OBJETIVOS DO BLOGUE

Olá, bem-vindo ao blog "Chaves para a Sabedoria". A página objetiva compartilhar mensagens que venham a auxiliar o ser humano na sua caminhada espiritual. Os escritos contém informações que visam fornecer elementos para expandir o conhecimento individual, mostrando a visão de mestres e sábios, cada um com a sua verdade e experiência. Salientando que a busca pela verdade é feita mediante experiências próprias, servindo as publicações para reflexões e como norte e inspiração na busca da Bem-aventurança. O blog será atualizado com postagens de textos extraídos de obras sobre o tema proposto. Não defendemos nenhuma religião em especial, mas, sim, a religiosidade e a evolução do homem pela espiritualidade. A página é de todos, naveguem a vontade. Paz, luz, amor e sabedoria.

Osmar Lima de Amorim


quinta-feira, 3 de março de 2022

O NÃO EU COMO O COGNOSCÍVEL

"O Eu cuja 'natureza é conhecimento' encontra espelhado dentro de si um vasto número de formas, e aprende por experiência que não pode conhecer e agir e manifestar a vontade através delas. Estas formas, ele descobre, não são passíveis de controle como é a forma da qual ele primeiro se torna consciente, e que ele (erroneamente, e ainda assim necessariamente) aprende a identificar-se consigo mesmo. Ele sabe, e elas não pensam; ele manifesta a vontade, e elas não mostram nenhum desejo; ele energiza, e não há nelas nenhum movimento responsivo. Ele não pode dizer a partir delas: 'Eu sei', 'Eu ajo', Eu quero'; e reconhece-as longamente como outros eus, em formas minerais, vegetais, animais, humanas e super-humanas, e generaliza tudo isto sob um termo abrangente, o Não Eu, aquilo no qual como um Eu separado, não é, não sabe, mas age, e manifesta a vontade. Ele responde assim, durante muito tempo, à pergunta: 

'O que é o Não Eu?

Em tudo o que eu não conheço, não quero e não ajo.'

E embora verdadeiramente, em análises sucessivas, ele venha a descobrir que os seus veículos, um após outro, salvo de fato, a mais sutil película que faz dele um Eu - são parte do Não Eu, são objetos do Conhecimento, são o Cognoscível, não o Conhecedor, para todos os fins práticos a sua resposta é correta. De fato, ele nunca poderá conhecer, como separado de si mesmo, esta película mais sutil que faz dele um Eu separado, uma vez que a sua presença é necessária a essa separação, e conhecê-lo como o Não Eu seria fundir-se no todo." 

(Annie Besant - O Poder do Pensamento - Ed. Teosófica, Brasília, 2021 - p. 17/18)
Imagem; Pinterest.


terça-feira, 1 de março de 2022

O EU¹ COMO O CONHECEDOR

"Ao estudarmos a natureza do homem, separamos os veículo que ele utiliza: o Eu vivo do envoltório com o qual está revestido. O Eu é um, por mais variadas que sejam as formas da sua manifestação, quando trabalha através de, por meio dos diferentes tipos de matéria. É certamente verdade que existe apenas Um Eu no sentido mais completo das palavras: assim como raios irradiam do sol os vários 'Eus', que são os verdadeiros Homens, que são apenas raios do Eu Supremo, e cada Eu pode sussurrar: 'Eu sou Ele'. Mas para o nosso presente propósito, tomando um único raio, podemos afirmar também quanto à sua separação, à sua própria unidade inerente, ainda que esteja oculta pelas suas formas. A consciência é uma unidade, e as divisões que fazemos nela ou são para fins de estudo, ou são ilusões, devido à limitação do nosso poder perceptivo pelos órgãos através dos quais ela trabalha nos mundos inferiores. O fato das manifestações do Eu procederem diferenciadamente a partir dos seus três aspectos de conhecer, querer e energizar - dos quais surgem vários pensamentos, desejos e ações - não nos deve cegar quanto ao outro fato de que não há divisão de substância; o Eu todo conhece, o Eu todo quer, o Eu todo age. Nem as funções estão totalmente separadas; pois quando ele sabe, também age e quer; quando age, também sabe e quer; quando quer, também age e sabe. Uma função é predominante, e por vezes a tal ponto que veda totalmente as outras; mas mesmo na concentração mais intensa do conhecer - a mais separada das três - há sempre uma energização latente e uma vontade latente, que é tão discernível quanto presente através de uma análise cuidadosa. 

Nós temos chamado a estes três 'os três aspectos do Eu'; uma explicação um pouco mais profunda nos ajuda a compreender. Quando o Eu está tranquilo, então é manifestado o aspecto do Conhecimento, capaz de assumir a semelhança de qualquer objeto apresentado. Quando o Eu está concentrado, com a intenção de mudar de estado, aparece então o aspecto da Vontade. Quando o Eu, em presença de qualquer objeto, põe energia para contatar com esse objeto, então revela o aspecto da Ação. Ver-se-á assim que estes três não são divisões separadas do Eu, não são três coisas unidas em uma ou compostas, mas que existe um Todo indivisível, que se manifesta de três maneiras. 

Não é fácil clarificar a concepção fundamental do Eu mais além do que através da sua mera designação. O Eu é aquela consciência, sentimento, Um sempre existente, que em cada um de nós se conhece como existente. Nenhum homem pode jamais pensar em si próprio como não existente, ou formular-se a si próprio como não existente, ou formular-se a si próprio em consciência como 'Eu não sou'. Como Bhagavam Das expressou: 'O Eu é a primeira base indispensável da vida. ...  Nas palavras de Vachaspati-Mishra, no seu Comentário² (o Bhamati) sobre a Shariraka-Bhashya, de Shankaracharya: 'Ninguém duvida 'Sou Eu?' ou 'Não sou Eu?'. 'A Autoafirmação "Eu sou' 'vem antes de tudo, está acima e além de qualquer argumento. Nenhuma prova pode fazer isso; mais ainda, nenhuma contraprova pode enfraquecer isso. Tanto a prova como a contraprova se encontraram no 'Eu sou', o Sentimento de mera Existência não analisável, do qual nada pode ser afirmado, exceto o aumento e a diminuição. 'Eu sou mais' é a expressão do Prazer; 'Eu sou menos' é a expressão da Dor. 

Quando observamos este 'Eu sou', descobrimos que ele se expressa de três maneiras diferentes: (a) a reflexão interna de um Não Eu, CONHECIMENTO, a raiz dos pensamentos; (b) a concentração interna, VONTADE, a raiz dos desejos; (c) o ir para o externo, ENERGIA, a raiz das ações; 'Eu Sei' ou 'Eu penso', 'Eu quero', ou 'Eu desejo', 'Eu energizo' ou 'Eu ajo'. Estas são as três afirmações do Eu indivisível, do 'Eu sou'. Todas as manifestações podem ser classificadas sob uma ou outra destas três titulações; o Eu manifesta-se em nosso mundo apenas nestas três formas; como todas as cores surgem das três primárias, assim as inúmeras manifestações do Eu surgem todas da Vontade, da Energia, do Conhecimento.

O Eu como Aquele que Quer, o Eu como Energizador, o Eu como Conhecedor - ele é o Único na Eternidade e também a raiz da individualidade no Tempo e no Espaço. É o Eu no aspecto do Pensamento, o Eu como Conhecedor, que temos de estudar." 

¹ No original em inglês: Self, que foi traduzido neste livro por Eu (Eu superior). (Nota Ed. Bras.).
² The Science of the Emotions (A Ciência das Emoções), p. 20 da edição em inglês.

(Annie Besant - O Poder do Pensamento - Ed. Teosófica, Brasília, 2021 - p. 14/17)
Imagem: Pinterest, Cachoeira de Seljalandsfoss, na Islândia.


quinta-feira, 24 de fevereiro de 2022

DISSOLVENDO A INCONSCIÊNCIA

"É fundamental colocar mais consciência em sua vida durante as situações comuns, quando tudo está correndo de modo relativamente tranquilo. É assim que se aumenta o poder da presença. Ele gera um campo energético de alta frequência vibracional em você e ao seu redor. Nenhuma inconsciência, nenhuma negatividade, nenhuma discórdia ou violência podem penetrar nesse campo e sobreviver, do mesmo modo que a escuridão não consegue sobreviver na presença da luz.

Quando você aprender a ser uma testemunha de seus pensamentos e emoções, o que é uma parte essencial do estado de presença, talvez se surpreenda ao perceber pela primeira vez o ruído 'estático' da inconsciência comum e ao verificar como é raro você se sentir à vontade consigo mesmo. 

No nível do pensamento, você encontrará uma significativa porção de resistência na forma de julgamentos, descontentamentos e projeções mentais distanciados do Agora. No nível emocional haverá uma tendência para o desconforto, a tensão, o enfado ou o nervosismo. Ambas são aspectos da mente em seu modo de resistência habitual.

OBSERVE AS MUITAS maneiras pelas quais o desconforto, o descontentamento e a tensão surgem dentro de você, através de julgamentos desnecessários, resistência àquilo que é e negação do Agora. Qualquer coisa inconsciente se dissolve quando a luz da consciência brilha sobre ela.

Se soubermos como dissolver a inconsciência comum, a luz da nossa presença irá brilhar intensamente e será muito mais fácil lidarmos com a inconsciência profunda. Mas no início, talvez não seja muito fácil detectar a inconsciência comum porque a consideramos uma coisa normal.  

HABITUE-SE A MONITORAR o seu estado mental e emocional através da auto-observação.
'Estou me sentindo à vontade neste momento?' é uma pergunta que você deve se fazer com frequência.
Ou pode se questionar: 'O que está acontecendo dentro de mim neste exato momento?'

Mantenha o mesmo nível de interesse pelo que vai tanto no seu interior quanto no exterior. Se você captar corretamente o interior, o exterior se encaixará no lugar. A realidade principal está no interior, a realidade externa é secundária. 

MAS NÃO RESPONDA logo a essas questões. Direciona e a sua atenção para o interior. Olhe para dentro de você. 
Que tipo de pensamentos a sua mente está produzindo?
O que sente?
Dirija a atenção para o seu corpo. Existe alguma tensão?
Quanto você perceber um certo desconforto, um ruído estático ao fundo, verifique que caminhos você está usando para evitar, resistir ou negar a vida, o Agora.

Existem muitos caminhos pelos quais resistimos, inconscientemente, ao momento presente. Com a prática, o seu poder de auto-observação, de monitorar o seu estado interior, se tornará mais aguçado." 

(Eckhart Tolle - Praticando o Poder do Agora - GMT Editores Ltda., 2016 - p. 45/47)


terça-feira, 22 de fevereiro de 2022

O CAMINHO ESTÁ NO INTERIOR

"Todo aspirante ao Caminho descobre, mais cedo ou mais tarde, que todo o processo é realizado em seu interior. O caminho está dentro dele. O poder do sucesso está dentro dele. Os obstáculos estão todos dentro dele, até mesmo, os kármicos; pois o efeito do karma é decidido por sua reação a ele. Eventos externos, mesmo os Níveis alcançados, são apenas externalizações do que se passa dentro dele. Todas as grandes realizações são interiores. Todas as grandes batalhas, derrotas e vitórias ocorrem em seu interior. A vida externa é apenas um reflexo da experiência e da condição interior. Portanto, o grande esforço deve sempre ser direcionado para dentro, para purificar e aperfeiçoar o caráter, refinar toda natureza e, acima de tudo, para desenvolver poder, sabedoria, compaixão e inteligência. É essencial que a mente seja mantida sempre no ideal. O aspirante deve dedicar seu coração e sua alma às mais importantes coisas da vida. Ele deve viver para essa dedicação." 

(Geoffrey Hodson - A Vida do Iniciado - Ed. Teosófica, Brasília, 2021 - p. 59)


quinta-feira, 17 de fevereiro de 2022

O AMOR E A UNIDADE

"Há muitos entendimentos da palavra amor. Desde sempre os músicos e poetas cantam e declamam esse grande mistério da humanidade. Porém não vamos nos referir aqui ao amor como paixão entre duas pessoas, relacionado aos desejos e ciúmes, e sim ao amor dos santos, aquele descrito em inúmeras tradições religiosas: o amor por todos os seres, isento de desejo de recompensa. Será que esse sentimento pode se manifestar em todos nós? E caso possa, qual a natureza desse fenômeno?

Para compreender esse grande mistério é necessário lembrar a conhecida máxima ocultista: 'Um é o todo, o todo é um.' Este é um grande axioma do esoterismo, mas será que conseguimos assimilar um conceito tão profundo? Helena Blavatsky, quando apresenta sua constituição septenária do ser humano, define que Ãtman, nosso princípio mais elevado ou espiritual, não é individual, mas coletivo. Ou seja, de acordo com seu sistema de filosofia esotérica, não há um Ãtman para cada ser vivo, mas somente um, compartilhado com todos. 

Isso significa que de fato somos apenas um ser, compartilhando manifestações diversas aparentemente fragmentadas: somos diferentes pontos de vista de um mesmo observador. Os mestres de Blavatsky afirmam que esse princípio superior não está em um local inacessível; ele está presente em todos os demais princípios ou veículos da consciência, ou seja, é onipresente.

Devido a isso, no Budismo encontramos o conceito de Anãtman, que poderia ser traduzido como 'não eu': não há, em essência, seres individualizados e separados. Este é um princípio profundo, que exige muito esforço meditativo para que possa não somente ser compreendido em nível intelectual, mas também incorporado em todos os níveis de nossa compreensão e assimilado por nossa alma. 

Como esse princípio se relaciona com o amor dos santos, relatado nas escrituras e por inúmeros religiosos, espiritualistas e gurus?

Refletindo sobre o mistério chamado amor, poderíamos descrevê-lo objetivamente como um magnetismo invisível e irresistível que mantém dois ou mais seres conectados pelo período de uma vida, e, em muitos casos, também no período pós-vida, em uma sucessão de manifestações, corpóreas ou não. 

Esse magnetismo misterioso e indestrutível é nada menos que a pura percepção da unidade, pois, se de fato somos um só ser, além do entendimento intelectual do conceito, há um momento em que começamos a assimilar em outros níveis essa realidade única. Isso nos desperta para uma outra relação com a vida e com todos os outros entes, animados ou inanimados, já que tudo e todos são simplesmente partes de nós mesmos. 

Com essa chave começa a ser possível compreender o sentimento de compaixão, profunda manifestado por todos os Bodhisattvas, que consideram todos por igual, com empatia e paciência infinita com qualquer ser vivo. Pois, de acordo com essa afirmação, simplesmente não existe outro ser, mas extensões ou outras versões de nós mesmos. Portanto, o altruísmo não é uma simples virtude a ser cultivada: o único caminho possível é amar o próximo como a si mesmo, pois o outro sou eu, o único eu possível aquele ou aquilo que também somos nós.

Ao longo da experiência humana, em inúmeras reencarnações, a 'meta' talvez seja a compreensão gradual da realidade única da qual fazemos parte. Este é o desenvolvimento de bodichita descrito no Budismo, uma chama interna que uma vez acesa não se apaga mais, 'a chama eterna do amor imortal."

(Charles Boeira - O amor e a unidade - Revista Sophia, Ano 19. nº 90 - p.11)
Imagem: Google.