OBJETIVOS DO BLOGUE

Olá, bem-vindo ao blog "Chaves para a Sabedoria". A página objetiva compartilhar mensagens que venham a auxiliar o ser humano na sua caminhada espiritual. Os escritos contém informações que visam fornecer elementos para expandir o conhecimento individual, mostrando a visão de mestres e sábios, cada um com a sua verdade e experiência. Salientando que a busca pela verdade é feita mediante experiências próprias, servindo as publicações para reflexões e como norte e inspiração na busca da Bem-aventurança. O blog será atualizado com postagens de textos extraídos de obras sobre o tema proposto. Não defendemos nenhuma religião em especial, mas, sim, a religiosidade e a evolução do homem pela espiritualidade. A página é de todos, naveguem a vontade. Paz, luz, amor e sabedoria.

Osmar Lima de Amorim


quarta-feira, 15 de maio de 2013

VOCÊ JÁ FEZ UM DIAGNÓSTICO DO SEU PRÓPRIO CARÁTER?

"Na luta contra os inimigos internos, os homens diferem entre si. Cada um obtém o resultado correspondente a seu sadhana (disciplina espiritual) e que seus atos neste e em nascimentos anteriores merecem. A vida não é uma fórmula matemática onde 2 mais 2 sempre dá 4. Para alguns, pode dar 3, e para outros, 5. Depende do valor que cada um dá a 2. Além disso, na caminhada espiritual, cada um tem de mover-se para a frente, a partir de onde já se encontra, de acordo com seu próprio passo, à luz da lamparina que leva na mão. Os rakshasas eram muito soberbos para que se inclinassem diante do Senhor; punham muita fé nos braços e no número deles. Ignoravam as forças do Espírito, mais sutis e mais potentes, que poderiam transportar montanhas, atravessar oceanos e aniquilar a fúria dos elementos.

Você deve esforçar-se para diagnosticar seu próprio caráter, e identificar os erros que o estão infestando. Não tente analisar o caráter dos outros e apontar-lhe os defeitos. Este autoexame é necessário para trazer à luz os defeitos que podem prejudicar uma carreira espiritual. As pessoas compram roupas com cores escuras tanto que não revelem poeira ou sujeira; evitam roupas claras porque denunciam a condição de sujas. Não tente, entretanto, esconder, na sombra, sua sujeira. Envergonhe-se de uma natureza suja, e empenhe-se por livrar-se dela rapidamente."

(Sathya Sai Baba - Sadhana O Caminho Interior - Ed. Nova Era, Rio de Janeiro - p. 155/156)


terça-feira, 14 de maio de 2013

LAYA YOGA - LAYA, A APOTEOSE (3ª PARTE)

"No estudo dos demais capítulos, onde tratamos dos diversos sistemas de Yoga, podemos entender como e o quanto cada um está relacionado com Laya Yoga.

A prática Bhakti purifica, concentra e direciona para Deus as diferentes manifestações de nossa afetividade (sentimentos, emoções e paixões) e isto nos torna possível desfrutar a sublimidade do mais perfeito amor (prema). No altar de prema, a alma, espontânea, fácil e mesmo jubilosamente, sacrifica seu ego e seu apego à existência. Embora o devoto perfeito se contente tão somente com as delícias de amar o Senhor, renunciando mesmo a fundir-se nEle, não é impossível que o pouco que lhe restou do ego venha a se derreter e acabar.

O karma yoguin deposita, como oferenda, aos pés de lótus do Senhor, os frutos de sua atividade generosa sem nada pedir em retribuição. Com isto, ele, sem dúvida, está depositando também seu ego, consequentemente aplacando trishna na existência ilusória. Este processo evolui no sentido de desfazer a falsa convicção de ser distinto a estar distante do Ser Supremo.

A Raja Yoga, mediante a prática de meditação, procura aquietar os vrittis (fenômenos que agitam a mente), tanto que, estando a mente parada, possibilite a contemplação do Ser. Este Estado denominado samadhi é, para muitos, sinônimo de laya. O meditante, neste estado, elimina aquilo que separa e cria diferença - sua mente inquieta e incontrolável. Suprimidas a diferença e a distância, a Unidade se impõe, e o que até então parecera distante e distinto some, se extingue. Isto é laya.

A vedanta adwaita diz que é a ignorância (ajnana) que nos mantém exilados de nossa verdadeira Realidade e Essência, que é Sat-Cit-Ananda. Aniquilada a ignorância, vencida a ilusão pelo esplendor da sabedoria, você, eu e os demais assumimos o que somos - Sat, o Ser Supremo, a Suprema Verdade; alçamo-nos a Cit, a Consciência Absoluta; e desfrutamos Ananda, a Bem-Aventurança eterna. Jnana Yoga, método que nos ajuda a esgotar a ignorância, para assim abrir-nos ao "saber" Aquilo que real e essencialmente somos. O ser ilusório, que a ignorância forjou e nutriu durante muitas existências, agora se dissipa na "Verdade que liberta". O eu pessoal se consome então em Deus. Aquilo que até então somente parecia ser perde sua efêmera aparência ao extinguir-se nAquilo que em verdade e eternamente É. (...)"

(José Hermógenes - Iniciação ao Yoga - Ed. Nova Era, Rio de Janeiro - p. 116/117)


HERÓIS - DE PAPELÃO

"Anteontem...
Sentia-me eu possuído dum grande idealismo.
Indômita coragem enchia-me o coração.
Estava disposto a sofrer por ti, Senhor, afrontas e ludíbrios em praça pública.
Invejava os mártires do Coliseu, dilacerados pelos leões da Mesopotâmia e pelas panteras da Numídia.
Suspirava pela sorte dos heróis que, entre hinos e sorrisos, subiam às fogueiras ou se estendiam nas rodas de suplício.
Quem me dera sair pelo mundo afora e pregar o Evangelho a povos bárbaros!
Tão grande era o idealismo e a sede de sofrimento que me ardia na alma, que insípidas e vergonhosas me pareciam essas vinte e quatro horas da vida cotidiana.
Assim foi anteontem...

Ontem...
Quando acordei, chamei a empregada para me trazer o café e o jornal.
E ela mos trouxe, mas não me disse "bom dia" - e encheu-me de ira o coração...
E por que não deu o jornal o meu nome entre os benfeitores do Abrigo Cristo Redentor? Não sabe que contribuí com dez milhões de cruzeiros?
E por que me apelida essa revista ilustrada de "senhor", quando eu sou "doutor"?
O cigarro que mandei comprar era de qualidade inferior - e transbordou-me a bílis  enchendo-me de fel as vias do sangue.
Ao sair de casa, verifiquei que faltava um botão de camisa - e tachei de relaxada a companheira de minha vida.
Ao tomar o ônibus, encontrei-o superlotado - e mandei ao inferno a empresa com todos os seus funcionários.
Assim foi ontem...

Hoje...
Fui intimado a comparecer às barras do tribunal...
Sobre a cátedra de juiz estava sentada a Consciência, calma, serena, austera.
E eu, no banco dos réus, humilde, sincero, confuso...
E, abrindo os lábios, disse a Consciência, inexorável:
"Tu, que sonhas com feitos heroicos - sucumbe a uma ninharia?
Tu, que queres lutar com leões e panteras - capitulas em face duma mosca?
Tu, disposto a derramar o sangue por amor do Cristo - ignora o á-bê-cê da caridade?..."
Eu, de olhos baixos e coração pequenino, ouvia, calado...
"Não exijo de ti - prosseguiu a Consciência - que tomes entre dois dedos o Corcovado e o jogues às águas da Guanabara - mas exijo que sejas senhor dos teus nervos, e não te reduzas a escravo dos teus escravos.
Exijo de ti o menor e o maior de todos os sacrifícios: que suportes, sereno, calmo, amável, as vinte e quatro horas de cada dia..."

(Huberto Rohden - De Alma para Alma - Ed. Martin Claret, São Paulo - p. 71/72)


segunda-feira, 13 de maio de 2013

LAYA YOGA - A SEDE DE VIVER (2ª PARTE)

"Por que e como saímos da gloriosa essência para a dolorosa existência? Que nos prende existindo neste mundo de samsara, padecendo nascimento e mortes? O hinduísmo e o budismo respondem: a causa é trisna. Tanha é outra palavra que o budismo usa. Trishna significa a "sede de viver", o anelo fundamental de continuar existindo, presente não só nos seres humanos, mas em todo vivente. É o que, nos animais, se tem chamado "instinto de conservação". Ora, ninguém "normalmente" anseia por sua própria extinção. Assinalo, no entanto, duas exceções: a desastrosa e impossível fuga por meio do suicídio; e o "instinto de morte", mencionado pelo criador da psicanálise. Mas estes dois casos são indiscutivelmente patológicos. Expressam a morbidez dos desesperados. 

É admissível alguém sadio aspirar pela autoextinção?! Parece que não. No entanto, um inteligente e sadio projeto de autoextinção é possível sim, mas somente em pessoas que já constataram, por experiência, a fugacidade de tudo, principalmente da própria existência; que já se deram conta, por outro lado, da eternidade e infinitude de si mesmas, isto é, da essência; que já sabem inequivocamente que serão despojadas para sempre de tudo que supõem ser e possuir; e principalmente preveem que, por tudo isto, estão condenados a sofrer. Só o sábio, por ter vencido a ilusão, se dispõe a trocar o gozo fugidio do existir (preya) pela bem-aventurança eterna do Ser (shreya). O sábio, no entanto, não aspira exatamente à simples e suicida extinção de sua existência. Aspira sim compreender cada vez mais profundamente "aquilo" que o algema à fugidia e falsa existência. "Aquilo" é a obsedante "sede de existir" (trishna ou tanha). Laya Yoga o ajuda nisto. Laya Yoga pode ser entendido como a extinção da vida mesquinha que sempre termina em morte para dar lugar à vastidão da Vida Una onde não há morrer. Laya Yoga é uma busca da "Água Viva" e do "Pão da Vida", mencionados por Jesus. 

O corpo é um condenado à morte - todos sabem. Mas a tradicional "sede de viver" tenta inutilmente opor-se a isto. Resultado: sofre por não poder evitar o fim. O corpo morre, mas a "sede" de voltar a viver persiste firme e forte, e é por isto que um novo corpo é engendrado e nasce, prolongando o exílio, o cativeiro em samsara. Trishna é a energia que, segundo Buddha, mantém girando a roda dos nascimentos e mortes. Eis por que estamos programados para renascer e, consequentemente, condenados a remorrer. Tal é a razão de nosso desterro no "reino da morte". É somente quando, graças a uma profunda evolução espiritual, conseguimos minimizar o ego (ahamkara), aquele que quer sempre gozar e nunca sofrer, conseguiremos também saciar o tipo de "sede" que obrigava a samaritana a sempre retornar ao "poço de Jacob" para dessedentar-se. É extinguindo trishna (a "sede"), que o ser humano alcança o ansiado acesso à Vida-sem-morte, à verdadeira Vida, à da Essência. O Cristo confirmou isto:
Quem ama sua vida [trishna] perdê-lo-á; mas quem aborrece a sua vida neste mundo, conservá-la-á para a vida eterna. (Jo 12:25) 
Falando à mulher samaritana, à borda do "poço de Jacob", o Cristo prometeu-lhe a verdadeira Vida, oferecendo-se como a "Água Viva", isto é, aquele que dessedenta para sempre:
Quem beber da água que eu lhe der, não terá mais sede no futuro; mas a água que eu lhe der se tornará nele uma fonte de água que mana para a vida imanente. (Jo 4:14). (...)"

(José Hermógenes - Iniciação ao Yoga - Ed. Nova Era, Rio de Janeiro - p. 115/116)


DOMINE AS "SERPENTES" QUE SE ABRIGAM EM SUA MENTE

"Anote todas as coisas pelas quais você tem, por tanto tempo, clamado. Descobrirá que tem ansiado por insignificâncias, por distinções efêmeras e fugidia fama. Você deve clamar somente por Deus, e por sua própria purificação e realização. Deve mesmo chorar e lamentar pelas seis serpentes que se abrigam em sua mente, intoxicando-a com veneno: luxúria; cólera; ambição; apego; orgulho e ciúme. Aquiete-as como faz o encantador de serpentes, com sua flauta de som ondulante. A música que as pode domar é o cântico (em voz audível) do nome de Deus. E quando estiverem elas muito tomadas por tal música, sem você se mover e as ameaçar, pegue-as pelo pescoço e extraia suas presas tal como faz o encantador. Daí por diante, você pode brincar com elas; pode manejá-las como quiser."

(Sathya Sai Baba - Sadhana O Caminho Interior - Ed. Nova Era, Rio de Janeiro - p. 148/149)