OBJETIVOS DO BLOGUE

Olá, bem-vindo ao blog "Chaves para a Sabedoria". A página objetiva compartilhar mensagens que venham a auxiliar o ser humano na sua caminhada espiritual. Os escritos contém informações que visam fornecer elementos para expandir o conhecimento individual, mostrando a visão de mestres e sábios, cada um com a sua verdade e experiência. Salientando que a busca pela verdade é feita mediante experiências próprias, servindo as publicações para reflexões e como norte e inspiração na busca da Bem-aventurança. O blog será atualizado com postagens de textos extraídos de obras sobre o tema proposto. Não defendemos nenhuma religião em especial, mas, sim, a religiosidade e a evolução do homem pela espiritualidade. A página é de todos, naveguem a vontade. Paz, luz, amor e sabedoria.

Osmar Lima de Amorim


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terça-feira, 18 de outubro de 2022

DISCIPULADO

"O discipulado é uma intensificação dos testes do
período probatório. Cada qualidade do discípulo, seja favorável ou adversa, é ativada pelo relacionamento mais íntimo com o Mestre. Se por um lado isso aumenta o poder do discípulo para o bem, por outro também aumenta suas dificuldades pessoais. Um depois do outro, seus erros e fraquezas tornam-se manifestos e são aparentemente ampliados. Esse processo inevitavelmente aumenta as dificuldades da vida pessoal do discípulo e, algumas vezes, levam-no quase ao desespero. Falhas e erros, fraquezas e mesmo vícios dos quais ele se acreditava incapaz mostram-se nele, causando-lhe considerável autodepreciação e dor. Porém, ele não deve desesperar, pois sua vida interior torna-se cada vez mais rica e bela. Seu poder Egóico¹ aumenta regularmente sob a influência de seu Mestre, e com sua ajuda ele é capacitado a superar tudo. Suas fraquezas, tanto as ativas como as latentes, devem se tornar absolutamente claras para que ele as conheça e para que possa eliminá-las de sua natureza.

A ignorância de fraquezas e limitações é uma das grandes barreiras para o desenvolvimento oculto e espiritual. O discípulo deve se conhecer inteiramente, ser modesto e humilde a respeito de suas capacidades e ter os olhos abertos no que tange suas limitações. O discípulo deve ser sábio a seu respeito. Deve depender de si mesmo, não procurando ajuda externa, na verdade, deve tornar-se seu próprio guru. 

O Mestre deve ser considerado como presidindo com interesse cuidadoso e afetuoso o processo alquímico de transmutação de tudo o que for grosseiro no discípulo, no ouro genuíno da pureza e espiritualidade. O Mestre guia o discípulo tanto quanto possível por meio de sua intuição, que dessa forma é desenvolvida, mas a própria vida é seu verdadeiro professor. O discípulo deve aprender a interpretar suas experiências de vida, para aprender com elas e assim tornar-se sábio. Se ele conseguir entender isso, cada experiência, pequena ou grande, pode ajudar no desenvolvimento da sabedoria. Tarefas importantes, contatos com pessoas influentes, podem se tornar extremamente iluminadoras. Tarefas e encontros menores do dia a dia, relacionamentos humanos comuns, podem ser igualmente instrutivos. Portanto, o discípulo deveria estudar a vida, observar atentamente a vida, observar suas próprias reações e respostas a cada incidente, pequeno ou grande, pois dessa forma ele pode aprender e crescer.

Em especial, o discípulo deve prestar atenção ás pequenas coisas, sua aparência pessoal, conduta, seu comportamento com os outros e, quando sozinho, a abertura de uma porta, entrar numa casa ou num quarto, suas maneiras, a forma de falar, contato com animais, empregados, com os atendentes nas lojas, crianças, amigos, tudo isso deve trazer a marca do discipulado; isto é, da impessoalidade, autocontrole, requinte, pureza, dignidade e espiritualidade, pois essas coisas devem ser as qualidades do caráter de um discípulo."

¹ Poder da natureza divina tríplice do homem.

(Luz do Santuário, O Diário Oculto de Geoffrey Hodson. Compilado por Sandra Hodson e Traduzido por Raul Branco - p. 49/50)
Imagem: Pinterest.


terça-feira, 3 de agosto de 2021

NÃO JULGUEIS - E NÃO SEREIS 'JULGADOS!' - NÃO CONDENEIS - E NÃO SEREIS CONDENADOS!

"Com estas duas frases lapidares enuncia o divino Mestre a lei universal e infalível de causa e efeito, ou, como diz a filosofia oriental, a lei do 'karma'. Se os homens compreendessem praticamente essa lei, não haveria malfeitores sobre a face da terra, porque o homem compreenderia que fazer mal a seus semelhantes é fazer mal a si mesmo, e, como ninguém quer ser objeto de um mal, ninguém seria autor do mal; cada um compreenderia que ser mau é fazer mal a si mesmo.

O universo é um 'kosmos', isto é, um sistema de ordem e harmonia, regido por uma lei que não admite exceção, ou no dizer de Einstein, o universo é a própria Lei Universal. Dentro desse sistema cósmico, a toda ação corresponde uma reação equivalente. Pode essa reação tardar, mas ela vem com absoluta infalibilidade.

Objetivamente, ninguém pode perturbar o equilíbrio do universo, embora, subjetivamente, os seres conscientes e livres possam provocar perturbação. A ação do perturbador provoca infalivelmente a reação do perturbado, e esses dois fatores, ação e reação, atuando como causa e efeito, mantêm o equilíbrio do Todo. A ação do perturbador chama-se culpa ou pecado, a reação do perturbado chama-se pena ou sofrimento. Ser autor de uma culpa é ser mau, ser objeto de uma pena é sofrer um mal. Por isso, é matematicamente impossível que alguém seja mau sem fazer mal a si mesmo. Se tal coisa fosse possível, o malfeitor teria prevalecido contra o universo e ab-rogado a Constituição Cósmica; teria, por assim dizer, derrubado o Himalaia com a cabeça.  

Compreender praticamente essa lei inexorável é ser sábio, e ser sábio é deixar de ser mau ou pecador. Se todos os homens fossem sábios ou sapientes, não haveria mau sobre a face da terra. Mas os homens são maus porque são insipientes, ignorantes. 'Disse o insipiente no seu coração: Não há Deus!' Todas as vezes que os livros sacros se referem ao pecador, usam o termo 'insipiente', isto é, 'não sapiente', ou ignorante.

O grande ignorante é o pecador. O grande sábio é o santo.

Quem conhece experiencialmente a ordem cósmica não comete a loucura de querer destruí-la com seus atos maus, porque sabe que isto é tão impossível como querer derrubar o Himalaia com a cabeça ou apagar o sol com um sopro.

O verdadeiro homem santo é um sapiente. E sua sapiente santidade consiste em manter perfeita harmonia com a lei do universo. A própria palavra 'santo' quer dizer 'universal' ou 'total'. O homem santo é o homem univérsico, integral, cósmico, aquele que não procura uma vantagem parcial contrária à ordem total."

(Rohden - O Sermão da Montanha - Ed. Martin Claret Ltda., São Paulo, 1997 - p. 151/153)


quinta-feira, 29 de julho de 2021

AMAI OS VOSSOS INIMIGOS

"É este, sem dúvida, um dos tópicos evangélicos mais repetidos no mundo cristão - e de todos o menos praticado. E a razão última e mais profunda dessa falta de prática do amor aos inimigos nasce de uma falsa compreensão dessas palavras do Mestre. A imensa maioria dos cristãos julga tratar-se aqui de um imperativo categórico do dever compulsório, quando, de fato, se trata de um ato de querer espontâneo; não do heroísmo de uma virtude ética, e sim da evidência de uma sabedoria cósmica. Naturalmente, para que o dever compulsório da virtude possa converter-se no querer espontâneo da sabedoria, terá de acontecer algo de imensamente grande entre esse doloroso dever de ontem e esse glorioso querer de hoje. 

Que é que deve acontecer entre esses dois polos adversos?

Deve acontecer uma grande compreensão.

É sabido que tudo que é difícil não tem garantia de perpetuidade - mas tudo que é fácil tem sólida garantia de indefectível continuidade. Enquanto o 'amor aos inimigos' se nos apresentar como um dificultoso dever compulsório, uma virtude ou virtuosidade, é claro que não temos a menor garantia de que vamos amar os nossos inimigos, amanhã e depois, mesmo que talvez hoje os amemos. Só quando o dificultoso dever compulsório se transformar num jubiloso querer espontâneo, e quando a virtude passar a ser sabedoria e profunda compreensão da realidade, é que o nosso amor aos inimigos deixará de ser um fenômeno intermitente, passando a ser uma realidade permanente. 

Estas palavras de Jesus não têm, pois, em primeiro lugar, caráter ético, mas sim um sentido metafísico, visando estabelecer a solidariedade cósmica através da sabedoria da compreensão.

Exemplifiquemos.

Alguém é seu inimigo, e eu sou inimigo dele. Estamos ambos no plano negativo, nas trevas, ele, e eu.

Alguém é meu inimigo, mas eu não sou inimigo, e sim amigo dele; neste caso, ele está na zona negativa das trevas, mas eu estou na zona positiva da luz.

Ora, como a luz sempre atua positivamente, rumo à construção, e as trevas atuam negativamente, rumo à destruição, é certo que, no caso de um encontro mútuo entre a luz e as trevas, o positivo eliminará o negativo, e não vice-versa. 'A luz brilha nas trevas, mas as trevas não a prenderam' (extinguiram).

O preceito de amar nossos inimigos é, pois, ante de tudo, um postulado de caráter metafísico, único capaz de estabelecer solidariedade cósmica. Sendo eu de vibração positiva, filho da luz, posso ajudar a quem é negativo, filho das trevas. Se eu não for positivo, nada poderei fazer em benefício do meu semelhante negativo, porque ambos estamos no mesmo plano negativo, fraco, inerte. Mesmo no caso em que eu não tenha ódio real a meu inimigo, não o posso ajudar eficazmente, porque sou neutro e fraco; só no caso em que eu seja realmente positivo, pelo amor, é que posso ajudar a quem está no ódio, contrapondo uma 'violência espiritual e uma violência material', no dizer de Mahatma Gandhi.

Se odeio a quem me odeia, acrescento negativo a negativo, aumentando as trevas do mundo. Se deixo de odiar a quem me odeia, não aumento os fatores negativos, mas, também, não destruo o que já existe, deixando as trevas no statuo quo

Se amo a quem me odeia, neutralizo o negativo do meu inimigo com o meu positivo, eliminando assim as trevas e dando vitória à luz. É este o único modo eficiente de tornar o mundo melhor: substituir as trevas negativas do ódio pela luz positiva do amor.

O Sermão da Montanha, a filosofia de Bhagavad Gita, a sabedoria de Tao Te Ching, a vida de Gandhi e de todos os grandes iluminados, estão baseados nesta matemática espiritual.

'Um único homem que tenha chegado à plenitude do amor neutraliza o ódio de milhões.' (Mahatma Gandhi.)"

(Rohden - O Sermão da Montanha - Ed. Martin Claret Ltda., São Paulo, 1997 - p. 119/121)


sábado, 24 de março de 2018

COLABORADORES

"Os Mestres têm colaboradores de todos os graus e de todas as classes, a maioria deles inconscientes deste fato. Ele diz, em algum lugar, que pode facilmente varrer o magnetismo desagradável, causado por sujeira física, mas não pode fazer o mesmo com o magnetismo indesejável nas camadas mais altas da consciência. 

A vaidade espiritual, a ambição e a motivação egoísta são muito mais perigosas do que as pequeninas ambições e desejos dos homens comuns. Ele escreve: 'Autopersonalidade, vaidade e presunção abrigados nos princípios mais elevados são muito mais perigosos do que os mesmos defeitos inerentes apenas à natureza física e inferior do homem.' (C.M.) 'Há pessoas que, sem dar sinais externos de egoísmo, são intensamente egoístas em suas aspirações espirituais internas.' (C.M.) 'Amigo, tome cuidade com o orgulho e o egoísmo, duas das piores armadilhas para os pés daquele que aspira a galgar os altos caminhos do Conhecimento e da Espiritualidade.' (C.M.) Somos todos de certo modo maus juízes da natureza humana, porque vemos tão pouco do homem real. Lembro-me de C.W.L. dizendo-nos, usando a fraseologia caseira que o caracterizava, que algumas pessoas levavam todos os seus bens numa vitrina, enquanto outros dificilmente mostravam qualquer coisa. O Mestre vê o que realmente está lá. (...)"

(Clara Codd - As Escolas de Mistérios - Ed. Teosófica, Brasília, 1999 - p. 71/72)


quinta-feira, 22 de março de 2018

CLARIVIDÊNCIA

"Há muitos clarividentes sinceros mas não treinados, que transmitem mensagens e ensinamentos supostamente vindos dos Mestres de Sabedoria. Quando pela primeira vez encontrei clarividentes e médiuns, fiquei imensamente impressionada. Mas uma longa experiência ensinou-me desde então a ser extremamente cautelosa em relação a qualquer expressão psíquica ou visão. Uma sensitiva nata que eu conheci bem na África do Sul - e que, ao mesmo tempo, é dotada de considerável força de caráter e bom-senso, disse-me várias vezes ter, em sua própria experiência, descoberto que quase todas as aparições astrais são 'mentirosas'. O plano astral é o que H.P.B. chama 'o mundo da grande ilusão,' e diz que 'nenhuma flor colhida nessas regiões foi transportada para a Terra sem sua serpente enrolada em sua haste.' Ela comenta aqui as palavras de A Voz do Silêncio que chamam o plano astral de Sala do Aprendizado, e diz: 'Nela a Alma encontrará a floração da vida, mas sob cada flor, haverá uma serpente enrolada.' Somente pela compreensão dos planos espirituais mais elevados é que esses fenômenos podem ser corretamente entendidos e avaliados.

Isso requer treinamento longo e estrito, bem como uma iniciação que capacite quem vê a ver corretamente. Depende especialmente da pureza desinteressada do sensitivo. O Mestre escreve: 'Muitas das comunicações espirituais subjetivas - em sua maioria quando os sensitivos têm a mente pura - são reais; mas é bastante difícil para o médium não iniciado fixar em sua mente os quadros corretos daquilo que vê e ouve.' (C.M.) Mais uma vez ele escreve: 'Há aqueles que são voluntariamente cegos, e outros que o são involuntariamente. Os médiuns pertencem à primeira classe e os sensitivos, à segunda. A menos que iniciados e treinados regularmente - no que concerne à compreensão espiritual das coisas e supostas revelações feitas ao homem em todos os tempos desde Sócrates, passando por Swedenborg... nenhum vidente ou clarividente autodidata viu ou ouviu de maneira completamente correta.' (M.C.)

Facilmente se pode ver a razão disso. Consciente ou inconscientemente - estamos criando e espalhando incontáveis 'formas-pensamento.' Povoamos nossa corrente no espaço, como disse o Mestre, com criações de nosso pensamento, num mundo de memórias, esperanças, satisfação de desejos. É com este mundo, e através da janela colorida de sua condição psíquica, que o vidente não adestrado entra em contato. A mais leve satisfação do desejo aí toma forma. Tal 'forma-pensamento' pode ser animada por um espírito da natureza que não tenha senso moral ou sentimento de certo ou errado como nós temos, e assim aparece como anjo de luz, dizendo-nos exatamente o que desejamos ouvir. C.W.L. sempre nos advertiu que tomássemos cuidado com qualquer visão que nos bajulasse. (...)"

(Clara Codd - As Escolas de Mistérios - Ed. Teosófica, Brasília, 1999 - p. 85/87)


quinta-feira, 28 de dezembro de 2017

PARADOXOS

"Reconhecemos todos que a proposta de Cristo e de todos os grandes Mestres e Encarnações Divinas são evidentes paradoxos.

Vejamos:

É dando que enriquecemos.

É humildando-nos que realmente crescemos.

Renunciando é que conseguimos alcançar.

Morrendo é que vivemos para a vida eterna.

Quem quer salvar sua vida perdê-la-á.

Ao dar a outra face - igualzinho a Gandhi - é que vencemos a batalha.

Tornando-nos servos do Senhor é que podemos viver a mais perfeita e irrestrita liberdade.

Voltando a ser crianças, alcançamos a plena maturidade.

Quem usa a violência sempre sairá vencido.

Para a horizontalidade da lógica - a tão incensada lógica humana - tudo isto é absurdo.

É com absurdos que Eles preferem acordar os surdos.

Que nos ajude, Senhor, a ter 'ouvidos de ouvir'."

(Hermógenes - Deus investe em você - Ed. Nova Era, Rio de Janeiro, 1995 - p. 196/197)


domingo, 23 de abril de 2017

COMO SEGUIR O CAMINHO (2ª PARTE)

"(...) Quando você continua procurando o tempo todo, a busca em si se torna uma obsessão que o domina. Você se torna uma espécie de turista espiritual, circulando muito sem nunca chegar a parte alguma. Como disse Patrul Rinpoche: 'Você deixa o elefante em casa e fica procurando as pegadas dele na floresta'. Seguir um ensinamento não é um modo de confinar você ou de, por ciúme, monopolizá-lo. É uma maneira compassiva e hábil de mantê-lo centrado e sempre no caminho, apesar de todos os obstáculos que você e o mundo inevitavelmente enfrentarão.

Assim, quando tiver explorado as tradições místicas, escolha um mestre e siga-o. Uma coisa é sair para a jornada da espiritualidade; outra completamente diversa é encontrar a paciência e a persistência, a sabedoria, a coragem e a humildade para ir até o fim. Você pode ter o carma para encontrar um professor, mas deve então criar o carma para segui-lo; pois poucos entre nós sabem verdadeiramente seguir um mestre, o que em si é uma arte. Assim, não importa quão grande seja o ensinamento ou o mestre, o essencial é que você encontre em si mesmo a percepção interior e a habilidade para aprender como amar e seguir o mestre e o ensinamento.

Isso não é fácil. As coisas nunca são perfeitas. Como poderiam ser? Estamos ainda no samsara. Mesmo quando você já escolheu seu mestre e está seguindo os ensinamentos tão sinceramente quanto possível, frequentemente irá se deparar com dificuldades e frustrações, contradições e imperfeições. Não se deixe abater por obstáculos e dificuldades mesquinhas. Em geral são apenas emoções infantis do ego. Não deixe que o ceguem para o valor fundamental e duradouro daquilo que você escolheu. Não permita que sua impaciência o afaste do seu compromisso com a verdade. Tenho me entristecido muitas vezes ao ver quantas pessoas adotam um ensinamento ou um mestre com entusiasmo promissor, apenas para desanimar quando surge o mínimo obstáculo, inevitável, caindo de volta no samsara e nos velhos hábitos, e desperdiçando anos, talvez a vida inteira. (...)"

(Sogyal Rinpoche - O Livro Tibetano do Viver e do Morrer - Ed. Talento/Ed. Palas Athena, 1999 - p. 177

sexta-feira, 21 de abril de 2017

O CAMINHO ESPIRITUAL

"Na obra do mestre sufi Rumi, Conversa à Mesa, há esta passagem veemente e mordaz:

O mestre disse que há uma coisa neste mundo que nunca deve ser esquecida. Se vocês esquecerem todo o resto, mas não esquecerem dela, não haverá motivo para preocupação; por outro lado, se forem atentos, dedicados e competentes em relação a tudo mais e esquecerem essa coisa, não terão feito de fato absolutamente nada. É como se um rei houvesse enviado vocês a um país para cumprirem uma tarefa especial. Vocês vão para o tal país e executam cem outras tarefas, mas se não realizaram aquela para a qual foram mandados é como se não tivessem feito nada mesmo. Desse modo, o homem veio ao mundo para uma tarefa particular, que é o seu objetivo. Se ele não a leva a cabo, nada terá realizado.

Todos os mestres espirituais da humanidade nos disseram a mesma coisa, que a finalidade da vida na terra é obter a união com a nossa natureza fundamental e iluminada. A 'tarefa' que o 'rei' nos designou, enviando-nos a esse país estranho e obscuro, consiste em realizar e encarnar o nosso verdadeiro ser. Só há um modo de fazer isso: é empreender a jornada espiritual, com todo ardor, inteligência, coragem e decisão para a transformação que pudermos reunir. Como disse a Morte para Nachiketas no Katha Upanixade:

Há o caminho da sabedoria e o caminho da ignorância. Eles são muito distantes um do outro e levam a diferentes direções... Vivendo em meio à ignorância, pensando que são sábios e instruídos, os tolos vão a esmo, daqui para lá, como cegos guiados por cegos. O que existe além da vida não brilha para os que são infantis, descuidados ou iludidos pela riqueza."

(Sogyal Rinpoche - O Livro Tibetano do Viver e do Morrer - Ed. Talento/Ed. Palas Athena, 1999 - p. 171/172


segunda-feira, 20 de fevereiro de 2017

KARMA INDIVIDUAL E KARMA COLETIVO (5ª PARTE)

"(...) 3. Karma Mútuo. Esse tem muitos tipos. Os ami­gos podem partilhar seus Karmas, especialmente se a ami­zade for verdadeira e profunda. Quando, e em que exten­são, não podemos dizer. Sociedades, Fraternidades, etc., têm uma espécie de Karma comum. O mesmo se dá com Professores e Alunos. Em todos esses casos, os trabalhos da Lei não podem ser investigados e, em muitos casos, o Karma Mútuo existe em grau mínimo. Sua ação mais forte se faz no caso das mais profundas e verdadeiras ami­zades, e também no caso de um Guru, ou Mestre Espiri­tual, e seu Discípulo. O Guru partilha os sofrimentos do seu discípulo, e com todos os Mestres e seus Discípulos isso se dá por causa da união espiritual que existe entre eles. Pelo amor do nosso Mestre, seja de que grau ele for, nós nos devemos preparar para nos tornarmos dignos seguidores. No Caminho mais elevado somente 'quando o discípulo está preparado é que o mestre irá aparecer'. O discípulo partilha, novamente, em maior ou menor grau, os benefícios espirituais do Mestre e, irmão de uma or­dem ou de uma sociedade unida, partilha os méritos e deméritos de cada qual.

4. Karma Nacional. Cada nação tem um caráter, um Karma, que é construído vagarosamente e, dos resultados dele não há como escapar, a não ser por um poderoso Karma de oposição. O futuro de cada nação se faz de acordo com as ações realizadas no passado, e a natureza da queda de uma nação está em concordância com o que a sua história passada decreta pela sua evolução moral e social, com toda a sua mistura de certo e errado.

5. Karma Racial. Cada Raça-raiz, Sub-raça e Raça-família tem um Caráter, ou Karma, e quando seus tra­balhos terminam, ela dá lugar a uma nova raça. Há algu­mas raças que fornecem estudos kármicos muito interes­santes, e podemos ver como a queda de cada raça esteve em concordância com seu caráter, especialmente com as características iniciais que ela expôs em seus come­ços. Os romanos e os judeus são excelentes assuntos para estudo. (...)

(Irmão Atisha - A Doutrina do Karma - Ed. Pensamento, São Paulo - p. 32/33

sexta-feira, 25 de novembro de 2016

AÇÃO SEM APEGO (PARTE FINAL)


"(...) Existe uma historinha sobre dois jardineiros. Ambos possuíam algumas macieiras. O primeiro queria que as árvores produzissem muitas maçãs. E assim ele as regava constantemente e colocava muito adubo. Mas as árvores não se tornavam mais fortes; elas se tornavam mais fracas. Ele não notava isso. Em sua ganância em ter muitas maçãs, ele lhes dava água e adubo em demasia.

Quando chegou a hora, as árvores produziram algumas maçãs, mas não tantas quanto o esperado - apenas dez cestos. Ele começou a pensar: 'Não há tantas maçãs, mas irei vendê-las a preços elevados'. E assim ele seguiu para o mercado. Lá encontrou o outro jardineiro que era um homem muito pacífico e humilde, que trouxera cinquenta cestos cheios de maçãs saudáveis e bonitas. Ele ficou surpreso e invejoso.

Ele perguntou ao outro: 'Estas maçãs são todas de seu jardim?'. 'Sim, são', respondeu o outro, com voz humilde e gentil. 'Mas como pode você ter tantas? O que você fez? Usou um método especial?'. Nenhum método especial, apenas cuidei das árvores por amor às próprias árvores e não por causa das maçãs', respondeu o outro jardineiro.

A sabedoria dessa história nos ensina que, se fizermos nosso trabalho com amor, os frutos virão naturalmente. Existe uma Lei divina operando por trás de todas as nossas ações e o verdadeiro praticante da Doutrina do Coração, que é a verdadeira Teosofia, não se preocupa com os resultados. Se trabalharmos de maneira altruísta para o próximo, quer seja para os minerais, vegetais, animais e seres humanos, tornamo-nos uma força benevolente na Natureza. (...)

Como disse o Mestre ao jovem Krishnamurti: 'Aquele que age sem apego esquece-se totalmente de si próprio e se torna uma caneta na mão de Deus'."

(Duzan Zagar - Ação sem apego - TheoSophia - Outubro/Novembro/Dezembro de 2011 - Pub. da Sociedade Teosófica no Brasil - p. 36/37)
http://www.sociedadeteosofica.org.br/


quarta-feira, 23 de novembro de 2016

AÇÃO SEM APEGO (1ª PARTE)

"No livro Aos pés do mestre, lê-se: 'O que quer que faças, faze-o de todo coração, como se para o Senhor, e não para os homens'. E: 'O que quer que tua mão encontre para fazer, que o faça com teu poder'.

Annie Besant escreveu no seu livro de Meditações: 'Fixai vossa mente rigidamente na tarefa que tendes perante vós no momento e, quanto tiverdes terminado, abandona-a'.

Essas palavras dão-nos o mesmo e único conselho, que é fazer nosso trabalho com plena atenção. Isso significa também que não deve haver apego. Quando trabalhamos sem apego, então o que importa é o trabalho em si e não os resultados. Hoje em dia, quando um pintor pinta uma tela, ele coloca seu nome na tela para que todos possam ver quem é o artista. Antigamente, os pintores não faziam isso. Apenas a tela é que era importante. Isso quer dizer que o que é importante é o próprio trabalho e não o autor. O Mestre diz: 'O que quer que façais, fazei de coração [...] o que quer que façais!' Temos aqui o conselho essencial, que devemos apreciar sem pressa. 

Todo trabalho que fizermos, devemos fazê-lo de coração, que significa com amor. O amor está sempre no momento presente, e nesse momento a 'cabeça' está em silêncio. O que está acontecendo no presente deveria ser observado profundamente. Aqui o Mestre nos diz que o que importa é a nossa atitude, como o trabalho deve ser feito. Ele não fala a respeito de como obter resultados. 

Se praticarmos esse conselho todos os dias, presistentemente, então um dia reconhecemos que o ser que está fazendo o trabalho é o nosso Eu mais recôndito. Thich Nhat Hanh escreve no seu livro Cultivating the Mind of love:
Quando fores voluntário para limpar a cozinha ou lavar a louça, se praticas como um Bodhisattva, terás grande alegria e felicidade enquanto trabalhas. Mas, se tiveres o sentimento 'estou trabalhando muito, e os outros não estão contribuindo com sua parte', sofrerás, porque tua prática é baseada na forma [...] (...)'
(Duzan Zagar - Ação sem apego - TheoSophia - Outubro/Novembro/Dezembro de 2011 - Pub. da Sociedade Teosófica no Brasil - p. 35)
http://www.sociedadeteosofica.org.br/


terça-feira, 11 de outubro de 2016

CORAGEM E VONTADE (1ª PARTE)

"Este é o caminho do eu amadurecido, não da alma infantil. Algumas pessoas pensam que um Adpeto toma um aspirante pela mão e o ensina a desenvolver poderes sobrenaturais e também o protege de desastres e perturbações, evitando que ele cometa erros. Mas a verdade é exatamente o contrário. O que o Mestre chama 'os poderes deíficos no homem e as possibilidades contidas na Natureza.' (C.M.) nunca são dados ou comunicados do exterior. São sempre resultado do esforço e do progresso próprios do homem. E devem ser obtidos por ele mesmo. 'A regra inflexível é que sejam quais forem os poderes que alguém obtenha, ele deve adquirir por si mesmo.' (C.M.) Nem pode o Mestre interferir, por menos que seja, no carma pessoal de seu discípulo, 'os Sábios não se atrevem a impedir o fruto do carma.' (V.S.)

É desejável que se compreenda com exatidão o que realmente é a Lei do Carma, ou Lei de Ação e Reação, igual e oposta. Lei que nunca pode ser revogada, alterada ou evitada. O universo inteiro é uma expressão externa da lei universal. Toda causa - que implica emprego de energia em qualquer plano de nosso ser, físico, emocional, mental, espiritual - acarreta, em alguma ocasião, em algum lugar, seu resultado inevitável e exato. Diz-nos H.P.B. - como mencionei anteriormente - que as Leis da Natureza são o registro da Mente Divina na matéria. Estão aqui os verdadeiros 'Mandamentos de Deus.' Obedecer-lhes é semear felicidade e força. Desobedecer-lhes, mesmo que por ignorância, é incorrer em desgosto, doença e morte. (...)"

(Clara Codd - As Escolas de Mistérios - Ed. Teosófica, Brasília, 1999 - p. 155/156


sexta-feira, 7 de outubro de 2016

A DEVOÇÃO DEVE SER COMPLETA (PARTE FINAL)

"(...) Alguns perguntam, às vezes: 'Se eu fizer todas essas coisas, quanto tempo levará para o Mestre me pôr à prova?' Não haverá nenhuma demora, mas nesta pergunta toda a virtude está na palavra 'se'. Não é fácil fazê-las perfeitamente, e se tal fosse necessário, sem dúvida só depois de muito tempo poderíamos contar com o discipulado. Mas um dos Mestres disse: 'Aquele que faz o melhor possível, basta-nos.' Se a alguém não lhe apraz o serviço por amor ao próprio serviço, mas está apenas na expectativa do prêmio do reconhecimento oculto, esse não está realmente animado do reto espírito. Se tem a atitude correta, ele prosseguirá incansavelmente com o bom trabalho, deixando que o Mestre anuncie a Sua satisfação quando e como o preferir.

Nesta matéria nossos irmãos hindus mantêm uma tradição certa. Eles diriam: 'Vinte ou trinta anos de serviço não é nada; na Índia há muitos que têm servido durante todas as suas vidas e nunca receberam qualquer reconhecimento externo, embora internamente sejam guiado por um Mestre.' Deparei-me com um exemplo destes há poucos anos atrás: Tive que fazer algumas pesquisas destas, referentes a alguns de nossos irmãos indianos, e a resposta do Mestre foi: 'Durante quarenta anos os tenho tido sob observação; que se contentem com isso.' E de fato ficaram mais do que contentes. Depois disso, posso mencionar, eles receberam ulteriores reconhecimento, e tornaram-se Iniciados. Internamente o nosso irmão indiano sabe que o Mestre está ciente de seus serviços; mas o discípulo não cogita se o Mestre toma ou não qualquer conhecimento externo disso. Certamente se sentiria sumamente feliz se o Mestre o mencionasse, mas se tal não acontece, ele continua exatamente o mesmo."

(C.W. Leadbeater - Os Mestres e a Senda - Ed. Pensamento, São Paulo, 2004 - p. 77/78

quinta-feira, 6 de outubro de 2016

A DEVOÇÃO DEVE SER COMPLETA (1ª PARTE)

"Nesta Senda não pode haver meias medidas. Muitos se acham na atitude reservada em que se colocaram Ananias e Safira, que se esquivaram de declarar o que possuíam em bens terrenos, não precisamente com o intento de enganar, mas porque não estavam seguros do êxito da nova religião cristã. Eram muito entusiastas e dispostos a dar tudo o que possuíam; mas conjeturaram que seria prudente reservarem para si algo, no caso de fracassar o movimento. Não mereciam que os vituperassem por esta circunstância, porém o malicioso e falaz foi que, sabendo que haviam reservado algo, dissessem que haviam entregue tudo. Muitos há atualmente que lhes seguem o mau exemplo; espero que o relato não seja verídico, pois o Apóstolo se mostrou certamente um tanto severo com eles.

Tampouco entregamos nós tudo quanto temos, pois nos reservamos algo de nós mesmos, não precisamente dinheiro nem bens materiais, senão sentimentos pessoais, que nos afastam dos pés do Mestre. Em ocultismo não cabem essas coisas. Devemos seguir o Mestre sem reservas. Não digamos: 'Seguirei o Mestre, enquanto não me fizer trabalhar com tal ou qual pessoa; ou seguirei o Mestre, com a condição de que publique nos jornais tudo quanto faço.' Não nos cabe estabelecer condições; mas também não devemos descurar nossos deveres no plano físico. O necessário é que ponhamos todo o nosso ser à disposição do Mestre. Temos de preparar-nos para renunciar tudo, ceder tudo e ir aonde convenha, não como uma prova, mas porque nosso amor à obra é a maior coisa de nossas vidas. (...)"

(C.W. Leadbeater - Os Mestres e a Senda - Ed. Pensamento, São Paulo, 2004 - p. 76/77

terça-feira, 4 de outubro de 2016

A EXAGERAÇÃO

"É especialmente necessário que o aspirante evite toda inquietação e agitação. Muitos são os cooperadores energéticos e ardorosos que malgastam a maioria de seus esforços, sem obter deles resultados efetivos por cederem a tais vícios, pois se circundam de uma aura de trêmulas vibrações, que distorce todo pensamento ou sentimento que a atravessa e praticamente neutraliza toda influência harmoniosa procedente do interior. Sede absolutamente exatos; mas atingi a exatidão pela calma perfeita e nunca por inquietudes e agitações. 

Outro ponto que é mister incutir em nossos estudantes é que em ocultismo sempre expressamos exatamente o que dizemos, nem mais nem menos. Quando estabelecemos a regra de que não se deve dizer nada ofensivo a outrem, entende-se no sentido absoluto; não tão só que temos de passar a reduzir o número de censuras e maledicências que soltamos cada dia, senão que deve cessar definitivamente toda crítica e murmuração. Estamos muito acostumados a ouvir conselhos e máximas morais sem crer que se há de praticá-los rigorosamente, como se um assentimento superficial ou um débil esforço para tentar cumpri-los fosse tudo quanto a religião exigisse de seus fiéis. Cabe-nos eliminar por completo esta atitude mental e compreender que em ocultismo se exige a estrita e literal obediência às instruções dadas pelo Mestre ou o seu discípulo."

(C.W. Leadbeater - Os Mestres e a Senda - Ed. Pensamento, São Paulo, 2004 - p. 98/99

sábado, 27 de agosto de 2016

ESCALA EVOLUTIVA HUMANA (PARTE FINAL)

"(...) A existência dos Mestres foge à capacidade de crença de grande número de pessoas. Causa-lhe estranheza que seres super-humanos andem nivelados com homens comuns, levando vida física habitual.

Mas, para quem admita a evolução tal como temos exposto, haverá algo de extraordinário que existam tais seres?

A existência desses Mestres obedece a razões lógicas e não há nada demais que, para cinco bilhões de seres humanos, haja menos de uma centena de super-homens, em corpo físico, para determinar ações, ou arranjos, ou ajustamentos, enfim, efetuar mecanismos de inter-relação entre os seres humanos e os super-humanos.

Objetarão alguns: 'Por que não se mostram ou por que não exibem seus poderes e sua ciência? Convenceria, então, facilmente a todo mundo e isto facilitaria o trabalho evolutivo.' A resposta é difícil: há razões complexas para que se não exibam poderes nem se ensinem coisas a homens ainda atrasados intelectual e moralmente, os quais não seriam aptos nem dignos de conhecê-las.

E a esses Mestres, como aos Iniciados, não interessa a manifestação de poderes, nem a glória, riquezas e outras coisas que se afiguram muito importantes ao comum dos homens.

Preferem 'ajuntar tesouros no céu, onde nem a traça, nem a ferrugem consomem e onde os ladrões não minam nem roubam'...

Em ocasiões determinadas aparecem como guias de povos, instrutores de religiões, mas os homens de seu tempo não reconhecem sua magnitude espiritual."

(Alberto Lira - O ensino dos mahatmas - IBRASA, São Paulo, 1977 - p. 186/187

quarta-feira, 8 de junho de 2016

O PLANO DIVINO (1ª PARTE)

"Para toda a Natureza existe um plano básico que poderíamos chamar de o Plano Divino, consistindo de ideias que são os arquétipos de todas as coisas aqui embaixo. O esforço nos níveis inferiores é para construir essas ideias, desenvolver formas corporificando-as, moldando as formas gradualmente, do caos primevo ao padrão arquetípico. A evolução ocorre a partir do caos - Natureza homogênea - através de padrões cada vez mais complexos, até uma ordem perfeita que reflita a plenitude do desenvolvimento possível e a simplicidade de uma síntese perfeita. Há uma síntese em cada estágio formando um elo na cadeia de sínteses ou de arranjos. 

Os Manus¹, da tradição hindu, são os mestres de obra em diferentes níveis. Podemos imaginá-los como círculos de diferentes tamanhos e curvaturas tocando um ponto, que é o princípio, correspondendo ao Adi-Buda na linha paralela do Bodhisattva. Cada um deles baixa os arquétipos do seu nível mais elevado para um nível inferior. Atrair para baixo as ideias ou energias mentais do Logos é, de um determinado ponto de vista, uma descida mas, de outro, a mais elevada intelecção no nível que deve atingir. 

Pela expansão da mente e da vontade do Manu, ele evoca a efusão de ideias divinas, que o homem então busca reter e corporificar. (A derivação do termo Manu, a mesma do termo homem, seu derivado, no senso mais estrito, procede da raiz sânscrita man, pensar). A mente é o princípio descendente e o quinto dos sete princípios humanos, embora exista e esteja ativa em cada nível. Ela é elevada até Buddhi e Ãtmã, e refletida mais embaixo em emoção e consciência física. (...)"

¹ 'Aquele que existe por si mesmo', e é, portanto, o Logos, o progenitor da humanidade e o grande legislador hindu. Glossário Teosófico, Ed. Ground, 1995. (N.E.)

(N. Sri Ram - o Interesse Humano - Ed. Teosófica, Brasília, 2015 - p. 103/104)


quarta-feira, 24 de fevereiro de 2016

OS HOMENS JUSTOS QUE CHEGARAM À PERFEIÇÃO

"A meta da perfeição humana já foi alcançada, tais homens perfeitos são conhecidos como salvadores mundiais, mahatmasrishis, adeptos e, quando aceitam discípulos Mestres de sabedoria. Estes seres super-humanos constituem-se no governo interno do Mundo e são os verdadeiros instrutores espirituais e inspiradores da humanidade. Cada membro dessa fraternidade de adeptos parece ser referido na Bíblia como tendo sido 'feito eternamente sumo sacerdote, segundo a ordem de Melquisedes' (Hb 6:20). O Apóstolo Paulo pode ter querido indicá-los na sua frase 'homens justos que chegaram à perfeição' (Hb 12:23). Essa augusta assembleia é também conhecida como 'A Grande Fraternidade Branca de Adeptos',  a hierarquia de adeptos, a Sangha do budismo e os 'Sete Rishis e Seus Sucessores' do hinduísmo. Nietsche expressou essa ideia do homem como ser em evolução nas seguintes palavras: 'O homem é algo a ser ultrapassado.' 'O homem é uma corda esticada sobre o abismo, que está entre o animal e o super-homem.'

Como é obtido esse estado de adepto? Ele é um resultado natural do progresso evolutivo e é atingido por meio de sucessivas encarnações em veículos materiais, formados outra vez durante o período pré-natal de cada vida que se sucede. Reencarnações repetidas em corpos físicos proporcionam o tempo e a oportunidade necessários a tal realização. As diversas experiências de vida exteriorizam os poderes latentes da Alma Espiritual que evolui, que é o verdadeiro homem. Cada experiência tem seu valor em termos de um incremento do poder egóico, da sabedoria e do conhecimento inatos. Na proximidade da perfeição, entretanto, o renascimento não é uma necessidade tão grande. Todo progresso posterior pode então ser realizado nos mundos superfísicos. Isso está afirmado no Apocalipse nas seguintes palavras: 'Ao vencedor, farei dele uma coluna no templo do meu Deus e daí nunca mais sairá' (Ap 3:12)."

¹ Mahatma, (sansc.) Grande espírito.

(Geoffrey Hodson - A Sabedoria Oculta na Bíblia Sagrada - Ed. Teosófica, Brasília, 2007 - p. 57/58)


terça-feira, 24 de novembro de 2015

O JUGO DE CRISTO

"Jesus, o grande Mestre de Yoga, uma vez exortou os discípulos para que aceitassem seu santo 'jugo', como condição de se libertarem de suas cargas e fadigas existenciais.
Vinde a Mim todos os fatigados e sobrecarregados, e Eu vos repousarei. Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei de Mim... porque meu jugo é benéfico e meu fardo é leve. (Mt 11:29)
Noutra oportunidade, conforme ouso inferir, indiretamente enfatizou mais uma vez a necessidade do santo 'jugo' ou samadhi, ao demonstrar a vulnerabilidade de qualquer sistema, quando dominado por viadhi, isto é, por conflitos internos:
Se um reino se dividir contra si mesmo, esse reino não pode subsistir. Se uma casa se dividir contra si mesma, essa casa não pode permanecer. (Mt 12:25)
O reino ou a casa representa cada um de nós, 'normalmente' fragmentados por dentro, portanto desprotegidos contra e entropia ou viadhi.

Como pode ser visto, o jugo do Cristo, benfazejo e suave, tem o mágico poder de aliviar a carga e a fadiga de cada ser humano, consequentemente da sociedade que constituímos.

Tudo que integre o homem em si mesmo, tudo que unifica os homens entre si, tudo que re-ligue o homem a Deus pode ser chamado Yoga, o jugo do Senhor."

(José Hermógenes - Iniciação ao Yoga - Ed. Nova Era, Rio de Janeiro, 1996 - p. 30/31)


quarta-feira, 14 de outubro de 2015

NÃO COLOQUE CONDIÇÕES PARA AMAR (PARTE FINAL)

"(...) O modelo do Mestre da Vida é eloquente. Ele amava tanto as pessoas que jamais as pressionava a segui-lo. Não impunha suas ideias, mas apresentava-as com clareza e encanto, deixando que elas decidissem o caminho a tomar. Fez um belo convite, não deu uma ordem: 'Quem quiser vir após mim, sigam-me', "Quem tem sede, venha a mim e beba', 'Quem de mim se alimenta jamais terá fome'. O amor respeita o livre-arbítrio, a livre decisão. 

Os que impõem condições para amar terão sempre um amor frágil. Nossa espécie viveu o flagelo das guerras e da escravidão porque ouviu falar do amor, mas pouco o conheceu. A única razão para amar é o amor. 

Os pais que exigem que seus filhos mudem de atitude para elogiá-los, acolhê-los e serem afetivos com eles dificilmente os conquistarão. Os professores que exigem que seus alunos sejam serenos e tranquilos para educá-los não os prepararão para a vida. Os que exigem das pessoas próximas que deixem de ser complicadas, tímidas ou individualistas para envolvê-las e ajudá-las não contribuirão para o seu crescimento. O mundo está cheio de pessoas críticas. As sociedades precisam de pessoas que amem. 

O amor vem primeiro, seguido dos resultados espontâneos. Exigimos muito porque amamos pouco. Jesus não impediu que Pedro o negasse e que Judas o traísse. Com sua inteligência extraordinária podia colocá-los contra a parede, pressioná-los, criticá-los, constrangê-los, mas não o fez. Deu plena liberdade para eles o deixarem. Jamais o amor foi tão sublime.

A abundância do amor transforma anônimos, paupérrimos e iletrados em príncipes, e a escassez do amor torna miseráveis reis, ricos e intelectuais. O amor compreende, perdoa, liberta, tolera, encoraja, anima, incentiva, espera, acredita." 

(Augusto Cury - O Mestre Inesquecível - Ed. Sextante, Rio de Janeiro, 2006 - p. 141/142)