OBJETIVOS DO BLOGUE

Olá, bem-vindo ao blog "Chaves para a Sabedoria". A página objetiva compartilhar mensagens que venham a auxiliar o ser humano na sua caminhada espiritual. Os escritos contém informações que visam fornecer elementos para expandir o conhecimento individual, mostrando a visão de mestres e sábios, cada um com a sua verdade e experiência. Salientando que a busca pela verdade é feita mediante experiências próprias, servindo as publicações para reflexões e como norte e inspiração na busca da Bem-aventurança. O blog será atualizado com postagens de textos extraídos de obras sobre o tema proposto. Não defendemos nenhuma religião em especial, mas, sim, a religiosidade e a evolução do homem pela espiritualidade. A página é de todos, naveguem a vontade. Paz, luz, amor e sabedoria.

Osmar Lima de Amorim


quarta-feira, 1 de maio de 2013

O CÉU E O INFERNO

"O céu e o inferno não são geográficos, eles são psicológicos, eles são a sua psicologia. E esta não é uma pergunta a ser decidida no dia do juízo final. A mente humana é tão esperta para evitar, para escapar. Os cristãos, os maometanos e os judeus criaram o conceito do dia do juízo final, quando todos serão julgados, você será retirado do seu túmulo e será julgado. Aqueles que seguiram Jesus, que foram bons, que se comportaram, irão para o céu; os que se portaram mal, que não seguiram Jesus, que não foram à igreja, deverão ser lançados no inferno. E esse inferno será eterno.  

O inferno (...). É eterno não tem fim. Isto parece ser uma injustiça, completamente injusto; qualquer que seja o pecado que tenha cometido, nenhuma pena eterna pode ser justa. Se, como dizem os hindus, você cometeu milhões de pecados em milhões de vidas, pode parecer lógico enviar uma pessoa ao inferno pela eternidade. Mas os cristãos acreditam somente numa vida, uma vida de setenta anos. Como você pode cometer tantos pecados para merecer o inferno eterno? Se você pecar continuamente, a cada momento, durante setenta anos, mesmo assim, até mesmo nesse caso o inferno eterno não parece justo. Todo o conjunto parece ser vingativo. Então Deus não o está lançando ao inferno por causa de seus pecados, mas só porque você foi desobediente, só porque foi rebelde, porque não o escutou. (...)

A mente humana criou um último dia de julgamento. Por quê? Para que esperar pelo último dia do juízo? A mente sempre adia, empurra as coisas para a frente; o problema não está aqui e agora, é assunto do último dia do juízo. Veremos. O problema não é urgente, nós veremos o que acontece. Há modo e meios... No último instante você pode seguir Jesus, no último instante pode render-se e dizer a Deus: "Eu era um pecador". Confesse e seja perdoado. E Deus é compaixão infinita, Deus é amor; ele vai perdoá-lo.

Os cristãos desenvolveram uma técnica de confissão. Você comete pecado? Vá ao padre e confesse. Confessando, você é perdoado. Se você confessa honestamente, está pronto para pecar novamente; o pecado do passado é perdoado. Uma vez que você conhece o truque, a chave, que você pode cometer um pecado e pode ser perdoado, quem vai lhe impedir de pecar mais? Assim, as mesmas pessoas continuam indo ao padre todos os domingos e se confessam. (...) 

O juízo final e a confissão são truques da mente. Céu e inferno não estão no final, eles estão aqui e agora. A cada momento que a porta se abre; a cada momento você vai oscilar entre o inferno e o céu. É uma pergunta de um instante para outro, é urgente; num único instante você pode ir do inferno ao céu, do céu ao inferno. Céu e inferno não são muito distantes, eles são vizinhos; só uma pequena cerca os divide. Você pode saltar aquela cerca até mesmo sem um portão. Você continua a saltar de um para o outro. Pela manhã você pode estar no céu; antes da noite você pode estar no inferno. É só uma atitude, é só um estado da sua mente, é só como você está se sentindo. Muitas vezes, numa única vida você pode visitar o inferno, e muitas vezes você pode visitar o céu. Num só dia também..."

(Osho - Um pássaro em voo - Conversas sobre o Zen - Ed. Planeta, São Paulo - p. 76/78)


ENTRE DOIS INFINITOS

"Abrange o "tempo histórico" da humanidade cerca de seis mil anos - um segundo apenas em face dos milênios do pretérito...
Um lampejo momentâneo - nessa noite imensa do passado pré-histórico...
Anterior ao nosso "tempo histórico", decorreu o período quaternário - mais de 1 milhão de anos, como diz a ciência...
Precederam a esse período a época terciária e os períodos cretáceo, jurássico e triásico - mais de 100 milhões de anos...
Expiraram antes desses tempos remotos os milênios do período permiano - uns 200 milhões de anos...
E, anterior a esse tempo, o período do carbono - uns 300 milhões de anos antes do nosso tempo, quando imensas florestas cobriam o orbe terráqueo, como atestam seus restos fossilizados nas camadas de carvão de pedra...
E, antes do tempo do carbono, decorrera a época devoniana - uns 400 milhões de anos...
E, antes dela, os períodos siluriano e cambriano - cerca de 500 milhões de anos...
E já nesse tempo remotíssimo rastejava sobre a face da terra a vida orgânica - moluscos, trilobitas, corais...
E antes que vida alguma se manifestasse na face do planeta, decorreram mais de centenas de milhões de anos, como atestam os minerais no seio da terra...
E antes que a terra se desprendesse do globo solar - quantas eternidades cósmicas terão passado?...
E antes que o próprio Sol se conglobasse dos átomos da primitiva nebulosa - que incontáveis milênios e bilênios, que inconcebíveis eons se terão sumido na voragem dos espaços e dos tempos?...
Nós, meu amigo, somos de ontem - e amanhã deixaremos de ser...
E, quando a humanidade deixar o cenário do universo, continuará o drama da terra e do cosmos - sem nós...
Sem nós - como milênios antes, como se nunca tivéssemos existido...
Somos um pequenino parêntese - entre dois infinitos...
Somos um subitâneo lampejo - na noite eterna...
Somos um grito apenas - no silêncio imenso do deserto cósmico...
Somos uma microscópica ilha de vida - no oceano da morte universal...
Somos um Nada...
E, no entanto, esse Nada do homem é grande - porque iluminado pelo Tudo da Divindade...
À luz do seu poder, alvo da sua sabedoria, objeto do seu amor - sou mais que todo o resto do mundo...
De ontem, apenas hóspede na terra - sou eterno no pensamento de Deus...
Partirei amanhã para longe da terra - e serei imortal no seio de Deus...
Como é grande a minha pequenez!
Como é sublime o homem!...
Este parêntese - entre dois Infinitos!..."

(Huberto Rohden - De Alma para Alma - Ed. Martin Claret, São Paulo - p. 105/106)


terça-feira, 30 de abril de 2013

OFEREÇA A DEUS AS TUAS AÇÕES

"Pratique todas suas ações como oferendas a Deus. Não classifique algumas como "ação minha" e outras como "ação d'Ele". Toda ação é d'Ele. Ele inspira. Ele ajuda. Ele executa. Ele desfruta. Ele sente agrado. Ele semeia e ceifa. Somente Ele existe, pois toda esta multiplicidade nada é senão Ele mesmo, vislumbrado no espelho da Natureza. Tudo que existe é para o atingimento do Supremo. Tudo deve ser utilizado para alcançar tão elevado propósito. Nenhuma coisa deve ser usada como si mesma e para si mesma. Para os devotos de Sai (Sai Bhakthas), só este caminho de viver é apropriado. Objetos (padartham), não. Objetivos (parartham), sim. E o objetivo é realizar a Realidade, isto é, Atma, Deus!"

(Sathya Sai Baba - Sadhana O Caminho Inteior - Ed. Nova Era, Rio de Janeiro - p. 36/37


KRIYA YOGA - OS TRÊS COMPONENTES - ISHVARAPRANIDHANA (PARTE FINAL)

"Ishvara é o Senhor do Universo. Pranidhana se traduz por render-se, submeter-se, entregar-se. Ishvarapranidhana significa portanto total e incondicional submissão a Deus, numa vivência pura e profundamente devocional. Sai Baba denomina saranagathi esta rendição irrestrita ao Senhor. a forma de autoentrega que pessoalmente venho praticando com imenso proveito se expressa em quatro palavras: entrego, confio, aceito e agradeço. A beata católica Paula Francineti tinha a sua fórmula: "A vontade do Senhor é meu paraíso."

A resignação a Deus ou Ishvarapranidhana, segundo Patanjali, por si só é capaz de produzir o transe iluminativo, ou samadhi. Como pode ser? Acredito que seja porque minimiza o grande inimigo e único responsável por nossos tormentos, limitações, carências e distorções, o grande obstáculo à Luz. Patanjali o chama asmita, Na filosofia samkya, ahamkara. Nós o chamamos "o ego pessoal", o "Fulano de Tal" que cada um de nós reclama ser. Em expressão mais familiar - é o nosso egoísmo. Nosso falso ego é um impostor que ocupa o trono de Deus, nosso coração. O homem "normal" nem se apercebe disto, e assim Deus continua exilado enquanto o grande usurpador prolonga seu desastroso reinado. Ishvarapranidhana é a grande revolução que devolverá o trono a seu verdadeiro "Rei". 

O maha guru Jesus Cristo, magistralmente, de maneira sintética, exortou a radical submissão ao Pai, neste preceito: Faça-se a Tua vontade (Mt 6:10). Tempos depois, exemplificou plena e sabiamente a grande lição de Ishvarapranidhana, quando, falando ao Pai, disse: Faça-se, porém, não a minha, mas a Tua Vontade (Lc 22:42). Naquele instante, incondicionalmente aceitou todas as torturas e a própria morte que, horas depois, viria a padecer. Submeteu-se confiante e disposto a aceitar tudo, Quando conseguirmos assimilar esta lição de eterna sabedoria e seguirmos seu exemplo, poderemos também, juntos com Ele, dizer: Eu e o Pai somos um (Jo 10:30). Esta vivência de ser Um é uma forma de se traduzir a palavra samadhi. A grande libertação sobrevirá sempre da rendição do ego pessoal (asmita) aos pés de lótus do Senhor. Este é o grau maior de tapah.

Quem se engaja em Kriya Yoga, como estamos vendo, simultaneamente pratica Karma (tapah), Jnana (svadhyaya) e Bhakti (Ishvarapranidhana), sem precisar renunciar à vida social, familiar e profissional, sem virar ermitão. O praticante de Kriya Yoga deve fazer o caminho para Deus, na comunhão da família, em atividade profissional e cívica. Deve continuar no mundo, vencendo desafios e tentações, feito o lótus, que, embora na água, não permite que uma gota sequer entre nele e prejudique sua pureza. A proposta é encontrar o Deus do mundo servindo ao mundo de Deus. A sociedade é seu "campo do dever", onde, a todo instante, poderá cultivar tapah (resistência, paciência, sobriedade, invencibilidade, equanimidade e serenidade), aprofundar-se em svadhyaya (buscando conhecer sua Realidade, seu Ser); e aprimorar Ishvarapranidhana (cultuando Deus, servindo-O, amando-O e a Ele se entregando todo). O praticante do Kriya não radicaliza nem se fanatiza. Católico, espírita, evangélico, hinduísta, maçom, esoterista... não importa. Todos podem tirar proveito de uma vida disciplinada e equânime, incessantemente tentando "saborear" o Ser Onipresente e a Ele se entregando confiante, recebendo o que lhe couber e por tudo Lhe agradecendo. Isto não contraria qualquer religião verdadeira, mas, sem dúvida, aprimora e torna mais eficaz a religiosidade de quem quer que seja."

(José Hermógenes - Iniciação ao Yoga - Ed. Nova Era, Rio de Janeiro - p. 54/55)


segunda-feira, 29 de abril de 2013

VIVER SEM MEDO (PARTE FINAL)

" (...) É possível observar o processo de acúmulo e identificação do eu psicológico. Se observarmos isso sutilmente e sem paixão, descobriremos que as atividades do ego - e o próprio ego - são apenas uma parte de nossa consciência total. É possível para a consciência não se identificar com esses valores acumulados e agir a partir de um estado de não identificação. Quando a identificação cessa, o medo cessa automaticamente. 

Esse tema é ao mesmo tempo simples e complexo, e a pessoa pode facilmente ser levada a conclusões equivocadas. Por exemplo, o processo de não identificação não quer dizer que devemos descartar os valores adquiridos. É perfeitamente possível respeitar os valores sociais dos outros sem ser aprisionado por eles. A liberdade resulta de estar livre do conforto interior - a fonte do medo. 

Um segundo aspecto do medo é a expectativa de que as coisas aconteçam segundo um padrão "benéfico" para nós. Aqui reside a falta de confiança na ordem universal das coisas, no processo cósmico. Para os estudantes da vida espiritual, chega um momento de insights, resultantes tanto da experiência quanto dos ensinamentos, que ofereceu confiança na sabedoria do processo universal que governa a natureza e o crescimento da humanidade. Nosso conhecimento do processo certamente é incompleto, mas é suficiente para confiarmos nele, sabendo que tudo que acontece produz crescimento e aperfeiçoamento dos seres humanos.

Em todo fracasso e perda há uma semente de crescimento. Em toda morte e destruição há renovação. Todo evento, favorável ou adverso, é um elemento que ajuda a gerar o homem perfeito. O reconhecimento desse fato é um antídoto que dissolve o medo em quase todas as suas formas. 

Mas esse reconhecimento não pode ser teórico; deve estar fundamentado no sólido insight que remove a dúvida quanto à sabedoria do processo cósmico. Supera-se o medo através do estudo, meditação e compreensão intuitiva. O ser humano que não sofre mais desse mal, e manifesta ao mesmo tempo a qualidade da compaixão, ajuda a trazer paz duradoura à humanidade, tanto individual quanto socialmente."

(Vicente Hao Chin Jr. - Revista Sophia nº 42 - Ed. Teosófica, Brasília - p. 08/09)