ego à parte, por isso mesmo apegado, rixento e medroso, dar-me-ei conta da Verdade do Ser que Eu Sou. Só assim definitivamente afastarei da minha vida o peso enorme da miséria; livrar-me-ei de todos os tormentos, limites, conflitos, doenças, carências... Extinta a ignorância (avidya), tomarei posse da consciência plena e definitiva do Ser, que Eu Sou. E assim, de uma só vez, extinguirei apegos (raga), aversões (dvesha) e o medo (abhinivesha). Esta será minha salvação, a terapia ideal.

Patanjali ensina como vencer a ignorância, causa raiz de todos os demais kleshas:

A ininterrupta percepção do Real é o meio de afastar e dispersar avidya. (Yoga Sutra, II:26).

Mas, como realizar proeza tão difícil? Como conseguirei administrar minha mente sempre rebelde e agitada mantendo-a parada na percepção incessante do Ser Real que nem alcanço supor como seja, tão fora de minha percepção ou concepção? Patanjali responde:

Pela prática dos exercícios componentes (angas) do Yoga, destrói-se a impureza, sobrevindo a iluminação espiritual que propicia a percepção da Realidade. (Yoga Sutra, II:28).

A incógnita, entretanto, continua: que são os tais angas de tanto poder, capazes de remover a impureza e deter a inquietude normais da mente, tanto que viabilize a iluminação? Sempre baseando-nos em Patanjali, vamos continuar refletindo juntos em busca da resposta. (...)"

(José Hermógenes - Iniciação ao Yoga - Ed. Nova Era, Rio de Janeiro - p. 39/40)