OBJETIVOS DO BLOGUE

Olá, bem-vindo ao blog "Chaves para a Sabedoria". A página objetiva compartilhar mensagens que venham a auxiliar o ser humano na sua caminhada espiritual. Os escritos contém informações que visam fornecer elementos para expandir o conhecimento individual, mostrando a visão de mestres e sábios, cada um com a sua verdade e experiência. Salientando que a busca pela verdade é feita mediante experiências próprias, servindo as publicações para reflexões e como norte e inspiração na busca da Bem-aventurança. O blog será atualizado com postagens de textos extraídos de obras sobre o tema proposto. Não defendemos nenhuma religião em especial, mas, sim, a religiosidade e a evolução do homem pela espiritualidade. A página é de todos, naveguem a vontade. Paz, luz, amor e sabedoria.

Osmar Lima de Amorim


sexta-feira, 28 de agosto de 2015

NINGUÉM PODE SERVIR A DOIS SENHORES

"Ninguém pode servir a dois senhores; porque ou há de odiar um e amar o outro, ou se apegará ao primeiro e desprezará o segundo. Não podeis servir a Deus e ao dinheiro. 

Comparem-se as palavras de Cristo com o ditado hindu a respeito de Rama, um dos avatares: 'Onde está Rama, não existe desejo mundano, e onde existe desejo mundano, Rama não está.' Encaremos os fatos: a tentativa de servir a 'Deus e ao dinheiro' simultaneamente é ato de puro desespero. Dizem-nos os grandes mestres espirituais que não se pode fazer isso. Não podemos compenetrar-nos de Deus enquanto formos escravos de desejos como a luxúria e a ganância. O discernimento espiritual precisa estar ao lado das práticas espirituais. Amadurecendo nosso discernimento, surge como processo natural a renúncia. Então, como o mercador da parábola de Cristo, venderemos todos os nossos pertences, a fim de comprar a 'pérola única de alto preço', que é o reno do céu.

A leitura do evangelho de Cristo torna claro que ele ensinava o ideal da renúncia, exatamente como tem sido ensinado por todos os grandes videntes da verdade: Se você deseja realmente a Deus, precisa abandonar o dinheiro. Como a mensagem de Rama, Krishna, Buda e todos os outros avatares, a mensagem de Cristo é universal: vida espiritual sem renúncia é impossível. Em suas próprias palavras:

'Se alguém quer vir após mim, negue-se a si mesmo, tome a sua cruz e siga-me. Pois aquele que quiser salvar a sua vida, perdê-la-á, mas aquele que, por amor de mim, perde a sua vida, a encontrará. Pois que aproveita ao homem ganhar o mundo inteiro, se perder a sua alma? Ou o que poderá dar o homem em troca da sua alma?'

O que vem a ser, de fato, negar a si mesmo, renunciar? Não significa livrar-se do mundo e de seus deveres. Significa abandonar o egoísmo, o sentimento de 'eu' e de 'meu'. Significa amar a Deus com todo o coração, alma e mente. Sri Ramakrishna dizia: 'Por que o amante de Deus renuncia a tudo por amor daquele que ama? Depois que vê a luz, a mariposa não volta mais para o escuro; a formiga morre no monte de açúcar, mas não recua dele. Assim, de bom grado, o amante de Deus sacrifica a vida para alcançar a bem-aventurança divina, não se apegando a mais nada.'"


(Swami Prabhavananda - O Sermão da Montanha Segundo o Vedanta - Ed. Pensamento, São Paulo - p. 112/113)



quinta-feira, 27 de agosto de 2015

SEJA CAUTELOSO, NÃO MEDROSO

"Difícil é encontrar alguém que não tenha medo de doença. O temor foi dado ao homem como dispositivo de alerta para poupá-lo da dor; não significa que deva ser cultivado em demasia. O excesso de medo apenas paralisa nossos esforços para afastar as dificuldades. O temor cauteloso é sábio, quando, por exemplo, conhecendo os princípios da alimentação adequada, você raciocina: 'Não comerei esse bolo porque não me faz bem'. Mas a apreensão irracional é causa de enfermidades; é o verdadeiro germe de toda moléstia . O medo da doença precipita a doença. Só de pensar nela, você já a atrai para você. Se está sempre com medo de pegar um resfriado, ficará mais suscetível a ela, faça o que fizer para preveni-lo. Não paralise a vontade e os nervos com o medo. Se a ansiedade persistir, apesar de sua força de vontade, você estará ajudando a criar a própria experiência que tanto receia. Também não é sensato associar-se mais do que o necessário e razoável com pessoas que constantemente discutem doenças e debilidades; demorar-se neste tipo de conversa pode lançar sementes de apreensão em sua mente. Quem se preocupa em contrair tuberculose, câncer e problemas cardíacos, deve expulsar o medo, para não atrair essas condições indesejáveis. Quem já se encontra doente e debilitado precisa de um ambiente o mais agradável possível, na companhia de pessoas de sentimentos positivos. O pensamento possui imenso poder. Pessoas que trabalham em hospitais raramente adoecem, por causa de sua atitude confiante. Elas são vitalizadas pela energia e pensamentos fortes que possuem.

Por essa razão, à medida que for envelhecendo, é melhor não revelar aos outros a sua idade. Assim que o faz, eles procuram ver em você sinais da idade, associando-a com diminuição de saúde e vigor. A ideia de idade avançada gera ansiedade e assim você mesmo se desvitaliza. Por isso, mantenha sua idade em segredo. Diga a Deus: 'Eu sou imortal. Sou abençoado com o privilégio da boa saúde e Te agradeço.'

Portanto, seja cauteloso, mas não medroso. Tome a precaução de fazer uma dieta purificadora de vez em quando, para eliminar quaisquer condições patológicas que possam estar presentes no corpo. Faça tudo que puder para erradicar as causas da moléstia e fique absolutamente tranquilo. Há tantos germes por toda parte que, se você começasse a temê-los, seria totalmente incapaz de gozar a vida. Mesmo com todas as precauções sanitárias, se pudesse examinar sua casa com um microscópio, perderia todo o desejo de comer!"

(Paramahansa Yoganada - A Eterna Busca do Homem - Self-Realization Fellowship - p. 94/95)


quarta-feira, 26 de agosto de 2015

DEVOÇÃO (PARTE FINAL)

"(...) A devoção pode ser quase tão egoísta quanto o amor frequentemente o é; pode ser intensamente egocêntrica; pode ser uma atitude de impotência e dependência, e não de força; de parcialidade em vez de serviço equitativo; pode tornar a pessoa exclusivista, inflexível, irascível e até mesmo cruel, em vez de inclusiva e gentil. 

Precisamos, então desapegar-nos de nossa devoção e tentar ver por que somos devotados, qual é a exata natureza de nossa devoção ao objeto, seja uma pessoa ou um ideal. Haverá algum desejo ou motivo secreto que sustente esse relacionamento? Pode haver um desejo oculto de agradar com vistas a obter favores, a se aquecer ao sol da pessoa a quem a devoção é professada, ou pode ser a expressão mascarada de um temor sutil.

A devoção pode ser a uma pessoa a que se sinta ser grande e nobre, plena de qualidades atrativas e inspiradoras. Pode ser a total autoentrega pessoal. Ou pode ser uma atitude de possessividade, na qual a pessoa se tranca com seu deus, com a exclusão de tudo o mais que não corresponda a esta troca privativa. Um tal isolamento da pessoa, dentro de um círculo de indiferença às outras manifestações da Vida Una, sempre tem em sua âmago um elemento pessoal, pelo menos um gozo que é essencialmente egoísta e autocentrado, e, portanto, um grilhão.

A devoção, para ser verdadeiramente espiritual, deve ter a qualidade de um amor constante, concentrado e altruísta que, em sua forma mais elevada, é filantropia e essencialmente impessoal. A devoção a uma pessoa ou ideal verdadeiramente espiritual  purgará de nós toda escória. A devoção que é pura - e se oferece sem reservas, assimila a natureza da pessoa de quem procede até o objeto de sua devoção. A não ser que nossa devoção eleve e universalize nossa natureza, ela carece de verdadeira devoção que, em última análise, é devoção à Verdade única.

A verdadeira devoção deve expandir toda a natureza da pessoa e expô-la como as águas ao sol, de modo que toda a superfície da natureza pessoal seja tocada pelos raios actínicos da Verdade. Que cada um crie, segundo o padrão de seu próprio coração, qualquer imagem ou figura de verdade da qual não busque obter ganho, e à qual possa entregar-se completamente. Então ele experimentará os ricos efeitos de uma tal autoentrega, a cujas influências ele se lança em aberto. Ele conhecerá as alegrias de uma vida vivida com um senso de unidade que é totalidade, um desamparo no qual não existem problemas."

(N. Sri Ram - O Interesse Humano - Ed. Teosófica, Brasília, 2015 - p. 66/67)

terça-feira, 25 de agosto de 2015

DEVOÇÃO (1ª PARTE)

"A devoção pode ser uma coisa maravilhosa e bela, um foco espiritual que, em sua pureza e intensidade, é tal qual uma chama que se espalha rapidamente, seguindo adiante, superando obstáculos, e acelerando muito os processos destrutivo e construtivo. Tem sido chamada de a mais curta de todas as rotas para a meta, porque direciona todas as energias da pessoa para o objetivo da busca. Implica um estado de mente e coração no qual o fim está constantemente corporificado nos meios. Não é simplesmente um estado de busca, é um estado de conclusão e realização; uma condição na qual o derradeiro e o próximo estão reunidos e sintetizados, de modo que o resultado, que é uma consumação, é que permanece sempre satisfatório. É uma qualidade tão essencial quanto a sabedoria e a reta ação para o aperfeiçoamento de cada temperamento. 

A devoção pode ser de vários tipos: a do devoto, que se expressa em amor absoluto e irrestrito; a do agente, que transparece em sua ação; aquela que assume a forma de compreensão que floresce no serviço, segundo a necessidade e ocasião. 

É um fato que, de acordo com o caráter da devoção pessoal, será o objeto ao qual se é devotado, qualquer que seja o nome que se lhe dê; essencialmente, esse objeto é o que a pessoa cria com sua própria mente e coração. 

A devoção a um líder ou a um instrutor, quando é pura, é sempre devoção àquilo que é verdadeiro, belo e bom em si próprio. A devoção a um ideal é proporcional à verdade que está corporificada no conceito desse ideal. Quando a devoção é fanática, é por causa de alguma inflexibilidade, algum desconforto na natureza do devoto estimulada e gratificada por seu objeto de devoção, segundo sua concepção. Mesmo assim, se a causa tiver um nome auspicioso, o que o atrai é aquilo que apela à sua natureza. (...)"

(N. Sri Ram - O Interesse Humano - Ed. Teosófica, Brasília, 2015 - p. 65/66)

segunda-feira, 24 de agosto de 2015

VIDA ESPIRITUAL

"O homem verdadeiramente evoluído, isto é, o homem espiritual, embora reserve um quarto de seu tempo para si, outro para o próximo, outro para o descanso e outro para Deus, na verdade, vive somente para Deus.

Quando trabalha profissionalmente e ganha, quando se nutre, quando pratica ginástica, quando elimina os escreta, quando pratica sexo, quando se banha, finalmente, quando age, aparentemente para si, ele o faz em espírito de sacramento, isto é, como um 'sacrifício' a Deus. Quando repousa e quando se diverte, igualmente oferece a Deus o repouso e a curtição. Quando ajuda, quando serve, quando ampara, ajuda, serve e ampara o próprio Deus que se manifesta no próximo, que recebe seus benefícios, e o faz na convicção de que é apenas um instrumento de Deus em ação.

Orar, meditar, louvar, cultuar Deus estão implícitos - e com que eficácia! - em todo seu agir, falar, pensar, desejar...

Mas, diariamente, reserva sagrados momentos para o recolhimento, quando, 'tendo fechado a porta', ora em secreto ao Pai, e o Pai em secreto, dialoga com ele'.

Que minha vida seja um bem-aventurado sacramento ininterrupto."

(Hermógenes - Deus investe em você - Ed. Nova Era, Rio de Janeiro, 1995 - p. 38)