OBJETIVOS DO BLOGUE

Olá, bem-vindo ao blog "Chaves para a Sabedoria". A página objetiva compartilhar mensagens que venham a auxiliar o ser humano na sua caminhada espiritual. Os escritos contém informações que visam fornecer elementos para expandir o conhecimento individual, mostrando a visão de mestres e sábios, cada um com a sua verdade e experiência. Salientando que a busca pela verdade é feita mediante experiências próprias, servindo as publicações para reflexões e como norte e inspiração na busca da Bem-aventurança. O blog será atualizado com postagens de textos extraídos de obras sobre o tema proposto. Não defendemos nenhuma religião em especial, mas, sim, a religiosidade e a evolução do homem pela espiritualidade. A página é de todos, naveguem a vontade. Paz, luz, amor e sabedoria.

Osmar Lima de Amorim


terça-feira, 4 de fevereiro de 2020

A LÍNGUA DOS HOMENS

Resultado de imagem para A LÍNGUA DOS HOMENS"De uma maneira geral, pode-se dizer que existem três diferentes formas de amor. Cada uma representa um diferente momento na evolução das pessoas desde a infância até a idade adulta.

O amor infantil é um amor carente. O bebê ama seus pais, ou aqueles que dele cuidam porque deles recebe os cuidados que necessita. Esta forma de amor, que podemos chamar de amor egoísta, é a única ao alcance das crianças e também daqueles que ainda não evoluíram de uma situação emocional infantil.

A partir da adolescência já é possível desenvolver uma forma de amor que se manifesta sob uma perspectiva de troca. Assim, não apenas amamos a quem nos ama, mas nos tornamos capazes de oferecer à pessoa amada uma retribuição de amor. Do amor egoísta, o jovem evolui para a possibilidade de também ser capaz de dar.

Mas é o amor desinteressado, aquele que geralmente surge quando nascem os filhos, que culmina o desenvolvimento do sentimento de amor. É quando se ama independentemente da retribuição a ser recebida, quando a recompensa do amor vem do próprio prazer do sentimento generoso se desenvolvendo dentro de nós. E o elemento fundamental para o crescimento da capacidade de amar é a autoestima, pois é a partir dela que encontramos o alicerce para praticar o preceito de amar ao próximo 'como a si mesmo'.

A evolução da capacidade de amar é uma medida bastante precisa do desenvolvimento espiritual de  uma pessoa. Podemos observar se este comportamento se caracteriza pelo egoísmo, ou pela proposta de troca, pela generosidade desinteressada.

Nosso desenvolvimento espiritual depende de nossa capacidade de amar desinteressada e generosamente, pois apenas assim podemos praticar a caridade, sem a qual nada somos, nada valemos. Como disse São Paulo, na 'Primeira Epístola aos Coríntios', talvez o mais belo texto escrito sobre a caridade: 'Ainda que eu não fale a língua dos homens e dos anjos, se não tiver caridade não serei mais que bronze que soa ou címbalo que retine (...) se não tiver caridade, nada disse me aproveitará.'"

(Luiz Alberto Py - Olhar Acima do Horizonte - Ed. Rocco Ltda., Rio de Janeiro, 2002 - p. 11/12)


quinta-feira, 30 de janeiro de 2020

A CRIANÇA QUER AMOR EXCLUSIVO

Resultado de imagem para A CRIANÇA QUER felicidade"A criança entra em contato com um ambiente mais ou menos imperfeito que traz à tona os seus problemas interiores. A criança em sua ignorância anseia por um amor exclusivo que não é humanamente possível. O amor que ela quer é egoísta; ela não quer dividir amor com outros, com irmãos e irmãs ou mesmo com um dos pais. A criança com frequência tem ciúmes de ambos os pais. Contudo, se os pais não se amam, a criança sofre ainda mais.

Assim, o primeiro conflito surge de dois desejos opostos. Por um lado, a criança deseja o amor de ambos os pais exclusivamente; por outro lado, ela sofre se os pais não se amam. Uma vez que a capacidade de amor de qualquer pai ou mãe é imperfeita, a criança não compreende que apesar da imperfeição a maioria dos pais é ainda assim plenamente capaz de amar mais de uma pessoa. Todavia, a criança se sente rejeitada e excluída se o pai ou a mãe também amam a outros. Em resumo, os anseios da criança jamais podem ser satisfeitos. Ademais, sempre que esta é impedida de ter as coisas à sua maneira, ela toma esse fato como uma 'prova' adicional de que não é amada suficientemente.

Essa frustração faz com que a crinaça sinta-se rejeitada, o que, por sua vez, causa ódio, ressentimento, hostilidade e agressão. Essa é a segunda parte do círculo vicioso. A necessidade de amor que não pode ser satisfeita gera ódio e hostilidade em relação às mesmas pessoas a quem mais se ama. Falando de modo geral, esse é o segundo conflito do ser humano em crescimento. Se a criança odiasse alguém a quem ela não amasse ao mesmo tempo, se ela amasse à sua própria maneira e não desejasse amor em retorno, tal conflito não poderia surgir.

O fato de existir ódio pela própria pessoa que se ama muito cria um importante conflito na psique humana. É óbvio que a criança sente-se envergonhada dessas emoções negativas e portanto coloca esse conflito no inconsciente, onde ele se torna como que uma infecção. O ódio causa culpa porque a criança é ensinada desde cedo que é mau, errado e pecaminoso odiar, particularmente os próprios pais, a quem se deve amar e honrar. É essa culpa, vivendo sempre no inconsciente, que na personalidade adulta causa toda a sorte de conflitos internos e externos. Além do mais, as pessoas não têm consciência das raízes desses conflitos até que decidam descobrir o que está oculto no seu subconsciente."

(Eva Pierrakos e Donovan Thesenga - Não Temas o Mal, Ed. Pensamento-Cultrix Ltda., São Paulo, 2006 - p.63/64)


terça-feira, 28 de janeiro de 2020

PERCEBER DEUS EXIGE ESFORÇO EM AUTODISCIPLINA

Resultado de imagem para campos floridos lindos"De vez em quando, encontro alguém em quem vejo um pouquinho de devoção autêntica pelo Senhor. Mas a realização divina é muito mais que isso! O devoto que reconhece Deus às vezes vê o mundo inteiro permeado pela luz divina - uma experiência maravilhosa. Mas não vai ocorrer de uma hora para outra. Ter a real percepção de Deus exige longa perseverança na prática dos métodos que levam à Autorrealização.

O desejo de felicidade é o mais forte de todos. A verdadeira e duradoura felicidade é encontrada em Deus. Ao descobri-Lo, uma alegria imensa o inundará, uma alegria que você não encontrará em nada mais. Sri Yukteswarji me disse: 'Quando sua alegria na meditação e na comunhão for maior que qualquer outra, você terá encontrado Deus.⁶ Se o mundo inteiro lhe fosse dado, você não saberia o que fazer com ele; apenas se sentiria sobrecarregado, preocupado com tudo. Estude as vidas dos príncipes e homens do mundo; veja como estavam atormentados.' Somos como marionetes nas mãos do destino; mas quem se uniu à Luz do mundo, quem nada possui e, não obstante, tem tudo, é um homem feliz. Quem se uniu a Deus nada teme, nem a destruição do corpo. Jesus disse: 'Destruí este templo, e em três dias o reerguerei".⁷

A igreja tornou-se uma pedinte. Ironicamente, dinheiro é necessário para a execução de todas as boas obras, inclusive as realizadas pela igreja. O dinheiro em si não possui cérebro; pode servir tanto a planos bons quanto a maus. Buscar dinheiro para divulgar a obra de Deus é uma ação correta; o dinheiro assim empregado está promovendo o bem. E quanto mais alguém se sacrifica a serviço de Deus, maior será sua recompensa."

⁶ 'Só o iogue que possui Bem-aventurança interna, que repousa no Alicerce interior, que está unido à Luz interna, unifica-se ao Espírito. Ele alcança a liberação completa no Espírito (mesmo enquanto vive no corpo)' (Bhagavad Gita V:24).
⁷ João 2:19.

(Paramahansa Yogananda - A Eterna Busca do Homem - Self-Realization Fellowship - p. 115/116)


quinta-feira, 23 de janeiro de 2020

O TEMPO NÃO TRAZ SOLUÇÃO

Resultado de imagem para O TEMPO"Todas as religiões têm afirmado que o tempo é necessário, o tempo psicológico do qual estamos falando. O céu é muito longe e só se consegue chegar até ele mediante o processo gradual da evolução, a supressão, o crescimento ou a identificação com um objeto, com algo superior. Nossa questão é se é possível ficar livre do medo imediatamente. Do contrário, o medo produz desordem; o tempo psicológico invariavelmente traz consigo uma extraordinária desordem.

Estou questionando toda a ideia da evolução, não do ser físico, mas do pensamento, que tem se identificado com uma forma particular de existência no tempo. O cérebro tem obviamente evoluído para chegar a esse estágio, e pode evoluir ainda mais, se expandir ainda mais. Mas como ser humano tenho vivido há quarenta ou cinquenta anos em um mundo composto de todos os tipos de teorias, conflitos e conceitos, em uma sociedade em que a ambição, a inveja e a competição têm produzido guerras. Sou uma parte de tudo isso. Para um homem que está triste, não tem significado olhar para o tempo em busca de uma solução, evoluir lentamente para os próximos dois milhões de anos como um ser humano. Constituídos como nós somos, será possível nos livrarmos do medo e do tempo psicológico? O tempo físico precisa existir; não podemos nos livrar disso. A questão é se o tempo psicológico pode produzir não apenas ordem dentro do indivíduo, mas também ordem social. Somos parte da sociedade; não somos separados dela. Onde há ordem em um ser humano, haverá inevitavelmente ordem social externa."

(Krishnamurti - O Livro da Vida - Ed. Planeta do Brasil Ltda., São Paulo, 2016 - p. 312)


terça-feira, 21 de janeiro de 2020

O IMUTÁVEL

Resultado de imagem para céu com nuvens"A impermanência já nos revelou muitas verdades, mas há um tesouro final ainda sob sua guarda, que fica profundamente escondido de nós, cuja existência não suspeitamos e não reconhecemos, embora seja nosso do modo mais íntimo.

O poeta ocidental Rainer Maria Rilke disse que nossos temores mais profundos são como dragões guardando nosso tesouro mais profundo. O medo que a impermanência desperta em nós, de que nada seja real e que nada tenha duração e, como chegamos a descobrir, nosso maior amigo porque nos leva a perguntar: se tudo morre e se transforma, então o que é realmente verdadeiro? Há alguma coisa por trás das aparências, alguma coisa sem limite e infinitamente vasta, alguma coisa em que a dança da impermanência e das mutações tem lugar? Há na realidade alguma coisa com que possamos contar, que sobrevive ao que chamamos morte?

Permitindo que essas perguntas nos ocupem com urgência e refletindo sobre elas, lentamente passamos a fazer uma profunda mudança no modo como vemos toda a vida. Com contemplação constante e praticando o desprendimento, descobrimos em nós mesmos 'alguma coisa' que não podemos nomear, descrever ou conceituar, 'alguma coisa' que começamos a perceber que está além de todas as mudanças e mortes do mundo. Os desejos mesquinhos e distrações a que nos condena nosso apego obsessivo à permanência começam a se dissolver e depois desaparecem. 

Enquanto isso ocorre, temos repetidos e vívidos lampejos de algumas das vastas implicações subjacentes à verdade da impermanência. É como se tivéssemos vivido toda nossa vida num avião atravessando negras nuvens, em meio à turbulência, e agora ele subitamente se alça acima delas, num céu tranquilo e ilimitado. Inspirados e estimulados por essa chegada a uma nova dimensão de liberdade, descobrimos a profundeza da paz, da alegria, da confiança em nós mesmos, que nos enchem de encantamento e geram, gradualmente, a certeza de que há em nós aquela 'alguma coisa' que nada destrói, que nada altera, e nem pode morrer. Milarepa escreveu:
Aterrorizado pela morte, refugiei-me nas montanhas -
Muitas e muitas vezes meditei sobre a incerteza da hora da morte,
Conquistando o forte da natureza da mente - infinita e imortal Agora, todo medo da morte acabou para sempre."
Aos poucos então começamos a perceber em nós uma presença calma, vasta como céu, daquilo que Milarepa chama de a imortal e infinita natureza da mente, presença que é calma e tem as qualidades do céu. E quando essa nova consciência começa a tornar-se vívida e quase indestrutível ocorre o que os Upanixades chamam 'uma virada na sede da consciência', uma revelação profunda, pessoal e não conceitual do que somos, por que estamos aqui, e como deviamos agir, o que resulta no final em nada menos do que numa nova vida, num novo nascimento e quase no que se poderia chamar de uma ressurreição.

Que mistério belo e restaurador é, através da contemplação contínua e corajosa da verdade da mudança e da impermanência, lentamente chegarmos a nos encontrar face a face, em gratidão e alegria, com a verdade imutável, imortal e infinita natureza da mente!" 

(Sogyal Rinpoche - O Livro Tibetano do Viver e do Morrer - Ed. Palas Athena, São Paulo, 2000 - p. 65/66)