OBJETIVOS DO BLOGUE

Olá, bem-vindo ao blog "Chaves para a Sabedoria". A página objetiva compartilhar mensagens que venham a auxiliar o ser humano na sua caminhada espiritual. Os escritos contém informações que visam fornecer elementos para expandir o conhecimento individual, mostrando a visão de mestres e sábios, cada um com a sua verdade e experiência. Salientando que a busca pela verdade é feita mediante experiências próprias, servindo as publicações para reflexões e como norte e inspiração na busca da Bem-aventurança. O blog será atualizado com postagens de textos extraídos de obras sobre o tema proposto. Não defendemos nenhuma religião em especial, mas, sim, a religiosidade e a evolução do homem pela espiritualidade. A página é de todos, naveguem a vontade. Paz, luz, amor e sabedoria.

Osmar Lima de Amorim


sexta-feira, 5 de julho de 2013

A ESTRADA PARA A LIBERDADE (PARTE FINAL)

"(...) Os verdadeiros instrutores, por outro lado, estão preocupados com o despertar da inteligência - o desabrochar da faculdade de discernimento (viveka), que começa com a compreensão do que fez com que a humanidade se entregasse à violência, à ganância, à agressão e assim por diante durante milênios, e também a percepção das manifestações desses condicionamentos em si próprio. A atenção, a reflexão e a percepção abrem a mente à possibilidade de se libertar da compulsão e da conformidade.

A crença, a obediência cega, a falta de vontade de prestar atenção aos fatores psicológicos dentro do indivíduo e da sociedade, assim como a tendência de fazer o que quer que seja conveniente no momento presente são sérios obstáculos ao despertar. Por isso Buda disse: "Não aceite o que eu digo, descubra o que é a verdade.".

Devemos ver por nós mesmos que os caminhos do mundo são dolorosos ao extremo, e que deve haver uma mudança; somente então se pode encontrar a energia para ouvir sem cair na crença, para investigar sem preconceitos e para descobrir a verdade diretamente.

Pouquíssimas pessoas gostam de ouvir uma mensagem que as tire de seu torpor; elas preferem permanecer estagnadas internamente e depender de outros para sua salvação. Fluir com a correnteza da mundanidade é muito mais fácil do que fazer o forte esforço necessário para emergir dessa correnteza e alcançar a praia. O oceano de samsâra está cheio de tubarões e outros animais perigosos, como descrevem os textos clássicos, mas as pessoas querem permanecer ali, talvez porque sintam vagamente que o mal conhecido é melhor que o desconhecido. 

Somente por meio da atenção pacientemente sustentada, do pensamento profundo e da contemplação sobre os principais problemas da vida, da purificação e do refinamento da faculdade de percepção é que a visão clara é desenvolvida. Não há alternativa para os indivíduos que estão empreendendo tal curso de autotreinamento, que pode ser longo ou curto, dependendo da seriedade que se aplicam. O mundo não pode mudar por si próprio. Os indivíduos constituem o mundo, e somente os indivíduos que se transformam podem transformar o mundo."

(Radha Burnier - Revista Sophia nº 36 - Ed. Teosófica, Brasília - p. 24/25)


EMBARQUE NO TREM DA SABEDORIA QUE ELE O LEVARÁ AO SEU DESTINO

"Muitas pessoas pensam em Deus somente quando dominadas pela aflição. É bom que façam assim. É melhor que procurar ajuda naqueles que também são suscetíveis de se afligirem. Mas é infinitamente melhor pensar em Deus, tanto no sofrimento quanto na alegria, tanto na paz quanto na contenda; durante o tempo todo. A prova da chuva é a umidade do solo; a prova do bhaktha é a paz (santhi) que ele tem, aquela que o protege contra as arremetidas tanto da vitória como da derrota, tanto da fama como da desonra, tanto no lucro como da perda.

Bhakthi equivale ao Ganges; vairagya (desapego) ao rio Yamuna; jnana (sabedoria), o rio Saraswathi, neste triveni* espiritual. 

Jnanam (sabedoria) é o trem expresso. Embarque nele. Isto é bastante, pois levará você diretamente ao destino. Bhakthi (devoção) é o vagão cargueiro, e pode ser desligado de um trem e ligado em outro, mas se você nele permanecer, não precisa de preocupar; deixe-se ficar em seu lugar; ele está programado para o levar ao destino. Karma (ação) é o trem comum. Se nele embarcar, terá de desembarcar, descer e subir em cada conexão, carregando sua bagagem, e assim, terá de fazer uma boa dose de trabalho até onde queira chegar.

Bhakthi por si só é bastante, mesmo para a aquisição da sabedoria (jnana). Bhakthi conduz a samadrishti (visão equânime), e destrói o egoísmo. Jnana igualmente o faz. Uma vez, Narada** se ofereceu para ir ensinar às Gopis (iletradas pastorinhas devotas de Krishna) os princípios da Filosofia ou, conforme ele mesmo denominou, vijnanabodha. Krisha concordou. Elas porém lhe disseram: "Não estamos interessadas em seu ensino, em seu discurso. Nós vemos Krishna em todo lugar e em todas as coisas, e assim, não temos ahamkara***. Achamos que isto nos basta." Narada achou que elas estavam certas, e se foi, desconcertado."

* Triveni - ponto de confluência dos três rios sagrados: Ganges, Yamuna e Sarawathi.
** Narada - o grande devoto de Vishnu.
*** Ahamkara - egoísmo, aquilo que nos faz pensar "eu sou fulano". 

(Sathya Sai Baba - Sadhana O Caminho Interior - Ed. Nova Era, Rio de Janeiro - p. 52/53)


quinta-feira, 4 de julho de 2013

A ESTRADA PARA A LIBERDADE (2ª PARTE)

"(...) A palavra samsâra, em sânscrito, significa andar em círculo, preso a um movimento involuntário. Krishnamurti usou a imagem de uma "correnteza de mundanidade" na qual as pessoas são levadas, indecisas. As duas imagens referem-se a compulsões psicológicas que impelem uma geração após a outra a não permitir que o mundo mude de rumo. 

Esse processo foi descrito no livro Carta dos Mahatmas para A.P. Sinnett (Ed. Teosófica) da seguinte maneira: "Quanto à natureza humana em geral, é a mesma agora como era há um milhão de anos: preconceito baseado em egoísmo; uma má vontade generalizada de desistir da ordem estabelecida das coisas por novos modos de vida e de pensamento (...); orgulho e teimosia; resistência à verdade, se esta simplesmente perturbar sua noção prévia das coisas."

O caminho da liberdade no verdadeiro ensinamento religioso é despertar as pessoas do condicionamento e do pensamento mecânico, para que elas deixem de imitar o que os outros sempre fizeram. Há uma forte tendência a se viver de maneira egoísta porque todo mundo é egoísta; ser agressivo por autofesa; sobrepujar os outros como se isso significasse ser esperto; aferrar-se às posses porque as atitudes mundanas e a propaganda encorajam isso; enfim, fazer tudo o que incorpora o indivíduo à estrutura da vida convencional.

Infelizmente as religiões estabelecidas, longe de promover o espírito religioso da investigação inteligente, fazem o oposto. Ao impor a crença, desencorajam as pessoas a pensar de maneira independente. O clero, que assume o papel de intermediário entre Deus e as pessoas, impede o desenvolvimento de um pleno senso de responsabilidade no indivíduo. A autoridade das escrituras e as palavras que devem ser aceitas sem questionamento ou investigação matam o intelecto. (...)"

(Radha Burnier - Revista Sophia nº 36 - Ed. Teosófica, Brasília - p. 23/24)
www.revistasophia.com.br


BUSCAR DEUS EM PRIMEIRO LUGAR NÃO É RENUNCIAR AO MUNDO

"Todo ser humano quer ser livre. Uma vez que você se torne consciente de que é realmente um prisioneiro nesta vida, vai implorar a liberdade. Nasci com este anseio, e não deixava que nada se pusesse no meu caminho em busca da liberdade. Se não a conseguisse, sabia que não podia culpar ninguém. Agora, nada pode interferir em minha relação com Deus. As pessoas podem me tentar dissuadir, ou pensar que podem me influenciar a abandonar este caminho, mas nunca conseguirão fazer isso. Por quê? Porque sei o que quero. Nunca procuro me enganar, e não me iludo com anseios por nada deste mundo. Deus vem em primeiro lugar.

Quando o devoto tem essa consciência, sua vida se torna muito mais fácil. Torna-se segura e estável. Ele conhece e percebe seu verdadeiro relacionamento com outras pessoas, e tudo em sua vida converge para a perspectiva correta. 

Buscar Deus primeiro não implica termos que renunciar ao mundo. Abençoados os que podem fazer isso! Porém, onde quer que o devoto esteja, ele pode colocar o Senhor em primeiro lugar, e então todos os demais deveres e relacionamentos encaixar-se-ão no lugar certo. Afinal, há somente uma fonte de amor, não meia dúzia. Existe somente um Dínamo, não três ou quatro, do qual vêm a sabedoria, o amor e a alegria. Essa fonte única é Deus.

Quando o devoto se unifica mais profundamente com o Senhor, percebe que é apenas um instrumento, uma parte dessa grande Fonte. Ele vê tudo e cada ser humano como parte dessa Fonte comum. Em consequência, seus relacionamentos com outras pessoas tornam-se corretos. Ele já não sente necessidade de exigir qualquer coisa delas. Já não deseja se apossar do amor, da generosidade e da compreensão, ou lamentar-se deles, ou agarrá-los. Ao invés disso, ele quer dar. Ele conhece a lei divina segundo a qual o que você dá neste mundo receberá de volta. É uma ciência que nunca falha. (...)"

(Sri Daya Mata - Só o Amor - Self-Realization Fellowship - p. 34/35)


quarta-feira, 3 de julho de 2013

A ESTRADA PARA A LIBERDADE (1ª PARTE)

"Grandes instrutores religiosos foram às vezes descritos como "terapeutas das doenças do mundo". Que doença eles curam ou curaram? Olhando superficialmente, a maioria das pessoas estaria inclinada a dizer que é a pobreza, a fome, e a ganância, a guerra, a indiferença aos valores saudáveis, o egoísmo e assim por diante. Sondando a questão mais profundamente, talvez possamos dizer que o mundo, ou seja, a vasta corrente da humanidade que flui de geração a geração, sofre do torpor da conformidade e da falta de verdadeira inteligência (prajna).

A humanidade não tem pouca capacidade cerebral ou intelectual; a evidência disso está nas inúmeras invenções, engenhosas teorias e descobertas espetaculares que realizou. Mas ela parece carecer do tipo de inteligência necessária para não cometer repetidamente os mesmos dolorosos erros. Homens e mulheres, em geral, jamais questionam as atitudes e ideias que repetidamente terminam em violência e outras formas de sofrimento; essas coisas são aceitas como partes inevitáveis da vida.

Conflitos de diferentes dimensões têm levado a dores indescritíveis durante milhares de anos em todas as civilizações e em todas as regiões do mundo. Separam famílias, causam fome, criam uma teia mundial de ódio e miséria. Embora o mundo inteiro saiba como é terrível o impacto da guerra e do conflito, esses males jamais cessam, porque as pessoas continuam a nutrir objetos egoístas e atitudes que causam divisão. Esse é apenas um exemplo de como a humanidade repete descuidadamente ações danosas a si mesma e a outros seres vivos. 

Todas as ações surgem de estados mentais. O comportamento cego e repetitivo que causa sofrimento é o resultado de um tipo de obtusidade psicológica. A mundanidade é uma combinação de letargia espiritual e atividade externa quase incessante, num padrão estabelecido de ganância, violência, falsidade e egoísmo. Estranhamente, sua própria falta de inteligência, permanece despercebida pelo mundo e tem até mesmo a aparência de "progresso", porque a inatividade motivada pelo medo e pela ambição produz a ilusão de um movimento adiante. (...)"

(Radha Burnier - Revista Sophia nº 36 - Ed. Teosófica, Brasília - p. 22/23)