OBJETIVOS DO BLOGUE

Olá, bem-vindo ao blog "Chaves para a Sabedoria". A página objetiva compartilhar mensagens que venham a auxiliar o ser humano na sua caminhada espiritual. Os escritos contém informações que visam fornecer elementos para expandir o conhecimento individual, mostrando a visão de mestres e sábios, cada um com a sua verdade e experiência. Salientando que a busca pela verdade é feita mediante experiências próprias, servindo as publicações para reflexões e como norte e inspiração na busca da Bem-aventurança. O blog será atualizado com postagens de textos extraídos de obras sobre o tema proposto. Não defendemos nenhuma religião em especial, mas, sim, a religiosidade e a evolução do homem pela espiritualidade. A página é de todos, naveguem a vontade. Paz, luz, amor e sabedoria.

Osmar Lima de Amorim


quinta-feira, 29 de julho de 2021

AMAI OS VOSSOS INIMIGOS

"É este, sem dúvida, um dos tópicos evangélicos mais repetidos no mundo cristão - e de todos o menos praticado. E a razão última e mais profunda dessa falta de prática do amor aos inimigos nasce de uma falsa compreensão dessas palavras do Mestre. A imensa maioria dos cristãos julga tratar-se aqui de um imperativo categórico do dever compulsório, quando, de fato, se trata de um ato de querer espontâneo; não do heroísmo de uma virtude ética, e sim da evidência de uma sabedoria cósmica. Naturalmente, para que o dever compulsório da virtude possa converter-se no querer espontâneo da sabedoria, terá de acontecer algo de imensamente grande entre esse doloroso dever de ontem e esse glorioso querer de hoje. 

Que é que deve acontecer entre esses dois polos adversos?

Deve acontecer uma grande compreensão.

É sabido que tudo que é difícil não tem garantia de perpetuidade - mas tudo que é fácil tem sólida garantia de indefectível continuidade. Enquanto o 'amor aos inimigos' se nos apresentar como um dificultoso dever compulsório, uma virtude ou virtuosidade, é claro que não temos a menor garantia de que vamos amar os nossos inimigos, amanhã e depois, mesmo que talvez hoje os amemos. Só quando o dificultoso dever compulsório se transformar num jubiloso querer espontâneo, e quando a virtude passar a ser sabedoria e profunda compreensão da realidade, é que o nosso amor aos inimigos deixará de ser um fenômeno intermitente, passando a ser uma realidade permanente. 

Estas palavras de Jesus não têm, pois, em primeiro lugar, caráter ético, mas sim um sentido metafísico, visando estabelecer a solidariedade cósmica através da sabedoria da compreensão.

Exemplifiquemos.

Alguém é seu inimigo, e eu sou inimigo dele. Estamos ambos no plano negativo, nas trevas, ele, e eu.

Alguém é meu inimigo, mas eu não sou inimigo, e sim amigo dele; neste caso, ele está na zona negativa das trevas, mas eu estou na zona positiva da luz.

Ora, como a luz sempre atua positivamente, rumo à construção, e as trevas atuam negativamente, rumo à destruição, é certo que, no caso de um encontro mútuo entre a luz e as trevas, o positivo eliminará o negativo, e não vice-versa. 'A luz brilha nas trevas, mas as trevas não a prenderam' (extinguiram).

O preceito de amar nossos inimigos é, pois, ante de tudo, um postulado de caráter metafísico, único capaz de estabelecer solidariedade cósmica. Sendo eu de vibração positiva, filho da luz, posso ajudar a quem é negativo, filho das trevas. Se eu não for positivo, nada poderei fazer em benefício do meu semelhante negativo, porque ambos estamos no mesmo plano negativo, fraco, inerte. Mesmo no caso em que eu não tenha ódio real a meu inimigo, não o posso ajudar eficazmente, porque sou neutro e fraco; só no caso em que eu seja realmente positivo, pelo amor, é que posso ajudar a quem está no ódio, contrapondo uma 'violência espiritual e uma violência material', no dizer de Mahatma Gandhi.

Se odeio a quem me odeia, acrescento negativo a negativo, aumentando as trevas do mundo. Se deixo de odiar a quem me odeia, não aumento os fatores negativos, mas, também, não destruo o que já existe, deixando as trevas no statuo quo

Se amo a quem me odeia, neutralizo o negativo do meu inimigo com o meu positivo, eliminando assim as trevas e dando vitória à luz. É este o único modo eficiente de tornar o mundo melhor: substituir as trevas negativas do ódio pela luz positiva do amor.

O Sermão da Montanha, a filosofia de Bhagavad Gita, a sabedoria de Tao Te Ching, a vida de Gandhi e de todos os grandes iluminados, estão baseados nesta matemática espiritual.

'Um único homem que tenha chegado à plenitude do amor neutraliza o ódio de milhões.' (Mahatma Gandhi.)"

(Rohden - O Sermão da Montanha - Ed. Martin Claret Ltda., São Paulo, 1997 - p. 119/121)


terça-feira, 27 de julho de 2021

ACUSAÇÃO E CRÍTICA - III

"Culpar alguma coisa ou pessoa pela infelicidade em nossa vida raramente resolve um problema. As queixas constantes, em silêncio ou em voz alta, nos distanciam da real causa de nossa tristeza e impedem de crescer interiormente.

Atitudes de queixa ou acusação como: 'Foi ele que me fez agir assim!', 'É tudo culpa dela', 'Não tive escolha', 'Todo mundo está fazendo isso', 'Ninguém me compreende', 'Não tenho amigos', 'Ele merecia esse castigo', 'Vou mostrar a ela' e 'Não vou pedir desculpas enquanto ele não o fizer' são exemplos das reações infantis que muitas vezes levamos para nossa vida de adulto.

Se quando estivermos dispostos a assumir a responsabilidade pelas nossas próprias atitudes, ações e descasos - sem culpar outras pessoas por eles - encontraremos a paz e harmonia interiores que estamos buscando.

Hoje pararei para ouvir meus pensamentos, tanto os profundos como os mais evidentes. Estou me queixando ou acusando demais? Se for esse o caso, voltarei minha atenção para a verdadeira fonte da infelicidade: minha insatisfação comigo mesmo.

Assumir a responsabilidade pelas nossas atitudes, ações e descasos é mais difícil do que dirigir a vida dos outros. Dar conselhos a outra pessoa, por exemplo, é mais fácil do que praticar o que ensinamos. Se aplicássemos os conselhos em nossa própria vida, teríamos menos tempo para criticar, tentar corrigir ou interferir nas dificuldades alheias. Além disso, ficaríamos surpresos com quantos opções temos dentro do nosso alcance que resolveriam, ou pelo menos aliviariam, os problemas de nossa vida. 

Hoje deixe-me entender que sou muito mais positivo e produtivo quando concentro meus esforços e pensamentos em modificar a mim mesmo e minhas próprias ações. Dê-me coragem de agir com base em minha sabedoria interior.

Só existe um canto no universo que você pode ter certeza de que é capaz de melhorar e ele é o seu próprio eu. Assim, é lá que você tem de começar e não fora de si, nem em outras pessoas. Isso vem depois, quando você já tiver seu próprio canto arrumado.
- Aldous Huxley


(Por Liane Cordes - O Lago da Reflexão, Meditações para o autoconhecimento - Ed. Best Seller, 3ª Edição - p. 85/86)



quinta-feira, 22 de julho de 2021

VIRAR A PÁGINA

"Precisamos estabelecer projetos de vida que sejam passíveis de realização.

Algumas pessoas têm pena de si mesmas. Elas contam, com riquezas de detalhes, episódios tristes e dolorosos de suas vidas, guardados como se fossem recordações dignas de um álbum. Lamentáveis não são as situações sofridas, porque sofrimentos todos nós vivemos, mas as dificuldades que essas pessoas apresentam em superar os traumas sofridos e deixá-los no passado. É triste que algumas pessoas se disponham a viver colecionando dores e, principalmente, rancores e amarguras. Tais lembranças só servem para aumentar o peso da existência. Seria muito melhor que fizessem um esforço para virar a página e deixar o passado se desfazer na poeira do tempo.

O maior perigo destas atitudes reside no fato de que toda a vida da pessoa fica contaminada pelos acontecimentos antigos, e tudo que acontece é avaliado como repetição do passado. As pessoas que foram traídas passam a esperar de cada pessoa que delas se aproxima uma nova traição. Aqueles que foram agredidos veem uma agressão a cada nova situação, e assim por diante. Além disso, quando cultivamos a pena de nós mesmos, estamos nos colocando em uma situação de fragilidade e inferioridade. 

É preferível tentarmos esquecer o passado e nos esforçarmos para conseguirmos nos libertar dos sentimentos negativos. Devemos aprender quais são os nossos ideais e lutar para conquistá-los, Mas ainda, precisamos estabelecer projetos de vida que sejam passíveis de realização e nos ligarmos neles e em sua execução. Isto é muito mais positivo do que ficarmos vitimados por infortúnios passados, negando a possibilidade de conquistar a felicidade."

(Luiz Alberto Py - Olhar Acima do Horizonte - Ed. Rocco Ltda., Rio de Janeiro, 2002 - p. 56/57)


terça-feira, 20 de julho de 2021

O SERMÃO DA MONTANHA, BASE DA HARMONIA ESPIRITUAL

"Há séculos que as igrejas cristãs do Ocidente se acham divididas em partidos, e, não raro, se digladiam ferozmente - por causa de quê?

Por causa de determinados dogmas que elas identificam com a doutrina de Jesus - infalibilidade pontifícia, batismo, confissão, eucaristia, pecado original, redenção pelo sangue de Jesus, unicidade e infalibilidade da Bíblia, etc. 

No entanto, seria possível evitar todas essas polêmicas e controvérsias - bastaria que todos os setores do Cristianismo fizessem do Sermão da Montanha o seu credo único e universal. Essa mensagem suprema do Cristo não contém uma só palavra de colorido dogmático-teológico - o Sermão da Montanha é integralmente espiritual, cósmico, ou melhor, 'místico-ético'; não uma teoria que o homem deve 'crer', mas uma realidade que ele deve 'ser'. E neste plano não há dissidentes nem hereges. A mística é o 'primeiro e maior de todos os mandamentos', o amor de Deus; a ética é o 'segundo mandamento', o amor de nossos semelhantes. E, nesta base, é possível uma harmonia universal.

Quem é proclamado 'bem-aventurado' feliz? Quem é chamado 'filho de Deus'? Quem é que 'verá a Deus? De quem é o 'reino dos céus'?

Será de algum crente no dogma 'A', 'B' ou 'C'?

Será um adepto da teologia desta ou daquela igreja ou seita?

Será o partidário de um determinado credo eclesiástico?

Nem vestígio disto!

Os homens bem-aventurados, os cidadãos do reino dos céus, são os 'pobres de espírito', são os 'puros de coração', são os 'mansos', os que 'sofrem perseguição por causa da justiça', são os 'pacificadores', são os 'misericordiosos' e 'os que choram', são os que 'amam aos que os odeiam' e 'fazem bem aos que lhes fazem mal'.

No dia e na hora em que a cristandade resolver aposentar as suas teologias humanas e proclamar a divina sabedoria do Sermão da Montanha como credo único universal, acabarão todas as dissensões, guerras de religião e excomunhões de hereges e dissidentes.

Isto, naturalmente, supõe que esse documento máximo de espiritualidade, como Mahatma Gandhi lhe chama, seja experiencialmente vivido, e não apenas intelectualmente analisado.

A vivência espiritual é convergente e harmonizadora - a análise intelectual é divergente e desarmonizadora.

Se todos os livros religiosos da humanidade perecessem e só se salvasse o Sermão da Montanha, nada estaria perdido. Nele se encontram o Oriente e o Ocidente, o Brahmanismo e o Cristianismo e a alma de todas as grandes religiões da humanidade, porque é a síntese da mística e da ética, que ultrapassa todas as filosofias e teologias meramente humanas. O que o Nazareno disse, nessa mensagem suprema do seu Evangelho, representa o patrimônio universal das religiões - seja o Kybalion de Hermes Trismegistos, do Egito, sejam os Vedas, Bhagavad-Gita ou o Tao Te Ching de Lao-Tse, do Oriente, sejam Pitágoras, Sócrates, Platão ou os Neroplatônicos, sejam São João da Cruz, Meister Eckhart Tolstoi, Tagore, Gandhi ou Schweitzer - todos convergem nesta mesma Verdade, assim como as linhas de uma pirâmide, distantes na base, se unem todas num único ponto, no vértice.

Se o Evangelho é o coração da Bíblia, o Sermão da Montanha é a alma do Evangelho."

(Rohden - O Sermão da Montanha - Ed. Martin Claret Ltda., São Paulo, 1997 - p. 17/19)


quinta-feira, 15 de julho de 2021

UMA SÓ RELIGIÃO

"Devemos sempre nos lembrar que todos os caminhos conduzem a Deus e que Sua atitude é de bondade e tolerância.

Qualquer um de nós tem todo o direito de gostar e de praticar a religião que quiser, até mesmo mais de uma se assim o desejarmos. Porém, devemos ter cuidado para que uma mistura de religiões não confunda nossa cabeça. O motivo é simples: as diferentes religiões apresentam algumas afirmações contraditórias entre si. Precisamos saber no que estamos acreditando. Estudar um pouco as religiões não é má ideia. As religiões são caminhos que nos levam a Deus e, assim sendo, qualquer caminho pode ser adequado desde que se escolha aquele que melhor alcança o nosso coração. O dramaturgo irlandês Bernard Shaw nos oferece um resumo preciso desta situação quando diz: 'Só existe uma religião, embora dela existam centenas de versões.'

Escolher uma religião depende de vários fatores, além dos propriamente religiosos. É importante, por exemplo, avaliar a qualidade da comunidade que se organiza em torno da prática religiosa. Convém também observar o tipo de vida que levam as pessoas que frequentam a religião, seu grau de alegria, felicidade e amor à vida. E deve-se estar atento aos dirigentes, pois eles são a melhor amostra da qualidade de seu grupo.

Para distinguir uma igreja séria de outra que estimula o fanatismo das pessoas basta observar se a preocupação de seus líderes é com a alegria e felicidade das pessoas ou com sexo e dinheiro. Vale a pena lembrar também que as boas igrejas são tolerantes com as diferentes crenças religiosas e não procuram se impor como a única certa e verdadeira. Devemos sempre nos lembrar que todos os caminhos conduzem a Deus e que Sua atitude é de bondade e tolerância.

A intolerância religiosa tem sido uma permanente causa de instabilidade social e de graves conflitos nos últimos três mil anos. Desde que pela primeira vez se estabeleceu a ideia de um Deus único e verdadeiro, se criou, ao mesmo tempo, a legitimação do direito de impor aos outros uma religião como sendo a melhor e a certa. Daí para as guerras religiosas foi um pequeno passo. Ninguém deve impor suas ideias aos outros, principalmente quando esta imposição é feita à força, pelos que detêm o poder."

(Luiz Alberto Py - Olhar Acima do Horizonte - Ed. Rocco Ltda., Rio de Janeiro, 2002 - p. 149/150)