OBJETIVOS DO BLOGUE

Olá, bem-vindo ao blog "Chaves para a Sabedoria". A página objetiva compartilhar mensagens que venham a auxiliar o ser humano na sua caminhada espiritual. Os escritos contém informações que visam fornecer elementos para expandir o conhecimento individual, mostrando a visão de mestres e sábios, cada um com a sua verdade e experiência. Salientando que a busca pela verdade é feita mediante experiências próprias, servindo as publicações para reflexões e como norte e inspiração na busca da Bem-aventurança. O blog será atualizado com postagens de textos extraídos de obras sobre o tema proposto. Não defendemos nenhuma religião em especial, mas, sim, a religiosidade e a evolução do homem pela espiritualidade. A página é de todos, naveguem a vontade. Paz, luz, amor e sabedoria.

Osmar Lima de Amorim


sexta-feira, 14 de junho de 2013

POR QUE DEVEMOS BUSCAR DEUS?

"Por que devemos buscar Deus? Que é Deus? Como podemos encontrá-Lo?

Pode-se responder à primeira pergunta de uma forma muito simples. Devemos buscar Deus porque somos feitos à Sua imagem, e somente Sua perfeição e perpetuidade podem nos dar felicidade duradoura.

O homem foi dotado de uma mente e de um corpo com cinco sentidos, por meio dos quais percebe esse mundo finito e com ele se identifica. O homem não é, porém, nem o corpo nem a mente; sua natureza é espírito, a alma imortal. Sempre que tentar encontrar a felicidade permanente por meio das percepções sensoriais, suas esperanças, seu entusiasmo e seus desejos naufragarão, com a mesma frequência, nos rochedos da profunda frustração e do desapontamento. Tudo no universo material é essencialmente efêmero e sempre cambiante. O que está sujeito a mudanças traz em si as sementes da decepção. E é assim que nosso navio de expectativas mundanas, cedo ou tarde, encalha nas águas rasas do desencanto. Por isso devemos buscar Deus, porque Ele é a origem de toda a sabedoria, todo o amor, toda a bem-aventurança, todo o contentamento. Deus é a fonte de nosso ser, a fonte de toda a vida. E nós somos feitos à Sua imagem. Quando O encontrarmos, conheceremos essa verdade. 

Se Deus é a meta do homem, então o que Ele é? Toda escritura e toda grande alma que já falou de sua experiência de Deus afirmaram que determinadas qualidades constituem a natureza do Espírito. Ainda assim não podemos dizer o que é Deus. Ninguém jamais conseguiu descrevê-Lo totalmente. Existe a história de uma imagem de sal que foi à praia medir a profundidade do oceano. No momento em que entrou na água, ela se derreteu. A imagem não conseguiu medir a profundidade porque se unificara com o mar. Acontece o mesmo com o homem. Seu próprio ser consiste das mesmas qualidades que pertence ao Espírito. No momento que sua alma se identifica com o Ser Infinito, ele se unifica com Deus e já não consegue descrever o que Ele é. Entretanto, muitos santos descreveram o que uma pessoa experimenta quando comunga com o Espírito. 

Todas as criaturas declaram que Deus é paz, amor, sabedoria, bem-aventurança. Todas concordam em que Deus é inteligência cósmica, onisciente e onipresente. Ele é o Absoluto. Ele é o grande som cósmico de Om, o Amém dos cristãos. Ele é luz cósmica. Esses são todos atributos ou qualidades do Infinito. E quando o devoto busca-O profundamente começa a perceber essas várias manifestações do Divino.

Diz-se que a primeira prova da presença de Deus dentro do homem é a paz - essa paz que nada pode afetar. Quando o homem deposita seus sonhos, ideais, esperanças e ambições em objetos mundanos, a paz que ele sente em suas realizações é apenas temporária. Este é o mundo de dualidade: a vida é feita de prazer e de dor, saúde e doença, calor e frio, amor e ódio, vida e morte. O objetivo do homem é transportar sua consciência para além dessa lei de dualidade, desse véu de maya, e encontrar o Um que está presente em toda a criação e para além dela."

(Sri Daya Mata - Só o Amor - Self-Realization Fellowship - p. 03/05)


quinta-feira, 13 de junho de 2013

TRANSFORMAÇÃO (1ª PARTE)

"As transformações estão ocorrendo constantemente no mundo à nossa volta - na Natureza, nas coisas feitas pelo homem e no próprio homem. Não será a transformação uma expressão do movimento que, segundo A Doutrina Secreta, é um dos três aspectos do absoluto - movimento, espaço e duração?

A palavra transformação é derivado do latim trans, que significa 'além de, completamente, através de', e forma, que significa 'uma forma'. Assim, poderíamos dizer que, etimologicamente, transformação tem a ver com atravessar ou ir além de uma forma ou de formas. Existe movimento através das formas de uma para outra e novamente daquela forma. Assim, é a forma que muda, embora visivelmente possa não mudar em sua inteireza ou imediatamente, a não ser que um fator especial, tal como o fogo, seja introduzido do exterior. Geralmente, aquilo que muda constantemente não é a forma total, mas suas partes. Na matéria são as moléculas e os átomos que muda. Nos corpos vivos, orgânicos - corpos de animais e plantas - células novas estão constantemente sendo adquiridas e as velhas, descartadas. 

Dizem que a cada sete anos as células do corpo humano são completamente renovadas de modo que não é o mesmo corpo que era há sete anos. Em toda matéria - tanto a de nossos corpos quanto a de objetos inanimados - os átomos estão em constante movimento, e as partículas subatômicas da matéria movem-se tão rapidamente que passam a pertencer a um conjunto de leis completamente diferente das leis que se aplicam à matéria que vemos com nossos olhos físicos. Mas, na matéria que conhecemos, as mudanças normalmente parecem ocorrer lentamente e conseguimos identificá-las. Vemos uma flor crescer, desabrochar e estiolar-se. Vemos o corpo de um animal recém-nascido crescer, entrar na fase adulta, envelhecer e depois morrer, desintegrando-se. Podemos dizer que o corpo do adulto ou do idoso é o mesmo que o de um bebê? É o mesmo que era há sete anos? É o mesmo que era ontem ou há poucos momentos? Contudo, reconhecemos a sucessão de formas como pertencendo a uma unidade, porque muitas dessas formas permanecem para preservar a aparência exterior e, acima de tudo, porque existe 'algo internamente' que permanece constante através de todas as mudanças. Existe um movimento de forma para forma, mas o que é que se move? Frequentemente dizem que a forma é um par de opostos, sendo o outro par a vida, e que, enquanto a forma muda, a vida é imutável. (...)"

(Mary Anderson - Revista TheoSophia  Jul/Ago/Set 2012 - Ed. Teosófica, Brasília - p. 37/38)


A LIBERDADE DA CULPA E A NECESSIDADE DA PENA (PARTE FINAL)

" (...) Nesse roteiro de libertação pelo conhecimento da Verdade, certos místicos do Oriente enveredaram por um caminho que talvez possa ser considerado como um ato de boa vontade, mas não como uma compreensão integral: resolveram abandonar o mundo objetivo do ego, que os escravizava, em vez de o superar pela libertação. Simples abandono não é libertação. Escapismo não é redenção. Quem apenas abandona o mundo do ego, para se refugiar no Eu, não se redime desse mundo - não é um liberto, mas apenas um desertor. Pode essa deserção representar um ato de boa vontade, mas não deixa de ser medo e fraqueza. O homem disposto a libertar-se deve encarar o mundo da escravidão, lutar com ele até superá-lo por uma força inerente ao próprio lutador. Pela luta, essa força latente no lutador desperta, adquire vigor e crescente poder, até derrotar o adversário A luta com mundo do ego exige uma força incomparavelmente maior do que o simples abandono desse mundo adverso. E ainda que o lutar perca muitas batalhas nessa guerra existencial, se ele persistir na luta, revela-se mais heroico e admirável do que o desertor do campo de batalha. 

O Bhagavad Gita do Oriente e o Evangelho do Cristo não recomendam fuga, mas luta, até a vitória final.

O homem realmente liberto superou tanto a derrota como a deserção.

Mas essa vitória só pode ser conquistada pelo Eu divino do homem, porque esse elemento divino do homem é onipotente, quando devidamente desenvolvido e acordado. "Tudo é possível, e nada é impossível, àquele que tem fé", isto é, fides, fidelidade ao seu centro onipotente, seu Eu divino."

(Huberto Rohden - Setas para o Infinito - Ed. Martin Claret, São Paulo -p. 32/33)


quarta-feira, 12 de junho de 2013

ATITUDE FUNDAMENTAL DO BHAGAVAD GITA

"Segundo a concepção cósmica da filosofia oriental, toda a atividade do homem profano é fundamentalmente trágica, eivada de culpa, ou karma, porque quem age é o ego, e esse ego é uma ilusão funesta, e tudo o que o elo ilusório faz é necessariamente negativo, contaminado de culpa e maldade. 

Se tal é toda e qualquer atividade do homem profano, então estamos diante de um dilema inevitável: ou agir e onerar-se de culpa - ou não agir e assim preservar-se da culpa.

Grande parte da filosofia oriental optou pela segunda alternativa do dilema: não agir, entregar-se a uma total inatividade, abismar-se numa eterna meditação passiva, a fim de não aumentar o débito negativo do karma

O Bhagavad Gita, porém, não recomenda nenhuma dessas duas alternativas: nem o não agir e preservar-se de culpa, nem o agir e cobrir-se de culpa. O Gita descobriu um terceiro caminho: o do agir sem culpa ou karma. O Bhagavad Gita recomenda o caminho do reto agir, equidistante do falso agir e do não agir.

Como pode o homem agir sem se onerar de culpa?

O falso agir é um agir por amor ao ego; mas o reto agir age por amor ao Eu, embora através do ego, e assim a sua atividade não é culpada. 

O reto agir, por amor ao Eu verdadeiro, não só não cria uma nova culpabilidade no presente e no futuro, mas neutraliza também o karma do falso agir do passado, libertando assim o homem de todos os seus débitos. É nisso que consiste a suprema sabedoria do Bhagavad Gita.

Mas para que o homem possa agir assim por amor ao Eu verdadeiro, deve conhecer esse Eu, deve conhecer a verdade sobre si mesmo.

É o que Krishna explica a seu discípulo Arjuna através dos 18 capítulos que perfazem o diálogo deste poema metafísico; autoconhecimento para tornar possível a autorrealização pelo reto agir.

A quintessência do Gita é, pois, um convite para o reto agir, porque o homem não se realiza nem pelo não agir, nem pelo falso agir.

A alma do Bhagavad Gita é um poema de autorredenção pela autorrealização baseada no autoconhecimento.

Homem, conhece-te a ti mesmo!

Homem, realiza-te!"

(Huberto Rohden - Bhagavad Gita - Krishna - Ed. Martin Claret, São Paulo - p. 1/12)


A LIBERDADE DA CULPA E A NECESSIDADE DA PENA (1ª PARTE)

"Com o despertar da inteligência, que é o nascimento do homem ego, nasce no homem a liberdade, ou o livre-arbítrio, mas de uma forma ainda imperfeita e inconstante. O homem que, no estado pré-intelectual, não podia fazer nem o bem nem o mal, agora pode fazer o bem e o mal; mas oscila ainda entre esses dois extremos.
Este livre-arbítrio parcial torna o homem parcialmente responsável por seus atos. O homem é responsável por seus atos na proporção em que age livremente.
Harmonizar com o Todo é bom - não harmonizar é mau.
A harmonia com o Todo se revela como Verdade, Justiça, Amor, Benevolência, Solidariedade, Reverência em face da Vida, Felicidade, etc. A desarmonia se revela no contrário.
Quando o homem desarmoniza livremente com o Todo, crea um débito ou uma culpa.
Essa culpa, porém, exige imperiosamente uma pena, ou seja, um sofrimento. Por quê?
Para manter o equilíbrio do Universo. Se houvesse culpa sem pena, poderia o homem aumentar indefinidamente os seus débitos, as suas revoltas contra a Constituição Cósmica do Universo, até desequilibrar tudo e converter o cosmos em um caos.
A pena ou o sofrimento é uma espécie de válvula de segurança contra esse desequilibramento anticósmico; pois, assim como o gozo é vital, o sofrimento é antivital e, como tal, um freio para que o infrator pare no caminho das suas infrações anticósmicas. Se persistir em aumentar as suas infrações, destrói-se a si mesmo pelo excesso de antivitalidade, até acabar na auto-extinção ou "morte eterna".
A necessidade da pena, que segue à culpa livre, é a garantia da estabilidade do Universo. Se o infrator da harmonia cósmica quiser viver, e não morrer por suicídio metafísico, tem de parar nas suas infrações, revogar a desarmonia e voltar à harmonia com o Todo. 
O homem ego, pela semiluz da inteligência (lúcifer) comete a culpa e provoca a necessária reação a ela em forma de pena ou sofrimento (lei de causa e efeito, karma). Mas esse mesmo sofrimento provocado pela culpa atua também como prelúdio da redenção.
A inteligência do ego produz o sofrimento pela culpa - e a razão do Eu supera culpa e sofrimento e prepara o gozo pela redenção de ambos. 
Pensam os ignorantes que a humanidade do presente seja pior do que a de séculos passados. Com a mesma lógica, ou falta de lógica, poderíamos afirmar que um rapaz de 25 anos é pior que um menino de 5 anos, porque este é inocente e puro, e aquele está cheio de pecados e impurezas. 
Verdade é que, objetivamente, a humanidade de hoje é bem mais pecadora do que a da Idade Média. Por quê? Porque a inteligência do seu ego é mais desenvolvida e tem mais possibilidades de crear desarmonias com o Todo. Mas, por outro lado, essas culpas também crearam penalidades muito maiores do que em séculos pretéritos, e, como pena é prelúdio de redenção, podemos afirmar que o homem presente está mais perto da redenção do que o de épocas anteriores. Quando o filho pródigo estava guardando os porcos do seu tirano, no nadir da degradação, estava ele mais próximo da redenção pelo regresso, porque mais perto do ingresso em si, do que antes do egresso. 
Através da felix culpa do necessarium peccatum (palavras do hino pascal Exulter) engendra o homem a tragicidade do seu destino, o seu roteiro evolutivo. O animal infra-ego não pode chegar ao Eu se não passar pelo ego. Ninguém pode chegar do antepenúltimo ao último a não ser que passe pelo penúltimo."

(Huberto Rohden - Setas para o Infinito - Ed. Martin Claret, São Paulo - p. 31/32)