OBJETIVOS DO BLOGUE

Olá, bem-vindo ao blog "Chaves para a Sabedoria". A página objetiva compartilhar mensagens que venham a auxiliar o ser humano na sua caminhada espiritual. Os escritos contém informações que visam fornecer elementos para expandir o conhecimento individual, mostrando a visão de mestres e sábios, cada um com a sua verdade e experiência. Salientando que a busca pela verdade é feita mediante experiências próprias, servindo as publicações para reflexões e como norte e inspiração na busca da Bem-aventurança. O blog será atualizado com postagens de textos extraídos de obras sobre o tema proposto. Não defendemos nenhuma religião em especial, mas, sim, a religiosidade e a evolução do homem pela espiritualidade. A página é de todos, naveguem a vontade. Paz, luz, amor e sabedoria.

Osmar Lima de Amorim


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terça-feira, 26 de julho de 2022

A RAIVA DO EU INFERIOR

"A simples expressão 'Eu estou com raiva' é muito mais saudável do que as alternativas comuns expressadas verbalmente, ou com mais frequência sentidas em silêncio, tais como 'Odeio você', 'Você é isto e aquilo, veja o que fez comigo' ou 'Vou dar o troco'. Ódio, culpa, sensação de ser dono da verdade e vingança são infinitamente mais prejudiciais aos relacionamentos do que a simples admissão da raiva. 

A raiva só é uma expressão do eu inferior quando sua intenção se transforma da simples autoafirmação para o desejo de ferir, castigar ou destruir. A raiva que é expressa com violência ou que fermenta e se transforma em ódio ou desejo de vingança é sempre uma expressão do eu inferior. Se a raiva não for expressa depois de se acumularem muitas mágoas e ressentimentos, quase sempre ela é prejudicial e desperta o desejo de vingança. Esse tipo de raiva pode ser sentido proveitosamente no ambiente seguro do aconselhamento espiritual ou da terapia. Nessas condições, podemos conscientemente ir mais fundo na exploração dos sentimentos negativos, para obter pistas sobre suas mais remotas origens. 

Precisamos entender, contudo, que a metodização total da expressão da raiva é um objetivo irreal. Até a pessoa com mais consciência espiritual às vezes tem explosões de raiva que vem se acumulando há muito tempo ou que é semiconsciente. Uma explosão dessas pode nos alertar para os modos pelos quais as máscaras do amor ou da serenidade ainda podem estar ativas como defesas contra a nossa negatividade. Nossa tarefa, nesses casos, é sempre a mesma: aceitar e perdoar a nós mesmos e a nossos defeitos, e depois prosseguir na pesquisa das origens."

(Susan Thesenga - O Eu Sem Defesas - Ed. Pensamento-Cultrix, São Paulo, 2015 - p. 149/150)
Imagem: Pinterest. 


quinta-feira, 14 de abril de 2022

O VALOR DO PERDÃO - (2ª PARTE)

"(...) Perdoar é simplesmente uma escolha seletiva de nossas lembranças. Em vez de insistirmos em nos lembrar das coisas negativas do passado, escolhemos nos lembrar dos momentos alegres com a pessoa que queremos perdoar e então especemos o resto. O perdão radical é o total abandono do passado, em todos os relacionamentos pessoais e dramas coletivos. 

Na perspectiva do amor, perdoar é a disposição de abrir mão das mágoas e sentimentos de culpa do passado. É a decisão de não sofrer mais e curar o coração e o espírito. É a escolha de não dar mais valor à raiva e ao ódio. E é também a renúncia ao desejo de magoar os outros e a nós mesmos por algo que pertence ao passado.

O perdão não é uma complacência com o erro. Ao perdoar o outro, você não está de modo algum concordando com o comportamento daquele que o faz sofrer, ou aceitando suas agressões ou ofensas. Ao perdoar, você deve aprender a separar consequência, de culpa ou ressentimento. Não podemos evitar a consequência objetiva dos atos cometidos no passado. Mas não devemos permitir que a culpa ou o ressentimento nos prendam em suas garras. 

Com relação ao perdão, QUERER é a palavra chave. Decida que não quer mais sofrer. Perdoe-se e perdoe o outro. Ao invés de querer castigar o outro, assuma a busca da paz interior como sua meta. O homem do mundo age em conformidade com sua tradição (que julga ser a sabedoria), em contraste com a sabedoria superior. A sabedoria superior tolera; a tradição julga; a sabedoria alivia; a tradição culpa; a sabedoria perdoa; a tradição condena.

Jung nos ensinou que a imaginação criativa, que os budistas chamam de imaginação correta, é um poderoso instrumento de mudança interior. Imagine sua vida sem medo de expressar seus sonhos. Você sabe o que quer, o que não quer e quando quer. Está livre para alterar sua vida da forma que sempre desejou. Continue o exercício imaginando que você tem permissão para ser feliz e aproveitar a sua vida. Para concluir, imagine que ama a si mesmo do jeito que você é.

O próximo passo demanda disciplina. Para moldarmos uma realidade feliz, temos que nos empenhar a cada momento, em não nos permitir ser limitados e encarcerados no medo do passado, nas ansiedades sobre o futuro e pelas 'verdades' questionáveis que assimilamos de nossos pais e da nossa cultura. 

Perdoar equivale a descartar o lixo psicológico da mesma forma que fazemos com o lixo orgânico depois das refeições. Todo lixo acumulado deixa um cheiro ruim no ambiente. O lixo psicológico é uma clara indicação de que há algo podre em nossos sentimentos que, por ignorância, insistimos em guardar no nosso coração." ...continua.  

(Raul Branco - A Essência da Vida Espiritual - Ed. Teosófica, Brasília, 2018 - p. 85/87)
Imagem: Pinterest.


terça-feira, 8 de setembro de 2020

DESCANSO PARA A MENTE (1ª PARTE)

O descanso da mente | Tem que ser agora?"Às vezes ficamos zangados e esquecemos o porquê. Podemos não ter certeza da verdadeira razão da nossa raiva, mas nosso instinto diz que ela se justifica; portanto, continuamos zangados. Começamos a pensar em justificativas, como, por exemplo, o fato de que nosso amigo se esqueceu de ligar, ou que alguém insultou o cachorro da família, que outro amigo chegou atrasado ao cinema, ou que as pessoas reclamam constantemente. De uma hora para a outra, temos muitas razões para estar zangados. A lista é interminável; nossas mentes se ocupam e ficam satisfeitas. 

Quer seja raiva ou paixão, ou apenas nossa lista de afazeres, a mente sempre parece estar ativamente envolvida com alguma coisa. Num momento, ela corre para fora em direção a algo que vê e quer, no momento seguinte ela se retrai para o interior em direção a algum pensamento atraente. Depois é direcionada a alguma pessoa do nosso círculo familiar. Nossas mentes estão sempre ocupadas rastreando isto e aquilo em nossos mundos interno e externo. É como ter um emprego e uma família - mal há um intervalo entre os dois. Um pensamento leva a outro, e aquele pensamento leva a um terceiro. Em algum momento, perdemos a pista e não conseguimos nos lembrar de como chegamos aonde estamos. A mente jamais tem a oportunidade de se imobilizar e permanecer calma e clara. Isso pode até mesmo causar problemas para dormir, porque a mente não repousa.

Se você tem consciência de que sua mente está ocupada e cheia de pensamentos, a situação não é tão ruim. Mas muitas vezes não é esse o caso. Às vezes estamos lidando com cinco ou seis pensamentos em sequência e, ao mesmo tempo, com as emoções ligadas a eles. Com tanta coisa em andamento, a mente começa a ficar agitada e confusa. Não conseguimos ver com clareza o quão perturbadas nossas mentes se tornaram. Também não conseguimos ver que não há lógica na nossa confusão. Contudo, permanecemos diligentes e pacientes quando nos prendemos a nossos pensamentos. Tentamos acompanhar o seu firme fluxo. Se o fluxo começa a diminuir, nós imediatamente tentamos revivê-lo. Temos até mesmo aparelhos que fazem isso - computadores de bolso, notebooks, celulares - para que possamos registrar tudo. Está tudo lá: seus e-mails, textos, agendas e listas de compras. Isso não é necessariamente ruim; porém, com tanta coisa em andamento, é fácil ver como nossas mentes jamais conseguem algum repouso.

Nosso problema é que a mente ocupada pode perder a conexão com a sua real natureza. Quando reservamos tempo para olhar o que há por trás de toda essa atividade, descobrimos um sentido de imensidão e percepção, paz e felicidade. Esse panorama não muda de momento a momento; ele está sempre aí para nós. Buda ensinou que esta é a verdadeira realidade de nossas mentes. Para nos religarmos a essa realidade, precisamos desacelerar e relaxar - desapegar completamente, descansar nossas mentes. Então criamos a possibilidade da mente se desanuviar, se acalmar e se sintonizar com o estado básico de paz e felicidade. (...)"

(Dzogchen Ponlop Rinpoche - Descanso para a mente - Revista Sophia, Ano 16, nº 71 - p. 26/29)
www.revistasophia.com.br


quinta-feira, 12 de abril de 2018

SEIS REGRAS PARA O AUTOCONTROLE (PARTE FINAL)

"(...) 4. Descubra a verdadeira causa de sua raiva e trabalhe-a. Talvez o seu verdadeiro motivo tenha ficado muito para trás. Quando você era criança, a sua mãe pode ter, por exemplo, lhe obrigado a usar capa de chuva, e toda turma riu. Hoje você nem se lembra disso, mas se aborrece quando sua esposa insiste em que você se proteja da chuva.
   Quando você era pequeno, gritava e esperneava. Naquele momento seus pais viam que vinha gente chegando, e assim faziam o que você queria. Existem inúmeras maneiras adultas de se jogar no chão sem gritar ou espernear de maneira visível. Talvez você ainda esteja tentando, com um toque infantil, conseguir o que deseja.
  Feliz é o homem que sabe de onde vêm seus problemas. A autocompreensão é um passo rumo ao autontrole.

5. Não reprima sua raiva. Libere-a. Descubra um meio saudável de livrar-se de sua fúria. Quando tiver esperado e estudado a si mesmo, aja! Vá cavar o jardim, lavar o carro, dar uma caminhada.
   Você pode até mesmo tentar o tratamento de minha mãe. Sempre que sentia que estava para ter um ataque de nervos, ela ia à copa e pegava uma xícara ou um pires velho (guardados para esses momentos). Depois ia pra trás do celeiro, empolgava-se, como uma grande torcedora, e lançava a coisa longe. O barulho da louça quebrando e a visão dos cacos voando eram um bálsamo para ela. Vá em frente, só uma vez! Funciona.
   Conversar é outro excelente relaxante. Um casamento é bom quando marido e mulher podem dizer, serenamente: 'Fiquei com raiva de você, e a razão é...' Se você esconde seus ressentimentos, algum dia alguém risca um fósforo e as coisas explodem. Elimine esse perigo de maneira saudável.

6. Afine-se com o Autor do equilíbrio e da paz. Num santuário sossegado, próximo a um córrego, no pomar, no jardim, a sós num aposento escuro, procure se aquietar e abrir o seu coração à tranquilidade que preenche o universo. A melhor maneira de se acalmar é perder-se em Deus."

(Charlie W. Shedd - Seis regras para o autocontrole - Revista Sophia, Ano 7, nº 25 - p. 45)
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quarta-feira, 11 de abril de 2018

SEIS REGRAS PARA O AUTOCONTROLE (1ª PARTE)

"Revisitando as colinas do tempo, quase todos nós podemos ver uma sepultura aqui ou ali, onde enterramos uma boa parte de nós mesmos, após uma erupção vulcânica. E quando afastamos o capinzal, lá está o epitáfio: 'Morreu de um ataque de raiva; foi levado por seu próprio temperamento.' Para que isso não mais nos aconteça, aqui estão seis regras para manter o autocontrole.

1. Aquele que perde a calma sempre perde. Você sempre perde mais do que ganha quando se aborrece. Três minutos de raiva minam suas forças mais do que oito horas de trabalho. É uma enorme tensão sobre seu corpo. Quando você se aborrece, o sangue é impelido para os principais músculos dos braços e das pernas. Assim, você tem mais força física, mas o cérebro, por falta do pleno suprimento de sangue, tem sua eficácia diminuída. É por isso que você diz e faz coisas bizarras. De modo semelhante, você perde o respeito daqueles que testemunham a explosão. A gentileza é uma vencedora, e é aliada da paz no mundo.

2. Conheça seus sinais de perigo. Geralmente existem nuvens no seu céu particular para anunciar a tempestade que se aproxima. Estude-se para descobrir que estados de humor e que momentos são críticos para você.
   Talvez essas tendências andem em círculos. Há pessoas, por exemplo, que passam por um período de mau-humor a cada vinte dias, com rigorosa pontualidade. Tomando cuidados especiais, desviando os pensamentos ou viajando, elas conseguem evitá-los.
   Os momentos mais perigosos podem ser aqueles que se seguem a algum período excitante ou romântico. Outros ficam nervosos quando estão cansados. Mas, mesmo que a sua raiva não siga padrão algum, ela geralmente agita uma bandeira antes de chegar.

3. Reserve um momento para se acalmar. Lembre-se de que os grandes são grandes porque esperam mais cinco minutos. Certo dia íamos de carro em uma avenida onde as pessoas se zangam se você for lento. O motorista, um amigo meu, estava passando por um período difícil. Um bobo alegre, desses que gostam de voar no trânsito, estava a não mais de dez centímetros atrás de nós durante uma subida, guiando um caminhão velho. Ele fazia esforços visíveis para ultrapassar. Finalmente, buzinando a pleno vapor, ele nos ultrapassou tão próximo que por pouco não nos levou a lateral.
    Para piorar as coisas, o jovem pôs a cabeça para fora e gritou algo impublicável. Eu sei o que eu teria feito. Você também, talvez. Mas o meu amigo, cuidadosamente, parou o veículo junto ao meio-fio e permeneceu sentado. Depois de três minutos, virou-se para mim e disse: 'Quando fico aborrecido assim, simplesmente paro o que estou fazendo e espero até passar.' Isso é o que mamãe queria dizer com 'consulte o travesseiro, filho'... (...)"

(Charlie W. Shedd - Seis regras para o autocontrole - Revista Sophia, Ano 7, nº 25 - p. 45)


terça-feira, 6 de março de 2018

O EGO NO CAMINHO ESPIRITUAL (1ª PARTE)

"É para acabar com a grotesca tirania do ego que nós seguimos o caminho espiritual, mas os recursos do ego são quase infinitos e a cada estágio ele pode sabotar e perverter nosso desejo de nos libertarmos dele. A verdade é simples, e os ensinamentos são extremamente claros; mas vi muitas e muitas vezes, com grande tristeza, que tão logo eles começam a nos mobilizar, o ego tenta complicá-los porque sabe que está sendo ameaçado de maneira direta. 

Quando estamos no início e ficamos fascinados com o caminho espiritual e suas possibilidades, o ego pode até nos encorajar, dizendo: 'Isso é realmente maravilhoso. É disso que você precisa! Esses ensinamentos fazem um grande sentido!'

E aí, quando dizemos que queremos experimentar a prática da meditação, ou fazer um retiro, o ego cantarolará: 'Belíssima ideia! Vou com você. Podemos ambos aprender alguma coisa'. Durante toda a lua-de-mel do nosso desenvolvimento espiritual, o ego ficará insistindo: 'Isso é maravilhoso - é tão fantástico, tão inspirador...'

Mas logo que entramos no que chamo de 'pia de cozinha', fase do caminho espiritual em que os ensinamentos começam a tocar-nos profundamente, confontamo-nos inevitavelmente com a verdade do nosso ser. À medida que o ego é revelado, seus pontos sensíveis tocados, todos os tipos de problemas começam a surgir. É como se um espelho fosse colocado à nossa frente e não pudéssemos olhar em outra direção. O espelho é absolutamente claro, mas há nele um rosto feio e ameaçador, nosso próprio rosto, olhando fixamente para nós. Começamos a nos rebelar porque odiamos o que vemos; podemos atacar com raiva e quebrar o espelho, mas isso só faria criar centenas de rostos feios idênticos, todos ainda olhando para nós.

Nesse momento começamos a sentir raiva e a nos queixar amargamente; e onde está nosso ego? Fielmente postado ao nosso lado, ele nos encoraja: 'Tem toda razão, isso é ultrajante e intolerável. Não engula isso!' Enquanto o ouvimos fascinados, o ego segue evocando toda sorte de dúvidas e emoções loucas, jogando lenha na fogueira: 'Não vê que esse não é um ensinamento certo para você? Já lhe disse isso há muito tempo! Não vê que ele não é o seu mestre? Afinal de contas, você é um homem ocidental, bastante inteligente, moderno e sofisticado, e essas coisas exóticas tipo zen, sufismo, meditação, budismo tibetano, pertencem a culturas estrangeiras, orientais. Que interesse pode ter para você uma filosofia que surgiu no Himalaia há mil anos atrás?' (...)"

(Sogyal Rinpoche - O Livro Tibetano do Viver e do Morrer - Ed. Talento/Ed. Palas Athena, 1999 - p. 160/161)


quinta-feira, 7 de dezembro de 2017

DESFAZENDO A IDENTIFICAÇÃO COM O SOFRIMENTO (2ª PARTE)

"(...) O sofrimento deseja sobreviver, mas, para isso, precisa conseguir que nos identifiquemos inconscientemente com ele. Então poderá nascer, nos dominar, 'tornar-se nós' e viver através de nós.

Ele retira seu 'alimento' de nós. Vale-se de qualquer experiência sintonizada com o seu próprio tipo de energia, qualquer coisa que provoque um sofrimento adicional sob qualquer forma: raiva, destruição, rancor, desgostos, problemas emocionais, violência e até mesmo doenças. Portanto, quando o sofrimento toma conta de nós, cria uma situação em nossas vidas que reflete a própria frequência de energia da qual ele se alimenta. Sofrimento só se alimenta de sofrimento. Não consegue se alimentar de alegria. Acha-a indigesta. 

Quando o sofrimento nos domina, faz com que desejemos ter mais sofrimento. Passamos a ser vítimas ou agressores. Queremos infligir sofrimento, ou senti-lo, ou ambos. Na verdade, não há muita diferença entre os dois. É claro que não temos consciência disso e afirmamos que não queremos sofrer. Mas preste bem atenção e verá que o seu pensamento e o seu comportamento estão programados para continuar com o sofrimento, tanto para você quanto para os outros. Se você estivesse consciente disso, o padrão iria se desfazer, porque desejar mais sofrimento é uma insanidade, e ninguém é insano conscientemente. 

O sofrimento, a sombra escura projetada pelo ego, tem medo da luz da nossa consciência. Teme ser descoberto. Sobrevive graças à nossa identificação inconsciente com ele, assim como do medo inconsciente de enfrentarmos o sofrimento que vive dentro de nós. Mas, se não o enfrentarmos, se não direcionarmos a luz de nossa consciência para o sofrimento, seremos forçados a revivê-lo.

O sofrimento pode parecer um monstro perigoso, mas eu garanto que se trata de um fantasma frágil. Ele não pode prevalecer sobre o poder na nossa presença. (...)".

(Eckhart Tolle - Praticando o Poder do Agora - Ed. Sextante, Rio de Janeiro, 2005 - p. 75/76


segunda-feira, 11 de setembro de 2017

SEGUINDO O IMPULSO DA ALMA (PARTE FINAL)

"(...) É muito importante para o discípulo entender que tudo o que ele recebe por meio de instruções ou conselhos deve ser encarado com responsabilidade, para beneficiar a humanidade e os outros seres vivos. Assim como recebemos, devemos dar. Não podemos esperar até estarmos plenamente iluminados para compartilhar. Devemos compartilhar qualquer coisa que temos agora. Como todo ensinamento verdadeiro é destinado a todo mundo, não há lugar para orgulho ou presunção na senda espiritual.

A afinidade com um instrutor que não tem favoritos, que representa o amor ilimitado, exige algo desse mesmo espírito no discípulo. Ele deve buscar a verdade por si mesma, não porque ela veio do 'seu mestre', como afirmou um adepto: 'Aprenda a ser leal à ideia, não ao meu pobre eu.' O único objetivo pelo qual devemos nos esforçar é melhorar as condições humanas por meio da propagação da verdade.

Como alguém pode começar o treinamento para se tornar um discípulo? A raiva, a cobiça e a ilusão são os três grandes venenos que devem ser eliminados. Um adepto aconselhou: 'Guarde-se do espírito impiedoso, porque ele surgirá como um lobo faminto em seu caminho, e devorará as melhores qualidades de sua natureza.' Não devemos buscar o que é errado nas outras pessoas, nem ter maus sentimentos mesmo contra alguém que nos prejudicou. Não devemos julgar os outros. Os padrões do mundo espiritual são diferentes dos mundanos. 'Um engraxate honesto é tão bom quanto um rei honesto.' Uma pessoa espiritual trata todos os seres com afeição e boa vontade.

Devemos dar pouco valor à aparência externa. O que importa é a pureza interna. 'Um faxineiro imoral é muito melhor e mais desculpável do que um imperador imoral', porque o humilde faxineiro pode não ter tido oportunidade de aprender. A vida do discípulo deve naturalmente ser de estrita moralidade, uma conquista diária do eu. O egoísmo, que toma a forma de cobiça e se evidencia pela raiva, é o impedimento mais sério à compreensão da verdade, e deve ser arrancado pela raiz. Quem domina o eu é maior do que aquele que, na guerra, vence milhares. O adepto dominou o eu; o discípulo deve se empenhar na mesma tarefa."

(Radha Burnier - O adepto e o discípulo - Revista Sophia, Ano 2, nº 7 - p. 38/39)

segunda-feira, 31 de julho de 2017

AMOR, CORAGEM E CONFIANÇA (PARTE FINAL)

"(...) Se vemos um animal ser maltratado e sentimos raiva, essa raiva é uma expressão de separatividade tão ruim quanto a crueldade do malfeitor. Isso não quer dizer que não devemos interferir, mas que devemos interferir sem violência. Uma vez perguntaram a Krishnamurti o que ele faria se um amigo fosse atacado na sua frente. Ele disse que sempre viveu sem violência e que agiria como sempre vivera.

Como sair do centro? Será possível abrir mão dessa posição? Isso é possível numa crise súbita, quando a separatividade, o medo e as comparações simplesmente se afastam. Em vez de estar no centro, passamos a estar simplesmente em nenhum lugar ou em toda parte, onipresentes no todo. Em vez de separatividade, existe unidade com todos; em vez de medo há coragem e confiança; em vez de crítica, amor e compreensão; em vez de comparação, apreciação. Isso também pode ocorrer sem aviso, sem causa aparente; podemos simplesmente nos sentir unos com tudo. Ou pode haver uma causa como amor, devoção, criatividade, altruísmo ou estudo profundo. 

Vistas de uma perspectiva favorável, nossas pequeninas preocupações parecem sem importância. Alguém pode até nos insultar, mas se estivermos absortos em criação, amor, devoção, ou ajuda a outra pessoa, nos ocupamos com algo maior e o insulto desaparece. Podemos até mesmo ver a sua causa no nosso próprio interior, e compreender a pessoa que se comportou de maneira desagradável.

Nesse caso nós morremos para o nosso eu interior, a pessoa autocentrada. Quando temos diferenças de opinião e nos irritamos, podemos simplesmente pôr fim à irritação. Podemos olhar a pessoa como se fosse pela primeira vez, sem preconceitos. Podemos sair do nosso centro e ver o seu centro, o seu ponto de vista. Esse é um passo rumo à unidade.

Com a percepção da unidade a personalidade pode ser um instrumento para o superior, não simplesmente para si própria. Devemos viver e agir como somos - mas isso não quer dizer que não precisamos tentar melhorar. A questão é se aprofundar na concepção da unidade sem se imaginar melhor do que se é - sem pensar no eu. Talvez então tenhamos um insight sobre o que significa a iluminação. Ficará claro que o fim está no início e o início no fim; que, a partir desse ponto de vista, o tempo não existe; e que o centro que pensávamos ser nunca existiu."

(Mary Anderson - Como superar o egocentrismo - Revista Sophia, Ano 10, nº 39 - p. 40/41


quarta-feira, 5 de julho de 2017

É POSSÍVEL DAR FIM À VIOLÊNCIA?

"Quando você fala sobre violência, o que entende por ela? Trata-se de uma pergunta bem interessante: é possível um ser humano, vivendo neste mundo, cessar totalmente de ser violento? A sociedade e as comunidades religiosas têm tentado não matar animais. Algumas até dizem: 'Se você não quer matar animais, o que dizer sobre os vegetais?'. Você pode levar isso a tal extensão que cessaria de existir. Onde você traça o limite? Existe uma linha arbitrária de acordo com o seu ideal, sua fantasia, sua norma, seu temperamento, seu condicionamento, sobre a qual você diz: 'Vou até lá, mas não além'? Há uma diferença entre a raiva individual e o ódio organizado de uma sociedade que cria e constrói um exército para destruir outra? Onde, em que nível e que fragmento de violência você está discutindo? Ou você quer discutir se o homem pode ser isento de total violência, não apenas de um fragmento que se chama de violência?

Sabemos que a violência não tem expressão em palavras, em frases, na prática. De que maneira começo a abordar essa violência, considerando-se que o ser humano ainda possui um lado animal muito forte? Começa pela parte periférica (a sociedade) ou pelo centro (eu)? Você me diz para não ser violento, porque a violência é feia. Você me explica todas as razões, e eu percebo que a violência é uma coisa terrível nos seres humanos, externa e internamento. É possível dar fim a ela?"


(Krishnamurti - O Livro da Vida - Ed. Planeta do Brasil Ltda., São Paulo, 2016 - p. 202


segunda-feira, 17 de abril de 2017

CONHEÇA A VERDADE INTERNA ENFRENTANDO A BATALHA DA VIDA

"Não é preciso retirar-se para uma floresta ou caverna a fim de conhecer a Verdade interna e vencer a natureza inferior. De fato, lá você fica sem chance de mostrar sua raiva, e, assim, a vitória alcançada lá pode não ser duradoura ou verdadeira. Ganhe a batalha da vida, permanecendo no mundo, e, não obstante, livre de seus tentáculos. Por uma vitória assim, você merecerá congratulações.

Quando você se tornar violento e irado com alguém, quietamente vá tomar um copo de água fria e repita o Nome do Senhor para vencer a crise, ou, ainda, deite-se em sua cama até o paroxismo da fúria passar. Enquanto furioso, você agride o outro, e ele faz o mesmo a você; o temperamento brota; a temperatura cresce; e as últimas injúrias são feitas. Cinco minutos de ira prejudica o relacionamento por cinco gerações - não se esqueça! Que a língua, acostumada ao amargor do fruto da árvore 'margosa' dos triunfos e desastres mundanais, possa saborear a doçura do namasmarana (repetição do Nome Divino). Faça experiência por algum tempo, e se surpreenderá com o resultado. Sentirá imensa melhora em termos de paz e estabilidade, dentro de você e à sua volta. Aprenda esta tão fácil lição. Mergulhe na alegria. E que os outros também participem."

(Sathya Sai Baba - Sadhana, O Caminho Interior - Ed. Nova Era, Rio de Janeiro, 1993 - p. 172 e 174/175)


terça-feira, 19 de julho de 2016

VIDA VIRTUOSA

"Raiva, malevolência, sensualidade, inveja... - todos são obstáculos na senda do amor e da cooperação. Rebaixam o homem, do nível Divino ao animal. Lide com os outros com paciência e compreensão. Pratique tolerância (sahana) e simpatia. Tente encontrar o ponto de contato, e não o de conflito. Espalhe fraternidade e aprofunde a bondade que vem da sabedoria. Depois disso, a vida se tornará melhor e sem erros.

Sem dar ouvidos a tais mentiras patentes, nascidas da malevolência e da ambição, aconselharia vocês a fazer um sathsang,¹ onde encontrarão e trocarão verdades e manterão conversa virtuosa; onde estudarão livros sagrados e discorrerão sobre a Glória de Deus. Por que malbaratar precioso tempo com escândalos e críticas sobre os outros e sua conduta? Cultivar inveja, malevolência, ira e ressentimento contra os outros é um perverso passatempo que se volta contra quem o pratica. Em cada um reside a mesma Centelha Divina - assim, criticar o próximo equivale a criticar a própria Divindade.

O jogo da vida é valioso e se torna interessante somente quando haja limites e normas que o controlem. Imagine uma partida de futebol na qual não houvesse limites para o campo, sem quaisquer regras. Seria o caos. Um vale-tudo. Um túmulo. Não se poderia dizer quem ganha e como. O dharmamarga² e o Brahmamarga³ são as fronteiras do campo (no jogo da vida). As virtudes lutam contra as tendências viciosas. Jogue tal jogo prestando atenção às advertências de 'falta' (foul) e 'fora' (out)."

¹ Sathsang: Sath, a verdade, Deus...; sang (junção, associação, comunidade, grupo de pessoas...). Os grandes Mestres da humanidade sugerem como procedimento importante, para a realização de Deus, a companhia de ou associação com pessoas santas, puras, avançadas no caminho, e que amem Sath. Se o leitor é aspirante à realização, cultive amizade e a companhia de pessoas mais espiritualizadas.
² Dharmamarga - Dharma, lei, justiça, retidão, virtude; marga, caminho, senda. Dharmamarga é o caminhar na retidão, na virtude, na ética.
³ Brahmamarga - Brahman, o Ser Real, o Deus Transcendente. Brahmamarga é uma vida virtuosa que abre o acesso à união com Deus, à Divina Realização. É o verdadeiro sentido da palavra religião.

(Sathya Sai Baba - Sadhana, O Caminho Interior - Ed. Nova Era, Rio de Janeiro, 1993 - p. 157/158)


terça-feira, 26 de abril de 2016

LIMPE SUA MENTE

"Antes de meditar espiritualmente, perdoe a si mesmo por quaisquer pensamentos negativos e resolva não mais tornar a acalentá-los. Além disso, perdoe a todos os outros, irradiando amor e boa vontade, ao mesmo tempo em que lhes deseja todas as bênçãos da vida. Sempre saberá quando tiver perdoado a todos, porque poderá encontrá-los em sua mente e não mais sentir raiva e ressentimento; estará em paz.

Você não iria despejar água limpa num recipiente sujo. O recipiente é sua mente. Não espere que o Espírito Santo vá fluir através de uma mente contaminada.

O ressentimento, a autocensura, a hostilidade e a má vontade bloquearão o fluxo do bem em sua vida. 

Medite de maneira certa. E quando estiverdes orando, se tendes alguma coisa contra alguém, perdoai ... (Marcos, 11:25)"

(Joseph Murphy - Sua Força Interior -Ed. Record, Rio de Janeiro, 1995 - p. 80/81)


terça-feira, 15 de dezembro de 2015

REALIZAÇÃO MERITÓRIA

"Os Indriyas ou sentidos têm de ser controlados por viveka (discernimento) e vairagya (desapego), os talentos gêmeos que foram dados exclusivamente ao homem. Viveka o instrui sobre como escolher ocupações e companhias; diz-lhe da importância relativa de objetos e ideais. Vairagya o salva de muito apego, e injeta uma sensação de alívio nos momentos de alegria ou desespero. Viveka e vairagya são as duas asas que soltam o pássaro no ar. Mantêm diante de você a impermanência do mundo e a permanência da Bem-aventurança da Realidade. Preparam-no para dirigir a vida através do sadhana e para a infalível contemplação da Glória do Senhor. 

Não é necessário retirar-se para a floresta a fim de superar ressentimento e ódio. A virtude não pode ser praticada num vazio. Se você vive numa atmosfera de ódio e ainda assim é capaz de se controlar, sua conquista é meritória. Mas, se vive numa floresta onde não resta oportunidade para o ódio e diz que controlou seu ódio, sua afirmação não tem sentido. Você deve, portanto, deixar-se ficar nos ambientes do mundo, ainda que haja ampla oportunidade para o surgimento de emoções de raiva e ódio; aí, então, aprenda a controlá-los. Esta sim será uma realização meritória."

(Sathya Sai Baba - Sadhana, O Caminho Interior - Ed. Nova Era, Rio de Janeiro, 1993 - p. 116/117)


sábado, 24 de outubro de 2015

O CIÚME PROVÉM DE UM COMPLEXO DE INFERIORIDADE

"O ciúme provém de um complexo de inferioridade e se expressa por meio da suspeita e do medo. Significa que a pessoa tem medo de não poder se manter no seu relacionamento com os outros, seja ele conjugal, filial ou social. Se sentir motivo para ter ciúme de alguém - por exemplo, se teme que a pessoa amada transfira sua atenção a outrem -, primeiro empenhe-se em compreender se lhe falta alguma coisa interiormente. Aprimore-se. Desenvolva-se. A única maneira de conservar o afeto ou o respeito de outra pessoa é aplicar a lei do amor e merecer o reconhecimento dela mediante o autoaprimoramento.

O amor e seus complementos jamais podem ser conquistados ou mantidos com exigências, súplicas ou chantagens. Tenho observado como algumas pessoas se comportam quando estão perto de pessoas ricas ou influentes. Certa vez eu disse a um príncipe indiano: 'O senhor acredita que essas pessoas que buscam obter seus favores realmente o amam?' Ele respondeu que sim. Mas eu as tinha visto sob uma luz diferente e avisei ao príncipe: 'Pare de lhes dar dinheiro e presentes e descobrirá que não são sinceras. Elas zombam de você quando o bajulam.'

O verdadeiro amor não pode ser comprado. Para receber amor devemos dá-lo gratuitamente, sem condições. Mas em vez de seguir esta regra, a pessoa insegura recorre ao ciúme. Isso faz com que o ser amado se zangue, o que acaba com o propósito original do amor. Então o ciumento reage à raiva do ser amado com o desejo de vingança. Mas sempre que alguém quer ferir alguém, em última análise fere mais ainda a si mesmo. Atos maus procedem de pensamentos maus, são parasitas corrosivos que devoram a fibra mais íntima do ser, pois queimam e destroem a paz interior - a maior riqueza que se pode ter."

(Paramahansa Yogananda - Jornada para a Autorrealização - Self-Realization Fellowship - p. 162/163)


domingo, 2 de agosto de 2015

HÁ UM MOMENTO PARA PERMANECER CALADO MAS FIRME

"Em suas tentativas de conviver bem com os outros, não seja um capacho, senão todos vão querer mandar em você. Quando eles não conseguem dominá-lo, ficam zangados; e se você faz o que querem, passa a ser um fraco, sem força moral. Então, como se comportar? Quando encontrar resistência a seus ideais, a melhor coisa a fazer é ficar calado porém firme. Não diga nada. Talvez você receba golpes e mais golpes verbais, mas não aceite a provocação. Recuse a briga. Com o tempo as pessoas entenderão que você não quer irritá-las mas que ao mesmo tempo tem boas razões para não querer fazer o que lhe pedem. 

Se os outros se descontrolarem, vá para longe até que se acalmem. Se vocês puderem se reunir e conversar sobre o problema, será maravilhoso. A comunicação é vital. Mas se a pessoa só quiser brigar, diga simplesmente: 'Vou caminhar um pouco'. Depois volte e se prepare para conversar. Mas se a pessoa ainda quiser conflito, saia de novo e faça uma caminhada mais longa. Recuse-se a brigar. Se você não cooperar, ninguém conseguirá entrar em discórdia com você. Nunca ponha mais combustível na cólera dos outros. A pessoa colérica só fica satisfeita quando consegue deixar você zangado também. 

Posso trabalhar com qualquer pessoa, embora prefira não estar com quem não sabe viver em harmonia. Se alguém decidir que quer ganhar uma discussão, conceda-lhe a vitória - é uma vitória oca. Não discuta. Os grandes homens raramente discutem; eles sorriem e dizem: 'Acho que não é bem assim', mas não brigam."

(Paramahansa Yogananda - Jornada para a Autorrealização - Self-Realization Fellowship - p. 147)


terça-feira, 9 de junho de 2015

COMO LIDAR COM AS EMOÇÕES NEGATIVAS

"Diga sempre a si mesmo: 

Minha tarefa é a mais fascinante de todas. Ela me mantém tão ocupado que não sobram tempo nem energia para me inquietar com os assuntos de outras pessoas. Estou empenhado na missão de fugir da ignorância para a compreensão e a iluminação. Essa tarefa monopoliza toda a minha atenção para dominar pensamentos e emoções de cólera, inveja, orgulho, vingança, medo, carência e enfermidade. Devo reconhecer e eliminar tais obstáculos para sempre, de modo que, quando os últimos resquícios de negação desaparecerem, a água pura da vida possa brotar e fluir livremente através de mim para abençoar a todos. Eis aí o meu trabalho. Poderia me contentar com menos? 

A raiva não é um antídoto para a raiva. Uma raiva violenta pode suprir uma raiva mais fraca, mas nunca a extinguirá. Quando você estiver com raiva, não diga nada. Pense na raiva como uma doença - um resfriado, por exemplo - e, trate-a com os banhos quentes mentais da lembrança de pessoas com quem você jamais poderia ficar enraivecido, não importa o que fizessem. Se sua raiva for muito violenta, tome um banho frio, borrife a cabeça com água fresca ou coloque gelo na medula e nas têmporas, logo acima das orelhas, no alto da cabeça e na testa, especialmente entre as sobrancelhas.

Quando a raiva irromper, ligue o mecanismo da serenidade; deixe que esta acione as engrenagens da paz, do amor e do perdão. Destrua a raiva com esses antídotos. Assim como você não gosta que os outros se encolerizem com você, os outros não gostam de ser alvo de sua raiva intempestiva. Pense em amor. Quando você imita o Cristo e vê a humanidade como irmãos que se magoam (pois não sabem o que fazem), não consegue sentir raiva de ninguém. A ignorância é a mãe de todas as raivas.

Aperfeiçoe a razão metafísica e, com ela, elimine a raiva. (...) Liquide mentalmente a raiva dizendo a si mesmo: 'Não envenenarei minha paz com a raiva; não perturbarei minha calma habitual, fonte de alegrias, com a irritação.'"

(Paramhansa Yogananda - A Sabedoria de Yogananda, Como Ter Coragem, Serenidade e Confiança - Ed. Pensamento, São Paulo, 2012 - p. 75/77)
www.editorapensamento.com.br

sexta-feira, 17 de abril de 2015

PACIÊNCIA E COMPREENSÃO (PARTE FINAL)

"(...) A paciência está relacionada à compreensão, porque, quanto mais você compreende uma pessoa, uma situação ou uma experiência - ou você mesmo -, menos chance vai ter de reagir impulsivamente e se ferir, ou ferir alguém. Por exemplo, seu cônjuge chega em casa e grita com você por algo de pouca importância - talvez você tenha se esquecido de passear com o cachorro ou de comprar leite. A sua reação impaciente seria responder gritando também. Mas seja paciente! Compreenda! Talvez a raiva não tenha nada a ver com você, mas com um dia ruim no escritório, uma gripe chegando, uma enxaqueca ou até mesmo puro mau humor. Como cônjuge, você é confiável: o outro pode desabafar, sabendo que nada grave vai acontecer, mesmo que você tenha uma reação irritada. Mas, se você for paciente, pode descobrir a causa da raiva e dissipá-la. Se sua resposta for paciente e você entender que havia uma razão oculta por trás da explosão, fica mais fácil restaurar a harmonia.

É preciso habilidade para se distanciar, para ter uma perspectiva mais ampla, para ter paciência. (...) À medida que você desenvolve a capacidade de manter a calma, a introspecção e a capacidade de ouvir, a paciência se desenvolve. Se os países fossem mais pacientes, haveria menos guerras, porque haveria mais tempo para a diplomacia, para o diálogo e para a compreensão. Os países raramente buscam ter paciência, mas as pessoas deveriam fazê-lo. Se você treinar sua paciência, vai perceber a importância dela e progredir no caminho da imortalidade.

Mas às vezes você precisa ver o futuro, para então reconhecer plenamente o poder da paciência."

(Brian Weiss - Muitas vidas, uma só alma - Ed. Sextante, Rio de Janeiro, 2005 - p. 89/90)

segunda-feira, 6 de abril de 2015

NÃO MANCHE A ALMA COM INTRIGAS

"Lembre-se: não manche sua alma andando com pessoas que gostam de fazer intrigas. Abençoe-as. Dê-lhes amor e aprenda a não permitir que façam você descer ao mesmo nível. Recuse-se a se sentir insultado. Fique em silêncio. Deus poderia falar e sacudir o mundo, mas não o faz, porque isso significaria usar a força para que tivéssemos bom comportamento. Ele nos deu a liberdade de agir de modo certo ou errado e, silenciosamente, espera que mudemos o comportamento errado. Assim se comportam os que amam a Deus: eles sofrem em silêncio. Se alguém lhes causa sofrimento, dizem: 'Muito bem, se meu sofrimento o alegra, vá em frente'. É um ideal maravilhoso. É a filosofia que me dá mais alegria na vida. 

Da mesma forma, sempre que se sentir ferido, permaneça em silêncio. E não sinta ódio nem raiva por dentro. Se alguém lhe disser alguma coisa de modo agressivo, fique quieto, ou responda. 'Lamento se fiz alguma coisa para ofendê-lo' e não diga mais nada. Se você agir assim, o que a outra pessoa poderá fazer? Isto é o que pratico em minha vida. Ninguém pode fazer com que eu brigue, nem mesmo se me esbofeteasse, pois eu me ajoelharia e pediria perdão. Uma pessoa não consegue lutar se você se recusar a lutar. Quem acredita em Cristo não deve retaliar se alguém quiser 'tirá-lo do sério'. O exemplo de Cristo é que estamos aqui para amar ao próximo. Jamais se deve retaliar. Você nem imagina a força proveniente de tanto amor e autodomínio: contempla-se a humanidade como criancinhas, que não sabem o que fazem."

(Paramahansa Yogananda - O Romance com Deus - Self-Realization Fellowship - p. 270/271)


terça-feira, 17 de fevereiro de 2015

AS FERIDAS DA ALMA SÃO MAIORES DO QUE AS FERIDAS DA GUERRA

"Quando menino, eu tinha um gênio terrível. Mas um dia disse a mim mesmo: 'Se você quiser fazer o bem aqui, não pode se descontrolar'. Prometi a mim mesmo que destruiria os inimigos de minha alma, e até hoje nunca feri ninguém por raiva ou rancor. As feridas da alma são maiores do que as feridas da guerra. Não permita que a alma seja ferida pelo ódio e pela raiva. Embora seja terrível ver pessoas incapacitadas e mortas nesta guerra, existe um certo consolo: por um lado, sabem que são almas imortais e que apenas o corpo foi ferido. As cicatrizes físicas perecem com o corpo, mas as feridas que a alma sofre no campo de batalha espiritual são terríveis, pois a tortura que infligem é muito mais mortífera. Os que perdem a batalha da vida, sucumbindo ao ódio e à mesquinhez, perdem a si mesmo. As cicatrizes permanecem na alma e os acompanham no além-túmulo por muitas encarnações. Se você é uma pessoa que sente raiva ou ódio, quem sabe poderá retornar à Terra por muitas encarnações, ferindo as pessoas e sendo ferido por elas.

Nada se logra com o ódio e a raiva. O amor compensa. Você pode derrubar alguém, mas depois que a pessoa se reerguer, ela tentará destruí-lo. Você acha que venceu? Não, não venceu. A única vitória é pelo amor. E quando não conseguir vencer, fique em silêncio ou vá embora, e ore pela pessoa. É assim que se deve amar. Se praticar isso, terá paz além do imaginado. E saberá que Cristo existe. Seja vitorioso desta maneira. Vença as qualidades obscuras que causam grandes sofrimentos e ferem a alma. Livre-se delas; pulverize-as. Eu destruí esses inimigos; agora estou livre. Destrua-os você também."

(Paramahansa Yogananda - O Romance com Deus - Self-Realization Fellowship - p. 270)