OBJETIVOS DO BLOGUE

Olá, bem-vindo ao blog "Chaves para a Sabedoria". A página objetiva compartilhar mensagens que venham a auxiliar o ser humano na sua caminhada espiritual. Os escritos contém informações que visam fornecer elementos para expandir o conhecimento individual, mostrando a visão de mestres e sábios, cada um com a sua verdade e experiência. Salientando que a busca pela verdade é feita mediante experiências próprias, servindo as publicações para reflexões e como norte e inspiração na busca da Bem-aventurança. O blog será atualizado com postagens de textos extraídos de obras sobre o tema proposto. Não defendemos nenhuma religião em especial, mas, sim, a religiosidade e a evolução do homem pela espiritualidade. A página é de todos, naveguem a vontade. Paz, luz, amor e sabedoria.

Osmar Lima de Amorim


sábado, 20 de dezembro de 2014

O SILÊNCIO E A VERDADE INTERIOR (PARTE FINAL)

"(...) São muitos os exemplos daqueles que têm procurado resgatar esse conhecimento puro e muito antigo. Krishna, Shiva, Buda, Sócrates, Jesus e muitos outros sábios podem nos inspirar na nossa caminhada para conhecer nossa verdade interior. Essa verdade, quando conhecida, se refletirá no nosso cotidiano através da nossa bondade e compaixão com o outro. Esse conhecimento recupera nossa condição de seres criativos, pacíficos, silenciosos, harmoniosos e sábios, que em essência sempre fomos, e nos conduz a uma felicidade imensa. Esquecemos esse conhecimento quando nos separamos frequentemente de nossa sabedoria interna, e, consequentemente, de tudo que nos rodeia. E esse esquecimento é que nos faz ignorantes da nossa sabedoria e força internas, o que, por sua vez, nos fez sofrer sem necessidade.

O trabalho para chegar a essa verdade interior requer, entre outras coisas, silêncio interno para que possamos limpar a sujeira engendrada pelas percepções errôneas do nosso ego. Com o silêncio concluímos que raramente percebemos e interpretamos algum assunto importante com a presença e a inocência necessárias. A mente livre de crenças, preconceitos e conceitos nos permite conhecer a verdade real por trás das aparências. A mente está cheia de ideias e filosofias que não foram ainda suficientes para o ser humano deixar sua condição de sofredor neurótico. Precisamos perceber e vivenciar a verdade porque só o conhecimento intectual, mesmo que seja vasto, não soma muito na redescoberta da alegria de viver. A falta de respostas para nos conduzir a uma vida feliz e de qualidade por parte de todos os sistemas que construímos, como a religião, a escola, o estado e a sociedade, leva-nos a concluir que é preciso silenciar a mente e estudar em nossa própria escola interna.

A riqueza, a beleza e o manancial inexplorado existente dentro de cada ser vivo precisam ser despertados. Urge que despertemos o que existe de vivo dentro de nós e que nunca tivemos tempo de explorar. O mundo mais do que nunca precisa do ser humano com toda a sua força e potencial, para que sejam realizadas as mudanças necessárias. Segundo Krishnamurti (1964), a sociedade  que habita esse mundo está caótica e decadente, em completa desarmonia, irmão lutando contra irmão e crianças sendo educadas para se adaptar a um sistema que se move a duras penas, sem nenhuma substância, sem a luz da vida."

(Antonio Monteiro dos Santos - O Silêncio e a verdade interior - Revista Sophia, Ano 12, nº 52 - p. 20)


sexta-feira, 19 de dezembro de 2014

PERDOAR

"Enquanto não nos firmamos na virtude do perdão, não alcançaremos pureza de coração que nos propicia a visão de Deus. A prática do perdão é, pois, de importância fundamental para o aspirante à espiritualidade. No Sermão da Montanha, como vimos, Cristo insiste repetidamente nesta prática. Ele ensina a clemência,  a reconciliação e o perdão das dívidas. Mas, além do Sermão, os Evangelhos registram muitos exemplos em que Cristo prega o perdão, tanto preceituando como dando ele próprio o exemplo. Quando Pedro lhe perguntou: 'Senhor, quantas vezes meu irmão pode pecar contra mim, e eu devo perdoá-lo? Até sete vezes?' Respondeu Cristo: 'Não te digo que até sete vezes, mas até setenta vezes sete.'

Cristo jamais condenou os que prejudicaram os outros ou a ele próprio. Abençoou-os, dizendo: 'Vai e não peques mais', 'Teus pecados estão perdoados'. E na sua oração da cruz, pediu ele ao Pai que perdoasse a ingnorância dos homens, 'porque eles não sabem o que fazem'.

Todos os grandes mestres espirituais enfatizaram a importância do perdão na vida espiritual. Disse Buda: 'Se um homem tolamente me prejudicar, dar-lhe-ei em troca a proteção do meu amor incansável; quanto maior o mal que dele vier, maior o bem que sairá de mim... Limpa o teu coração da malícia e cuida de não odiar, nem mesmo teus inimigos; antes, abraça com bondade todos os seres.'

Concordam esses mestres que, se nos faltar o perdão, se guardarmos pensamentos de raiva ou ódio, causaremos mal a nós próprios bem como aos demais. Eles nos orientam a fim de que ergamos ondas de pensamentos - pensamentos de amor e compaixão - de tal modo que fiquemos em paz com o mundo e conosco mesmo.

Por que é difícil para a maioria de nós seguir o ensinamento do perdão? Porque quando alguém nutre inimizade por nós reagimos, sentindo-nos feridos. E o que fica mais ferido? O ego. O perdão talvez seja a maior de todas as virtudes, pois, se podemos perdoar realmente aos homens os seus abusos, colocamo-nos acima do ego, que nos impede a visão de Deus."

(Swami Prabhavananda - O Sermão da Montanha Segundo o Vedanta - Ed. Pensamento, São Paulo - p. 105/106)


O SILÊNCIO E A VERDADE INTERIOR (1ª PARTE)

"O grande mestre indiano Kabir escreveu: 'Conhecendo-a, o ignorante se torna sábio / E o sábio se torna mudo e silencioso / O adorador fica completamente inebriado, / Sua sabedoria e seu desapego tornam-se perfeitos: / Ele bebe do copo das endogamias e das exogamias do amor.' (Tagore, 1915)

Essa poesia maravilhosa, fala da redescoberta da verdade interior, essa sabedoria que emana do fundo do nosso ser e que nos torna mudos e silenciosos com sua presença. Quando a verdade desabrocha na nossa mente, não queremos mais nada a não ser o seu perfume. O amor que dela exala é tão forte que nos faz ir além dos muros de nossa tribo, nacionalidade, condição social e intelectual, de nossa orientação religiosa e filosófica, para amar o outro como amamos a nós mesmos.

Conhecer a verdade interior é diferente de perceber essa verdade através de uma teoria religiosa ou espiritual, de uma compreensão ou um entendimento filosófico ou de qualquer outro processo intelectual. Conhecê-la é ter um contato direto com ela, sem subterfúgios ou alegorias de qualquer tipo. Todos nós temos potencial para chegar a esse conhecimento, para provar desse cálice, que está cheio do vinho da sabedoria e do amor. Basta fazermos o trabalho necessário para despertar esse conhecimento.

O trabalho do silêncio é um caminho para alcançar a verdade. Quando vivenciamos a verdade por meio do silêncio da mente e da inspiração do nosso coração, damos as mãos ao Deus interior, diretamente, sem intermediários. Sua luz é extraordinária e difícil de ser colocada em palavras. (...)"

(Antonio Monteiro dos Santos - O Silêncio e a verdade interior - Revista Sophia, Ano 12, nº 52 - p. 19)

quinta-feira, 18 de dezembro de 2014

VENÇA O DESEJO E O APEGO PELO DESENVOLVIMENTO DA SABEDORIA

"Descarte o desejo pelos prazeres sensoriais, os quais, como o prazer obtido enquanto se coça um eczema sarnoso, somente torna a doença mais grave. Você não a pode sarar enquanto ceder à tentação de coçar. Quanto mais você coça, mais é tentado a continuar, até sobrevir o sangramento. Desista, portanto, desta vã pretensão¹ e se concentre sobre assuntos espirituais, ou, no mínimo, mova-se no mundo com a sempre presente convicção de que ele é um marasmo, uma rede, uma armadilha na qual o desejo e o apego precipitarão você. 

Raiva e ira podem ser usadas para proteger o sadhaka (asceta) contra o mal que o acoça. Enraiveça-se, mas somente contra as coisas que o estorvam.² Ire-se, mas somente contra os que fazem de você um bruto. Cultive jnana (sabedoria) e visualize o Senhor nas coisas e nas atividades. Isso torna cada vez mais eficaz seu nascimento humano. Não vasculhe os erros dos outros, porque os outros são manifestações do Senhor, o qual você está buscando realizar. O que vê nos outros são os seus próprio erros.

Da mesma forma como a cauda de um girino, o ego se desprende, à medida que se cresce em sabedoria. Deve simplesmente cair, pois, se for cortada, o pobre girino morrerá. Assim, não se aborreça quanto a seu ego. Desenvolva sabedoria, cultive discernimento, conheça a natureza fugaz de todas as coisas objetivas e, então, a 'cauda' não sobreviverá."

¹ A vã pretensão de saciar a fome de prazer (kama) através da permissiva gratificação.
² Raiva e ira são aqui força de expressão para acentuar o quanto precisamos evitar as coisas e atividades que estorvam nosso caminho de retorna à 'casa do pai'.

(Sathya Sai Baba - Sadhana O Caminho Interior - Ed. Nova Era, Rio de Janeiro, 1993 - p. 99/100)


O FENÔMENO "HOMEM" (PARTE FINAL)

"(...) Ultimamente, causaram grande celeuma as obras do jesuíta francês Teilhard de Chardin, que traça o itinerário evolutivo do homem através das zonas que ele denomina hilosfera (matéria), biosfera (vida), noosfera (intelecto) rumo à logosfera (razão); o homem começou no 'ponto Alfa' e culminará no 'ponto Omega'. Muitos consideram esse paleontólogo como materialista, pelo fato de ver o início do homem na hyle (matéria); não compreenderam Teilhard de Chardin; a essência de todos os finitos é o Infinito, isto é, a Essência Divina, imanente em todas as existências, sem excluir a matéria. O que os materialistas chamam matéria são apenas os fenômenos perceptíveis dela; ninguém sabe o que é a matéria em sua essência invisível; e o X, a grande Incógnita, que nem os sentidos percebem nem a inteligência concebe. Esse X, o grande Além-de-fora, que é também o grande Além-de-dentro, é a essência Infinita. Se, pois, o Chardin deriva o homem da matéria, deriva-o do Infinito; a matéria é apenas um canal, mas não é a Fonte de onde o homem fluiu. Aliás, quem não vê o Infinito imanente em todos os Finitos, não compreenderá o Teilhard de Chardin, como não compreenderá a mensagem do Cristo, no Evangelho, quando diz: 'O Pai está em mim, e eu estou no Pai... O Pai também está em vós, e vós estais no Pai'. 

O homem veio do Infinito (creação), mas fluiu e flui ainda através de vários Finitos (evolução) - até, um dia, atingir o ponto culminante dos Finitos, o 'ponto Omega', o Cristo Cósmico.

Esse processo evolutivo do homem é possível, porque o seu livre-arbítrio o isenta da cadeia férrea da causalidade mecânica, da escravizante alodeterminismo da natureza infra-humana. O livre-arbítrio é uma causalidade dinâmica, uma autodeterminação espontânea, a onipotência dentro do homem, a qual, uma vez plenamente acordada, torna possíveis todas as coisas impossíveis no plano inferior, porque é a Verdade Libertadora." 

(Huberto Rohden - Setas para o Infinito - Ed. Martin Claret, São Paulo, 2004 - p. 84/85